"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quinta-feira, 31 de julho de 2008

7.200 presos políticos. Uma realidade oculta na Colômbia

Quarta-feira, 30 de julho de 2008
A maioria dos réus do Governo são camponeses. O sistema penal e carcerário viola as garantias dos reclusos.

Por BENYTSA GONZÁLEZ
http://www.ultimasnoticias.com.ve/ediciones/2008/07/27/default.asp?N=1&I=0&cfg=1333FKBK918&iu=92


Caracas.

O conflito colombiano tem corrido o mundo inteiro através das páginas dos mais importantes diários do planeta durante o último ano.

A troca humanitária e a libertação da ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt, como símbolo dos reféns nas mãos das Forças Armadas Revolucionarias da Colômbia (Farc), levou milhões de pessoas a clamar pela liberdade de todos os sequestrados e a exigir a desarticulação da guerrilha.

Porém, o conflito colombiano não gera sofrimento de um só lado, a realidade tem duas caras. Além dos mais de 700 reféns sob controle das Farc, se encontram os 7.200 presos políticos do Estado, os quais enfrentam processos por "rebelião ou conexão".

O Comitê de Solidariedade com os Presos Políticos colombianos (Cspp), defensor dos direitos humanos e em permanente alerta sobre a situação em que vivem estes detidos, afirma que as violações às garantias dos prisioneiros são constantes por parte do Estado.

"Enquanto o Instituto Nacional Penitenciário e Carcerário (Inpec) diz que não há distinção entre os presos nas prisões, que todos são iguais seja qual for a acusação, na prática a diferença de tratamento que recebe o preso político, entre o réu social e o para-militar, existe sim", indicou Carolina Rubio, representante do Cspp em Santander, numa entrevista com Últimas Noticias. Para Rubio, a política do Inpec é só parte da estratégia guvernamental para desconhecer o conflito armado que a Colõmbia vive.


Delito: ser camponês.

O Cspp divide a população penal que atende em dois grupos: aqueles que fazem parte da insurgência armada e aqueles que, dentro de sua vida civil, fazem oposição ao Estado em busca de uma mudança social.

Os primeiros representam cerca de 1.500 detidos e os segundos, entre os quais se encontram estudantes, sindicalistas, defensores dos direitos humanos, familiares dos membros da guerrilha, freiras e camponeses, somam os 5.700 presos políticos restantes. Dentro deste grupo, a maioria é composta por camponeses.

"O camponês está preso porque a insurgência habita sua região. Milite ou não milite, pense igual ou não, está preso. É o que chega para estar encarcerado", afirma Rubio.

Segundo ela explica, por trás da decisão do Governo de gerar um movimento nacional de informantes contra a guerrilha, com um sistema de recompensa, tem se produzido casos de acusações falsas sobre camponeses baseadas em em ódios pessoais e brigas de vizinhos.

Além do mais, comentou Rubio, os juízes não pedem provas das acusações para condenar ao denunciado. Somente lhes basta a sua apreciação subjetiva sobre a veracidade do fato e a confiabilidade do testemunho de pelo menos duas pessoas.


Sistema penal.

Como parte de sua política penitenciária, o Estado colombiano estabeleceu acordos com os Estados Unidos e o Escritório Federal de Prisões e criou um conjunto de centros de alta segurança que funcionam a imagem e semelhança das prisões norte-americanas.

A este respeito, o Cspp assinala que este modelo carcerário aniquila o ser humano e dentro dele se agridem os direitos humanos dos réus.

Todos os presos políticos são enviados para estas prisões de segurança máxima. Condenados ou indiciados, todos tem a mesma sorte.

O Código Penal da Colômbia (CPC) contemplava, até 2005, uma pena de seis a nove anos por rebelião, a qual poderia ser reduzida por bom comportamento a três anos. Em 2006, a condenação foi incrementada de nove a doze anos.

Segundo as cifras do Cspp, a metade dos detidos por rebelião são somente indiciados pela comissão por este delito. Não obstante, devido aos atrasos do sistema judicial, podem chegar a purgar até três anos para serem deixados em liberdade.

"De uma família detiveram ao pai e a mãe e deixaram a voar seus dois filhos, sendo absolvidos apenas 15 dias antes de cumprir três anos", disse Carolina Rubio. "E isto é muito normal.

Com os camponeses é normal, com a gente dos movimentos sociais isto é normal", adicionou.

Ainda que o CPC defina ao rebelde como pessoa que levantou armas para fazer oposição ao Estado, os civís que se opõem e buscam uma mudança social esgrimindo suas idéias, somam quase 80% dos presos políticos da Colõmbia.


COMO VIVEM OS PRESOS


Distanciamento familiar.

- As prisões se encontram distantes das populações de origem dos reclusos, onde vivem suas famílias.


Discricionaridade

- O acesso às atividades que permitem redução de pena, como leitura, escolas e oficinas, são administrados ao juízo da prisão.


Restrições

- Só é permitida a visita dos familiares a cada 15 dias, por quatro horas, e a visita íntima se dá a cada 45 dias, durante 45 min.


Aprisionamento.

- O deslocamento até a prisão se faz algemado.



AMEAÇAS ÀS ONGs


Logo após a marcha contra o terrorismo de Estado na Colômbia de seis de março passado, todas as organizações não governamentais associadas à coordenação do Movimento Nacional de Vítimas de Crímes de Estado tem visto aumentar as ameaças contra elas por parte dos grupos para-militares.

Para o Cspp, estas ações contra estas ONGs estão ligadas às investigações e judicializações que lhes quer o Estado, devido a atividade que cumprem.
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Enviado por
Revista Koeyú Latinoamericano
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Caracas. Venezuela

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Entrevista de Iván Márquez para a TeleSUR

O jornalista William Parra, de TELESUR, entrevista a Iván Márquez, integrante do Secretariado das FARC-EP

Sexta-feira, 25 de julho de 2008

Em primeiro lugar, o que significa a morte do Comandante Manuel Marulanda Vélez e como tem sido aceita pelas FARC a desaparição de seu líder histórico?
Significa a ausência dolorosa de um imprescindível; do construtor do Exército do Povo; do estrategista da Campanha Bolivariana pela Nova Colômbia; do legendário Comandante, artesão da concepção táctica, operacional e estratégica das FARC e da guerra de guerrilhas móveis; do condutor político da Insurgência… Manuel Marulanda Vélez -como nos versos de Neruda- "não morreu. Está em meio à pólvora, de pé, como mecha ardendo". Segue combatendo desde as montanhas rebeldes da eternidade. Segue vivo nos fuzis dos guerrilheiros farianos, no Plano Estratégico, na Plataforma Bolivariana pela Nova Colômbia e no anseio coletivo da Pátria Grande e o Socialismo, que são como uma imensa bandeira ao vento. Perante nosso Comandante em Chefe, perante o altar da Pátria, juramos vencer, e venceremos. Como assimilarmos essa ausência? Reafirmando nossa determinação de luta. Fortalecendo nossa coesão. Ratificando-nos em nossos princípios. Empunhando com mais forca o livro e os fuzis do imbatível escudo guerrilheiro das FARC.

Segundo seu ponto de vista, qual o maior legado de Manuel Marulanda Vélez para o país?
Ter criado as bases para o Novo Poder com a construção de um Exército Popular bolivariano, com estruturas sólidas e coesas, em torno do Plano Estratégico, irreversível em seu propósito de tomada do poder para o povo. Manuel Marulanda Vélez é exemplo de convicção, de perseverança e de luta incessante. Jamais seremos inferiores à fé que têm depositado os povos de Nossa América na luta de resistência das FARC. Suas múltiplas manifestações de solidariedade nos levam a exclamar com o Libertador Simón Bolívar: "É imperturbável nossa resolução de independência ou nada".

Pode fazer um breve esboço de Manuel Marulanda Vélez?
Estou escrevendo um, titulado MANUEL MARULANDA VÉLEZ o herói insurgente da Colômbia de Bolívar. Por enquanto só respondo sua pergunta com os versos épicos do poeta Luis Vidales: "Canto Colômbia a Manuel, o guerrilheiro/ é esse, América Latina, o que eu canto/ a esse, mundo de hoje, vos o apresento/ Manuel é o pai da selva colombiana/ é o pastor da paz no rebanho/ Manuel é irmão dos rios e do vento/ e lá onde é mais livre a montanha/ doce pátria rumo ao céu, lá o sinto/ Em seu louvor a noite iluminada/ solta seu tiroteio de luzeiros/ As altas terras limpas o viram colombiano/ e o ar puro lhe foi dócil a seu sono/ A águia que passa é um disparo/ cada ave é como um papel que cruza o céu/ Para falar-lhe de pátria as árvores sussurram/ e o mastro da palmeira flameja sua bandeira/ para indicar que passa o guerrilheiro/ Um momento! lhe diz a límpida manhã/ e sobre um sobrado dos Andes americanos/ tira-lhe uma foto espectral de corpo inteiro/ As árvores são como esquadras de seu exército/ por defensor do pobre, parente próximo do trigo/ como a esse lhe sucede: que quarenta vezes têm-no deixado morto/ só para ficar quarenta vezes vivo.

Morreu o Comandante Marulanda em um mau momento para as FARC; o mês de março foi muito duro para a organização insurgente; perderam não só Raúl Reyes e Iván Ríos… Peço-lhe um comentário sobre as circunstâncias lutuosas que caracterizaram esse mês.
Os revolucionários não escolhem o momento de morrer, mas em qualquer lugar onde os surpreenda a morte, bem-vinda seja, como diz O Che, sempre que esse, nosso grito de luta –e isto é dito por mim- de luta pela Paz com justiça social, pela independência, o Socialismo e Pátria Grande, chegue a um ouvido receptivo. A luta é até as últimas conseqüências porque "em uma revolução se triunfa ou se morre se é verdadeira". Os desenlaces dolorosos são previsíveis em uma confrontação. Muito mais em nosso caso, pois enfrentamos um inimigo com grande poder de fogo, que tem degradado a guerra e que conta com todo o apoio da tecnologia militar de ponta e milhões de dólares do governo dos EUA no marco de sua espoliadora estratégia de domínio e subjugação. Mas, podemos afirmar que, apesar do triunfalismo mediático, estamos saindo da horrível noite de março com novas experiências e com um horizonte claro para continuar a luta pela paz, a justiça social, a democracia verdadeira e a dignidade.

Para muitos, esses golpes, essas mortes, deixam as FARC em difícil situação. Vários analistas consideram que esta guerrilha está quase derrotada militarmente. ¿Estão certos?
Não conhecem as FARC. Confundem o desejo com a realidade e enganam-se com suas próprias fantasias. O Exército das FARC não é amador nem carece de experiência. Acontece com ele tal qual com Bolívar, que crescia diante da adversidade. Sobre o fim das FARC vêm falando desde o ataque à Marquetalia, em maio de 1964. Durante 44 anos o império norte-americano e a oligarquia colombiana têm desenrolado, um após o outro, inúmeros planos e operações militares para aniquilar essa força revolucionaria, mas não puderam derrotá-la. Primeiro, foi o Plano LASO, sigla em inglês que significa Operação Latino-americana de Segurança; seu objetivo: impedir o surgimento de uma nova Cuba no Continente, daí a Operação Marquetalia. Logo montaram a Operação Sonora que buscava derrotar militarmente as FARC na Cordilheira Central, mas não levaram em conta que enfrentavam os guerreiros de Manuel. Depois, lançaram a Operação Centauro ou Casa Verde, mas os agressores tiveram que regressar com o rabo entre as pernas à Base militar de Tolemaida, onde foram recebidos por seus mentores e instrutores ianques. A essas agressões seguiram como enxurradas, os planos Thanatos, Destructor I, Destructor II o Plano Colômbia; paralelamente a estes desataram o horror do paramilitarismo criminal, de estratégia contra-insurgente do Estado, que buscava destruir o que considerava como bases sociais da guerrilha através dos massacres, as covas comuns e a moto-serra. E, nestes últimos anos, com o Plano Patriota, desenhado pelos estrategistas do Comando Sul do exército dos Estados Unidos, com o uso de sofisticadas tecnologias militares, com satélites, aviões e aparatos não tripulados, com uma força que ultrapassa os 400 mil efetivos e milhares de assessores e mercenários ianques, com a "ajuda" militar de Washington, com dezenas de helicópteros e dez bilhões de dólares no último período, aspiram mediante um esforço desesperado derrotar a insurgência e a inconformidade popular. Nem o fogo, nem as bombas das operações militares das oligarquias e o império, nem as passeatas manipuladas conseguirão desarticular a resistência e a luta por uma Colômbia Nova e bolivariana. A luta armada na Colômbia tem vigência porque os problemas políticos, econômicos e sociais que lhe deram origem, não foram solucionados. Em 1984, com o Acordo de La Uribe, tentamos a luta pela via eleitoral, mas a alternativa política fruto desse Acordo, a União Patriótica, foi brutalmente exterminada aos tiros. Cinco mil entre dirigentes e militantes foram assassinados pela intransigência do regime santanderista que oprime a Colômbia. Por isso, agora lutamos clandestinamente através do Movimento Bolivariano pela Nova Colômbia. Nas FARC existem pessoas de principios. Somos índios bravos. Não nos seduzem com cantos de sereia. Estamos prontos para entrar em combate, com passo de vencedores, ao Ayacucho do século XXI, ao qual convocamos todos os povos de Nossa América. Parafraseando a Bolívar: estamos como o sol; brotando raios por todas as partes.

O que pode nos dizer sobre a versão do Presidente Uribe e do ministro da defesa, Juan Manuel Santos, que afirmam que a morte do Comandante Marulanda não foi conseqüência de uma parada cardíaca, mas dos intensos bombardeios ou por susto?
Tanto o Presidente Uribe quanto seu ministro, estão fazendo uso da mais incrível e insana burrice. Só poderia caber na sua cabeça de um imbecil que o legendário guerrilheiro que enfrentou durante 60 anos a 17 governos e a todos seus Estados Maiores das Forças Armadas pudesse morrer de susto. Essa pretensão tão improcedente, só provoca hilaridade e indignação. Como disse o mesmo Comandante Manuel: "a gente não morre por disparos de palavras".

Como foi decidida a designação de Alfonso Cano como Comandante máximo das FARC e que variações implica essa determinação na condução da organização?
Implica a continuidade dos planos. E sobre a forma como decidimos sua designação como novo Comandante em Chefe das FARC, posso lhe dizer que foi por unanimidade, no dia 27 de março, uma vez informados da lamentável noticia do óbito do Comandante Manuel Marulanda. Nesse mesmo dia decidimos, também, adiar essa notícia até o dia 23 de maio para comunicá-la no marco do aniversário dos 44 anos das FARC. Todo o Estado Maior Central, o Secretariado, assim como as guerrilheiras e os guerrilheiros, como um só corpo, respaldam ferreamente o Comandante Alfonso Cano.

Muitos críticos e analistas afirmam que, com a chegada do Comandante Cano à chefia das FARC, abrem-se novas possibilidades para iniciar uma negociação; uma nova oportunidade para o Intercâmbio Humanitário e a paz. Qual a sua opinião sobre essas afirmações?
As políticas das FARC estão definidas já. São determinadas por nossas Conferências e as reuniões Plenárias do Estado Maior Central. Temos uma linha tática e outra estratégica, elaboradas coletivamente. A paz tem sido e é sempre nosso principal objetivo estratégico, e nisto coincidimos com o Libertador para quem "a insurreição se anuncia com o espírito de paz, se resiste contra o despotismo porque este destrói a paz, e não toma as armas, a não ser para obrigar seus inimigos à paz".

Os acontecimentos do dia 2 de julho, que culminaram na libertação de 15 prisioneiros pareceram indicar que os resgates militares solucionam esse problema. O que aconteceu nas selvas do Guaviare?
No inesperado resgate de 15 prisioneiros de guerra nas selvas do Guaviare, nem Uribe nem Santos, nem os generais Padilla e Montoya são os heróis, pois para essa operação só colaboraram com os helicópteros, já que todo o trabalho esteve a cargo dos dois traidores, que logo, logo, foram traídos pelos generais e o governo. O feito foi aproveitado para elogiar o Presidente, os militares, a política de Segurança Democrática, mas sobretudo, para tapar a escandalosa ilegitimidade e ilegalidade do segundo mandato do senhor Uribe, surgido do delito de suborno que favoreceu sua reeleição imediata. Buscava o Presidente Uribe dissimular seu talante de desaforado ditador que ataca com todos os fogos de sua ira os falhos da Corte Suprema que lhe são adversos. Atuando por fora de seu próprio estado de direito pretende derrubar desde o Palácio de Nariño, com poderosas cargas explosivas, a independência da Corte. Tem submetido o Setor Legislativa do Poder Público, já; agora quer cooptar o Setor Jurisdicional.

A propósito dessa libertação do dia 2 de julho o Comandante Fidel Castro tem dito que as FARC jamais deveriam ter capturado Ingrid Betancurt e que também não deveriam ter nas condições da selva em prisão os soldados e civis. Ele assinala isto como um ato de crueldade. Qual sua opinião sobre esse argumento do Comandante?
Não gostaria de expressar sentimentos que estimula esse tipo de posições. Somente quero dizer que as FARC estão em todo seu direito de buscar por todos os meios a liberdade dos combatentes guerrilheiros presos tanto nos cárceres do regime quanto nos do Império. Buscamos uma saída que ponha fim ao sofrimento do cativeiro dos prisioneiros das duas partes enfrentadas. Deve-se pensar também na crueldade das correntes que suportam os nossos nas masmorras do regime uribista e nas do império, que são as mesmas que padecem os 5 heróis cubanos e os milhares de prisioneiros violentados em seus direitos, como ocorre nos cárceres de Abu Grahib e de Guantánamo. Gostaria de acrescentar que na Colômbia alguns dirigentes políticos são mais militaristas e guerreristas que os próprios militares. Muitos deles instrumentam e são protagonistas ativos da legislação de guerra e da repressão contra o povo da Colômbia por conta do Terrorismo de Estado.

O presidente Uribe fala de cercos humanitários sobre os possíveis acampamentos onde se encontram os prisioneiros de guerra. Que significado tem para as FARC esse anuncio? Continua a ordem de não permitir o resgate à sangue e fogo?
Não existem cercos humanitários, em assuntos de guerra os cercos são cercos militares. Com os tais cercos humanitários o governo busca enganar para dar a sensação de que tem controle territorial, controle que nunca existiu. Por trás dos cercos humanitários existe uma ordem infame de Uribe a seus generais de resgatar à sangue e fogo os prisioneiros, sem que importem as conseqüências. Nestas circunstâncias, qualquer desenlace fatal será responsabilidade do senhor Uribe.

O governo francês tem oferecido receber todos os membros das FARC que estejam incluídos no intercâmbio. Estariam as FARC dispostas a deixar que os guerrilheiros liberados, sejam levados para outro país?
Essa idéia é em si mesma uma afronta desrespeitosa à dignidade dos guerrilheiros das FARC. Os verdadeiros combatentes não trocam as montanhas da Pátria, nem suas convicções por um humilhante desterro em ultramar.

A França assumiu a presidência da União Européia no dia 1 de julho. Dado o interesse desse país no intercambio humanitário, as FARC pensarão na possibilidade de buscar o reconhecimento político, o reconhecimento de beligerância e a retirada de seu nome da lista de grupos terroristas?
De fato somos uma força beligerante à espera dos que estejam dispostos a buscar a Paz na Colômbia, e, para isso, façam esse reconhecimento. É uma condição temporal, enquanto se resolve o conflito de legitimidades. O qualificativo de terroristas não é mais do que uma imposição do maior terrorista da Humanidade: o governo dos Estados Unidos.

A mídia fala profusamente que as FARC estão golpeadas política e militarmente, assim como dizimadas tanto em número de combatentes quanto nos recursos econômicos. Os analistas expressam que as FARC passam pelo pior momento de sua história; Quão golpeadas estão as FARC?
Na realidade, o que lhes preocupa é um eventual desencadeamento da inconformidade social junto à existência de uma guerrilha bolivariana como as FARC, que tem completado já o posicionamento estratégico de sua força em todo o território nacional. Por isso o Plano Patriota e o aumento da intervenção militar dos Estados Unidos na Colômbia. Por isso a Base Aérea de Três Esquinas foi convertida em uma Base Militar estadunidense na Amazônia. E sabemos para que. Se as FARC estivessem esquartejadas, eles não estariam anunciando o traslado da Base ianque de Manta para Colômbia. O que está se decompondo mais e mais é a apodrecida institucionalidade burguesa, salpicada de sangue e cocaína, narco-paramilitarismo e ilegitimidade.

Nos atuais momentos é possível que se possa chegar a uma negociação de paz com o governo Uribe?
Com Uribe a paz não passa de uma quimera. A solução política do conflito só será possível com outro governo, e muito mais, se ele surge como resultado de um Grande Acordo Nacional, no qual desempenhem o papel principal, as forças das mudanças e o Soberano, que é o Povo. Um novo governo, que por ter a Paz como seu objetivo máximo, recolha as tropas em seus quartéis e mande de volta os ianques para sua casa.

Qual a caracterização que as FARC têm neste momento do governo de Uribe e da situação da institucionalidade colombiana em meio ao escândalo da narco-para-política e outros inocultáveis fatos como aquele da Yidis-política?
É um governo narco-paramilitar, ilegítimo e ilegal. Só não caiu, ainda, porque é mantido em pé pelo criminal apoio do governo de Washington, o Terrorismo de Estado, a manipulação da opinião através de campanhas da grande mídia, os massacres, o despojo de terras, o despejo forçoso, a moto-serra, as fraudes e o suborno. Estados Unidos necessita um regime como o colombiano, para utilizá-lo como ponta-de-lança para o assalto neoliberal ao Continente.

As FARC têm dito que o governo de Uribe Vélez é ilegal e ilegítimo. Por que, então, se mantém, segundo difunde a imprensa colombiana, nos mais altos níveis de popularidade; por que não cai esse governo?
As pesquisas não consultam 70% da população sumida na miséria e na pobreza, nem os mais de 4 milhões de deslocados de suas terras pelo Terrorismo de Estado. Não consultam 50% da população economicamente ativa que sofre a angustia cotidiana do desemprego ou o trabalho informal. Não consultam os sindicalistas perseguidos, nem os indígenas violentados, nem as negritudes esquecidas, nem os estudantes reprimidos. Os 80% de popularidade de Uribe é una farsa, resultado da mais asquerosa manipulação da opinião.

O que se pode esperar da nova geração de Comandantes que tem assumido a condução das FARC: uma línha militar mais dura ou pelo contrário, a chegada à política total?
Continuar o caminho traçado pelo inesquecível Comandante em Chefe, Manuel Marulanda Vélez, quer dizer, aquele da política total, que é a luta estratégica pela tomada do Poder pela via das armas e da insurreição, com o qual se chegaria a um governo revolucionário, ou pela via das alianças políticas rumo à instauração de um governo verdadeiramente democrático, em consonância com a Plataforma Bolivariana pela Nova Colômbia.

Segundo os supostos computadores do Comandante Raúl Reyes, as FARC têm sido financiadas pelo governo do Presidente Hugo Chávez. O qué há de certo nisso?
Se fosse assim, teríamos derrubado já esse governo lacaio dos EUA. Essa afirmação é um pretexto intervencionista. O que deve chamar a atenção de América Latina e do mundo são os dez bilhões de dólares que a Casa Branca tem aportado ao governo terrorista de Uribe, para massacrar, desaparecer, despojar, deslocar... o povo. Colômbia é o primeiro receptor de ajuda militar dos Estados Unidos neste Hemisfério e, o terceiro no mundo. Claro, o governo de Washington apóia desta maneira seu testa-de-ferro predileto, na desestabilização da região, pensando na contenção da poderosa força bolivariana que já se vê no horizonte deste século. Um tribunal dos povos deve conduzir ao banco dos acusados o Império ladrão e violento que quer seguir subjugando os povos.

As FARC financiaram a campanha presidencial de Rafael Correa no Equador?
Mas, com o que? Isso é um contrasenso. São as FARC que necessitam da ação do internacionalismo solidário dos povos do mundo.

Com todas as dificuldades que se têm apresentado, em torno do tema da presença guerrilheira, como pretexto para criar a crise diplomática entre Colômbia e Equador ou entre Colômbia e Venezuela, não vêm a necessidade de uma reformulação de sua forma de luta, sobretudo, quando está latente a ameaça dos Estados Unidos, com o argumento de que atuará contra os que apóiem o terrorismo?
A luta armada não está em questão. As causas que a motivaram não foram superadas. Continuam. As oligarquias só querem uma paz que não toque seus privilégios, que não modifique as injustas estruturas políticas, econômicas e sociais que têm causado a pobreza pública. A estratégia de dominação dos Estados Unidos já está traçada e o pretexto é o que menos lhes importa. Eles estão correndo atrás do petróleo da Venezuela, do gás da Bolívia, das riquezas da Amazônia...., e, que nossos povos fiquem com os buracos e a miséria. Por isto, necessitamos articular a resistência às políticas agressivas do Império. Gostaria de recordar que nos fuzis guerrilheiros das FARC resistem os povos de Nossa América. E quanto à pertinência da luta armada, uma reflexão do Libertador: "Mesmo que sejam alarmantes as conseqüências da resistência ao poder, não é menos certo que existe na natureza do homem social um direito inalienável que legitima a insurreição". Enquanto existirem as FARC ninguém poderá tomar o fuzil de Che.

A Guajira é da Venezuela como diz o Presidente Chávez?
Sem dúvida La Guajira pertence à Colômbia de Bolívar e do primeiro precursor da Independência de Nossa América, o Generalíssimo Francisco de Miranda. Nosso critério é o mesmo exposto pelo Libertador a Páez: "Esqueci de lhe dizer que temos pensado fundir juntas, duas ou três metades dos Departamentos de Boyacá, Zulia e Barinas, para que não haja mais fronteira de Venezuela nem da Nova Granada, porque esta divisão é a que está nos matando, e portanto devemos destruí-la". Uma reafirmação final: Juramos vencer, e Venceremos.

Faculdade Nacional do Uribismo

Nosso correspondente em Bogotá nos envia um boletim de última notícia. Será criada uma Faculdade Nacional do Uribismo. Leia, não vá perder a oportunidade.

ANNCOL

O comunicado enviado de Bogotá é o seguinte:

“Decano: José Obdulio Gaviria

Mascota: Pichito Santos (Todo um mundo de idiotices por descobrir).

Missão: Nossa missão é levar à todos e cada um dos colombianos as boas novas da chegada do Messias em carne e osso, Álvaro Uribe Vélez. A Faculdade levará a cabo programas de extensão e evangelização que se realizarão graças ao apoio incondicional e patriótico de instituições tão sérias como Paracol e RCN (Rádio Casa de Nariño).

A base de nossos ensinamentos será a respeito de todas as correntes políticas dentro do uribismo, tornando todo aquele pensamento contrário ao do Grande Chefe como um ato de terrorismo anti-patriótico, todo aquele que se atreva a criticar nosso líder será digno de ser atacado ou no melhor dos casos amavelmente massacrado pelos guardiões da liberdade, comandados por Salvatore Mancuso.

Visão:
Nossa visão para daqui a quatro, oito, doze, ou quantos anos sejam necessários é de uma nação livre e harmoniosa uma vez que toda a escória antiuribista tenha sido patrioticamente exterminada.

A paz será produto da homogeneidade de pensamento, uma vez que a menor amostra de inconformidade com o novo reino será atendida pelos patriotas, amantes da liberdade, a democracia, os bons costumes, a propriedade privada e o latifúndio das AUC.

NOSSA GRADE CURRICULAR

Licenciatura em Uribismo.

SEMESTRE I
-Moral I: Ministrada por Pachito Santos que é “Quimicamente bom”
-Fascismo: Ministrado por uma das figuras mais promissoras dessa corrente: Andrés Felipe Arias, o popular ‘uribinho’.
-Religião: Ditada por Santiago Uribe e seus doze apóstolos.
-Informática I: Onde aprenderás a apagar os processos judiciais dos crimes dos amigos do governo.
-Estatística para uribistas: Ministrada por Héctor Maldonado, diretor do DANE.

SEMESTRE II
Moral II: Ministrada por Jorge Noguera, que é um ‘bom moço’.
Introdução ao sofisma: Ministrada por José Obdulio Gaviria e onde aprenderás a manejar sua técnica literário-filosófica-histórico-poética-mitologia-antiga-clássica-pós-moderna para argumentar corretamente.
-Teoria da argumentação: Neste curso aprenderás a ganhar toda discussão utilizando termos que nem sequer sabe o que significam, tais como: terrorista, comunista, comunista disfarçado, apátrida, entre outros.
-Informática II: Onde aprenderá a hackear e sabotar as páginas da internet que se atrevam a cometer o crime de blasfemar contra Uribe.
Pedagogia do uribismo: Onde aprenderás a converter os inimigos do governo mediante o fuzil e a moto-serra.

SEMESTRE III
-Sofismas I: Dedicada a analisar seria e consensualmente a brilhante frase de Pachito Santos segundo o qual, se o Haiti pôde realizar um mundial de Cricket, a Colômbia pode muito bem realizar um de futebol.
- Falsos positivos: Ditada por Juan Manuel Santos (chucky) e onde aprenderás a assassinar camponeses, disfarçá-los de guerrilheiros e ganhar um prêmio de governo.
-Patriotismo: Ministrada por Salvatore Mancuso, a quem todos os colombianos devemos o favor por haver preservado a democracia e ter evitado que Cuba fosse hoje uma outra Cuba.
-Canibalismo: Ministrado por Salvatore Mancuso e Cia. Para este curso é recomendável aos estudantes que levem os insumos necessários para as práticas e saídas de campo, tais como machadinhas, moto-serras, facas, faquinhas, facões.
-Teoria da dissuação: Onde aprenderás a ganhar o apoio de qualquer congressista esquivo, comprometendo-lhe em um ou outro cargo.

SEMESTRE IV

Sofismas II: Dedicada a analisar seria e consensualmente a brilhante teoria de Diego Palácios, segundo o qual o fato de na Colômbia morrerem mais taxistas que sindicalistas é prova de que estes não são perseguidos.
Combinação de todas as formas de luta: Neste curso aprenderás que a combinação de política legal e violência é uma arma vil e impiedosa, a não ser que seja utilizada por um uribista para chegar ao congresso.
-Problemas colombianos I: Neste curso aprenderás que todos os problemas de nosso país são culpa ‘da guerrilha das Farc’, nada tiveram a ver com a corrupção, o latifúndio, a abertura econômica, a flexibilização trabalhista, as privatizações, a Lei 100, o paramilitarismo, entre outros.
- Teoria econômica: Onde encontraremos a forma de chegar a ser uma potência econômica mediante a desinteressada e altruísta ajuda dos gringos. Ministrada pelo mesmo professor de Fascismo.
-Ética: Onde aprenderás que olhar para o não-uribistas com total asco e repugnância é um ato de valentia e patriotismo.

SEMESTRE V

-Problemas colombianos II: Neste curso aprenderás que apesar da pobreza e a miséria o maior problema que deve enfrentar nosso governo é que ‘pelo menos possamos sair e passear’.
-Introdução ao pensamento uribista:onde tentaremos desenbolar o intrincado e complexo mundo do cérebro de nosso presidente, o da ‘inteligência superior’.
-‘Corpo de doutrina uribista’: Onde analisaremos de maneira séria e sucinta, entre outros, o paradigma da ameaça terrorista. Para este curso deverá ter sido aprovado em introdução ao sofisma, sofisma I, sofisma II e a teoria da argumentação.
-Finanças Públicas: Neste curso aprenderás a ganhar votos dos pobres dando-lhes um subsídio mensal de cem mil pesos.
-Relações internacionais: Com exemplos reais do magnânimo ‘Chambacú’ Araújo que te ensinarão sobre o que um ministro de relações exteriores medianamente inteligente não deve fazer.

SEMESTRE VI

-Direito Internacional Humanitário: Ministrado por Rito Alejo do Rio... de sangue.
-Expressão oral: Ministrada por Carlos Holguin Sardi (qual melhor expoente que esse mestre burguês, que melhor fala em público, e o que mais se faz entender)
-Prática: A prática consiste em montar sua própria Conivivir com o apoio do governo.


Nosso programa terá apenas seis semestres, uma vez que segue as delimitações do decreto 2566 e do estatuto estudantil recentemente aprovado na Universidade Nacional.

Totalmente identificadas as Diretivas da Chiquita Brands International

“Quando entrei na sociedade sabia que a empresa efetuava pagamentos a grupos paramilitares na Colômbia”

Por CCAJAR *- Editorial [07/023/2008]

“Quando entrei na sociedade, sabia que a empresa efetuava pagamentos a grupos paramilitares na Colômbia” [1]

Por mais de seis anos, desde 1997 até em torno de 4 de fevereiro de 2004, a Chiquita Brands International, por meio de sua filial na Colômbia, a Banadex S.A., efetuou pagamentos mensais a estruturas paramilitares nas zonas de Urabá e Santa Marta, totalizando mais de 100 pagamentos e mais de $ 1,7 milhão de dólares.
A Chiquita Brands começou a fazer os pagamentos depois que uma reunião em 1997 entre o então chefe paramilitar Carlos Castaño e o diretor-geral da Banadex, transferências as quais foram feitas em parte através da empresa Convivir Papagayo [2]. Vale lembrar que o Secretário de Estado dos EUA reconheceu as AUC, uma organização paramilitar, como terrorista no dia 10 de setembro de 2001. Com isso tornou-se delito, segundo o direito norte-americano, fornecer-lhe apoio e recursos materiais [3]. Este financiamento, que torna a Chiquita Brands uma das fundadoras das AUC, impulsionou incontáveis crimes de lesa-humanidade e graves violações de direitos humanos cometidas por organizações paramilitares nestas duas regiões, incluindo deslocamentos forçados, homicídios, tortura, desaparecimentos misteriosos e outros crimes [4].

Nesse contexto, em 5 de novembro de 2001 desembarcaram e entraram no território colombiano três mil fuzis AK-47 e cinco milhões de cartuchos calibre 5,62 mm, arsenal transportado no navio Otterloo. O desembarque aconteceu no porto de Zungo, especificamente nos pátios da empresa Banadex S.A., de onde partiram as armas em 14 caminhões com destino às organizações paramilitares em Córdoba e Urabá. O então chefe paramilitar Carlos Castaño admitiu publicamente que este fato se convertera em “seu melhor gol” [5]. A maioria destas armas nunca foi entregue como parte de um processo de desmobilização paramilitar que ocorreria entre 2003 e 2006. Em 16 de janeiro de 2008 a continuação destes crimes patrocinados e impulsionados por Chiquita Brands foi revelada quando a polícia nacional expropriou a organização paramilitar do “desmobilizado” Daniel Rendón Herrera, conhecido como Dom Mario (irmão do ex-chefe paramilitar Freddy Rendón Herrera, conhecido por sua vez como El Alemán), 47 fuzis AK-47 que aparentemente provinham do mesmo navio Otterloo [6].

Além de ter apoio tanto nos sistemas jurídicos da Colômbia como no dos Estados Unidos, esta relação entre Chiquita Brands International e a estrutura paramilitar na Colômbia – e, portanto, a responsabilidade desta empresa na comissão de múltiplos crimes de lesa-humanidade e graves violações dos direitos humanos - foi confirmada no último ano por diferentes chefes paramilitares como Salvatore Mancuso Gómez, conhecido como Santander Lozada, Freddy Rendón Herrera, conhecido como El Alemán, Rodrigo Tovar Pupo, conhecido como Jorge 40, Nodier Giraldo Giraldo, conhecido como Cabezón ou Jota, e Éver Veloza García, conhecido como HH [7].
Em 17 de setembro de 2007, a Chiquita Brands International declarou-se culpada do delito de “envolvimento em transações com terroristas globais conhecidos” diante do Juizado do Distrito de Columbia (EUA) e foi condenada a pagar 25 milhões de dólares ao respectivo Departamento de Justiça.

Segundo o memorando do julgamento, a Corte constatou que os pagamentos da empresa a organizações paramilitares foram “revisados e aprovados por altos executivos da corporação, incluindo oficiais, diretores e empregados de alto escalão”. Além disso, a Corte considerou que no final de setembro de 2000 os principais diretores foram informados que “a empresa efetuava pagamentos às AUC e que as AUC eram uma organização paramilitar violenta dirigida por Carlos Castaño”. Além disso, um advogado da Chiquita realizou uma investigação sobre os pagamentos em agosto de 2000 e elaborou um relatório no qual deixou em claro que “a Conviver foi uma mera fachada para as AUC, que descreveu como uma ‘organização paramilitar ilegal amplamente conhecida’”. Por fim, este advogado “apresentou os resultados de sua investigação ao Comitê de Auditoria da Junta Diretiva durante uma reunião na sede da ré, Chiquita, em Cincinnati [EUA] em setembro 2000” [8]. Em troca desta confissão, a Corte decidiu não prosseguir com ações penais ou individualizar os diretores envolvidos, o que também abriu as portas para o avanço dos processos penais na Colômbia e a eventual extradição dos responsáveis.

Por causa de tudo isso, há mais de um ano vários altos executivos e políticos da Colômbia e dos Estados Unidos por várias vezes disseram-se favoráveis à investigação e extradição dos executivos e diretores de Chiquita Brands [9]. Inclusive a Promotoria Geral da Nação supostamente teria adiantado suas ações a respeito. Segundo o jornal Union-Tribune, de San Diego (EUA), de 20 de março de 2007, o procurador-geral da Colômbia disse que exigiria a extradição de “oito pessoas presumivelmente envolvidas nos pagamentos de Chiquita” [10].

Mesmo que nenhuma pessoa tenha sido identificada até o momento, o procurador-geral Mario Iguaran Arana afirmou que “deveriam ser julgados na Colômbia, não só pelos pagamentos extorsivos, mas pelo transporte e armazenamento de 3.000 fuzis” [11]. Depois, no dia 7 de dezembro de 2007, o jornal El Tiempo informou que a Promotoria Geral Nacional baixou uma ordem para investigar, sob as normas legais do país, o financiamento de grupos armados ilegais pelos seguintes diretores de Chiquita: ROBERT FISHER, STEVEN G. WARSHAW, CARL H. LINDNER, DURK I. JAGER, JEFFREY D. BENJAMIN, MORTEN ARNTZEN, RODERICK HILLS, CYRUS F. FREIDHEIM e ROBERT OLSON [12].

Apesar disso, em abril de 2008 o procurador-geral Mario Iguarán Arana alegou que ainda não se podia adiantar o processo de extradição pela falta de “individualização e responsabilização” dos implicados. “Sim, há alguns diretores de Chiquita Brands envolvidos, mas não podemos pedir a extradição, temos que ter uma informação que está incluída nesse acordo com a Corte norte-americana e que inclui um pacto de confidencialidade”, afirmou Iguarán [13].

Esta última afirmação surpreende mais ainda quando se leva em conta que, desde os primeiros dias de janeiro de 2008, repousa na Promotoria Geral o Ofício No. 63.625, que detalha as identidades dos diretores, executivos e altos funcionários da Chiquita implicados neste caso, bem como os responsáveis pelos pagamentos ou provisão de armas a organizações paramilitares, além dos supostos mandantes e patrocinadores dos crimes de lesa-humanidade e as violações de direitos humanos que cometeram [14].

Como se vê, não há somente “oito pessoas presumivelmente envolvidas com os pagamentos da Chiquita” que deveriam ser investigados. Pelos seus cargos de direção, auditoria, finanças ou operações, deveriam investigar e solicitar a extradição de pelos menos 14 diretores, executivos e altos funcionários da Chiquita Brands International, a saber: CYRUS FREIDHEIM JR., RODERICK M. HILLS, ROBERT OLSON, MORTEN ARNTZEN, JEFFREY D. BENJAMIN, STEVEN STANBROOK, DURK I. JAGER, JAIME SERRA, ROBERT F. KISTINGER, JAMES B. RILEY, ROBERT W. FISHER, CARL H. LINDNER, KEITH LINDER e STEVEN WARSHAW [15].

Com base em tudo isso, exigimos que o Procurador-Geral Mario Igaurán adiante os trâmites processuais necessários para o prosseguimento da captura e extradição dos mencionados empresários da empresa Chiquita Brands International pelos crimes cometidos no território colombiano devido a sua participação no financiamento da estrutura paramilitar e o ingresso de armas.

É claro que a Promotoria Geral Nacional não tem por que esperar que os Estados Unidos responda à solicitação para avançar na investigação dos principais responsáveis dos crimes cometidos. A Promotoria deve tomar medidas oportunas e eficazes que reflitam a sua vontade de lutar contra a impunidade; estas devem ser apoiadas pelos respectivos funcionários administrativos e judiciais de ambos os países.

A seguir, cada um dos implicados da empresa Chiquita Brands:

Cyrus Freidheim Jr., presidente da Junta de Diretores, principal executivo e presidente do comitê executivo desde 19 de março de 2002 [16] até 25 de maio de 2004 [17].

Roderick M. Hills, diretor e presidente do comitê de auditoria desde 19 de março de 2002 [18] até junho de 2007 [19], assessor legal do então Presidente Ford em 1975 e presidente da junta do Securities and Exchange Commission de 1975 a 1977 [20] Segundo o jornal Los Angeles Times, em 22 de dezembro de 2003 ele declarou à junta diretiva: “aparentemente estamos cometendo um delito” [21]

Robert Olson, vice-presidente, assessor legal e secretário desde 1995 até 31 de agosto de 2006 [22]. Segundo o Washington Post, em 3 de abril de 2003, Robert Olson relatou a outros membros da junta diretiva que ele e Hills pensaram que a empresa tinha uma defesa forte e simplesmente deveriam deixar que o Departamento de Justiça “nos incomodasse, que nos persiga” [23].

Morten Arntzen, diretor e membro do comitê de auditoria desde 19 de março de 2002 [24] até o momento [25]. Segundo o Wall Street Journal, o americo-norueguês Morten Arntzen soube dos pagamentos em abril de 2002, um mês depois de entrar na junta. “Quando entrei na junta sabia que a empresa efetuava pagamentos a grupos paramilitares na Colômbia”, declarou Morten Arntzen [26].

Jeffrey D. Benjamin, diretor e membro do comitê executivo e de auditoria [27] desde 19 de março de 2002 [28] até no dia 6 de fevereiro de 2007 [29].

Steven Stanbrook, diretor e membro do comitê executivo [30] desde 21 de dezembro de 2002 [31] até o momento [32]. Stanbrook também foi membro do comitê de auditoria entre 2002 e 2004 [33].

Durk I. Jager, diretor [34] desde dezembro de 2002 [35] até o momento [36] e membro do comitê de auditoria desde 2005 até o momento [37]. Jager, de nacionalidade holandesa, trabalhou na Proctor & Gamble desde 1970 [38] até 2000, quando renunciou da junta diretiva [39].

Jaime Serra, diretor desde fevereiro de 2003 [40] até o momento [41]. Serra, de nacionalidade mexicana, foi subsecretário de Fazenda, secretário de Comércio e secretário de Finanças de seu país [42].

Robert Fl. Kistinger, foi presidente, principal oficial de operações, diretor, membro do comitê executivo e de auditoria, entre outras, desde 1999. Está há mais de 20 anos em Chiquita [43].

James B. Riley, vice-presidente e principal executivo da área financeira entre 2001 [44] e setembro de 2004 [45].

Robert W. Fisher, diretor e principal oficial de operações desde 19 de março de 2002 [46] até o momento [47]. Desde 1991 até 1993 e desde 1996 a 1998, Fisher era o principal executivo nas operações “bananeiras” do Grupo Noboa. Antes de vincular-se ao Grupo Noboa, Fisher passou 25 anos na empresa Dole Food Company, e nos seus últimos quatro anos chegou ao cargo de presidente da mesma [48].

Carl H. Lindner, presidente da junta diretiva desde 1984 até março de 2002 e principal executivo desde 1984 até agosto de 2001 [49]. Segundo a revista Mother Jones, entre 2000 e 2004 ele foi o maior doador privado a partidos políticos nos Estados Unidos [50].

Keith Linder, filho de Carl H. Lindner, vice-presidente da junta diretiva e membro do comitê executivo entre 1996 e 2000 [51].

Steven Warshaw, membro do comitê executivo, presidente, principal oficial de operações e principal oficial financeiro entre 1996 e 2000 [52].


Notas de rodapé

[1] Morten Arntzen, atual diretor e membro do comitê de auditoria. (Ver: Ex-Chiquita diretor faces legal jeopardy. Cohen, Laurie P., Wall Street Journal, Nova York, Agosto 2 de 2007, http://siliconinvestor.advfn.com/readmsg.aspx?msgid=23764163).

[2] Acusação Formal: Caso EUA contra Chiquita Brands. Juizado do Distrito de Columbia, EUA, No. Processo 07-055, 3 de Março de 2007, parágrafos 19, http://www.derechos.org/nizkor/corru/doc/indictment.html

[3] Acusação Formal: Caso EUA contra Chiquita Brands. Juizado do Distrito de Columbia, EUA, Nº Criminal 07-055, 13 de Março de 2007, párafos 19, http://www.derechos.org/nizkor/corru/doc/indictment.html

[4] Como, por exemplo, segundo a revista Semana, “os massacres de ‘Jorge 40’ ocorreram em territórios onde há em andamento grandes negócios ou empreendimentos. A zona do país onde mais há valas comuns, depois de Putumayo, é a zona de Ciénaga e Fundación. Ali a Promotoria detectou mais de 300 tumbas clandestinas, rodeadas pelo que foi um dia uma próspera indústria bananera, onde também atuou a controvertida multinacional Chiquita Brands”. (Ver: O verdugo. Revista Semana, Junho 30 de 2007, http://www.semana.com/wf_InfoArticulo.aspx?idArt=104755).
Para uma contextualização mais ampla, veja ainda: Da United Fruit Company a Chiquita Brands International, Cincinnati, Ohio, EUA. Coletivo de Advogados José Alvear Restrepo. Abril de 2006, http://www.sinaltrainal.org/index.php?option=com_content&task=view&vão=119&Itemid=64; Uma história de impunidade. El Espectador, Editorial, 22 de Setembro de 2007, http://www.casamerica.es/es/horizontes/zona-andina/una-historia-de-impunidad?referer=/es/casa-de-america-virtual/literatura/articulos-y-noticias/contra-el-olvido).

[5] Processo 63.625. Promotoria 18, Unidade Nacional contra o Terrorismo, Resolução de 1º de agosto de 2003; Relatório da Secretaria-Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre o desvio de armas nicaragüenses para as Autodefesas Unidas da Colômbia. Organização dos Estados Americanos, OEA/Ser.G, CEP/doc. 3687/03, Janeiro 29 de 2003, http://www.grip.org/bdg/g2052.html.

[6] “No dia 16 de janeiro passado a polícia encontrou sob o poder da organização de ‘Dom Mario’ 47 fuzis AK-47 que pareciam provir do navio 'Otterloo'. Com o bloco 'Heroes de Castanho', Daniel Rendón Herrera apoderou-se dos territórios dominados por vários ex-chefes paramilitares e matou 70 pessoas próximas as que assassinaram o seu amigo Carlos Castaño. [...] Há pelo menos um ano ele entrou nos mercados do narcotráfico e dos espaços ‘militares’ que antes ocupavam os ex-paramilitares Salvatore Mancuso, Diego Fernando Murillo Bejarano, ‘Dom Berna’ e Ramiro Vanoy Murillo, conhecido como 'Polido'. [...] Dos 3,5 mil fuzis do 'Otterloo', os flagrados entregaram uma mínima parte ao governo Uribe dentro do processo de desmobilização das AUC. As autoridades trabalham com a possibilidade do revigorado ‘Dom Mario’ estar rearmando o seu exército, formado por um híbrido de ex-soldados das autodefesas e narcotraficantes [...]. 'Dom Mario' estava oficialmente entre os desmobilizados da estrutura do Bloco Élmer Cárdenas, então sob comando de seu irmão menor, conhecido como 'El Alemán'. E mesmo que o Governo tenha reiterado que se voltar a delinqüir perderá automaticamente os benefícios da Lei de Justiça e Paz, ainda não há um mecanismo legal que o impeça”. (Ver: 'Dom Mario', narcotraficante ligado aos irmãos Castanho, é agora o criminoso mais procurado do país. El Tiempo, Fevereiro 8 de 2008, http://www.derechos.org/nizkor/colombia/doc/mario.html). (Ver também: “Dom Mario” quer expandir a sangue e fogo seu negócio. El Colombiano, Medellín, 8 de Fevereiro de 2008, http://www.elcolombiano.com.co/BancoConocimiento/D/don_mario_ quiere_expandir_a_sangre_y_fuego_su_negocio/don_mario_quiere _expandir_a_sangre_y_fuego_su_negocio.asp).

[7] A título de exemplos incluímos as seguintes declarações:
- Em uma entrevista no dia 7 de maio de 2007, Salvatore Mancuso declarou: “Todas as ‘bananeras’ nos pagavam. Todas. [...] [No] final de 1997, o pai de Raúl Hasbún, empresário bananero, morreu em um acidente aéreo, o que produziu uma reunião de todas as bananeras na qual se nomeou Raúl Hasbún como seu representante nas autodefesas. Projetado por essa reunião, Raúl se transforma em intermediário e depois no comandante do Bloco Bananero. [...] O acordo foi feito com Chiquita Brands Inc, Dole, Banacol, Uniban, Proban e Del Monte. Pagavam-nos 1 centavo de dólar por cada caixa que saía do país. As demais empresas do setor faziam um aporte semestral. A empresa Dole se encarregava de apanhar o dinheiro e finalizar a operação, da qual se tinha pleno conhecimento nas companhias e que era descrita como uma contribuição à empresa Convivir Papagayo. [...] O produto dessas contribuições se distribuía proporcionalmente entre a Casa Castanho e o Bloco Bananero, uma parte para investimentos sociais e outra para propinas em órgãos públicos. [...] Raúl Hasbún explicou o modelo a ‘Jorge 40’, que se encarregou de copiá-lo em Magdalena. [...] Os massacres lhes permitiram desmontar os modelos de assistência social pactuados com os sindicatos”. (Ver: Springer, Natalia. “Todas as bananeras nos pagavam’: Mancuso. El Tiempo, 14 de maio de 2007, http://colombia.indymedia.org/news/2007/05/64836.php).
- No programa jornalístico norte-americano ‘60 Minutes”, de 11 de maio de 2008, “[o] ex-chefe paramilitar Salvatore Mancuso assegurou que a multinacional Chiquita Brands aceitou pagar aos grupos paramilitares por sua segurança sem que existissem ameaças e se dispôs a revelar todos os vínculos das multinacionais com os paramilitares na Colômbia. [...] “Não, não é certo que tenham sido pressionados”, disse Mancuso. 'Eles pagavam impostos porque eram como um estado na zona, e porque se lhes proporcionava a proteção que lhes permitia seguir fazendo investimentos e um benefício econômico', explicou Mancuso. Além disso, o ex-líder paramilitar assegurou que a empresa Chiquita Brands não teria sido a única a oferecer pagamento aos paramilitares em troca de segurança. ‘Todas as empresas na região bananera pagaram. Por exemplo, Dole e Del Monte, que, acho, são companhias dos EUA’, disse à cadeia jornalística norte-americana’”. (Ver: Alianças de bananeras com ‘paras” deram “bons lucros”. El Espectador, 11 de Maio de 2008, http://www.elespectador.com/noticias/judicial/articulo-amenazas-de-bananeras-paras-fueron-de-buena-gana).
- No mesmo programa “60 Minutes”, de 11 de maio de 2008, Salvatore Mancuso assegurou que "não houve necessidade de fazer pressões, chantagens ou ameaças às empresas bananeras para que desembolsassem as contribuições. ‘A verdade é que nunca pensamos que poderia ocorrer de não nos pagarem porque foram eles [os representantes das empresas] que o fizeram com satisfação, asseverou Mancuso”. (Ver: Todas as bananeras de Urabá pagaram a AUC, garante Salvatore Mancuso à CBS. El Tiempo, 12 de Maio de 2008, http://www.corporaciondemocracia.org/noti_detalle.php?idb=363).
- Segundo Freddy Rendón Herrera, conhecido como El Alemán, “[para] ninguém é segredo, especialmente na zona de Urabá, que as multinacionais pagavam esses recursos para criar uma corporação que lhe daria segurança". (Ver: Chefe paramilitar 'El Alemán' admite pagamentos de multinacionais bananeras em Urabá. El Tiempo, 3 de abril de 2007, http://www.eltiempo.com/conflicto/noticias/ARTICULO-WEB-NOTA_INTERIOR-3499020.html).
- Rodrigo Tovar Pupo, conhecido como Jorge 40, também confirmou que Chiquita Brands entregou dinheiro a grupos paramilitares. (Ver: Chefe paramilitar 'El Alemán' admite pagamentos de multinacionais bananeras em Urabá. http://www.eltiempo.com/conflicto/noticias/ARTICULO-WEB-NOTA_INTERIOR-3499020.html).
- Um computador de Jorge 40 supostamente possui arquivos que comprovam envios de cocaína à Europa em navios carregados de bananas. “Segundo nossos relatórios de inteligência, a empresa [usada para estes envios] se chama Chiquita”, diz um relatório da Promotoria. (Ver: Chiquita Brands é oriunda da United Fruit, marca envolvida em massacre das bananeras em 1928. El Tiempo, Bogotá, 18 de Março de 2007, http://www.derechos.org/nizkor/corru/doc/chiquita.html).
- Em depoimento espontâneo concedido à Unidade de Justiça e Paz em junho de 2007, Nodier Giraldo Giraldo, conhecido como ‘El Cabezón’ ou ‘Jota’, sobrinho do ex-chefe paramilitar Hernán Giraldo e chefe de finanças do Bloco Tayrona, declarou que a empresa Chiquita Brands efetuava pagamentos ao bloco Resistência Tayrona. (Ver: Sobrinho de Hernán Giraldo revela financiadores. El Heraldo, 15 de Junho de 2007, http://www.elheraldo.com.co/anteriores/07-06-15/judiciales/noti2.htm).
- Em depoimento espontâneo concedido à Unidade de Justiça e Paz em 26 de novembro de 2007, Éver Veloza García, conhecido como HH, ex-chefe paramilitar do Bloco Bananero, “acusou Raúl Hazbún, conhecido como ‘Pedro Bonito’ ou ‘Pedro Aponte’, de ordenar os crimes cometidos pelas autodefesas na região desde 1996 até 2004. ‘HH.’, que reconheceu que envolveu-se em aproximadamente 1.500 assassinatos entre 1995 e meados de 1996, fez suas acusações contra Hazbún no depoimento espontâneo que recomeçou na segunda-feira. Na sala de audiências onde se realizou o interrogatório abundavam pessoas que supostos emissários de Hazbún obrigaram a deixar suas terras porque ‘o patrão’ delas necessitava. [...] Mas em 25 de novembro de 2004 ele se desvinculou do regimento El Dos de Turbo (Antioquia) como um ‘para’ de baixa hierarquia”. (Ver: Empresário de Urabá foi responsável de 1.800 assassinatos na região, segundo ‘HH’. El Tiempo, 27 de Novembro de 2007, http://www.eltiempo.com/justicia/2007-11-28/ARTICULO-WEB-NOTA_INTERIOR-3834952.html)
- Em depoimento espontâneo concedido à Unidade de Justiça e Paz em 26 de março de 2008, Éver Veloza García, conhecido como HH, ex-chefe paramilitar do Bloco Bananero, “vinculou o atual prefeito de Carepa, Arnulfo Peñuela Marín, com as Asociaciones Convivir que operavam na zona de Urabá, e com as atividades ilegais desses grupos. Conhecido como 'HH' declarou sob juramento ao procurador da Unidade de Justiça e Paz que o prefeito Peñuela Marín fez parte da Junta Diretiva de uma dessas Convivir e que elas foram criadas em Urabá, entre 1996 e 1997 pelo empresário Raúl Hasbún, a quem, assegurou, pertenciam as autodefesas. Através das associações Convivir as autodefesas cobravam ‘pedágios e faziam extorsões às empresas bananeras da Região de Urabá, entre elas a 'a Chiquita Brands', confessou o ex-chefe paramilitar que comandou o hoje desmobilizado Bloco Bananero”. (Ver: ‘HH envolve o prefeito de Carepa com o paramilitarismo. Radio Caracol, 26 de março de 2008, http://www.caracol.com.co/noticias/567920.asp).
- Em depoimento espontâneo concedido à Unidade de Justiça e Paz em 9 de junho de 2008, Éver Veloza García, conhecido como HH, ex-chefe paramilitar do Bloco Bananero, “retomou o depoimento espontâneo na Promotoria com novas evidências contra a classe dirigente do Urabá antioquenho. Na diligência de ontem, o ex-paramilitar acusou vários dirigentes políticos da região por supostos acordos políticos com as AUC. [...] Reiterou também sua versão sobre o envolvimento do prefeito do município de Carepa, Arnulfo Peñuela, com as AUC, depois que o governante disse que nunca teve relação com Veloza. Segundo o ex-chefe do bloco Bananero, o prefeito eleito, para encontrar-se com os 90 diretores da Convivir Papagaio, acompanhou em várias ocasiões a ele e a outro comandante das AUC, conhecido como 'Doble Cero', reunindo-se com altos comandos militares”. (Ver: Conhecido como "HH" envolveu mais políticos de Urabá com AUC. Juan Carlos Monroy Giraldo, El Colombiano, 10 de Junho de 2008, http://www.elcolombiano.com/BancoConocimiento/C/cf_alias_hh_ implico_10062008/cf_alias_hh_implico_10062008.asp?CodSeccion=40).
- Em depoimento espontâneo concedido à Unidade de Justiça e Paz em 10 de junho de 2008, Éver Veloza García, conhecido como HH, ex-chefe paramilitar do Bloco Bananero, “reiterou que foram as empresas bananeras que propiciaram a chegada das autodefesas à região para combater a guerrilha. Além disso, disse que as Convivir foram criadas para legalizar o pagamento de dinheiro das empresas bananeras, para o sustento militar do grupo ilegal. Lembrou que as AUC recebiam das empresas bananeras, em troca de segurança, ‘três centavos de dólar por cada caixa de banana exportada’. E reconheceu que obrigaram a trabalhar, mediante ameaças, os trabalhadores das bananeras quando estes organizavam greves. Também reconheceu assassinatos de trabalhadores bananeros. 'Nunca as bananeras nos pagaram para assassinar sindicalistas, mas está claro que com o dinheiro que pagavam às AUC foram cometidos muitos crimes de trabalhadores’, disse. [...] O chefe paramilitar revelou que muitos dos navios bananeros eram carregados com droga em vários portos. Mergulhadores a serviço de narcotraficantes ‘colavam canos com droga aos cascos dos navios’ em alto mar para driblar o controle dos órgãos de segurança. [...] ‘Ao mês saíam só por nossa zona 4 mil quilos de droga para o Panamá e América Central’, assegurou Veloza García”. (Ver: HH revelou origem das finanças do “para”. Juan Carlos Monroy Giraldo, El Colombiano, 11 de Junho de 2008, http://www.elcolombiano.com/BancoConocimiento/C/cf_hh_sigue_hablando _lcg_11062008/cf_hh_sigue_hablando_lcg_11062008.asp?CodSeccion=40).
- Em depoimento espontâneo concedido à Unidade de Justiça e Paz em 10 de julho de 2008, Éver Veloza García, conhecido como HH, ex-chefe paramilitar do Bloco Bananero, “o ex-chefe do bloco Bananero se referiu igualmente às Convivir de Urabá. Disse, por exemplo, que Arnulfo Peñuela (atual prefeito de Carepa) e Alberto Osorio, dirigente político em Urabá, não eram meros colaboradores das AUC, mas membros ativos da organização ilegal e representantes das AUC nas Convivir. ‘Quando chegamos em Urabá quem nos recebeu foi Peñuela. Ele nos levou à Brigada e a Mutatá para falar com um coronel do Exército’, argumentou Veloza”. (Ver: HH deixou em péssima situação vários ex-Auc. Paula López, El Colombiano, Julio 10 de 2008, http://www.elcolombiano.com/BancoConocimiento/M/mal_parados_dejo_hh_ a_varios_ex_auc/mal_parados_dejo_hh_a_varios_ex_auc.asp?CodSeccion=9).
- Em depoimento espontâneo concedido à Unidade de Justiça e Paz em 10 de julho de 2008, Éver Veloza García, conhecido como HH, ex-chefe paramilitar do Bloco Bananero, afirmou que “eles [das empresas bananeras] eram muito atingidos com as interrupções dos trabalhadores, perdiam muito dinheiro quando eles protestavam e quando chegamos na região, em 1995, não houve mais desemprego”. (Ver: “HH” esclarece mais mortes. Paula López, El Colombiano, Medellín, 11 de Julho de 2008, http://www.elcolombiano.com/BancoConocimiento/H/hh_aclaro_ mas_muertes/hh_aclaro_mas_muertes.asp?CodSeccion=40).
- “Com a guerra vivida em Urabá os únicos ganhadores foram os empresários do setor bananeiro, afirmou à Justiça Especializada o ex-chefe paramilitar nessa sub-região antioquenha, Ever Veloza García. Veloza García, também conhecido como HH ou ‘Carepollo’, ao depor na segunda das três sessões que a Unidade Nacional de Justiça e Paz lhe concedeu para que ele ampliasse a sua versão sobre as suas próprias atividades delitivas à frente do chamado Bloco Bananero das autodefesas. Ele aceitou a responsabilidade pelo assassinato de 18 sindicalistas de Sintrainagro e de um da Associação de Professores de Antioquia, Adida, entre 1995 e 1996, nas localidades de Altero, Carepa e Apartadó". (Ver: HH afirma que a guerra em Urabá só beneficiou aos bananeros. Radio Caracol, 10 de Julho de 2008, http://www.caracol.com.co/nota.aspx?id=630299).
- Em entrevista de 13 de julho de 2008, Éver Veloza García, conhecido como HH, ex-chefe paramilitar do Bloco Bananero, declarou o seguinte: "EL COLOMBIANO: ‘Até que ponto [Raúl Emilio] Hasbún é responsável pela violência paramilitar em Urabá?'. "ÉVER VELOZA GARCÍA: 'No começo de 1996, por um acordo com os irmãos Castanho (Carlos e Vicente) se entregaram a ele Hasbún Apartadó, Carepa, Altero e Chigorodó. Ele era o responsável pela cadeia de comando até o momento da desmobilização. Dessas mil perguntas que tenho sobre vítimas, aproximadamente 500 correspondem ao tempo e à região que abrigava Hasbún'. "EL COLOMBIANO: 'Todas as bananeras pagaram?'. "ÉVER VELOZA GARCÍA: 'Quando comecei a falar das bananeras as pessoas começaram a gritar, dizendo que eu mentia. Pouco depois, a Chiquita Brands reconheceu o pagamento e foi inclusive multada nos Estados Unidos. Todas pagaram, esperemos que agora Hasbún ajude a esclarecer a participação das Convivir e as bananeras. As Convivir foram artifícios legais usados pelas AUC para receber sua propina. São igual ou mais responsáveis esses empresários e políticos que deram dinheiro para a guerra. Eles se enojaram porque eu disse que com esse dinheiro matamos trabalhadores e sindicalistas, não um nem dois, mas muitos. Não deram dinheiro para que matássemos alguém por ordens suas, mas com esse dinheiro compramos armas, munição, comida e pagamos aos rapazes. Eles devem reconhecer e mostrar a cara, porque os mais favorecidos com esta guerra em Urabá foram os empresários’”. (Ver: A verdade não se conta em um dia. Juan Carlos Monroy, Medellín, El Colombiano, 13 de Julho de 2008, http://www.elcolombiano.com/BancoConocimiento/L/la_verdad_no_se_ cuenta_en_un_dia/la_verdad_no_se_cuenta_en_un_dia.asp?CodSeccion=9).

[8] EUA contra Chiquita Brands International: Memorando de Condenação do Governo. Juizado do Distrito de Columbia, EUA, Nº Criminal 07-055 (RCL), 17 de Setembro de 2007, http://www.corporatecrimereporter.com/chiquita091607.htm.

[9] A título de exemplos incluímos as seguintes declarações:
- “A extradição deve ser daqui para lá [EUA] e de lá para cá [...] A decisão [de pedi-la] está nas mãos da Promotoria”, declarou o presidente Álvaro Uribe Vélez. (Ver: Uribe se declara a favor da extradição de diretores de Chiquita Brands. Radio Caracol, 17 de Março de 2007, http://www.caracol.com.co/noticias/403481.asp?id=403481).
- “É uma hipocrisia, de certa maneira, que enquanto aqui estamos nessa luta para pegar os bandidos, quando os extraditamos façam regras tão indignantes como estas”, declarou o vice-presidente Francisco Santos. (Ver: a Colômbia quer julgar a Chiquita. CNN Expansión, 19 de Setembro de 2007, http://www.cnnexpansion.com/negocios/2007/9/19/colombia-quiere-juzgar-a-chiquita/view).
- "Esperamos que a Promotoria faça as investigações correspondentes, que peça todas as informações. Devíamos pedir que o procurador-Geral olhe essa questão: uma carta secreta da Interpol para altos executivos de multinacionais que possa incomodar-lhes a vida, que pelo menos não os deixem sair do país”, reiterou o vice-presidente Francisco Santos. (Ver: Vice-presidente disse que continuarão investigações contra Chiquita Brands na Colômbia. La FM, Bogotá, 12 de Setembro de 2007, http://www.lafm.com.co/noticia.php3?nt=23779).
- “Falando formalmente, a Justiça dos Estados Unidos tem seus parâmetros e que merecem todo o nosso respeito, [mas] isso não quer dizer que a opinião pública não registre, com perplexidade, que um caso tão grave não tenha levado ninguém à cadeia”, disse o Chanceler colombiano Fernando Araújo Perdomo. (Ver: Erro contra Chiquita nos EUA gera “perplexidade” no Governo. RCN, 17 de Setembro de 2007, http://ourlatinamerica.blogspot.com/2007/09/colombia-judge-approves-chiquita-plea.html).
- "Naturalmente [podem ser processados na Colômbia]. Aqui o que estamos vendo é um processo judicial levado aos tribunais americanos, por acusações feitas aos tribunais americanos, nos quais a Colômbia não tem tido nenhuma participação”, afirmou Fernando Araújo Perdomo. (Ver: Tribunais norte-americanos se limitam a multar em 25 milhões à multinacional que financiou paramilitares na Colômbia. Telesur/Rebelión, 20 de Setembro de 2007, http://www.nodo50.org/tortuga/article.php3?id_article=6584).
- “O Ministério das Relações Exteriores informa que se a conduta dos funcionários da empresa bananera Chiquita Brands implicou em algum delito na Colômbia, pediremos, com o apoio da Promotoria Geral da Nação, a extradição dessas pessoas para o país”, informou um comunicado do Ministério das Relações Exteriores. (A Colômbia quer julgar a Chiquita. Ibid).
- "O Governo analisa a possibilidade da equipe encarregada da Defensoria Jurídica da Nação assessorar as vítimas de 'paras' em Urabá e Magdalena afim de que sejá possível que os executivos de Chiquita Brands possam ser responsabilizados na Colômbia”, declarou o ministro do interior e de justiça Carlos Holguín Sardi. (Ver: Bananera Chiquita teria que pagar por vítimas dos 'paras', segundo os Estados Unidos. El Tiempo, 12 de Setembro de 2007, http://www.eltiempo.com/justicia/2007-09-13/ARTICULO-WEB-NOTA_INTERIOR-3720132.html).
- “Se rege por normas de direito internacional que têm vigência em ambos os países. [...] Existe a possibilidade que a Colômbia peça a extradição de cidadãos norte-americanos, assim como os Estados Unidos pede aos nacionais”, declarou o ministro do interior e de justiça Carlos Holguín Sardi. (Ver: a Colômbia não descarta pedir aos EUA extradição de implicados em pagamentos. EFE, 17 de Março de 2007, http://notiemail.com/noticia_print.asp?nt=10725807&cty=100).
- “O acordo desvaloriza a justiça norte-americana, porque fica a sensação que por alguns milhões de dólares é possível comprar a impunidade”, reiterou o ministro do interior e de Justiça, Carlos Holguín Sardi. (Ver: Bananera Chiquita teria que pagar por vítimas dos 'paras', segundo os Estados Unidos. Ibid).
- “Não faz sentido que por 25 milhões de dólares uma transnacional compre a impunidade nem aqui nem em nenhum lugar", assinalou o ministro do interior e de justiça Carlos Holguín Sardi. (Ver: Colômbia critica regra de Chiquita Brands nos EUA. Canal RCN, 19 de Setembro de 2007, http://www.canalrcn.com/noticias/index.php?op=info&ids=742&idc=39991).
- "Com esses recursos os grupos terroristas enlutaram o solo pátrio. Devem responder perante a justiça”, escreveu o ex-presidente Andrés Pastrana. (Ver: Uribe apóia extradições de executivos. Bogotá, Colombia/DPA, 14 de Março de 2007, http://ediciones.prensa.com/mensual/contenido/2007/03/18/hoy/mundo/922223.html).
- “Acho que [Chiquita] escapou de qualquer sanção apropriada. [...] Vamos observar muito de perto como multinacionais norte-americanas operam no mundo, utilizando a Colômbia como um modelo. [...] Na verdade merece um esforço exaustivo para examinar onde necessitamos de leis mais duras e se existem vazios em nosso Código Penal que permitem a empresas norte-americanas usar e incitar violência em outros países a ponto de reduzir a nossa credibilidade e o nosso prestígio moral no mundo. [...] São mais importantes nossos interesses econômicos que a guerra contra o terror? Nos encontramos em uma encruzilhada? [..] Se é assim, pelo menos o público deveria estar informado”, afirmou William Delahunt, congressista norte-americano e presidente do Subcomitê de Assuntos Estrangeiros sobre Organizações Internacionais, Direitos Humanos e Coordenadoria Social. (Ver: U.S. bending rules on Colombia terror? Josh Meyer, Los Angeles Times, 22 de Julho de 2007, http://www.latimes.com/news/nationworld/nation/la-na-chiquita22jul22,0,186594.story?page=1&coll=la-home-center).
- “O governo da Colômbia não tem falado conosco até este momento sobre qualquer extradição e nós teríamos que seguir à risca o estabelecido em nosso tratado de extradição”, afirmou Thomas Shannon, subsecretário de Estado dos Estados Unidos para Assuntos do Hemisfério Ocidental. (Ver: Governo Norte-Americano assegura negociação sobre senadora colombiana com as Farc. Asdrubal Guerra, La W Radio, 21 de Setembro de 2007, http://www.wradio.com.co/nota.asp?id=483264).
- "A posição da Chiquita é que os pagamentos feitos foram necessários como proteção, para que não fossem atacados durante a sua permanência na Colômbia. [...] Não é uma justificativa aceitável”, afirmou William Brownfield, embaixador dos Estados Unidos em Bogotá. (Ver: “A justificativa de Chiquita não é aceitável”. Revista Semana, 29 de Setembro de 2007, http://www.semana.com/wf_InfoArticulo.aspx?idArt=106545).
- “Tomara que isso [a extradição dos diretores de Chiquita] não seja um problema entre os dois governos. Eu não vejo qualquer razão para pensar que assim, afinal de contas os dois governos e os dois países têm o mesmo objetivo e o desejo de eliminar as atividades dos grupos violentos”, afirmou o embaixador William Brownfield. (Ver: os Estados Unidos não vê problema para que a Colômbia peça a extradição de empresários de Chiquita Brands. Radio Caracol, 1 de Outubro de 2007, http://www.caracol.com.co/noticias/487506.asp?id=487506).
- "Não tenho a menor dúvida de que haverá uma colaboração de acordo com nossas obrigações formais e de acordo com esta relação bilateral tão excelente que temos", afirmou o embaixador William Brownfield. (Ver: EUA está disposto a extraditar para a Colômbia executivos de Chiquita Brands, afirma embaixador. El Tiempo, 22 de Outubro de 2007, http://www.eltiempo.com/justicia/2007-10-22/ARTICULO-WEB-NOTA_INTERIOR-3776950.html).

[10] Colombia seeks extradition of 8 people in Chiquita payments to terrorists. Javier Baena, Union-Tribune, San Diego, EEUU, 20 de Março de 2007, http://www.signonsandiego.com/news/nation/terror/20070320-1501-terrorism-bananas.html.

[11] Colombia seeks extradition of 8 people in Chiquita payments to terrorists. Ibid.

[12] Dez ex-diretores de Chiquita foram incluídos na investigação da Promotoria por fazer pagamentos às AUC. El Tiempo, 18 de Dezembro de 2007, http://www.eltiempo.com/justicia/2007-12-19/ARTICULO-WEB-NOTA_INTERIOR-3865998.html.

[13] Acordo de confidencialidade impediu extradição de diretores da Chiquita Brands. El Universal, Colprensa, 23 de Abril de 2008, http://www.eluniversal.com.co/noticias/20080423/ctg_ nal_extradicion_de_macaco_tendra_que_esperar.html.

[14] Não é a primeira vez que a Promotoria Geral Nacional começa afirmando que tem ações jurídicas em estágio avançado para contradizer-se pouco depois. Vale lembrar que Chiquita Brands admitiu fazer pagamentos a organizações paramilitares em 24 de abril de 2003 perante a Promotoria Geral dos EUA, o que foi difundido em comunicado público na segunda-feira, 10 de maio de 2004. Pouco depois o então procurador-geral Luís Camilo Osorio afirmou aos meios de comunicação nacionais que o governo iniciaria um processo penal contra Chiquita Brands e buscaria a extradição dos funcionários e diretores responsáveis.
Com base nestas declarações, em 10 de junho de 2004 o Coletivo de Advogados enviou uma petição ao Procurador-Geral da Nação pedindo que informasse se tinha alguma investigação penal em aberto, e, em caso positivo, informasse o número de registro e a etapa em que a mesma se encontrava.
Mediante ofício DNF No. 06123, de 24 de junho de 2004, a Promotoria respondeu à petição negando a informação solicitada, argumentando que o solicitante não especificara o objeto da petição nem as razões desse requerimento. Em 16 de julho de 2004 reiteramos a solicitação na Petição Não. 009429, complementando-o com os dados assinalados pelo fiscal. Em 9 de agosto de 2004 recebemos uma resposta onde nos pediam dados mais precisos, como: o lugar exato dos fatos, o denunciante ou denunciantes e outros dados com os quais se pudesse localizar o inquérito. Em 16 de Fevereiro de 2005, novamente foram enviados novos dados acompanhados do mesmo pedido de informação do princípio.
Em 12 de maio de 2005, acossada diante de uma ação judicial por violação ao direito de petição, através do ofício No. 005862 a Promotoria Geral Nacional nos informou que: “[...] não figura investigação penal em etapa preliminar ou em instrução onde apareça o citado cidadão como denunciante ou como processado". Em maio de 2005, o 27º Juizado Penal do Circuito de Bogotá julgou a ação sob o número 0163 do mesmo ano, declarando a sua improcedência por terem sido “superados os motivos que lhe deram origem”. Finalmente, em 13 de junho de 2005, o GAULA de Cundinamarca nos informou que nessa região estava em curso uma investigação prévia radicada sob o No. 72.025, pelo suposto crime de extorsão e tendo como vítima a empresa Chiquita Brands International.
Ou seja, mais de dois anos depois de receber a informação, a Promotoria Geral Nacional jamais respondeu de forma oportuna, séria e precisa sobre a investigação que devia ter iniciado contra Chiquita Brands por estes fatos. Em vez disso, a única informação que nos chegou por terceiros sobre alguma investigação tinha Chiquita Brands como "vítima"...

[15] Chiquita Brands International contava com os seguintes diretores e funcionários quando ingressou a carga de armas no navio Otterloo: Cyrus Fl. Freidheim, Jr., Morten Arntzen, Jeffrey D. Benjamin, Robert W. Fisher, Roderick M. Hills, Carl H. Lindner, Robert Fl. Kistinger, Robert W. Olson, James B. Riley. (Ver: Chiquita Brands International 2001 Annual Report. Chiquita Brands International, Inc. and Subsidiary Companies, Directors, Officers and Senior Operating Management, http://www.chiquita.com).

[16] Chiquita Brands International, Inc. 10-K/A. Securities and Exchange Commission, Washington, D.C., Archivo SEC 1-01550, No. 950152-2-3445, 29 de Abril de 2002, http://www.secinfo.com/dsvs7.33bq.htm.

[17] Cyrus Freidheim to Retire from Chiquita's Board of Directors. Chiquita Brands International, Cincinnati, Ohio, 12 de abril de 2004, http://www.prnewswire.co.uk/cgi/news/release?vão=120896

[18] Chiquita Brands International, Inc. 10-K/A. Ibid.

[19] Congressmen eye Chiquita case. Los Angeles Times, 22 de julio de 2007, http://www.latimes.com/news/nationworld/nation/la-na-chiquitaside22jul22,0,1652595.story?coll=la-home-nation .

[20] Ex-Chiquita director faces legal jeopardy. Ibid).

[21] Ex-Chiquita director faces legal jeopardy. Ibid).

[22] Chiquita Brands International, Inc. Form 10-Q. Securities and Exchange Commission, Washington, D.C., 30 de Junho de 2006, http://yahoo.brand.edgar-online.com/EFX_dll/EDGARpro.dll?FetchFilingHTML1?SessionID=HhhlC2bI2E1w4Uo&ID=4573994

[23] In Terrorism-Law Case, Chiquita Points to U.S. Washington Post, 2 de Agosto de 2007, http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2007/08/01/AR2007080102601.html

[24] Chiquita Brands International, Inc. 10-K/A. Ibid.

[25] Ver página oficial da Chiquita Brands International, http://www.chiquita.com, última atualização: 30 de Junho de 2008.

[26] Ex-Chiquita director faces legal jeopardy. Ibid).

[27] Chiquita Brands International, Inc. 10-K/A. Ibíd.

[28] Chiquita Brands International, Inc. 10-K/A. Ibíd.

[29] Form 8-K: Current Report. Securities and Exchange Commission, Washington, D.C., 6 de Fevereiro de 2007, http://yahoo.brand.edgar-online.com/EFX_dll/EDGARpro.dll?FetchFilingHTML1?SessionID=7W80CNVjuQ9_J8Q&ID=4942869

[30] Chiquita Brands International 2002 Annual Report. Chiquita Brands International, Inc., http://www.chiquita.com

[31] Chiquita Brands International escolhe Steven Stanbrook para compor a sua junta de diretores. Chiquita Brands International, Cincinnati, Ohio, 12 de Abril de 2004, http://prnewswire.co.uk/cgi/release?id=95876

[32] Chiquita Brands International 2006 Annual Report. Chiquita Brands International, Inc., http://www.chiquita.com

[33] Chiquita Brands International 2004 Annual Report. Chiquita Brands International, Inc., http://www.chiquita.com

[34] Chiquita Brands International 2002 Annual Report. Chiquita Brands International, Inc., http://www.chiquita.com

[35] Chiquita Brands International elects Durk Jager to board of directors. Chiquita Brands International, Cincinnati, Ohio, 12 de Dezembro de 2002, http://www.prnewswire.co.uk/cgi/release?id=95484

[36] Chiquita Brands International 2006 Annual Report. Ibid.

[37] Chiquita Brands International 2006 and 2005 Annual Report. Ibid.

[38] B-Schools: Reading List. Business Week Online, 4 de Janeiro de 2008, http://www.businessweek.com/bschools/books/recommenders/jager.htm

[39] Chiquita names former P&G CEO to board. Business Courier, Cincinnati, Ohio, 11 de Dezembro de 2007,
http://cincinnati.bizjournals.com/cincinnati/stories/2002/12/09/daily40.html

[40] Chiquita Brands International elects Jaime Serra to Board of Directors. Chiquita Brands International Inc., Cincinnati, Ohio, 3 de Fevereiro de 2003, http://goliath.ecnext.com/coms2/gi_0199-977948/Chiquita-Brands-International-elects-Jaime.html

[41] Chiquita Brands International 2006 Annual Report. Ibid.

[42] Chiquita Brands International elects Jaime Serra to Board of Directors. Chiquita Brands International Inc., Cincinnati, Ohio, 3 de Fevereiro de 2003, http://goliath.ecnext.com/coms2/gi_0199-977948/Chiquita-Brands-International-elects-Jaime.html

[43] Chiquita Brands International, Inc. 10-K/A. Ibid.

[44] Chiquita Brands International, Inc. 10-K/A. Ibid.

[45] Chiquita Names John W. Braukman III as Chief Financial Officer; Manuel Rodriguez Promoted to Senior Vice President of Government & International Affaire. Cincinnati, EEUU, 18 de Agosto de 2004,
http://www.prnewswire.co.uk/cgi/news/release?id=128521

[46] Chiquita Brands International, Inc. 10-K/A. Ibid.

[47] Ver página oficial da Chiquita Brands International, http://www.chiquita.com, última atualização em 30 de Junho de 2008.

[48] Chiquita Brands International, Inc. 10-K/A. Ibid.

[49] Chiquita Brands International, Inc. 10-K/A. Ibid.

[50] Are We Better Off: Welcome to Rangerville. Jodi Enda, Revista Mother Jones, Mayo 3 de 2004,
http://www.motherjones.com/news/special_reports/2004/04/MJ100_201.html

[51] Chiquita Brands International 2000 Annual Report. Chiquita Brands International, Inc., http://www.chiquita.com

[52] Chiquita Brands International 2000 Annual Report. Ibid.



* http://www.colectivodeabogados.org/article.php3?id_article=1365

domingo, 27 de julho de 2008

Telesur: um crime fraudulento


O canal de notícias multi-estatal TeleSUR emite um comunicado em resposta às recentes declarações do ministro de Defesa colombiano, Juan Manuel Santos, em referência ao uso ilegal que deu o governo de seu país {a logomarca dessa instituição jornalística.

Em seguida, transmitiremos o comunicado na íntegra:


Comunicado TeleSUR


Fiéis ao compromisso de informar de forma oportuna e verdadeira, há alguns dias registramos e comunicamos à nossa audiência as declarações do ministro colombiano da Defesa, Juan Manuel Santos, durante um Fórum no Centro para o Progresso Americano na cidade de Washington, Estados Unidos, onde afirma que treinaram militares “para que se disfarçassem de um italiano, um australiano, um árabe, um médico, uma enfermeira e um cinegrafista da TeleSUR”.

A respeito disso, a TeleSUR, canal multi-estatal informativo, se permite enfatizar diante da opinião pública mundial que:


1- Passar-se por jornalistas em uma operação militar é uma simulação leviana e uma fraude escabrosa tanto quanto passar-se pela Cruz Vermelha Internacional, que não pode ser aceita sob nenhum pretexto, porque viola os direitos humanos, os acordos internacionais e as leis da guerra, que são conquistas da civilização.

2- Tal irresponsabilidade constitui-se em um perigo para a vida de profissionais inocentes, precariza sua segurança e assim vai contra o direito universal à informação.

3- Rigorosidade e honestidade são os cimentos do trabalho cotidiano da TeleSUR. Este canal está comprometido em transmitir a informação de maneira veraz e oportuna, como bem sabe o governo colombiano e aqueles países onde temos correspondentes.

4- Nem jornalistas, nem qualquer membro da Telesur participaram nem participarão na denominada “Operação Xeque”, nem em nenhuma ação alheia ao objetivo de informar.

5- Telesur não deu nem dará autorização ao governo colombiano, nem a nenhum outro, para a utilizar as logomarcas dessa instituição jornalística.

6- Exercemos nosso trabalho de maneira ética e responsável, portanto rechaçamos energicamente que utilizem nosso nome para tornar a verdade a primeira baixa da batalha.

7- Telesur respeita as leis internacionais e as de cada país, incluindo a da Colômbia, portanto exigimos reciprocidade.

8- De imediato, a Telesur avalia as possíveis ações legais e denúncias internacionais que possa realizar em resposta a esta agressão e a nossa credibilidade e independência.

9- Telesur agradece as incontáveis manifestações de grêmios e associações jornalísticas, comunicadores sociais, artistas e intelectuais de todo mundo que se somaram em repúdio a esta ação cometida pelo governo colombiano.

América Latina, Cidade de Caracas, 26 de Julho de 2008.
TeleSUR / AV

"Carlos Tijeras" afirma que as ARS* de Magdalena, Cesar e La Guajira colaboravam com as auto-defesas.

Sexta-feira, 25 de julho de 2008

O chefe narco-paramilitar da Zona Bananeira José Gregorio Mangones, aliás «Carlos Tijeras», reconheceu o fato e pediu que fosse chamado o financiador do grupo que comandou para que entregue os detalles das colaborações e propinas pagas pelas ARS.
Este texto é inteiramente transcrito deste diário da capital do Magdalena, a terra de Jorge
Noguera Cotes.

Por Hoy Diario del Magdalena/Anncol

Continuando ontem com a sua versão livre, o ex-comandante da frente «Wiliam Rivas» dos para-militares que operaram numa ampla região da Zona Bananeira do Magdalena, José Gregorio Mangones Lugo, aliás «Carlos Tijeras», reconheceu que as 'auto-defesas' receberam colaborações das ARS do departamento de Magdalena, mas que o Chefe Financeiro é, para isto, a pessoa que poderia entregar maiores dados do dinheiro que recebiam.

Ante um Fiscal de Justiça e Paz, 'Carlos Tijeras' assegurou que as auto-defesas se financiaram com o dinheiro entregue por várias ARS dos departamentos de Cesar, Guajira e Magdalena.

Disse que, em três meses de 2004, as Auto-defesas tinham recebido mais de 130 milhões de pesos nos três departamentos, dinheiro que passava diretamente para as mãos do ex-comandante Rodrigo Tovar Pupo, aliás «Jorge 40», para o sustento do pessoal que fazia parte do grupamento armado ilegal.

Continuando com o tema da saúde em Magdalena, «Carlos Tijeras» disse que, da mesma maneira, recebiam contribuições dos hospitais e que este dinheiro era para poder sustentar a guerra.

HOSPITAL DE CIÉNAGA

Segundo o relato que Mangones Lugo fez ante a Fiscal de Justiça e Paz, quando esteve no Hospital de Ciénaga “encontrei muita corrupção, por isto decidi que ao nomear o diretor, deveriam para isso falar comigo e foi quando nomearam Jaime Sánchez Maldonado, a quem lí a cartilha chegando, enfim, a um acordo com ele, que era: pagar os imposto de guerra, ajudar com as brigadas e com os medicamentos nos bairros marginais onde tinham o controle”.

Da mesma maneira, Mangoles Lugo disse que abriu alguns estabelecimentos descentralizados e que trabalhou com ênfase na saúde da comunidade.

«Colocamos ordem. Eu tinha um funcionário de controle, Efrain Carbonell, que revisava as contas e se tudo estava correto. Mas quando tive que me ausentar da região para me concentrar em Ralito, na época em que fui detido, o tipo fez a festa e abandonou a causa. Se converteu no maior corrupto que jamais havia passado por esse hospital; teve que renunciar. Ele foi nomeado no Governo de Trino Luna, o hospital era da cota política do partido Colômbia Viva”, disse.

Sobre este tema, o ex-chefe para-militar pediu à Fiscal de Justiça e Paz que se investigue também este caso da gestão dos hospitais no departamento de Magdalena, ao mesmo tempo que negou que tenham sido as auto-defesas que roubaram os centros assistenciais.

«Nós só tratamos de mudar um pouco as coisas no mundo corrupto que encontramos. Na base do pulso firme logramos consegiur algumas coisas: dirigir o dinheiro para a comunidade, respeitando o que correspondia ao imposto de guerra, à contratação e a ajuda de emergência para as tropas. No entanto, foi só afrouxarmos a mão e o mal regressou. Inclusive nossos próprios amigos e o pessoal que tinha apoiado as mudanças nos atraiçoaram”, apontou ontem em sua versão livre ante a Justiça e Paz, José Gregorio Mangones Lugo.

HOSPITAL ZONA BANANEIRA

Quanto ao hospital da Zona Bananeira, 'Carlos Tijeras' disse que os mesmos parâmetros e as mesmas circunstâncias se deram com o hospital da Zona Bananeira que em seu devido momento se comprometeu com os objetivos sociais, militares e os impostos de guerra. Disse, de igual maneira, que o resumo do setor saúde é, mais ou menos, a síntese do quanto ocorreu nos hospitais do departamento e nos de segundo nível, durante o tempo que correspondeu ao seu comando.

OS IMPOSTOS

Ao se referir a cobrança de impostos aos hospitais, disse que era problema deles o como fariam para pagar o imposto de guerra e que, além do mais, deviam fazer as obras e entregar as provisões e serviços com suas especificações técnicas.

Disse que o imposto deveria sair do controle dos contratistas, o que para eles seria melhor, porque a antiga “mordida” dos funcionarios lhe custava entre 20 e 40 % do contrato, pelo que as obras não eram feitas.

Por essa razão proibiram que os contratistas dessem 'mordidas'. Era melhor reservar este dinheiro para o imposto de guerra fazendo a obra, o que nos servia para consolidar as bases sociais.

«Nosso interesse era o controle dos cargos locais e seccionais, pois o que nos interessava era o território e as pessoas que viviam nesse território. A nós servia mais um político de base do que um político de alto escalão”, anotou.

Por outro lado, Mangones Lugo asseverou que os Senadores e Representantes serviam para conseguir dinheiro para as obras, cujos projetos os administradores municipai deveriam fazer ou, no caso da saúde, os hospitais de segundo nível. “Eram os entes que tinham que ver onde nós nos movíamos”, disse ele.

Logo afirmou: “Mas o tema dos Municípios e Hospitais estava cruzado com o tema da política e dos partidos. Por um lado tinha-se que ter em conta o Conselho, porque era a soma de Conselheiros que elegia a um Prefeito. Então tinha que se entender com os Conselheiros para poder eleger os Prefeitos e também depois, durante o governo, porque eles tinham que aprovar o orçamento e as autorizações para contratar obras”, relatou à Fiscal de Justiça e Paz, José Gregorio Mangones Lugo.

Finalmente, durante a diligência de ontem, relatou que a mesma situação anterior, ou seja a dos Conselheiros; se passava com a Assembléia, a soma de Deputados era a chave para eleger o Governador e para garantir o funcionamento do governo. Então nós tínhamos que entrecruzar nossos interesses com os interesses dos políticos locais, dos políticos departamentais e os dos nacionais. Eles necessitavam de nós para deixar-los trabalhar politicamente nas regiões sob nosso controle, para que lhes dessem os votos e para que a guerrilha não lhes impedisse de fazer política”, terminou dizendo Mangones Lugo.


* Seguradora do Regime Subsidiado – ARS. Nota do tradutor.

Federação Latino-Americana de Jornalistas (FELAP) repudia o uso da logomarca Telesur

A todas as companheiras e companheiros da Telesur, nossa solidariedade e inalienável compromisso de lutar juntos contra as ameaças e agressões.

ANNCOL

Este é o comunicado completo:

A Federação Latino-Americana de Jornalistas (Felap) soma-se à todas as expressões de repúdio quanto às ações do governo da Colômbia, presidido por Álvaro Uribe, no que diz respeito ao atentado que cometeu contra Telesur, seus trabalhadores de imprensa e todos os jornalistas do continente.

A admissão do ministro de Defesa da Colômbia, Juan Manuel Santos, de que militares de seu país utilizaram ilegalmente emblemas da Telesur em operações para liberar prisioneiros nas mãos das FARC, não é mais que outra amostra da indignidade do atual governo colombiano em sua aspiração destinada a naturalizar o guerreirismo, a impunidade e o terror, afim aos interesses do imperialismo.

A todas as companheiras e companheiros da Telesur, nossa solidariedade e inalienável compromisso de lutar juntos contra ameaças e agressões.

Por um jornalismo livre, em Pátrias Livres.

Fraternalmente.

Juan Carlos CamañoPresidente da Felap

sexta-feira, 25 de julho de 2008

CARTA DA COMISSÃO INTERNACIONAL DAS FARC-EXÉRCITO DO POVO

AGRADECIMENTO

"A amizade é o único vínculo que correspondea irmãos de armas, de empresa e de opinião"

Simón Bolívar

A nossos amigos de todo o mundo, às lideranças políticas e sociais, aos Povos da Nossa América, aos intelectuais, partidos e movimentos políticos, e, a todos os irmãos e irmãs de causas e sonhos:
Não é fácil achar as palavras apropriadas para expressar nossa eterna gratidão pela solidariedade e amor manifestados por todos vocês, em um momento de tristeza pela partida de nosso Comandante em Chefe, o legendário Manuel, pela morte de Raúl em um ataque militar conjunto dos governos de Washington e Bogotá, e pelo vil assassinato de Iván Ríos nas montanhas do Eixo cafeteiro da Colômbia.
Enfrentando o triunfalismo mediático das oligarquias e o império, continuamos aqui, em nossa trincheira de combate, reafirmando com Bolívar que é imperturbável nossa resolução de independência ou nada. Ante nosso Comandante em Chefe, ante o altar sagrado da Pátria, temos jurado vencer, y ¡venceremos!
Com uma moral tão alta que alcança a tocar "até o invisível peito do céu", os combatentes das FARC continuamos com redobrados brios, acrescentados por sua solidariedade, e em póstuma homenagem aos que ofereceram sua vida e seu sangue generoso à luta irreversível pela Nova Colômbia, a Pátria Grande e o Socialismo.
Inflamados de profundo orgulho revolucionário podemos proclamar a plena voz, que temos amigos além das tempestades e do raio, e que a irmandade de todas as lutas dos povos é a garantia da vitória. "Unidos seremos fortes e mereceremos respeito; divididos e isolados, pereceremos".
Empunhando o poderoso fuzil de nossas idéias que dispara o fogo de Bolívar e de Marx, potências fulminantes contra a opressão, seguiremos com vocês erguendo as bandeiras de todos os heróis de nossa independência, resistindo ao predomínio do império, combatendo pela Pátria Grande e o Socialismo, e pelo decoro de nossos povos.
Compatriotas,

Comissão Internacional das FARC-EP

Julho de 2008

Paramitarismo em Bogotá: Realidade ou ficção?

Segunda-feira, 22 de julho de 2008

As informações oficiais tendem a dar conta da desaparição do fenômeno para-militar e de uma suposta atual fase de “pós conflito”.

Por Jaime Caycedo Turriago*

Segundo a propaganda governamental, a aplicação da lei 975 de justiça e paz, o encarceramento de um grupo de chefes narco-paramilitares, incluindo a extradição de vários deles, comprovariam a eficácia da segurança democrática e do clima de paz e tranquilidade que reina no país.

Iniciou-se, a partir do Conselho Distrital de Bogotá, um debate sobre o que poderíamos chamar de um exame artístico em torno da incidência ou não do tema para-militar nas denúncias sobre insegurança e vulnerabilidade dos direitos fundamentais . A preocupação surgiu da realização de três (3) debates sobre a insegurança ocorridos no primeiro semestre do ano, em nenhum dos quais o tema do para-militarismo teve qualquer significação.
Esta invisibilidade inclui os tratamentos violêntos e cruéis por parte da força pública, especialmente do Esmad, nos conflitos sociais (estudantís, de pensionistas, protestos por medidas estatais, passeatas do Polo Democrático Alternativo em 1º de maio, etc.) que demonstram graves desvios no manejo de situações que poderiam ser resolvidas por caminhos de diálogo preventivo e acordos entre os diversos setores envolvidos. A razão que une temas como os anteriormente enunciados é a hipótese de que existe uma superposição de conceitos de manobra militar e de guerra na conflitividade social.

Desenvolvendo estas inquietudes, é preciso assinalar que as prioridades de segurança da administração nacional estão centradas no conflito armado, sendo a categoria de “terrorismo” e a personificação das ameaças de milícias urbanas em geral atribuídas às Farc. Esta percepção, dominante na doutrina oficial, deixa em segundo plano outras ameaças e subestima as denúncias cidadãs sobre as situações de risco que abundam nas localidades.

A primeira coisa a se reafirmar é que o para-militarismo não é um fenômeno superado e que persistem aparatos e siglas recorrentes, os quais operam como razão social para operações clandestinas e ações abertas de demostração de poder que se constituem em violações flagrantes da legalidade existente e ameaças de arbitrariedade para setores específicos da sociedade . As informações do Sistema de Alertas Preventivos da defensoria do povo (SAT), da Fiscalía, da Procuradoria e do governo distrital, demonstram que as denúncias e queixas continuam.
Os grupos para-militares que atuam em Bogotá são :

1. Bloco Central Santander
2. Bloco Central Bolívar
3. Bloco Cacique Nutibara
4. Autodefesas Unidas da Colômbia Nova Geração
5. Os Urabeños
6. Os Águias Negras
7. Bloco Capital

E as localidades afetadas:

1. Chapinero
2. San Cristóbal
3. Santafé
4. Rafael Uribe Uribe
5. Teusaquillo
6. Usme
7. Ciudad Bolívar
8. Bosa
9. Kennedy
10. e Suba, após a aparição de panfletos ameaçadores .

Em segundo lugar, o para-militarismo tem se consolidado na forma de redes que se implantam localmente, vínculos com o campo da terceirização econômica, o monopólio do comércio informal, dos serviços de diversão, eufemisticamente chamados de “alto impacto” e os sistemas de “segurança privada” piratas ou informais.

É significativa a observação subcrita em sua resposta pela Secretaria de Governo do DC, que esclarece as bases dessa implantação e consolidação acima mencionadas: “No centro de estudos circulam informações sobre o interesse que tem o “poder mafioso”, a nível nacional, de consolidar em Bogotá a lavagem de ativos, por ser esta a cidade que melhores condições fornece para isto, há elementos que nos podem mostrar que há uma grande atividade neste sentido.”

Em terceiro lugar, este desdobramento que integra a cidade ao para-militarismo, legitimado sob a cobertura dos negócios capitalistas, não oculta a coincidência das ações de ameaça, limpeza social e repressão nas povoações-objetivo, com a atuação institucional que faz uso discriminado da força e o direcionamento que se adianta ao sentimento ou a intencionalidade de contradições socialmente existentes.

No caso dos recentes conflitos universitários, se atenta contra o exercício da livre expressão, da crítica, da controvérsia ideológica e política, a liberdade de conciência, contra a produção de conhecimento e a qualidade da educação. Se emprega procedimentos de guerra psicológica contra a comunidade universitária e intimidação de sua taréfas. Se afeta o trabalho acadêmico e investigativo das universidades. Foi especialmente grave o caso, três anos atrás, dos genetistas da Universidade Nacional que tiveram que abandonar o país.

Foi extremamente grave a ordem presidencial à Polícia nacional de ingressar em prédios universitários sem consultar outras opções por parte da comunidade acadêmica e passando por cima dos prefeitos.
No mês de junho, Uribe se referiu aos estudantes da Universidade Pedagógica, em Bogotá, detidos, golpeados e maltratados pelo Esmad dentro da Universidade, como terroristas. Exigiu a judicialização imediata para eles. Não obstante, no dia seguinte, na audiência judicial para resolver este caso, o juiz de plantão, a quem coube levar em consideração as provas levantadas pelo Esmad, assinalou que não existia correspondência entre as acusações e os elementos probatórios levantados, vários dos quais foram introduzidos pela própria força pública, fazendo-lhes parecer como de propriedade dos acusados.
Resultado: o juiz teve que por os estudantes.em liberdade incondicional

O que se conclui disto? A diretriz nacional presidencial pretende uma sobreposição de autoridades. O ministro da defesa colocou em prática a decisão de abrir conselhos de segurança em Bogotá, DC, passando por cima da normalidade constitucional que delega ao prefeito esta função. Esta contradição em torno da visão e do manejo da chamada ordem pública não é nova, mas detêm especial destaque quando se manifesta frente à realidade da luta popular legítima.

Em conclusão, todo indica que se necessita construir, na cidade, um conceito e uma política de segurança e convivência, respeito pelo direito à vida, respeito pelo DIH, respeito pelas liberdades públicas e os direitos humanos.

Se impõe um compromisso real das autoridades nacionais e distritais para o desmonte dos grupos para-militares e/ou aparatos clandestinos que atuam em Bogotá.
A desaparição forçada do dirigente sindical Guillermo Rivera Fúquene e sua ulterior execução extra-judicial trás interrogações que não podem ficar em branco. Sua retenção ilegal por uma estrutura com uniformes e veículos da Policía tem que ser esclarecida. Em sã consciência, essa deveria ser a principal preocupação da institução policial e das autoridades, tanto como da Fiscalía e da Procuradoria.

Mas, além disso, seria útil a existência de uma Comissão Inter-disciplinar que investigue e de seguimento as investigações a respeito dos negócios dos para-militares e seus laços com as economias subterrâneas prontas à sair para a superfície.

Conselho de Bogotá, sessão de 11 julho de 2008.

Fontes:

1. “A MAPP/OEA recebeu informações relacionadas com ameaças realizadas por uma organização que se faz chamar “Águias Negras”, em Bogotá, as quais tem sido dirigidas contra organizações sociais, defensores de direitos humanos e o corpo diplomático”. Fonte: Décimo Primeiro Informe Trimestral do Secretariado Geral do Conselho Permanente sobre a Missão de Apoio ao Processo de Paz na Colômbia. Bogotá, p. 4, 25 de junho de 2008.

2. Defensoria do Povo. Resposta ao Conselheiro Jaime Caicedo.30 de Abril de 2008

3. Ibid.

4. Secretaria de Governo. Resposta à Proposição 016 de 2008.

5. Informe de risco No. 048 - 06 da Defensoria delegada para a avaliação do risco da população civil como conseqüencia do conflito armado. Sistemas de Alertas Preventivos.


* Secretário geral do PCC