"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Carta das FARC-EP à Senadora Piedad Córdoba

Senadora Piedad Córdoba.

Bogotá.

Cordiais Saudações.

Impulsionados pelo mais justificado imperativo ético nos dirigimos à senhora para expressá-lhe, nesse momento crucial de sua vida política, nossa solidariedade incondicional diante do brutal atropelo da Procuradoria Geral da Nação, contra seu esforço humanitário pela paz da Colômbia.

A decisão do Procurador Alejandro Ordóñez é uma armação jurídica e política da pior espécie, cuja origem está na pressão enfermiça, o ódio e a retaliação do ex-presidente Uribe, por acima de toda dúvida, chefe, até agora, impune, do paramilitarismo e da para-política na Colômbia.

O país nacional não pode permitir que prospere a absurda criminalização da busca da solução política do conflito. Ordóñez atua contra o direito. É mais prevaricador que Procurador. Ao inabilitar por 18 anos à Senadora, pretendendo sua morte política, não só ultrapassa seus limites, usurpando funções próprias do Conselho de Estado; ademais, sustenta sua miserável decisão nos supostos dados de um computador, que não podem constituir prova jurídica, porque foram manipulados pela Polícia, violando-se assim a cadeia de custódia.

Neste caso não há direito à defesa nem ao devido processo. Ninguém tem vencido em juízo a Piedad Córdoba. Constitui um paradoxo que os funcionários delinquentes que a espiavam para incriminar sua luta pela paz, agora fujam para outros países para burlar a ação da justiça.

A atuação do "Prevaricador Geral" que converte em delito a luta pela paz, evidencia-o como mandadeiro torpe e incauto. A Senadora Córdoba não só atuava com o aval do Executivo; ela tem atuado dentro do marco da Constituição, que consagra como direito e dever, a busca da paz.

O enganoso termo da "FARC-política" foi uma invenção do criminoso paramilitar que foi presidente da República durante oito anos, como desesperado recurso para desviar a atenção sobre sua responsabilidade penal no caso da para-política.

O processo da parapolítica está referido aos votos e a proselitismo armado de grupos paramilitares a favor de umas candidaturas ao Congresso da República. O chefe paramilitar, Salvatore Mancuso, se ufanou em seu momento de que sua facção tinha logrado eleger mais do 30% dos congressistas colombianos. O paramilitarismo também contribuiu a eleger o presidente da República em duas oportunidades, através de pressões, fraudes eleitorais e financiamento em dólares.

Não pode haver processo de FARC-política porque nunca orientamos o povo a votar por Piedad Córdoba. Não participamos em debates eleitorais desde que la intransigência oligárquica do país massacrara a União Patriótica.

No intercâmbio epistolar mantido com a Senadora em torno à solução política do conflito, sempre manifestamos que um possível acordo de paz caso surja na mesa de conversações FARC-Governo deve ser referendado por uma Assembléia Nacional Constituinte, que lhe dei força constitucional, ao fim de que se assegure por essa via, a aclimatação da paz.

No Manifesto das FARC, documento no qual apresentamos a Plataforma Bolivariana pela Nova Colômbia, convidamos o país a trabalhar pela construção de uma alternativa política rumo à paz, propósito que hoje reiteramos.

A sanção contra Piedad Córdoba é imoral, injusta e, ditada pelos mais rasteiros interesses políticos. O país nacional, que enjoado do guerrerismo do Estado, anseia a paz, deve oferecer à Senadora a mais firme solidariedade e caminhar junto com ela de forma resoluta em pró da paz com justiça social. Se persiste a injustiça, ninguém poderá impedir que se levante na Colômbia um poderoso movimento pela paz liderado por seus filhos e filhas mais preclaros.

Como um gesto de humanidade e de desagravo à Senadora da paz, liberaremos os seguintes cinco prisioneiros de guerra: Maior da Polícia Guillermo Solórzano, Cabo do Exército Salín Sanmiguel, Infante de Marinha Henry López Martínez, e, os presidentes das Câmaras Municipais de São José del Guaviare, Marcos Vaquero e de Garzón (Estado do Huila) Armando Cuña, esses dois últimos investigados pelas FARC por corrupção.

A decisão está tomada e a data dependerá das garantias que ofereça o governo para que a Senadora Córdoba possa receber essas pessoas a serem liberadas.

Continuamos sem descanso na nossa luta pela Troca de prisioneiros de guerra. Não abandonaremos nosso propósito de buscar a liberação de Simón Trinidad -arquiteto do decoro e da firmeza do revolucionário fariano- e, o retorno de nossas e nossos combatentes, desde os cárceres do regime e do império aos acampamentos insurgentes. Para todas e todos eles nossa mensagem de alento e esperança.

Senadora Piedad Córdoba: compartilhamos com a senhora e com a imensa maioria de nossos compatriotas que a guerra não pode ser o futuro da Colômbia.

Secretariado do Estado Maior Central das FARC-EP

Montanhas da Colômbia, dezembro de 2010