"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Desaparecidos na Colômbia superam as 61 mil pessoas

Bogotá, 30 ago (Prensa Latina)

A memória histórica das vítimas do conflito armado interno na Colômbia, onde se reportam mais de 61 mil desaparecimentos, será objeto hoje aqui de comemoração, com motivo do Dia Internacional dos Desaparecidos.

Conforme com um relatório da Comissão de Busca de Pessoas Desaparecidas, na nação sul-americana há registradas 61 mil 604 denúncias por pessoas desaparecidas desde meados do século passado.

Dessa cifra, 10 mil 334 têm aparecido vivas, de outras duas mil 348 encontraram-se os cadáveres, enquanto o paradeiro das restantes ainda se desconhece.

Dito relatório, que será entregue nesta terça-feira pelo defensor do Povo, Volmar Pérez, também refere que por cada mulher desaparecida no país há três homens na mesma condição.

A sua vez, adverte que neste ano apresenta-se quase 11 mil casos mais, com respeito ao corte realizado até 2010.

Por outra parte, Nações Unidas qualificou este delito como um dos mais graves cometidos contra os direitos humanos em Colômbia.

Segundo o organismo multilateral os desaparecimentos forçados neste país ocorreram principalmente nos departamentos de Antioquia, com quatro mil 251 casos; Vale do Cauca com mil 130; Meta com 949 e Putumayo, com 926. Assim mesmo, fontes especializadas sustentam que o desaparecimento tem como agravante que quase todos os casos vem acompanhado de delitos conexos como a tortura, as agressões, a violência sexual e a estigmatização.

Entretanto, organizações de direitos humanos têm expressado preocupação pela impunidade imperante em frente a dito flagelo, que o Estatuto de Roma qualifica como delito lesa humanidade. Em outubro passado, Bogotá aderiu-se à Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas Contra os Desaparecimentos Forçados, depois que a Câmara de Representante a aprovasse em último debate.

Dessa maneira Colômbia converteu-se assim no vigésimo país em aprovar a Convenção.

Essa norma já foi ratificada por Albânia, Argentina, Bolívia, Burkina Faso, Chile, Cuba, Equador, Espanha, França, Alemanha, Honduras, Japão, Kazaquistão, Mali, México, Nigéria, Paraguai, Senegal, Uruguai.

Subscrita em Nova York em dezembro de 2006, a Convenção estabelece sua plena vigência a partir da aprovação em 20 países, fato consumado com a entrada da Colômbia, desde o ponto de vista formal.

É um tratado vinculante e define o desaparecimento forçado como uma violação aos direitos humanos.

Estabelece que uma pessoa sequestrada ou detenta deve ter comunicação com o exterior, bem seja com sua família ou advogado.

Ao mesmo tempo reconhece não só como vítimas aos desaparecidos, senão também sua família, que terá direito a conhecer o sucedido e a receber reparo pelo dano causado.
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Com apoio do COmitê de Solidariedade ao Povo colombiano

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Terrorista louro de olhos azuis

Por Frei Betto

Preconceitos, como mentiras, nascem da falta de informação (ignorância)
e do excesso de repetição. Se pais de uma criança branca se referem
em termos pejorativos a negros e indígenas, judeus e homossexuais,
dificilmente a criança, quando adulta, escapará do preconceito.

A mídia norte-americana incutiu no Ocidente o sofisma de que todo
muçulmano é um terrorista em potencial. O que induziu o papa Bento
XVI a cometer a gafe de declarar, na Alemanha, que o Islã é
originariamente violento e, em sua primeira visita aos EUA,
comparecer a uma sinagoga sem o cuidado de repetir o gesto
numa mesquita.

Em qualquer aeroporto de países desenvolvidos, um passageiro em trajes
islâmicos ou cujos traços fisionômicos lembrem um saudita, com certeza
será parado e meticulosamente revistado. Ali reside o perigo... alerta
o preconceito infundido.

Ora, o terrorismo não foi inventado pelos fundamentalistas islâmicos.
Dele foram vítimas os árabes atacados pelas Cruzadas e os 70 milhões
de indígenas mortos na América Latina, no decorrer do século 16,
em decorrência da colonização ibérica.

O maior atentado terrorista da história não foi a queda, em Nova York,
das Torres Gêmeas, há 10 anos, que causou a morte de 3 mil pessoas.
Foi o praticado pelo governo dos EUA: as bombas atômicas em Hiroshima
e Nagasaki, em agosto de 1945. Morreram 242.437 civis, sem contar as
mortes posteriores por efeito da contaminação.

Súbito, a pacata Noruega — tão pacata que, anualmente, concede o
Prêmio Nobel da Paz — vê-se palco de dois atentados terroristas que
deixam dezenas de mortos e muitos feridos. A imagem bucólica do país
escandinavo é apenas aparente. Tropas norueguesas também intervêm
no Afeganistão e deram apoio aos EUA na guerra do Iraque.

Tão logo a notícia correu mundo, a suspeita recaiu sobre os islâmicos.
O duplo atentado, no gabinete do primeiro-ministro e na Ilha de Utoeya,
teria sido um revide ao assassinato de Bin Laden e às caricaturas de
Maomé publicadas pela imprensa escandinava. O preconceito estava
entranhado na lógica ocidental.

A verdade, ao vir à tona, constrangeu os preconceituosos. O autor do
hediondo crime foi o jovem norueguês Anders Behring Breivik, 32 anos,
branco, louro, de olhos azuis, adepto da fisicultura e dono de uma
fazenda de produtos orgânicos. O tipo do sujeito que jamais levantaria
suspeitas na alfândega dos EUA. Ele “é dos nossos”, diriam os policiais
condicionados a suspeitar de quem não tem a pele suficientemente
clara nem olhos azuis ou verdes.

Democracia é diversidade de opiniões. Mas o que o Ocidente sabe do
conceito de terrorismo na cabeça de um vietnamita, iraquiano ou afegão?
O que pensa um líbio sujeito a ser atingido por um míssil atirado pela
Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) sobre a população
civil de seu país, como denunciou o núncio apostólico em Trípoli?

Anders é um típico escandinavo. Tem aparência de príncipe. E alma de
viking. É o que a mídia e a educação deveriam se perguntar: o que
estamos incutindo na cabeça das pessoas? Ambições ou valores?
Preconceitos ou princípios? Egocentrismo ou ética?

O ser humano é a alma que carrega. Amy Winehouse tinha apenas
27 anos, sucesso mundial como compositora e intérprete, e uma fortuna
incalculável. Nada disso fez dela uma mulher feliz. O que não encontrou
em si, ela buscou nas drogas e no álcool. Morreu prematuramente,
solitária, em casa.

O que esperar de uma sociedade em que, entre cada 10 filmes, oito
exaltam a violência; o pai abraça o filho em público e os dois são
agredidos como homossexuais; o motorista de um Porsche se choca
a 150km/h com uma jovem advogada que perece no acidente e ele
continua solto; o político fica indignado com o bandido que assaltou
a filha dele e, no entanto, mete a mão no dinheiro público e ainda
estranha ao ser demitido?

Enquanto a diferença gerar divergência, permaneceremos na pré-história
do projeto civilizatório verdadeiramente humano.

60% DOS SINDICALISTAS ASSASSINADOS NO MUNDO SÃO COLOMBIANOS

Na passada quarta-feira, 24 de agosto a Conferedação Geral do Trabalho (CGT) da Colômbia, uma das quatro centrais sindicais que existem nesse país, denunciou o assassinato de 29 sindicalistas no decorrente ano de 2011, a maioria deles em zonas afetadas pelo conflito armado. O presidente da CGT, Julio Roberto Gómez, em declarações aos jornalistas reconheceu que as ameaças e ataques contra sindicalistas continuam.


As organizações trabalhistas responsabilizam pela maioria das ameaças e homicídios aos grupos paramilitares, que são mercenários criados pelo Estado colombiano e financiados pelo narcotráfico. No ano de 2005, durante o governo de Álvaro Uribe Vélez, os paramilitares iniciaram uma suposta desmobilização em troca de penas baixas de prisão (menos de 5 anos) por delitos contra a humanidade.

Em julho do ano de 2010 a Central Unitária de Trabalhadores (CUT) da Colômbia denunciou que 60% dos sindicalistas assassinados no mundo eram da Colômbia. Nos últimos 10 anos foram assassinados mais de 2.778 e foram cometidos mais de 11 mil atos de violência.

Esses fatos contradizem os discursos que afirmam que no governo do atual presidente da Colômbia Juan Manuel Santos há uma superação às violações dos direitos, melhora nos direitos trabalhistas e consolidação do desmantelamento dos grupos paramiliateres.

Com apoio da Agenda Colômbia

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

ATO DE LANÇAMENTO DA AGENDA COLÔMBIA

“A situação dos Direitos Humanos na Colômbia e a Resistência popular”

Agenda Colômbia realizará na próxima sexta-feira, 26 de agosto, uma atividade com o título “A situação dos Direitos Humanos na Colômbia e a Resistência popular”. Será feito o lançamento no Brasil e simultaneamente na Colômbia desta iniciativa de solidariedade entre os povos que é a Agenda Colômbia.

O evento contará com duas palestras na Colômbia que simultaneamente serão transmitidas por videoconferências para o Brasil. Os palestrantes são: - O advogado defensor dos direitos humanos doutor Gustavo Gallardo com a conferência: “As atuais condições dos direitos humanos na Colômbia”; O doutor em filosofia política Sérgio Zubiría Samper, professor da universidade dos Andes da Colômbia com a conferência: “Formas de resistência à política de ‘seguridad democrática’ e ao modelo neoliberal na Colômbia.”

Agenda Colômbia é um espaço social e político que está sendo organizado em várias capitais do Brasil e concomitantemente na Colômbia. Tem por objetivo dar visibilidade à realidade colombiana e gerar ações de solidariedade do povo brasileiro aos movimentos da sociedade civil e organizações políticas democráticas colombianas. Assim como a defesa dos direitos humanos e pressionar pela saída pacifica e negociada ao conflito armado da Colômbia.

O evento será realizado simultaneamente nas cidades de Bogotá, Colômbia e em Porto Alegre, Brasil, às 19 horas do Brasil. O lugar é o auditório do CPERS, Avenida Alberto Bins, 480, 9º andar. A entrada é franca.


Carta às esquerdas

Livre das esquerdas, o capitalismo voltou a mostrar a sua vocação anti-social. Voltou a ser urgente reconstruir as esquerdas para evitar a barbárie. Como recomeçar? Pela aceitação de algumas ideias. A defesa da democracia de alta intensidade é a grande bandeira das esquerdas.

Boaventura de Sousa Santos

Não ponho em causa que haja um futuro para as esquerdas mas o seu futuro não vai ser uma continuação linear do seu passado. Definir o que têm em comum equivale a responder à pergunta: o que é a esquerda? A esquerda é um conjunto de posições políticas que partilham o ideal de que os humanos têm todos o mesmo valor, e são o valor mais alto. Esse ideal é posto em causa sempre que há relações sociais de poder desigual, isto é, de dominação. Neste caso, alguns indivíduos ou grupos satisfazem algumas das suas necessidades, transformando outros indivíduos ou grupos em meios para os seus fins. O capitalismo não é a única fonte de dominação mas é uma fonte importante.

Os diferentes entendimentos deste ideal levaram a diferentes clivagens. As principais resultaram de respostas opostas às seguintes perguntas. Poderá o capitalismo ser reformado de modo a melhorar a sorte dos dominados, ou tal só é possível para além do capitalismo? A luta social deve ser conduzida por uma classe (a classe operária) ou por diferentes classes ou grupos sociais? Deve ser conduzida dentro das instituições democráticas ou fora delas? O Estado é, ele próprio, uma relação de dominação, ou pode ser mobilizado para combater as relações de dominação?

As respostas opostas as estas perguntas estiveram na origem de violentas
clivagens. Em nome da esquerda cometeram-se atrocidades contra a esquerda; mas, no seu conjunto, as esquerdas dominaram o século XX (apesar do nazismo, do fascismo e do colonialismo) e o mundo tornou-se mais livre e mais igual graças a elas. Este curto século de todas as esquerdas terminou com a queda do Muro de Berlim. Os últimos trinta anos foram, por um lado, uma gestão de ruínas e de inércias e, por outro, a emergência de novas lutas contra a dominação, com outros atores e linguagens que as esquerdas não puderam entender.

Entretanto, livre das esquerdas, o capitalismo voltou a mostrar a sua vocação anti-social. Voltou a ser urgente reconstruir as esquerdas para evitar a barbárie. Como recomeçar? Pela aceitação das seguintes ideias.

Primeiro, o mundo diversificou-se e a diversidade instalou-se no interior de cada país. A compreensão do mundo é muito mais ampla que a compreensão ocidental do mundo; não há internacionalismo sem interculturalismo.

Segundo, o capitalismo concebe a democracia como um instrumento de acumulação; se for preciso, ele a reduz à irrelevância e, se encontrar outro instrumento mais eficiente, dispensa-a (o caso da China). A defesa da democracia de alta intensidade é a grande bandeira das esquerdas.

Terceiro, o capitalismo é amoral e não entende o conceito de dignidade
humana; a defesa desta é uma luta contra o capitalismo e nunca com o capitalismo (no capitalismo, mesmo as esmolas só existem como relações públicas).

Quarto, a experiência do mundo mostra que há imensas realidades não capitalistas, guiadas pela reciprocidade e pelo cooperativismo, à espera de serem valorizadas como o futuro dentro do presente.

Quinto, o século passado revelou que a relação dos humanos com a natureza é uma relação de dominação contra a qual há que lutar; o crescimento económico não é infinito.

Sexto, a propriedade privada só é um bem social se for uma entre várias
formas de propriedade e se todas forem protegidas; há bens comuns
da humanidade (como a água e o ar).

Sétimo, o curto século das esquerdas foi suficiente para criar um espírito igualitário entre os humanos que sobressai em todos os inquéritos; este é um patrimônio das esquerdas que estas têm vindo a dilapidar.

Oitavo, o capitalismo precisa de outras formas de dominação para florescer,
do racismo ao sexismo e à guerra e todas devem ser combatidas.

Nono, o Estado é um animal estranho, meio anjo meio monstro, mas, sem ele, muitos outros monstros andariam à solta, insaciáveis à cata de anjos indefesos. Melhor Estado, sempre; menos Estado, nunca.

Com estas ideias, vão continuar a ser várias as esquerdas, mas já não é provável que se matem umas às outras e é possível que se unam para travar a barbárie que se aproxima.

Boaventura de Sousa Santos é sociólogo e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal).

domingo, 21 de agosto de 2011

Colômbia: Pilhagem, esperança e paz

Vivemos tempos de grande destruição e de grandes oportunidades económicas. A América Latina não é excepção. No contexto global, o Império estado-unidense está empenhado em guerras destrutivas (Afeganistão, Iraque, Paquistão, Líbia, Iémen, Somália e Haiti). Em contraste, a China, Índia, Brasil, Argentina e outras "economias emergentes" estão a expandir comércio, investimentos e reduzir pobreza. A União Europeia (UE) e os Estados Unidos (EUA) estão em crises económicas profundas. A periferia da UE (Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha) está totalmente em bancarrota. As "dependências" dos EUA na América do Norte (México), América Central e Caribe são narco-estados virtuais praguejados pela pobreza em massa, taxa de crime astronómicas e estagnação económica. As dependências dos EUA são pilhadas por multinacionais, oligarcas locais e políticos corruptos.


A Colômbia posiciona-se em encruzilhadas: ela pode seguir as pegadas do seu antecessor, o narco-presidente Álvaro Uribe, e permanecer uma dependência militar, um solitário posto avançado do Império estado-unidense na América do Sul. A Colômbia pode permanecer à margem da maior parte dos mercados mundiais dinâmicos e em guerra com o seu povo ou, através de uma nova liderança sócio-política, pode efectuar uma reorientação profunda de política e consumar uma transição rumo a maior integração com os mercados dinâmicos do mundo.

A Colômbia tem todos os ingredientes objectivos (recursos materiais e humanos) para ser parte da nova ordem dinâmica. Mas primeiro e acima de tudo ela deve abandonar seu papel como vassalo militarizados dos Estados Unidos e objecto de exploração de uma oligarquia rentista. A Colômbia deve deixar de apoiar golpes dos EUA (Honduras, Venezuela) e de ameaçar seus vizinhos (Equador).

A Colômbia não pode desenvolver suas forças produtivas e financiar a modernização da educação superior e melhoria de treino técnico e [ao mesmo tempo] gastar milhares de milhões com as centenas de milhares de militares, paramilitares, polícias e operativos de inteligência. O aparelho repressivo militar está orientado para a repressão dos sectores da força de trabalho mais produtivos, criativos e motivados. A prosperidade depende da paz civil a qual depende da profunda desmilitarização do estado colombiano. A conexão entre a economia e o pode militar é clara. A China gasta um décimo do orçamento militar dos EUA mas cresce cinco vezes mais rápido. A política externa independente do Brasil e o realinhamento com o mercado asiático levou a um alto crescimento, ao passo que o México, como um satélite do North American Free Trade Treaty, é um estado estagnado e fracassado.

Desmilitarização: As especificidades da Colômbia

A Colômbia é a sociedade mais militarizada da América Latina, com o mais elevado número de vítimas na sociedade civil. O "militarismo" na Colômbia inclui a maior força militar activa operacional dentro das fronteiras do estado e ser o maior recipiente de financiamento militar da maior potência militarista do mundo. Como cliente subordinado do Império estado-unidense, a Colômbia tem o pior registo de direitos humanos, no que se refere a mortes de jornalistas, sindicalistas, activistas camponeses e advogados de direitos humanos.

Contudo, a violência estatal e para-estatal não é aleatória. Mais de 4 milhões de agricultores, camponeses e intermediários rurais foram expulsos à força e a suas terras foram tomadas por grandes latifundiários, narco-traficantes, generais e homens de negócio aliados ao governo. Por outras palavras, o Estado terrorista e a expulsão em massa é um método peculiarmente colombiano de "acumulação de capital". A violência do Estado é o método para assegurar os meios de produção para aumentar agro-exportações a expensas de famílias de agricultores.

Na Colômbia, o extermínio estatal e para-estatal substitui o mercado e "relações contratuais" no cumprimento de transacções económicas. As relações desiguais entre um estado militarista e movimentos populares da sociedade civil têm sido o principal obstáculo a uma transição de um regime político oligárquico para um sistema eleitoral democrático e pluralisticamente representativo.

A Colômbia combina formas de representação da elite do século XIX com meios de repressão militar altamente desenvolvidos do século XXI: um caso de desenvolvimento desigual e combinado. Em consequência deparamo-nos com "crescimento desequilibrado", um aparelho militar, policial e paramilitar super-desenvolvido e subdesenvolvidas instituições sociais e políticas dispostas e capazes de entrar em negociações através da reciprocidade e dos compromissos dentro de uma estrutura cívica.

A cultura do estado de "guerra permanente" mina as condições de confiança e reciprocidade e levanta riscos inaceitáveis para quaisquer interlocutores sociais e políticos.

Dentro do estado militarizado – especialmente devido às suas ligações profundamente enraizadas a instituições militares regionais dos EUA – apenas "negociações" que reforçam a actual ordem sócio-económica e disposição política institucional são aceitáveis. Mesmo reconhecidos "mediadores da paz" empenham-se em "negociações" só com um lado exigindo concessões unilaterais de insurgentes e raramente fazem exigência de concessões recíprocas do Estado.

A maior parte dos países latino-americanos que passaram por transições do domínio ditatorial para a política eleitoral respeitou os oponentes. Só a Colômbia assassinou toda a liderança política e os activistas – da União Patriótica – que se converteram da luta armada para a luta eleitoral. Nenhuma outra oposição latino-americana (ou europeia ou asiática) experimentou a violência do estado infligida à União Patriótica (UP): o assassínio de 5.000 activistas incluindo candidatos ao Congresso e à Presidência.

Os actuais regimes de centro-esquerda da América do Sul, suas economias em expansão e as lutas de movimentos sociais livres e abertas, são um produto de levantamentos sociais (entre 1999-2005) que terminaram "políticas militarizadas". Revoltas populares na Bolívia, Argentina, Equador e Venezuela abriram o caminho para o centro-esquerda. No Brasil, Uruguai e Chile movimentos sociais ajudaram a deslocar regimes de direita.

Em consequência de lutas de massa e levantamentos populares, regimes de centro-esquerda prosseguem políticas económicas relativamente independentes e programas anti-pobreza progressistas. Eles elevaram padrões de vida e proporcionaram espaço político e social para a continuação da luta de classe

A Colômbia é um dos poucos países que fracassaram em efectuar a transição de um regime militarista de direita para um modelo de bem-estar e desenvolvimento de centro-esquerda, porque ao contrário do resto da América Latina ela ainda tem de experimentar um levantamento popular, resultando numa nova configuração política.

Colonatos de paz: América Central ou Indochina?

"Colonatos de paz" produzem vencedores e perdedores. Eles reflectem a correlação de forças externa e interna. O processo de negociação, incluindo quem é consultado no estabelecimento de prioridades e em efectuar concessões, é central para a trajectória futura do "processo de paz".

A história recente proporciona-nos dois "processos de paz" diametralmente opostos e com consequências dramaticamente diferentes: os aldeamentos de paz indochineses de 1973-75 e os aldeamentos de paz centro-americanos de 1992-1993. No caso da Indochina e mais especificamente dos aldeamentos vietnamita-americanos, a Frente de Libertação Nacional (FLN), assegurou a retirada das forças militares dos EUA, o desmantelamento de bases militares estado-unidenses e a desmilitarização do estado. a FLN concordou acordou um processo de integração política baseado no reconhecimento de certas reformas sócio-económicas e políticas básicas, incluindo reforma agrária, a recuperação da posse de terras de milhões de camponeses deslocados e o processamento de responsáveis civis e militares acusados de crimes contra a humanidade. Os negociadores da FLN fizeram concessões políticas mas em consulta estreita com a sua base de massa de camponeses, trabalhadores e profissionais. Eles apoiaram o princípio da democratização do estado e desmilitarização da sociedade como condições essenciais para a finalização da guerra.

Ao longo dos últimos 35 anos, o Vietname evoluiu de país socialista independente em direcção a uma economia capitalista pública-privada, transitando para um crescimento mais alto e padrões de vida mais elevados mas aumentando desigualdades e com maior corrupção.

Em contraste, os acordos de paz centro-americanos assinados pelos líderes da guerrilha levaram ao fim do conflito armado e à incorporação da elite insurgente dentro do sistema eleitoral. Contudo, não houve mudanças básicas no sistema militar, económico e social. Nenhuma das organizações populares de massa foi consultada. Ao grosso dos combatentes armados, tantos insurgentes populares como mercenários paramilitares, foi dada alta e tornaram-se um exército de desempregados "armados". Ao longo dos últimos 20 anos, gangs criminosas tomaram o controle de grandes extensões da América Central, ao passo que a elite da guerrilha ex-Farabundo Marti, e dos seus colegas guatemaltecos e nicaraguenses, se tornaram homens de negócio ricos e aliados eleitorais de políticos conservadores. Eles são protegidos por guarda-costas privados e não tomam conhecimento das condições de 60% da população que vive abaixo da linha de pobreza. Os "acordos de paz" na América Central serviram de veículo para a mobilidade social da elite da guerrilha. Eles não acabaram com a violência. Todos os anos mais pessoas deparam-se com mortes violentas do que os que foram mortos durante os anos de guerra civil.

Os acordos de paz vietnamita e centro-americanos tiveram lugar durante diferentes momentos internacionais. Na década de 1970, a União Soviética e a China proporcionavam vasto apoio material e político aos vietnamitas. Durante as negociações de paz centro-americanas, com a União Soviética desintegrada, a China estava virar para o capitalismo e Cuba enfrentava um "período especial" de crise económica devido à perda da ajuda e do comércio soviético.

A mudança na correlação de forças internacional influenciou claramente, mas não determinou, os resultados desfavoráveis na América Central. Em menos de uma década após os desastrosos acordos de paz centro-americanos, a Venezuela, sob o presidente Chávez, conseguiu derrotar um golpe e avançou rumo a uma transformação socialista. Revoltas populares aboliram governantes neoliberais na Argentina, Bolívia, Equador e alhures. O fim da URSS não acabou com lutas de classe bem sucedidas na América Latina.

A reaccionária correlação de forças política da década de 1990 mudou dramaticamente. Em 2011, só a América Central, o México e a Colômbia permanecem como ilhas de reacção num mar de esquerda ressurgente e de lutas populares na América do Sul, Norte de África e Sul da Ásia.

O estabelecimento da paz centro-americana, com sua aceitação do estado militarizado, ligado às exportações agro-minerais das elites e às gangs narco-criminosas, tornou-se um monumento de um "processo de paz" fracassado. O estabelecimento da paz vietnamita, se bem que longe de perfeito, pelo menos proporcionou paz, segurança, reforma agrária e rendimento mais alto para o campesinato e os trabalhadores. Não há dúvida de que a Colômbia tem diferenças históricas e estruturais com a América Central e a Indochina.

Os movimentos sociais armados na Colômbia têm uma história específica a qual antecede os insurgentes centro-americanos em muitos anos e desenvolveu laços políticos com certas regiões e movimentos sociais os quais têm perdurado ao longo do tempo. Ao contrário dos insurgentes centro-americanos e vietnamitas eles também não estão dependentes de apoiantes "externos". Acima de tudo, a experiência fracassada de "reconciliação política" na América Central levou insurgentes colombianos a levantarem condições significativas em relação ao processo de paz, nomeadamente desmilitarização e reformas sócio-económicas (reforma agrária e recuperação de terra para os que dela foram privados). "Paz a qualquer preço" só levará a novas e igualmente virulentas formas de violência, como no caso actual do México com 10 mil mortos por ano, 7 mil assassínios por ano em El Salvador e um número igual de homicídios na Guatemala.

A experiência vietnamita de paz via justiça social e desmilitarização parece assegurar um mínimo de prosperidade. Certamente a correlação internacional de forças melhorou dramaticamente. A América Latina substituiu os regimes fantoches neoliberais. As economias latino-americanas descobriram mercados dinâmicos na Ásia independentes dos EUA. Revoltas populares no Médio Oriente e na Ásia – desde a Tunísia até o Afeganistão – estão a forçar os militares estado-unidenses a recuar. O contexto internacional e regional é muito favorável se a Colômbia souber aproveitá-lo. O método e os modos de luta, aqueles que unem movimentos populares sem distinção, deveriam ser abertamente discutidos e resolvidos sem exclusões. A insurgência é parte da solução, não do problema. A chave para um diálogo frutífero é a desmilitarização do estado, finalizar a presença militar dos EUA, terminar o Plano Colômbia e converter despesas militares em desenvolvimento económico e social.

04/Agosto/2011
[*] Intervenção a ser apresentada no "Encuentro Nacional de comunidades Campesinas, Afrodescendientes e Indigenas por la Tierra y la Paz de Colombia: El dialogo es la Ruta" , 12 a 15 de Agosto 2011, Barrancabermeja, Colombia

O original encontra-se em http://petras.lahaine.org/?p=1870


Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
09/Ago/11

O terrorismo de estado americano ameaça a humanidade e impede a paz

por Miguel Urbano Rodrigues

A humanidade enfrenta a mais grave crise de civilização da sua história. Ela difere de outras, anteriores, por ser global, afectando a totalidade do planeta. É uma crise política, social, militar, financeira, económica, energética, ambiental, cultural.

O homem realizou nos últimos dois séculos conquistas prodigiosas. Se fossem colocadas a serviço da humanidade, permitiriam erradicar da Terra a fome, o analfabetismo, as guerras, abrindo portas a uma era de paz e prosperidade.

Mas não é o que acontece. Uma minoria insignificante controla e consome os recursos naturais existentes e a esmagadora maioria vive na pobreza ou na miséria.

O fim da bipolaridade, após a desagregação da URSS, permitiu aos Estados Unidos adquirir uma superioridade militar, política e económica enorme que passou a usar como instrumento de um projecto de dominação universal. As principais potências da União Europeia, nomeadamente o Reino Unido, a Alemanha e a França tornaram-se cúmplices dessa perigosa política.

O sistema de poder que tem o seu pólo em Washington, incapaz de encontrar solução para a crise do seu modelo, inseparável da desigualdade social, da sobre-exploraçao do trabalho e do esgotamento gradual dos mecanismos de acumulação, concebeu e aplica uma estratégia imperial de agressão a povos do chamado Terceiro Mundo.

Em guerras ditas de baixa intensidade, promovidas pelos EUA e seus aliados, morreram nos últimos sessenta anos mais de trinta milhões de pessoas. Algumas particularmente brutais, definidas como "preventivas" visaram o saque dos recursos naturais dos povos agredidos.

Reagan criou a expressão "o império do mal" para designar a URSS no final da guerra fria. George Bush pai vulgarizou o conceito de "estados canalhas" para satanizar países cujos governos não se submetiam às exigências imperiais. Entre eles incluiu o Irão, a Coreia Popular, a Líbia e Cuba.

Em Setembro de 2001, após os atentados que destruíram o World Trade Center e demoliram uma ala do Pentágono, George W. Bush (o filho) utilizou o choque emocional provocado por esse trágico acontecimento para desenvolver uma estratégia que fez da "luta contra o terrorismo" a primeira prioridade da política estado-unidense.

Uma gigantesca campanha mediática foi desencadeada, com o apoio do Congresso, para criar condições favoráveis à implantação da política defendida pela extrema-direita. Segundo Bush e os neocon, "a segurança dos EUA" exigia medidas excepcionais na esfera internacional e na interna.

Os grandes jornais, as cadeias de televisão, as rádios, a explorando a indignação popular e o medo, apoiaram iniciativas como o Patriot Act que suspendeu direitos e garantias constitucionais, legalizando a prática de crimes e arbitrariedades. A irracionalidade contaminou o mundo intelectual e até em universidades tradicionais professores progressistas foram despedidos e houve proibição de livros de autores célebres.

A campanha adquiriu rapidamente um carácter de caça às bruxas, com perseguições maciças a muçulmanos. Uma vaga de anti-islamismo varreu os EUA, com a cumplicidade dos grandes media. O Congresso legalizou a tortura.

No terreno internacional, o povo do Afeganistão foi a primeira vítima da "cruzada contra o terrorismo". Os EUA, a pretexto de que o governo do mullah Omar não lhe entregava Bin Laden – declarado inimigo numero um de Washington – invadiu, bombardeou e ocupou aquele pais.

Seguiu-se o Iraque após uma campanha de desinformação de âmbito mundial. O Governo de Bagdad foi acusado de acumular armas de extermínio massivo e de ameaçar portanto a segurança dos EUA e da Humanidade. A acusação era falsa, como se provou mais tarde, e os EUA não conseguiram obter o apoio do Conselho de Segurança. Mas, ignorando a posição da ONU, invadiram, vandalizaram e ocuparam o país. Inicialmente contaram somente com o apoio do Reino Unido.

Crimes monstruosos foram cometidos no Afeganistão e no Iraque pelas forças de ocupação. A tortura de prisioneiros no presídio de Abu Ghrabi assumiu proporções de escândalo mundial. Ficou provado que o alto comando do exército e o próprio secretário da Defesa, Donald Rumsfeld tinham autorizado esses actos de barbárie. Mas a Justiça norte-americana limitou-se a punir com penas leves meia dúzia de torcionários.

Simultaneamente, milhares de civis, acusados de "terroristas" -muitos nunca tinham sequer pegado numa arma – foram levados para a base de Guantanamo, em Cuba, e para cárceres da CIA instalados em países da Europa do Leste.

As Nações Unidas não somente ignoraram essas atrocidades como acabaram dando o seu aval à instalação de governos títeres em Cabul e Bagdad e ao envio para ali de tropas de muitos países. No caso do Afeganistão, a NATO, violando o seu próprio estatuto, participa activamente, com 40 mil soldados, da agressão às populações. Dezenas de milhares de mercenários estão envolvidas nessas guerras.

Em ambos os casos, Washington sustenta que essas guerras preventivas representam uma contribuição dos EUA para a defesa da liberdade, da democracia, dos direitos humanos e da paz e foram inspiradas por princípios e valores éticos universais. O presidente Barack Obama, ao receber o Premio Nobel da Paz em Oslo, defendeu ambas, num discurso farisaico, como serviço prestado à humanidade. Isso no momento em que decidira enviar mais 30 mil soldados para a fogueira afegã.

Os factos são esses. Apresentando-se como líder da luta mundial contra o terrorismo, o sistema de Poder dos EUA faz hoje do terrorismo de Estado um pilar da sua estratégia de dominação.

A criação de um exército permanente em África – o Africom – os bombardeamentos da Somália e do Iémen, a participação na agressão ao povo da Líbia inserem-se nessa politica criminosa de desrespeito pela Carta da ONU.

Mas a ambição de poder absoluto de Washington é insaciável.

O Irão, por não capitular perante as exigências do sistema de Poder hegemonizado pelos EUA, é há anos alvo permanente da hostilidade dos EUA. Washington tem saudades do governo vassalo do Xá Pahlevi e cobiça as enormes reservas de gás e petróleo iranianas.

A campanha de calúnias, apoiada pelos media, repete incansavelmente que o Irão enriquece urânio para produzir armas atómicas. A acusação é gratuita. A Agencia Internacional de Segurança Atómica não conseguiu encontrar qualquer indício de que o país esteja a utilizar as suas instalações nucleares com fins militares. O presidente Ahmanidejah, aliás, de acordo com o Brasil e a Turquia, numa demonstração de boa fé, propôs-se a enriquecer o urânio no exterior. Mas essa proposta logo foi recusada por Washington e pelos aliados europeus.

Sobre as armas nucleares de Israel, obviamente, nem uma palavra. Para os EUA, o Estado sionista e neo fascista, responsável por monstruosos crimes contra os povos do Líbano e da Palestina, é uma democracia exemplar e o seu melhor aliado no Médio Oriente.

O agravamento das sanções que visam estrangular economicamente o Irão é acompanhado de declarações provocatórias do Presidente Obama e da secretaria de Estado Clinton, segundo as quais "todas as opções continuam em aberto", incluindo a militar. Periodicamente jornais influentes divulgam planos de hipotéticos bombardeamentos do Irão, ou pelos EUA ou por Israel, sem excluir o recurso a armas nucleares tácticas. O objectivo é manter a tensão na guerra não declarada contra um pais soberano.

Lamentavelmente, uma parcela importante do povo dos EUA assimila as calunia anti-iranianas como verdades. A maioria dos estado-unidenses desconhece a gravidade e complexidade da crise interna. A recente elevação do teto da divida publica de mais de 14 mil milhões de dólares para 16 mil milhões – total superior ao PIB do pais – é, porem, reveladora da fragilidade do gigante que impõe ao mundo uma politica de terrorismo de estado.

Entretanto, o discurso oficial, invocando os "pais da Pátria", insiste em apresentar os EUA como o grande defensor da democracia e das liberdades, vocacionado para salvar a humanidade.

Sem o controlo pelo grande capital da esmagadora maioria dos meios de comunicação social e dos áudio visuais pelo sistema de poder imperial, a manipulação da informação e a falsificação da História não seriam possíveis. Um instrumento importante nessa politica é a exportação da contra-cultura dos EUA, país -- registe-se -- onde coexiste com a cultura autêntica.

A televisão, o cinema, a imprensa escrita e, hoje, sobretudo a Internet cumprem um papel fundamental como difusores dessa contra cultura que nos países industrializados do Ocidente alterou profundamente nos últimos anos a vida quotidiana dos povos e a sua atitude perante a existência.

A construção do homem formatado principia na infância e exige uma ruptura com a utilização tradicional dos tempos livres. O convívio familiar e com os amigos é substituído por ocupações lúdicas frente à TV e ao computador, com prioridade para jogos violentos e filmes que difundem a contra cultura com prioridade para os que fazem a apologia das Forças Armadas dos EUA.

A contra-cultura actua intensamente no terreno da música, da canção, das artes plásticas, da sexualidade. A contra-musica que empolga hoje multidões juvenis é a de estranhas personagens que gritam e gesticulam, exibindo roupas exóticas, berrantes em gigantescos palcos luminosos, numa atmosfera ensurdecedora, em rebeldia abstracta contra o vácuo.

O jornalismo degradou-se. Transmite a imagem de uma falsa objectividade para ocultar que os media ao serviço da engrenagem do poder insistem, com poucas excepções, em justificar as guerras americanas como "cruzada anti-terrorista" em defesa da humanidade porque os EUA, nação predestinada, batalhariam por um mundo de justiça e paz.

É de justiça assinalar que um número crescente de cidadãos americanos denunciam essa estratégia de Poder, exigem o fim das guerras na Ásia e lutam em condições muito difíceis contra a estratégia criminosa do sistema de poder.

Nestes dias em que se multiplicam as ameaças ao Irão, é minha convicção de que a solidariedade actuante com o seu povo se tornou um dever humanista para os intelectuais progressistas.

Visitei o Irão há cinco anos. Percorri o país de Chiraz ao Mar Cáspio. Escrevi sobre o que vi e senti. Tive a oportunidade de verificar que é falsa e caluniosa a imagem que os governos ocidentais difundem do país e da sua gente. Independentemente da minha discordância de aspectos da politica interna iraniana nomeadamente os referentes à situação da mulher -- encontrei um povo educado, hospitaleiro, generoso, amante da paz, orgulhoso de uma cultura e uma civilização milenares que contribuíram decisivamente para o progresso da humanidade.

Para mim o Irão encarna muito mais valores eternos da condição humana do que a sociedade norte americana, cada vez mais robotizada.

sábado, 20 de agosto de 2011

Piedad Córdoba sai da Colômbia por ameaças de morte

A ex-senadora Piedad Córdoba, mediadora na libertação de vários prisioneiros em poder das FARC, decidiu sair da Colômbia por ameaças a sua vida, anunciou o congressista Iván Cepeda, membro do Movimento Colombianos e Colombianas pela Paz, liderada pela política.

"Ela disse que recebeu informação sobre um plano para assassiná-la, com caráter iminente. Assim, com a situação, nos comunicou à noite que deixaria o país", disse Cepeda, representante da Câmara, a rádios de Bogotá.

Segundo o político, membro do Polo Democrático Alternativo (PDA), Córdoba "afirma que as ameaças contra ela aumentaram a partir de todas as polêmicas com o ex-presidente Alvaro Uribe" (2002-2010).

O anúncio sobre a eventual saída da ex-senadora, que não foi confirmado por ela nem por algum organismo de segurança, foi feito poucas horas depois de Uribe, do qual Córdoba é grande antagonista, comparecer a uma comissão da Câmara que faz uma investigação preliminar sobre um escândalo de escutas ilegais em seu governo.

Durante o depoimento, o ex-presidente reiterou que informações encontradas em computadores das Farc mostram os vínculos entre a ex-senadora e o grupo rebelde.

O advogado de Córdoba, Luis Guillermo Pérez, confirmou a jornalistas as ameaças contra sua cliente, que segundo ele são constantes.

Desde 2007 Córdoba, do Partido Liberal, participou como mediadora na libertação de pelo menos 20 sequestrados das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia.

Córdoba foi destituída pelo Congresso em novembro de 2010, depois de ter os direitos políticos cassados por 18 anos pela Procuradoria (Ministério Público), que considerou que ela havia extrapolado em suas funções como mediadora.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A paz com justiça social é possível, lutemos por ela, No 26

Por Juan Leonel Pérez.

Na presente quinzena têm-se produzido fatos muito importantes para a paz. Colombianas e Colombianos pela Paz, enviaram uma carta à Insurgência das FARC e o ELN, ratificando sua vontade de buscar uma solução política do conflito armado.

Em Barrancabermeja se realizou o Encontro Internacional pela Paz, com a participação de camponeses, indígenas, afro-descendentes e organizações sociais. O tema principal foi a Paz por meio do Diálogo (O diálogo é o caminho).

A esse encontro as FARC enviaram uma saudação na que ratificam sua vontade de buscar uma saída política ao conflito social e armado que se alastra na Colômbia desde há 63 anos; vale dizer, a sociedade está clamando pela paz com justiça social. Mas, é lamentável que o presidente Santos faça manifestações desrespeitosas sobre essas manifestações que encarnam o sentimento de todo o povo colombiano.

A seguir os resultados do confronto entre a insurgência das FARC e as forças repressivas do Estado. Do 04 ao 13 de agosto de 2.011

Quantos mortos, feridos e perdas materiais, tivessem podido evitar com o só fato de estabelecer o diálogo com a insurgência.


04/08: Guerrilheiros das FARC metem fogo em 6 caminhões cisterna que transportavam petróleo cru na estrada entre San Vicente e Porto Rico, no Caquetá. Na área continuam os combates, razão pela qual a estrada está interditada.
http://www.eltiempo.com/colombia/otraszonas/farc-queman-tractomulas-en-el-caqueta_10090005-4

04/08: FARC atacam o posto de polícia no povoado El Mango, do município de Argelia, Cauca: Um uniformizado ferido. Os combates continuam.
http://www.eltiempo.com/colombia/cali/ataques-en-el-cauca_10089184-4

04/08: FARC incendeiam um ônibus para transportar passageiros na estrada Panamericana, estado do Cauca. Ainda, combatem forças repressivas e Insurgência.
http://www.elpais.com.co/elpais/judicial/farc-quemaron-bus-en-panamericana-en-cauca

06/08: Duros combates entre as FARC e o Exército perto de Pradera, Valle. Ficaram três soldados feridos e ao menos três militares morreram em campo minado pela guerrilha.
http://www.semana.com/nacion/minas-farc-valle-dejan-tres-militares-muertos/161900-3.aspx

07/08: Guerrilheiros das FARC dinamitam e destroem campo petroleiro da multinacional canadense Alange Energy perto de Tibú, Norte de Santander.
http://www.semana.com/nacion/farc-volaron-campo-petrolero-norte-santander/161937-3.aspx

08/08: FARC ataca com armas de fogo e explosivos o comando da Polícia de Porto Valdivia, Antioquia: ferido o seu comandante.
http://www.caracol.com.co/nota.aspx?id=1527882

09/08: Ataque das FARC em zona rural de Argelia, Cauca, um soldado morto e três policiais feridos.
http://www.elpais.com.co/elpais/judicial/soldado-muerto-y-tres-policias-heridos-en-ataque-farc-en-cauca

10/08: A Frente 36 das FARC ataca com explosivos o Exército em zona rural de Toledo, Antioquia: 5 uniformizados mortos. Também, dinamita torres de energia, provocando a interrupção do fluido elétrico em vários municípios do estado.
http://www.rcnradio.com/noticias/siete-soldados-muertos-deja-el-accionar-de-la-guerrilla-en-norte-antioqueno/10-08-11

10/08: Ataque das FARC contra a Polícia perto de Yarumal, Antioquia: 2 agentes mortos.
http://www.caracol.com.co/nota.aspx?id=1529250&rel=1529284

10/08: Campo minado das FARC na Caucana de Tarazá: mortos um sub-oficial e um soldado da Brigada XVI.
http://www.caracol.com.co/nota.aspx?id=1529116

11/08: Guerrilheiros das FARC dominam o pedágio de El Mango, no Cauca, recuperam abundante dinheiro e depois o derrubam.
http://www.elliberal.com.co/liberal/judicial/101960-atacan-peaje-entre-popayan-y-pasto

11/08: Com fuzis e morteiros guerrilheiros das FARC atacam o cárcere e os postos da Polícia e do Exército em López de Micay, Cauca.
http://www.elpais.com.co/elpais/judicial/atacan-peaje-en-popayan-pasto

11/08: Fortes combates entre as FARC e o Exército en Jamundí, Valle del Cauca: 2 soldados mortos e 4 feridos.
http://www.elpais.com.co/elpais/judicial/mueren-dos-soldados-en-combates-entre-ejercito-y-farc-en-parte-alta-jamundi
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11/08: FARC bloqueiam a estrada com um ônibus "pau de arara" em Vegalarga, Huila, e acionam carga explosiva ao chegar a força pública: um policial fica ferido
http://www.lanacion.com.co/2011/08/11/%E2%80%98chiva%E2%80%99-era-una-trampa-contra-la-fuerza-publica/

12/08: Diferentes ações e combates no estado Meta entre as FARC e as forças militares: quatro militares mortos, um oficial e 11 soldados feridos. Um guerrilheiro morto
http://m.eluniversal.com.co/cartagena/internacional/cuatro-soldados-muertos-y-ocho-heridos-en-el-meta-por-las-farc-37913

12/08: FARC queimam um ônibus perto de San Andrés de Cuerquia, Antioquia e atacam as forças do regime com granadas em Arauquita, Arauca://www.elcolombianocom/BancoConocimiento/F/farc_arreciaron_sus_atentados_en_el_pais/farc_arreciaron_sus_atentados_en_el_pais.asp

13/08: Em campo minado das FARC em área rural de Tibú, Norte de Santander, morrem Três militares e um fica ferido.
http://www.caracol.com.co/nota.aspx?id=1531097


“Nos negamos a resignarmos ser uma Nação que gaste tantos recursos em uma guerra cuja solução não é militar. Uma guerra que tem deixado mais de quatro milhões de deslocados em quase uma década. Uma guerra que destruiu a vida de milhares e milhares de colombianas e colombianos, fechando nosso futuro e nos deixando na miséria e na desesperança. Não estamos dispostos a ser uma COlômbia eternamente enlutada" disse a Declaração final de uma reunião em Bogotá para preparar o Grande encontro em Barrancabermeja.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

SAÚDO DAS FARC-EP AO ENCONTRO NACIONAL PELA PAZ


Compatriotas convocantes, organizadores, acompanhantes e participantes neste encontro de iniciativas e experiências campesinas, afro-descendentes e indígenas pela paz na Colômbia. Mulheres e homens de Barrancabermeja e o Magdalena Medio. Acompanhantes internacionais, colombianas e colombianos.

Expressamos nosso saúdo a essa iniciativa e reconhecemos nela uma possibilidade real para avançar pelos caminhos da Reconciliação e Reconstrução da Nação, posicionando a ruta do dialogo e a solução politica no cenário das urgências que estremecem o pais.

As FARC-EP reiteramos ante esse encontro nosso indeclinável compromisso de entregar todas nossas energias e esforços para receber ideias e acompanhar a busca de formulas que abram a ruta do dialogo, para sacar a pátria da obscura noite do terror a que tem estado submetida durante 63 anos, por causa da voracidade e a opulência do poder de setores oligárquicos minoritários da Nação e o estrangeiro, que aumentam seus privilégios, pois mantem a violência como a opção exclusiva, por parte do Estado, para impor as politicas de exclusão que tem caraterizado todos os governos.

Historicamente, desde a gênesis da resistência fariana que já chegou aos 47 anos, temos clamado, com toda a forca que representa essa palavra. Clamado por saídas diferentes a guerra. A guerra pela guerra, por privilegio ou enriquecimento pessoal, ou por sentimentos de vingança, não constitui a razão de nossa existência. A razão de nossa luta é por uma ordem social de justiça plena, profundamente humanista e soberano que garanta o exercício da paz como um direito da humanidade. Mas, esse clamor tem sido, também, historicamente desconhecido pelos diferentes governos que tem aprofundado e degradado o conflito interno, publicitando fracassadas promessas de aniquilamento ou exigências de rendição, como se se tratara de um problema isolado do conjunto dos desequilíbrios políticos, econômicos e sociais que tem-lhe faturado a Colômbia todos seus governantes.

A guerra com todo o peso de sua barbárie, não pode seguir sendo o rumo da Nação, só para garantir o crescimento dos interesses do capital financeiro, de latifundiários e narco-latifundiários, das mafias em todos os âmbitos nacionais e de transnacionais que agravam a cada segundo a crise social e meio ambiental que afeta profundamente milhões de colombianos em cada estacão invernal e que tem posto em perigo a existência do planeta. O sistemático terror do Estado, a violência institucionalizada e para-institucional, responsabeis do assassinato, da desaparição forçada e do enxotamento massivo dos camponeses, tem que se deter mediante atividades independentes e comprometidas com a paz, como as que representa este encontro.

A promoção de falacias infames como o “fim do fim” ou o “ pós-conflito” desenhadas para ocultar os abusos, o enriquecimento familiar, a perseguição, a corrupção e o autoritarismo dos últimos governos, não pode seguir justificando o crescente gasto militar que se divorcia do investimento na área social, que é compromisso do Estado. A maioria dos participantes nesse encontro e, que moram em territórios onde se desenvolve o conflito, sabe que a confrontação se mantem, que há terrorismo de Estado ou “falsos positivos” como os chama o governo, e sabem que e uma politica macabra que se implantou desde o mais alto do Estado para intimidar a população civil, e criar falsas expectativas sobre os avanços militares da forca publica oficial. E vocês sabem que a insurgência se movimenta, uma vezes em forma pública e outras em forma clandestina, mas que ai estamos. E sabem, porque o palpam no dia a dia, que a resistência armada não pode ser derrotada com mentiras, com ameaças, prepotência nem manchetes na imprensa. A resistência armada existe e se mantem como se mantem e cresce a pobreza, o desemprego, a falta de moradia, educação, assistência médica e preventiva de saúde, de terras para a produção camponesa, como se mantem o deslocamento forçado e como cresce a violação dos direitos humanos.

As desigualdades tem crescido e para equilibrar as cargas sociais que atiçam a confrontação, não são suficientes os bilhões de dólares que se jogam ao fogo insaciável da guerra. Se requer ir mais longe, se requer compromisso, esforço e iniciativas nacionais que obriguem o governo a abrir caminhos rumo a paz. Assim o temos percebido nas FARC-EP nos encontros diários com o povo em todos os cantos da geografia de nossa pátria e na convocatória desse evento vemos passos seguros nesse caminho.

Temos participado em vários diálogos com distintos governos, sempre acompanhados de um profundo compromisso de paz e esperançados em encontrar na contraparte a mesma disposição e a vontade indeclinável para a geração da transformação estrutural que reclama a aplicação concreta da Justiça Social, como base fundamental para a paz, mas os setores do poder representados nesses governos, tem determinado que o único objetivo certo deles é ganhar tempo para recompor a estrategia de seus planos de guerra, prolongando a existência do conflito social e armado e todas as desgraças que gera. Só a mobilização de todas as forças sociais da Nação pode abrir o cause rumo a Reconstrução e Reconciliação nacional, iniciando de forma imediata a busca de acordos humanitários que resolvam o drama dos prisioneiros de ambas as partes, que inegavelmente e por acima de qualquer barulho da grande mídia para ocultar essa realidade, se seguirão presentando enquanto a confrontação armada se mantenha. Assim como as dramáticas condições de vivem nos carceres de EUA, os Comandantes guerrilheiros Simon Trinidad, Sonia e Ivan Vargas, que deverão ser repatriados em um processo efetivo de Reconciliação. De igual forma, a liberdade para as vitimas das capturas massivas pelo modelo de criminalização e judicialização da protesta social que tem implantado o Estado contra integrantes de todas as forças politicas e sociais da oposição.

Recolhendo os chamados a buscar uma saída que não seja a da guerra, para resolver o conflito social e armado que vive nossa Nação e ante a disposição expressada pelo senhor Presidente de explorar esse caminho, manifestamos ante vocês nossa vontade politica, para no mais imediato, dar os passos encaminhados a criar o cenário propicio para inciar o dialogo de cara ao pais, sob o único condicionamento que a firme disposição de encontrar os caminhos que nos permitam criar o entorno para as profundas reformas econômicas, sociais e políticas que garantam a Paz com Justiça Social, com todos os setores representativos do povo colombiano e a Comunidade Internacional disposta a oferecer seu apoio.

Reiteramos nosso desejo porque o encontro de vocês ajude a abrir os caminhos esperançadores da Paz.

Com fraterno respeito.

Compatriotas, Secretariado Nacional do Estado Maior Central.
Forças Armadas Revolucionarias de Colômbia FARC – EP.
Agosto 12 de 2011.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

ALFONSO CANO REITERA A DISPOSIÇÃO DAS FARC PARA O DIÁLOGO COM O GOVERNO


Fonte:teleSur

Alfonso Cano, máximo dirigente das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), reiterou neste domingo, a disposição da organização rebelde para encontrar uma solução política para o conflito armado que vive a Colômbia há mais de cinco décadas.

O máximo dirigente das FARC reafirmou que “acreditamos no diálogo e pensamos ser viável a palavra de ordem central deste evento, a consideramos justa, ‘o diálogo é a rota’”.

A Agência de Notícias Nova Colômbia (Anncol), com sede em Estocolmo, divulgou o vídeo, de quase quatro minutos, em que aparece Alfonso Cano, enviando saudações para o Encontro Nacional de Comunidades Camponesas, Afrodescendentes e Indígenas pela Terra e pela Paz na Colômbia: O Diálogo é a Rota, que começou na sexta-feira passada na cidade de Barrancabermeja (nordeste).

"Quero reiterar hoje os cumprimentos enviados pelo Secretariado do Estado-Maior Central das FARC para este evento, especialmente depois de ouvir o doutor Santos e ao alto comando militar pela passagem do primeiro aniversário deste Governo. De ouvi-los ameaçadores, agressivos, persistindo em suas teses militaristas, falando de reengenharia, reestruturação, novas modalidades operacionais, mas sempre com a idéia oligárquica de que a guerra é a solução para os grandes problemas do país”, disse Cano.

Na gravação, o líder guerrilheiro envia uma mensagem de encorajamento para os 15.000 camponeses reunidos no Encontro que tem como tema “O Diálogo é a rota”.

“Os exalto a persistir e multiplicar esforços, a todas as organizações populares e sociais, aos povos indígenas, aos camponeses, aos afrodescendentes, aos trabalhadores da cultura, porque a paz é, acima de tudo, uma conquista e uma bandeira popular”, afirmou Cano.

Fez um pedido aos participantes do Encontro para “irrigar no país e no mundo esse enorme desejo das grandes maiorias deste país de encontrar soluções políticas para o conflito".

“Pedimos a todos vocês a persistir na multiplicação dos esforços, a trabalhar com mais afinco e convicção, hoje mais do que nunca, lembrando que a paz é sinônimo de tolerância e de justiça social”, acrescentou.

Afirmou também que o presidente do país, Juan Manuel Santos, esqueceu a sua promessa de “deixar para trás o ódio” que reinou durante os oito anos de governo do ex-mandatário Álvaro Uribe. O líder guerrilheiro garante que Santos deve ser lembrado que “há um ano atrás, em seu discurso de posse, prometeu deixar para trás o ódio que tinha caracterizado os oito anos do governo anterior (2002-2010). Essa promessa foi esquecida”, afirmou o comandante.


sábado, 13 de agosto de 2011

“Chucky” Santos fecha as portas para a Paz



Por: Miguel Suarez.
Fonte: Radio Café Stereo.

Segundo os meios de desinformação na Colômbia, Juan Manuel Santos, vulgo "Chucky", presidente da oligarquia colombiana, diante da carta enviada às FARC-EP por ‘Colombianos e colombianas pela Paz’, em 11 de Agosto de 2011, disse que “a porta da paz está fechada”.

Pelo menos é isso que a manchete do meio de desinformação ”Paracol” diz. Textualmente: “Presidente Santos assegura que a porta para a Paz está fechada”.

Apesar de pedir à guerrilha mais “atos unilaterais” de paz e nada à oligarquia colombiana, “Chucky” não se agüentou e saiu para mostrar o seu calibre e o da oligarquia, são pela guerra que lhes produz grandes lucros.

Muitas são as amostras de vontade de paz dadas pela insurgência. A carta nomeia e agradece a última, assim como são muitas as convocatórias da insurgência para uma solução negociada para o conflito. Essas convocatórias começaram desde o nascimento das FARC, mas e a outra parte, faz o quê?

Será que não é tempo de que a oligarquia colombiana abra a porta, mesmo um pouquinho? Mesmo que seja só para ver as mesas repletas de manjares e garrafas de champanhe e uísque para comemorar os assassinatos cometidos por eles.

Não basta pedir perdão pelos por eles assassinados há 20 ou 30 anos, quando continuam a assassinar e aprisionar os membros da União Patriótica como o amigo de Manuel Cepeda, Joaquín Pérez, atualmente atrás das grades pelo imperdoável crime de ter fundado uma agência de noticias que não são dobra para as mentiras oficiais.

Também não seria uma boa idéia que os mesmos que mandam notas e cartas aos insurgentes, enviem notas e cartas para a oligarquia, que como agora, fecharam a porta para a paz dezenas de vezes?

Boas vindas à carta de Piedad Córdoba para as FARC, todo esforço feito para tentar encontrar uma solução política para o conflito, mesmo que seja para abrir uma fresta, são saudáveis, mas e o quê acontece com os que possuem a chave? Não devem demonstrar verdadeiras intenções de paz? Ou apenas são suficientes declarações bombásticas e promessas barulhentas que não chegam a nada, enquanto eles continuam atiçando a guerra? Mas cuidado! Guerra não são apenas balas, são salários de fome, falta de escolas e universidades, saúde e habitação.

Seria interessante que o governo de Santos desse também uma amostra de vontade para a paz, libertando os lutadores populares, por exemplo.

Assim, enquanto por um lado, o povo tenta abrir a porta da paz, por outro lado, eles, a oligarquia colombiana a fecha, colocando quanta tranca puderem e milhares de soldados para que o povo não possa abrir a pesada porta da paz.

Eles lucram com a guerra, suas fortunas cresceram como cresce a sombra quando o sol se põe. Enquanto o povo tem sido submetido a uma horrível noite que, ao contrário do que diz o hino nacional, não termina.

O anúncio do fechamento da porta para a paz foi feito por “Chucky”, aquele dos mais de 3.000 jovens assassinados a sangue frio, para serem apresentados como guerrilheiros mortos em combate durante a sua intervenção na cúpula anual da indústria, onde anunciou mais benefícios reais para eles, enquanto que os do povo são apenas palavras.

Portanto, saudamos toda tentativa a favor da paz, mas não podemos esquecer que aqueles que fecham as portas para a paz assassinando jovens indefesos, entregando a soberania nacional, etc, são outros: a oligarquia colombiana. E a eles devem se enviar cartas e exigir mostras reais de paz e não discursos fraudulentos.



sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Carta de Piedad Córdoba e outras companheiras de vários países, às FARC-EP

Senhores

Secretariado do Estado Maior Central das FARC-EP

Colômbia

Nós, mulheres que desde nossas responsabilidades políticas temos apelado ao exercício da razão, o direito e a ética para a solução de graves problemas em nossos países e no mundo, avaliamos positivamente a libertação o passado mês de fevereiro de seis pessoas que estavam no seu poder.

Sabedoras de que o conflito armado colombiano tem profundas causas sociais, econômicas e políticas que serão temas de discussão para sua superação definitiva, enquanto se gera um ambiente e cenário para o diálogo, queremos convidar os senhores a anunciar igualmente sua disposição de deixar em liberdade os restantes membros das forças armadas e da polícia capturados por vocês em combate há já vários anos.

Pensamos que esse passo coerente com o Direito Humanitário, como aquele que deram com a indicada libertação das seis pessoas em fevereiro, pode ter um enorme significado político e ético.

Consideramos que esse novo gesto poderá desencadear compromissos certos para a humanização da situação dos combatentes e da população civil, e o eventual início de um diálogo que propicie uma saída política negociada à longa confrontação que padece Colômbia.

Para esses propósitos oferecemos nossa disposição, nosso concurso, se é aceita para contribuir nesse nobre propósito da busca da paz. Estamos convencidas que a paz da Colômbia é a Paz da Região e é um anseio universal

Com atenta saudação

Lucía Topolanski Senadora de Uruguay

Jody Williams Premio Nobel de Paz 1997

Elena Poniatowska Amor

Escritora mexicana

Alice Williams

Escritora afroamericana y feminista que recibió el Premio Pulitzer a la obra de ficción en 1983 por la novela El color púrpura

Mirta Baravalle

presidenta de las Madres de la Plaza de Mayo

Isabel Allende

Escritora y Senadora Chilena

Danielle Miterrand

Francia

Rigoberta Menchú

Premio Nobel de Paz

Socorro Gómez

presidenta del Consejo Mundial por la Paz

Hermana Elsie Mongue

Ángela Jeira

Piedad Córdoba

Colombianas y colombianos por la paz

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

11/8 - DIA DO ESTUDANTE


Homenagem aos estudantes latinoamericanos...


Movil Oil Special

Autor: Victor Jara

Los estudiantes chilenos
y latinoamericanos
se tomaron de las manos
mandandirun dirun din.

En este hermoso jardin
a momios y dinosaurios
los jovenes revolucionarios
han dicho basta por fin.
Basta!

Que viene el guanaco
y detras los pacos
la bomba delante
la paralizante
tambien la purgante,
y la ilarante
hay que son cargantes
estos vigilantes.

El joven secundario
y el universitario,
el joven proletario,
quieren revolucion.

En la universidad
se lucha por la reforma
para poner el la horma
al beato y al nacional.
Somos los reformistas,
los revolucionarios,
los anti-imperialistas,
de la universidad.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Colômbia: Pilhagem, esperança e paz

Por James Petras

Vivemos tempos de grande destruição e de grandes oportunidades económicas. A América Latina não é excepção. No contexto global, o Império estado-unidense está empenhado em guerras destrutivas (Afeganistão, Iraque, Paquistão, Líbia, Iémen, Somália e Haiti). Em contraste, a China, Índia, Brasil, Argentina e outras "economias emergentes" estão a expandir comércio, investimentos e reduzir pobreza. A União Europeia (UE) e os Estados Unidos (EUA) estão em crises económicas profundas. A periferia da UE (Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha) está totalmente em bancarrota. As "dependências" dos EUA na América do Norte (México), América Central e Caribe são narco-estados virtuais praguejados pela pobreza em massa, taxa de crime astronómicas e estagnação económica. As dependências dos EUA são pilhadas por multinacionais, oligarcas locais e políticos corruptos.

A Colômbia posiciona-se em encruzilhadas: ela pode seguir as pegadas do seu antecessor, o narco-presidente Álvaro Uribe, e permanecer uma dependência militar, um solitário posto avançado do Império estado-unidense na América do Sul. A Colômbia pode permanecer à margem da maior parte dos mercados mundiais dinâmicos e em guerra com o seu povo ou, através de uma nova liderança sócio-política, pode efectuar uma reorientação profunda de política e consumar uma transição rumo a maior integração com os mercados dinâmicos do mundo.

A Colômbia tem todos os ingredientes objectivos (recursos materiais e humanos) para ser parte da nova ordem dinâmica. Mas primeiro e acima de tudo ela deve abandonar seu papel como vassalo militarizados dos Estados Unidos e objecto de exploração de uma oligarquia rentista. A Colômbia deve deixar de apoiar golpes dos EUA (Honduras, Venezuela) e de ameaçar seus vizinhos (Equador).

A Colômbia não pode desenvolver suas forças produtivas e financiar a modernização da educação superior e melhoria de treino técnico e [ao mesmo tempo] gastar milhares de milhões com as centenas de milhares de militares, paramilitares, polícias e operativos de inteligência. O aparelho repressivo militar está orientado para a repressão dos sectores da força de trabalho mais produtivos, criativos e motivados. A prosperidade depende da paz civil a qual depende da profunda desmilitarização do estado colombiano. A conexão entre a economia e o pode militar é clara. A China gasta um décimo do orçamento militar dos EUA mas cresce cinco vezes mais rápido. A política externa independente do Brasil e o realinhamento com o mercado asiático levou a um alto crescimento, ao passo que o México, como um satélite do North American Free Trade Treaty, é um estado estagnado e fracassado.

Desmilitarização: As especificidades da Colômbia

A Colômbia é a sociedade mais militarizada da América Latina, com o mais elevado número de vítimas na sociedade civil. O "militarismo" na Colômbia inclui a maior força militar activa operacional dentro das fronteiras do estado e ser o maior recipiente de financiamento militar da maior potência militarista do mundo. Como cliente subordinado do Império estado-unidense, a Colômbia tem o pior registo de direitos humanos, no que se refere a mortes de jornalistas, sindicalistas, activistas camponeses e advogados de direitos humanos.

Contudo, a violência estatal e para-estatal não é aleatória. Mais de 4 milhões de agricultores, camponeses e intermediários rurais foram expulsos à força e a suas terras foram tomadas por grandes latifundiários, narco-traficantes, generais e homens de negócio aliados ao governo. Por outras palavras, o Estado terrorista e a expulsão em massa é um método peculiarmente colombiano de "acumulação de capital". A violência do Estado é o método para assegurar os meios de produção para aumentar agro-exportações a expensas de famílias de agricultores.

Na Colômbia, o extermínio estatal e para-estatal substitui o mercado e "relações contratuais" no cumprimento de transacções económicas. As relações desiguais entre um estado militarista e movimentos populares da sociedade civil têm sido o principal obstáculo a uma transição de um regime político oligárquico para um sistema eleitoral democrático e pluralisticamente representativo.

A Colômbia combina formas de representação da elite do século XIX com meios de repressão militar altamente desenvolvidos do século XXI: um caso de desenvolvimento desigual e combinado. Em consequência deparamo-nos com "crescimento desequilibrado", um aparelho militar, policial e paramilitar super-desenvolvido e subdesenvolvidas instituições sociais e políticas dispostas e capazes de entrar em negociações através da reciprocidade e dos compromissos dentro de uma estrutura cívica.

A cultura do estado de "guerra permanente" mina as condições de confiança e reciprocidade e levanta riscos inaceitáveis para quaisquer interlocutores sociais e políticos.

Dentro do estado militarizado – especialmente devido às suas ligações profundamente enraizadas a instituições militares regionais dos EUA – apenas "negociações" que reforçam a actual ordem sócio-económica e disposição política institucional são aceitáveis. Mesmo reconhecidos "mediadores da paz" empenham-se em "negociações" só com um lado exigindo concessões unilaterais de insurgentes e raramente fazem exigência de concessões recíprocas do Estado.

A maior parte dos países latino-americanos que passaram por transições do domínio ditatorial para a política eleitoral respeitou os oponentes. Só a Colômbia assassinou toda a liderança política e os activistas – da União Patriótica – que se converteram da luta armada para a luta eleitoral. Nenhuma outra oposição latino-americana (ou europeia ou asiática) experimentou a violência do estado infligida à União Patriótica (UP): o assassínio de 5.000 activistas incluindo candidatos ao Congresso e à Presidência.

Os actuais regimes de centro-esquerda da América do Sul, suas economias em expansão e as lutas de movimentos sociais livres e abertas, são um produto de levantamentos sociais (entre 1999-2005) que terminaram "políticas militarizadas". Revoltas populares na Bolívia, Argentina, Equador e Venezuela abriram o caminho para o centro-esquerda. No Brasil, Uruguai e Chile movimentos sociais ajudaram a deslocar regimes de direita.

Em consequência de lutas de massa e levantamentos populares, regimes de centro-esquerda prosseguem políticas económicas relativamente independentes e programas anti-pobreza progressistas. Eles elevaram padrões de vida e proporcionaram espaço político e social para a continuação da luta de classe

A Colômbia é um dos poucos países que fracassaram em efectuar a transição de um regime militarista de direita para um modelo de bem-estar e desenvolvimento de centro-esquerda, porque ao contrário do resto da América Latina ela ainda tem de experimentar um levantamento popular, resultando numa nova configuração política.

Colonatos de paz: América Central ou Indochina?

"Colonatos de paz" produzem vencedores e perdedores. Eles reflectem a correlação de forças externa e interna. O processo de negociação, incluindo quem é consultado no estabelecimento de prioridades e em efectuar concessões, é central para a trajectória futura do "processo de paz".

A história recente proporciona-nos dois "processos de paz" diametralmente opostos e com consequências dramaticamente diferentes: os aldeamentos de paz indochineses de 1973-75 e os aldeamentos de paz centro-americanos de 1992-1993. No caso da Indochina e mais especificamente dos aldeamentos vietnamita-americanos, a Frente de Libertação Nacional (FLN), assegurou a retirada das forças militares dos EUA, o desmantelamento de bases militares estado-unidenses e a desmilitarização do estado. a FLN concordou acordou um processo de integração política baseado no reconhecimento de certas reformas sócio-económicas e políticas básicas, incluindo reforma agrária, a recuperação da posse de terras de milhões de camponeses deslocados e o processamento de responsáveis civis e militares acusados de crimes contra a humanidade. Os negociadores da FLN fizeram concessões políticas mas em consulta estreita com a sua base de massa de camponeses, trabalhadores e profissionais. Eles apoiaram o princípio da democratização do estado e desmilitarização da sociedade como condições essenciais para a finalização da guerra.

Ao longo dos últimos 35 anos, o Vietname evoluiu de país socialista independente em direcção a uma economia capitalista pública-privada, transitando para um crescimento mais alto e padrões de vida mais elevados mas aumentando desigualdades e com maior corrupção.

Em contraste, os acordos de paz centro-americanos assinados pelos líderes da guerrilha levaram ao fim do conflito armado e à incorporação da elite insurgente dentro do sistema eleitoral. Contudo, não houve mudanças básicas no sistema militar, económico e social. Nenhuma das organizações populares de massa foi consultada. Ao grosso dos combatentes armados, tantos insurgentes populares como mercenários paramilitares, foi dada alta e tornaram-se um exército de desempregados "armados". Ao longo dos últimos 20 anos, gangs criminosas tomaram o controle de grandes extensões da América Central, ao passo que a elite da guerrilha ex-Farabundo Marti, e dos seus colegas guatemaltecos e nicaraguenses, se tornaram homens de negócio ricos e aliados eleitorais de políticos conservadores. Eles são protegidos por guarda-costas privados e não tomam conhecimento das condições de 60% da população que vive abaixo da linha de pobreza. Os "acordos de paz" na América Central serviram de veículo para a mobilidade social da elite da guerrilha. Eles não acabaram com a violência. Todos os anos mais pessoas deparam-se com mortes violentas do que os que foram mortos durante os anos de guerra civil.

Os acordos de paz vietnamita e centro-americanos tiveram lugar durante diferentes momentos internacionais. Na década de 1970, a União Soviética e a China proporcionavam vasto apoio material e político aos vietnamitas. Durante as negociações de paz centro-americanas, com a União Soviética desintegrada, a China estava virar para o capitalismo e Cuba enfrentava um "período especial" de crise económica devido à perda da ajuda e do comércio soviético.

A mudança na correlação de forças internacional influenciou claramente, mas não determinou, os resultados desfavoráveis na América Central. Em menos de uma década após os desastrosos acordos de paz centro-americanos, a Venezuela, sob o presidente Chávez, conseguiu derrotar um golpe e avançou rumo a uma transformação socialista. Revoltas populares aboliram governantes neoliberais na Argentina, Bolívia, Equador e alhures. O fim da URSS não acabou com lutas de classe bem sucedidas na América Latina.

A reaccionária correlação de forças política da década de 1990 mudou dramaticamente. Em 2011, só a América Central, o México e a Colômbia permanecem como ilhas de reacção num mar de esquerda ressurgente e de lutas populares na América do Sul, Norte de África e Sul da Ásia.

O estabelecimento da paz centro-americana, com sua aceitação do estado militarizado, ligado às exportações agro-minerais das elites e às gangs narco-criminosas, tornou-se um monumento de um "processo de paz" fracassado. O estabelecimento da paz vietnamita, se bem que longe de perfeito, pelo menos proporcionou paz, segurança, reforma agrária e rendimento mais alto para o campesinato e os trabalhadores. Não há dúvida de que a Colômbia tem diferenças históricas e estruturais com a América Central e a Indochina.

Os movimentos sociais armados na Colômbia têm uma história específica a qual antecede os insurgentes centro-americanos em muitos anos e desenvolveu laços políticos com certas regiões e movimentos sociais os quais têm perdurado ao longo do tempo. Ao contrário dos insurgentes centro-americanos e vietnamitas eles também não estão dependentes de apoiantes "externos". Acima de tudo, a experiência fracassada de "reconciliação política" na América Central levou insurgentes colombianos a levantarem condições significativas em relação ao processo de paz, nomeadamente desmilitarização e reformas sócio-económicas (reforma agrária e recuperação de terra para os que dela foram privados). "Paz a qualquer preço" só levará a novas e igualmente virulentas formas de violência, como no caso actual do México com 10 mil mortos por ano, 7 mil assassínios por ano em El Salvador e um número igual de homicídios na Guatemala.

A experiência vietnamita de paz via justiça social e desmilitarização parece assegurar um mínimo de prosperidade. Certamente a correlação internacional de forças melhorou dramaticamente. A América Latina substituiu os regimes fantoches neoliberais. As economias latino-americanas descobriram mercados dinâmicos na Ásia independentes dos EUA. Revoltas populares no Médio Oriente e na Ásia – desde a Tunísia até o Afeganistão – estão a forçar os militares estado-unidenses a recuar. O contexto internacional e regional é muito favorável se a Colômbia souber aproveitá-lo. O método e os modos de luta, aqueles que unem movimentos populares sem distinção, deveriam ser abertamente discutidos e resolvidos sem exclusões. A insurgência é parte da solução, não do problema. A chave para um diálogo frutífero é a desmilitarização do estado, finalizar a presença militar dos EUA, terminar o Plano Colômbia e converter despesas militares em desenvolvimento económico e social.

04/Agosto/2011
[*] Intervenção a ser apresentada no "Encuentro Nacional de comunidades Campesinas, Afrodescendientes e Indigenas por la Tierra y la Paz de Colombia: El dialogo es la Ruta" , 12 a 15 de Agosto 2011, Barrancabermeja, Colombia

O original encontra-se em http://petras.lahaine.org/?p=1870


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