"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

"Eu ouvi as últimas palavras de Mono Jojoy"

Reaparece Tanja, a holandesa das FARC. "Eu ouvi as últimas palavras de Mono Jojoy"

No ano que entra (2012), a holandesa Tanja Nijmeijer completará uma década nas FARC e, em fevereiro, terá 34 anos de idade. Já escapou da morte sete vezes, a última dela em 20 de setembro de 2010, quando trinta toneladas de bombas caíram sobre o acampamento de Mono Jojoy.

Por: Jorge Enrique Botero

"Eu vivia a 25 metros do bunker do camarada Jorge", relata quinze meses depois daquela estrondosa madrugada. Tanja tem em suas mãos um exemplar da revista Semana, que relata a morte de Alfonso Cano; um moderno Mac Book Pro a sua frente e um livro de título "Marulanda e as FARC" para principiantes. Ela explica que está traduzindo o livro para o inglês.

1

"Nos sentimos orgulhosos de que nosso Comandante tenha morrido em combate", afirmou Tanja sobre a morte do Mono Jojoy.

Com dez anos de monte, ela é tradutora e professora; já carregou nas costas muita comida pelos labirintos da Serrania de La Macarena; já cruzou a pé pelo menos cinco departamentos da Colômbia: Meta, Cundinamarca, Caquetá, Guaviare e Vichada; já perdeu a conta dos combates dos quais participou e dos bombardeios que já esquivou. Pôs bombas em Bogotá para pressionar o pagamento dos impostos que cobra a guerrilha e perdeu seu diário em um assalto do Exército em 2005.

Havia escrito que estava cansada no monte, que não suportava mais a soberba de certos comandantes e a falta de cigarros. Se disse que haviam feito conselho de guerra e por pouco a fuzilaram. Mas em 2010 reapareceu desafiando o Exército. "Se estão pensando que estou aqui contra a minha vontade, venham me buscar. Aqui os espero com minha AK, com morteiro, com tudo".

Personagem midiático na Holanda, Nirjmeijer desatou calorosas polêmicas nos jornais e na televisão de seu país. Na semana passada, foi transmitido o primeiro capítulo de uma telessérie argumentativa sobre a sua vida, rodada em sua cidade natal Denekamp, na fronteira com a Alemanha, e em regiões da selva do Equador.

2

"A morte é algo normal em uma guerra", disse Tanja enquanto abria a revista em que se anunciava a morte de Alfonso Cano. Este é seu testemunho do ocorrido no dia que Mono Jojoy morreu sobre uma chuva de bombas: 

Os dias transcorriam com tranquilidade, nós estávamos trabalhando normalmente. O Mono Jojoy nos dava conferências na aula pela manhã, e às vezes à tarde também. 
Lembro-me que no dia antes do bombardeio havíamos visto um filme colombiano, Retratos de Mentiras, ou algo assim. Trabalhávamos sobretudo fazendo trincheiras, pois havia muitos voos da aviação. Da extrema esquerda à extrema direita do acampamento se escutava muito chumbo, mas Mono dizia que não iria sair dali. Estava dirigindo as batalhas pessoalmente. Precisamente por esses dias, haviam chegados os cigarros e nós fumantes andávamos contentes.

Nesses dias, a diabetes tinha deixado Mono bastante mal. Estava muito enfermo, no entanto nunca se deixava diminuir pela enfermidade. Recebia os comandos, fazia reuniões de comando e nos dava as orientações. Pelas tardes, dedicava-se à orquestra que havia criado uma semana antes. A orquestra chegava até a sua oficina, e ali se dedicavam a compor e a ensaiar novas canções. Ele escutava e cantava. De minha barraca, eu o ouvia cantar todas as tardes.

Também andava pelo acampamento, mas se notava o esforço fazia. Movia-se para todos os lados com uma cadeira dessas de plástico. Chegava no rancho e colocava sua cadeira e ali sentava a sacanear a gente; ia para outro lugar e outra vez sentava a se divertir. Porém tudo isso era dentro do acampamento, porque ele já não podia marchar. Durante a última marcha que fizemos, em junho de 2010, ele foi carregado na rede. Lembro-me que, quando chegamos ao nosso destino, eu fiquei esperando que ele passasse e me dei conta que estavam carregando ele na rede e isso me impressionou muito, não só porque era o Comandante, mas porque havíamos cruzado os terrenos mais impossíveis e perigosos ao seu lado. Senti muita dor vê-lo na rede. Quando passou por onde eu estava, seguro ele se deu conta do meu assombro e levantou o punho e gritou para mim: "vamos para a Copa, Holanda!", pois estávamos nas semifinais do mundial de futebol.

Nas semanas anteriores ao bombardeio, com muita frequência fazíamos simulacros nas trincheiras. Mono havia nos anunciado que viriam bombardeios massivos contra a Serrania de La Macarena, assim que os ensaios se tornaram permanentes. Você se deita, de repente chamam e você se mete o mais rápido possível na trincheira com fuzil e colete. Na noite anterior ao bombardeio fizemos essa manobra três vezes.

3

Tanja, em sua "oficina" na profundidade da selva, faz traduções de documentos das FARC em inglês. 

Na tarde de 20 de setembro havíamos tido uma reunião dos secretários. Deitei-me, houve um ensaio de trincheira, voltei a deitar e levantei-me mais tarde para cumprir a missão de vigia. Nessa noite fiquei com o terceiro turno, de dez às doze horas da noite. Durante o turno, tudo estava normal. Passou um avião, mas tudo estava normal. Deitei-me às doze horas e às duas da manhã uma bomba me despertou. Ainda que não houvesse caído muito perto de minha barraca, a bomba me despertou e eu me meti em uma trincheira, com cobertor e tudo, mas sem botas, porque depois da primeira caíram mais três, uma depois da outra. Depois fez-se um curto silêncio e eu saí da trincheira, pus as botas, o colete e o fuzil e voltei a me esconder na trincheira com raiva, pois não pude encontrar minhas lentes de contato. De repente começou o bombardeio massivo. 
Desde o começo notou-se que todo o fogo estava concentrado no bunker do camarada Jorge. Esse bunker ficava cerca de vinte e cinco metros da nossa esquadra. Todo o fogo foi concentrado ali, as primeiras descargas das bombas. Entre bomba e bomba, eu tratava de ver mas não se via nada, só escutava-se o cacarejar de uma galinha ferida. Quando passou o bombardeio massivo contra a barraca do Camarada, começaram a bombardear as esquadras; da última descarga de bombas eu nunca vou duvidar porque uma caiu a uns quatro ou cinco metros de minha barraca.

Entre descarga e descarga nós escutávamos Mono gritar. Ele permaneceu vivo depois das primeiras bombas. Chamava Quino, seu oficial de serviço, que também morreu nessa madrugada, e lhe dizia: "Quino, retire daqui todo o pessoal"! Essas foram as últimas palavras de Mono. Ali está pintado ele: Quino, retire o pessoal!...

Depois das últimas bombas, eu estava um pouco surda. Tinha o corpo dormente da cintura para cima. As mãos, os braços, tudo formigava. Na trincheira fazia um calor insuportável, então tirei a cabeça para fora da trincheira e pensei em pegar minhas coisas, a minha mochila, e aí me dei conta de que já não havia nada. Aonde estava minha barraca já não havia nada. Um pau grande e negro havia caído em cima. Tirei a cabeça um pouco mais e vi a barraca do Mono. Ela parecia, -como eu disse- um pasto, um cultivo: já não haviam árvores, não havia matas, tudo ficou arrasado. Tudo estava negro e se viam chamas por aqui e por lá...

Quando saí da trincheira disse: menos mal, tenho meu fuzil e tenho meus coletes, assim que nós vamos. O comandante de minha esquadra estava nos chamado todos e nós respondíamos, assim que se deu a ordem: Vamos saindo, rapazes! Começamos a subir por uma serrania. Éramos 17, o bombardeio já havia passado mas então chego a hora de nos metralhar. Seguimos subindo por uma hora e meia até que coroamos a serrania, e ali me pus debaixo de uma rocha. Peguei minhas lentes de contato, coloquei-as e por fim me senti pronta para o combate. Uma parte da esquadra voltou para pelejar. Tratavam de impedir que o Exército desembarcasse no acampamento, enquanto isso nós nos dedicávamos a evacuar os feridos, a sacar a comida e a munição... Gastamos quase todo o dia nisso.

Nos dias seguintes, nunca saímos da área de combate. Escutávamos os aviões, escutávamos os combates, e quase não ouvíamos rádio. Estávamos dedicados a tarefas militares. Nas explorações às vezes encontrávamos panfletos que diziam: "Morreu o terror de La Macarena, Alfonso Cano já está pensando, e você, o que vai fazer?". Nós dávamos risadas. Os que distribuíam os panfletos esqueceram que nós guerrilheiros temos uma senha: não se chora pelos mortos, mas leva-se sua memória ao próximo combate. O que se via nesses dias era essa vontade de ir ao combate.

Depois, com o passar dos dias, a tristeza chegou até a gente. Não vê que ele andava há tantos anos com a gente? Para muitos, ele era como um pai..

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Declaração de fim de ano das FARC-EP ao povo colombiano

Terça-feira, 27 dezembro, 2011

Do Secretariado do Estado Maior Central das FARC-EP


Comunicado:


Com a chegada do ano novo, as FARC-EP convidam o povo colombiano a um momento de reflexão sobre o futuro da nossa pátria. O que pode nos importar mais do que o destino de nossos filhos e do bem-estar das gerações futuras. De fato, as coisas no país não vão como para comemorar. Os reis magos desta vez não vêm para trazer a boa fortuna e carregados de tesouros, mas chegam gananciosos para levar quanta riqueza encontrarem em seu caminho.

Além disso, chegam escoltados por gigantescos aparatos militares de repressão e supressão. Defendidos por uma casta política antipatriótica, corrupta e entreguista que só pensa em seu bolso. Cheios de soberba, porque contam ao seu favor com o poderoso aparato mediático de propaganda e publicidade que representam os monopólios informativos com seus jornalistas e colunistas pagos.


A louvada retomada da economia

Quando a burguesia colombiana comemora seus recentes números do crescimento econômico, com os que quer fazer crer que os rios de leite e mel correm caudalosos por toda a nação, oculta dos colombianos que as toneladas de carvão, petróleo e gás que empurram o PIB, representam o maior saque já realizado neste solo. Poderosas empresas transnacionais aliadas com a oligarquia colombiana são os únicos beneficiários.

O aumento do investimento na agricultura não significa uma recuperação para a economia camponesa nem um alívio para o campesinato violentado, mas a expansão da agroindústria dos biocombustíveis, propriedade dos grandes monopólios. Até a tradicional classe pecuarista sofre o embate dos tratados de livre comércio que ofuscam o seu futuro. Fala-se de extrair das entranhas da terra ouro, prata, platina e urânio, entre outros, mas por grandes corporações multinacionais que exigem como pré-requisito a aniquilação da média e pequena empresa de mineração artesanal representada por centenas de milhares de famílias humildes.

O extraordinário crescimento em infra-estrutura e construção anunciado por Santos, não tem outro propósito que a criação das bases materiais para o funcionamento da expropriação dos nossos recursos e o fortalecimento dos polvos financeiros nacionais e estrangeiros. Enquanto que mais de metade da população colombiana sobrevive graças ao trabalho informal pela total ausência de oportunidades de emprego. Está demonstrado, historicamente, que as economias baseadas na mineração não geram bem-estar algum. Os postos de trabalho gerados são precários e sujeitos às mais vis formas de exploração, a única coisa que nos deixaram serão os buracos e crateras.


A desigualdade social do regime

A escandalosa aceleração da injustiça social tem sido formalmente reconhecida com o penúltimo lugar em termos de desigualdade social mundial. E isso reflete na miséria e na pobreza que invadem todos os espaços urbanos e rurais habitados, em contraste com os bairros exclusivos e fazendas pertencentes às altas esferas, ou áreas destinadas ao turismo, comercio ou sistema financeiro com as quais se pretende comparar-nos ao primeiro mundo.

A crise hospitalar generalizada, produto da privatização da saúde; as graves deficiências na educação, originadas no propósito de reduzi-la a um negócio rentável, que gere ovelhas em vez de homens e apenas as máquinas humanas insensíveis e robotizadas necessárias para aumentar os lucros dos grandes empresários; o vergonhoso déficit na habitação e condições dignas de moradia; a situação cada vez mais grave dos camponeses amedrontados pelo paramilitarismo e por hordas de soldados profissionais que ocupam ameaçadoramente extensos territórios e que não será solucionada por leis de terras concebidas para beneficiar os expropriadores e não os expropriados, constituem todas chagas que demonstram a hipocrisia das classes dominantes na Colômbia.

A cada mês, anuncia-se aos colombianos, através de alardeadas pesquisas favoráveis ao governo, que o preço da gasolina e outros combustíveis aumentarão, de forma que pagamos o litro mais caro entre os países produtores e não-produtores, apesar de extrair quase um milhão de barris de petróleo por dia do nosso solo. Por sua parte, os péssimos serviços públicos e, por acréscimo, em crise por causa do inverno e da apatia oficial, sobretaxam os usuários com altíssimas tarifas, especialmente nos itens água e energia elétrica, a ponto de causar, por obra do desespero, repetidas agressões contra as empresas prestadoras destes serviços em muitas partes do país.


A verdadeira natureza do conflito

Além de tudo é o nosso país em guerra. Esta não é mais do que o produto da decisão oficial de solução violenta, a sangue e fogo, para os graves problemas sociais e políticos que afligem vida nacional. Toda vez que o dizemos, nossos inimigos caem sobre nós com suas mídia paga, taxa-nós de querer parecer como mansas e inocentes vítimas. Não se trata de nós.

Trata-se dos 400 mil mortos enterrados para sempre na impunidade concertada pelo Frente Nacional, dos cinco milhões de desalojados e despojados de suas terras nos últimos 30 anos, dos cinco mil dirigentes, ativistas e simpatizantes da União Patriótica que serviram para destruir essa nova opção política, das mais de 200 mil vítimas do paramilitarismo fomentado pelas Forças Armadas, dos milhares e milhares de colombianos desaparecidos, torturados, encarcerados ou exilados por obra da intolerância demencial que se enraizou na Colômbia, em beneficio de um pequeno grupo de latifundiários, capitalistas, mafiosos e empresários estrangeiros.

Trata-se de todas essas vítimas do terrorismo de Estado imposto pela prática da Segurança Nacional, que ultimamente tem sido chamada de Segurança ou Prosperidade Democrática. A resistência popular e heróica luta armada guerrilheira são a expressão mais digna e elevada da rebelião e da dignidade de um povo que se recusou a aceitar docilmente o destino imposto pelos poderes dominantes.

Essa resistência e essa tem sido alvo dos maiores assaltos militares e de toda ordem por quase cinco décadas. E ainda continuam de pé, combatentes, apesar dos bilhões de dólares fornecidos pelos norteamericanos, da sua grosseira intervenção, seus recursos tecnológicos, das centenas de milhares de homens treinados para matar sem piedade, dos bombardeios devastadores, do seu fustigamento e desembarques.

Isso é o que os deixa desesperados de ódio contra nós. O que alimenta as suas mentiras e ultrajes. Que uma força de camponeses, índios, negros, estudantes e profissionais, mulheres e homens do povo mantenham suas verdades e convicções em meio ao todo poderoso domínio do grande capital transnacional e os seus regimes de morte. É por isso que se recusam a considerar a possibilidade de um diálogo sincero para a paz. Eles sabem que aqui não vão encontrar traidores dispostos a se vender, por isso insistem em suas ameaças de extermínio.


O ano que termina e o significado do que começa

Em 2011, como o previmos, foi um ano de grandes jornadas populares. Demolindo o muro do medo, da dissuasão criminoso do terrorismo de Estado, o povo se levantou contra a política neoliberal, a corrupção, a entrega da soberania, e os excessos do poder.

As vitimas do inverno, com a água no pescoço, questionaram a demagogia e a negligência do governo. Os camponeses bloquearam estradas em protesto contra as fumigações indiscriminadas e irresponsáveis que arrasaram seus cultivos. Os garimpeiros resistiram à entrega da exploração do ouro para as transnacionais. Os indígenas marcharam exigindo respeito por seu território e identidade. Organizações camponesas exigiram a restituição de terras e indenização para as vítimas da expropriação e clamaram pela paz e solução política do conflito. Caminhoneiros colocaram o governo em xeque pelo não cumprimento dos acordos para suas reivindicações. O país inteiro se indignou com a vergonhosa pilhagem dos recursos para a saúde e pelos escandalosos roubos da terceirização.

Aumentou a irritação e insatisfação pela inoperância dos serviços públicos nos setores populares, porque eles foram transformados em atividades privadas. Os cortadores de cana-de-açúcar se levantaram contra a nova escravidão que significa a chamada flexibilização trabalhista. Os petroleiros entraram em confronto com a Pacífico Rubiales que, com a cumplicidade do governo, pretende avançara na imposição da precariedade e incerteza trabalhista. O movimento estudantil, com suas portentosas marchas conseguiu frear o absurdo de Santos de privatizar a educação. Sem dúvida, o ano que termina marcou o despertar, a ascensão da luta e da mobilização do povo pelos seus direitos.

Em 2011 foram assentadas as bases da rebeldia e dignidade para enfrentar as decisivas lutas sociais e políticas de 2012, que estremecerão os alicerces do sistema apátrida que está entregando a soberania e as riquezas do país às transnacionais do capital. O TLC e as chamadas locomotivas neoliberais de desenvolvimento, não vão passar. Em pé de luta, damos as boas-vindas ao novo ano com sua percentagem de descontentamento e os anseios uma Nova Colômbia.


Os caídos na guerra

Perante o altar sagrado da pátria, oferecemos o sangue revolucionário e amoroso do comandante Alfonso Cano, caído em combate, consequentemente, na defesa dos pobres e excluídos, e pela Nova Colômbia de seus sonhos. O sacrifício heróico de milhares de guerrilheiros e líderes sociais abatidos pela intransigência atávica do regime pró-ianque, é uma força poderosa, que se soma ao anseio popular de justiça e liberdade. O povo unido, insurreto resolutamente contra o sistema que o oprime, triunfará.

Foram-se os dias de manipulação mediática e do engano. Desde as montanhas da Colômbia, um abraço para o povo que em 06 de dezembro rejeitou a marcha do ódio e da guerra, idealizada pelo Senhor Juan Manuel Santos. Sem nenhum malabarismo, poderia o presidente iludir sua responsabilidade no trágico resultado. Foi ele quem ordenou o resgate militar dos prisioneiros no departamento de Caquetá, e foi o exército que penetrou, a sangue e fogo, no acampamento, como declarou o sargento Herazo.


As conversações de paz

Nosso povo anseia pela paz; a insurgência sempre tem reivindicado a solução política do conflito. Cada vez são mais aqueles que não engolem o mentiroso conto do Palácio de Nariño; o mesmo que agora proclama que não houve massacre em Mapiripán. Por isso, a pretendida marcha contra as FARC ficou melancolicamente diluída muito antes da chuva. Juntando vontades podemos isolar os belicosos de Washington e Bogotá. Como dizia o comandante Jacobo Arenas: o destino da Colômbia não pode ser a guerra. Apoiemos todos o primeiro passo para uma solução política, representado pela troca de prisioneiros entre as partes em disputa.


A marcha que a pátria requer é a grande marcha pela paz e pela justiça social.

Em uma eventual mesa de negociação com um governo que realmente aspire à paz e não a uma rendição incondicional, sempre apresentaremos as reivindicações de justiça, soberania popular, de independência, de adoção de uma doutrina militar bolivariana, de uma nova política econômica distanciada dos desiguais postulados neoliberais, de terra para os agricultores, o respeito pelos direitos indígenas, saúde e educação gratuita, defesa do meio ambiente, revisão dos contratos injustos que favorecem as transnacionais, política internacional que privilegia a fraternidade dos povos, sentimentos que fervilham no desejo centenário dos diversos setores sociais do país.

Que continue a marcha da pátria rumo à construção de alternativas que reafirmem a soberania e a justiça. As maiorias mobilizadas não poderão ser detidas por uma minoria de traidores atravessada no caminho das mudanças políticas e sociais.

Com esta saudação de ano novo, relembrando o compromisso que assumimos com a senadora Piedad Córdoba e o prestativo grupo de mulheres que trabalham pela paz na Colômbia, informamos os nomes de três dos seis prisioneiros de guerra sob a nossa guarda a ser entregues a elas assim que se acertarem os protocolos necessários. Trata-se dos subintendentes da Polícia Nacional Jorge Trujillo Solarte e Jorge Humberto Romero Romero, e do cabo primeiro, da mesma instituição, José Libardo Forero Carrero. Em breve anunciaremos a identidade dos outros três. Esperamos que o governo nacional e a cúpula militar não voltem a repetir o ocorrido no passado 26 de novembro em Caquetá.


Secretariado do Estado Maior Central das FARC-EP
Montanhas da Colômbia, 27 de dezembro de 2011

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Saudações de fim de ano das montanhas da Colômbia

A quienes luchan por la vida, la justicia social y la dignidad,

A quienes no son los mas fuertes pero están colmados de razón;

A quienes con moral, dignidad e idealismo, se comprometen con las luchas populares;

A quienes construyen una opción para conducir su pueblo hacia destinos de igualdad y soberanía;

A quienes han tomado la decisión de nunca rendirse;

A quienes derriban fronteras por la unidad de los pueblos latinoamericanos;

A quienes sueñan con la Patria Grande, armoniosa y prospera;

Aquellos que con su acción encarnan él espíritu Bolivariano;

A los que asumen el deber Internacionalista de defender nuestra trinchera;

A nuestros compañeros y camaradas en cada rincón del mundo, va nuestro abrazo y nuestro deseos por un año pleno de logros y realizaciones.

FARC EP

MONTAÑAS DE COLOMBIA

Diciembre de 2011
Tomado de : http://www.farc-ep.co/

///////////////////////////////////////////////

Àqueles que lutam pela vida, a justiça social e a dignidade;

Àqueles que não são os mais fortes, mas estão cobertos de razão;

Àqueles que se comprometem com as lutas populares
com moral, dignidade e idealismo;

Àqueles que constroem uma opção para conduzir seu povo
para destinos de igualdade e de soberania;

Àqueles que tomaram a decisão de nunca renderem-se;

Àqueles que derrubam fronteiras pela unidade
dos povos latinoamericanos;

Àqueles que sonham com a Pátria Grande, harmoniosa e próspera;

Àqueles que, com sua ação, encarnam o Espírito Bolivariano;

Aos que assumem o dever internacionalista
de defender nossa trincheira;

Aos nossos companheiros e camaradas em cada canto do mundo,
vá o nosso abraço e nossos desejos
por um ano novo cheio de êxitos e realizações.

FARC - EP
Montanhas da Colômbia
Dezembro de 2011

A paz com justiça social é possível,‭ ‬lutemos por ela,‭ ‬No‭ ‬35

Por Juan Leonel Pérez-‭

É triste a vida na Colômbia,‭ porque enquanto uns poucos se enfeitam para o Natal e a virada do ano e fazem suntuosas compras para essas festas, em nosso país continuam morrendo guerrilheiros, soldados, policiais, lideranças populares, sindicalistas, os camponeses são enxotados de suas pequenas parcelas e o governo continua trancando com a guerra a busca da paz com justiça social pela via da solução política do conflito.

Quem se beneficia com a guerra‭?

‭Principalmente os EUA, pois sua meta é manter invadido o país e, a partir dai ameaçar a quem não aceite sua política de dominação. Também, se beneficiam os ‬fabricantes de armas, os comerciantes que as vendem, o sistema financeiro, os empresários, que pela sua vez, impedem que seus trabalhadores possam se organizar em sindicatos para lutar pelos seus direitos, os coronéis da antiga forma de exercer a dominação do povo e que entre outras coisas mandam matar a quem se atreva disputar seu poder pela via eleitoral.

Igualmente, beneficia a militares que converteram o conflito em um negócio para se enriquecer. É o caso dos "falsos positivos" consistente em que enganam jovens desempregados que moram nos barros pobres (favelas) com promessas de emprego em outros estados, bem longe. São levados e entregues aos militares que de imediato os assassinam, colocam armas e farda e os apresentam como guerrilheiros mortos em combate. Por esse crime recebem grandes recompensas em dinheiro. ‭

São os pobres os que estão morrendo, sem dúvida. pois os ricos jamais vão ao combate.

‬A seguir, os resultados da confrontação entre‭ ‬a Insurgência e as Forças Militares do Estado Colombiano,‭ ‬segundo a imprensa nacional do 08 ao 24 de dezembro de 2011‭


‬08/12:‭ ‬Diferentes ações militares das FARC contra a força pública no estado do Cauca.‭
‬http://www.elliberal.com.co/liberal/judicial/106082-hostigamientos-de-las-farc-en-varios-sectores-del-cauca-este-jueves‭

‬08/12:‭ ‬Ataque das FARC em Corinto,‭ ‬Cauca:‭ ‬1‭ ‬soldado ferido.‭
‬http://www.eltiempo.com/colombia/occidente/dos-heridos-dejo-explosion-en-corinto-en-el-norte-del-cauca‭_‬10905998-4‭

‬09/12:‭ ‬Ações simultâneas das FARC em Morales,‭ ‬Toribio,‭ ‬Cajibio,‭ ‬Argelia e Inzá,‭ ‬Cauca,‭ ‬onde a guerrilha atacou o posto policial e a Prefeitura, causando danos materiais.
http://www.elespectador.com/noticias/judicial/articulo-315701-farc-atacan-explosivos-alcaldia-inzacauca‭

‬10/12:‭ ‬FARC destrói com explosivos a fazenda de um pecuarista paramilitar, perto de Codazzi,‭ ‬Cesar.‭
‬http://www.elheraldo.co/regi-n/regi-n/farc-dinamitan-finca-en-codazzi-cesar-49199‭

‬10/12:‭ ‬FARC ataca mais uma vez o posto policial de Morales,‭ ‬Cauca.‭
‬http://www.eltiempo.com/colombia/cali/ARTICULO-WEB-NEW_NOTA_INTERIOR-10908836.html‭

‬11/12:‭ ‬Campo minado das FARC perto de Teorama,‭ ‬Norte de Santander:‭ ‬2‭ ‬militares mortos.‭
‬http://www.abc.com.py/nota/colombia-dos-militares-murieron-en-campo-minado-de-farc/‭

‬11/12:‭ ‬FARC ataca com granadas a casa do Prefeito de Planadas,‭ ‬Tolima:‭ ‬1‭ ‬policial ferido.‭
‬http://www.elpais.com.co/elpais/judicial/noticias/atentado-farc-en-meta-deja-10-personas-heridas‭

‬11/12:‭ Fortes ‬combates entre as FARC e o Exército em Montañitas,‭ ‬Caquetá:‭ ‬ao menos‭ ‬2‭ ‬soldados mortos e‭ ‬3‭ f‬eridos‭
‬http://www.abc.es/agencias/noticia.asp?noticia‭=‬1031862‭

‬15/12:‭ ‬FARC atacam Forças Militares em Corinto,‭ ‬Cauca.‭
‬http://www.rcnradio.com/noticias/editor/las-farc-hostigan-al-municipio-125882‭

‬18/12:‭ ‬FARC paralisa transporte ferroviário da mineradora do Cerrejón,‭ ‬descarrilando um trem e paralisando a exportação do carvão colombiano.‭
‬http://spanish.peopledaily.com.cn/31617/7680547.html‭

‬20/12:‭ ‬Ação das FARC em Cajibío,‭ ‬Cauca.‭
‬http://www.elpais.com.co/elpais/judicial/noticias/hostigamiento-farc-deja-catorce-casas-afectadas-en-cajibio-cauca‭

‬21/12:‭ ‬FARC derruba torre de energia perto de Campamento,‭ ‬deixando sem energia o município de Anorí,‭ ‬Antioquia.‭
‬http://www.elcolombiano.com/BancoConocimiento/A/atentado_de_farc_a_torre_dejo_sin_energia_a_anori/atentado_de_farc_a_torre_dejo_sin_energia_a_anori.asp‭

‬21/12:‭ ‬Emboscada da guerrilha em Cravo Norte,‭ ‬Arauca:‭ ‬2‭ ‬policiais mortos,‭ ‬recuperadas suas armas.‭
‬http://www.caracol.com.co/noticias/regional/asesinan-a-dos-uniformados-de-la-policia-nacional-en-cravo-norte-arauca/20111221/nota/1595896.aspx‭

‬22/12:‭ ‬FARC cobra a vida do chefe da polícia de Anorí,‭ ‬Antioquia,‭ e ferem o intendente‬.‭
‬http://www.caracol.com.co/noticias/judicial/las-farc-asesinaron-al-comandante-de-la-policia-de-anori-antioquia/20111222/nota/1596368.aspx‭

‬22/12:‭ ‬FARC queimam ônibus intermunicipal perto de Corinto,‭ ‬Cauca.‭
‬http://www.radiosantafe.com/2011/12/22/farc-asesinaron-a-dos-policias-en-arauca-en-cauca-quemaron-un-bus/‭

‬24/12:‭ Explosão‬ em Posto Policial em Timbiquí,‭ ‬Cauca:‭ ‬4‭ ‬uniformizados feridos,‭ ‬3‭ ‬de eles de gravedade.‭
‬http://www.caracol.com.co/noticias/regional/explosion-en-el-cuartel-de-policia-de-timbiqui-causa-heridas-graves-a-tres-uniformados/20111224/nota/1597078.aspx‭

‬24/12:‭ ‬FARC ataca o Exército em Anorí,‭ ‬Antioquia:‭ ‬2‭ ‬soldados mortos e‭ ‬1‭ f‬erido.‭
‬http://www.rcnradio.com/node/127313‭

‬24/12:‭ ‬FARC derruba torre de energia deixando sem eletricidade a parte de Medellín.‭
‬http://www.rcnradio.com/node/127313‭

Enviamos as nossas saudações de Natal e Ano Novo aos milhares de presos políticos que permanecem nos cárceres da Colômbia e EUA. Seguiremos lutando pela sua liberdade. Muitas felicidades, companheiras e companheiros. O futuro será nosso!

Saudações de Ano Novo.‭ ‬-‭ ‬que‭ ‬2012‭ ‬seja o ano da paz

‭‬O ano de‭ ‬2011‭ ‬termina em meio a muitas dificuldades e tragédias sociais,‭ ‬humanitárias e naturais,‭ ‬mas também com o resultado de numerosas mobilizações populares e de massas que estremeceram o país,‭ ‬em particular no segundo semestre,‭ ‬que refletem o advento de uma nova situação no panorama político e social colombiano.‭ ‬Não foi somente o renascer estupendo do movimento estudantil,‭ ‬que deteve,‭ ‬numa primeira batalha,‭ ‬a pretensão do governo de Santos de privatizar a universidade pública e de generalizar a repressão.‭

‬A Colômbia começa a colocar-se no sentido das tendências predominantes na América Latina,‭ ‬favoráveis à democracia e às posições soberanas e anti-imperialistas.‭ ‬A posição da cúpula governante de abjeção à política exterior dos Estados Unidos e de ser um esteio do império no continente‭ (‬para a nossa vergonha‭)‬,‭ ‬nada tem a ver com a força das massas que repudiam o neoliberalismo e a odiosa opressão do capital.‭ ‬Os estudantes demonstraram a rebeldia,‭ ‬que não aceita chantagens nem imposições da oligarquia nem dos grandes meios de comunicação que ousaram pressioná-los para políticas guerreiristas desgastadas de ódio.‭ ‬Tampouco o movimento sindical não se deixa seduzir pelas campanhas demagógicas da Unidade Nacional.‭

‬O surgimento da CELAC,‭ ‬a presença da UNASUL,‭ ‬a existência da ALBA e de outras expressões autônomas e integracionistas sem a presença do imperialismo norteamericano,‭ ‬são fatores suficientes que balizam o processo político latinoamericano,‭ ‬que se fortalece com governos democráticos e antineoliberais no continente.‭ ‬A Colômbia não pode seguir sendo a exceção.‭ ‬Também são exemplos a Grécia,‭ ‬Portugal,‭ ‬Espanha e outros países europeus,‭ ‬que,‭ ‬indignados,‭ ‬recusam a exploração capitalista e os abusos do sistema financeiro.‭

‬O governo de Juan Manuel Santos não representa o novo na América Latina.‭ ‬É sim a expressão do velho e desgastado,‭ ‬baseado na política neoliberal e na sujeição a Washington.‭ ‬Não é exemplo de dignidade nem de independência.‭ ‬É a continuidade da política de Uribe,‭ ‬sustentado nos interesses do capital financeiro e transnacional.‭ ‬São as mesmas formas de acumulação do capital sobre a base de governos plutocráticos e autoritários.‭ ‬As locomotivas de Santos estão em sentido contrário do interesse popular.‭ ‬O Governo hoje celebra o crescimento da economia,‭ ‬favorável aos ricos,‭ ‬mas sem orientação social.‭ ‬A crise social e a tragédia hibernal/invernal não têm soluções estruturais.‭ ‬É muita demagogia e assistência conjuntural,‭ ‬subsídios e outros benefícios assistencialistas para ter créditos na imagem midiática,‭ ‬ainda que sem o fundamental:‭ ‬as soluções estruturais e a virada para a democracia.‭

‬O Governo insiste na guerra.‭ ‬Está embriagado de triunfalismo pela morte do comandante Alfonso Cano,‭ ‬desconhecendo que não há solução militar do conflito colombiano.‭ ‬Na segunda metade de janeiro de‭ ‬2012‭ ‬acontecerão as liberações unilaterais de seis membros da Força Pública,‭ ‬solicitadas por Colombianos e Colombianas pela Paz e as personalidades femininas que acompanham este processo‭; ‬também se darão passos em direção a outras soluções humanitárias e a criar um ambiente de paz.‭

‬A guerra do império e da oligarquia colombiana está desgastada.‭ ‬Assim que o governo de Santos destinar mais sete bilhões para o confronto armado,‭ ‬a luta social em ascensão se colocará ao lado do movimento da paz com justiça social.‭ ‬2012‭ ‬será o ano da paz,‭ ‬do avanço para a democracia e dos câmbios sociais.‭ ‬É a força da luta de massas que organiza a Parada Cívica Nacional,‭ ‬na realidade,‭ ‬a única capaz de colocar a perspectiva no sentido das mudanças,‭ ‬de um novo processo político e da segunda emancipação frente ao socialismo.‭ ‬Felicidades para os homens e mulheres desta sofrida pátria que têm resistido à violência oligárquica advindas do poder.‭

‬Carlos A.‭ ‬Lozano Guillén
Diretor do Semanário VOZ
Bogotá,‭ ‬DC.‭ ‬23‭ ‬de dezembro de‭ ‬2011.‭

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Parapoliciais colombianos ficaram sem Natal!


Promotoria venezuelana declara que não é procedente a extradição de Julián Conrado!

por Arturo Ramos R.
Fonte: Anncol

Depois do silêncio sepulcral que o governo venezuelano manteve durante meses em relação à captura em território venezuelano de Julian Conrado, finalmente, Luisa Ortega Díaz, procuradora-geral do Ministério Público da Venezuela, pronunciou-se sobre a não admissibilidade da extradição do cantor e compositor para a Colômbia. A principal razão apontada pela alta funcionária é a inconsistência das razões para a prisão inicial, motivada pelo pedido da Interpol, com as alegações apresentadas posteriormente pelo governo colombiano para fundamená-la.

Se relembrarmos, Conrad foi detido sob falsas acusações, com um irritante pedido de captura da INTERPOL – não extradição – de participar de uma batalha na localidade de Parranda Seca, quando se encontrava a 2000 km de distância em El Caguán, participando como delegado nos Diálogos de Paz realizados entre as FARC-EP e o governo de Pastrana; também foi forjada o crime de extorsão telefonica. Uma vez revelada a fantástica farsa, o paragoverno de Santos tentou impor, fora do prazo e violando as disposições do direito internacional e venezuelano, a extradição com uma nova acusação, tão mal concebida como a anterior, acusando o artista de recrutamento forçado através de sua música de menores de idade para incorporá-los às fileiras insurgentes. Como se pode ver, a tortuosidade inicial do aparelho repressivo da Colômbia foi seguida de outra de maior estupidez ainda.

Embora não seja definitiva, pois cabe esperar a decisão do Supremo Tribunal, a declaração da Dra. Luisa Ortega começa a reivindicar à justiça e ao governo venezuelano neste caso, que ficou muito comprometido desde o início, enquanto Conrado foi capturado em uma operação conjunta entre as forças de inteligência colombianas e venezuelanas. Mesmo assim, logo apos sua detenção, passa a ser vítima de isolamento por vários dias e de exacervações e de processos júridicos já denunciados anteriormente. Ortega, endossou com sua opinião de acordo com a lei, que já denunciamos várias vezes. Ainda que com muita delicadeza, a Procuradora deixou a descoberto as manipulações tortuosas do sistema judiciário colombiano em sua luta contra a insurgência, ratificando à luz do direito uma das tantas inconsistências da “solicitação” de extradição.

Ortega também disse que tomaria providencias de imediato para atender os problemas de saúde do cantor, aspecto denunciado publicamente diversas vezes por muitas personalidades e coletivos dentro e fora da Venezuela. No momento da redação deste texto, sabemos que, por ordem da Procuradoria, começaram os exames médicos do cantor, que será submetido a exames mais detalhados para determinar e tratar os males que o afligem, doenças constatadas pela medica enviada pela procuradora. Apesar desta boa notícia, vale observar a demora desses procedimentos médicos e, por outro lado, a libertação recente, por problemas de saúde, dos golpistas Lázaro Forero e Henry Vivas, ex-delegados de polícia condenados de participação no golpe de estado e de assassinato em massa, bem com de Alejandro Peña Esclusa, processado por crime de terrorismo.

Não obstante, o caso continua sendo complicado enquanto ainda está pendente a desição do Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela, instância que deve tomar a decisão final. Se absolvido, como deve ser se a justiça for aplicada, Conrado enfrentará uma liberdade difícil. Sabe-se que o paramilitarismo e as forças de segurança colombianas fizeram do território venezuelano um campo de operações, como evidenciado a partir da captura, em Caracas, e transferência para o país vizinho, de Rodrigo Granda, em 2003. A própria detenção do cantor demonstra a impunidade e violação da soberania pelo governo colombiano, que alargou a sua rede de repressão, nesta nova versão do Plano Condor, para vários países. Na Venezuela, isto se pode verificar pela atitude entreguista e sipaia de alguns indivíduos da reação, como o prefeito oposicionista Emilio Graterón adversário, que anunciou a assessoria do chefão marron José Obdulio Gaviria, um dos porta-vozes “ilustres” do paramilitarismo e cão de colo de Álvaro Uribe; um indicio que confirma que a reação colombiana persiste em envolver a Venezuela em sua barbárie repressiva, desta vez simulando – ou pagando – aparentes cortesias.

Tudo leva a crer que o Natal e Ano Novo dos caçadores de recompensa – não sabemos se venezuelanos ou colombianos – será nebuloso com a declaração da alta funcionária. A mentira corre muito, mas tem pernas curtas, diz o ditado popular.

Continuemos alertas, pois ela não para de correr!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O NIVEL ÉTICO DO CONFLITO COLOMBIANO

Alberto Pinzón Sánchez
FONTE: rebelion.org

O quê que a classe dominante transnacionaliza não tem feito nestes últimos 60 anos para derrotar à Insurgência! Não tem havido tática ou estratégia política e militar (atual ou antiga, vigente ou arquivada) aconselhada pela doutrina militar dos EUA e seus aliados que não tenha sido executada no país durante todos estes anos de conflito histórico social armado, sem conseguir o objetivo alemjado, praticada amplamente pelos primeiros governos da Frente Nacional.

Guerra psicológica desenvolvida na Coréia em 1950 pelo batalhão Colômbia (Ruiz Novoa, Valencia Tovar e Matallana, etc.) e então executada amplamente em nossas montanhas e florestas. Guerra de contra-insurgência praticada na Malásia (1948-1957) pelo exército inglês para “conquistar os corações e mentes” através da combinação de ações cívico-militares, publicidade e controle de abastecimento, com napalm e forças especiais independentes aerotransportadas SAS, amplamente praticada pelos primeiros governos da Frente Nacional e hoje proclamada pelo presidente Juan Manuel Santos como “cenoura e porrete” e como a máxima estratégia final que dará a vitória sobre a odiada insurgência marxista.

Enseguida, o desenvolvimento da guerra antisubversiva no Vietnã (1946 -1973) com suas aldeias estratégicas, controle da população, censos e trabalho social (lembram dos Corpos da Paz dos anos 60 e do Instituto Lingüístico de Verão?). Aos quais, posteriormente, acrescentaria-se toda a bagagem do colonialismo francês adquirido no norte da África (especialmente Argélia)da Segurança Nacional, assimilado e enriquecido pelas ditaduras fascistas do Cone Sul da América e copiado nos anos 70 por Turbay Ayala.

Como isto tudo não produziu os resultados rápidos desejados, colocou-se em marcha a estratégia de Estado que estava sendo gestada e preparada legalmente desde 1965, e se supunha iria proporcionar a grande derrota militar e política ao satã marxista: O paramilitarismo como auxiliar do exército constitucional de meio milhão de soldados armados pelos EUA e seus aliados com a mais recente tecnologia militar e comprometido em um plano geoestratégico continental chamado Plano Colômbia / Iniciativa Regional Andina.

Seus resultados mais notáveis, após 40 anos de impunidade, são esmagadores e amplamente conhecidos em todo o mundo: 200.000 fuzilados ou desaparecidos pelo terrorismo de Estado, 7.500 prisioneiros políticos apodrecendo nas masmorras do regime, 5 milhões de deslocados, 5 milhões de hectares expropriados e uma crise humanitária e ético-moral nunca dantes vista em nossa América. Mas não veio a anúnciada vitória ou melhor: a derrota da Insurgência. Pelo contrário, está passou para a clandestinidade, tornou-se mais obscura e densa, para persistir em sua resistência às implicações militares do recentemente assinado TLC com os EUA que garantiza um prolongamento indefinido ou infinito da guerra transnacional na Colômbia.

As mortes militares de três de seus comandantes (de acordo com estatísticas oficiais uma a cada nove meses), Reyes, Jojoy, e Cano, em que se combinaram Inteligência e localização via satélite, forças especiais de milhares de homens assessorados por estrangeiros, dezenas de helicópteros e aviões de combate, bombardeios maciços e indiscriminados dirigidos por satélite em tempo real e toda a panóplia de tecnologia ultramoderna dos EUA, para decapitar a organização guerrilheira das FARC, não passou do que mais um episódio de confronto.

As forças guerrilheiras, dando um exemplo desconhecido de persistência e coerência com suas colocações, rapidamente nomearam um “substituto”, como disse Mao Tse Tung, enterraram seus mortos, limparam suas roupas do sangue e continuaram o combate.
Mas também as lágrimas de alegria de J.M. Santos sobre o corpo do comandante Alfonso Cano, o brinde triunfante dos generais, as felicitações dos diretores da CIA, DEA e do Departamento de Estado; a lamentável morte dos 3 soldados e de um polícial prisioneiros das FARC há anos, que ocorreram numa tentativa de resgate militar poucos dias depois, assim como a fracassada marcha do ódio convocada pelo governo e os militares contra as FARC. Tudo isto, juntamente com a discussão pública de tão atropelados acontecimentos, tem, finalmente, desmascarado algo subjacente na atormentada consciência dos colombianos: o nível ético (para não dizer moral) do chamado conflito colombiano e os custos morais, para não dizer ético do ódio que alimenta a chamada Vitória a todo custo sobre a demonizada Insurgência marxista, em que está empenhado o governo da Unidade Nacional uribo-santista. Ninca ninguém poderá construir a paz com o ódio.

Observando à distância as mortes dos três comandantes do Secretariado das FARC, seu aterrorizante e desproporcional bombardeio, metralha e soldados universais da força delta, só me vem à memória uma citação muito famosa e inesquecível de Che Guevara, quando afirmava que para ser um verdadeiro revolucionário, era necessário ter 50% do marxismo e do leninismo, e 50% de colhões. Que lições de valor, consequência e entrega aos princípios deixaram estes três mortos.

Além disso, eles têm demonstrado amplamente ao mundo que o medo da morte ou à prisão como sistema de governo de uma oligarquia transnacionalizado, militarista e corrupta como a colombiana, pode sim ser vencida com organização e, acima de tudo, com a vida que segue seu curso, entregando a chave da solução política e da paz ao povo para que a levante como um emblema invencível em todas as ruas, estradas e povoados da Colômbia.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Obama eleva as apostas militares: Confrontação nas fronteiras com a China e a Rússia

por James Petras

* A viragem do militarismo: Da periferia para a confrontação militar global
* A escalada da confrontação de Obama em relação à Rússia
* Entre realismo e ilusão: O realinhamento estratégico de Obama
* Conclusão

Depois de sofrer grandes derrotas militares e políticas em campos de batalha sangrentos no Afeganistão e no Iraque, de fracassar no apoio a antigos clientes no Iémen, Egipto e Tunísia e de testemunhar a desintegração de regimes fantoches na Somália e no Sudão do Sul, o regime nada aprendeu: Ao invés disso ele voltou-se rumo a maior confrontação militar com potências globais, nomeadamente a Rússia e a China. Obama adoptou uma estratégia provocativa de ofensiva militar junto às fronteiras tanto da China como da Rússia.

Depois de andar de derrota em derrota na periferia do poder mundial e não satisfeito em incorrer em défices que arruínam o tesouro na ânsia de construir um império contra países economicamente fracos, Obama abraçou uma política de cerco e provocação contra a China, a segunda maior economia do mundo e o mais importante credor dos EUA, e a Rússia, o principal fornecedor de petróleo e gás da União Europeia e a segunda mais poderosa potência do mundo em armamento nuclear.

Este documento trata da escalada altamente irracional e ameaçadora de militarismo imperial do regime Obama. Examinamos o contexto militar global, económico e político interno que motivam estas políticas. Examinamos então os múltiplos pontos de conflito e intervenção nos quais Washington está empenhada, desde o Paquistão, Irão, Líbia, Venezuela, Cuba e para além disso. Analisaremos a seguir a lógica para a escalada militar contra a Rússia e a China como parte de uma nova ofensiva que vai além do mundo árabe (Síria, Líbia) e frente à posição económica declinante da UE e dos EUA na economia global. Depois disso esboçaremos as estratégias de um império declinante, criado em guerras perpétuas, confrontando declínio económico global, descrédito interno e uma população trabalhadora a cambalear desde o desmantelamento em grande escala dos seus programas sociais básicos.

A viragem do militarismo: Da periferia para a confrontação militar global

Novembro de 2011 é um momento de grande importância histórica: Obama declarou duas importantes posições políticas, tendo ambas tremendas consequências estratégicas que afectam potências mundiais competidoras.

Obama decidiu uma política de cerco militar da China com base no estacionamento de uma armada marítima e aérea frente à costa chinesa – uma política destinada abertamente a enfraquecer e perturbar o acesso da China a matérias-primas e ligações comerciais e financeiras na Ásia. A declaração de Obama de que a Ásia é a região prioritária para a expansão militar dos EUA, a construção de bases e alianças económicas foi dirigida contra a China, desafiando Pequim nas suas próprias traseiras. O punho de ferro da declaração política de Obama, pronunciada perante o Parlamento australiano, foi clara como cristal na definição dos objectivos imperiais estado-unidenses.

"Nossos interesses duradouros na região [Ásia Pacífico] exigem nossa presença duradoura nesta região... Os Estados Unidos são uma potência do Pacífico e estamos aqui para permanecer ... Quando finalizamos as guerras de hoje [i.é, as derrotas e retiradas do Iraque e do Afeganistão]... dirigi minha equipe de segurança nacional para que assegure uma prioridade principal à nossa presença e missões na Ásia Pacífico ... Em consequência, a redução nos gastos de defesa dos EUA não será ... às expensas da Ásia Pacífico". (CNN.com, 16/Nov/2011).

A natureza precisa do que Obama chamou de "a nossa presença e missão" foi sublinhada pelo novo acordo militar com a Austrália para despachar navios e aviões de guerra e 2500 fuzileiros navais para a cidade mais a Norte da Austrália (Darwin) destinados à China. A secretária de Estado Clinton passou a maior parte de 2011 a fazer sondagens altamente provocatórias junto a países asiáticos que têm conflitos de fronteira marítima com a China. Clinton introduziu vigorosamente os EU nestas disputas, encorajando e exacerbando as exigências do Vietname, Filipinas e Brunei no Mar do Sul da China. Ainda mais gravemente, Washington está a promover seus laços militares e de vendas com o Japão, Formosa, Singapura e Coreia do Sul, bem como a aumentar a presença de navios de guerra, submarinos nucleares e sobrevoos de aviões de guerra ao longo das águas costeiras da China. Na linha da política de cerco militar e provocação, o regime Obama-Clinton está a promover acordos comerciais multilaterais que excluem a China e privilegiam corporações multinacionais dos EUA, bem como seus banqueiros e exportadores, baptizado como "Partenariado Transpacífico" ("Trans-Pacific Partnership"). Este inclui principalmente países mais pequenos, mas Obama tem a esperança de convencer o Japão e o Canadá a aderirem ...

A presença de Obama na reunião da APEC de líderes asiáticos e sua visita à Indonésia em Novembro de 2011 envolvem esforços para assegurar hegemonia estado-unidense. Obama-Clinton esperam contrariar o declínio relativo das ligações económicas estado-unidenses face ao crescimento geométrico dos laços de comércio e investimento entre a Ásia Oriental e a China.

Um exemplo recente dos esforços ilusórios, mas destrutivos, de Obama-Clinton para deliberadamente perturbar os laços económicos da China na Ásia está a ter lugar em Myanmar (Birmânia). A visita de Clinton em Dezembro de 2011 a Myanmar foi antecedida por uma decisão do regime Thein Sein de suspender um projecto de barragem no Norte do país financiado pela China Power Investment. Segundo documentos oficiais confidenciais divulgados pela WikiLeaks as "ONGs birmanesas que organizaram e conduziram a campanha contra a barragem foram fortemente financiadas pelo governo dos EUA" ( Financial Times, 02/Dez/2011, p. 2). Isto e outras actividades provocatórias e discursos de Clinton condenando "ajuda ligada" chinesa desvanecem-se em comparação aos interesses em grande escala que ligam Myanmar à China. A China é o maior parceiro comercial e investidor de Myanmar, incluindo seis outros projectos de barragens. Companhias chinesas estão a construir novas auto-estradas e linhas ferroviárias através do país, abrindo o Sudoeste da China a produtos birmaneses e a China está a construir oleodutos e portos. Há uma poderosa dinâmica de interesses económicos mútuos que não será perturbada por uma disputa ( FT, 02/Dez/2011, p.2). A crítica de Clinton dos investimentos da China, de milhares de milhões de dólares, na infraestrutura de Myanmar é um dos mais bizarros da história mundial, vindo na sequência dos oito anos de presença militar brutal de Washington no Iraque a qual destruiu US$500 mil milhões de infraestrutura iraquiana, segundo estimativas oficiais de Bagdad. Só uma administração iludida poderia imaginar que umas flores de retórica, uma visita de três dias e o financiamento de uma ONG são um contra-peso adequado aos profundos laços económicos que ligam Myanmar à China. O mesmo posicionamento ilusório acompanha todo o repertório de políticas que informam os esforços do regime Obama para deslocar o papel predominante da China na Ásia.

Se bem que a política adoptada pelo regime Obama não apresente, em si mesma, uma ameaça imediata à paz, o impacto acumulado de todos estes pronunciamentos políticos e projecções de poder militar desenvolvem-se como um esforço abrangente total para isolar, intimida e degradar a ascensão da China como uma potência regional e global. O cerco militar e as alianças, a exclusão da China nas associações económicas regionais propostas, a intervenção com tomada de partido em disputas marítimas regionais e o posicionamento de aviões de guerra tecnologicamente avançados, estão destinados a minar a competitividade da China e a compensar a inferioridade económica dos EUA através de redes políticas e económicas fechadas.

Os movimentos militares e económicos da Casa Branca e a demagogia anti-chinesa no Congresso dos EUA são claramente destinados a enfraquecer a posição comercial da China e a obrigar seus líderes voltados para os negócios a privilegiarem interesses da banca e dos negócios dos EUA além das suas próprias empresas. Levada aos seus limites, a prioridade de Obama à grande pressão militar poderia levar a uma ruptura catastrófica nas relações económicas EUA-China. Isto resultaria em consequências calamitosas, especialmente mas não exclusivamente, na economia dos EUA e particularmente no seu sistema financeiro. A China possui mais de US$1,5 milhão de milhões de dólares em dívida americana, principalmente Títulos do Tesouro, e compra a cada ano de US$200 a US$300 mil milhões de novas emissões, uma fonte vital no financiamento do défice dos EUA. Se Obama provocar uma ameaça grave aos interesses da segurança China e Pequim for forçada a responder, a retaliação não será militar mas sim económica: a liquidação de umas poucas centenas de milhares de milhões de títulos do tesouro e a redução de novas compras de dívida estado-unidense. O défice dos EUA disparará, suas classificações de crédito descerão para a categoria "lixo" e o sistema financeiro tremerá à beira do colapso. As taxas de juro para atrair novos compradores de dívida dos EUA aproximar-se-ão dos dois dígitos. As exportações chinesas para os EUA sofrerão e verificar-se-ão perdas devido à desvalorização dos Títulos do Tesouro em mãos chinesas. A China diversificou seus mercados por todo o mundo e o seu enorme mercado provavelmente poderia absorver a maior parte do que a China perdesse no exterior no caso de um recuo do mercado estado-unidense.

Enquanto Obama vaga pelo Pacífico a anunciar suas ameaças militares à China e se esforça para isolar economicamente a China do resto da Ásia, a presença económica dos EUA está a desvanecer-se rapidamente do que costumava ser o seu "quintal". Citando um jornalista do Financial Times: "A China é o único espectáculo para a América Latina" ( Financial Times, 23/Nov/2011, p.6). A China deslocou os EUA e a UE com principal parceiro comercial da América Latina; Pequim despejou milhares de milhões em novos investimentos e proporciona empréstimos com juros baixos.

O comércio da China com a Índia, Indonésia, Japão, Paquistão e Vietname está a aumentar a uma taxa muito mais rápida do que a dos EUA. O esforço estado-unidense para construir uma aliança de segurança na Ásia centrada no império baseia-se em fundamentos económicos frágeis. Mesmo a Austrália, a âncora e fulcro do ímpeto militar dos EUA na Ásia, está pesadamente dependente de exportações minerais para a China. Qualquer interrupção militar remeteria a economia australiana para um mergulho.

A economia dos EUA não está em condições de substituir a China como mercado para exportações de mercadorias asiáticas ou da Austrália. Os países asiáticos devem estar agudamente conscientes de que não há vantagem futura em ligarem-se a um império, altamente militarizado, em declínio. Obama e Clinton enganam-se a si próprios se pensam que podem atrair a Ásia para uma aliança a longo prazo. Os asiáticos estão simplesmente a utilizar as aberturas amistosas do regime Obama como um "dispositivo táctico", um truque negocial, para conseguirem melhores termos para assegurar fronteiras marítimas e territoriais com a China.

Washington está iludida se acredita que pode convencer a Ásia a romper laços económicos lucrativos a longo prazo e de grande escala com a China a fim de aderir a uma associação económica exclusiva com tão dúbias perspectivas. Qualquer "reorientação" da Ásia, desde a China até os EUA, exigiria mais do que a presença de força naval e aerotransportada apontada para a China. Exigiria a reestruturação tal das economias dos países asiáticos, da estrutura de classe e da elite militar. Os mais poderosos grupos empresariais da Ásia têm profundas e crescentes ligações com a China/Hong Kong, especialmente entre as dinâmicas elites de negócios transnacionais chinesas na região. Uma viragem em direcção a Washington implica uma contra-revolução maciça, que substitua "compradores" coloniais por empresários estabelecidos. Quando muito alguns oficiais militares asiáticos treinados nos EUA, economistas e antigos financeiros da Wall Street e bilionários podem procurar "equilibrar" uma presença militar estado-unidense com poder económico chinês, mas eles devem perceber que em última análise a vantagem está em desenvolver uma solução asiática.

A era dos "capitalistas compradores" asiáticos, desejosos de liquidar a indústria nacional e a soberania em troca de acesso privilegiado a mercados dos EUA, é história antiga. Qualquer que seja o ilimitado entusiasmo por consumismo de luxo e estilos de vida ocidentais, os quais os novos ricos da Ásia e da China celebram descuidadamente, qualquer que seja a aceitação das desigualdades e da exploração capitalista selvagem do trabalho, há o reconhecimento de que a história passada da dominação estado-unidense e europeia impediu o crescimento e o enriquecimento de uma burguesia e classe média indígenas. Os discursos e pronunciamentos de Obama e Clinton exalam nostalgia por um passado de supervisores neocoloniais e compradores colaboracionistas – uma ilusão tola. Suas tentativas de realismo político assumem uma feição bizarra ao imaginarem que posicionamentos militares e projecções de força armada reduzirão a China a um actor marginal na região.

A escalada da confrontação de Obama em relação à Rússia

O regime Obama lançou uma grande investida militar frontal sobre as fronteiras da Rússia. Os EUA avançaram sítios de mísseis e bases da Força Aérea na Polónia, Roménia, Turquia, Espanha, República Checa e Bulgária: complexos de mísseis anti-aéreos Patriot PAC-3 na Polónia; radar avançado AN/PPY-2 na Turquia e vários mísseis (SM-3 IA) embarcados em navios de guerra na Espanha estão entre as armas mais importantes que cercam a Rússia, a maior apenas a minutos do seu alvo estratégico. Em segundo lugar, o regime Obama fez um enorme esforço para assegurar e expandir bases militares dos EUA na Ásia Central entre antigas repúblicas soviéticas. Em terceiro, Washington, através da NATO, lançou grandes operações económicas e militares contra os principais parceiros comerciais da Rússia na África do Norte e Médio Oriente. A guerra da NATO contra a Líbia, que derrubou o regime Kadafi, paralisou ou anulou investimentos russos de milhares de milhões de dólares em petróleo e gás, vendas de armas e substituiu o antigo regime amigo da Rússia por um fantoche da NATO.

As sanções económicas ONU-NATO e a actividade terrorista clandestina EUA-Israel contra o Irão minaram o lucrativo comércio nuclear da Rússia, de milhares de milhões de dólares, e empreendimentos petrolíferos conjuntos. A NATO, incluindo a Turquia, apoiada pelas ditaduras monárquicas do Golfo, impuseram duras sanções e financiaram assaltos terroristas à Síria, o último aliado remanescente da Rússia na região e onde ela tem a sua única instalação naval (Tartus) no Mar Mediterrâneo. A anterior colaboração da Rússia com a NATO enfraquecendo a sua própria posição económica e de segurança é produto da monumental má interpretação da NATO e especialmente das políticas imperiais de Obama. O presidente russo Medvedev e seu antigo ministro dos Estrangeiros, Sergey Lavrov, assumiram erradamente (tal como Gorbachev e Yeltsin antes deles) que apoiar políticas da NATO contra parceiros comerciais da Rússia resultaria em alguma espécie de "reciprocidade". o desmantelamento americano da sua ofensiva "missile shield" nas suas fronteiras e apoio para a admissão da Rússia na Organização Mundial do Comércio. Medvedev, seguindo suas liberais ilusões pró ocidentais, entrou na linha e apoiou sanções estado-unidenses-israelenses contra o Irão, acreditando nos contos de um "programa de armas nucleares". A seguir Lavrov entrou na linha da NATO de "zonas de interdição de voo para proteger vidas de civis líbios" e votou a favor, só com um "protesto" delicado, demasiado tardio, de que a NATO estava a "exceder o seu mandato" ao bombardear a Líbia, regredi-la à Idade Média e instalar um regime fantoche pró NATO de patifes e fundamentalistas. Finalmente, quando os EUA apontaram um punhal ao coração da Rússia, fazendo um enorme esforço para instalar sítios de lançamento de mísseis a 5 minutos de Moscovo ao mesmo tempo que organizava assaltos armados à Síria, a dupla Medvedev-Lavrov acordou do seu estupor e opôs-se a sanções da ONU. Medvedev ameaçou abandonar o tratado de redução de mísseis nucleares (START) e colocar mísseis de médio alcance a 5 minutos de Berlim, Paris e Londres.

A política de consolidação e cooperação de Medvedev-Lavrov, baseada na retórica de Obama de "redefinição de relações" ("resetting relations") encoraja a agressiva construção do império: Cada capitulação levava a uma nova agressão. Em consequência, a Rússia está cercada por mísseis na sua fronteira ocidental; ela sofreu perdas entre os seus principais parceiros comerciais no Médio Oriente e enfrenta bases dos EUA no Sudoeste e na Ásia Central.

Tardiamente responsáveis russos mexeram-se para substituir o iludido Medvedev pelo realista Putin, como presidente seguinte. Esta mudança para uma política realista previsivelmente provocou uma onda de hostilidade a Putin em todos os media ocidentais. A agressiva política de Obama para isolar a Rússia através da minagem de regimes independentes não afectou, contudo, o status da Rússia como potência com armas nucleares. Ela apenas aumentou tensões na Europa e talvez tenha encerrado qualquer oportunidade futura de redução pacífica de armas nucleares ou esforços para assegurar um consenso no Conselho de Segurança da ONU sobre questões de resolução pacífica de conflitos. Washington, sob Obama-Clinton, transformou a Rússia de um cliente acomodatício num grande adversário.

Putin encara o aprofundamento e expansão de laços com o Leste, nomeadmente a China, face às ameaças do Ocidente. A combinação de tecnologia de armas avançadas e recursos energéticos russos e de dinâmica manufactureira e crescimento industrial chinês são mais do que suficientes para as economias infestadas de crise dos EUA e da UE a chafurdarem na estagnação.

A confrontação militar de Obama contra a Rússia prejudicará muito acesso da mesma a matérias-primas e impedirá definitivamente qualquer acordo estratégico de segurança a longo prazo, o qual seria útil para reduzir o défice e reviver a economia estado-unidense.

Entre realismo e ilusão: O realinhamento estratégico de Obama

O reconhecimento de Obama de que o centro presente e futuro da política e do poder económico está a mover-se inexoravelmente para a Ásia foi um lampejo de realismo político. Depois de durante uma década despejar centenas de milhares de milhões de dólares em aventuras militares nas margens e na periferia da política mundial, Washington finalmente descobriu que não é o lugar onde o destino das nações, especialmente as Grandes Potências, será decidido, excepto num sentido negativo – de sangria recursos sobre causas perdidas. O novo realismo e prioridades de Obama aparentemente estão centrados no Sudeste e Nordeste da Ásia, onde economias dinâmicas florescem, mercados estão em crescimento a uma taxa com dois dígitos, investidores preparam dezenas de milhares de milhões de actividade produtiva e o comércio expande-se três vezes mais do que o dos EUA e da UE.

Mas o "Novo realismo" de Obama é destruído por suposições totalmente ilusórias, as quais minam quaisquer esforços sérios para realinhar a política dos EUA.

Em primeiro lugar, o esforço de Obama para "entrar" na Ásia é através de uma acumulação de meios militares e não através de um aperfeiçoamento e melhoria da competitividade económica estado-unidense. O que é que os EUA produzem para os países asiáticos que promova sua fatia de mercado? Além de armas, aviões e agricultura, os EUA têm poucas indústrias competitivas. Os EUA teriam de reorientar amplamente sua economia, melhorar o trabalho qualificado e transferir milhares de milhões da "segurança" e do militarismo para a aplicação de inovações. Mas Obama trabalha dentro do actual complexo financeiro militarista-sionista. Ele não conhece qualquer outro e é incapaz de romper com ele.

Em segundo lugar, Obama-Clinton operam sob a ilusão de que os EUA podem excluir a China ou minimizar o seu papel na Ásia, uma política que é enfraquecida pelo investimento enorme e crescente, e a presença, de todas as grandes corporações multinacionais dos EUA na China, as quais utilizam-na como uma plataforma de exportação para a Ásia e o resto do mundo.

A acumulação militar dos EUA e a sua política de intimidação forçarão a China a reduzir o seu papel como credor que financia a dívida estado-unidense, uma política que a China pode realizar porque o mercado dos EUA, se bem que ainda importante, está em declínio, pois a China expande a sua presença no seu mercado interno e nos da Ásia, América Latina e Europa.

O que antes parecia ser Novo realismo revela-se agora ser a reciclagem de Velhas ilusões. A noção de que os EUA podem voltar a ser a Potência suprema no Pacífico era do pós Segunda Guerra Mundial. As tentativas dos EUA sob Obama-Clinton para retornar à dominação do Pacífico, com uma economia avariada, com o fardo de uma economia super-militarizada e com grandes desvantagens estratégicas: Ao longo da última década a política externa dos Estados Unidos esteve nas mãos da quinta coluna de Israel (o "lobby" israelense). Toda a classe política estado-unidense é destituída de senso comum, prático e projecto nacional. Eles estão imersos em debates trogloditas sobre "detenções indefinidas" e "expulsões em massa de imigrantes". Pior: estão todos nas folhas de pagamento de corporações privadas que vendem nos EUA e investem na China.

Por que Obama renunciaria a guerras custosas na periferia não lucrativa e a seguir promoveria a mesma metafísica militar no centro dinâmico do universo económico mundial? Será que Barack Obama e seus conselheiros acreditam que ele é o Segundo Advento do Almirante Perry, cujos navios de guerra no século XIX através de bloqueios obrigaram a Ásia a abrir-se ao comércio ocidental? Acreditará ele que alianças militares serão a primeira etapa para um período subsequente de presença económica privilegiada?

Acreditará Obama que o seu regime pode bloquear a China, tal como Washington fez com o Japão nos dias que precederam a Segunda Guerra Mundial? É demasiado tarde. A China é muito mais central para a economia do mundo, demasiado vital mesmo para o financiamento da dívida dos EUA, demasiado soldada às corporações multinacionais do Forbes 500. Provocar a China, mesmo fantasiar acerca da "exclusão" económica para deitar abaixo a China, é perseguir políticas que abalarão totalmente a economia mundial, em primeiro lugar e acima de tudo a economia dos EUA!

Conclusão

O "realismo de pacotilha" de Obama, sua comutação das guerra no mundo muçulmano para a confrontação militar na Ásia, não tem valor intrínseco e coloca custos extrínsecos extraordinários. Os métodos militares e os objectivos económicos são totalmente incompatíveis e para além da capacidade dos EUA, como estão actualmente constituídos. As políticas de Washington não "enfraquecerão" a Rússia ou a China, muito menos a intimidarão. Ao invés disso, irá encorajar ambos a adoptarem posições mais adversas, tornando menos provável que ajudem as guerras sequenciais de Obama em proveito de Israel. A Rússia já enviou navios de guerra ao seu porto na Síria, recusou-se a apoiar um embargo de armas contra a Síria e o Irão e (em retrospectiva) criticou a guerra da NATO contra a Líbia. A China e a Rússia têm demasiados laços estratégicos com a economia do mundo para sofrerem quaisquer grandes perdas de uma série de postos avançados militares dos EUA e de alianças "exclusivas". A Rússia pode apontar tantos mísseis nucleares para o ocidente quanto os EUA podem montá-los nas suas bases na Europa do Leste.

Por outras palavras, a escalada militar de Obama não mudará o equilíbrio de poder nuclear, mas levará a Rússia e a China para uma relação mais estreita e aliança mais profunda. Ultrapassados estão os dias da estratégia "divida e conquista" de Kissinger-Nixon contrapondo acordos comerciais EUA-China contra armas russas. Washington exagerou totalmente a significância das actuais querelas marítimas entre a China e seus vizinhos. O que os une em termos económicos é muito mais importante no médio e longo prazo. As ligações económicas asiáticas da China desgastarão quaisquer ténues ligações militares aos EUA.

O "realismo de pacotilha" de Obama vê o mercado mundial através de lentes militares. A arrogância militar em relação à Ásia levou à ruptura com o Paquistão, seu regime cliente mais dócil na Ásia. A NATO deliberadamente chacinou 24 soldados paquistaneses e esfregou-os no nariz dos generais paquistaneses, ao passo que a China e a Rússia condenaram o ataque e ganharam influência.

No final das contas, o posicionamento militar e excludente da China fracassará. Washington exagerou a sua mão e afugentou da sua anterior orientação para os negócios os parceiros asiáticos, os quais só querem utilizar a presença militar dos EUA para ganharem vantagem económica táctica. Eles certamente não querem uma nova "Guerra fria" instigada pelos EUA que divida e enfraqueça o dinâmico comércio e investimento intra-asiático. Obama e os seus apaniguados aprenderão rapidamente que os actuais líderes da Ásia não têm aliados permanentes – apenas interesses permanentes. Na análise final, a China apresenta-se de forma destacada na configuração de uma nova economia mundial centro-asiáticas. Washington pode afirmar ter uma "presença permanente no Pacífico" mas até que demonstre que pode cuidar do seu "negócio básico em casa", como reparar as suas próprias finanças e equilibrar seus défices de transacções correntes, o comando naval dos EUA pode acabar por arrendar suas instalações marítimas a exportadores transportadores asiáticos, que transportam bens para eles, e protegendo-os perseguindo piratas, contrabandistas e narco-traficantes.

Se chegar a pensar acerca disto, Obama pode reduzir o défice comercial dos EUA com a Ásia pelo arrendamento da Sétima Frota a fim de patrulhar estreitos, ao invés de desperdiçar o dinheiro do contribuinte estado-unidense a intimidar potências económicas asiáticas.
O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=28144

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

sábado, 17 de dezembro de 2011

Carta de Timoleón Jimenéz ao Gral. Valencia Tovar


FUERZAS ARMADAS REVOLUCIONARIAS DE COLOMBIA
EJÉRCITO DEL PUEBLO
FARC – EP


General Valencia Tovar:


Lamento profundamente que a erudição política e histórica do autor de “O ser guerreiro do Libertador”, que o camarada Jacobo Arenas valorizada altamente e que ordenou editar e reeditar como texto de estudo em nossa organização revolucionária armada, no fim de sua vida sofresse um desgate na pobreza de argumentos com os quais escreve para me convidar para a deserção.

Se o Sr. solicitar ao serviço de inteligência militar a relação dos Comunicados do Secretariado Nacional das FARC nos últimos 25 anos, vai encontrar facilmente que o pseudônimo que me atribui nunca foi utilizado por mim. A Guerra Fria e seu componente ideológico, a Doutrina de Segurança Nacional, que o senhor tanto valoriza, o dotaram de um anticomunismo tão raivoso que, enquanto o Presidente Roosevelt e o primeiro-ministro britânico Churchill recorreram sem hesitação à União Soviética a fim de salvar suas economias e países do totalitarismo nazista, o senhor o destila contra os heróis do Exército Vermelho que fizeram possível tal façanha.

Nas FARC, aproximamos-nos dos 48 anos de luta continua. Se isso nos transforma em obsoletos, o quê se poderia dizer do senhor, que no final dos anos cinquênta já tentava fazer com Ciro Trujillo o que tenta fazer comigo hoje. Nossa plataforma para um novo governo de Reconciliação e Reconstrução Nacional, produzido na Oitava Conferência Nacional, em 1993, e adotado como programa de luta do Movimento Bolivariano pela Nova Colômbia, contém algumas propostas de país e sociedade que o senhor, aparentemente, não conhece e recomendo que as estude para poder falar com alguma propriedade sobre nossos conceitos e idéias.

Permito-me, assim como milhões e milhões de colombianos, duvidar da sua objetividade sobre o desenvolvimento da guerra interna travada na Colômbia, assim como do reconhecimento do senhor para com sinistros personagens como Álvaro Uribe e os generais que menciona. Por muitos que sejam os crimes que tenta imputar-nos, jamais poderão esconder perante o país e o mundo a horrenda hecatombe e o sangrento desastre que o nosso país tem sofrido por obra do militarismo e do paramilitarismo, que homens como o senhor tem patrocinado durante toda a vida na esfera privada e negado publicamente.

Não deixa de me surpreender que uma insurgência em debandada como o senhor descreve, tenha que ser combatida com um orçamento e um exército tão grandes, que a cada ano aumenta em recursos financeiros e poderio. Nem que um Estabelecimento tão bem aferrado ao poder, com tamanho poder mediático de dominação, se veja forçado a apelar para veteranos mumificados em sua vida como o senhor, para tentar conseguir o que não pode com suas operações militares. Quando o senhor ordenou ocultar o corpo do padre Camilo Torres, nem sequer imaginava que 45 anos depois, seus êmulos ocultariam da mesma forma os cadáveres de outros gigantescos comandantes guerrilheiros. Os generais que agora agem como o senhor, não tem a menor idéia do que este povo sofrido, empobrecido e perseguido, será capaz de obter no amanhã.

Estou ciente, senhor General em uso de confortável aposentadoria, da enorme responsabilidade perante o povo da Colômbia, perante meus homens, minha patria e a história, o que significa assumir o comando das FARC - Exército do Povo. Poderá compreender então por quê não posso deixar de sorrir com tristeza para os cantos de sereia de traição que um antigo homem de armas se atreve a me dirigir.


Cordialmente,

Timoleón Jiménez
Comandante do Estado Maior Central das FARC-EP
Montanhas da Colômbia, 11 de dezembro de 2011

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A paz com justiça social é possível, lutemos por ela, No 34

Quinze ações militares, uma a cada dia, 11 militares mortos e 9 feridos; um guerrilheiro morto, são o resultado dos combates entre as Forças Militares e a Insurgência das FARC e o ELN, segundo o publicado pela imprensa nacional e internacional do 22 de novembro ao 07 de dezembro de 2011

Entre os mortos, três militares e um policial que estavam em poder das FARC. Sua morte se produz em um intento de resgate pelas Forças Militares. O mias grave é que morrem quando a Insurgência preparava condições para entregá-los a facilitadoras internacionais, encabeçadas por Piedad Cordoba.

Vários dos prisioneiros em poder das FARC passaram já 14 anos como prisioneiros de guerra. A Insurgência os cuida como se cuida um prisioneiro, como o demonstram todos os liberados (mais de trezentos), boa saúde, bom estado físico e mental que lhes permite de imediato reassumir suas atividades.

Indigna que o Estado e os governantes preferiram a morte desses compatriotas em uma ação militar oficial e não uma troca de prisioneiros em poder das partes em conflito, ação proposta pela Insurgência desde há mais de 14 anos e, continua insistindo nela.

Mais uma vez a Insurgência anuncia a liberação de outros prisioneiros. Tomara que o Presidente Santos facilite essa liberação dando as garantias necessárias e não ordene outro operativo militar de resgate.

Muito positivo que as facilitadoras internacionais visitem as presas e os presos políticos, que já chegam a 9000 e que se encontram em condições desumanas nos cárceres de Colômbia e dos EUA.

As forças democráticas, tanto em nível nacional quanto internacional temos que seguir lutando pela paz com justiça social, que tanto anseia o povo colombiano.

22/11: Campo minado das FARC perto de Tumaco, Nariño: 3 militares mortos.

http://www.caracol.com.co/noticias/judicial/tres-militares-muertos-por-campo-minado-en-area-rural-de-tumaco/20111122/nota/1581868.aspx

22/11: Combates entre o ELN e a Policia em Túquerres, Nariño: 1 uniformado gravemente ferido e 1 guerrilheiro morto.

http://www.caracol.com.co/noticias/judicial/tres-militares-muertos-por-campo-minado-en-area-rural-de-tumaco/20111122/nota/1581868.aspx

23/11: Em menos de 24 horas, as FARC dinamitaram por segunda vez vários tramos do oleoducto Transandino em El Putumayo.

http://www.radiosantafe.com/2011/11/23/dinamitado-oleoducto-trasandino-en-el-putumayo/

25/11: Guerrilheiros da Frente 36 das FARC atacam o Exército perto de Valdivia, Antioquia: 2 soldados mortos e 1 ferido.

http://www.caracol.com.co/noticias/judicial/farc-mataron-a-dos-soldados-en-valdivia-norte-de-santander/20111125/nota/1583477.aspx

26/11: Fracassa intento de resgate a sangue e fogo por parte do regime: morrem 1 militar e 3 policiais em poder das FARC, entre eles 1 Coronel e 1 Major.

http://www.prensalatina.cu/index.php?option=com_content&task=view&id=453987&Itemid=1

30/11: Guerrilheiros das FARC quemam 2 fazendas do prefeito de Urrao, Antioquia.

http://www.eltiempo.com/colombia/medellin/las-farc-queman-dos-fincas-del-alcalde-de-urrao-antioquia_10857985-4

30/11: Carro-bomba das FARC mantem bloqueada a via Neiva-Vegalarga, Huila.

http://www.eltiempo.com/colombia/otraszonas/carro-bomba-con-letreros-de-las-farc-amenaza-zona-rural-de-neiva_10860945-4

01/12: FARC ataca a patrulha militar em López de Micay, Cauca: 2 soldados mortos e 1 ferido.

http://www.elliberal.com.co/liberal/judicial/105854-dos-militares-y-un-civil-perdieron-la-vida-tras-ataque-guerrillero-en-lopez-de-micay

03/12: FARC atacan con explosivos una patrulla de la Policía en Neiva, Huila: 6 uniformados heridos.

http://www.caracol.com.co/noticias/judicial/ataque-con-explosivos-deja-seis-policias-y-cuatro-civiles-heridos-en-neiva/20111203/nota/1587519.aspx

03/12: Guerrilheiros da VI Frente das FARC destroem posto policial no município de Patía, Cauca: ao menos 4 uniformados gravemente feridos.

http://www.semana.com/nacion/cuatro-policias-heridos-dejo-ataque-farc-cauca/168587-3.aspx

04/12: FARC ataca o posto policial em San Calixto, Norte de Santander, causando graves danos.

http://www.radiosantafe.com/2011/12/04/farc-proponen-la-paz-pero-arrecian-ataques-terroristas/

04/12: Outro ataque das FARC no Catatumbo, esta vez contra posto policial perto de Tibú.

http://www.elespectador.com/noticias/judicial/articulo-314900-farc-ataca-dos-poblaciones-el-catatumbo

06/12: FARC queima caçamba de empresa transportadora de asfalto na via La Plata-La Argentina, Huila.

http://www.eltiempo.com/colombia/otraszonas/ARTICULO-WEB-NEW_NOTA_INTERIOR-10898886.html

06/12: FARC ataca posto policial em Morales, Cauca: ao menos 1 uniformado ferido.

http://www.elpais.com.co/elpais/colombia/noticias/ataque-farc-en-morales-cacua-deja-policia-herido

07/12: Em barreira das FARC em El Cesar, guerrilheiros queimam 3 caminhões.

http://www.elheraldo.co/regi-n/farc-quemaron-3-camiones-en-becerril-cesar-48899

Colômbia merece .a paz. E é possível conquistá-la, temos que ganhar muitas mentes lúcidas e muitos corações sensíveis para evitar o derramamento de sangue que enluta o país.

A DESMOBILIZAÇÃO DOS COMBATENTES DAS FARC É IMPOSSÍVEL!

Sergio Camargo*

Jornalista e escritor


O mundo dirigido pelos fascistas está em festa e não é para menos, pois um país rico em petróleo e outras riquezas acaba de ser destruído e seus principais lideres e uma parte do seu povo assassinados, enquanto que outros governos da África, Ásia e América obedecem aos desígnios do império sem pestanejar, agravando ainda mais o empobrecimento dos seus povos, da sua cultura, da honra e da dignidade.

Com relação à guerra civil colombiana, que leva cerca de 191 anos e que foi declarada mais nitidamente a partir de 1960, quando os contingentes rebeldes tomaram forma e se tornaram grupos político-militares com a ideologia comunista – com excessão de um caso – para confrontar o poder oligárquico dominante na tentativa de recuperar o poder que o bipartidarismo, liberal e conservador, conseguiram arrancar do povo colombiano através do crime, da barbárie, da corrupção e da fraude, em meados do século XIX.

Homens e mulheres valentes, gloriosos, honestos e determinados, empunharam o fuzil para criar as duas guerrilhas mais importantes do país e do continente americano para combater esse lumpem oligarca colombiano, pois está classe dominante, representada pelo bipartidarismo, não deixava outra escolha. Sua dita democracia contaminava com sangue, com violações de todos os tipos, com corrupção, com exclusão e racismo. Nasciam nesse momento os movimentos político-militares: Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC-EP) e Exército de Libertação Nacional (ELN).

A violência imposta pela classe dominante, após quase um século,a todo um povo, desta vez era confrontada por uma parte dessa classe explorada e vilipendiada que não mais engole as coisas inteiras, que já não admitia tanta vilania e traição. Esse bipartidarismo pestilento rodeado de uma minoria de colombianos e sustentado pelas forças armadas e polícia inteiramente entregues ao banditismo e ao crime sem limites, sentiu medo, sentiu terror e, como um monstro ferido, correu para o abismo da guerra suja e desenfreada como solução rápida para salvaguardar os seus enormes interesses e em nenhum momento pensou racionalmente em deter a confrontação matando seus erros, abrindo espaço para as maiorias e abrindo e ampliando um diálogo produtivo para o benefício de todas e todos.

Mas não é somente essa pestilenta classe colombiana no poder, desde sempre e para sempre, sentiu o terror do despertar de uma parte do povo em armas, mas o império, em sua imensa sujeira e ganância, em sua eterna luta para submeter seus semelhantes que considera inferiores, aterrorizou-se e sentiu medo, a "democracia" colombiana deveria ser armada, assessorada e aconselhada uma vez mais e como mais assiduiade, para que enfrentasse e eliminasse o comunismo que chegava ao continente para roubar sua "liberdade", a sua “democracia" e sua "paz". Não se permitiria uma outra Cuba. Não senhor!

A incruenta guerra continuava na Colômbia, mas desta vez não mais entre grupos armados pertencentes ao Partido Liberal e esquadrões da morte pagos pelo Partido Conservador, incluindo forças militares e policiais. Não, desta vez era entre sistema bipartidário, composto por liberais e conservadores e que tinha feito a paz militar para assim distribuir o poder e as gabelas ganhas por estar no poder, contra um guerrilha de esquerda que falava e se expressa em nome dos milhões de colombianos excluídos e sem voz e que o corrupto poder oligárquico nunca quis ouvir. E por acaso alguma vez ous escutou?

Na ausência de uma reforma agrária, o regime ditatorial reforçava suas forças de repressão na ausência de soluções para os problemas sociais e econômicos da maioria, o regime – que é a própria oligarquia – reprimia, assassinando e encarcelando as lideranças populares e os opositores, para a falta de emprego, o regime atiçou a criação e manutenção dos esquadrões da morte, camuflados em grupos privados de vigilância (Convivir), para cuidar e proteger os proprietários de terras, empresários, banqueiros, corporações multinacionais e seus interesses. Contra a falta de um ensino gratuito e de qualidade, a oligarquia político, econômica e militar continuou deixando nas mãos da oligarquia eclesiástica as formas de subjugar o povo e torná-lo mais crente, pacífico e idiota, assim a fome e a miséria seguem seu caminho devastador, pois é melhor ver um pobre com fome e com a Bíblia debaixo do braço, do que com um fuzil defendendo seus direitos. Para a falta de informação fidedigna, a oligarquia soube impor ao povo, através de seus próprios meios de comunicação, a mentira, a morbidade, a baixeza e a pornografia. Fazendo-os acreditar que a guerra é boa e conveniente quando ele matam e destroem e é horrível e injusta quando os revolucionários da verdade a aplicam como a única solução para os grandes males.

Os diálogos e negociações em São Vicente del Caguán, entre a oligarquia e as FARC-EP, serviram somente para que esta putrefata elite fosse se aprontando para endurecer a guerra, que por ordem imperial dos EUA, se daria com modernidade, mais feroz e mais democrática, pois já não apenas os rebeldes em armas seriam assassinados com a tecnologia de ponta proveniente do império, mas os líderes populares, liderese camponseses e indígenas, sindicalistas, jornalistas alternativos e honestos opositores políticos, entre outros, cairiam sob as balas das forças de repressão e esquadrões da morte, ambos a serviço deste regime ditatorial, e tudo isso na mais completa impunidade e silêncio cumplice da comunidade internacional – Estados Unidos, Inglaterra e França.

Hoje, a Colômbia é dirigida pela máfia. Uma mafia entregue ao tráfico de drogas, à prostituição e ao crime. O país, dirigido por essa oligarquia mafiosa, esta entregue aos interesses imperialistas, que, por sua vez, a protege com armamento moderno e a ajuda a eliminar os rebeldes de todos os tipos. Esta oligarquia não sabe o quê é um diálogo, não tem essa cultura, nem o procura. A elite colombiana possui a cultura da guerra e, enganando, chantageando ou subornando conseguem seus objetivos. Por isso é que a maioria de seus cidadãos estão resignados, submetem-se ou caso contrário desaparecem.

Os guerrilheiros das FARC-EP e do ELN, estão cientes de que uma desmobilização significa desaparecer fisicamente. Os milhares de combatentes sofreriam processos piores do contra criminosos e seriam condenados sem piedade e imparcialidede e os muitos que pudessem salvar-se de penas vingativas e assassinatos, passariam a engrossar a enorme massa de desempregados, sem teto, sem direito à saúde ou educação e seriam eternamente perseguido por políticos, empresários, latifundiários e seus esquadrões da morte.

Os Comandantes, exceto alguns casos de extrema obediência, seriam processados – se estiverem vivos – e seus atos de guerra revolucionária, colocados na arena pública e tratados como atos criminosos de terroristas, sem ideologia e, coitados daqueles que defendam a sua causa revolucionário, pois imediatamente lhes seriam criados expedientes onde se "comprovaria" o seu envolvimento no tráfico de drogas, e o império, com todo o seu moral que é devido, pediria a extradição para condená-los por tráfico de drogas.

E, como no caso do comandante Simon Trinidad (condenado nos EUA a 60 anos por seqüestro), em que não conseguiram provar o crime de tráfico de drogas, os comandantes seriam acusados de atentar contra os interesses dos Estados Unidos e seriam condenados a sessenta , oitenta, ou talvez 200 anos, por ser verdadeiros revolucionários socialistas, embora a guerrilha colombiana nunca tenha colocado em perigo a segurança de qualquer país do mundo, nem dos 40 milhões de colombianos que vivem na pobreza e abandono.

NOTA: A democracia colombiana é sui generis, 95% dos seus políticos estão associados com a máfia e o crime organizado; suas forças armadas e policiais comportam-se com a população civil pior do que um exército de ocupação e os sucessivos governos obedecem à risca as ordens emitidas pelo regime norte-americano... A imprensa é livre copia e publica diariamente tudo o que “informa” a imprensa imperialista.


09 de novembro de 2011
-----------------------------------------------

* Sergio Camargo, é autor de: Democracia Real Universal e O Narcotraficante N.º 82 Álvaro Uribe Velez. Foi editor da revista Universo Latino e autor de numerosos artigos sobre a realidade latinoamericana e mundial.

Declaração do 13º Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários

Terça 13 de Dezembro de 2011

O 13º Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários realizou-se em Atenas, de 9 a 11 de Dezembro, 2011 com o tema “O Socialismo é o futuro!”

A situação internacional e as experiências dos comunistas, 20 anos após a contra-revolução na URSS. As tarefas para o desenvolvimento da luta de classes nas condições da crise capitalista e das guerras imperialistas, as atuais lutas e levantamentos populares pelos direitos operário-populares, o fortalecimento do internacionalismo proletário e da frente anti-imperialista, pelo derrube do capitalismo e a construção do capitalismo.

O Encontro contou com a participação de 78 Partidos, de 59 países. Vários Partidos que, por motivos alheios à sua vontade, não puderam estar presentes, enviaram mensagens escritas. Saudamos, a partir de Atenas, as crescentes lutas populares, das quais resulta um enorme potencial emancipador contra o imperialismo, contra a exploração e opressão capitalistas e pelos direitos sociais, laborais e à segurança social dos trabalhadores de todo o mundo.

O Encontro realizou-se em condições complexas, em que a situação internacional continua dominada pela persistente e cada vez mais profunda crise capitalista, bem como pela escalada da agressividade do imperialismo expressa nas decisões da Cúpula de Lisboa que aprovou o novo conceito estratégico da OTAN. Esta realidade confirma as análises das declarações dos X, XI e XII Encontros Internacionais, realizados no Brasil (São Paulo) em 2008, na Índia (Nova Delhi) em 2009 e na África do Sul (Tshwane) em 2010.

Torna-se crescentemente óbvio para milhões de trabalhadores que a crise é uma crise do sistema. Não resulta de falhas no sistema, mas da falha que é o próprio sistema, gerando crises regulares e periódicas. Resulta do aprofundamento da principal contradição do capitalismo, entre o caráter social da produção e a apropriação capitalista privada, e não de uma qualquer versão das políticas de gestão do sistema ou de uma qualquer aberração resultante da ganância de alguns banqueiros ou outros capitalistas, ou da ausência de mecanismos de regulação eficazes. A crise põe em evidencia os limites históricos do sistema e a necessidade de fortalecer as lutas por rupturas antimonopolistas e anticapitalistas, da superação revolucionária do capitalismo.

O impasse das várias versões de gestão burguesa está a ser demonstrado nos EUA, Japão, União Europeia e em outras economias capitalistas. Por um lado, a linha de políticas restritivas conduz a uma longa e profunda recessão enquanto, por outro lado, políticas expansionistas com enormes pacotes de ajudas aos grupos monopolistas, ao capital financeiro e aos bancos, aumentam a inflação e inflacionam a dívida pública. O capitalismo converte a insolvência dos grupos econômicos em insolvências soberanas.

O capitalismo não tem outra resposta para a crise a não ser a da destruição massiva de forças produtivas e de recursos, a das demissões em massa, do encerramento de empresas, do ataque global aos salários, aposentadorias e segurança social, que não a da redução dos rendimentos do povo, do aumento exponencial do desemprego e da pobreza.

A ofensiva antipopular aprofunda-se e manifesta-se com particular intensidade em certas regiões. A concentração e centralização do capital monopolista aprofundam o caráter reacionário do poder econômico e político. A reestruturação capitalista e as privatizações estão sendo promovidas, visando a competividade e a maximização do lucro do capital, assegurando uma força de trabalho mais barata e a regressão de décadas dos direitos sociais e laborais.

A intensidade da crise, a sua sincronização global, a perspectiva de uma recuperação débil, intensificam as dificuldades das forças burguesas para gerir a crise, conduzindo ao agudizar das contradições e rivalidades interimperialistas, ao mesmo tempo em que aumenta o perigo de guerras imperialistas.

Os ataques contra os direitos democráticos e contra a soberania intensificam-se em muitos países. Os sistemas políticos tornam-se mais reacionários. O anticomunismo reforça-se. Generalizam-se as medidas contra a atividade dos partidos comunistas e operários, contra as liberdades sindicais, políticas e democráticas. As classes dominantes desenvolvem uma tentativa multifacetada para enclausurar o descontentamento popular através de mudanças nos sistemas políticos, da utilização de uma série de ONGs e outras organizações pró-imperialistas, através das tentativas de canalizar o descontentamento popular para movimentos de viés alegadamente apolítico, ou mesmo de características reacionárias.

Saudamos as importantes lutas e levantamentos dos trabalhadores e dos povos pelos direitos sociais, democráticos e políticos, contra os regimes antipopulares no Oriente Médio e no Norte de África, nomeadamente na Tunísia e no Egito. Apesar das contradições que a atual situação manifesta, tais acontecimentos constituem uma experiência significativa que o movimento comunista deve estudar e utilizar.

Simultaneamente condenamos veementemente a guerra imperialista da OTAN e da União Europeia contra o povo Líbio, bem como as ameaças e ingerências nos assuntos internos da Síria e do Irã. Consideramos que qualquer intervenção estrangeira contra o Irã, independentemente do pretexto invocado, ataca os interesses dos trabalhadores iranianos e as suas lutas por direitos sociais e liberdades democráticas.

Estes desenvolvimentos confirmam a necessidade de fortalecer os Partidos Comunistas, de forma a poderem desempenhar o seu papel histórico, fortalecendo ainda mais a luta dos trabalhadores e dos povos em defesa dos seus direitos e aspirações, tirando partido das contradições do sistema e das contradições interimperialistas para assegurar uma ruptura ao nível do poder e da economia, que satisfaça as necessidades populares. Sem o papel dirigente dos partidos comunistas e da classe de vanguarda, a classe operária, os povos tornam-se vulneráveis à confusão, assimilação e manipulação por parte das forças que representam os monopólios, o capital financeiro e o imperialismo.

Estão em curso significativos realinhamentos na correlação de forças mundial. Verifica-se o enfraquecimento relativo da posição dos EUA, uma estagnação produtiva geral nas economias capitalistas mais avançadas e a emergência de novas potências econômicas globais, com destaque para a China. Intensifica-se a tendência para o aprofundamento das contradições entre os centros imperialistas e entre estes com as chamadas economias emergentes.

Intensifica-se a agressividade do imperialismo. Os focos de tensão e guerra regionais multiplicam-se: na Ásia, na África e no Oriente Médio, com a crescente agressividade de Israel, em particular contra o povo palestino. Ao mesmo tempo verifica-se a emergência de forças xenófobas e neonazistas na Europa, as intervenções, as ameaças e a ofensiva contra os movimentos populares e as forças políticas progressistas na América Latina.

Aumenta o risco de uma conflagração geral ao nível regional. Neste sentido, o alargamento e o fortalecimento da frente social e política anti-imperialista e das lutas pela paz na direção da erradicação das causas das guerras imperialistas são fundamentais.

Há duas vias de desenvolvimento:

- a via capitalista, a via da exploração dos povos, repleta de grandes perigos de guerras imperialistas e para os direitos dos trabalhadores e dos povos;

- a via da libertação com imensas possibilidades para a promoção dos interesses dos trabalhadores e dos povos, para a conquista de justiça social, soberania popular, paz e progresso. O caminho das lutas dos trabalhadores e dos povos, o caminho do socialismo e do comunismo, que é historicamente necessário.

Graças à contribuição decisiva dos comunistas e do movimento sindical de classe, as lutas dos trabalhadores na Europa e em todo o mundo fortaleceram-se. A agressividade imperialista continua a deparar-se com uma forte e decidida resistência popular no Oriente Médio, na Ásia e na América Latina.

Saudamos as lutas dos trabalhadores e dos povos e assinalamos que não são ainda suficientes. A realidade exige a intensificação da luta de classes, da luta ideológica, política e de massas, de forma a travar quaisquer medidas antipopulares e promover objetivos de luta que correspondam às necessidades atuais dos povos e exijam uma contra-ofensiva organizada dos trabalhadores pela demolição de todo o edifício capitalista e a abolição da exploração do homem pelo homem.

Hoje estão criadas as condições para a construção de amplas alianças sociais antimonopolistas e anti-imperialistas, capazes de lutar pelo poder e de promover profundas transformações progressistas, radicais e revolucionárias. A unidade da classe operária, a sua organização e uma orientação de classe do movimento operário são fatores fundamentais para assegurar a construção de efetivas alianças sociais com o campesinato, as camadas médias urbanas, o movimento das mulheres e o movimento da juventude.

Nesta luta, o papel dos partidos comunistas e operários é indispensável a nível nacional, regional e internacional. A ação conjunta e coordenada dos Partidos Comunistas e das organizações juvenis comunistas pode contribuir para o alargamento da luta anti-imperialista.

A luta ideológica do movimento comunista é de importância vital para repudiar o anticomunismo contemporâneo, fazer frente à ideologia burguesa, às teorias anti-científicas e às correntes oportunistas que rejeitam a luta de classes, e para combater o papel das forças social-democratas que defendem e concretizam as políticas anti-populares e pró-imperialistas, apoiando a estratégia do capital e do imperialismo. A compreensão da natureza unificada das tarefas de luta pela emancipação social, nacional e de classe, pela promoção clara da alternativa socialista, exige uma contra-ofensiva ideológica do movimento comunista.

Só o socialismo pode erradicar as guerras, o desemprego, a fome, a miséria, o analfabetismo, a insegurança de centenas de milhões de pessoa, a destruição do ambiente. Só o socialismo cria as condições para um desenvolvimento segundo as necessidades dos trabalhadores nos dias de hoje.

Operários, camponeses, trabalhadores da cidade e do campo, mulheres, jovens, apelamos para que lutem junto de nós para por fim à barbárie capitalista. Existe uma esperança, existe uma perspectiva. O futuro nos pertence.

O SOCIALISMO É O FUTURO
.................
Com apoio do PCB