"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Debate e mobilização popular na batalha pela paz

Por Jaime Caycedo Turriago

Fonte:www.pacocol.org

            Após reiniciar as sessões de diálogo Governo e FARC em Havana neste novo ano, algumas conclusões preliminares podem ser tiradas. O processo avançou e mostrou sua viabilidade, ao contrário das profecias da ultradireita e do poder dos meios de comunicação. A seriedade dos delineamentos e a prudência das declarações mostram as diferenças, mas reafirmam a confiança no caminho escolhido. Os críticos de escritórios gastaram seus argumentos e existe uma expectativa internacional que expressa simpatia pelo sucesso.

            Na contramão do silêncio dos meios de comunicação, as 19 audiências adiantadas, num primeiro momento, pelas Comissões de Paz do Senado e da Câmara; o encontro Povos Construindo Paz e a realização bem sucedida do Fórum Política de Desenvolvimento Rural com enfoque territorial, mostram que em amplas camadas da sociedade preocupadas diretamente com o primeiro ponto da Agenda e mais além delas, não existe indiferença e sim disposição de participar propositadamente. O conjunto de propostas não é apenas agregado à legitimidade do processo. É indicação clara da necessidade de mudanças de fundo que os órgãos oficiais não podem continuar ignorando.

            Boa parte do que se fez está em conflito com a atitude limitada do governo. Atua este com uma avaliação puramente instrumental, com a idéia de que “tudo mude para que continue sendo igual”. Pensa em ganho eleitoral dos resultados do processo e isso no curtíssimo prazo de meses que separa as conversações atuais da campanha pela reeleição de Santos. Não assume com realismo a complexidade da tarefa empreendida. Prevê que pode alcançar a desmobilização do adversário em troca de um punhado de promessas, no limite das questionadas e corruptas instituições vigentes. Ou que, de repente, um operativo decisivo da guerra, no meio do diálogo, imponha a força por cima da razão. Por enquanto, continua atuando apenas com sua visão de classe, sem uma reflexão sincera diante do país sobre a paz como um problema nacional e social de importância histórica. O desprezo pelo Preâmbulo do Acordo geral como “mera presunção ideológica” deveria ser substituída por uma análise mais compreensiva da realidade colombiana, no momento em que se sentem os golpes da crise capitalista mundial.
             
                 Devemos dizer com toda responsabilidade: só a mobilização popular pode fazer cair por terra as ilusões governamentais de uma paz sem mudanças democráticas que ataquem as causas profundas da guerra. O enorme descontentamento popular expressa o movimento real das forças sociais em fase de despertar. Por outro lado, os debates com presença popular começaram a desenhar um novo modelo econômico e social rural, compatível com a paz e com a democratização do Estado e da Sociedade. Esboçam uma favorável plataforma de luta pela reforma agrária e a democratização econômica contra a terrível desigualdade que sustenta e reproduz o modelo neoliberal dominante.
            
                  Só a mobilização popular e o amplo movimento de simpatia e apoio à solução política pode impedir a ruptura do diálogo por causa da arrogância guerreirista ou o ganho eleitoral. Todas as forças da democracia, os setores conscientes das forças militares, as diversas vertentes da insurgência, a intelectualidade e da cultura, tem a obrigação de atuar de maneira pro ativa para que o diálogo de paz culmine em êxito. O debate aberto deve continuar como fórum permanente sobre todos os seis pontos da Agenda e seu Preâmbulo. Sua relevância nos concerne a todos, nos pertence, nos impõe responsabilidades. A Ruta Social Común, as Constituintes Pela Paz, o Congresso Pela Paz, a ampla convergência de movimentos, organizações, vítimas, igrejas, intelectuais, etnias, regiões, universidades, mulheres e jovens tem que trabalhar em coletivo para alcançar uma imensa demonstração de massas que estreite o vinculo do descontentamento social com a oportunidade da paz como espaço das transformações históricas políticas, longamente postergadas.