"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sexta-feira, 8 de maio de 2015

A transcendência da Comissão Histórica



O informe da Comissão Histórica do Conflito e suas Vítimas, importante insumo para a discussão dos temas que a Mesa de Havana abordará nesta etapa em que se discutem assuntos cruciais para a conquista da paz, não poderá ser ignorado ou trivializado por aqueles que pretendem tapar com terra o rastro histórico de uma tragédia humanitária que se prolonga por mais de meio século.
Não somos um povo sem história. O que ocorre é que há setores interessados que a querem apagar e desaparecer, porque têm medo da verdade histórica, a seu veredito inapelável. A violência em Colômbia tem alguns responsáveis, muito maiores que a Catedral Primada. Impossível que possam passar ao largo.
Temos uma história de resistência à opressão que enche de orgulho o peito nacional, que vem desde a Gaitana, Benkos Biohó, José Antonio Galán, Nariño e a Pola, que tem a ver com a rebeldia de Gaitán, do padre Camilo, de Pardo Leal, de Marulanda Vélez e de todos os que no presente levantam as bandeiras da Nova Colômbia.
Tal como se expôs no comunicado conjunto de Havana, datado de 5 de agosto de 2014, “O informe da Comissão deverá ser o insumo fundamental para a compreensão das complexidades do conflito e das responsabilidades dos que tenham participado ou tido incidência no mesmo e para esclarecimento da verdade”. Esta essência não se perdeu, senão que a querem desaparecer.
Não é que o informe da Comissão Histórica seja vazio, senão que há fatores de poder empenhados em fazê-lo insubstancial. Os relatos históricos contidos na contribuição ao entendimento do conflito armado em Colômbia apontam o Estado como máximo responsável, por ação ou omissão –que é o que pretendem ocultar-, porém, ao mesmo tempo, assinalam uma via livre à possibilidade de uma solução própria, sem interferências, e com uma perspectiva necessária e imperativa de criar um novo paradigma para a reconciliação da vida colombiana.
Múltiplas circunstâncias não permitiram que o mundo se desse conta do ocorrido em Colômbia durante décadas. Só o narcotráfico nos colocou no mapa, porém, até o momento de sua aparição, centenas de milhares de compatriotas haviam caído mortos, a maior parte por conta do Estado e da guerra fria. E, desde há muitos anos, terceiros Estados têm prestado ajuda militar a países violadores do DIH como o nosso.
Não podemos aceitar que, por fora de contexto ou por combinação midiática, se nos tome como supremos responsáveis, sob a incitação dos inspiradores do paramilitarismo de Estado e dos verdadeiros determinadores do turbilhão violento que tem açoitado ao país. Contra nossos apoios e simpatizantes, e contra gente que nada tinha a ver com nós outros, se aplicou a concepção do inimigo interno, e por isso se lhes destroçou com motosserras, se lhes incinerou em fornos crematórios, outros foram jogados aos rios, a fossas comuns ou despojados violentamente de suas terras, milhões foram vitimados pela política neoliberal, movimentos alternativos de esquerda foram exterminados, e em época mais recente milhares de jovens desempregados caíram assassinados na cilada dos “falsos positivos” iniciados pela Segurança Democrática.
Urge a avaliação imediata na Mesa dos resultados do informe da Comissão Histórica do Conflito e suas Vítimas, e sua publicação massiva, para que o sol da verdade ilumine e ajude a cicatrizar as feridas da Colômbia.
Quem firmou a Diretiva 029 do Ministério de Defesa que desatou os crimes de lesa-humanidade, denominados “falsos positivos”? Quem era o presidente e quem seu ministro de Defesa? Que se abram os arquivos.

DELEGAÇÃO DE PAZ DAS FARC-EP
La Habana, Cuba, sede dos diálogos de paz, 4 de maio de 2015

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Equipe ANNCOL - Brasil