"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 18 de março de 2013

Delegação de paz FARC-EP_Insiste ao governo cessar perseguição contra as Zonas de Reserva Campesina


La Habana, República de Cuba, sede dos diálogos pela paz com justiça social para a Colômbia. 15 de Março de 2013.
 

Um importante debate sobre o futuro das Zonas de Reserva Campesina se agitou entre setores das elites abastadas, incluindo fatores do alto governo, entre os quais se contam os Ministérios de Defesa e o de Agricultura, que, para o caso, vêm exercendo como uma inquisição medieval no campo. O ministro Juan Carlos Pinzón o faz impondo seu próprio ordenamento territorial em função de uma definição guerreirista do conflito, que converte as áreas campesinas em aldeias de consolidação estratégica; e o ministro Juan Camilo Restrepo, subordinado a este plano, envolve plenamente a população rural na confrontação bélica, ao suscitar suspeitas criminalizantes, ao demonizar aos campesinos, ao insinuar suas formas organizativas como ameaça para a pátria, ao rotulá-los traiçoeiramente como guerrilheiros, para convertê-los em objetivo militar, dizendo, ademais, que o que eles pretendem é estabelecer uma “constelação de republiquetas independentes”. São estes argumentos que nos remetem às posturas mais retardatárias da década dos ’60, em que Álvaro Gómez Hurtado estreava como legislador, estimulando a violência em seus discursos.
 

Opositores e defensores do processo de diálogos pela Paz que se realiza entre o governo e as FARC-EP têm assentado posições que põem em evidência que dentro do governo mesmo se escondem inimigos furibundos da justiça social e da reconciliação, elementos que não estão por propulsionar o acesso à terra em favor dos despojados e da paz com justiça social, senão que empenhados em alastrar no campo verdadeiras aldeias estratégicas de confinamento e consolidação militarista para prosseguir a confrontação, e para fazer da formalização da terra um mecanismo mais de entrega do território, em curto prazo, à estrangeirização e voracidade extrativista das transnacionais.
 

Pretendem passar por alto os que hoje questionam as FARC por sua proposta de permitir o acesso e o uso adequado a 9 milhões de hectares de terra para os campesinos, mediante o fortalecimento e a criação de novas Zonas de Reserva Campesina, que esta figura de reivindicação das abandonadas famílias rurais foi uma criação do próprio Estado, o qual, frente às necessidades e justas lutas dos campesinos, teve a sensatez, poucas vezes vista, de expor a defesa destes cenários, que são os principais garantidores da alimentação nacional, dando passagem à Lei 160 de 1994. Tal normativa, produto, sobretudo, das históricas e justas lutas agrárias, mais além do fantasma de Marquetalia, que espanta aos latifundiários e especuladores financeiros representados pelo presidente de Fedegán José Félix Lafaurie, o que pretende é proteger aos agricultores tradicionais.
 

Por que esses lacaios do capital financeiro não dizem que as republiquetas independentes são as empresas multinacionais quee estão se apropriando do solo à pior maneira das empresas ianques que fizeram da Colômbia uma república bananeira?
 

Ao contrário da crescente e desaforada estrangeirização do território nacional, ou da manutenção mesquinha do latifúndio improdutivo, os processos de criação de Zonas de Reserva Campesina que existem na Colômbia devem ser considerados uma avançada para a Paz, tal como efetivamente se vêm construindo, e seu reconhecimento pleno deve jogar um papel fundamental na definição de uma transformação agrária do país que consolide a justiça e a soberania nacional. De maneira tal que, se o ministro de Agricultura pensa na defesa estrita do que diz a lei e não no que se discute em Havana, deveria relembrar que um terço do território nacional está em mãos da pecuária extensiva e que o índice Gini no campo é 0,87. Tudo isso, enquanto o que indica sua própria institucionalidade no Artigo 64 da Carta Fundamental que o ministro diz defender, é que o Estado do qual exerce como funcionário, tem por dever “promover o acesso progressivo à propriedade da terra dos trabalhadores agrários, em forma individual ou associativa...”
 

Insistimos, o governo deve cessar a estigmatização e perseguição pertinaz que vem fazendo contra as Zonas de Reserva Campesina e seus dirigentes. Os campesinos da Colômbia devem ser ouvidos; sua participação e determinações, como a de todo o povo, é fundamental para construir um verdadeiro processo de paz na Colômbia.


Delegação de Paz das FARC-EP