"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Cai castelo de cartas do ministro Barbosa



Breno Altman*

As palavras finais do presidente da corte suprema, depois da decisão que absolveu os réus da AP 470 do crime de quadrilha, soaram como a lástima venenosa de um homem derrotado, inerte diante do fracasso que começa a lhe bater à porta. A arrogância do ministro Barbosa, abatida provisoriamente pelo colegiado do STF, aninhou-se em ataque incomum à democracia e ao governo.


“Sinto-me autorizado a alertar a nação brasileira de que este é apenas o primeiro passo”, discursou o relator da AP 470. “Esta maioria de circunstância foi formada sob medida para lançar por terra todo um trabalho primoroso, levado a cabo por esta corte no segundo semestre de 2012.”


Sua narrativa traz uma verdade, um insulto e uma fantasia.


Tem razão quando vê risco de desmoronamento do processo construído sob sua batuta. A absolvição pelo crime de quadrilha enfraquece fortemente a acusação. Se não há bando organizado, perde muito de sua credibilidade o roteiro forjado pela Procuradoria Geral da República e avalizado por Barbosa. A peça acusatória, afinal, apresentava cada passo como parte minuciosa de um plano concebido e executado de forma coletiva, além de permanente, com o intuito de preservação do poder político. Se cai a tese de quadrilha, mais cedo ou mais tarde, as demais etapas terão que ser revistas. Essa é a porção verdadeira de sua intervenção matreira.


A raiva de Barbosa justifica-se porque, no coração desta verdade, está a neutralização da principal carta de seu baralho. O ex-ministro José Dirceu foi condenado sem provas materiais ou testemunhais, como bem salientou o jurista Ives Gandra Martins, homem de posições conservadoras e antipetistas. A base de sua criminalização foi uma teoria denominada “domínio do fato”: mesmo sem provas, Dirceu era culpado por presunção, oriunda de sua função de líder da eventual quadrilha. Absolvido do crime fundante, a existência de bando, como pode o histórico dirigente petista estar condenado pelo delito derivado? Se não há quadrilha, inexiste liderança de tal organização. A própria tese condenatória se dissolve no ar. O que sobra é um inocente cumprindo pena de maneira injusta e arbitrária.


Derrotado, Barbosa recorreu a um insulto: acusa o governo da República de ter ardilosamente montado uma “maioria de circunstância”, como se a fonte de sua indicação fosse distinta dos demais. Aponta o dedo ao Planalto sem provas e sem respeito pela Constituição. Atropela a independência dos poderes porque seu ponto de vista se tornou minoritário. Ao contrário da presidente Dilma Rousseff, que manteve regulamentar distância das decisões tomadas pelo STF, mesmo quando eram desfavoráveis a seus companheiros, incorre em crime de Estado ao denunciar, através de uma falácia, suposta conspiração da chefe do Executivo.


A conclusão chorosa de seu discurso é uma fantasia. Não se pode chamar de “trabalho primoroso” uma fieira de trapaças. O presidente do STF mandou para um inquérito secreto, inscrito sob o número 2474, as provas e laudos que atestavam a legalidade das operações entre Banco do Brasil, Visanet e as agências de publicidade do sr. Marcos Valério. Omitiu ou desconsiderou centenas de testemunhas favoráveis à defesa. Desrespeitou seus colegas e tratou de jogar a mídia contra opiniões que lhe contradiziam. Após obter sentenças que atendiam aos objetivos que traçara, lançou-se a executá-las de forma ilegal e imoral.


O ministro Joaquim Barbosa imaginou-se, e nisso há mesmo um primor, como condutor ideal para uma das maiores fraudes jurídicas desde a ditadura. Adulado pela imprensa conservadora e parte das elites, sentiu-se à vontade no papel do pobre menino que é glorificado pela casa grande por suas façanhas e truques para criminalizar o partido da senzala.


O presidente do STF lembra o protagonista da série House of Cards, que anda conquistando corações e mentes. Para sua tristeza, ele está se desempenhando como um Frank Underwood às avessas. O personagem original comete incríveis delitos e manobras para chegar à Presidência dos Estados Unidos, derrubando um a um seus adversários. O ministro Barbosa, porém, afunda-se em um pântano de mentiras e artimanhas antes de ter dado sequer o primeiro passo para atravessar a praça rumo ao Palácio do Planalto.


Acuado e sentindo o constrangimento de sua nudez político-jurídica, o ministro atira-se a vinganças, recorrendo aos asseclas que irregularmente nomeou, na Vara de Execuções Penais do Distrito Federal, como feitores das sentenças dos petistas. Delúbio Soares teve o regime semiaberto suspenso na noite de ontem. José Dirceu tem contra si uma investigação fajuta sobre uso de aparelho celular, cujo único propósito é impedir o sistema penal que lhe é devido. O governo de Brasília está sendo falsamente acusado, com a cumplicidade das Organizações Globo, de conceder regalias aos réus.


O ódio cego de Barbosa contra o PT e seus dirigentes presos, que nenhuma força republicana ainda se apresentou para frear, também demonstra a fragilidade da situação pela qual atravessam o presidente do STF e seus aliados. Fosse sólido o julgamento que comandou, nenhuma dessas artimanhas inquisitoriais seria necessária.


O fato é que seu castelo de cartas começou a ruir. Ao final dessa jornada, o chefe atual da corte suprema sucumbirá ao ostracismo próprio dos anões da política e da justiça. Homem culto, Barbosa tem motivos de sobra para uivar contra seus pares. Provavelmente sabe o lugar que a história reserva para quem, com o sentimento dos tiranos, veste a toga dos magistrados.


(*) Breno Altman é diretor editorial do site Opera Mundi.

O retorno do fascismo


Por Lejeune Mirhan


Nas últimas semanas assistimos a grandes manifestações de ruas em algumas capitais em vários continentes. Nos chama a atenção o caráter dessas manifestações: são extremamente violentas. Muito mais do que os black-block tupiniquins. O caso mais dramático foi o da Ucrânia, cujo desfecho ainda não está concluído em função da evolução da crise política em curso.

Os regimes fascistas eles se assemelham ao nazismo. São governos extremamente autoritários, onde são desprezadas todas as organizações de massa, partidos políticos. O judiciário é controlado e o parlamento praticamente não funciona ou é homologatório das vontades do chefe de governo. A Itália de Mussolini e a Espanha de Franco são os casos mais emblemáticos que perduraram até o final da 2ª Guerra. No caso da Espanha, o generalíssimo Francisco Franco governou até sua morte em 1975.

Mas, as manifestações violentas, ditas “populares”, não ocorreram apenas em Kiev, capital da Ucrânia. Hoje são quase que diárias e também violentas as demonstrações em Caracas, na Venezuela e em Bangcoc na Tailândia. Em Damasco, na Síria, violência de outra natureza vem sendo cometida contra o povo e o governo desde março de 2011. Mas, temos visto manifestações também em Quito, La Paz, Buenos Aires e elas já chegam até nosso Brasil. Por aqui, os protestos são difusos. Não se vê quase líderes e não se sabe mesmo quais são as principais reivindicações dessas pessoas. O que se sabe e o que se vê claramente é a violência, são as depredações, em especial de agências bancárias.
Manual Gene Sharp


Como todas essas manifestações praticamente seguem um mesmo roteiro, como se tivessem “etapas” para que cada coisa acontecesse, vários autores têm levantado que a fonte inspiradora de tudo isso é um livro, publicado nos EUA em 1993, do sociólogo estadunidense chamado Gene Sharp, cujo título traduzido (inédito no Brasil) é
Da ditadura para a democracia.
Em recente artigo de Ignácio Ramonet, do Le Monde Diplomatique (www.cartamaior.com.br), ele aponta a aplicação detalhada desse manual na construção de um golpe de estado na Venezuela, mas de forma lenta.

Mas, quem é Gene Sharp? A sua trajetória é no geral progressista. Ele inclusive foi processado nos EUA por se recusar a lutar na guerra da Coreia em 1954. Hoje ele é professor da Universidade de Massachussets Dartmouth. De fato, seu currículo aponta ligações com pelo menos duas empresas do campo conservador e reacionários nos Estados Unidos, como a Rand Corporation, do tristemente famoso sociólogo Francis Fukuyama e com a Ford Foundation. Até ai, sem maiores problemas, pois o Cebrap no Brasil, celeiro de muita gente progressista em nosso país também recebeu farto subsídio da Ford.

Ele menciona cinco etapas de manifestações pacíficas, para desestabilizar um governo, seja ele ditatorial ou mesmo democrático. Na Venezuela, segundo Ramonet, todas essas cinco etapas já teriam sido rigorosamente aplicadas. Isso envolve não só amplas mobilizações populares, mas a completa conivência dos meios de comunicação de massa.

Sharp foi amigo de Einstein que, inclusive, fez o prefácio de um de seus livros. Ele mantém até hoje fortes ligações com o Instituto Albert Einstein, que publicou o seu polêmico livro há 21 anos. O próprio Instituto viu-se obrigado a sair em defesa de Gene de que ele não seria pessoa conservadora. Aqui, registro, independente de sua orientação política e ideológica, minha opinião é que se o livro é um manual de recomendações ou se ele apenas sistematizou experiência concretas em várias partes do mundo, a verdade é que as etapas descritas por ele vem sendo rigorosamente aplicadas. Parecem ser o mesmo modus operandi em várias localidades.

As ondas de direita na atualidade

Em vários países da Europa e da América Latina, ocorrem ciclos onde a esquerda cresce e depois em seguida vem a reação da direita. Uma tentativa de levar a América Latina mais à esquerda começa com a tomada do poder em Cuba liderado por Fidel Castro e segue com algumas vitórias aqui e ali que passam por Allende no Chile em 1971 e Nicarágua em 1979.

O que vimos historicamente é que os governos de direita e fascistas dominaram praticamente todo o subcontinente. O mesmo Chile de Allende foi assolado pelo fascismo de Pinochet com milhares de mortos. A mesma coisa na Argentina, Paraguai e em nosso Brasil entre outros. No entanto, desde dezembro de 1998, quando Chávez vence a primeira eleição na Venezuela, as coisas começam a se alterar.

O imperialismo estadunidense sabe que a América Latina é hoje um bastião da resistência ao modelo neoliberal. Até por isso, onde for possível tudo farão para desestabilizar seus governos. A direita, que já é forte no México, Colômbia, Peru, acaba de incestar um golpe na esquerda ao vencer as eleições em Quito, com Mário Rodas. Em Buenos Aires, seu prefeito já é de direita e pode ser candidato à presidente e tem chance de vencer. Aqui mesmo no Brasil, a direita se personifica em Aécio Neves, candidato do rentismo e das forças da oligarquia rural e parte do setor industrial. Querem a volta ao passado, a exclusão social, exterminar os programas sociais. O próprio Eduardo Campos, dito socialista, vem fazendo um discurso que serve mais à direita do que ao que um dia ele pretendeu ser, que seria a terceira via.

Na Venezuela, os expoentes da extrema direita são Capriles e Lopez. Todos com vinculações explícitas aos Estados Unidos, que financiam as tais ONGs com rios de dinheiro de orçamentos secretos do Pentágono. Na Europa, cresce ainda na França a Frente Nacional, da família Le Pen. Na Grécia temos o Aurora Dourada e na Itália a Liga Norte. Na Ucrânia, cujo governo constitucional foi deposto por um golpe parlamentar, nos moldes do que ocorreu no Paraguai, o partido mais forte hoje é o chamado Setor de Direita (Pravy Sector).

Neste artigo, eu publico várias imagens. São fotos de manifestantes mascarados atacando forças policiais ou prédios públicos. Não se iludam. Foi a época em que jogar coquetéis molotoves era ser de esquerda ou uma demonstração de combatividade. Hoje, as coisas se inverteram. Jovens comprometidos com o atraso e as forças de direita participam dessas manifestações violentas para derrubar governos.

Acho que temos que oferecer respostas a essas manifestações. Não só com a realização de outras manifestações maiores ainda, mobilizações e organização do povo, mas em aplicar programas de governos mais avançados, que combatam o modelo neoliberal, excludente, que façam profundas reformas nas cidades e nos serviços da população. Para isso, claro, é preciso estancar o pagamento e a sangria de juros que impede o país de investir mais no setor produtivo, na questão de uma maior competitividade da nossa indústria, em sua modernização, em melhoria das mão de obra.

Eu vejo de forma clara não só o dedo, mas as mãos e principalmente o cérebro dessas manifestações que pretendem desestabilizar governos legítimos. É preciso estar atento a isso. Lamentável que certa “esquerda”, se preste a servir para fortalecer a direita, os fascistas.

Os desdobramentos da crise na Ucrânia ainda está longe de ter a sua definição. É preciso que debatamos a questão do regime de governo, se o melhor seria mesmo o atual presidencialismo ou se o parlamentarismo seria o mais democrático e que evitaria as crises atuais. Vamos acompanhar.


quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Mentiras e verdades sobre a situação na Venezuela



Por: Igor Fuser*



Nos últimos dias a Venezuela voltou às manchetes dos jornais do mundo devido a uma série de manifestações de rua. Abaixo, apresento uma série de mentiras alardeadas pela chamada “grande mídia” e as suas respectivas verdades.


Mentira: Os opositores saíram às ruas porque estão descontentes com os rumos do país e querem melhorar a situação.


Verdade: O que está em curso na Venezuela é o chamado “golpe em câmera lenta”, que consiste em debilitar gradualmente o governo até gerar as condições para o assalto direto ao poder. O atual líder oposicionista, Leopoldo López, não esconde esse objetivo, ao pregar aos seus partidários que permaneçam nas ruas até o que ele chama de “La Salida”, ou seja, a derrubada do governo. O roteiro golpista, elaborado com a participação de agentes dos Estados Unidos, combina as manifestações pacíficas com atos violentos, como a destruição de patrimônio público, bloqueio de ruas e atentados à vida de militantes chavistas. A mídia venezuelana e internacional tem um papel de destaque nesse plano, ao difundir uma versão distorcida dos fatos. A aposta da direita é tornar o país ingovernável. Trata-se de criar uma situação de caos até o ponto em que se possa dizer que o país está “à beira da guerra civil” e pedir uma intervenção militar de estrangeiros. Outro tópico desse plano é a tentativa de atrair uma parcela das Forças Armadas para a via golpista. Mas isso, até agora, tem se mostrado difícil.


Mentira: A Venezuela é um regime autoritário, que impõe sua vontade sobre os cidadãos e reprime as manifestações opositoras.


Verdade: Existe ampla liberdade política no país, que é regido por uma Constituição democrática, elaborada por uma assembleia livremente eleita e aprovada em plebiscito. Nos 15 anos desde a chegada de Hugo Chávez à presidência, já se realizaram 19 consultas à população – entre eleições, referendos e plebiscitos – e o chavismo saiu vitorioso em 18 delas. Foram eleições limpas e transparentes, aprovadas por observadores estrangeiros das mais diferentes tendências políticas, inclusive de direita. O ex-presidente estadunidense Jimmy Carter, que monitorou uma dessas eleições, declarou que o sistema de votação venezuelano é “o melhor do mundo”. Esse mesmo sistema eleitoral viabilizou a conquista de inúmeros governos estaduais e prefeituras pela oposição. Há no país plena liberdade de expressão, sem qualquer tipo de censura.


Mentira: Quem está protestando contra o governo é porque “não aguenta mais” os problemas do país.


Verdade: A tentativa golpista, na qual se inserem as manifestações da direita, reflete o desespero da parcela mais extremista da oposição, que não se conforma com o resultado das eleições de 2013. Esse setor desistiu de esperar pelas próximas eleições presidenciais, em 2019, ou mesmo pelas próximas eleições legislativas, em 2016, ou ainda pela chance de convocar um referendo sobre o mandato do presidente Nicolás Maduro, no mesmo ano. Essas são as regras estabelecidas pela Constituição – qualquer coisa diferente disso é golpe de Estado. A direita esperava que, com a morte de Chávez, o processo de transformações sociais conhecido como Revolução Bolivariana, impulsionado pela sua liderança, entrasse em declínio. Apostava também na divisão das fileiras chavistas, abrindo caminho para seus inimigos. A vitória de Maduro – o candidato indicado por Chávez – nas eleições de abril de 2013, ainda que por margem pequena (1,7% de diferença), frustrou essa expectativa. Uma última cartada da oposição foi lançada nas eleições municipais de dezembro do ano passado. Seu líder, Henrique Capriles (duas vezes derrotado em eleições presidenciais), disse que elas significariam um “plebiscito” sobre a aprovação popular do governo federal. Mas os votos nos candidatos chavistas superaram os dos opositores em mais de 10%, e o governo ganhou em quase 75% dos municípios. Na época, a economia do país já apresentava os problemas que agora servem de pretexto para os protestos, e ainda assim a maioria dos venezuelanos manifestou sua confiança no governo de Maduro. Diante disso, um setor expressivo da oposição resolveu apelar para o caminho golpista.


Mentira: O governo está usando violência para reprimir os protestos.


Verdade: Nenhuma manifestação foi reprimida. O único confronto entre policiais e opositores ocorreu no dia 17 de fevereiro, quando, ao final de um protesto, grupos de choque da direita atacaram edifícios públicos no centro de Caracas, incendiando a sede da Procuradoria- Geral da República e ferindo dezenas de pessoas. Nestas últimas semanas, as ações violentas da oposição têm se multiplicado pelo país. A casa do governador (chavista) do Estado de Táchira foi invadida e depredada. Caminhões oficiais e postos de abastecimento têm sido destruídos. Recentemente, duas pessoas, que transitavam de motocicleta, morreram devido aos fios de arame farpado que opositores estendem a fim de bloquear as ruas.


Mentira: O governo controla a mídia.


Verdade: Cerca de 80% dos meios de comunicação pertencem a empresas privadas, quase todas de orientação opositora. Mas o governo recebe o apoio das emissoras estatais e também de centenas de rádios e TVs comunitárias, ligadas aos movimentos sociais e às organizações de esquerda. Isso garante a pluralidade política e ideológica na mídia venezuelana – algo que, infelizmente, não existe no Brasil, onde a direita controla quase totalmente os meios de comunicação.


Mentira: Os Estados Unidos acompanham a situação à distância, preocupados com os direitos humanos e os valores democráticos, para que não sejam violados.


Verdade: Desde a primeira posse de Chávez, em 1999, o governo estadunidense tem se esforçado para derrubar o governo venezuelano e devolver o poder aos políticos de direita. Está amplamente comprovado o envolvimento dos Estados Unidos no golpe de 2002, quando Chávez foi deposto por uma aliança entre empresários, setores militares e emissoras de televisão. Desde então, a oposição tem recebido dinheiro e orientação de Washington.


Mentira: Os problemas no abastecimento transformaram a vida cotidiana num inferno.


Verdade: Existe, de fato, a falta constante de certos bens de consumo, como roupas, produtos de higiene e limpeza e peças para automóveis, mas o acesso aos produtos essenciais (principalmente alimentos e medicamentos) está garantido para o conjunto da população. Isso ocorre graças à existência de uma rede de 23 mil pontos de venda estatais, espalhados por todo o país, sobretudo nos bairros pobres. Lá, os preços são pelo menos 50% menores do que os valores de mercado, devido aos subsídios oficiais. É importante ressaltar que o principal motivo da escassez não é nem a inexistência de dinheiro para realizar importações nem a incapacidade do governo na distribuição dos produtos. Grande parte das mercadorias em falta são contrabandeadas para a Colômbia por meio de uma rede clandestina à qual estão ligados empresários de oposição.


Mentira: A atual onda de protestos é protagonizada pela juventude, que está em rebelião contra o governo.


Verdade: Os jovens que participam dos protestos pertencem, na sua quase totalidade, a famílias das classes alta e média-alta, que constituem a quarta parte da população. Isso pode facilmente ser constatado pela imagem dos estudantes que aparecem na mídia. São, quase todos, brancos – grupo étnico que não ultrapassa 20% da população venezuelana, cuja marca é a mistura racial. E não é por acaso que os redutos dos jovens oposicionistas sejam as faculdades particulares e as universidades públicas de elite. Os jovens opositores são minoria. Do contrário, como se explica que o chavismo ganhe as eleições em um país onde 60% da população têm menos de 30 anos? Uma pesquisa recente, com base em 10 mil entrevistas com jovens entre 14 e 29 anos, revelou que 61% deles consideram o socialismo como a melhor forma de organização da sociedade, contra 13% que preferem o capitalismo.


Mentira: A economia venezuelana está em colapso.


Verdade: O país enfrenta problemas econômicos, alguns deles graves, como a inflação de mais de 56% nos últimos 12 meses. Mas não se trata de uma situação de falência, como ocorre na Europa. A Venezuela tem superávit comercial, ou seja, exporta mais do que importa, e possui reservas monetárias para bancar ao menos sete meses de compras no exterior. É um país sem dívidas. A principal dificuldade econômica é a falta de crédito, causada pelo boicote dos bancos internacionais.


Mentira: A insegurança pública está cada vez pior.


Verdade: A Venezuela enfrenta altos níveis de criminalidade, assim como outros países latino-americanos, inclusive o Brasil. Esse tema é uma das prioridades do governo Maduro, que chegou a mobilizar tropas do Exército no policiamento de certas áreas urbanas, com bons resultados. A melhoria da segurança pública foi justamente o tema do diálogo entre o governo e a oposição, iniciado no final do ano passado, por iniciativa do presidente. O próprio Chávez, em seu último mandato, criou a Polícia Nacional Bolivariana, a fim de compensar as deficiências do aparato de segurança tradicional, famoso pela corrupção. Outra estratégia é o diálogo com as “gangues” juvenis a fim de afastá-las do narcotráfico e atraí-las para atividades úteis, como o trabalho na comunidade e a produção cultural. A grande diferença entre a Venezuela e o Brasil, nesse ponto, é que lá o combate à criminalidade ocorre num marco de respeito aos direitos humanos. A política de segurança pública venezuelana descarta o extermínio de jovens nas regiões pobres, como ocorre no Brasil.


* IGOR FUSER - é professor do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC), doutor em Ciência Políica pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Mestrado em Relações Internacionais pelo Programa de Pós-Graduação Santiago Dantas (Unesp, Unicamp, PUC-SP) (2005). Graduação em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero, de São Paulo (1982). Reuter Fellow pelo Green College, University of Oxford (1993).Autor dos livros "Energia e Relações Internacionais" (a ser lançado em 2012), "Petróleo e Poder - O Envolvimento Militar dos Estados Unidos no Golfo Pérsico" (Ed.Unesp, 2008), "Geopolítica - O Mundo em Conflito" (Ed.Salesiana, 2006), "A Arte da Reportagem" (org. Ed.Scritta, 1996) e "México em Transe" (Ed.Scritta, 1995). 
Fonte: Brasil de Fato







quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

“Não nos matem, por favor, não nos matem”


Por Armando Neira



A democracia é uma mentira se à esquerda não se lhe respeita a vida. Análise de Semana.com
Muitos colombianos se assustaram ao escutar o temido chefe guerrilheiro ‘Iván Márquez’ na quinta-feira 18 de outubro de 2012 em Oslo, Noruega, no início formal dos Diálogos de Paz entre o governo da administração Santos e as FARC. O que devia ser um simples ato protocolar se converteu numa baixada de ânimo geral pelo tom desafiante do insurgente.


Muitos anos atrás, este mesmo homem, com seu nome real – Luciano Marín Arango – suplicava, na Plaza de Bolívar, desde sua cadeira de congressista que não os assassinassem, que a ele e a todos os militantes da União Patriótica [UP] lhes respeitassem a vida, que o que queriam fazer, juravam, era política legal: “Não nos matem, por favor, não nos matem”.


Também anos atrás o jovem vereador de La Plata, Huila, Luis Édgar Devia Silva abandonou a cadeira ante as ameaças de morte. Diferentemente de seus pais, que igualmente haviam saído fugindo de sua casa pelo cerco dos violentos por serem liberais, este militante do Partido Comunista [PC] decidiu envolver-se com as FARC, com o pseudônimo de ‘Raúl Reyes’. Terminou morto num bombardeio no Equador.


Em sua juventude, o nome de Juvenal Ovidio Ricardo Palmera corria de boca em boca pelas terras de Cesar, pois Diomedes Díaz o havia incluído em seu vallenato intitulado ‘El mundo’. Naquela época, ele era um querido gerente do Banco do Comércio de Valledupar, que vivia com sua família na exclusiva rua Santo Domingo, adjacente à praça Alfonso López, , e que havia crescido num ambiente de privilégios. Apaixonado pela política, optou pela esquerda com a ilusão de um sonhador.


Logo começou a ver como assassinavam, desapareciam ou feriam a seus companheiros de militância. “O extermínio da burguesia contra nós me obrigou a ir às montanhas”. Entrou nas FARC com o nome de ‘Simón Trinidad’. Foi capturado e extraditado aos Estados Unidos. Hoje está preso lá, enquanto os negociadores desta guerrilha exibem sua imagem fotográfica em Havana.


Não nos matem, por favor, não nos matem”, suplicavam. Porém, seguiram matando-os. Não a um, nem a dez, nem a cem, nem a mil. Mas sim a 4.000. Todo um partido político desaparecido da face da Terra numa das páginas mais vergonhosas da nossa história.


Mataram-nos sob o sol ardente de Barrancabermeja, como a Leonardo Posada; ou numa morna rodovia de Cundinamarca, como a Jaime Pardo Leal; ou no lotado aeroporto El Dorado, como a José Antequera; ou numa Ponte Aérea, cercado de dezena de escoltas, como a Bernardo Jaramillo.


Os que ficaram? Uns poucos, que se contavam com os dedos das mãos e que tiveram que sair para o exílio. Entre eles, Aída Avella.


Há que contar aos menores de 20 anos que esta mulher foi uma das sobreviventes desta coletividade que passou 17 anos sem vir à Colômbia. Exatamente 17 anos, seis meses e quatro dias. Toda uma geração.


Se foi porque, como a seus companheiros de militância, a ela também iriam matar e porque já não suportava tanta dor: “Quando saímos da Constituinte, em dezembro de 1991, me elegeram presidente da UP e aí foi Tróia”, disse à Semana.com numa entrevista. “As ameaças não deixavam descansar”. Na época, era vereadora de Bogotá, onde chegavam as notícias de um país banhado em sangue. “Foi quando apareceram os ‘corta cabeças’ em Urabá, arrancavam a cabeça dos nossos companheiros, penduravam-nas em estacas, sobretudo na diagonal San José de Apartadó”, relembra.


A alguns que iam para suas chácaras bananeiras, lhes cortavam as cabeças e as mandavam em bandejas para os centros dos trabalhadores na hora do almoço, com a mensagem de que, se continuavam no sindicato, as cabeças rolariam. Jogavam futebol com as cabeças das pessoas que assassinavam, e esperavam que viessem as aves de rapina a comer os corpos”. O auge do horror em todo seu esplendor.


Em 17 de maio de 1996, quando se deslocava pela autopista Norte para seu gabinete da Câmara de Bogotá, atacaram-na com um rocket. “A morte nos acariciava. Recordo que havia um estranho congestionamento, não podíamos avançar. Vi um carro ao lado do qual saía um tubo, era como uma bazuca. Depois nos dispararam três revólveres ao mesmo tempo, o carro ficou com 40 impactos de bala”. Assustada, com as poucas lágrimas que lhe restavam, foi para longe.


Após a decisão do Conselho de Estado de restituir a personalidade à UP, voltou à Colômbia e decidiu-se lançar à Presidência da República. E no sábado, 22 deste mês, numa de suas primeiras jornadas, por Arauca, foi objeto de um atentado.


Vários comentaristas radiais relataram o fato, ainda que atenuassem a gravidade porque, segundo eles, nas “pesquisas” [ela] só tem 1% na intenção de voto, o que matematicamente faz com que não tenha opções reais de ganhar as eleições. É ao contrário. O assunto é de extrema gravidade pela mesma circunstância. Há que protegê-la porque a democracia é a garantia absoluta dos direitos das minorias.


Inclusive, porque se a esquerda legal na Colômbia não obtém a absoluta certeza de que nunca jamais lhes vai passar nada, a armada em Havana não firmará a paz. Porque Aída Avella é o símbolo vivo de uma tragédia que nunca deveria ocorrer. E porque assim, valente, honesta e, apesar de tudo, jamais empunhou uma arma. A democracia é uma mentira se a ela ocorre algo.


E não se trata só dela, de sua família e de seus seguidores, como também daqueles jovens inconformistas que nasceram na Colômbia enquanto ela estava no exílio e hoje querem mudar o país, fazer política com seus ideais e suas propostas. Temos que dar-lhes as garantias absolutas a todos os Luciano Marín Arango, Luis Édgar Devia Silva, Juvenal Ovidio Palmera, para que não haja ‘Iván Márquez’, Raúl Reyes’ nem ‘Simón Trinidad’.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Nobel da Paz, Esquivel questiona "intenção de desestabilizar" Venezuela



Em entrevista à imprensa argentina, o Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel garantiu que "há uma intenção de desestabilizar não apenas a economia como também a ação social e política" na Venezuela. Ao comentar nesta segunda-feira (17/02) a série de protestos e marchas de opositores ao governo de Nicolás Maduro, o arquiteto, escritor e ativista pelos direitos humanos disse também que há uma "investida originada nos Estados Unidos".


"Tudo isso para produzir mudanças que não se fazem por meio de eleições", disse o argentino. Para Esquivel, quem move os "fios dos protestos são os EUA e seus aliados".


Esquivel pediu também maior presença do Mercosul (Mercado Comum do Sul), bloco formado por Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela — em nota divulgada hoje, o Mercosul repudiu a violência e "ameaças de ruptura da ordem democrática" no país. "O Mercosul tem que se fortalecer. Estão muito lentos", disse Esquivel, horas antes da publicação do comunicado do bloco.


O Nobel da Paz ainda elogiou as conquistas sociais da Venezuela, ressaltando que a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) reconheceu o país latino-americano por ter erradicado o anafalbetismo da população.


"Fui até as zonas marginais. Ali, as pessoas não tinham água e nenhum médico se atrevia a entrar para prestar atendimentos. A Venezuela era um país que não produzia nada, era provida pelos EUA. Hoje, a Venezuela tem uma integração", disse Esquivel.

Eduardo Galeano será candidato ao Parlamento do Uruguai


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O escritor e jornalista Eduardo Galeano será candidato ao Parlamento do uruguai nas próximas eleições de 26 de outubro, de acordo com a agência de notícias argentina Telam. Galeano deverá integrar uma das listas partidárias que apoiam a pré-candidatura da atual senadora Constanza Moreira à Presidência da República. Ainda não se sabe se ele será candidato a deputado ou senador.

Galeano nasceu em 3 de setembro de 1940 na cidade de Montevidéu, Uruguai, e viveu exilado primeiro na Argentina e depois na Espanha durante a ditadura uruguaia. Foi procurado por várias ditaduras do Cone Sul, em países onde suas obras chegaram a ser censuradas.  É autor de um dos livros que é referencia para a esquerda latino-americana, As veias abertas da América Latina.

Além de publicar obras de alcance mundial como Memórias de Fogo, O livro dos abraços e História da Ressureição dos Papagaios, recebeu os prêmios José Maria Arguedas, outorgado pela Casa das Américas de Cuba, e o Stig Dagerman, um reconhecimento sueco aos escritores que se destacam por suas obras literárias.

Constanza Moreira, cientista política de 53 anos, com pós-graduação no Brasil pela Unicamp (Universidade de Campinas), competirá com o ex-presidente Tabaré Vazquez nas eleições internas da Frente Ampla, que no dia 1° de junho decidirá o candidato da coalizão de esquerda de cara às eleições de outubro.

A pré-candidatura de Constanza Moreira busca uma renovação nos quadros políticos da Frente Ampla e possui forte apoio dos movimentos culturais. “Tanto ele (Galeano) como [o músico] Daniel Viglieti estão tendo um papel ativo na campanha e estarão nas listas que apresentaremos a partir deste espaço”, afirmou Moreira. “Eles estão atuando como porta-vozes culturais dessa candidatura e deste espaço. São referentes políticos muito queridos e que se animaram a vir para nosso lado”, destacou.

Pesquisa

Segundo a última pesquisa eleitoral, publicada essa semana pela Consultora CIFRA, a Frente Ampla tem o apoio de 45% do eleitorado, enquanto os partidos tradicionais Partido Nacional, 28% e o Partido Colorado 15%. O Partido Independente aparece com 2%.

Apesar da disputa interna entre os pré-candidatos da coalizão governista, Tabaré Vazquez e Constanza Moreira, a maioria dos analistas políticos confirmam que o candidato da Frenta Ampla deverá ser o ex-presidente Vazquez. Nestas eleições, o maior desafio para Frente Ampla será obter a maioria parlamentar que conquistou nos últimos dois pleitos eleitorais.

Venezuela: um golpe lento em andamento


Ignacio Ramonet (*)


Nos últimos meses houve, na Venezuela, quatro eleições decisivas: duas presidenciais, para governadores e municipais. Todas vencidas pelo bloco da Revolução Bolivariana. Nenhum resultado foi impugnado pelas missões internacional de observação eleitoral. A votação mais recente aconteceu há apenas dois meses. E terminou com uma clara vitória – 11,5% de diferença – dos chavistas. Desde que Hugo Chávez assumiu a presidência em 1999, todos os resultados mostram que, sociologicamente, o apoio à Revolução Bolivariana é majoritário.

Na América Latina, Chávez foi o primeiro líder progressista – desde Salvador Allende – a apostar na via democrática para chegar ao poder. Não é possível compreender o que é o chavismo se não se considerar seu caráter profundamente democrático. A aposta de Chávez, ontem, e a de Nicolás Maduro, hoje, é o “socialismo democrático”. Uma democracia não só eleitoral. Também econômica, social, cultural... Em 15 anos, o chavismo conferiu a milhões de pessoas que, por serem pobres, não tinham documentos de identidade, o status de cidadão e permitiu que votassem. Dedicou mais de 42% do orçamento do Estado aos investimentos sociais. Tirou cinco milhões de pessoas da pobreza. Reduziu a mortalidade infantil. Erradicou o analfabetismo. Multiplicou por cinco o número de professores nas escolas públicas (de 65 mil a 350 mil). Criou 11 novas universidades. Concedeu aposentadorias a todos os trabalhadores (mesmo os informais). Isso explica o apoio popular que Chávez sempre teve e as recentes vitórias eleitorais de Nicolás Maduro.

Por que, então, os protestos? Não nos esqueçamos de que a Venezuela chavista –por possuir as maiores reservas mundiais de hidrocarbonetos– sempre foi (e será) objeto de tentativas de desestabilização e de campanhas midiáticas sistematicamente hostis.

Apesar de ter se unido sob a liderança de Henrique Capriles, a oposição perdeu quatro eleições consecutivas. Diante desse fracasso, sua facção mais direitista, ligada aos Estados Unidos e liderada pelo ex-golpista Leopoldo López, aposta agora em um “golpe de Estado lento”. E aplica as técnicas do manual de Gene Sharp  [1].

Na primeira fase: 1) Criar descontentamento ao tirar massivamente produtos de primeira necessidade do mercado; 2) Tornar crédula a “incompetência” do governo; 3) Fomentar manifestações de descontentamento; e 4) Intensificar a perseguição midiática.

Desde 12 de fevereiro, os extremistas entraram na segunda fase, insurrecional: 1) Utilizar o descontentamento de um grupo social (uma minoria de estudantes  [2]) para provocar protestos violentos e prisões; 2) Montar “manifestações de solidariedade” aos detidos; 3) Introduzir atiradores entre os manifestantes com a missão de provocar vítimas de ambos os lados (a análise balística determinou que os disparos que mataram, em 12 de fevereiro, em Caracas, o estudante Bassil Alejandro Dacosta e o chavista Juan Montoya, foram feitos com a mesma arma, uma Glock calibre 9 mm). 4. Intensificar os protestos e seu nível de violência; 5) Aumentar a ofensiva da mídia, com apoio das redes sociais, contra a “repressão” do governo; 6) Conseguir que as 'grandes instituições humanitárias' condenem o governo pelo “uso desmedido da violência”; 7. Conseguir que “governos amigos” façam “advertências” às autoridades locais.

E é nesta etapa que estamos.

A democracia venezuelana está, então, ameaçada? Sim, ameaçada, uma vez mais, pelos golpistas de sempre.

(*) Diretor do “Le Monde diplomatique” em espanhol. Recentemente publicou “Hugo Chávez, Mi primera vida”.

NOTAS


[1] Gene Sharp, From Dictatorship to Democracy : Conceptual Framework for Liberation, Albert Einstein Institution, Boston, 1993.

 [2] A uma pesquisa recente, dez mil estudantes entre 15 e 29 anos se declararam satisfeitos com seus estudos (Segunda Pesquisa Nacional da Juventudade, Caracas, 13 de novembro de 2013).


Tradução: Daniella Cambaúva


DESTRUIR A REVOLUÇÃO BOLIVARIANA OBJECTIVO DO IMPERIALISMO


Por Miguel Urbano Rodrigues


O imperialismo norte- americano (com o apoio dos governos do Reino Unido e da França) está na ofensiva em duas frentes. Obrigado pela Russia a recuar na Siria ataca na Ucrânia e na Venezuela.
Na Ucrânia, o apoio de Washington às forças empenhadas em derrubar o presidente Iakunovitch foi ostensivo (ver artigo de Paul Craig Roberts ( http://www.odiario.info/?p=3187).

Na Venezuela, a estratégia dos EUA é mais subtil. Nela a Embaixada em Caracas e a CIA têm desempenhado um importante papel.

O projeto inicial de implantar no país uma situação caótica fracassou. Os apelos à violência de Leopoldo Lopez que assumiram caracter insurrecional na jornada de 12 de Fevereiro tiveram a resposta que mereciam das Forças Armadas e das massas populares solidarias com a revolução bolivariana. Os crimes cometidos pelos grupos de extrema-direita suscitaram tamanha repulsa popular que até Capriles Radonski – o candidato derrotado à Presidência da Republica -optou por se distanciar de Lopez e sua gente, mas convoca novas manifestações «pacíficas».

Inviabilizada a tentativa de golpe com recurso à força, o esforço para desestabilizar o país prosseguiu, mas o projeto de tomada do poder foi alterado. O governo define-o agora como «um golpe de estado suave».
Uma campanha de desinformação, que envolve os grandes media dos EUA e da União Europeia, transmite diariamente a imagem de uma Venezuela onde a violência se tornou endémica, manifestações pacíficas seriam reprimidas, a escassez de produtos essenciais aumenta, a inflação disparou e a crise económica se aprofunda.

Ocultam a realidade. Quem promove a violência é a extrema direita , quem incendiou lojas da Mision Mercal que vende ao povo mercadorias a preços reduzidos,quem saqueia supermercados é essa oposição neofascista que se apresenta como democrática», é ela que sabota a economia e organiza o açambarcamento de produtos essenciais.

No Estado de Táchira, grupos terroristasparamilitares vindos da Colômbia semeiam o terror, forçando o presidente Maduro a decretar ali o estado de exceção.
É significativo que o embaixador da Venezuela em Lisboa, general Lucas Rincón Romero, tenha sentido a necessidade de emitir um comunicado ( http://www.odiario.info/?p=3186) para esclarecer que os media internacionais publicam quase exclusivamente declarações da oposição que deturpam grosseiramente os acontecimentos do seu pais.

A Revolução Bolivariana enfrenta hoje uma guerra económica- a expressão é de Maduro- que é simultaneamente uma guerra psicológica, política e social.

Nesse contexto, o Presidente da Venezuela ao alertar o seu povo para a cumplicidade de Washington na montagem de «um golpe de estado» denunciou o envolvimento em atividades conspirativas da oposição de três funcionários consulares dos Estados Unidos, e ordenou a sua imediata expulsão. Reagindo também à campanha anti venezuelana da CNN, acusou aquele canal de TV de uma «programação de guerra».

Como reage Barack Obama? Com hipocrisia e arrogância. Não citou o episódio da expulsão dos diplomatas, mas pediu a Maduro que liberte os dirigentes da oposição presos. Como nele é habitual invocou no seu apelo retorico princípios humanitários, o respeito pelos direitos humanos, o diálogo democrático, enfim, aquilo os EUA violam com a sua política de terrorismo de estado.

Somente faltou mencionar explicitamente Leopoldo Lopez, o líder das jornadas de violência que provocaram mortes e destruições em Caracas e noutras cidades.

O senador republicano John Mac Cain, ex candidato à Casa Branca, foi mais longe do que Obama. Numa entrevista à BBC sugeriu com despudor uma intervenção militar direta na Venezuela para «estabelecer a paz e a democracia».

A escalada golpista assumiu tais proporções que desencadeou a nível mundial um poderoso movimento de apoio à Revolução Bolivariana, ameaçada pelo imperialismo e o fascismo caseiro.

Um manifesto de solidariedade ao governo de Maduro, iniciado na Argentina, já foi assinado em muitos países por milhares de intelectuais, artistas, dirigentes políticos, parlamentares e sindicalistas.
A solidariedade com o povo de Bolívar corre mundo como torrente caudalosa.

Vila Nova de Gaia, 22 de Fevereiro de 2014 

Disparam 14 balas no carro da comitiva da UP em Arauca


Na manhã do domingo 23, se produziu um ataque contra um dos carros que integrava a caravana da candidata presidencial pela União Patriótica Aída Avella e o candidato ao Senado, Carlos Lozano Guillén.


Quando a caravana se deslocava na rodovia que conduz de Pueblo Nuevo a Puerto Jordán, um dos veículos onde se transportava alguns integrantes do esquema de segurança de Arauca foi impactado com quatorze disparos. Num posto militar o veículo teve que ser abandonado porque um dos disparos atravessou o radiador.


Nenhum dos integrantes da Caravana resultou ferido.


O fato se produziu nas imediações da base militar Força de Tarefa Quirón do Exército Nacional, a dez ou quinze minutos da vereda de Puerto Jordán. O general Luis Danilo Murcia, comandante da Força de Tarefa Quirón, declarou que já estão buscando os responsáveis pelo atentado.


Os candidatos continuaram seu caminho rumo a Puerto Jordán, onde os esperavam mais de mil simpatizantes para dar início ao ato político programado.


A União Patriótica faz um chamado para que as autoridades investiguem o fato o mais rápido possível e para que se forneçam todas as garantias para o exercício político e o direito a propor alternativas diferentes na contenda eleitoral.


Este fato atenta contra o processo de Paz na Colômbia e contra o direito de exercer a oposição política do país. Sem garantias para a oposição não há democracia”, afirmou o presidente da União Patriótica, Omer Calderon.


Aída Avella reclamou o direito a viver e a ser opção de poder na Colômbia.


Apesar deste fato de violência, a UP, junto ao povo colombiano, continuará adiante em seu empenho de conquistar uma paz correta, com justiça social e democracia para a Colômbia; exercendo seu direito a participar nos comícios eleitorais e convidando aos cidadãos para que ouçam suas propostas e realizem o direito soberano a eleger com liberdade e consciência.


Comunicado do Escritório de Imprensa da União Patriótica.


Maureén Maya, Chefe de imprensa da Campanha Aída Avella, Presidente UP
Celular: 313 437 34 67
 

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Há uma tentativa de golpe de estado em andamento na Venezuela"


Brasília - “Golpe de estado em desenvolvimento”. É este o termo com que o embaixador da Venezuela no Brasil, Diego Molero, ex-ministro da Defesa do governo Chaves, definiu os últimos acontecimentos em seu país, durante o ato de apoio político ao presidente Nicolás Maduro, organizado por representantes dos principais movimentos sindicais e sociais brasileiros, nesta sexta (21), na sede da embaixada, em Brasília. “O apoio de vocês é um grande alento, um grande consolo ao povo venezuelano. Na Venezuela, como aqui no Brasil, há um povo honesto, com espírito de luta para enfrentar essas vicissitudes, que não deixará que eles alcancem seus objetivos. E é por isso que pedimos ajuda para contar ao mundo o que de fato se passa no nosso país”, afirmou.

Em entrevista à Carta Maior, o embaixador disse que as recentes e violentas manifestações que têm ocorrido no seu país não são articuladas por estudantes ou setores pacíficos da oposição como a imprensa internacional quer fazer parecer, mas por infiltrados de direita treinados e financiados pelo governo norte-americano, com o objetivo de causar uma aparente instabilidade na Venezuela e, assim, justificar uma intervenção militar para a qual o Estados Unidos vêm se preparando há mais de uma década. Os objetivos? Tanto acabar comum dos mais expressivos governos de esquerda do continente quanto acessar o petróleo venezuelano.

“Há suficientes provas em meu país que certificam o que digo: tudo isso está orquestrado pelo governo norte-americano. Se analisamos quais são os países que são atacados pelo império norte-americano, vemos que são os que têm petróleo. E a Venezuela é um duplo inimigo, porque tem também um governo progressista, um governo que usa as reservas petroleiras para apoiar seu povo, com saúde, com educação. Em 2002, quando Pedro Carmona [então presidente da Federação Venezuelana de Câmaras de Comércio] deu aquele golpe, imediatamente o preço do barril de petróleo, que estava entre US$ 35 e US$ 40, foi ofertado aos Estados Unidos por US$7, US$ 8”, esclarece.

Conforme ele, há hoje na Venezuela um problema de desabastecimento real, provocado pelos capitalistas. E também uma instabilidade política, criada a partir da infiltração de grupos fascistas em manifestações que deveriam ser pacíficas. Mas o governo mantém o controle da situação e não há justificativa para intervenções. “A maioria dos feridos são funcionários do estado. Em número muito maior do que o de manifestantes, que usam táticas terroristas: queimaram a casa de um governador, atentaram contra a vida de sua família. Portanto, Isso não são atos democráticos, são atos terroristas. E o que o governo faz é apenas exercer a lei, como se faz em qualquer lugar do mundo”, justifica.

Molero avalia que a situação se agravou em 12 de fevereiro, quando, após uma marcha solicitada por estudantes opositores, o grupo liderado por Leopoldo Lopez afirmou que continuaria nas ruas enquanto houvesse governo. “A única forma que existe nos países democráticos para se tirar um governo do poder é a via eleitoral, que é a via constitucional. E a maioria do povo venezuelano decidiu que o presidente fosse Nicolás Maduro, o que é uma mostra de como o povo quer a continuidade de um governo que é realmente humanista e progressista. Então, Leopoldo Lopez não é um preço político, mas um preso comum acusado de assassinato, de terrorismo, de destruição do patrimônio público”, resumiu.

Direitos humanos

Ex-ministro da Defesa, Molero afirma que as forças armadas do seu país respeitam os direitos humanos e mantêm a tradição de apoiar e respeitar o povo, desde o início da chamada “revolução bolivariana”, com a entrada do ex-presidente Hugo Chávez na presidência. “Quando eu entrei nas Forças Armadas, nós aprendíamos a odiar os pobres. Antes de Chaves, se reprimia o povo, se matava o povo, como em 27 de fevereiro de 1989, quando Carlos Andrés Pérez ordenou que as forças armadas massacrassem um povoado, que resultou em mil mortos. Foi ali que nós, militares, começamos a nos rebelar contra aquela carnificina popular. Hoje em dia, temos a consciência, criada pela revolução bolivariana, de que somos povo e de nossa função é defender o povo”.

Molero avalia que, hoje, as forças armadas se comportam exatamente como em 2002, quando as mesmas forças de agora articularam o primeiro golpe contra o ex-presidente Hugo Chavez. “Na tentativa de golpe de 2002, saíram às ruas, lado a lado, o povo com suas bandeiras e as forças armadas com seus fuzis para resgatar a dignidade do nosso país. Hoje, a Venezuela tem um povo que apoia seu governo e forças armadas que seguem a constituição e, por isso, apoia o presidente Nicolás Maduro”, sustentou ele, alegando que os militares jamais iriam se lançar contra manifestantes inocentes.

O embaixador também atacou a manipulação de imagens que ganha o mundo via imprensa oficial e redes sociais. Em power point, exibiu um série de imagens de violência policial publicadas como sendo ocorridas na Venezuela, mas que, na verdade, se passaram em outras partes do mundo, como Síria, Egito, Argentina, Ucrânia e mesmo o Brasil. Mostrou também diversos vídeos das manifestações atuais, que mostravam as forças armadas se protegendo de ataques dos manifestantes, sem revidá-los. “O governo venezuelano já tem provas de que o tiro que matou a modelo em uma manifestação saiu das armas dos próprios manifestantes”, acrescentou.

Quanto ao apoio dos Estados Unidos, Molero sustentou que também não restam dúvidas. Segundo ele, os grupos de direita que tentam tomar o poder na Venezuela receberam, nos últimos anos, mais de US$ 80 milhões do governo norte-americano. “Um dinheiro que poderia ser usado para trazer mais benefícios para os povos, como escolas e hospitais, mas que serve para financiar o terrorismo de estado internacional”, ressaltou. Ele lembrou também que o presidente Barak Obama já afirmou em entrevistas que está preocupado com a situação na Venezuela e pronto para tudo. “Pronto para quê?”, questionou.

Urge mais solidariedade internacional para frear o fascismo na Venezuela


 Por Carlos Aznárez *


Tudo se precipitou no continente. Em breve, vai completar um ano da morte [o assassinato?] do Comandante Hugo Chávez, e a imagem congelada daqueles dias de dor, de raiva e, por que não, de impotência se transformou rapidamente em outras cenas muito diferentes. O império não perdeu tempo e acelerou a ofensiva que lentamente se vinha gestando e à qual alguns otimistas em excesso não prestavam maior atenção.
 
Já o próprio Comandante o havia observado quando, numa das tantas confrontações com Álvaro Uribe Vélez, definia as bases militares estadunidenses na Colômbia como a ponta de lança de uma futura desestabilização, não só para Venezuela como também em nível continental.
 
Nutridos por um resultado eleitoral demasiado apertado, produzido quando ainda a população venezuelana não saía do luto, os mandachuvas de Washington deram luz verde a uma oposição que, pela primeira vez, acreditava tomar pé para tentar vencer pela via dos votos. Como ajuda extra, além dos milhões de dólares que recebem desde Miami e outras capitais “amigas”, a direita local contou com algo que já se havia provado com êxito no Chile de Salvador Allende, e que tem a ver com operações de amolecimento e desgaste sobre a população, golpeando onde mais dói, em sua economia cotidiana.
 
Assim, se pôs em marcha mais desabastecimento de alimentos e medicamentos, fuga de divisas e especulação com o preço do dólar frente ao golpeado bolívar, sabotagem energética, campanha de rumores, e todo o fogo semeado pelas corporações midiáticas. No entanto, a reação do governo de Nicolás Maduro foi severa e, a ponta de leis corretivas e sanções aos especuladores, se pôde chegar a uma nova confrontação eleitoral na qual a oposição recebeu outra porrada em suas ambições de poder. Isto ocorreu também porque o povo venezuelano, essa porcentagem importante de pessoas agradecidas por tudo o que tem recebido da Revolução, apesar do desgaste notório que a guerra econômica produz, não duvidou em cerrar fileiras e “arriscar-se” com os seus.
 
A partir desse momento, o império pôs em marcha uma nova etapa de sua ofensiva, elegendo para isso a tão temida via da violência fascista. Todos recordam como começou a campanha para apoderar-se da Líbia. E o que veio depois na Síria, e o que está ocorrendo agora mesmo na Ucrânia. Países onde se passou, num curto período de tempo, da estabilidade e uma regular convivência à destruição da maior parte de suas infraestruturas e ao assassinato da população quantificado em dezenas de milhares.
 
Como se fossem pedras de dominó, o efeito foi dando seus frutos para a política de ingerência e intervenção imperialista. Isto não quer dizer que não se resista [Síria e Ucrânia o seguem fazendo], porém, quem consola a milhares de pessoas que viviam mais ou menos em paz e hoje olham ao seu redor e só veem escombros, morte e milhares de deslocados e refugiados?
 
O manual de operações fixado pelo Pentágono é simples: torpedear as economias daqueles aos quais se tenta conquistar e, em seguida, apelar para os “civis” do lugar [ou de outras latitudes, como é o caso dos mercenários da Al-Qaeda ou Al Nusra, no Oriente Médio] para que empreendam a guerra devastadora que aniquile qualquer resistência.
 
Venezuela e seu petróleo, tão ambicionado pelos Estados Unidos e pela União Europeia, não podiam escapar destas manobras.
 
A criminal escalada fascista que se pôs em marcha em Caracas e em alguns Estados chaves, utilizando a alguns jovens de classe média alta e contando com a sustentação da burguesia empresarial [os mesmos que deram o golpe em 2002 e que, lamentavelmente, não foram desarmados e castigados contundentemente] não é algo que se possa minimizar.
 
Por outro lado, os fatos que se desencadearam na “Meia-lua” venezuelana, integrada por Táchira, Zulia e Mérida, aproveitando a presença não só de importantes setores da oposição mais extremista e o concurso dos paramilitares colombianos que entram e saem sem demasiados problemas, obrigam a relembrar outra vez a Líbia e Síria. Ou, melhor dizendo, a Benghasi, Homs ou Aleppo, cidades onde os mercenários pró-ianques se entrincheiraram para investir contra Kadafi e Bachar Al Assad.
 
Tampouco há que subestimar o papel que pode jogar daqui para frente esse cachorro da CIA chamado Leopoldo López, quem, poucos minutos antes de ser detido, deixou como “herança” um vídeo no qual convoca suas hostes à “resistência” para derrocar o Governo de Maduro. Seu melhor parceiro, ele o sabe, se chama Barack Obama.
 
Frente a este estado de coisas, o povo venezuelano está colocando, como sempre, o melhor de seu compromisso. Tem se mobilizado massivamente, acompanhando as convocatórias oficiais, tem rechaçado os chamados a greve e sabotagem e põe o corpo frente aos violentos, que impulsionam seus sicários a matar friamente, tanto a chavistas como a manifestantes da oposição, pensando em sacar lucros de futuras respostas entre uns e outros.
 
Não pouca importância tem também o papel que estão jogando as Forças Armadas Bolivarianas, rechaçando uma e outra vez os cantos de sereia da direita, e ratificando a lealdade à Revolução e ao Socialismo a construir. Todos sabemos que sem este bloco uniformizado haveria sido muito difícil sustentar a atual plataforma de poder. Algo no qual jogaram um papel fundamental o Comandante Chávez e Diosdado Cabello.


O que está faltando
 
No meio de cenas de incêndios, barricadas, bombas e uma espetacular e massiva campanha de desinformação protagonizada pelo terrorismo midiático, há um ingrediente que está em falta. Pareceria que, nesta ocasião, ao continente e a suas organizações de integração [Unasul, CELAC] lhes vêm falhando os reflexos. Não é mau que se façam manifestos e declarações de boas intenções a nível solidário, porém só isso é insuficiente. Servem para que o povo humilde expresse suas adesões e repúdios, porém a batalha que se está travando exige muito mais que isso. Quase por mecanismos de autodefesa, as instituições e os presidentes latino-americanos deveriam convocar-se em Caracas, ou onde lhes seja oportuno, e devolver à Venezuela Bolivariana o mesmo que esse país tanto tem dado: solidariedade concreta, sem vacilações nem mesquinharias.
 
Recordemos o útil que foram estas intervenções no caso de Bolívia e Equador, ajudando a desativar com suas presenças golpes de Estado em desenvolvimento.
 
Se nos tocam a um, nos tocam a todos”, costumam dizer os lutadores sociais, e têm toda a razão do mundo. O tema é que os de cima entendam esse significado antes que seja demasiado tarde. Ao fascismo, não há que conceder-lhe nem tempo nem vantagens adicionais. Se isso ocorre, podem nos aniquilar, já o vimos em infinidades de oportunidade. Uma reflexão que vale tanto para os que hoje governam no Palácio de Miraflores, aos efeitos de que sigam radicalizando a Revolução ao mesmo tempo em que combatem os focos violentistas da direita, e também para cada um de nós que estamos dispostos a que esse processo que tanto esforço custou ao Comandante Supremo Hugo Chávez e a seu bravo povo construir, não se perca nem retroceda. É evidente que nos estamos jogando, entre todos, a possibilidade de concretizar ou não a tão ansiada Segunda Independência. Não é pouca coisa.

* Director de Resumen Latinoamericano

 
Tradução: Joaquim Lisboa Neto
 
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domingo, 23 de fevereiro de 2014

Maduro: “se se desse um Golpe de Estado fascista, a revolução tomaria um caráter armado e revolucionário”



O presidente da República Bolivariana de Venezuela, Nicolás Maduro, assegurou que, frente a um Golpe de Estado, a Revolução Bolivariana se radicalizaria e se converteria numa revolução “armada”.


Esta revolução pacífica e democrática talvez tomaria outro caráter, um caráter armado, profundamente revolucionário, que o saiba o mundo, estamos decididos a tudo e frente ao Golpe Fascista nós aprofundaríamos e radicalizaríamos esta revolução até mais além dos limites que foram conhecidos até hoje”, disse Maduro.


Maduro assegurou que a Revolução Bolivariana jamais se renderia, “queremos paz e tolerância”, ao tempo em que relembrou que os revolucionários estão impregnados de valores democráticos.


Sem lugar a dúvidas, a revolução é uma maioria gestada nos valores democráticos”; o presidente da República acrescentou, ademais, que “eu sou presidente porque aqui há uma revolução e sou filho de Chávez”.


Disse à ultra direita nacional e internacional, em especial ao ex-presidente colombiano e paramilitar Álvaro Uribe, que “não poderás conosco”, ao mesmo tempo em que assegurou que os “derrotaremos, como sempre”.


Finalmente, o presidente Nicolás Maduro anunciou que em Venezuela “saberemos contornar as dificuldades e defender a Constituição da República”.


Estas declarações, as anunciou desde o encerramento do I Encontro do Mercosul Operário; a referida atividade se realizou no Palácio de Miraflores.


No lugar, o mandatário nacional pôs à disposição do Mercosul Operário o Fundo de Financiamento Mercosul-ALBA e Petrocaribe para o Desenvolvimento Econômico, criado pelo líder Supremo da Revolução Bolivariana, Hugo Chávez, com 1 bilhão de dólares, para financiar projetos econômicos e de recuperação ou potencialização de empresas.


Tradução: Joaquim Lisboa Neto