"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Entrevista exclusiva com o Comandante Raúl Reyes.

Pablo Biffi, envidado especial. Selva do sul da Colômbia.
pbiffi@clarin.com


Comandante Raul Reyes


Por que é tão difícil um Acordo Humanitário para liberar reféns, dos quais alguns completaram já dez anos presos?

- O atual governo não tem mínima intenção de fazer o Intercâmbio. As FARC têm insistido há mais de cinco anos na procura de um Acordo sobre a Troca de uns 50 reféns por 400 guerrilheiros presos. Lembremos aqui que nos Diálogos de Paz com o Governo de Andrés Pastrana, liberamos unilateralmente mais de 300 soldados e policiais. E obtivemos a liberação de 14 guerrilheiros que estavam enfermos. Os que continuam em nosso poder são para o Acordo Humanitário.


Por que insistem no despejo militar dos municípios de 800 quilômetros quadrados, Florida e Pradera, para a Troca?

-Quando assumiu este governo em 2002 propomos-lhe o despejo de dos municípios San Vicente del Caguán e Cartagena del Chairá, no Estado do Caquetá. Mas, Uribe disse que estávamos propondo esses municípios porque as FARC sentiam-se acossadas militarmente e queriam recuperar terreno. Nós dissemos então: bom, que sejam outros, assim o governo não crê que queremos tirar vantagem.


Mas, não se pode fazer de outra maneira o Intercambio?

- Não, porque as FARC não têm a mínima confiança nos representantes de Uribe, porque é um governo narco-paramilitar, um governo que não têm interesses distintos à guerra. Ademais, pensamos que é pouca coisa desmilitarizar dois municípios por 45 dias para um Acordo de tanta trascendência.


- Mas, o governo insiste em que não desmilitarizará e, vocês, que sem desmilitarização não há Troca. Como sair dessa armadilha?

-Pensamos que disto se sai com a pressão nacional e internacional, para sensibilizar a Uribe, para que entenda que a única forma de chegar a um Acordo é desmilitarizando os municípios. A proposta da desmilitarização não foi feita por Uribe, mas pelas FARC. Por isto, é que destacamos muitíssimo o papel que têm jogado e continuam a jogar França, Espanha e Suíça em procura do Acordo. Mas a política de Uribe é de resgate pela força, sem se importar com o que possa acontecer aos prisioneiros, já que ele só quer apresentar resultados na execução dos Planos Colômbia e Patriota, financiados pelos EUA, e demonstrar que está derrotando às FARC.


Não lhe parece que seja um jogo de força entre governo e FARC usando os reféns?

-Acontece que na Colômbia há um conflito interno, um confronto de mais de 43 anos, só com as FARC, onde o Estado tem feito de tudo para acabar a guerrilha. Cada presidente utilizou grande quantidade de homens e de recursos na tarefa de acabar com as FARC. Ninguém conseguiu. Pelo contrário, temos crescido e estamos presentes em todo o país, coisa que deixa preocupada a classe governante.


Insisto, não é um jogo de força com reféns no meio?

- O governo que fazer crer ao país a ao mundo que está perto de nos derrotar e que nos fará negociar sob pressão. Nós estamos fortes e não negociaremos sob pressão.


Há uns meses o governo liberou uma centena de guerrilheiros e por pedido do presidente francês foi liberado o chanceler das FARC, Rodrigo Granda. Aguardava-se um gesto recíproco de vocês, por exemplo, deixar em liberdade a Ingrid Betancourt, mas não houve nada.


-Isso foi um feito unilateral do governo a meio de uma campanha da mídia para ocultar o escândalo da parapolítica que o está complicando e não fruto de uma negociação. E sobre a liberação de Granda,
manifestamos nosso agradecimento ao presidente Nicolas Sarkozy. Mas, tampouco houve compromisso das FARC com Sarakozy para que Granda fosse liberado.


Mas, não tivesse sido importante libertar a Ingrid ou Clara Rojas e seu filho de três anos, que nasceu em cativeiro?

- O problema do Acordo Humanitário deriva do conflito interno colombiano e qualquer Acordo deve ser feito na Colômbia. Qualquer intervenção em favor da Troca é proveitosa. Mas quem decide são o governo de Bogotá e as FARC.


Chávez ofereceu seu país e uma zona despejada para que a Troca. Aceitariam que fosse feita na Venezuela?

-Gostaria de agradecer através de Clarín ao presidente Chávez por esse gesto, por essa generosidade, por esse sentido de solidariedade com Colômbia e com os familiares dos prisioneiros y as FARC. Mas, é
necessário aqui lembrar que o presidente Chávez faz essa oferta depois de que a Senadora Piedad Córdoba, do Partido Liberal e opositora a Uribe pediu-lhe que contribuísse no Acordo. E ele está fazendo sua parte, que nós pensamos que é um início, um novo impulso que se pode dar ao tema do Intercambio Humanitário. Mas, seguimos defendendo que por ser um problema derivado do conflito interno, a Troca deve ser feita na Colômbia.


Então, vocês rejeitam entregar reféns na Venezuela?

-Sim, nós não temos problema em dialogar em qualquer lugar, mas a entrega de prisioneiros deve ser na Colômbia.


Não é um ato demencial ter pessoas detidas durante tanto tempo como Ingrid Betancourt, que leva mais de 5 anos em mãos das FARC?

- Para nós, em nenhum dos casos pode-se falar em seqüestro, porque trata-se do resultado de uma confrontação do povo em armas, as guerrilhas revolucionárias na Colômbia e, um estado que tem uma ramificação nos três poderes, Executivo, Judicial e Legislativo. Os soldados em nosso poder são prisioneiros de guerra e os outros, são prisioneiros políticos. No grupo que denominamos de "trocáveis", está Ingrid Betancourt, uma candidata a presidência e antes senadora, mas do sistema que combatemos. Por isso, não é uma seqüestrada.


E no caso dos três estadonidenses que vocês têm desde fevereiro de 2003?

-Eles são agentes estadunidenses. As FARC não os capturaram em Washington, Nova York, Texas ou Boston, mas em território colombiano quando faziam espionagem em nosso país.


O Governo e os EUA dizem que eram contratistas civis....

- Essa é a grande mentira. São agentes que faziam espionagem na Colômbia, violando nossa soberania, nossa independência. Pese a isso, os incluímos entre os "trocáveis" e ganharão a liberdade só quando sejam liberados os Camaradas Simón Trinidad e Sonia, presos nos EUA junto com todos os guerrilheiros e guerrilheiras que estão nos cárceres da Colômbia.


Por que tomam como reféns a empresários?

- Não. Quais empresários?


Não há empresários?

-Que eu saiba, não. E se há, é porque eles não têm cumprido com o pagamento do imposto indicado pela nossa Lei 02, e que as FARC cobram aos empresários, que são os mesmos que financiam a guerra contra o povo colombiano. Muitos pagam esse imposto e, aqueles que não pagam, são feitos prisioneiros. Mas, não estão incluídos no pacote de "trocáveis", pois uma vez que pagam a dívida com a organização, ficam liberados.


Quanto têm que pagar?

- O 10% das utilidades que obtém cada ano.


Você falou de Simón Trinidad e Sonia, presos nos EUA. Acredita que seja possível uma negociação com Washington para trocá-nos pelos três usamericanos?

Haveria que ver em que termos, mas não haveria problema, na medida em que seja feito através do governo colombiano. Em definitiva, Uribe não é mais que um empregado deles e faz quanto lhe mandam.


Não é um mito isso?

- Não, é real.


Como se manifesta?

- Os mesmos estadunidenses o reconhecem. É uma realidade que se expressa por eles saberem perfeitamente quem é Uribe, porém, apóiam-no sabendo de seu passado bastante obscuro de paramilitar, de narcotraficante. Apóiam-no apesar de conhecer as fraudes que sempre tem feito, a compra de votos, apesar de conhecer quem estiveram nas lista com ele e de onde vêm os votos. O acompanham apesar das mentiras que lhes diz diariamente sobre supostos triunfos que não tem. Deram-lhe muito dinheiro para o Plano Colômbia, mas não tem podido apresentar os resultados esperados por eles. Ofereceu-lhes acabar com as FARC o mais rápido possível no seu primeiro mandato e, também, a resgatar os prisioneiros sem precisar de Acordo. Tampouco pode.


Nunca ficou claro como morreram em 18 de junho os 11 deputados em poder das FARC. Realmente, o que se passou?

- Dissemos que uma força não identificada causou a morte dos deputados. Até hoje, não temos podido identificar o que ocorreu.


Por quê?

- Porque na região onde estavam os 11 deputados há confrontação permanente, porque há todo tipo de forças, como o exército oficial, a polícia, os paramilitares ao serviço do Estado, quadrilhas de delinqüentes armadas pelos narcotraficantes. Por isso, as FARC não quiseram se aventurar a responsabilizar nenhuma força de esse lamentável acontecimento.


O Governo diz que vocês os assassinaram.

- Isso não é certo.


Mas, não há responsabilidade nas FARC? Porque vocês têm a responsabilidade pela vida dos reféns.

- Claro, houve falhas na segurança. Houve falhas em nossas tropas, que tinham a responsabilidade de cuidar dos prisioneiros.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

FARC: 25 militares mortos no Sul da Colômbia

“O dia 10 de agosto às 15:50, unidades do Bloco Sul das FARC-EP, ativaram uma mina de 150 metros em uma patrulha do exército, nas veredas San José, La Sardina e Ranchería, jurisdição do município de Orito” informa o estado Maior da Frente 48.


Marulanda Vélez e Joaquín Gómez


[ANNCOL]


Segundo um comunicado da Frente 48 das FARC, mais de duas dezenas de militares morreram ao pisarem em um campo minado ao sul da Colômbia.


“O dia 10 de agosto às 15:50, unidades do Bloco Sul das FARC-EP, ativaram uma mina de 150 metros em uma patrulha do exército, nas veredas San José, La Sardina e Ranchería, jurisdição do município de Orito” informa o estado Maior da Frente 48.


“25 militares são os mortos e se desconhece o número de feridos por enquanto” disse o oficial dessa unidade militar das FARC. Estas cifras de baixas nas forças oficiais diferem com os constantes “falsos positivos” do ministro de Defesa Juan Manuel Santos.


Regularmente seus generais sob seu comando disfarçam camponeses e sindicalistas com uniformes camuflados para apresentá-los à grande imprensa nacional e estrangeira como ‘guerrilheiros caídos em combate’. Com esta modalidade o governo uribista conseguiu, ao menos, transitoriamente receber e justificar mais ajuda estadunidense e enganar alguns governos europeus de que estão ganhando a guerra.



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Esperamos que este gesto humanitário das FARC

... conduza a que se desocupe Florida e Pradera durante 45 dias, declara o Mandato Vallecaucano pelo Intercâmbio Humanitário.”Valorizamos as provas de sobrevivência entregues pela insurgência das FARC-EP e gravadas em 26 de Março de 2007”,afirmam seus porta-vozes.Uribe imediatamente rechaçou o pedido dos doze deputados em poder desta organização insurgente.


Sonia e Simon, guerrilheiros das FARC na lista de trocáveis


[ANNCOL]


Publicamos declaração em sua totalidade.


DECLARAMOS

Que valorizamos as provas de sobrevivência entregues pela insurgência das FARC-EP e gravadas em 26 de Março de 2007,como um gesto de humanitário que aspiramos e esperamos,conduza a que como o expressam os 12 ex Deputados:Juan Carlos Narváez Reyes,Sigifredo Lopes Tobón, Jairo Javier Hoyos Salcedo, Nacianceno Orozco Grizales, Ramiro Echeverri Sanches, Carlos Alberto Barragán Lopez, Rufino Varela Cobo, Alberto Quintero Herrera, Francisco Javier Giraldo Cadavid, Carlos Alberto Charry Quiroga, Hector Fabio Arismendi Ospina e Edinson Perz Núñez, o Governo Nacional e a Guerrilha se reúnam imediatamente em Pradera e Florida no espaço de 45 dias em uma Zona de Encontro Humanitário decretada pela Presidência da Republica em acordo com as FARC-EP, e assim, se dê inicio as conversações em prol do intercâmbio humanitário.


Assinado em Santiago de Cali aos vinte e sete(27)dias do mês de Abril do ano dois mil e sete(2007)


Assinam


MARINO DEL RIO URIBE
Presidente
Assembléia Departamental
Valle del Cauca de Cali
mdelrio@vallecelcauca.gov.co


ATHEMAY STERLING
Diretor
Centro de Direitos Humanos
Universidade Santiago
athemaysterling@usc.edu.co



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quarta-feira, 22 de agosto de 2007

“A guerra a morte” e o Intercâmbio Humanitário

Em “A guerra a morte’ e o Tratado de Regulação da Guerra’ firmado por Bolívar e Morillo encontramos o antecedente histórico e a gênese do Intercâmbio ou Troca de Prisioneiros proposto pela guerrilha das FARC. Para sua concretização necessitamos grandeza de espírito e “o mais belo monumento à piedade aplicado à guerra”, escreve Allende La Paz.


Sonia e Simón são parte do Intercâmbio humanitário com Uribe ou sem ele!


[Allende La Paz, ANNCOL]


Os antecedentes históricos do Intercâmbio Humanitário estão claramente referenciados em “A Guerra a Morte’ antecipada por Simón Bolívar, em resposta à barbaridade com que atuavam os espanhóis com os partidários da causa independentista. Isso demonstra que tal proposta nos momentos atuais não nasce do capricho da insurgência, mas do reconhecimento das condições histórico-concretas em que se desenvolva o conflito interno colombiano.


O historiador Alfonso Rumazo González em sua obra: “Sucre. Grande Marechal de Ayacucho” disse: “diante da negativa dos exércitos de Quiroga e Riego, na Espanha em marchar para a América – haviam preferido sublevar-se-, o rei jurou a Constituição liberal em março desse ano (1820). Morillo, muito contrariado, teve que dar a conhecer aos venezuelanos, em ato público solene. Bolívar escreveu, então profeticamente: “nossa causa foi decidida no tribunal de Quiroga”!. A proclamação da lei liberal significava a exigência da paz entre espanhóis e americanos. Uma paz negociada, embora temporal. Uma paz que incluísse – eis aqui o recôndito – a possibilidade do regresso à Espanha do general (Pablo) Morillo, o que ele desejava ardentemente, tanto pela vigência da Constituição liberal como porque em anos seu país não havia lhe enviado nem auxílios nem reforços. Em Morillo recrudescia o ressentimento; um desejo de deixar a cena o quanto antes. Atender a esse anseio significava o mais astuto dos procedimentos, porque no lugar do eminentíssimo chefe ficaria o general La Torre, inferior em todos os sentidos”.


O intercâmbio ou Permuta “será eterno como o mais belo monumento da piedade aplicada à guerra”.


Rumazo continua: “Com antecedentes numerosos e não poucos incidentes, resolve-se de ambos os lados negociar o armistício e também um tratado de regulação da guerra. O escolhido para essa atividade prolixa, difícil, é o general Sucre, com o coronel Briceno Méndez, e o tenente coronel José Gabriel Pérez. O papel de plenipotenciário corresponde a Sucre. Concedeu-lhe honra muito alta, em uma atividade diplomática complexa ao extremo. Os três delegados discutiram os termos do acordo durante quatro dias, na cidade de Trujillo. Cruzaram várias informações; houve intenção de ruptura da parte hispânica. Ao final firmaram tanto o armistício como o Tratado de Regulação da Guerra (não fuzilamento de prisioneiros) E o mérito foi, nos dois casos, de Sucre. A tal ponto que o próprio Bolívar escreveu: “Este tratado é digno da alma do general Sucre: a benignidade, a clemência, o gênio da beneficência o ditaram; ele será eterno como o mais belo monumento da piedade aplicada à guerra: ele será eterno como o nome do vencedor de Ayacuchoi”.


Convivem então em uma entrevista entre os dois comandantes supremos das forças em guerra: Pablo Morillo e Simón Bolívar. Rumazo nos conta assim: “A entrevista pessoal entre o libertador e Morillo foi realizada em 27 de novembro. Bolívar, acompanhado de Sucre, Briceño Méndez e seus edecanes, sem guardaalguma, se aconteceu na praça de Santa Ana. Morillo, ao vê-los avançar, perguntou a O”Leary qual era Bolívar; ao apontar exclamou: “Como?, aquele homem pequeno de ll azul e gorro de campanha e que vem em uma mula?”


O Tratado estabelecia que “a permuta de prisioneiros será obrigatória.


“…O que tomava transcendência, daqueles atos solenes, era o Tratado de Regulação da Guerra: “A guerra entre Espanha e Colômbia será feita como fazerm os povos civilizados...Todo militar tomado no campo de batalha será mantido como prisioneiro de guerra e será respeitado, até alcançar sua libertação...Os feridos não serão prisioneiros de guerra...Os militares ou empregados que tenham desertado de suas bandeiras não podem ser castigados com pena capital...A troca de prisioneiros será obrigatória....Os habitantes dos povos que alternativamente se ocuparem das armas de ambos os governos serão altamente respeitados e gozarão de absoluta liberdade e segurança...Os cadáveres, nos campos de batalha, receberão as últimas honras da sepultura”.


Evidentemente o Tratado responde às condições históricas concretas. Isso é interpretado por Rumazo que nos diz: “Este texto, redigido por Sucre, foi o que chamou Bolívar “o mais belo monumento à piedade aplicado à guerra”. Por sete anos havia regido a “guerra a morte”, que foram os espanhóis os primeiros a impor. “A guerra a morte” conseguiu definir os campos, no tempo em que os soldados passavam de um a outro bando, muitas vezes no próprio momento de batalha; e foi elemento capital na forja de uma consciência de nacionalidade, sem a qual não teria sido impossível prosseguir a luta. Sucre a cumpriu estritamente; sabia o intenso drama a que encerrava; viu correr o sangue dos prisioneiros indefesos atravessados pelas armas. Assistiu ao clamor dos familiares, seu protesto; sua ira terrível parecia pedir vingança. Daí que sentisse, humanamente, alívio e mostrasse magnanimidade ao redigir os termos do convênio de cessação de fogos. Tinha que seguir até o triunfo final, porém sem o desaforado desate da tragédia”.


O Intercâmbio ou Liberação hoje
O Estado colombiano adianto uma guerra de extermínio contra seu próprio povo. Terrorismo de Estado.


A guerra que o exército libertador levava adiante era contra o império espanhol que subjugava nossos povos e cometia toda série de arbitrariedades, desde imposição de altos impostos, até violações dos mais elementares direitos humanos dos americanos. Situação, que guardadas as devidas proporções, vivemos na Colômbia de hoje por conta da oligarquia parasitaria e o império estadonidense, que substituiu o espanhol depois da traição das elites crioulas ao pensamento bolivariano.


Hoje estamos sofrendo um conflito interno, que condena os colombianos a sofrer os rigores da guerra. São persistentes e permanentes as violações dos direitos humanos por parte das forças militares-narco-paramilitares no que tem sido definido como Terrorismo de Estado e a guerrilha em seu acionar de resposta a tal política estatal produz efeitos colaterais de terror nos moradores, mas nem por isso podemos qualificá-las de ‘terroristas’. Pelo contrário, entendemos que respondem aos imponderáveis derivados da guerra e não a uma reorientação organizacional.


Singular consideração merecem os prisioneiros de guerra de cada parte. Os prisioneiros da insurgência e lutadores populares a grande imensa maioria não tem sido capturados em combate, e os prisioneiros do “estabelecimento’: políticos, militares e policiais (capturados em combate), todos eles integrantes do aparato estatal que leva a efeito a política de extermínio, a guerra contra seus próprio povo.


Nestas circunstâncias faz-se indispensável aplicar o herdado desde os tempos da guerra de independência. Por isso o estudo do “tratado de Regulação da Guerra’ é elucidativo.


Os governantes oligárquicos têm carecido das qualidades da “alma do general Sucre: a benignidade, a clemência. O gênio da beneficência’ e tem sido mesquinhos no tratamento dado à proposta da FARC-EP para adiantar o Intercâmbio ou Permuta de prisioneiros. O qual não deve considerar-se da ótica politiqueira de ‘ganhadores e perdedores’, mas sobre a base de princípios humanitaristas. Concretamente no momento presente o presidente Álvaro Uribe Vélez nega-se a facilitar as condições exigidas por esta organização guerrilheira, demonstrando que carece do que Bolívar chamou “ o mais belo monumento da piedade aplicado à guerra” e se mostra surdo ao clamor dos familiares dos prisioneiros em poder da insurgência, inclusive ao dos próprios prisioneiros do ‘establishment‘.


Considerar o “tratado de Regulação da Guerra’ como uma base histórica para o momento atual, seria uma mostra de realismo político e de humanitarismo ao poupar sofrimentos desnecessários às partes em guerra. Recordemos que um dos pontos mais importantes deste Tratado estabelecia: “A Liberação de prisioneiros será obrigatória...”


Com posições que atacam a Permuta, o presidente Álvaro Uribe, demonstra quanto inferior é a “alma do general Sucre” e dos Libertadores da Colômbia – da 1ª independência-, aos quais pretendeu ser comparado. A mesquinharia e a perversidade são “qualidades’ de uma alma pobre ...e acaso teremos que esperar os colombianos outros quatro anos?



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segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Márquez: devemos frear as incoerências do mandatário ilegítimo

Inundado em sua própria irritação o Presidente anunciou, em franco desafio à valoração da Corte, que seu governo radicará no Congresso um projeto de lei para dar ao paramilitarismo, passando por cima do que for preciso, a conotação de delito político. Está jogando tudo para burlar o direito das vítimas e da sociedade a que se faça justiça. Entende-se que está desesperado para dar cumprimento ao misterioso Pacto de Ralito, que o compromete com as exigências de impunidade absoluta de seus sócios narco-paramilitares.

[Enredado em suas próprias esporas/Ivan Márquez]


A recente providência da Corte Suprema de Justiça que estabelece claramente que paramilitarismo não é sedição provocou a mais delirante sublevação do Presidente Álvaro Uribe diante de uma sentença, que segundo as próprias convenções do Estado, devia acatar com serenidade.


Fora do sério, o Presidente acredita que tal sentença contém um "viés ideológico", pelo fato de que se interpõe em sua determinação de deixar para sempre na impunidade os crimes de lesa humanidade do paramilitarismo na Colômbia. A Corte o advertiu que o Estado não pode cair num funesto erro de confundir a delinqüência comum com a política e tem reiterado que formação de quadrilha não é sedição.


Inundado em sua irritação o Presidente anunciou , em aberto desafio à valorização da Corte, que seu governo radicará no Congresso um projeto de lei para dar ao paramilitarismo, passando por cima do que for preciso, a conotação de delito político. Está jogando tudo para burlar o direito das vítimas e da sociedade a que se faça justiça. Está desesperado por dar cumprimento ao misterioso Pacto de Ralito, que o compromete com as exigências de impunidade absoluta de seus sócios narco-paramilitares.


A qualificação do delito político não está sujeita aos vaivens emocionais ou aos sentimentos de um Presidente. Seus limites já estão demarcados pelo direito universal. Uribe deve estar criando uma espécie de demiurgo jurídico com a potestade de desconhecer o caráter político da luta dos verdadeiros rebeldes e sediciosos, para outorgar-lhes sob torcidos critérios, a delinqüência comum que é o paramilitarismo de Estado. As coisas devem ser chamadas por seu nome. O que fez o paramilitarismo foi escorar o governo. E que se saiba, os massacres da população desarmada e indefesa, o esquartejamento de pessoas com motosserra, o deslocamento forçado, o despejo de terras, o narcotráfico, a lavagem de ativos... não contém motivações altruístas. No fundo existe um propósito de auto-expiação e de exoneração do Estado criador desse monstro que banhou a pátria de luto e desolação.


Impedir que Uribe desconheça impunemente a realidade não deve ser preocupação exclusiva da Corte Suprema de Justiça senão de toda a sociedade. E neste sentido, como ressoa o silêncio da Corte Constitucional diante do fogo artilheiro do executivo contra a autonomia e a independência do poder judicial e contra as doutrinas universais do direito.


O país não pode deixar-se contagiar pela insânia uribista que nega o delito político no caso da guerrilha, apenas para dar sustento às teses descabeladas da inexistência do conflito armado na Colômbia. Diante de mais de 4 décadas de persistente e organizada luta, de avanços de estratégia insurgente, de diálogos de paz com os governos e de propostas políticas como a União Patriótica e o Movimento Bolivariano, não se pode enterrar a cabeça na areia. É melhor guiar-se pela realidade, tal como o faz a Corte, ao ratificar no marco do alegado frenético de Uribe, que na Colômbia sim, existe um conflito armado interno.


Devemos frear as incoerências do mandatário ilegítimo que ontem decretou a morte do delito político e hoje pretende revivê-lo num projeto de lei, apenas para favorecer seus preferidos paramilitares. Realmente Uribe está enredado em suas próprias esporas.


Visando a paz, a justiça social, a verdadeira democracia e a soberania, estamos diante de um desajuste institucional que reclama uma reengenharia total. Devemos começar dando às coisas sua própria denominação. É necessário resgatar a concepção do delito político, desvirtuada pelas oligarquias reacionárias que resolveram, por sua própria conta, arrancar à rebelião os delitos conexos, tornando-a empreendimento próprio de querubins recém-nascidos porquê ela conduz ao delito de opinião, ao constrangimento da consciência, ao tempo que obstrui qualquer intenção de solução política ou diplomática do conflito. Sim no poder há uma maquinaria violenta que impõe com exércitos e com armas a opressão de algumas minorias privilegiadas, o povo tem direito ao levante, à reposta com as armas. No dogma filosófico da insurreição o Libertador Simón Bolívar, pai da Pátria nos ensina que "no delírio do despotismo, no excesso da opressão, na ausência ou durante o sonha das leis..., o homem virtuoso se levanta contra a autoridade opressora e insuportável para substituí-la ... por outra respeitada e amável".


A Colômbia está chegando ao momento de pensar num grande pacto social pela paz, num grande acordo nacional em que participem todas as organizações políticas e sociais incluída a guerrilha – que luta pelas mudanças estruturais e por um novo governo-, de tal maneira que entre todos assentemos as bases e a rota da Novas Colômbia soberana, independente, justa, pacífica e humanitária como queria o libertador e também nós a queremos.


Montanhas da Colômbia, 7 de agosto de 2007



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quinta-feira, 16 de agosto de 2007

FARC saúdam ao professor Moncayo em sua barraca na Plaza de Bolívar


[Bogotá]


Desde as montanhas, nossa saudação respeitosa e o sentimento de admiração por sua recente proeza.


Sentimos como, à medida que avançava sua marcha, avançava também na consciência dos colombianos a necessidade e a urgência do intercâmbio humanitário.


Ainda que prevíamos a resposta do Presidente, nunca pensamos que fosse ser tão zahiriente com seu esforço, com seu amor de pai e com essas manifestações de solidariedade desatadas à sua passagem pelos povoados e em sua entrada a Bogotá.


É incrível que Uribe se negue a desmilitarizar temporariamente um território para que as partes acordem o intercâmbio humanitário interpondo considerações que, ao final, não têm sentido, porque em nada piorará a marcha das instituições. Nem sequer quis escutar os argumentos do ex-presidente López Michelsen, que terminou seus dias empunhando essa nobre causa.


Ao observar o sucedido nas escadarias do Congresso, muitos compatriotas devem estar pensando que a batalha pelo intercâmbio necessita povo, muito povo; que se lote permanentemente a Plaza de Bolívar reclamando desmilitarização para o intercâmbio, solução política do conflito, fim à Segurança Democrática, que é guerra e repressão contra o povo, que haja inversão social, como o pediam os manifestantes no improvisado evento.


Professor: os três meses indicados pelo Presidente Uribe só alcançariam para os primeiros intercâmbios de opiniões entre as partes contendoras, porque uma confrontação de 43 anos pela superação dos problemas políticos, econômicos, sociais, culturais, ambientais e de soberania do país só se poderia resolver se o governo derrota à insurgência ou a guerrilha ao governo. O delineamento do Presidente contém demagogia eleitoral.


Porém, retornando à troca, uma reflexão final: o que, sim, é grave e desconcertante para a institucionalidade é essa espécie de arruaça uribista contra a Corte Suprema de Justiça em defesa da impunidade de seus sócios narco-paramilitares, não a desmilitarização de tropas de Pradera e Florida, por uns poucos dias e por razões de humanidade, para facilitar o acordo.


Compatriotas,


Secretariado do Estado-Maior Central das FARC
Montanhas de Colômbia, 8 de agosto de 2007


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quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Bem-vindos à cena paramilitar da "Democracia" mais antiga do continente


[Johnson Bastidas]


Todos chegaram pontuais à antepenúltima cena, o bochorno de RALITO nos impediu ver suas melhores marcas e etiquetas. Nesse dia chegaram rapidinhos trajando roupas para terra quente, a re-fundar a Pátria. Em sua ordem, um a um tomaram a palavra, Mancuso leu a ata de compromisso, o silêncio foi sepulcral até que um ruído estomacal se escutou entre as respirações entrecortadas dos comensais, logo um odor nauseabundo invadiu o ambiente. Todos se olharam buscando o culpável, "Eu não fui", disse don Berna, gritando – seu grito se escutou em todas as comunas de Medellín – ameaçou, inclusive, com parar o transporte público se insistiam sobre sua culpabilidade. O homem da ternura interveio no assunto, não sem antes ameaçar que o culpável perderia os benefícios da lei de justiça e paz, pois todos – com exceção de Uribe – teriam que fazer frente ao irrefutável Polígrafo.


Todos se dispuseram a firmar a ata, porém, como sempre nos atos fundamentais, faltou um pequeno detalhe: ninguém tinha caneta. José Obdulio, o assessor-estrela do presidente, argumentou que a ausência havia sido adrede para assinar com pena de pavão, criado para tal efeito no Uberrimo, a fazenda do presidente. Todos deixaram constância histórica de pretender fundar uma pátria à revelia de todos os colombianos. De Ralito saiu o slogan claro de ter em Álvaro Uribe Vélez ao primeiro presidente narcoparamilitar da Colômbia. Começou a orgia – porém, não como aquelas que dá conta a história de Sodoma e Gomorra –, não, começou a orgia da motosserra. E esta foi esculpida no escudo Pátrio substituindo o condor.


"O Estado sou eu", parece ser o lema do presidente de turno, chegou à presidência com um discurso de Messias, emancipador do bem e do mal, medicamento para todos os males, incluídos aqueles ainda não diagnosticados nem conhecidos pela ciência médica. É a versão elitista da "Chuchuguaza", medicamento amazônico que cura desde o mal-de-amores, passando pelo mal de olho e outros males do corpo e do espírito. E como vai, terminará sendo um presidentezinho de meia-tigela, com ares de ditadorzinho e com uma vaidade de Carlos Magno tropical em desgraça. Como um personagem de literatura, lhe perguntará em seus últimos dias ao coroinha de turno, Obdulio que horas são? E José Obdulio, afundado na letargia da Magna presença do ditadorzinho no ocaso, lhe respondera: as horas que você queira, Uribito.


Este governo, que hoje vivemos nesta pátria bananeira, passará à história como um fato verídico onde todos tivemos, isso sim, velas no enterro, uns por covardes, outros por corruptos, e muitos outros por pusilânimes. Nós temos suportado de tudo, neste país de cronistas, poetas, e paramilitares. Para ser sensatos frente a nossa própria história, nunca antes havíamos estado pior. Governos que inventaram janelas sinistras, para lavar a Bonança da maconha , e que, aproveitando os bons preços do café, dizem que fizeram "mandato claro" deram origem aos funestos financiamentos das campanhas políticas por poderosos que começaram a mandar mais que sargento boyacense. E nos grafites, que nunca mentem, se podia ler, nessa época, na costa atlântica, "o frango López pondo ovos de ouro".


Governos medíocres, parece uma piada no país do realismo mágico, por exemplo, tivemos presidente "preso político", quando a guerrilha tomou a embaixada da República Dominicana, para chamar a atenção sobre os prisioneiros políticos, o primeiro surpreendido era, segundo diz a história oficial, o inventor do Estatuto de Segurança, morreu com mais desgosto que glória, depois de seduzir a esposa do diretor do Sena e casar-se com ela em segundas núpcias, com intervenção papal incluída. Esta pérola, de voz fanhosa, nos fez ficar como terceiro-mundista em Veneza, quando, ao chegar pela primeira vez à bela cidade das gôndolas, impressionado de ver as casas com a água no pescoço, se apressou como primeiro cidadão da República a improvisar um discurso de solidariedade internacional em nome do povo colombiano, e contam que disse, depois de verificar sua gravata borboleta: "danificados de Veneza, recebam a solidariedade do povo colombiano". O prefeito de Veneza se apressou a explicar ao ilustre convidado tropical o sistema de canais, com a desafortunada coincidência que o evento era coberto por dois jornalistas de Caracol e um de RCN, os quais enviaram o cabograma através das agências internacionais a todo o mundo.


Este país dá para tudo, tivemos "filho de arrieiro" como presidente, dizem que era o mais culto entre os cultos, nada que ver com o homem da gravata borboleta, porém, a cultura tem desvantagem frente às botas militares e estes puxaram-lhe a cadeira presidencial durante algumas horas enquanto massacravam a todos os que se encontravam no Palácio de Justiça. Os militares impediram a entrada do diretor da Cruz Vermelha Nacional, que, com mensagem em mão, se dispunha a abrir espaço de diálogo que nos houvesse evitado esta tragédia nacional. Porém, não, pôde mais o militarismo e se impôs a saída sangrenta. Os familiares dos desaparecidos seguem exigindo justiça ao homem que passou à história como o primeiro presidente filho de arrieiro. Este período começou com o "Se se pode" e terminou com a frase lapidar do Coronel Plazas "aqui salvando a democracia" a ponta de bazucas e tanques cascavel.


Também tivemos um míope, com estrabismo e, por essas coisas da idade, presbítero, senão como explicamos que não viu quando se lhe entrou um elefante à campanha. Financiou-se com os dinheiros produto do narcotráfico – leia-se, Cartel de Cali –. Condenado o contador da campanha, condenado o diretor da mesma, ninguém se explica como se exonerou o presidente, pois se, senhores, explicação se houve, cada parlamentar recebeu 200 milhões de pesos para votar pela absolvição. A inocência tem preço neste país do sagrado coração e um presidente pode comprá-la. Na crítica constante aos regimes, esquecemos que, durante este quatriênio, se implementaram as Convivir (Decreto 356/1994), e que o governador de Antioquia, nessa época ilustre contra-insurgente, anos mais tarde inquilino da Casa de Nariño, implementou com luxo de detalhes a experiência paramilitar em Segovia, Remedios e outras "Áreas Especiais de Ordem Pública". (Decreto 0717/1996)


Depois, chegou a hora das loucas, foi o quatriênio delas no poder, chegaram às máximas instâncias dos poderes nacionais, regionais e locais. A história recordará para as gerações futuras que a louca mais insigne no poder foi investida num cemitério, porém, não numa segunda-feira – como elas costumam ir – para pagar promessas, levar flores ou fazer penitências, não. Foi no enterro de Galán onde ela tomou a "testemunha". E foi a louca que a história relatará como a que mais longe chegou, chegou a Washington a presidir o aparelho mais pró-ianque que temos em A, a OEA. A história relata que, encontrando-se na casa de presidentes de Cartagena, cruzou num elevador com um Marinheiro da armada nacional, um mulato corpulento que fez saltar seus sentimentos profundos, lhe mirou aos olhos cor de mel e este, um pouco aturdido pelo assédio do mirão, não atinou a dizer nem um mu, justo no instante em que a louca lhe fez uma pergunta econômica, de rigor para um privatizador neoliberal como ele, ou melhor, para entrar na matéria. "Quanto ganha você como Marinheiro", perguntou ao mulato de dois metros, que já começava a suar ante a mirada fixa do incontido. "120 mil pesos ao mês", respondeu o marinheiro, conservando uma discrição. Como pode ser tão pouco com esses olhos, disse a louca, enquanto escapava pela porta do elevador.


Hoje dia, o homem que prometeu em seis meses destruir a guerrilha e capturar os integrantes do secretariado das FARC-EP, leva seis anos governando sem uma captura importante, diferentes das que se realizaram seqüestrando em Caracas ao chamado Chanceler das FARC-EP, e no Equador com a captura irregular de Simón Trinidad. A segurança democrática tem feito do presidente um reincidente no mal de vertigem, os famosos positivos que têm anunciado os militares, resultaram mortes seletivas e auto-atentados, a eficácia do exército colombiano se mostrou mais contra as próprias tropas oficiais, ao assassinar por encomenda o corpo de elite da polícia anti-narcóticos. O demais o sabe de memória o país e não vale a pena recordá-lo. Este presidente com ares de Fujimori não respeita decisões diferentes a seus critérios nefastos. Tudo parece obedecer aos acordos secretos em Ralito que faz desconhecer os ditames da Corte. Os compromissos do presidente com os paramilitares lhe pesam ao mandatário, esses acordos se converteram numa Espada de Dâmocles.


Uribito passará à história como o homem que esconde todos os seus males, gritando e lançando suas preces à família, tradição e propriedade. "É um homem complexado", diz uma psicanalista consultada por ANNCOL, atrás dessa aparência de homem forte, de patrão de granja, se escondem muitos males, não somente o tédio, impossível de acalmar com as gotinhas homeopáticas. É um complexado com sua estatura, com sua incapacidade para dançar, e não se sabe se nas artes da cama, pois, com essa cara de amargurada de Lina de tudo pode suspeitar-se. No que não se equivocarão, certamente, os historiadores, é que este homenzinho é o pior de todos os espécimes que nos governaram, e, para completar, tem pretensões de vice-rei, por isso se rodeia de aduladores e bobos-da-corte que lhe dizem ao ouvido o que seu ego necessita para sobreviver à epidemia do Beribéri.


A história nos recordará, mais tarde, que o presidente que prometeu não desmilitarizar um centímetro do território nacional permitiu Ralito. Que prometeu acabar com o delito, porém que, ao final, se casou com ele, dando-lhe status de política de Estado ao Paramilitarismo. Passará à história como aquele que subsidiou aos ricos, ante a queda do dólar, e que socializou a pobreza levando-a aos últimos rincões do país. Que prometeu a segurança democrática, a segurança se traduziu em reciclagem paramilitar, e do democrático nada, porque nunca soubemos que se pactuou em Ralito, e nem sequer foi capaz de respeitar a Corte Suprema. Passará à história, por encontrar-lhe ao "concerto para delinqüir" motivações políticas, semelhantes à rebelião contra um estado autoritário. Tudo isso para premiar aos homens que fizeram do massacre e da guerra suja a continuação da política do Estado: uma orgia de sangue.


Estes dois períodos serão recordados por ser o reinado de paramilitares e mafiosos, terminará, segundo dizem bruxas e pitonisas competentes no futuro, sem intercâmbio humanitário e sem saída política ao conflito. E não nos fica outra opção que um governo de reconstrução nacional que possa assumir os desafios da Colômbia que necessitamos. Ou se não, como reza um grafite frente ao INEM: "Que nos governem as putas, porque seus filhos não puderam".


§ Obrigado aos grafiteiros que tiveram o engenho da mofa.


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Folha do roteiro para a Solução Política do conflito colombiano

Texto elaborado pelo médico Alberto Alberto Pinzón Sánchez tomando como base a proposta dos Notáveis e apresentada à mesa de diálogos do Caguán entre as FARC e a oligarquia colombiana representada pelo governo de Andrés Pastrana. Há oito dias o doutor Restrepo, Alto Comissário da Paz, apresentou esse documento como uma tentativa das FARC de anular a última "iniciativa de Uribe" no que diz respeito aos detidos em poder da guerrilha. Esse mesmo dia, o comissário foi desmentido pelo próprio Pinzón em uma entrevista no rádio.


Luis Carlos Restrepo, apelido: 'doutor ternura'


[Ricardo Leon/Radio Café Stereo]


Alberto Pinzón, médico, antropólogo e jornalista, um dos quatro membros da comissão de personalidades chamada os Notáveis, durante os passados diálogos de paz entre o governo de Pastrana e as FARC [1999-2002] na localidade de San Vicente del Caguán, na Colômbia, elaborou um documento intitulado "Esquema para encontrar uma Saída Política ao atual conflito colombiano" que foi apresentado na cidade de Barcelona, Espanha, no dia 1º de Maio em um encontro em Solidariedade convocado pela escola da paz de Barcelona e a Tábula Catalã.


Este documento de vital importância com as características de Folha do Roteiro para a solução política ao conflito Colombiano é o seguinte:


Esquema para encontrar uma Saída Política ao atual conflito colombiano
"Aqui ao contrário da ficção, trata-se de fazer o impossível, muito possível". A.P.S.


1- Ordem bilateral de uma Trégua simultânea entre as duas partes, Estado e Insurgência, de 6 meses de duração prorrogáveis, e que terá um caráter duplo: Um Militar e outro Político-Social. Ambas poderão ser supervisionadas por uma instância Internacional, preferivelmente os países facilitadores, ao qual se incluiria o país-irmão Equador, ultimamente afetado pelo conflito colombiano.


- A Trégua militar implica um cessar das ações armadas bilaterais de qualquer tipo, durante um tempo definido.


- A Trégua político-social implica essencialmente três elementos:


a) Levantamento por parte do Estado colombiano da catalogação da Insurgência como "Terrorista", e reconhecimento do status político legal de suas organizações e estruturas.


b) Acordo imediato para a liberação dos detidos e acusados arbitrariamente como terroristas, ou acusados de serem auxiliadores da guerrilha e liberação simultânea por parte da Guerrilha de todos os detidos que ainda se encontrem em seu poder, com seu compromisso explícito de não deter mais ninguém.


c) Convocatória oficial e ampla por parte do Estado ao país, e às organizações políticas sociais, sindicais, acadêmicas, étnicas, raciais, cívicas, culturais, humanitárias, religiosas e meios de comunicação etc, para que realizem uma discussão "PROPOSITIVA RESPONSÁVEL OU PEDAGÓGICA", sobre qualquer dos 12 pontos estipulados na Agenda Comum assinada entre o Estado e a Insurgência em la Machaca em 1999. As propostas se regerão pela metodologia universal existente para este tipo de documentos e com data limite para sua execução.


2- Imediatamente nesse ambiente de "Trégua geral", se procederá a instalar em lugar seguro previamente estabelecido e dentro da Colômbia, uma Mesa de Diálogos e Acordos, formada por representantes selecionados pelas partes: Estado e Insurgência, a qual poderá ser assistida por sub-comissões bipartidárias com a finalidade de receber, classificar, consolidar, sistematizar e concordar as propostas propositivas apresentadas e reunidas em um texto prévio, que servirá de base para a elaboração de uma nova Constituição da Colômbia. Para tal efeito poderá dispor de outros 3 meses adicionais.


3- Uma vez cumpridos os 9 meses; madurada a confiança entre as partes e sem nenhuma sabotagem das "forças obscuras da Nação", se convocará uma Assembléia Constituinte para que sobre o texto prévio decidido e elaborado pela Mesa de Diálogos e Acordos, se redija o texto definitivo da Constituição colombiana. Para este passo poderemos contar com 3 meses.


4- Texto que será apresentado ao país para sua mais ampla difusão e validação mediante um processo eleitoral que não pode durar mais de 3 meses. Até aqui deverá ter passado um total de 15 meses.


5- Finalmente; deposição do armamento por parte da Insurgência, em um ato protocolar público e internacional.


A.P.S. (Barcelona, 1º de maio de 2007)



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terça-feira, 14 de agosto de 2007

Falso de toda falsidade...

Mulinha fácil e de galope curto, expressada precisamente por quem gosta muito dos cavalos de passo fino. Porque o que não pode passar por “falso de toda falsidade” é que se desrespeite e menospreze a todo um sentimento e anseio popular de justiça e acordo humanitário, visibilizado através da inteligente e sensata iniciativa do Professor Moncayo.

O mafioso paraco Uribe!


[Jer]
iniciapopular@yahoo.es


Dizia pública e reiteradamente o presidente da Colômbia – na praça Bolívar – diante do lutador pelo acordo humanitário Gustavo Moncayo, sua família, os familiares dos prisioneiros e diante de um bom número de cidadãos e cidadãs que lhe gritavem veementemente: “Uribe paraco, o povo está berraco”, “Uribe assassino assassino”. Mas também diante de milhões de telespectadores que não se explicavam como não houve nenhum plano, nem uma câmera registrando o que dizia o público que estava na praça. Bela maneira de exercer a informação verdadeira e democrática!


Claro que segundo Uribe, isso é “falso de toda falsidade”. Como também o serão, as 56 crianças que morrem por causas previsíveis e de possível prevenção na Colômbia diariamente, segundo a UNICEF. O “falso de toda falsidade” quando o professor Moncayo o definiu que: “a presença do Estado em qualquer lugar do território nacional também é um professor ou uma enfermeira e não unicamente a presença repressiva das forças militares”.


“Falso de toda Falsidade” o aumento do desemprego a nível nacional, o crescimento da informalidade e a queda dos níveis de trabalho?;informe desse mês dado pelo Dane. Seguramente também é “falso de toda falsidade” que o – então – congressista Uribe propôs e aprovou a Lei 100/94 que mercantilizou o direito à saúde e disparou a apropriação individual de clínicas e hospitais públicos, patrimônio de todos os colombianos. Privatização que se segue hoje em dia com as sedes do ISS de Neiva, Ibagué e Girardot.


Mas é “falso de toda falsidade” seu maquiavelismo político, as licenças outorgadas aos narcos para voar com seus aviões e helicópteros quando se desempenhava como diretor da aviação civil e acusadas pelo jornalista Joseph Contreras.


“Falso de toda falsidade” que os Uribe Vélez são proprietários do “Ubérrimo”, paraíso de planos narcoparamilitares. Igualmente, falsas as relações amistosas e cabais com os Ochoa, fundadores do MAS em Medellín. Denúncias feitas por um senador no Congresso Nacional e registradas há anos no livro “Os Soldados da Cocaína”.


Esse “falso de toda falsidade” foi usado também pelo Presidente para acusar os guerrilheiros de que não pensam ou falam com seu estilo ou interesse. Essa foi a mesma atitude e o mesmo comportamento com todo o público presente na praça Bolívar. Mulinha fácil e de galope curto, expressada precisamente por quem gosta muito dos cavalos de passo fino. Porque o que não pode passar por “falso de toda falsidade” é que se desrespeite e menospreze a todo um sentimento e anseio popular de justiça e acordo humanitário, visibilizado através da inteligente e sensata iniciativa do Professor Moncayo.



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segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Terrorismo de Estado a serviço das transnacionais petrolíferas

Com o objetivo de julgar a política das transnacionais petroleiras Occidental Petroleum Corporation, Repsol e British Petroleum Corporation, e seus impactos lesivos na população dos departamentos de Boyacá, Arauca, Casanare e Norte de Santander, entre outros, assim como o Estado colombiano por ter promovido e facilitado a entrega dos recursos naturais às custas do sofrimento, a tragédia e a miséria do povo colombiano, aproximadamente 300 delegados encontraram-se nos dias 2,3 e 4 de agosto na cidade de Bogotá, na Associação de Educadores da Colômbia, nos marcos do desenvolvimento das audiências convocadas pelo Tribunal Permanente dos Povos.


[tomado de Indymedia]







Juicio a Transnacionales Petroleras OXI, REPSOL y BP


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sábado, 11 de agosto de 2007

Conferência de advogados sobre a situação de Simón Trinidad

Hoje, 31 de Janeiro será levado a cabo a conferência entre os advogados da promotoria,a defesa e o juiz Lambert sobre a situação do revolucionário colombiano Ricardo Palmera Pineda (Simón Trinidad), na Corte Federal do Distrito de Colúmbia na cidade de Washington DC, Estados Unidos (EE.UU).


Sonia e Simón


[Paul Wolf]


O juiz Laberth fará uma conferência sobre a sentença a ser dada a Simón Trinidad por ter sido encontrado convicto de conspirar na tomada de reféns, e sobre seu segundo julgamento por tráfico de entorpecentes. Os casos são o número 04-232 (tomada de reféns) e o 02-112 (importação de drogas). De acordo com o expediente dos casos, a conferência sobre estatutos será levada a cabo na Sala da Corte 22ª, ao final do corredor no segundo piso na parte nova da Corte.


Não poderei estar presente na corte nesse dia, porém mencionarei algumas perguntas, com a esperança de que os repórteres que assistam ao evento possam obter respostas do desenvolvimento da conferência. Não há nada nestes dois expedientes dos casos que indique sequer uma pista do que possa acontecer neste dia. De modo que, simplesmente, vocês deverão comparecer ali e ver pessoalmente.


A primeira pergunta que tenho é sobre o tempo de duração. A seleção de jurado no caso da acusação a Trinidad sobre o tráfico de drogas. Este começará em 20 de agosto e este julgamento durará pelo menos um mês. Talvez os advogados não queiram litigar sobre a sentença de tomada de reféns de Trinidad em meio desse novo julgamento, assim espera-se que eles peçam prorrogação da data do ditame da sentença até alguma data de outubro, depois de finalizar o julgamento sobre o tráfico de drogas. Sei que há muito interesse em saber a sentença que se imporá a Trinidad. Eu havia estimado mais ou menos entre 30-60 anos, porém é uma margem demasiado ampla. Não está claro que existam ou não outros procedimentos de exemplos de algum caso similar e que o juiz Lamberth pudesse utilizar como uma plataforma de guia, para buscar uma sentença ajustada, como o fez o juiz Robertson com o caso do tráfico de drogas de Sonia. Sem sombra de dúvidas, há muitas discussões sobre o que se possa fazer acerca destas interpretações.


Ao prorrogar um pouco mais a data do ditame da sentença a Simón Trinidad, ao mesmo tempo, também lhe daria maior margem de manobra ao promotor Ken Kohl para buscar uma negociação com as FARC sobre a liberação dos prisioneiros em poder deste. Se eu fosse o juiz, lhe outorgaria uma extensão de tempo para facilitar a negociação sobre os reféns.


Além da data para iniciar o ditame de sentença sobre a tomada de reféns devem existir também assuntos de pré-juízo em relação à seleção de jurados para o caso sobre o tráfico de drogas e alguns outros detalhes de evidencias e provas a serem resolvidos. Ao ver as entradas ao expediente nos últimos meses, não foi possível observar nenhuma moção significativa para reduzir a evidência (de limitar a evidencia admitida em um julgamento), como problemas para outorgar vistos às testemunhas, e outros deste tipo) Assim, dessa maneira, pareceria que nada estivava acontecendo e que todo o mundo espera o grande momento.


Eu escutei que os EEUU pedirão a extradição de José Luis Aybar Cancho e de seu irmão Luis Aybar Cancho do Peru. Estes dois homens são os co-acusados com Simón Trinidad. Os Aybar já foram convictos no Peru e estão purgando uma sentença de 8 anos nesse país sul americano. Entretanto, como ainda estão no Peru e este caso já irá a juízo, não estarão com Trinidad nesse julgamento, não sou admirador de julgamentos nos que há "duplo jogo", porém, fico pensando: o quê tivesse acontecido. Se quem sabe se tivesse julgado aqui ou alguém houvesse mencionado a Vladimiro Montesinos. Isso seria uma catástrofe judicial.


No caso de não estarem familiarizados com a historia, faz mais de cinco anos, o então chefe de inteligência do Peru, Vladimiro Montesinos tentou arranjar uma venda de 10.000 fuzis AK-47 às FARC. Os irmãos Aybar Cancho atuaram como seus agentes. A transação supostamente envolvia cocaína e dinheiro em troca de armas. Os EEUU -processaram um número de membros das FARC por tráfico de entorpecentes (traficar com drogas na Colômbia é uma violação das leis dos EEUU, aparentemente porque as drogas podiam terminar aqui), incluíram a Raul Reyes, Mono Jojoy e o Negro Acácio, um brasileiro de nome Fernandhinho, os irmãos Aybar Cancho, e outros mais. Quando se deteve Simón Trinidad em 2003, se juntou ao caso como co-defendido. E estranhamente, apenas Trinidad está sendo julgado. Montesinos nunca foi processado por causa dessa história particular, hoje caso judicial.


Não posso adivinhar até onde Trinidad esteja envolvido no assunto. Ele não era nenhum acusado até que capturado -isso diz algo.


É possível que o mencionado acidente seja indeferido ou descartado, e mais ainda busquem alegações e denúncias sobre o tráfico de drogas e as FARC usando informantes pagos, radio-transmissores interceptados e identificações dessas vozes por parte de especialistas da DEA, explicando as supostas rotas do tráfico e qualquer outra coisa que seja escutada sobre um caso de tráfico de drogas. Ou melhor não seja mais que uma cópia de julgamentos de Sonia, com a rotação dos informantes que foram incluídos.


E falando de Sonia, notei que recentemente, os advogados de defesa no julgamento de Sonia entabularam uma moção de apelação a favor de seus clientes. Isto é um procedimento separado ao das moções já interpostas para um novo julgamento, as quais foram negadas. As apelações vão a um grupo de 3 juízes que vivem na parte de cima da corte e raras vezes são vistos. A maioria dos argumentos em uma apelação se faz por escrito, e as declarações orais só se limitam de maneira estrita, à uma hora para um caso inteiro. Não estou seguro de que tipo de erros legais foram cometido durante o julgamento que justificaria declarar um "não há lugar a condenação", porém deveríamos estar inteirados dos argumentos nos próximos meses.


Assim, para os repórteres que podem assistir a Conferência de Situação (STATUS) sugeriria escutar algumas pistas sobre quais evidências e as testemunhas estão em disputa para o caso de tráfico de drogas. É demasiado o esforça do governo de EEUU que está incorrendo em condenar a um homem que de todas as maneiras não tem nenhuma possibilidade de viver para ver o fim dos julgamentos que enfrenta na Colômbia, muito menos ainda de poder cumprir com todas as sentenças esperadas. Finalmente, ver como o Sr. Kohl está indo com as negociações dos reféns. Ou melhor, se lhe convencem a fazer uma proposta mais concreta, algo assim poderia iniciar um movimento a respeito.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Álvaro Uribe Vélez: VERGONHA PELA FALTA DE VERGONHA DE UM CAPACHO DESAVERGONHADO




[Plutarco]

Os colombianos que aspiramos viver com dignidade em um país livre e soberano, nos sentimos agoniados pela abjeção e a indignidade de um pretendido representante “nacional” que arrasta e enloda diariamente o que nos sobra de decoro patriótico.

O lacaio, para começar, se curva diante do amo; depois, quando está adaptado a esta posição, se esconde perto dele, e assim pode sobreviver por um longo tempo sem chamar demasiada atenção de quem o observa. Mas por último, para obter sua aprovação e tentar inutilmente provar-lhe que não é invisível e que ainda existe, resolve então arrastar-se para sua visão diferente, já que obviamente os interesses do patrão já se dirigiram para outros pontos e situações, segundo sua própria, meticulosa e indiferente lista de prioridades.

O lacaio, por uma elemental lei da natureza (nada menos que a da sobrevivência!), “pensa”, ao princípio de sua prática cotidiana, que é necessário para o amo, e tanto, que se acredita e se sente não só querido e apreciado por ele, mas inclusive chega a acreditar-se necessário e importante para suas tarefas, necessidades ou simples caprichos. E daí que se convença de seu aparente valor, e que chegue inclusive a situações de impune exibicionismo diante de seus pares, já que tampouco é burro para fazê-lo diante de pessoas que ele reconhece como realmente valiosas e independentes.

E se alguém duvida dessa simples e elementar descrição da conduta do lacaio, observe, ainda que seja por um instante, Álvaro Uribe Vélez, o paraPresidente colombiano: desde o primeiro momento em que apresentou seu “programa de governo”, que anunciava com bumbos e pratos a instauração imediata de um regime policial na Colômbia, baseado na criação de 2 milhões de dedo-duros (o governo os chama eufemisticamente de “redes de vigilantes”), disse que os altos interesses da Colômbia estariam ligados estreitamente aos altos interesses do Império.

Com esta declaração, evidentemente desnecessária por redundante, mas elemental no discurso de um lacaio, o regime do uribato paramilitar e mafioso marcou a diferença com os governos democráticos e independentes que no resto da América Latina estavam sendo instaurados, e que para surpresa de Washington resultaram críticos e depois opositores das políticas imperiais, e deixou o grande lacaio colombiano em uma incômoda e solitária posição de absoluta dependência norte-americana, isolando assim seu país do concerto e as aspirações nacionalistas da América Latina.

E como o lacaio tem que comer (também por conta de uma elemental lei natural), e no caso colombiano ainda por cima tem que sustentar uma guerra que leva quase 50 anos de existência e que figura em toda a literatura política, sociológica e milita do mundo como “conflito social armado interno”, cuja existência, sem embargo, nega sem pestanejar e com total sem vergonhice o Presidente Uribe Vélez, tinha então que curvar-se não só em reverência ao amo que lhe outorgava armas para manter seu inexistente porém necessário conflito, mas ainda tinha que se colocar diante dele em sinal de absoluta submissão.

Assim, de inclinação em inclinação, de reverência em reverência, passando pela formulação de entreguistas declarações que só buscavam assegurar os pratos da mesa do amo, respaldando causas nauseantes (estilo invasão do Iraque, etc, etc.. Uribe Vélez, sem o menor pudor nem o menor respeito pela dignidade de todos os colombianos, foi caindo na humilhante posição de réptil, arrastando-se e arrastando a todos os colombianos que ainda aspiramos a dignidade, à desavergonhadas posturas, que pensávamos que haviam acabado com a vergonhosa visita de Bush à Colômbia.

Durante ela, o regime parauribato permitiu e estimulou humilhantes atitudes dos visitantes imperiais, até o extremo incrível de tolerar que a mesma “guarda de honra” que renderia as correspondentes homenagens protocolares ao chefe do Império, foram cacheados (vale dizer requisitados) em seus uniformes e em seu armamento pelos membros de seu corpo de segurança, ou que o próprio Bush, com absoluto desprezo por seu incondicional e inepto anfitrião, não prestou o devido respeito elemental ao hino da Colômbia!

E como o lacaio Uribe se auto-proclama como um “político pragmático”, nos últimos dias, quando tornou-se necessário que viaje quase semanalmente à Washington para mendigar dólares para a continuação do criminoso Plano Colômbia que nos custou tantos mortos, torturados, desalojados e desaparecidos, ou para implorar a aprovação do Tratado de Livre Comércio que garantirá aos ricos da Coômbia uma mais rápida e fácil acumulação de riqueza, enquanto o povo presencia horrorizado a morte contínua, por inanição, de dezenas de crianças, o vemos literalmente rastejar pelos corredores da Casa Branca.

E o vergonhoso espetáculo de um pretendido Presidente da República, de um também pretendido Estado que se auto-proclama digno, soberano e independente, e de uns poderes que se auto exaltavam autônomos, arrastando-se pelas ante-salas do Parlamento gringo e pelos corredores da sede imperial, recebendo humilhantes tratamentos de vassalos e de mendigos; submetidos à injuriosos interrogatórios e à vergonhosas audiências mais próprias de uma colônia que de um país digno, e tudo por umas poucas migalhas do banquete imperial, é algo muito doloroso, injusto e abominável para os colombianos de bem.

Uribe Vélez será julgado por suas políticas anti-democráticas, absolutistas e autoritárias; por sua pretendida “seguridade democrática”, que não tem sido outra coisa além da continuação dessa guerra que a classe dirigente colombiana resolveu declarar ao povo colombiano por atrever-se a reclamar uns elementais direitos e a protestar por umas evidentes injustiças sociais e econômicas, e que está consciente de não poder ganhar, e também deverá ser julgado por tribunais populares por sua indignidade, sua sem-vergonhice e indiferença aos pedidos que inclusive seus próprios amigos fazem por sua postura abjeta, reverente e submissa diante do Império.

E prioritariamente deverá ser julgado por sua incapacidade para resolver pela via política este desumano conflito social armado interno em que se encontra o país, e uma de suas últimas conseqüências é sua torpe negação a aceitar um “acordo humanitário” –que não é outra coisa além de uma saída política para a guerra--, como austeramente o vêm proclamando em todos os tons as FARC-EP, e que por si só constitui o contrário da solução bélica que proclama a partir de Washington o fracassado Plano Colômbia.

Insistir na via militarista para tratar de abafar maior conflito social armado da história moderna e um dos poucos que sobrevivem no mundo, é prova da suja política do regime uribista, e demonstração primária de que sua humilhante posição de réptil diante dos poderes do Império, são afinal a mais irrefutável prova da cegueira política e da torpeza ideológica de outro dirigente colombiano, o máximo expoente do lacaismo crioulo, Uribe Vélez, que tampouco foi capaz de ler corretamente, nem o momento nacional, muito menos as circunstâncias políticas do mundo do Século XXI.

Não aceitar a saída política do conflito, como o vêm propondo há muitas décadas as FARC-EP., e que se expressa no acordo humanitário como porta de entrada para uma negociação séria e politicamente responsável, é, simplesmente, eleger a via armada. E a história nos ensina claramente onde e como terminam os conflitos que não se solucionam na mesa de conferências, nas trincheiras da guerra. E também sabemos que os responsáveis por esses absurdos, terminam irremediavelmente julgados nos tribunais de justiça.
Adendo: Um mês depois, e a raiz da liberação do guerrilheiro “Rodrigo Granda” como parte da frustrada jogada política com que o paraPresidente Uribe Vélez tentou distrair a opinião pública nacional e internacional da sua negação em fazer o acordo humanitário que busca a liberação dos detidos das duas partes, e a intervenção do Grupo dos 8 com sua declaração a respeito formulada na Alemanha, ficaram claras as três novas derrotas políticas do chefe do narcoparamilitarismo colombiano:
  1. O reconhecimento óbvio do Grupo dos 8 no sentido de que na Colômbia existe sim um velho conflito social interno armado, apesar dos cinco anos de negação do mesmo por parte do uribato;
  2. O reconhecimento das FARC-E.P. como contra-parte política e militar do conflito colombiano, ou seja, sua aparição formal nos cenários internacionais como elemento atuante, reconhecido oficialmente por ninguém menos que os donos do capitalismo mundial, com o qual fizeram com que o seu pupilo Álvaro Uribe ficasse de queixo caído;
  3. O reconhecimento de que a única saída válida à trágica situação colombiana, passa inevitavelmente e irreversivelmente pela negociação política.


Será que os habilidosos assessores de Uribe entenderam a mensagem?

Pelo intercâmbio humanitário e democracia na Colômbia, renúncia de Uribe já!

No marco da mobilização popular nacional e internacional que se realizará no mês de outubro pelo Intercâmbio Humanitário, Solução Política ao conflito colombiano e Renúncia de Álvaro Uribe Vélez, estamos divulgando a seguinte declaração para adesão.




Reinado narco-para-uribista em apuros!



[Bruxelas/Bélgica]



As organizações culturais, sociais e políticas que atuam na Europa de diversas posições políticas e filosóficas e que têm um ponto de encontro na necessidade de promover a solidariedade com as aspirações e as dinâmicas progressistas do povo colombiano, assim como na imperiosa necessidade de uma saída política ao conflito social e armado que o país vive há mais de cinqüenta anos, não podemos permanecer passivos frente a atual situação da Colômbia.



Nos somamos sem reservas ao repúdio nacional e internacional do sacrifício dos onze (11) parlamentares regionais do Valle del Cauca, ao mais recente ainda, o do industrial DIEGO MEJIA ISAZA, que forçosamente nos levam ao passado, com a morte do ex-ministro GILBERTO ECHEVERRI MEJIA, de GUILLERMO GAVIRIA e de oito militares mais, assim como “A Cacica” CONSUELO ARAUJO NOGUERA, todos eles prejudicados pela ordem presidencial de resgate “à sangue e fogo”. Propugnamos pela remoção de todos os obstáculos que se oponham à entrega dos cadáveres o mais breve possível, com mediação da Cruz Vermelha Internacional ou de países amigos, mas ao mesmo tempo reclamamos que essa mediação se estenda à devolução por parte das forças militares da Colômbia e grupos para-militares dos mais de 10.000 cadáveres que, segundo a Fiscalía Geral da Nação, jazem enterrados nas valas comuns em várias partes do país. Cada ser humano e seus despojos mortais tem o mesmo valor, tem o legítimo direito ao mesmo tratamento, sem importar os cargos que ostente ou tenha ostentado. Seus familiares, amigos e a sociedade em geral sentem a mesma dor, que deve ser atendida em igualdade de condições também quanto à prontidão e desdobramentos informativos.



A desfeita do ex vice-presidente norte-americano Al Gore ao presidente Uribe Vélez, os cortes no Plano Colômbia, a atitude da bancada Democrata estadunidense, o pronunciamento do Grupo dos Oito, a aceitação do Tratado de Livre Comércio com os Estados Unidos, mostram bem os níveis de humilhação e subserviência aplicadas com a intenção de salvá-lo do naufrágio. Os vínculos presidenciais, cada vez mais evidentes, com a chamada para-política, que já chegaram à sua guarda pretoriana, entre outros, ao seu primo Mario Uribe, o fracasso dos acordos para a institucionalização do chamado desmonte paramilitar, a continuidade dos assassinatos e a insegurança em campos e cidades (os assassinatos seletivos e impunes de 512 sindicalistas durante o governo de Álvaro Uribe têm grande significado), os cortes nos serviços sociais por parte do estado e do setor privado, expressam que as grandes, combativas e proveitosas mobilizações populares realizadas no país vão tomando o rumo do intercâmbio humanitário, no caminho da democracia e a solução política do conflito colombiano. É que também as demonstrações massivas de jovens, trabalhadores rurais e da cidade, de indígenas, mulheres, afro-descendentes, de desabrigados (internos e externos que somam mais de oito milhões), vão no caminho de retomar a essência republicana da Colômbia e da conquista de uma democracia real que substitua a atual ditadura presidencial que rege Uribe Vélez.



Como o atual governo desconhece e veta os estados que têm uma visão diferente do país negando a existência de um conflito social e armado, mantém um congresso de bolso dominado por narcotraficantes e paramilitares, uma justiça em completo caos que desemboca na impunidade, uns organismos de controle inoperantes, e como o caráter ditatorial, irracional e torpe do atual mandatário (reeleito) não dão possibilidade para uma virada na política, nos corresponde a todos, incluindo à comunidade internacional, propiciar mudanças no caminho da democracia e lutar por um regime de conciliação e reconstrução nacional, a partir da renúncia do principal oponente das mudanças: o Presidente Álvaro Uribe Vélez.



Nem mais um morto por resgates à sangue e fogo!



Que se entregue aos familiares os cadáveres dos deputados e dos milhares de trabalhadores assassinados pelo regime, para que suas famílias tenham o direito e a possibilidade de fechar o ciclo de seu duelo.



Para abrir o caminhos às mudanças democráticas, ao Intercâmbio de Prisioneiros, à acordos humanitários, como caminho à solução política do conflito social e armado: RENÚNCIA de Uribe Vélez já!



Bruxelas, 15 de Julho de 2007.




  • Grupo Colômbia – Bélgica


  • Comitê Colômbia – Dinamarca


  • Associação Cultural Ibero-americana de Dresden Alemanha


  • Soldepaz Pachacuti – Espanha


  • Associação COLFRA – Paris


  • Solidariedade Latino v.z.w. - Bélgica


  • Associação de Refugiados de América Latina e Caribe (ARLAC) – Bélgica


  • “Echos d’Amérique Latine”- Lyon – Francia


  • Esquerda Unida – Comissão de América Latina – Espanha


  • Agência Jornalística Alternativa e Popular do Ocidente Colombiano – Colômbia


  • Coletivo Rodriguista – Bélgica


  • Iniciativa Solidária Internacionalista (ISI) – Espanha


  • Presidência, Associação Americana de Juristas Capítulo de Porto Rico


  • Subdireção CUT Risaralda. Colômbia


  • Stella Callón. Jornalista- escritora - Argentina


  • Berta Jouvert CECI. Centro de Ação Internacional - EEUU


  • Amigos da PAZ na COLOMBIA e no MUNDO


  • CTA. Por Flores, autêntica - Argentina


  • Cristina Castello. Jornalista- Poeta - Argentina.


  • Lic. Lilia Inés Sierra. Antropóloga. Seminário Genocídio.Fac. de Cs. Nat y Museu Univ. Nac. de La Plata - Argentina


  • JORGE FERNANDO DAFFRA. Deputado Provincial (M.C.) San Luis - Argentina


  • Ana Daglio. Tradutora. - Argentina.


  • Ingrid Storgen. Comunicadora social.


  • José Rouillon Delgado. Educador. - Peru. DNI. 07746281.


  • Alejandro Cabrera Britos Delegado ATE (Associação de Trabalhadores do Estado) no SENASA (Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agro-alimentar) pela Junta Interna de delegados, Buenos Aires Republica Argentina. Documento de Identidade 17635095


  • Marta Speroni. Ativista de Solidariedade com Cuba- Argentina


  • Comitê de SOLIDARIDAD da CUT Valle del Cauca, - Colômbia.


  • Gerardo Cajamarca Alarcón. Justiça Global- direitos humanos.


  • Manuel Moncada Fonseca.


  • Mauricio Bronstein.


  • Solidários com o povo colombiano contra o Terrorismo de Estado - Argentina.


  • Solidariedade com Colômbia. - Argentina.


  • Grupo de notícias em rede Solidários com o povo colombiano.


  • Grupo de noticias Pela Batalha de Idéias.


  • Lavinia Boschini Sáenz. - Costa Rica.


  • Coletivo de Base da Central de Trabalhadores da Argentina , Capital, - ARGENTINA.


  • AURORA TUMANISCHWILI PENELÓN, (neta de José Fernando Penelón, FUNDADOR O PRIMEIRO PARTIDO MORENISTA, DESDE A ESQUERDA marxista, NO SÉCULO XX, CONCENTRAÇÃO OPERÁRIA) Cro. Domingo Greco


  • Cro. José Sabia


  • Guillermo López


  • Patricia Quintero - Educadora


  • Teresa Pabón - Arquiteta


  • Pancho Castro - Lyon Francia


  • Fernando Uribe – Bruxelas Bélgica


Aberto para adesões.
grupocolombiaorg@yahoo.es