"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 30 de abril de 2007

A lesiva política macroeconômica do TLC

O senador do PDA, Jorge Enrique Robledo, analisa os efeitos do TLC na economia colombiana. “Qual foi o impacto do livre comércio nos [anos] 90... Primeiro, balança comercial 1993-2000, o que se disparou com a abertura foram as importações e não as exportações, o que determina para a economia nacional cerca de 20 bilhões de dólares de perdas. O segundo, o emprego. O desemprego passou de 9% a cerca de 21%. Terceiro, a pobreza. Foram quase dez anos de estancamento da renda per capita, e pensemos quanta pobreza há aí por trás disso. Concentração da riqueza”.


Marcha contra Uribe e o TLC.


[Por Jorge Enrique Robledo*]

Ao TLC se lhe deixam cláusulas interpretativas ou reservas, não constâncias, como pretende o uribismo das Comissões Segundas Conjuntas. Que o uribismo não ganhe indulgências com penitências alheias. Se, com este novo modelo, se cresce menos e a pobreza se mantém incólume, para que serve o modelo do livre comércio? O governo segue sem apresentar cifras de qual foi o impacto do “livre comércio” durante o período da abertura. Está por ver-se se é verdade que a economia vai crescer o que alguns dizem ou, pelo contrário, vai decrescer, o que outros dizemos. Num país como no nosso é quase impossível exportar com uma moeda sobrevalorizada.

Comecemos por fazer referência a um despropósito que não havia ouvido nunca em minha vida e é que, aparentemente, o uribismo da Comissão se prepara para deixar-lhe constâncias ao TLC! Essa, sim, não me imaginava, porque as constâncias poderão ser úteis para confundir a alguns despistados aos quais não lhe agradem aspectos do TLC, porém não têm efeito prático. Deixam-se cláusulas interpretativas ou reservas, não constâncias, que não operam, salvo com propósitos eleitorais. Tenho nisto que ser bastante franco. Escolham uma coisa ou outra, porém não se podem ficar com o melhor de todo o mundo: contar, ao mesmo tempo, com todos os privilégios que se derivam de ser bem próximo ao governo nacional e, ademais, com a constância para fazer oposição em alguma jornada sabatina em uma que outra localidade da Colômbia.

O boom da economia mundial

Passo analisar a intervenção do ministro Oscar Iván Zuluaga. Ele assinala um fato que é certo. Houve um maior crescimento da economia nestes últimos anos, crescimento que ele atribui todo à inversão. Vejo-me obrigado a apresentar meu desacordo. Não. Supostamente, o crescimento tem que ver com a inversão, porém, por sobre tudo é efeito do boom da economia mundial, que está suficientemente registrado e que explica porque toda a América Latina vem crescendo a taxas altas, inclusive maiores que as da Colômbia. No ano passado Cuba cresceu o dobro da Colômbia. Então, que não se ganhem indulgências com pais-nossos alheios. É o boom da economia mundial o que explica o maior crescimento econômico da Colômbia nos últimos anos e não a segurança democrática. Não a segurança democrática.

A alta no preço do café, e você o sabe bem, doutor Zuluaga, de 60 centavos de dólar para 1,30 no mercado internacional, que tem que ver com a segurança democrática? Carvão, petróleo e níquel duplicam seus preços no mercado internacional, e isso que tem que ver com a segurança democrática? Taxa internacional de juros, a mais baixa em muitíssimos anos, e isso que tem que ver com a segurança democrática? Pletora de capitais movendo-se pelo mundo sem saber onde colocar-se, e isso que tem que ver com a segurança democrática? As remessas dos milhões de colombianos que se arruinaram aqui em anos anteriores, uns compatriotas boas pessoas que mandam dinheiro á família, três bilhões de dólares, que têm que ver com a segurança democrática? Três bilhões de dólares do narcotráfico, eu espero que isso não atribua o governo à segurança democrática. Sobrevalorização da moeda, que diminuiu o endividamento externo e a amortização da dívida externa e que facilitou um gasto público que alguns consideram demasiado alto e que poderia pôr em problemas o país.

Há uns poucos dias, quando a você o nomearam ministro, doutor Zuluaga, me encontrei com a doutora Adriana Gutiérrez, membro desta Comissão, e lhe disse: Adriana, diga a Oscar Iván que reze para que não se lhe vá distorcer a economia mundial enquanto ele esteja no Ministério da Fazenda, porque o descrédito lhe vai chegar ao bigode. Rezem vocês, ademais, porque tudo mostra que o país pior preparado em toda a América Latina para uma distorcida da economia mundial é a Colômbia. E aqui poderíamos sofrer, se ela ocorra, um efeito tão catastrófico ou pior do que se teve na crise do ano 1999. Já são muitos os uribistas de alta categoria acadêmica que vêm chamando a atenção sobre as coincidências da atual situação com a que se viveu em vésperas da crise de 1999. Aí está o desequilíbrio da balança comercial. Não o tínhamos desde 1998. Aí estão as bombinhas vermelhas, todas acesas. Logo, suavizem um pouco a euforia e mirem para as causas verdadeiras do que está ocorrendo. Para não mencionar que a pobreza não diminui pelo menos em proporções que valham a pena. Porém, bem, agora talvez aleguem que não é dos 1960 senão dos cinqüenta e cinco, uma pequena diferença que, para efeitos práticos, não se reveste de importância alguma.

O debate sobre a inversão estrangeira

O outro desacordo é sobre a ênfase que se vem fazendo na inversão estrangeira. Não sou inimigo da inversão estrangeira, porém, sim, me perturba que, de maneira olímpica, se arruíne aos inversionistas nacionais e se fale em todas as horas dos inversionistas estrangeiros. Incomoda-me que destruamos as fontes de acumulação de riqueza interna dos empresários nacionais, de nossos campesinos, de nossos artesãos, e que toda essa ruína se oculte tecendo loas à inversão estrangeira. Reclamo ao pessoal do Banco da República que oxalá afine as cifras das quais dispomos, porque surge toda uma discussão. Por exemplo, o de Bayaria foi inversão estrangeira? Quanto desse dinheiro é inversão estrangeira? As compras novas que se vêm ou, por exemplo, a da Colombiana de Tabaco, é inversão? Uma mudança de dono é inversão? Essa é uma pergunta que todos nós estamos fazendo. Deveriam afinar-se as contas para saber quais são os efeitos. Dá no mesmo a inversão em mineração que em indústria?

Aqui na Colômbia há dois grandes booms de inversão estrangeira nos últimos vinte anos. Um, o das privatizações da década de noventa, capitais que vieram a apropriar-se do que já estava construído, um mercado cativo, etcétera. Negócios, ademais, consolidados, como o das empresas de serviços públicos, porque aos compradores o governo lhes havia garantido disparar as tarifas. E agora estão vendendo para ficar com tudo dos cacaus e cacauzinhos da economia mundial. Isso é o que está havendo, uma substituição de proprietários nacionais por proprietários estrangeiros, um fenômeno que, na maioria dos casos, não é inversão nova, senão que uma tomada do já feito, e então eu pergunto: isso, como contribui positivamente, e de verdade, ao progresso da Colômbia? O que, sim, é novo em geral é a inversão em mineração, que não necessita Tratado de Livre Comércio, como bem o provam as inversões estrangeiras, por exemplo, na Venezuela. Estes são todos assuntos que deveriam ser discutidos. Não há tempo para detalhá-los. Simplesmente, os menciono.

E se se trata de analisar as cifras do México – lástima que se tenha ido o expositor –, seria bom que se olhassem dois, que normalmente não examinam os amigos do “livre comércio”. É verdade que o México disparou suas exportações provavelmente como nenhum outro país no mundo, e a Colômbia não pode nem sonhar uma coisa parecida pela simples razão de que não é vizinho dos Estados Unidos. Porém, há duas cifras que são mortais para o neoliberalismo global. Primeiro, nos tempos do livre comércio, a taxa mexicana de crescimento é a mais baixa na história desse país. E segundo, os níveis de pobreza são iguais ou piores que os da Colômbia. Em que fica, então, o modelo? Se com este modelo se cresce menos do que se crescia antes, um crescimento já de por si medíocre, e a pobreza se mantém incólume, para que serve o modelo neoliberal? Porque o problema não é que se exporte muito, senão que efeitos tem essa exportação.

Economia colombiana estava mais globalizada na Colônia

Faço agora referencia à intervenção do doutor Plata, ministro de Comércio. Ele argumenta que a Colômbia não se abriu. Dir-lhe-ia, ministro, que, sendo precisos, o correto seria afirmar que não se abriu de todo. E mais, se os Estados Unidos e vocês logram impor-nos o TLC, todavia a Colômbia não haverá aberto totalmente, porque sempre poderá abrir-se mais um país. Porém, a Colômbia sim, se abriu. Ou não é uma abertura baixar as tarifas de 30 ou 40% a 13%? E mais, chamou-se a abertura, e ficou bem batizada. Nesse momento seus partidários a defenderam como um fato excelente, e agradeçamos, ministro, que não nos abrimos mais, porque, se não, tudo o que se vai arruinar agora com o TLC se haveria ido a pique na década dos 90. Agradeçamos, então, que a abertura não chegou a tanto, ainda quando a que há já é grande.

Há um sofisma muito em voga em torno da palavra globalização. Não é agora quando o país começou a internacionalizar-se. Isso não é sensato expô-lo. Nos estamos internacionalizando desde que veio Colombo à América. E mais, a economia nacional era mais global em 1800, quando éramos colônia de Espanha, que agora, quando apenas estamos começando a tornar-nos colônia dos Estados Unidos. Em 1800, por outro lado, levávamos 300 anos dependendo absolutamente de Espanha.

Lamento dizê-lo, ministro, porém é uma desproporção que você argumente que o que se está fazendo na Colômbia foi o mesmo que se fez em Coréia e China. Vou colocá-lo de maneira bem simples. A da China é uma uma economia fortemente estatal, com taxas de juros controladas pelo Estado, com taxas de câmbio controladas pelo Estado, com tudo controlado pelo Estado. E você me alega que o que estamos aqui fazendo é o mesmo que fazem os chineses. Não. É uma comparação que não cabe. Agora, suponho que você se referia a que eles estão exportando em colossais dimensões, e é certo, porém estão exportando sobre a base de uma economia que não se parece em nada à nossa. E o caso da Coréia, nem se diga. Está na literatura econômica. Você deveria havê-la estudado, porque, ademais, viveu por lá. Explica a literatura econômica que o modelo de desenvolvimento que se tem utilizado em todo o Oriente, começando pelo Japão, e o que copiam depois Coréia e Taiwan e os demais Tigres asiáticos, é um modelo de vigorosíssima intervenção do Estado, de economia planificada, de subsídios. Todo o boom econômico coreano se faz sobre a base de que há um preço para o dólar de importação e outro para o de exportação. É quase incrível, porém assim foi. E mais, a quem na Coréia sacasse dólares às escondidas, sabem o que lhe sucedia? Pena de morte, que é a soma do intervencionismo do Estado. Ou será liberdade econômica a pena de morte para quem saque uns dólares de um país? Então, não me venha você argumentar que aqui está se aplicando igual política.

Toca-nos competir com o mundo

Impressiona-me também, e lhe copiei a frase textualmente, que você atirasse um quadro inteiro para afirmar: “Compete-se é com os vizinhos”. E sacou a México, Equador etc., porém não, se compete é com o mundo. O problema para vender nos Estados é esse. Que há que derrotar não só aos gringos e a nossos vizinhos, como também a chineses, malaios, hindus e pare de contar. Esse é o problema que enfrentamos. Você fala do boom das exportações, porém silencia que, com o TLC, o aumento das exportações será inferior ao das importações e não por volume, senão por preço, como o assinalei há pouco. Cala você, ademais, que hoje mesmo caem as exportações de confecções e de têxteis ao mercado dos Estados Unidos, porque os chineses nos estão tirando do mercado. Tanto é assim que levamos dois ou três anos caindo sem cessar. E alguém a quem você conhece, um dos expertos que mais sabe de comércio exterior na Colômbia, o doutor Jorge Alberto Velásquez, explicava nestes dias em Portafolio uma tendência que é um fato: Colômbia vai perder praticamente todo o seu mercado de confecções, porque não é possível que, com salários como os nossos, da ordem de 2 dólares a hora, possamos competir com os salários asiáticos, da ordem de 20, 30 ou 40 centavos de dólar a hora. Isso está suficientemente claro e não vai mudar pelo TLC, porque o TLC nestas matérias avança muito pouco, para não dizer que nada.

Você segue defendendo as cifras, ministro. E como traz as que não são, lhe vou a aclarar quais são as que quero: as que explicam qual foi impacto do livre comércio nos anos 90. Primeiro, balança comercial 1990-2010, particularmente 1993-2000, para que vejamos que o que se disparou com a abertura foram as importações e não as exportações, o que significa para a economia nacional cerca de 20 bilhões de dólares de perdas, lhe antecipo a cifra. Segundo, o emprego. O desemprego passou de 9% a cerca de 21%. Terceiro, a pobreza. Foram quase dez anos de estancamento da renda per capita, e pensemos quanta pobreza há aí por trás disso. Concentração da riqueza: traga-me essa cifra também, de como se concentrou a riqueza nesses anos para que os colombianos vejam qual é o impacto do livre comércio na Colômbia.

Chama-me a atenção o fato de que as comissões segundas convidem o governo a falar dos assuntos macroeconômicos, e aqui não se mencionem. Porque, é que, quando falamos de macroeconomia, e não sou economista, estamos é fazendo referência a coisas muito precisas, não a qualquer tema. Falamos de balança comercial, e disso algo, sim, disseram, porém muitas das cifras que citaram se voltam contra vocês. Por exemplo: as do estudo de Planejamento de 2003, que fala que as importações cresceram o dobro das exportações, quase 12 contra 6 por cento. Sigo pensando que esse é um estudo certo. Outro estudo, o do Banco da República, também citado aqui, ainda que vocês tentaram moderá-lo, coincide com o de Planejamento. E é natural que assim seja, e isto não se esclarece alegando o do desvio de comércio. Não, senhores. É natural que seja assim por uma simples razão: nós vamos baixar de uma tarifa média de aproximadamente 13% até outra de zero por cento. E os gringos vão baixar de uma tarifa de 2,5% até outra de zero por cento. Nós vamos reduzir os impostos, a desproteger, quatro vezes mais que eles. Natural, então, que vá haver um maior aumento das importações e não das exportações. Vamos sofrer, ademais, enormes perdas na Comunidade Andina, e oxalá sucedam coisas no Equador e na Venezuela que em algo nos protejam. Porque, se se aplica o Tratado de Livre Comércio em Equador e Venezuela, como querem os gringos e como quer o governo nacional, vamos ter uma perda grande por desvio de comércio nas exportações da Colômbia para esses países. É um fenômeno perfeitamente registrado. Os estudos do BID, ou seja, dos gringos, dizem que estão em risco até 80% das importações intratan, por desvio de comércio. Vai sofrer toda a pequena indústria, assim o doutor Juan Alfredo Pinto diga que aqui não vai passar nada e que eles vão ser exportadores líquidos. Não, vamos perder nada menos que o mercado andino, o mercado vizinho, o mercado preferencial para nossas exportações, e isto é assunto de macroeconomia. Vai ser uma das perdas maiores do TLC, como o assinalou o próprio Hernán Echeverría Olozagá antes de morrer. Ele se queixava nestes termos: os que sonhamos com ter um Going-concert mais ou menos de importância em torno do qual desenvolver a economia colombiana com isto do livre comércio, perdemos tudo. E está aqui falando um empresário que tinha porque sabê-lo.

Subirá o IVA e haverá novas sobrevalorizações

Segundo, o recebimento tributário. Aqui se deram as cifras em pontos do PIB e, claro, nem o cidadão comum, nem eu, e creio que nem a doutora Cecília López manejamos as cifras na cabeça. Porém, o estudo de Planejamento que estou citando fala de menores rendas fiscais por 590 milhões de dólares por causa do TLC. Não é pouca a soma: 590 milhões de dólares menos de rendas tributárias. E o governo nos tranqüiliza: não vos preocupeis, rapazes, porque o crescimento da economia vai resolver este problema e aumentar as receitas tributárias. Bem, os 590 milhões de perda são uma certeza. O outro, passarinhos de ouro dos quais estamos ouvindo falar desde 1990. Está por ver-se se é verdade que a economia vai crescer o que alguns dizem ou, pelo contrário, vai decrescer o que outros dizemos. Então, a mim não me surpreenderia, contra os que tanto defendem aos consumidores, que este TLC nos termine custando, como lhe custou ao Chile, outra reforma tributária com maior aumento do IVA para poder compensar as perdas fiscais. Em que fica, então, o conto da comida mais barata? Por um lado, vão baixar as tarifas, porém, por outro, vão ter que subir o IVA para poder compensar as perdas que vão ter.

Pouco falam disto. E tampouco disseram uma palavra sobre a sobrevalorização da moeda, nada, como se não tivesse nada que ver com o TLC. A sobrevalorização da moeda, sim, guarda estreita relação com o “livre comércio” e suas seqüelas, a liberdade dos fluxos de capitais, o recorte das possibilidades de intervenção do Banco da República porque a proíbe o Fundo Monetário Internacional. Este é um modelo que inclui a sobrevalorização da moeda. Você o explica bem, doutor Zuluaga, quando diz: há que preparar-se para uma moeda sobrevalorizada por longo prazo. Há quinze dias, no El Espectador, o senhor Dani Rodrick, um importante professor de Harvard, explica como a sobrevalorização da moeda é consubstancial ao livre movimento dos capitais. E acrescenta algo que é óbvio: você não pode exportar de verdade se se lhe sobrevaloriza a moeda. Então, como é que lhes agrada exportar tanto se lhes agrada mais que se sobrevalorize a moeda. E como é que se protegem no mercado interno se se lhes sobrevaloriza a moeda. Não esqueçamos que a sobrevalorização é um fenômeno que logra, ao mesmo tempo, fato quase incrível, fazer danos aos que produzem para exportar aos que produzem para o mercado interno, porque se encarecem as exportações e se barateiam as importações. Isto é da macroeconomia deste Tratado, porque o TLC ordena de maneira absolutamente peremptória que não poderá haver sob nenhuma consideração controle de fluxo dos capitais com respeito aos Estados Unidos. E sabemos que os Estados Unidos são o grande esconderijo de todo o capital especulativo que se move pelo mundo.

Tampouco se disse nada em torno do controle da taxa de juros. Não é que o percamos estritamente falando, como tampouco o controle da taxa de câmbio. O que ocorre é que se torna tão custoso manejá-lo que terminamos fazendo-o a um lado. Em momentos de relativa calma uns dolarzinhos que se compram ou se vendem, de repente em algo nos ajudam, porém, em momentos de crise, o controle se torna tão custoso que se perde definitivamente. Ficamos, assim, em mãos dos especuladores forâneos no manejo de duas variáveis que são fundamentais em qualquer modelo econômico. Repito a pergunta: como se exporta com uma moeda sobrevalorizaa? Isso não é possível, pelo menos nas condições de um país como o nosso.

Perdeu-se a cláusula de balança de pagamentos.

Há outro assunto que vocês não mencionam, também de macroeconomia, e é o problema da cláusula de balança de pagamentos. Uma das razões pelas quais eu interponho ao presidente Uribe a denúncia por traição à pátria é por haver entregado a cláusula de balança de pagamentos, cláusula que nos garante nada menos que o Fundo Monetário Internacional, nada menos que a Organização Mundial de Comércio, como também a CAN, e que perdemos com o TLC. Explico brevemente que é o que quero dizer. Uma cláusula de balança de pagamentos é um mecanismo de uso universal que permite aos países tomar medidas heróicas quando tenha uma crise de balança de pagamentos, ou seja, quando ficam sem divisas suficientes para atender seu comércio internacional e suas operações de crédito. É o pior que pode ocorrer a um país. Que é, então, o que diz a cláusula de balança de pagamentos? Que, nessas condições, um país deve tomar medidas heróicas, por exemplo, fechar as importações, ou não pagar a dívida, ou sancionar drasticamente a quem saque um dólar. A cláusula de balança de pagamentos é uma espécie de bomba atômica contra uma crise de proporções descomunais, por exemplo, como a que viveu a Argentina, crises que são inevitáveis na globalização e, mais ainda, nesta globalização, na qual impera uma desproteção total. Porque o conto de “preparar o terreno” do qual falam com certa propriedade os neoliberais, o que quer dizer é que um tsunami econômico se move num terreno limpo, isto é, varre com tudo numas proporções descomunais.

Perdemos essa cláusula com o TLC, porque o que ficou foi um arremedo, que não é de nenhuma maneira comparável e é só aplicável ao largo de um ano. Isto são todos assuntos da macroeconomia do Tratado e dos quais ninguém está falando nesta discussão.

Outro assunto, a migração dos colombianos. Cerca de três milhões de colombianos perdidos nos últimos anos! Esse também deve ser um tema de macroeconomia. Tenho amigos demógrafos advertindo sobre um fenômeno que, a meu ver, pode terminar sucedendo, e é que, em algum momento, esses milhões de compatriotas que se nos foram criem um entrave ao aparelho produtivo nacional. Porque é que a um país não se vão três milhões de pessoas sem que passe nada no médio prazo ou ainda no curto prazo. A perda não se compensa, supostamente, porque esses compatriotas, boas pessoas, mandem uns dólares para a Colômbia, dólares que na verdade financiam umas importações que nossas exportações não estão em capacidade de fazê-lo. Sabe você o que passaria, doutor Oscar Iván Zuluaga se esses colombianos deixassem de mandar esses três bilhões de dólares? Que o modelo se romperia em mil pedaços. Haveria uma crise de balança de pagamentos de proporções enormes.

Pela primeira vez, desde 1998, começa a aparecer um déficit de balança comercial, o que confirma uma denúncia que fiz há uns anos por aí em algum livro. Atrevi-me a fazê-la com certas dúvidas, porém corri o risco. Disse que o modelo liberal condena a Colômbia a períodos largos de crescimento medíocre e a quedas abruptas do produto. Porque, quando a economia cresce, gera um déficit que torna insustentável o crescimento, e a única maneira de nivelar os impostos é deprimindo o consumo, que foi o que se fez em 1999. É um fato que o país não chegou a saber, porque, se houvesse conhecido, não quero nem imaginar o que haveria passado aos ministros de Fazenda desses anos. A crise de 1999 se resolveu na base da fome do povo colombiano, e isso é precisamente o que nos imporá o modelo do TLC. Se no dia de amanhã há uma crise grave na Colômbia, que oxalá não ocorra, porém poderia ocorrer, o modelo econômico nos impõe resolvê-la com o fechamento de empresas, quebra do setor agropecuário, desemprego, baixa de salários, perda de propriedades. Para quê? Para que caia o consumo e para que, sobre a base de uma economia com maior índice de pobreza, se possam igualar os impostos nacionais do aparato econômico com as internacionais. Esta é a discussão que especialistas de vocês conhecidos, o digo ao pessoal do Banco da República, gente que trabalhou com vocês muito anos lá, como Helena Villamizar, detalhou com toda precisão. Aí estão os artigos e documentos que ninguém tem podido refutar à doutora Helena Villamizar. Os contraditores guardam silêncio a respeito, apesar de que são de um nível nada desprezível. Não é o caso do senador Robledo, congressista do Pólo. Não. Estamos aqui falando de expertos com os mesmos pergaminhos que vocês podem exibir e ainda melhores.

E chamo a atenção sobre uma anomalia que quero lamentar. O TLC se aprovou faz já mais de um ano e até agora o governo nacional não sacou um estudo sobre o que vai passar. Nos Estados Unidos rumam os estudos dizendo o que vai passar e aqui seguimos com os ministros atirando globinhos. Que possivelmente, nos dizem eles, que provavelmente, que é de se esperar, que talvez, que quiçá, e trazem cifras do Japão, de todas as partes, porém da Colômbia, nem uma só. E termino, ministro, com minha pergunta que não quer calar: que diabos é que vamos exportar? Diga-me um só artigo, qualquer, o que você queira, porém, dê-me a certeza, com cifras detalhadas, de que esse, sim, o vamos exportar.

* Senador do PDA


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domingo, 29 de abril de 2007

O TLC não representa o sentir de toda a nação colombiana

Milhões de trabalhadores, campesinos e indígenas colombianos o desaprovam. “Este chamado não deve ser entendido como um rechaço às relações econômicas entre os dois países, pois o que reclamamos são uns tratados que beneficiem de maneira recíproca aos povos de Colômbia e Estados Unidos”, em carta remetida a congressistas democratas.

O povo colombiano deve apoderar-se da rua!


[Carta a congressistas democratas sobre o TLC]

Senhores

Congresswoman NANCY PELOSI,

Speaker of the House of Representatives

Congressman RAHM EMMANUEL,

Chair, Democratic Caucus, House of Rep.

Congressman CHARLES RANGEL,

Chair, Ways and Means Committee

Congressman SANDER LEVIN,

Chair, Trade Subcommittee, Ways and Means

Congresswoman LOUISE SLAUGTHTER,

Chair, Rules Committee, House of Rep.

Referência: O TLC entre Colômbia e Estados Unidos deve ser negado por seus Congressos.

Cordial Saudação:

Os que subscrevemos esta carta somos representantes de milhões de trabalhadores, campesinos e indígenas colombianos. Vocês sabem que nossos pontos de vista não foram tidos em conta pelo governo do Presidente Álvaro Uribe Vélez nas chamadas “negociações” do Tratado de Livre comércio (TLC) entre Colômbia e Estados Unidos e o Tratado tampouco se tramitou com o respaldo das forças políticas de oposição representadas no Congresso. Logo, não é certo que o dito acordo represente o sentir de toda a nação colombiana e menos que aprová-lo contribua com as melhores relações entre os dois países.

Como explicamos em detalhe, nossa contradição com o TLC não é só com algumas de suas partes, senão que com a concepção do chamado “livre comércio”, porque este concentra a riqueza nuns poucos países e em poucas pessoas em cada país, tal e como já o demonstrou a experiência global, experiência que na Colômbia se sofre desde 1990, período em que as perdas em produção, emprego e renda foram maiúsculas.

O impacto do “livre comércio” se agrava na Colômbia por causa da violência de que tem padecido e sofrido o país, do horror que se tem aplicado nas organizações sindicais e populares.

Chamamos, então, o Partido Democrata a não dar trâmite ao TLC entre Colômbia e Estados Unidos, de maneira que não se preste a que, com reformas que não podem mudar-lhe sua inconveniente natureza, se apresente como positivo um Tratado que é fundamentalmente negativo.

Este chamado não deve ser entendido como um rechaço às relações econômicas entre os dois países, pois o que reclamamos são uns tratados que beneficiem de maneira recíproca aos povos de Colômbia e Estados Unidos.

Atentamente,

Central Unitária de Trabalhadores-CUT, Confederação de Trabalhadores da Colômbia-CTC, Confederação de Pensionistas da Colômbia CPC, Confederação Geral de Trabalhadores-CGT, Grande Coalisão Democrática-CGD, Convergência, Campesina, Negra e Indígena , Unidade Panelera Nacional, Unidade Cafetera, Asociação Nacional pela Salvação Agropecuária, Organização Nacional Indígena-ONIC, Ação Campesina Colômbia-ACC, União Nacional de Usuários e Defensores dos Serviços Públicos Domiciliares, Asociação de Vocales de Controle dos Serviços Públicos Domiciliares, Liga Nacional de Usuários de Serviços Públicos-LUSPD, Federação, Colombiana de Educadores-FECODE, Federação de Professores Universitários, Asociação de Professores Universitários–ASPU, Federação Colombiana de Contadores Públicos, Federação Universitária Nacional FUN Comissões, Confederação Nacional de Ação Comunal, Asociação Colombiana de Estudantes Universitários-ACEU, Asociação de Professores de la Universidade Livre-ASPROUL, Asociação Nacional de Estudantes de Secundária-ANDES, Organização Colombiana de Estudantes –OCE, Comuna Universitária, Grupos Estudantis Confederados–GEC, Rede Colombiana de Ação Frente ao Livre Comércio e a ALCA-RECALCA, Comitê Colômbia Não ALCA, ANMUCIC, International Gender and Trade Network-IGTN, Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz-INDEPAZ, Grupo Sementes, Associação Nacional de Engenheiros Agrônomos-ACIA, Cedetrabajo, Asociação Censat Água Viva, IFARMA, Asociação Médica Sindical-ASMEDAS, Federação Médica Colombiana, Coordenadora de Mulheres Trabalhadoras Andinas - capítulo Colômbia-COMUANDE, Coletivo de Advogados José Alvear Restrepo, Plataforma Colômbia de Direitos Humanos, Movimento Comunal e Comunitário, Democracia e Desenvolvimento, Consumidores de Colombia-COCO, Centro de Estudos Nueva Gaceta, RASH (Comunidade Gitana), Periódico Desde Abajo, Instituto Latino-americano de Serviços Legais Alternativos-ILSA, Planeta Paz, Corporação Mesa Mujer e Economia, Associação Nacional de Empregados da Rama Judicial–ASONAL JUDICIAL, Associação Colombiana de Empregados Bancários – ACEB, Associação Nacional de Empregados do Banco de la República–ANEBRE, Associação Nacional de Servidores Públicos de la Defensoria do Povo–ASDEP, Associação de Trabalhadores do Ministério de Defesa – ASODEFENSA, Associação Nacional de Empregados da Controladoria–ASDECOL, Associação Nacional de Trabalhadores de Hospitais e Clínicas–ANTHOC, Associação Nacional de Empregados do Ministério de Comércio–ASEMEXT, União Sindical Obrera da Indústria do Petróleo-USO, Sindicato de Trabalhadores Indústria de Bebidas Alcoólicas–SINTRABECOLICAS, Sindicato de Trabalhadores de Aduanas–SINTRADIAN, Sindicato de Trabalhadores de Corpoica–SINALTRACORPOICA, Sindicato de Trabalhadores de Empresas de Serviços Públicos–SINTRAEMSDES, Sindicato de Trabajadores de Empresas Municipales de Cali – SINTRAEMCALI, Sindicato de Trabajadores de la Federação de Cafeteros–SINTRAFEC, Sindicato de Trabalhadores de la Indústria Agropecuária–SINTRAINAGRO, Sindicato de Trabalhadores do Banco de Colombia–SINTRABANCOL, Sindicato de Trabalhadores do Diário El Tiempo–SINTRATIEMPO, Sindicato de Trabalhadores do Instituto de Bem-Estar Familiar–SINBIENESTAR, Sindicato de Trabalhadores do Ministério de Educação- SINTRENAL, Sindicato Nacional de Empregados da Saúde e Seguridade Social–SINDESS, Sindicato Nacional de Empregados do SENA- SINDESENA, Sindicato Nacional de Trabalhadores de Avianca–SINTRAVA, Sindicato de Trabalhadores de Lares Infantis de Bem-Estar–SINTRACIHOBI, Sindicato de Trabalhadores de Icollantas–SINTRAICOLLANTAS, Sindicato de Trabalhadores de Indústria de Envases – SINTRAPRODENVASES, Sindicato de Trabalhadores de Instituições de Educação Superior – SINTIES, Sindicato de Trabalhadores da Indústria Alimentícia–SINALTRAINAL, Sindicato de Trabalhadores da Indústria Açucareira–SINTRAICAÑAZUCOL, Sindicato de Trabalhadores da Indústria de la Carne – SINTRACARNE, Sindicato de Trabalhadores da Indústria de Materiais de Construção–SUTIMAC, Sindicato de Trabalhadores da Indústria do Carvão – SINTRACARBON, Sindicato de Trabalhadores da Indústria do Tabaco – SINTRAINTABACO, Sindicato de Trabalhadores da Indústria Elétrica–SINTRAELECOL, Sindicato de Trabalhadores da Indústria Metalúrgica–SINTRAIME, Sindicato de Trabalhadores da Indústria Química e do Gás – SINTRAINQUIGAS, Sindicato de Trabalhadores da Indústria Têxtil – SINTRATEXTIL, Sindicato de Trabalhadores da Pulpa e do Cartón–SINTRAPULCAR, Sindicato de Trabalhadores da Seguridad Social-SINTRASEGURIDAD SOCIAL, Sindicato de Trabalhadores de Philips – SINTRAPHILIPS, Sindicato de Trabalhadores de Telefones de Bogotá–SINTRATELEFONOS, Sindicato de Trabalhadores de Turismo e Hotelaria–SINTHOL, Sindicato de Trabalhadores Distritais de Bogotá–SINDISTRITALES, Sindicato de Trabalhadores Estatais – SINTRAESTATALES, Sindicato de Trabalhadores Indústria Mineira e Energética – SINTRAMIENERGETICA, Sindicato de Trabalhadores Portuários-SINTRAPORTUARIOS, Sindicato de Trabalhadores Universitários de Colômbia–SINTRAUNICOL, Sindicato Nacional de Trabalhadores de Hilados y Textiles–SINALTRADIHITEXCO, Sindicato Nacional de Trabalhadores da Indústria de Bebidas–SINALTRAINBEC, Sindicato Nacional de Trabalhadores da Indústria do Vidro–SINTRAVIDRICOL, Sindicato Nacional de Trabalhadores da Indústria Química–SINTRAQUIM, Sindicato Nacional de Trabalhadores Metalúrgicos–SINTRAMETAL, Sindicato Nacional de Vendedores Ambulantes–SINDEVENDEDORES, Sindicato Nacional de Vigilantes–SINUVICOL, Associação Colombiana de Aviadores Civis–ACDAC, Associação Nacional de Enfermeiras–ANEC, Associação Nacional de Trabalhadores da Contradoria–ASCONTROL, Sindicato Nacional de Comerciantes Menores–SINUCOM, Sindicato Nacional de Servidores Públicos–SINALSERPUB, Associação de Educadores de Arauca-ASEDAR, Associação de Educadores de Córdoba-ADEMACOR, Associação de Educadores de Cundinamarca-ADEC, Associação de Educadores de Guaviare-ADEG, Associação de Educadores de la Guajira-ASODEGUA, Associação de Educadores de Putumayo-ASEP, Associação de Educadores de Sucre-ADES, Associação de Educadores do Atlántico-ADEA, Associação de Educadores do Cesar-ADUCESAR, Associação de Educadores do Meta-ADEM, Associação de Educadores do Vichada-ASODEVI, Associação Distrital de Educadores–ADE, Sindicato Único de Educadores de Bolívar-SUDEB, Sindicato Único de Educadores do Amazonas- SUDEA, Federação Colombiana de Trabalhadores das Indústrias Diversas-FECOLTRAIN, Sindicato Único de Trabalhadores da Educação do Quindio-SUTEQ, Sindicato Único de Trabalhadores da Educação do Valle-SUTEV, Sindicato de Educadores de Guaviare-SEG, Sindicato de Educadores de Magdalena-EDUMAG, Sindicato de Educadores de Risaralda-SER, Sindicato de Educadores de Santander-SES, Sindicato de Educadores de Vaupés-SINDEVA, Sindicato de Mestres de Casanare-SIMAC, Sindicato de Mestres de Tolima-SIMATOL, Sindicato de Mestres y Docentes Diretivos de Boyacá-SINDIMAESTROS, Sindicato del Magistério de Nariño-SIMANA, Associação de Institutores de Antioquia-ADIDA, Associação de Institutores de Caquetá-AICA, Associação de Institutores de Huila-ADIH, Associação Sindical de Institutores de San Andrés e Providência-ASISAP, Associação de Institutores do Cauca-ASOINCA, Associação Sindical de Institutores Nortesantandereanos-ASINORT, Associação de Deslocados-ANDAS, União de Supervisores de Educação a Serviço do Estado- USDE, União de Mestres del Chocó-UMACH, Educadores Unidos de Caldas- EDUCAL, AGROPEMCA, Ruralidade Bogotá, Associação de Mercados Campesinos-ASOMERCÁN, Associação de Pecuaristas do META-AGAMETA, Comitê de Comercialização Agrícola Sabana Occidente, APEMECAFÉ, Associação de Produtores de Vergara-APAVE, Fundação Campesina San Isidro.

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sábado, 28 de abril de 2007

Hipóteses de um atentado anunciado na cidade de Cali.

Uma muito suspeita foi a de atribuir, assim que o fato ocorreu, às FARC. Leia as dez restantes, ligadas, sem dúvida, ao narcoparaubismo. Também verdade da marcha uribista. “Não houve cidadania, nem o que se chama sociedade civil nesta marcha que obrigou aos colégios, as suas direções e estudantes a assistirem em ônibus, que chegavam inesperadamente, sem saber quem os patrocinava, a assistirem com pressão midiática, laboral e disciplinar, mas não consciente”.

Este sujeito vociferou de Arataca em seus habituais “conselhos comunais”, “é hora de acabar com as Farc’.


[Monika Loaiza/Especial ANNCOL]

Depois da cruenta ação contra o Quartel da Polícia, localizado muito perto do centro da cidade de Cali, presume-se por parte da população, os mesmos uniformizados, analistas, taxistas, jornalistas, funcionários do Estado, o Presidente Uribe, seus Ministros e especialistas que há várias hipóteses sobre os sujeitos ativos protagonistas dessa ação violenta.

Uma muito suspeita foi a de atribuir, assim que o fato ocorreu, às FARC como a envolvida com a explosão que produziu os danos conhecidos amplamente, e também os que estão por acontecer. Presunção descartada: pois como pode uma guerrilha derrotada pela Segurança Democrática realizar tal ato? Como pode a segurança democrática ser tão ineficaz se o Presidente Uribe disse estar triunfando com essa segurança democrática? Será que já não há segurança, nem sequer para aqueles que estão encarregados de prestá-la?

Uma segunda presunção é dos que afirmam que os culpados de tão lamentável ato são os donos, co-proprietários, vigilantes, testas de ferro, construtores nacionais e estrangeiros dos milionários depósitos encontrados pela Polícia em diferentes lugares de Cali. Uma guerra de máfias.

A terceira hipótese indica que o bombardeio na Primeira com 21 executou todo o arsenal do setor narcotraficante traído pelo governo ao ser extraditado um bom número deles com o objetivo de tirá-los do meio para evitar que denunciassem mais para-políticos vinculados com o governo, mediante os chamados ventiladores [Nota da Tradução: "ventiladores" são denúncias que atingem tanto a amigos como inimigos].

A quarta suspeita recai sobre o mesmo Governo, para desviar a atenção dos debates que são anunciados por parte do Pólo contra o Presidente Uribe por seus vínculos com o narcotráfico e o paramilitarismo, antes na Antioquia, e hoje em toda a Colômbia, e que o posicionaria melhor nas pesquisas, pois do posto 82 poderia ascender ao primeiro, e a Revista gringa News Week, teria que atualizar a noticia que o colocou, há anos, na lista dos narcotraficantes e extraditáveis procurados pelos EUA.

Como não existe quinta má, imputa-se como culpado destes fatos o exército por suas disputas com a Polícia, e com o objetivo de amedrontá-la para que baixe a guarda no caso Jamundí, onde aparece o Oficial do Exército Byron Carvajal e seus comandados como culpados, e mais ainda, como vingança contra a Polícia de Cali por ter detido em flagrante a esposa, companheira, amante e cúmplice do veículo roubado que conduzia e que atuava clandestino com falsos documentos de identificação, em não sabemos quais “diligências” estava executando esta angelical pessoa.

A sexta suposição conhecida por este jornalista é a necessidade do Presidente Uribe de criar fatos cruentos muito sensacionalistas e tecnicamente realizados para configurar condições negativas de ordem pública no Valle, que entorpeceriam os atos que se avizinhavam em Cali em prol do Intercâmbio Humanitário.

Sete razões, entre elas, este (auto)atentado (?) da classe dirigente desprestigiada deste setor da Colômbia, para construir condições eleitorais favoráveis aos setores mais reacionários e corruptos do Valle do Cauca que aspiram às Prefeituras, o Governo, os Conselhos, Assembléias e Juntas Administrativas Locais que se definirão no próximo 28 de Outubro num ambiente de falta de garantias eleitorais.

A oitava hipótese conduz a que ao gerar este ato repulsivo, o Governo e suas instituições, criariam outra cortina de fumaça para esconder a armadilha do Presidente Uribe e do Congresso da República com o recorte das transferências às regiões, através do neoliberal e criminoso projeto de Ato Legislativo 011 de 2006 que tem trânsito nas duas câmeras e que reduz a inversão social em saúde, educação, saneamento básico e água potável.

A nona conjectura é acerca da necessidade governamental de produzir estes fatos, sobretudo às custas de um bem público como é o custoso quartel de policia, e de vidas de policiais, junto à inocente população civil, para gerar soçobra cidadã, mobilizar o oxidado regime que sucumbe diante da comunidade internacional, e aumentar criminosamente a imagem oficial nas pesquisas arranjadas, num momento em que mais se precariza a vida dos colombianos, aumenta o desemprego, cresce o número de deslocados, e decai a relação e amizade com os governos e povos vizinhos.

A décima é a de cada um de vocês, minhas leitores e leitores, que deduziram a verdade, e colaboraram com a Promotoria, ou a Comissão de Acusações da Câmara de Representantes, ou a Sala Penal da Corte Suprema de Justiça, para ver quais vínculos podem existir com os pára-políticos-governantes investigados e por investigar.

E a décima primeira hipótese, segundo Rodrigo Gerreiro, ex Alcaide de Cali e gestor da ONG Vallenpaz que funciona com dinheiro do Plano Colômbia, é melhor esperar, e confiar em que as autoridades possam descobrir e sancionar os reais culpados, pois ainda não se sabe com certeza, quem foi o culpado.

Que a segurança democrática que tudo sabe, diga a verdade, pois a história não a absolverá.

Verdade sobre a marcha uribista em Cali.

Não houve cidadania, nem o que se chama sociedade civil nesta marcha que obrigou aos colégios, suas direções e estudantes a assistirem em ônibus que chegavam inesperadamente, sem saber quem os patrocinava, a assistirem com pressão midiática, laboral e disciplinar, mas não consciente.

Docentes que tinham consulta médica de há muito programada antes foram obrigados a assistir pelos diretores dos colégios e ameaçados se faltassem à marcha.

Foi uma marcha de compadres, força pública, dirigentes políticos oficialistas e negociantes da paz e dos direitos humanos.

Foi uma marcha de tendência eleitoral, candidatos pro-uribistas, entre eles a Alcadia unilateralizaram o que é o terrorismo.

Houve terrorismo oficial estatal para obrigar a assistir.

Aproximadamente, participaram doze mil pessoas, a imensa maioria de crianças transportadas por ônibus.

Não se denunciou nesta marcha o terrorismo oficial gerador do deslocamento forçado, dos desaparecimentos forçados, do desemprego, do desalojamento de famílias inteiras por parte dos bancos da cidade, especialmente do grupo aval e de AVVillas entre outros que estão desapropriando de imóveis a milhares de pessoas no Valle.

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sexta-feira, 27 de abril de 2007

O labirinto das relações Equador - Colômbia

O D. Manuel Salgado Tamayo, reconhecido professor universitário e político de esquerda do Equador analisa as relações bilateriais à luz dos planos imperiais e seus propósitos e polemiza uma a uma as falácias que o regime de Uribe Vélez, atuando como ponta de lança do império, esgrime para justificar seu papel de peão de briga do império. “O povo equatoriano recebeu com esperança e otimismo a volta à Pátria de Rafael Correa e suas frontais decisões de não qualificar como terroristas aos membros das FARC-EP, de não renovar os acordos sobre a Base da Manta e de por na “lata do lixo” o Tratado de Livre Comércio", disse.


Plano Colômbia.


[Por Manuel Salgado Tamayo, especial para ANNCOL]

Do Plano Colômbia ao Plano Patriota

Na Colômbia, desde a campanha presidencial de 1998, em que circula, nos meios acadêmicos e políticos vinculados a candidatura de Andrés Pastrana, o chamado Plano Marshall para a Colômbia, até o 5 de junho de 1999, quando é apresentado um segundo documento ao grupo consultivo do processo de paz, passando pelo terceiro documento conhecido o 16 de setembro de 1999, em ocasião da viagem de Pastrana à ONU e à Casa Branca presidida por Clinton, até a quarta versão, apresentada na audiência européia e japonesa em inícios de 2000, [1}, passaram muitas águas que modificaram de modo substantivo o panorama internacional e regional andino. O processo de paz foi frustrado, em 20 de fevereiro de 2002, pelas pressões do império e a intolerância de uma oligarquia excludente que foi progenitora de uma violência generalizada, paramilitar e narcotraficante, que demonstrou que a democracia formal não é incompatível com a mais brutal e extrema irracionalidade.

A passagem posterior da Colômbia pelas políticas - eleitas e reeleitas - do senhor da guerra, Álvaro Uribe Vélez, tem levado este povo a pagar um preçoaltíssimo, de 23.6 bilhões de dólares nos primeiros quatro anos desse governo e se afirma que em 2006 e o que já vai de 2007, a guerra interna tem custado à Colômbia 18.9 milhões de dólares diários, do total dos quais uns 4.700 milhões de dólares são o gasto do governo dos EUA, cifra irrisória se considerarmos a magnitude dos interesses defendidos com o Plano Colômbia: América Latina e o Caribe proporcionam aos EUA 31% do petróleo importado, mais que o total proveniente de todos os países do oriente médio; o comércio anual dos EUA com a América Latina e o Caribe chega a mais de 360 bilhões de dólares, quase o mesmo que o comércio com a União Européia. Esse enorme gasto serviu para diminuir os hectares de cultivos ilícitos, como afirma o NewYork times, e, no plano puramente militar, sem a intervenção massiva dos exércitos imperiais, solicitada aos gritos e sem rubor pelo próprio Chefe de Estado colombiano, o Plano Patriota só serviu para mostrar a fortaleza combativa dos grupos insurgentes e, simultaneamente, por a nu o que era um segredo de Polichinelo: a relação incestuosa entre o uribismo, o paramilitarismo sanguinário, autodestrutivo com a frieza do assassino que se sabe impune por Salvatore Mancuso; e, os cartéis do narcotráfico que acabam por ser todos da mesma ninhada. Macuso, que aparece como o mafioso crioulo à serviço do Império e da narcorepública, revelou o Acordo de San Francisco de Ralito, firmado nessa região da Colômbia, o 23 de julho do 2001, por 11 congressistas e os Chefes Paramilitares Jorge 40, Diego Vecino, Don Berna e o próprio Salvatore Mancuso. O dispositivo da atual crise que vive a Colômbia dispara quando os organismos de justiça vêem-se obrigados a ordenar a detenção de sete deputados e a investigação de outros por graves indícios de vínculos com os mais altos chefes do narcoparamilitarismo, entre eles, Álvaro Araújo, irmão da Chanceler María Consuelo Araújo, que teve que renunciar para aplacar o escândalo, em meio dos pedidos de justiça para que se investigue também a seu pai. Sabe-se que são mais de 60 as personalidades, deputados, alcaides, conselheiros, vinculados aos partidos, movimentos e organizações que tomaram parte da coalisão que apoiou a reeleição de Uribe, cujas campanhas teriam sido financiadas pelo narcoparamilitarismo, que foi utilizado também para eliminar fisicamente os rivais no melhor estilo de uma sociedade mafiosa.

Em meio a essa demolição institucional e de princípios da República, a que tem conduzido o Presidente Uribe Vélez, o povo colombiano, desafiando o panorama desolador de uma sociedade na qual toda forma de oposição civil ou democrática tem sido cooptada, comprada ou assassinada [2] decidiu desafiar o medo e construir, por suas próprias mãos, o Pólo Democrático Alternativo, que alcançou o segundo lugar nas eleições presidenciais de maio de 2006, superando o Partido Liberal e rompendo o velho bipartidarismo oligárquico, num processo de acumulação de forças e construção criativa que o transforma numa real alternativa de poder. [3]

Os limites postos pela guerra do Iraque e as mudanças na América Latina.

Álvaro Uribe Vélez ficou numa posição incômoda, como o único aliado firme de George Bush na América Latina, diante do mundo que não pode ignorar a heróica resistência do povo iraquiano na guerra de agressão criminosa e injusta que, em que pese o enorme desequilíbrio em termos militares e econômicos, tem posto prazos para o momento da retirada do prepotente Império que queria que no seu mundo unipolar ninguém pudesse resistir e pior, vencer. Enquanto o Império se atola no Iraque pagando o preço, até 8 de abril de 2007, às vésperas do 4 aniversário do início da invasão, de 3. 280 mortos em suas tropas, e a derrota eleitoral dos governos que enviaram tropas a essa guerra: José Maria Aznar da Espanha e Silvio Berlusconi da Itália, agora chegou também a fatura final à Bush que perdeu o controle das Câmaras no Congresso em seu próprio país, em meio do que parece ser um declínio irreversível do tradicional controle e influência política que tem tido as administrações norteamericanas na América Latina, fatos evidentes sobretudo desde 1998 até o momento, ao triunfar ou cercarem-se da vitória candidatos de forças sociais que têm proclamado vários níveis de autonomia, independência ou franca oposição aos projetos imperiais na Venezuela, Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, Bolívia, Equador, Nicarágua, Haiti, México, Costa Rica.

Álvaro Uribe Vélez ficou numa posição incômoda, como o único aliado firme de George Bush na América Latina, diante do mundo que não pode ignorar a heróica resistência do povo iraquiano na guerra de agressão criminosa e injusta que, em que pese o enorme desequilíbrio em termos militares e econômicos, tem posto prazos para o momento da retirada do prepotente Império que queria que no seu mundo unipolar ninguém pudesse resistir e pior, vencer. Enquanto o Império se atola no Iraque pagando o preço, até 8 de abril de 2007, às vésperas do 4 aniversário do início da invasão, de 3. 280 mortos em suas tropas, e a derrota eleitoral dos governos que enviaram tropas a essa guerra: José Maria Aznar da Espanha e Silvio Berlusconi da Itália, agora chegou também a fatura final à Bush que perdeu o controle das Câmaras no Congresso em seu próprio país, em meio do que parece ser um declínio irreversível do tradicional controle e influência política que tem tido as administrações norteamericanas na América Latina, fatos evidentes sobretudo desde 1998 até o momento, ao triunfar ou cercarem-se da vitória candidatos de forças sociais que têm proclamado vários níveis de autonomia, independência ou franca oposição aos projetos imperiais na Venezuela, Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, Bolívia, Equador, Nicarágua, Haiti, México, Costa Rica.

A política internacional de Álvaro Uribe tem que ser entendida nesse contexto, de uma correlação de forças regionais desfavoráveis a seu proketo essencial de militarização e regionalização do conflito como única via possível para intentar a derrota da insurgência colombiana representada na atualidade pela FARC-EP e ELN. Dos países que fazem fronteira com a Colômbia é claro que a Venezuela e o Brasil não compartilham os objetivos de Uribe e têm outras prioridades em sua agenda. O Peru de Allan García vive as seqüelas do narco estado e a guerra suja implementada com um cinismo e selvageria extremos, por Fujimori e Montesinos. Resta então o Equador, visto como um Estado em ruínas consumido numa profunda crise econômica e social, fruto em boa parte do saque perpetrado por sua própria burguesia financeira no que se considera o maior assalto bancário da historia republicana, com graves níveis de desinstitucionalização que abarcam a administração da justiça e seus aparatos armados, com sua soberania ferida pela presença da Base Militar de Manta e a dolarização e em meio das seqüelas das políticas neoliberais, impostas pelo FMI e outros organismos multilaterais, que destroçaram a economia, submeteram nosso povo à uma onda de desemprego, fome e pobreza e lançaram mais de um milhão e meio de cidadãos aos subúrbios da emigração e à destruição de milhares de famílias.

A reiterada violação dos acordos sobre a Base de Manta.

A precariedade do Estado de direito e a degradação da política nacional e internacional do Equador chegaram a seu extremo quando o governo de Yamil Mahuad e a União Democrática Cristiana renegociaram a divida externa em troca da entrega da Base de Manta, por um período de 10 anos, ao governo dos Estados Unidos da América em 12 de novembro de 1999. O pretexto da entrega era o combate ao narcotráfico. A assinatura complementar do Acordo Operativo, em 2 de junho de 2000 e os fatos posteriores demonstraram que a Base de Manta converteu-se em um Posto de Operações Avançadas, FOL, por suas siglas em inglês, que recolocou e cumpre o mesmo papel atribuído pela Base Howard no Panamá, pelo Comando Sul das Forças Armadas dos Estados Unidos, de espionagem eletrônica e monitoramento do sul da Colômbia, onde se supõe estejam as principais bases operativas dos grupos insurgentes colombianos, e também a vigilância dos barcos equatorianos que transportam supostos migrantes iliegais. Sobre o papel da Base de Manta na guerra contrainsurgente colombiana o General® Oswaldo Jarrín, incentivador do Livro Branco, de sua condição de Ministro da Defesa, escreveu pouco antes de sua nomeação, no Diário “El Universo” de Guayaquil:

“A informação coletada por meio dos reconhecimentos aéreos e eletrônicos da Base de Manta, indiscutivelmente é utilizada para combater tanto o narcotráfico como a subversão na fronteira equatoriana”. [4]

Segundo informações oficiais, que se difundiram nos meios de comunicação, desde 1999 até haneiro de 2007 foram detidos pela Guarda Costeira dos Estados Unidos, em “aguas territoriais” do Equador, 7.953 cidadãos equatorianos. Alguns dos barcos detidos foram afundados em nosso próprio mar territorial, segundo denuncias dos sobreviventes que repousaram no Congresso Nacional do Equador. Escutei o Ministro Coordenador de Segurança Interna e Externa do Equador, Fernando Bustamante, numa entrevista televisiva que concedia ao jornalista Gonzalo Ruiz, no sábado, 7 de abril de 2007, que não estava seguro da intervenção da Guarda Costeira dos Estados Unidos na captura de migrantes equatorianos. Aparentemente, a apertada agenda do Ministro o tem impedido de verificar denúncias, entrevistar aos denunciantes e revisar as declarações do contra almirante Dennis Sírios, do Serviço de Guarda Costas dos Estados Unidos da América, que testemunhou, em 15 de agosto de 2005, diante do Subcomitê sobre o Serviço de Guarda Costereira dos EUA. E Transporte Marítimo da Câmara de Representantes dos Estados Unidos que: “Buscas da Guarda Costeira dos EUA, patrulhando neste leste do Pacífico têm experimentado um incremento significativo no número de migrantes que passaram às escondidas do Equador a América Central e México antes de tentarem entrar nos EUA, ilegalmente por terra.” [5].

A precariedade do Estado de direito e a degradação da política nacional e internacional do Equador chegaram a seu extremo quando o governo de Yamil Mahuad e a União Democrática Cristiana renegociaram a divida externa em troca da entrega da Base de Manta, por um período de 10 anos, ao governo dos Estados Unidos da América em 12 de novembro de 1999. O pretexto da entrega era o combate ao narcotráfico. A assinatura complementar do Acordo Operativo, em 2 de junho de 2000 e os fatos posteriores demonstraram que a Base de Manta converteu-se em um Posto de Operações Avançadas, FOL, por suas siglas em inglês, que recolocou e cumpre o mesmo papel atribuído pela Base Howard no Panamá, pelo Comando Sul das Forças Armadas dos Estados Unidos, de espionagem eletrônica e monitoramento do sul da Colômbia, onde se supõe estejam as principais bases operativas dos grupos insurgentes colombianos, e também a vigilância dos barcos equatorianos que transportam supostos migrantes ilegais. Sobre o papel da Base de Manta na guerra contrainsurgente colombiana o General® Oswaldo Jarrín, incentivador do Livro Branco, de sua condição de Ministro da Defesa, escreveu pouco antes de sua nomeação, no Diário “El Universo” de Guayaquil: Segundo informações oficiais, que se difundiram nos meios de comunicação, desde 1999 até haneiro de 2007 foram detidos pela Guarda Costeira dos Estados Unidos, em “águas territoriais” do Equador, 7.953 cidadãos equatorianos. Alguns dos barcos detidos foram afundados em nosso próprio mar territorial, segundo denuncias dos sobreviventes que repousaram no Congresso Nacional do Equador. Escutei o Ministro Coordenador de Segurança Interna e Externa do Equador, Fernando Bustamante, numa entrevista televisiva que concedia ao jornalista Gonzalo Ruiz, no sábado, 7 de abril de 2007, que não estava seguro da intervenção da Guarda Costeira dos Estados Unidos na captura de migrantes equatorianos. Aparentemente, a apertada agenda do Ministro o tem impedido de verificar denúncias, entrevistar aos denunciantes e revisar as declarações do contra almirante Dennis Sírios, do Serviço de Guarda Costas dos Estados Unidos da América, que testemunhou, em 15 de agosto de 2005, diante do Subcomitê sobre o Serviço de Guarda Costeira dos EUA e Transporte Marítimo da Câmara de Representantes dos Estados Unidos que: A confissão de parte relevo de provas, poderíamos dizer, o que sabemos que as Forças Armadas dos Estados Unidos, no melhor estilo imperial, patrulham também pelo seu Maré Nostrum o Oceano Pacifico territorial equatoriano. A política de vizinhança de Uribe se parece com a guerra.

Para cobrir seus fracassos miltares internos Álvaro Uribe usou três mecanismos básicos:

Para cobrir seus fracassos miltares internos Álvaro Uribe usou três mecanismos básicos: Primeiro, sua política de pacificação dos grupos paramilitares que, se saiu do libreto, quando alguns dos chefes paramilitares suspeitaram de que seu sócio de andanças podia traí-los e extraditá-los aos temidos cárceres do Império. Nesse momento ardeu Tróia e suas chamas ameaçaram aos próprios funcionários do Palácio de Nañino. O segundo mecanismo foi provocar os vizinhos com base na política de guerra, seguramente aconselhada pelos assessores israelitas e ianques, de seguir os adversários “terroristas” até o lugar onde se encontram. Para a maior efetividade dessa política servem também acordos e convênios de cooperação militar e policial com os EUA que, quase sempre, terminam fazendo uma lavagem cerebral em uma boa parte da oficialidade de nossos aparatos armados. É o que aconteceu no caso do seqüestro e extradição fulminante do Comandante Simon Trinidad em Quito, efetuado com aprovação do Coronel Presidente Luucio Gutiérrez, como denunciou logo o Coronel Patrício Acosta; e, o que voltou a acontecer - de modo insólito na Caracas do Presidente Hugo Chávez - “com a colaboração de elementos policiais curruptos” que capturaram, seqüestraram e levaram à Colômbia o denominado Chanceler das FARC-EP, Rodrigo Granda, desfechando dois golpes importantes à insurgência.

No caso venezuelano, as provocações cessaram quando o Vicepresidente Rangel afirmou que o primeiro que cruze a fronteira será recebido com bala.

No caso equatoriano não existe a mesma determinação e, como dizia o cubano universal José Martí: “Nem povos nem homens respeitam o que não se faz respeitar”. Segundo o Diário “O Comércio” de Quito [6], só desde 2006 até esta data, os governos de Palacio y Correa enviaram 11 notas de protesto ao governo colombiano por graves incidentes causados na fronteira por forças militares do Estado Colombiano, o último dos quais foi perpetrado no passado 22 de março em “El Bocano” da província de Sucumbíos, em que foi atacada uma humilde casa e capturados dois cidadãos equatorianos que logo apareceram mortos em Puerto Asis, do lado colombiano. O governo de Uribe como sempre negou que tivesse produzido tal incursão e para terminar o incidente disse que um dos capturados era colombiano e que ambos colaboravam com a guerrilha.

No Ministério de Relações Exteriores e Defesa Nacional sabe o quanto a fronteira norte é sensível para a segurança global do Equador desde que teve inicio o Plano Colômbia. De certo modo os fatos objetivos nos permitem advertir que uma força parecida à dos deuses gregos encerrou o centenário conflito territorial com o Peru, em 1998, só para abrir uma nova zona de tensão na fronteira com a Colômbia. Todo lugar limítrofe entre Estados é problemático, essa é a lição amarga na história da América Latina. Nas fronteiras terminam os âmbitos das soberanias, cruzam-se as políticas nacionais, com suas fortalezas e debilidades, convivem, geralmente em harmonia os povos de ambos os lados das fronteiras, criando seus mercados locais e suas culturas, desde as que percebem que as decisões dos governos centrais, especialmente as migratórias, militares e de aduanas, são apenas um estorvo em sua vida cotidiana.

A guerra interna da Colômbia iniciou, na fase atual, em 1964, tem, portanto, 43 anos. As guerrilhas colombianas, hoje transformadas em experimentados exércitos irregulares, não têm sido um problema para o Equador pela única razão de que suas motivações e projetos não incluem a liberação dos paises andinos, sulamericanos ou latinoamericanos. “Nós consideramos que cada povo deve construir seu próprio destino, por isso as FARC-EP, sob nenhuma circunstância, realiza operações militares fora do território da Colômbia” sustenta o Comandante Raúl Reyes. Os chefes militares equatorianos sabem e têm dito muitas vezes que o Equador faz limite ao norte com as FARC-EP e o ELN. Os mais graves incidentes têm sido com eles. As ações militares em nosso território têm sido desenhadas e executadas, nos últimos anos, pela oficialidade e as tropas das Forças Armadas da Colômbia, com a assessoria dos EUA, em operações destinadas a perseguir supostos insurgentes colombianos que ingressam e atuam no território equatoriano. Todos os especialistas militares que têm estudado o tema advertem que se trata de uma política deliberada de provocação para nos implicar no Plano Colômbia. Na última conferência de Ministros de Defesa do Continente, efetuada em Quito, o dilema foi esclarecido quando os Ministros dos Estados Unidos da América e Colômbia advogaram pela criação de uma força regional para a luta contra o “terrorismo” que foi negada e derrotada pela firme posição contrária de vários Ministros, em especial os do Brasil e Venezuela.

A guerra química.

O terceiro mecanismo de pressão e guerra do governo colombiano tem sido a fumigação aérea. O uso desta arma de guerra é justificada pelo argumento de que é uma operação extrema para eliminar as bases de financiamento das FARC-EP. Vejamos o que dizem os insurgentes:

O mecanismo de pressão e guerra do governo colombiano tem sido a fumigação aérea. O uso desta arma de guerra é justificada pelo argumento de que é uma operação extrema para eliminar as bases de financiamento das FARC-EP. Vejamos o que dizem os insurgentes: “Como parte da execução do Plano Colômbia e violando compromissos adquiridos com o governo do Equador, o Presidente Álvaro Uribe Vélez reativou a fumigação aérea com glifosato da zona fronteiriça entre as duas nações, desconsiderando a área restringida de 10 km que foi pactuada entre os dois estados desde finais de 2005.

Trata-se de um ato unilateral e arbitrário que agride a soberania da nação equatoriana e deixa vulnerável a dignidade dos povos da América Latina, em aberta rebeldia contra a dominação imperialista norteamericana.

As criminosas fumigações com glifosato de nossa selva tropical e biodiversa, com o pretexto de erradicação dos cultivos de coca, montadas na infâmia de afirmar que estes cultivos pertencem à guerrilha, são uma absurda estratégia do Plano Colômbia financiada pela Casa Branca para sustentar seus planos de dominação hegemônica sobre as nações sul americanas e o saque de seus recursos naturais. O mundo sabe que as FARC-EP nem cultivam nem comercializam estes produtos, os quais pertencem aos camponeses pobres, deslocados pela violência e pela falta de oportunidades por parte da classe dominante.

O governo do Presidente Rafael Correa Delgado que começou negando-se a conceituar como terroristas aos membros da insurgência colombiana, como o fizeram vários governos e personalidades influentes no continente e no mundo, partiu para a agressão com o anúncio de uma estratégia diplomática destinada a denunciar à comunidade internacional a agressão de que é vitima no Equador e a simultânea formação de uma comissão cientifica bilateral que investigue o tema.

O governo do Presidente Rafael Correa Delgado que começou negando-se a conceituar como terroristas aos membros da insurgência colombiana, como o fizeram vários governos e personalidades influentes no continente e no mundo, partiu para a agressão com o anúncio de uma estratégia diplomática destinada a denunciar à comunidade internacional a agressão de que é vitima no Equador e a simultânea formação de uma comissão cientifica bilateral que investigue o tema.

Neste campo não há nada que investigar ou descobrir a partir das conclusões irrefutáveis as quais têm chegado cientistas de diversas latitudes e instituições do mundo. A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos da América e a Organização da Saúde sabem que os pesticidas que contém glifosatos são altamente tóxicos . Os glifosatos causam irritações dermatológicas e oculares; náuseas, enjôos, problemas respiratórios, aumento da pressão sanguínea, reações alérgicas, perda de consciência, dores gastrointestinais, pneumonia. Todos os habitantes das regiões campesinas da Colômbia e da fronteira norte equatoriana que têm sido fumigadas com glifosatos têm apresentado esses sintomas. Nesse aspecto ambiental foi comprovado que as fumigações com glifosato esterilizam os solos de uma a três anos, contaminam, causam a morte dos insetos e outros antrópodos benéficos, assim como a de espécies anfíbias.

Na fronteira entre Colombia e Ecuador está se fumigando com um glifosato que tem o nome de Raundup, fabricado pela empresa Monsanto, o mesmo que contém a substância tensoativa POEA (polyethoxy tallow amine que tem duas funções: aumentar a superfície de ação da gota que cai na folha de uma planta e fazer que no produto entre uma célula) que causa dano gastro-intestinal e ao sistema nervoso central de glóbulos vermelhos em humanos. POEA está contaminado com 1-4 dioxano, que tem causado câncer em animais e danos ao fígado e rins em humanos. Porém o mais grave é que na Colômbia se está fumigando com um glifosato que tem uma concentração 26 vezes maior que a usual, à qual agregam, ademais, o surfactante Cosmo - Flux 411-F, o qual pode quadruplicar a ação biológica do Roundup. A ação torna-se criminosa, perversa e violenta se considerarmos que os aviões fumegam até doze vezes um mesmo campo. Em janeiro deste ano a multinacional Monsanto foi condenada na França por publicidade enganosa sobre seu produto Roundup, usado também nas fumegações que realiza na Colômbia na fronteira com o Equador e cujo principal componente é o glifosato.

Um grupo de cientistas franceses comprovou que o glifosato provoca o câncer.

Um grupo de cientistas franceses investigou o tema desde 1998 e chegou à conclusão, em 2004, de que o glifosato formulado provoca as primeiras etapas do câncer. O professor Roberto Bellé dirigiu um grupo de cinco cientistas da Unidade Mar e Saúde da Estação biológica de Roscoff (Bretaña) como parte de um Projeto do Centro Nacional de Investigação Científica e a Universidade Pierre e Marie que publicou no Nº 82 da Revista Científica internacional Toxicological Sciences. O cientista resume as conclusões da investigação nos seguintes termos:

Um grupo de cientistas franceses investigou o tema desde 1998 e chegou à conclusão, em 2004, de que o glifosato formulado provoca as primeiras etapas do câncer. O professor Roberto Bellé dirigiu um grupo de cinco cientistas da Unidade Mar e Saúde da Estação biológica de Roscoff (Bretaña) como parte de um Projeto do Centro Nacional de Investigação Científica e a Universidade Pierre e Marie que publicou no Nº 82 da Revista Científica internacional Toxicological Sciences. O cientista resume as conclusões da investigação nos seguintes termos:

“O glifosato formulado, o que significa o Roundup tal como é vendido , ativa o que se chama o checkpoint (proteínas de controle). Cada célula tem dois checkpoints que são ativados só quando há problemas na divisão celular. Essa perturbação deve-se ao fato de que atua em interação com o ADN das células e é dessa maneira que funcionam os agentes cancerígenos.

Uma vez ativado o checkpoint existem três possibilidades: a primeira é que a célula repare o DNA; a segunda, que faça apoptose ou suicídio celular, e , a terceira, que nem sejam reparadas nem morram porque o gene danificado é um dos que regula o checkpoint, e é assim que tem inicio o processo do câncer. Se existem 10.00 células, 9.999 morrem, porem se existe uma que vive e tem o DNA danificado, que corresponde ao gene do checkpoint, e se divide, em meia hora passa a existir dois, que logo convertem-se em 4, 8, 16.

Para cegar ao câncer, entretanto, faltam outras mudanças, é necessário que uma delas adquira a propriedade de escapar do controle de um fator externo à célula. O processo continua, o tumor precisará de oxigênio e para isso vai atrair casos sanguíneos e formar novos (angiogêneses) e, então, tumores se formação no resto do corpo”.

O cientista afirma que quando se fumiga num jardim as microgotas podem recorrer entre dois ou três quilômetros, se houver vento; entretanto, ao interar-se das fumigações aéreas no sul da Colômbia, disse que isso é uma catástrofe. Está demonstrado que há areia do Saara no Pólo Norte e um grão de areia é maior e mais pesado que um microgota. As microgotas de pulverização são quase como o vapor d'água, que viaja simplesmente com o movimento da terra, como as nuvens. Por tudo isso conclui. È uma loucura pulverizar com avião. [8]

A guisa de conclusão

Desde que foram firmados os acordos da Base de Manta em 1999 os sucessivos governos e seus embaixadores abandonaram a política de defesa de soberania nacional que tinha sido uma face meritória de alguns regimes no passado. Yamil Mahuad, Gustavo Noboa, Lucio Gutiérrez, Alfredo Palacio, com a honrosa exceção de Antonio Parra Gil, terminaram enredados pelas determinações geopolíticas do Plano Colômbia. Nesse sentido o povo equatoriano recebeu com esperança e otimismo a volta à Pátria de Rafael Correa e suas frontais decisões de não qualificar como terroristas aos membros das FARC-EP, de não renovar os acordos sobre a Base de Manta e de “por na lata do lixo" o Tratado de Livre Comércio. Por desgraça, em 26 de novembro de 2006, venceu o governo e, por um erro tático, entregou-se o Congresso Nacional à direita política, enquanto a administração da justiça e o poder econômico continuam intactos em mãos da velha oligarquia e da partidocracia corrupta. Nessas circunstâncias é possível entender que o Presidente Rafael Correa não pode abrir várias frentes simultâneas, na política nacional e internacional, porém, parece-me que a área mais sensível das relações exteriores que, nas atuais circunstâncias é a Colômbia, mostra-se débil e ingênua. Não sei porque tenho a sensação de que cada vez que se nomeia uma Comissão para investigar um tema ele é sepultado. Esse é meu pressentimento no caso da crise financeira e também essa é a leitura dos acordos de Manágua sobre as fumigações. Oxalá eu esteja equivocado e a verdade e a justiça imponham-se sobre os que cometeram o maior golpe bancário da historia republicana, pois no 80 aniversario do Gabo seria 'macondiano' que a única vítima dessa tragédia financeira fosse Wilma Salgado por ter lutado contra a impunidade; e na política internacional se produza o reencontro pleno com os princípios de soberania, independência e autodeterminação e autodeterminação que devem ser sempre iirredutíveis e irrenunciáveis.

Desde que foram firmados os acordos da Base de Manta em 1999 os sucessivos governos e seus embaixadores abandonaram a política de defesa de soberania nacional que tinha sido uma face meritória de alguns regimes no passado. Yamil Mahuad, Gustavo Noboa, Lucio Gutiérrez, Alfredo Palacio, com a honrosa exceção de Antonio Parra Gil, terminaram enredados pelas determinações geopolíticas do Plano Colômbia. Nesse sentido o povo equatoriano recebeu com esperança e otimismo a volta à Pátria de Rafael Correa e suas frontais decisões de não qualificar como terroristas aos membros das FARC-EP, de não renovar os acordos sobre a Base de Manta e de “por na lata do lixo" o Tratado de Livre Comércio. Por desgraça, em 26 de novembro de 2006, venceu o governo e, por um erro tático, entregou-se o Congresso Nacional à direita política, enquanto a administração da justiça e o poder econômico continuam intactos em mãos da velha oligarquia e da partidocracia corrupta. Nessas circunstâncias é possível entender que o Presidente Rafael Correa não pode abrir várias frentes simultâneas, na política nacional e internacional, porém, parece-me que a área mais sensível das relações exteriores que, nas atuais circunstâncias é a Colômbia, mostra-se débil e ingênua. Não sei porque tenho a sensação de que cada vez que se nomeia uma Comissão para investigar um tema ele é sepultado. Esse é meu pressentimento no caso da crise financeira e também essa é a leitura dos acordos de Manágua sobre as fumigações. Oxalá eu esteja equivocado e a verdade e a justiça imponham-se sobre os que cometeram o maior golpe bancário da historia republicana, pois no 80 aniversario do Gabo seria 'macondiano' que a única vítima dessa tragédia financeira fosse Wilma Salgado por ter lutado contra a impunidade; e na política internacional se produza o reencontro pleno com os princípios de soberania, independência e autodeterminação e autodeterminação que devem ser sempre iirredutíveis e irrenunciáveis.

Quito, 10 de abril de 2007

Profesor da Universidade Central do Equador

Responsável pelas Relaciones Internacionales do Partido Socialista-Frente Ampla do Ecuador.

[1] Ver Drogas, Terrorismo e Insurgencia, del Plan Colombia a la Cruzada Libertad Duradera, Quito, 2002, Ediciones “La Tierra”, p.p. 27-44.

[2] Alfredo Molano Bravo, o Plano Colômbia e o conflito armado.

[3] Ver documento “La nueva etapa de integración latinoamericana y caribeña”, XIII Encontro do Forun de São Paulo, 11 al 16 de Janeiro de 2007, p. 13.

[4] Citação feita por Alexis Ponce do Grupo de Monitoreo dos Impactos do Plano Colômbia, 13 de marzo del 2006, numa entrevista à Rádio “La Luna” de Quito.

[5] Ver http://www.hause.gov/transportation/cgmt/06-15-05memo.html)

[6] Diario “El Comercio” de Quito, viernes 6 de abril del 2007, p.p. 1-12.

[7] Declaração formulada pelo Comandante Raúl Reyes, das montanhas da Colômbia, 16 de diciembre del 2006.

[8] Diario “El Universo” de Guayaquil, domingo 25 de febrero del 2007, p. 9

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quinta-feira, 26 de abril de 2007

A União Européia [UE] faz um favorzinho ao governo mafioso de Uribe

O povo colombiano e suas organizações populares nao estão pedindo "esparadrapos nem gases" para curar suas feridas produto do Terrorismo de um Estado, o mundo deve cortar relações com um governo criminoso como o de Uribe Vélez e nao como pretende a senhora Ferreiro com sua visita hoje à Colômbia " dar-lhe oxigênio". A Europa atua na contramão das maiorias oprimidas na Colômbia.


Uribe Vélez, narcopáraco presidente!


[ANNCOL]

É isso o que parece indicar a visita à Colômbia da comissária européia de exteriores, Benita Ferreo-Waldner.

É impossível compreender que a União Européia – 25 no total – possa cooperar com um dos países mais corruptos do mundo. Segundo a agência de noticias EFE, Benita se reunirá com Uribe Vélez. Acaso não saberia que este sujeito está na lista do Departamento de Estado da Casa Branca fichado com o #82, entre os cem mais perigosos delinqüentes junto ao outrora chefe do cartel de Medellín, Pablo Escobar Gavíria, morto em um telhado pelas forças do regime apoiadas pelo DEA?

Acaso não lhe informaram seus embaixadores credenciados na Colômbia que o senhor Fernando Araújo com quem se reunirá para entregar-lhe 12 milhões de euros para a reintegração e recolocação das populações desabrigadas por causa da violência e outros problemas, esteve retido pelas Farc precisamente por roubar um dos terrenos das comunidades afrodescendentes em Chambacú, Cartagena?

O que expressou a austríaca, Benita Ferrero, “A curto prazo este plano busca prestar assistência e apoio às vítimas da violência. A médio prazo, pretende promover a paz no âmbito local e nacional e, a longo prazo, contribuir para a promoção de um melhor desenvolvimento”.

Então, tampouco lhe informaram seus representantes na Colômbia que Uribe Vélez impediu a realização do intercâmbio Humanitário, ainda que para sua missão caiba “como uma luva” perguntar-lhe a Uribe porque tanta demora em desalojar dois municípios. Acaso desconhece que engana permanentemente os prisioneiros com suas falsas promessas de realizá-lo. Que se tem feito pouco dos três paises amigos para a troca, Espanha, Suíça, e França. Parece que desconhece igualmente que as Farc tem expressado que este primeiro passo poderia conduzir a discutir temas de fundo para alcançar uma paz duradoura.

Definitivamente a UE não tem uma política exterior própria e coerente com a realidade colombiana.

O povo colombiano e suas organizações populares não estão pedindo “esparadrapos e gases” para curar suas feridas, o que se exige é que o mundo corte relações com um governo criminoso como o de Uribe Vélez e não como pretende a senhora Ferrero, apoiando um moribundo, dando-lhe oxigênio. A Europa com esta visita atua na contramão das maiorias oprimidas.

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quarta-feira, 25 de abril de 2007

O crime organizado governa a Colômbia

Afirmou o europarlamentar Willy Meyer diante de numeroso público na II Conferência pelos DD.HH realizada em Bruxelas esta semana. É importante “facilitar o encontro entre as partes implicadas no conflito colombiano”, disse em sua intervenção o professor da universidade de Lovaina, François Houtart. A inclusão da guerrilha colombiana na lista européia de “grupos terroristas” deixou o caminho livre para aplicação da sangrenta “segurança democrática” de Uribe Vélez.


A funcionária da ONU, Maria Francisca Ize-Charrin participa com os assistentes do evento.


[ANNCOL]

As intervenções dos expositores, as perguntas e questionamentos do auditório constatam a gravidade do conflito social e armado que a Colômbia atravessa. Temas como o intercâmbio humanitário, a saída dialogada para o conflito colombiano, a violação persistente aos direitos por parte do Estado, o paramilitarismo, foram a tônica predominante no evento. Faz 12 anos desde o primeiro encontro em Bruxelas e, segundo a maioria dos expositores, o conflito interno está pior.

O europarlamentar Willy Meyer assim definiu o governo de Uribe Vélez: “Quando o crime organizado se apodera dos três poderes do Estado, estamos falando de um Estado falido, e isto ocorre na Guatemala e também ocorre na Colômbia. Portanto, as forças políticas não contaminadas por esta corrupção têm a obrigação moral e histórica de refundar o Estado”. Segundo suas próprias palavras, acabava de chegar de uma visita à Guatemala.

O Embaixador colombiano Holmes Trujillo, em sua brevíssima intervenção, pretendeu apresentar como “limpa” a “segurança democrática” do atual governo e as atuações de governos passados desde a primeira conferência de 1995. Com o estilo próprio dos caciques colombianos pretendeu não somente confundir homenageando a presença de Carlos Gaviria como também os participantes do evento com frases como: “há avanços no tema dos DDHH”, “a vontade pelo intercâmbio humanitário existe, porém as Farc as rechaça”. “Na Colômbia há democracia”.

O professor da Universidade de Lovaina, Francois Houtart, destacou a importância de “facilitar os contatos e negociação entre as partes implicadas no conflito colombiano”, igualmente nessa direção o deputado sueco Jens Holm chamou a atenção dos governos europeus com respeito à sua “lista de terroristas” que no ano de 2002 incluíram a guerrilha colombiana.

“A União Européia livre de idéias preconcebidas deveria avaliar a chamada ‘lista de organizações terroristas’ para possibilitar os primeiros passos em direção a uma negociação do conflito colombiano”, disse Holm.

A esse respeito, a Escola de Cultura e Paz da Universidade Autônoma de Barcelona, em seu boletim de 2005, escreveu: “a lista da UE de grupos ou pessoas terroristas poderia prejudicar o início e o desenvolvimento de alguns processos de paz”. Sem dúvidas, nos seis anos da inclusão da insurgência colombiana nessa lista a violência estatal foi intensificada pela “segurança democrática” de Uribe ocasionando um imenso prejuízo ao povo colombiano.

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terça-feira, 24 de abril de 2007

Multinacionais da morte

A condenação da justiça imperial à multinacional “Chiquita Brands, aliás “United Fruit Company” por financiar organizações terroristas. A Chiquita não só deu muito dinheiro. Também colaborou para que entrassem no país mais de 3.000 fuzis AK-47 e milhões de munições que foram parar junto aos grupos paramilitares. Na região de Urabá, a zona onde operava a multinacional, registraram entre 1997 e 2004, 62 massacres nos quais morreram 432 pessoas, escreve Miguel Suárez.


Sempre assassinando colombianos.


[Por Miguel Suarez *]

A raiz do escândalo sobre a condenação da justiça imperial à multinacional “Chiquita Brands”, aliás “United Fruti Company” por financiar organizações terroristas, à margem da lei, como diriam na Colômbia, o debate sobre o paramilitarismo e sua aplicação continua em pauta.

Para uma pequena mostra, diz-se que a Coca-Cola Serviços da Colômbia, é a companhia mais eficiente do país, graças à aplicação do terrorismo de estado no qual também estão envolvidas outras empresas multinacionais como a Drumon, Nestle, British Petroleum, Repsol, Oxi Petroleum, etc, etc.

As reiteradas denúncias e provas contra estas transnacionais, são prova palpável que o paramilitarismo é a ferramenta da qual se valem os exploradores para preservar seus interesses econômicos e políticos que no caso das multinacionais lhes garantam vultuosos lucros a custo de assassinar sindicalistas, destruir sindicatos e rebaixar as condições salariais dos trabalhadores.

A condenação da Chiquita por financiar o paramilitarismo, é só a ponta do iceberg paramilitar que abarca todos os níveis desse estado oligárquico.

O paramilitarismo não é uma exclusividade da oligarquia colombiana nem tampouco de Álvaro Uribe Vélez, porém é muito claro que durante seu período como governador de Antioquia entre 1995 e 1997, uma de suas conquistas foi o impulso deste.

Uribe em sua administração não só promoveu a criação das Cooperativas de Segurança Privada CONVIVIR, iniciativa destinada a legalizar o paramilitarismo, mas ainda implementou seu “Estado Comunitário” (Estado mafioso), na zona de Urabá, uma zona com um grande nível de organização popular, que foi destruída e que devido ao êxito disso, a oligarquia colombiana, no congresso de Ganaderos, em 1996, aprovou estender essa iniciativa de Uribe Vélez em escala nacional e além disso promover sua candidatura presidencial em 2002 e o reelegeram em 2006.

A Chiquita é uma mostra de como “O terrorismo de estado” foi aplicado pela oligarquia colombiana há muitos anos. O caso do massacre dos bananais ocorrido na população colombiana de Ciénaga em 1929 quando as forças armadas da oligarquia Colombiana abriram fogo contra os trabalhadores assassinando mais de mil deles, com suas mulheres e filhos para defender os interesses da United Fruit Company, é uma mostra da aplicação do terrorismo de estado que se ocultou cuidadosamente do povo colombiano.

A condenação dessa multinacional se dá por fatos parecidos, massacres ocorridos na mesma zona do país, os quais, financiando o paramilitarismo, conseguiram desalojar os camponeses de suas terras e destruir as outras fortes organizações sindicais, para assim forjar um império do terror que apoiadas desde Bogotá por sucessivos governos, os quais, por sua vez tomam medidas que legalizam fortunas de origem duvidosa, acabam por deixar sem castigo os responsáveis pelo terrorismo de estado.

Chiquita não só deu muito dinheiro. Também colaborou para que entrassem no país mais de 3.000 fuzis AK-47 e milhões de munições que foram parar junto aos grupos paramilitares. Na região de Urabá, a zona onde operava a multinacional, registraram entre 1997 e 2004, 62 massacres nos quais morreram 432 pessoas, em sua maioria camponeses pobres, muitos deles trabalhadores das plantações de bananas.

Ademais, mais de 60.000 pessoas tiveram que abandonar suas casas em meio desta limpeza paramilitar impulsionada entre outros por Álvaro Uribe e seu estado mafioso.

Porém, não é só a Chiquita, a Coca-Cola também tem sua história.

Na zona de Urabá, a mesma zona onde Uribe implementou seu “Estado Comunitário” e a mesma zona onde se deu o caso de Chiquita Brands, a Coca-Cola iniciou um experimento financiando paramilitares para destruir a organização sindical, rebaixar as condições de trabalho de seus trabalhadores e diante de seu êxito intentou implementar em todo o pais a sombra da “Segurança Democrática” de Álvaro Uribe Vélez.

Em 1992 o Gerente da Coca-Cola, José Gabriel Castro, acusou publicamente os trabalhadores e ao sindicato de serem agentes da guerrilha. Em 1995 o exército da oligarquia colombiana invadiu as instalações da Cooperativa dos Trabalhadores a Serviço da Coca–Cola e afiliados a SINALTRAINAL, o que repetiu, um ano mais tarde, o Comando de Captura da Polícia.

Em 1996 os paramilitares chegaram à Planta de Coca-Cola em Carepa e dispararam quatro vezes na cabeça, seis no peito e nos testículos de Isidro Segundo Gil, Secretario Geral do Sindicato Nacional de Trabalhadores da Indústria de Alimentos, SINALTRAINAL Seccional Carepa.

Depois do assassinato, os paramilitares entraram à força na sede sindical e lhe atearam fogo.

Depois, nessa mesma tarde, convocam uma reunião de trabalhadores no interior da empresa e ameaçam matar a todos que não renunciassem ao sindicato. Os 43 trabalhadores receberam as cartas de renúncia ao sindicato, datilografadas nas mesmas oficinas da empresa.

Diante da cumplicidade estatal com o paramilitarismo, o sindicato Sintrainal, recorreu à justiça imperial, que nessa ocasião exonerou a empresa Coca-Cola, que de imediato recorreu à injustiça colombiana acusando de terrorismo os sindicalistas que procuravam defender suas vidas.

O advogado da Coca-Cola para o caso foi Jaime Bernal Cuellar, que fora Procurador Geral da Colômbia entre 1994 e 1999, quando foram denunciados os crimes, e foi um dos funcionários estatais que não fizeram nada para deter os assassinatos.

Para o caso Coca-Cola, a política paramilitar traduz-se na redução em três vezes do número de trabalhadores sindicalizados; enquanto que nas multinacionais como a Nestlé somente 3% de seus trabalhadores chega a dez anos de permanência.

Sobre a Drummond, que é uma empresa dedicada a saquear o carbono da Colômbia, conta Francisco Ramírez Cuellar num artigo intitulado “O que custa assassinar sindicalistas” como foi o processo para assassinar os criadores do sindicato dessa empresa.

Cuellar disse que Valmore Locarno Rodríguez, Victo Hugo Orcasita Amaya e Gustavo Soler Mora, assumiram a direção da Sintramienergética seccional El Paso, para buscar melhores condições de trabalho, segurança no trabalho, comida em boas condições, salários dignos, seguridade social para eles e suas famílias; a resposta da empresa foi acusá-los de guerrilheiros.

Rafael García, ex chefe de informática do DAS em declarações à promotoria, disse que esteve presente quando num hotel de Valledupar, Augusto Jiménez, presidente da Drummond da Colômbia, reuniu-se com um enviado do mafioso Jorge 40, para entregar-lhe dinheiro com o qual estes aterrorizaram o sindicato.

Em 12 de Março de 2001, semanas depois de entregue o dinheiro por parte de Jiménez, uma caminhonete cheia de militares-paramilitares fecha um ônibus no qual iam trabalhadores, identificam Valmore Locarno Rodríguez e diante de seus companheiros o assassinam com dois disparos na cabeça, depois derrubam Víctor Hugo Orcasita Amya , levam-no na caminhonete e horas depois aparece torturado e com vários furos de bala no cérebro; em Outubro deste ano ocorre o mesmo com Gustavo Soler Mora, que havia assumido a direção do sindicato depois do assassinato dos companheiros.

Todas as pessoas que quiseram trabalhar na Drummond foram submetidas à aplicação de um detector de mentiras, suas vidas foram investigadas, procuraram informações nos organismos de segurança e certificou-se de que seus “padrinhos” fossem personalidades de Valledupar, amigos dos Araújo ou outra indicação da companhia, para garantir que só entrassem pessoas de “confiança” para a empresa mineira.

Sintramienergética-Funtraenergetica e os familiares dos sindicalistas assassinatos, diante da impunidade que padece o processo na Colômbia, dava conta do peso político que tem Drummond, pois seu representante é Fabio Echeverri Correa, assessor presidencial de Uribe, optaram por acionar a multinacional também diante da “justiça” imperial.

Sobre as petroleiras, a Unión Sindical Obrera, Uso, num documento sobre o tema disse que “Por detrás da chegada da British Petroleum Exploration à Casanare, chegaram os paramilitares”.

Disse o documento que segunda a investigação realizada por Ignácio Gómez sobre o espião alemão Werner Mauss, a história da empresa Sistema de Defesa Limitada, DSL, DSL (Defense System Limitada) contratada pela BP para sua segurança na Colômbia, está intimamente ligada com o aparatoso sistema de defesa britânico e que tem ingerência direta no conflito social e armado que vive a Colômbia e que estes, a DSL, treina grupos paramilitares.

Em artigo publicado em 2002 no Los Angeles Times, denunciava-se que a OXY pagava 750.000 dólares às forças de segurança colombiana e a Associação Cravo Norte – propriedade de ECOPETROL e a OXY, que atua na jazida Cano Limón - em 1996 firmou um “acordo de colaboração” anual de quase dois milhões de dólares para financiar economicamente as unidades da brigada XVIII que cobriam as zonas fronteiriças à jazida.

Segundo o documento de USO, no país estão presentes aproximadamente vinte multinacionais do petróleo que, embora eles tenham denunciado à Britis, nada indica que as restantes companhias em maior ou menor medida não adotem os mesmos procedimentos para garantir suas inversões em segurança;

É preciso mencionar que a Repsol e a OXY invadiram o território indígena U’wa em busca de petróleo, sem o consentimento das comunidades e violentando seus territórios em clara transgressão da Constituição Colombiana, sendo protegidos seus bens e maquinarias por forças militares-paramilitares, que assassinaram vários lideres indígenas.

Diversos agrupamentos sociais, de caráter religioso e partidos políticos suíços, integrados na organização Multi Watch, convocaram uma audiência público os dias 29 e 30 de outubro de 2005, em Berna, para analisar as denúncias de trabalhadores da Nestlé na Colômbia no sentido de que a empresa helvética tenham incorrido em práticas antisindicais que vêm manejando desde muito tempo, em relação também com a morte e desaparecimento de alguns trabalhadores.

Segundo o que se tem visto nos últimos tempos na Colômbia, onde o presidente é um homem com passado de narcotrafiante e de paramilitarismo, com ministro cujas famílias estão a serviço do narcotráfico, onde os ex procuradores convertem-se em advogados de multinacionais que são representadas pelos altos funcionários estatais, com comandantes miltares subornados pelo narcotráfico e com parlamentares que ao mesmo tempo em que aprovam novas leis, ordenam novos massacres, não deixa dúvidas de até onde o paramilitarismo é uma ferramenta do terrorismo de estado aplicado pela oligarquia para paralisar o protesto social, destruir organizações populares para eles continuarem enriquecendo, em detrimento do país e do povo.

A lista de multinacionais apoiando o terrorismo de estado na Colômbia, é bem grande e entre outras se destacam Chiquita, Coca Cola, Nestlé, Drummond, Britis Petroleum, Oxi, Repsol, etc,

O paramilitarismo e Álvaro Uribe Vélez, são sinônimos de morte. Há que recordar que entre 1995 e 1997, quanto Uribe foi governador de Antioquia, desatou-se a mais feroz investida com a Unión Patriótica onde exterminaram este movimento em Urabá e implantaram o “Estado Comunitário”, hoje conhecido como “Segurança Democrática”, projeto da Pax romana que se pretende aplicar em todo o país, onde a participação das multinacionais financiando a guerra contra o povo são um elo fundamental.

Os dados refletem um panorama desolador de desaparecimentos, assassinatos a sangue frio que tão só no primeiro mandato de Uribe chegaram aos onze mil casos, uns 62 mil exilados e em torno de quatro milhões de deslocamentos internos, que são o produto da iniciativa de aplicar em todo o pais, o realizado por Uribe em Urabá.

*Diretor da Rádio Café Estéreo

www.ajpl.nu/radio

info@ajpl.nu


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