"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A paz com justiça social é possivel, lutemos por ela, No 29

Por Juan Leonel Pérez.

Em oito dias têm-se apresentado 16 ações de guerra entre a insurgência e as forças repressivas de Colômbia. Em um só dia se apresentaram seis confrontos. Se levamos em conta que a grande mídia oculta o número e a intensidade dos combates, então, podemos ter a certeza de que só publicam uma porcentagem muito pequena do conflito.

Chama a atenção que a maioria dos combates ocorrem em regiões de elevada presença militar, o que significa que o exército do governo não consegue controlar o acionar da guerrilha.

Por essa razão, em muitos setores já se fala da necessidade de um diálogo entre governo e insurgência, pois a via da confrontação está esgotada, a pesar da intervenção estadunidense e, dos milhões de dólares investidos nessa guerra desnecessária diariamente.

Já não se fala da derrota da insurgência, nem do "fim do fim", nem do "pós-conflito",
pois o governo e seus aparatos repressivos estão muito longe da possibilidade de derrotar a guerrilha.

As forças insurgentes das FARC e o ELN mantêm sua vontade de paz. A palavra "rendição" não se encontra no dicionário político deles. E a paz que procuram tem a ver com as profundas transformações estruturais que abram a porta à democracia real na que participe diretamente o povo colombiano.

Os que lutamos pela paz com justiça social devemos unir esforços e exigir do governo que não se oponha mais à busca da solução política do conflito.

A seguir os resultados da confrontação segundo a imprensa colombiana do 17 ao 24 de setembro de 2011.

17/09: E combates entre as FARC e o Exército em Doncello, Caquetá, morreram 2 soldados.
http://www.latercera.com/noticia/mundo/2011/09/678-393540-9-al-menos-tres-muertos-dejan-ataques-atribuidos-a-las-farc-en-sur-de-colombia.shtml

18/09: FARC bloqueiam importantes estradas com carretas-bomba nos Departamentos do Tolima e Cauca.
http://www.elmeridianodecordoba.com.co/web/index.php?option=com_content&view=article&id=14875:dos-civiles-muertos-y-ocho-heridos&catid=18:nacional&Itemid=14

18/09: Guerrilheiros das FARC atacam uma caravana de caminhões cisterna da multinacional petroleira Emerald Energy no departamento do Caquetá.
http://www.latercera.com/noticia/mundo/2011/09/678-393540-9-al-menos-tres-muertos-dejan-ataques-atribuidos-a-las-farc-en-sur-de-colombia.shtml

18/09: Frente 33 das FARC ataca estação de Polícia em Sardinata, Norte de Santander: feridos o comandante (de gravidade) e o sub-comandante da estação, ademais de 6 policiais e 5 soldados.
http://www.caracol.com.co/noticias/judicial/combates-entre-fuerza-publica-la-guerrilla-deja-13-oficiales-heridos-en-norte-de-santander/20110918/nota/1548985.aspx

18/09: Ataque das FARC em Barbacoas, Nariño: 2 policiais feridos.
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5i0BkBDuWx7zWUW9m1xU-pYGzZKiw?docId=CNG.ddf62410c429b328e0bac991b9fa5c34.6a1

18/09: FARC ativa petardo contra patrulha da Polícia em Ibagué, capital do departamento do Tolima.
http://www.caracol.com.co/noticias/judicial/farc-activan-petardo-en-la-via-alto-de-la-linea-en-ibague/20110918/nota/1549160.aspx

18/09: Vários ataques do ELN em Fortul e Tame, do departamento de Arauca: 1 policial e 2 soldados mortos, 2 policiais feridos.
http://www.caracol.com.co/noticias/judicial/nuevos-hostigamientos-de-la-guerrilla-en-tame-y-fortul-arauca/20110918/nota/1549159.aspx

19/09: Guerrilheiros das FARC atacam com explosivos uma patrulha militar perto de Balboa, Cauca: 1 soldado morto e vários feridos.
http://www.elpais.com.co/elpais/judicial/ataque-con-explosivos-causa-muerte-soldado-en-balboa-cauca

19/09: FARC ataca patrulha da Polícia em Quibdó, capital do Chocó: um uniformizado morto e outro ferido.
http://www.caracol.com.co/noticias/judicial/atentado-en-quibdo-dejo-un-policia-muerto-y-otro-herido/20110919/nota/1549531.aspx

19/09: Atentado guerrilheiro deixa sem luz elétrica diversos municípios do Norte de Santander.
http://www.caracol.com.co/noticias/judicial/atentado-de-la-guerrilla-dejo-a-oscuras-el-municipio-de-convencion-norte-de-santander/20110919/nota/1549568.aspx

19/09: Ação das FARC em Tame, Arauca: um policial morto e dois feridos.
http://www.elpais.com.co/elpais/judicial/menos-5-muertos-y-11-heridos-dejan-ultimos-ataques-rebeldes-en-colombia

21/09: Em choques armados entre Milícias urbanas das FARC e um pelotão de Carabineiros, morrem o Comandante dessa unidade militar e outro oficial.
http://www.rcnradio.com/noticias/dos-integrantes-de-la-policia-asesinados-109871

22/09: Guerrilheiros das FARC atacam o Posto Policial de El Mango, Argelia, Cauca: 2 uniformizados mortos e 3 feridos.
http://www.elliberal.com.co/liberal/judicial/103361-dos-policias-muertos-y-tres-heridos-por-ataque-de-las-farc

23/09: Ataque das FARC à Estação da Polícia em La Florida, Nariño, causando grandes danos materiais.
http://www.elpais.com.co/elpais/judicial/noticias/policia-muerto-y-tres-heridos-deja-ataque-farc-en-cauca

24/09: Guerrilheiros das FARC atacam a força pública em Santa Rita, município de Ituango, Antioquia: 1 militar ferido.
http://www.rcnradio.com/noticias/un-soldado-herido-dejo-hostigamiento-de--110447

El número de presos políticos aumenta, já são mais de de 8 mil, é urgente a solidariedade com eles.

No primeiro semestre de 2011 foram enxotadas violentamente 89.750 pessoas. Já são mais de cinco milhões os deslocados violentamente na Colômbia.

Líbia e Colômbia, farsas e fossas da mídia

Publicado na CARTA MAIOR

DEBATE ABERTO

Leonardo Severo

Repórter do Hora do Povo, colaborador do Brasil de Fato e membro do Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé

No mesmo domingo, 24 de setembro, em que os aviões da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) se aproximavam das 24 mil “operações de patrulha aérea” contra a Líbia, incluídas 8.941 missões de ataque para “proteger civis”, as agências internacionais reforçavam o bombardeio midiático.

Despejando desinformações, o jornalismo teleguiado buscava inocular o vírus da apatia e da alienação em massa enquanto tratava de transformar a vítima em culpada, a ação genocida em caridade, o invasor em libertador.

Com o propósito de atender aos monopólios do dinheiro, das armas e da palavra, a “notícia” tinha de ser bombástica para se impor: “Corpos de 1270 são achados em fossa comum na Líbia”. “A descoberta somente foi possível porque um simpatizante do regime de Muammar kadafi detido horas antes apontou o local exato. A fossa comum fica perto da prisão de Abu Saleen. Os corpos encontrados na fossa poderiam pertencer aos presos massacrados pelo regime de Kadafi em 1996”, dizia a nota da agência espanhola Efe, rapidamente mimetizada sem o mínimo de critério e o máximo de estardalhaço.

A mesma imprensa que nada vê, ouve ou fala sobre o bombardeio a hospitais e o assassinato em massa de mulheres e crianças pelos EUA/Otan ou procura encobrir o acordo de sangue por petróleo, por meio do qual os fantoches se comprometeram a conceder 35% do ouro negro da Líbia aos franceses em troca do reconhecimento do “governo” do auto-denominado Conselho Nacional de Transição (CNT). A mesma mídia que estende um manto de silêncio sobre o cerco criminoso a Sirte e à crise humanitária provocada pelos bombardeios “cirúrgicos” que estão arrasando com a infraestrutura da cidade natal do líder líbio, que continua resistindo sem água potável, energia elétrica, alimentos ou remédios.

Mentiras e mais mentiras

A orquestração da “fossa” fez do boato um “fato”, repetido mil e uma vezes como verdade absoluta e inconteste pelos grandes conglomerados privados e suas emissoras de rádio e televisão, jornais e revistas.

Horas depois, médicos líbios que foram até a prisão em Trípoli, acompanhados de vários meios de comunicação, incluindo uma desiludida e cabisbaixa CNN, tiveram de desmentir a notícia. A suposta fossa, “com mais de mil cadáveres”, era falsa, mais uma invenção publicitária dos marionetes da Otan. Os fragmentos ósseos não eram de humanos, mas de animais. Desconsertados, os propagandistas do império optaram pelo silêncio, confessando através da omissão o medo pânico que sentem diante da verdade.

Na Colômbia, o terrorismo de Estado está institucionalizado e os números falam por si: nos últimos 10 anos foram assassinados mais de 2.778 sindicalistas, sendo cometidos mais de 11 mil atos de violência. Nada menos do que 60% dos assassinatos de sindicalistas do mundo ocorreram no país, que tem um Tratado de Livre Comércio (TLC) com os EUA e onde bases militares ianques – e suas empresas - avançam a ritmo de câncer terminal pelo território.

Ali, a cerca de 200 quilômetros ao sul de Bogotá, foi descoberta no ano passado uma vala comum na pequena cidade de La Macarena com centenas de cadáveres produzidos pelo exército colombiano.

“O comandante do Exército nos disse que eram guerrilheiros mortos em combate, mas o povo da região nos falou de muitos líderes sociais, camponeses e comunitários que desapareceram sem deixar rastro”, declarou o jurista Jairo Ramírez, secretário do Comitê Permanente pela Defesa dos Direitos Humanos na Colômbia, que acompanhou uma delegação de parlamentares espanhóis ao local. “O que vimos foi arrepiante, de causar calafrios. Uma infinidade de corpos e na superfície centenas de placas de madeira de cor branca com a inscrição NN (sem identificação) e com datas de 2005 até hoje”, acrescentou.

A mídia que propagandeia os feitos humanitários da luta dos paramilitares de direita contra os “terroristas” – como são chamados os patriotas colombianos – é a mesma que incentiva o genocídio dos patriotas líbios pelos “rebeldes” – como qualifica os mercenários dos EUA e da Otan.

Cadáveres e mais cadáveres

Registrem ou não os grandes conglomerados midiáticos, até recentemente haviam sido descobertos cerca de 2.500 cadáveres em fossas espalhadas pela Colômbia, dos quais foram reconhecidos tão somente 600, identificados e entregues aos seus familiares. Todos os demais eram NN.

Diferente do país norte-africano onde as agências noticiosas diziam ter chegado ao local por intermédio de “um simpatizante do governo de Kadafi” – a fim de enlamear e incriminar o líder da revolução verde -, a localização destes cemitérios clandestinos na Colômbia somente foi possível devido a relatos de membros dos esquadrões da morte, fascistas com nome e sobrenome, beneficiados pela Lei de (IN)Justiça e Paz que trocou confissões de psicopatas por microscópicas penas.

Um dos assassinos que decidiu destampar o bueiro cavado e cevado por bilhões de dólares made in USA do “Plano Colômbia”, John Jairo Rentería admitiu ter enterrado pelo menos 800 pessoas. “Todos tínhamos que aprender a desmembrar, a esquartejar aquela gente. Muitas vezes isso era feito com as pessoas ainda vivas”, relatou.

Em agosto de 2010, pouco depois de uma audiência pública em La Macarena, foi informada “a suposta detenção, desaparição e execução extrajudicial da senhora Norma Irene Perez, de quem não se voltou a ter conhecimento desde o dia 7 de agosto de 2010, entre 7h e 8h da manhã, quando dirigia-se a sua casa depois de sair de uma assembleia com a junta de ação comunal da referida localidade. Posteriormente seu corpo foi encontrado nas estranhas circunstâncias no dia 13 de agosto de 2010 na jurisdição de La Unión, do município de La Macarena, do departamento de Meta. A comunidade afirma que o exército encontra-se na aldeia dos oásis, local próximo de onde ocorreu o fato”.

Agricultora, mãe de quatro crianças, Norma era presidenta do Comitê de Direitos Humanos de La Unión e membro do comitê regional de direitos humanos da região de Guayabero do departamento do Meta, onde há uma base militar dos EUA, mas nenhum órgão de imprensa.

Conforme relataram Felipe Cantera e Laura Bouza, que participaram da audiência pública, os testemunhos de vizinhos e familiares das vítimas, deixaram “em evidência as ameaças de morte, torturas, assassinatos, execuções extrajudiciais e desaparições forçadas – conhecidas e mal chamadas de ‘falsos positivos’ pelo exército”. Esta era a senha para que os civis fossem identificados como “guerrilheiros mortos em combate” e levados por helicópteros do exército até o cemitério de La Macarena. “O óbvio é que não se pode negar o que salta aos olhos. Na atualidade, os meios de comunicação oficiais colombianos têm a digital da família Santos, que hoje em dia é o presidente da Colômbia e anteriormente era seu ministro da Defesa”.

Cifrões e mais cifrões

Da mesma forma que na Líbia as transnacionais buscam tomar de assalto o petróleo, na Colômbia diferentes empresas estrangeiras buscam explorar 200 mil hectares da região de La Macarena e convertê-la em área para o monocultivo de agrocombustível, como a palma africana. Além disso, conforme denuncia o movimento sindical e social, o departamento de Meta é a porta da Amazônia e de todo o controle genético da zona, abrindo caminho para o transporte de minérios e de petróleo até a capital.

De acordo com documentos “desclassificados” pelo governo dos EUA - (jargão técnico que indica a liberação oficial de informações secretas), mais da metade dos recursos do Plano Colômbia em 2009 foram direcionados a multinacionais norte-americanas para desenvolver, promover e impulsionar a guerra irregular no país sul-americano. Conforme a advogada americana-venezuelana Eva Golinger, os documentos comprovam que houve uma “privatização total da guerra na Colômbia”. “Essas transnacionais mercenárias não têm a obrigação de responder legalmente a nenhum sistema judicial do mundo. Em outras palavras, gozam de total imunidade", acrescentou. Na lista foram encontradas 31 multinacionais estadunidenses ligadas ao Departamento de Estado mas que, apesar de serem empresas americanas contratadas pelo Pentágono, não estão sujeitas a nenhuma lei pública dos EUA. "Como parte do acordo binacional, na Colômbia têm imunidade total, ou seja, não respondem a ninguém por seus crimes, ações e operações".

Entre as empresas de maior relevância destacam-se a Lockheed-Martin, gigante do complexo industrial-militar que tem 95% de seu orçamento anual vinculado ao Departamento de Defesa dos EUA, a Dyn Corp International – que tem no currículo a participação na Guerra do Vietnã, contra a insurgência de El Salvador e no Golfo Pérsico -, a Oackley Network (que entrega softwares de monitoração de internet), a tristemente célebre ITT - transnacional de telecomunicações comprometida até a medula no golpe de estado contra Salvador Allende no Chile - e o Grupo Rendón, que elabora campanhas que mexem com “operações psicológicas” na mídia.

Seu proprietário, John Rendon, é um dos propagandistas preferidos de Washington por seus métodos de mentira, difamação e calúnia. É dele a invenção da história da soldado Jessica Lynch, de 19 anos, que teria sido resgatada das garras de Saddam em um hospital de Bagdá durante a segunda guerra do Golfo, em 2003. Empenhado em satanizar o presidente iraquiano, o “guerreiro da informação” e “dirigente de percepções” inventou que Jessica havia sido capturada durante uma “batalha sangrenta”, mas por ter resistido como uma leoa foi “torturada e estuprada” por sádicos médicos iraquianos. Na verdade, foram os médicos que doaram seu próprio sangue para salvar a vida da soldada invasora, tendo sido levada ao hospital pelas tropas especiais iraquianas.

Na Colômbia, entre as multinacionais que apostaram suas fichas nos grupos de extermínio para limpar o terreno e facilitar sua entrada no território de La Macarena está a petroleira BP, iniciais da British Petroleum. Muito conhecida na Líbia, ao lado da francesa Total, da espanhola Repsol YPF e da italiana Eni. Todas, igualmente, bastante parceiras de certa mídia. E de seus crimes.

domingo, 25 de setembro de 2011

Um país banhado em sangue: os números do terror no primeiro ano de Santos



Colectivo por la Paz con Justicia Social

Fonte: Rebelión.org


Quanto mais dor, lágrimas, expropriação, desaparecimentos, presos políticos e tortura mais fazem falta para que o mundo pare com a complacência cúmplice com o regime colombiano? Os números dos assassinatos, torturados, encarcerados e desaparecidos, bem como as leis de impunidade para a ferramenta paramilitar, o entreguismo às multinacionais e a expropriação contínua, demonstram claramente a face genocida do governo.

Após um longo ano da posse do atual presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, fazemos uma breve resumo da dramática situação dos direitos humanos na Colômbia sob o seu governo. As violações dos direitos humanos continuam a aumentar e continua a agressão sistemática das ferramentas legais (força pública) e ilegais (ferramenta paramilitar) do Estado e multinacionais contra a população.

Desde sete de agosto de 2010 foram assassinados 36 defensores/as dos direitos humanos, 18 lideranças camponesas que exigiam a restituição das terras usurpadas com violência aos camponeses e 28 sindicalistas, na sua maioria da Central Unitária dos Trabalhadores CUT (1), milhares mais foram ameaçados de morte. Também foram assassinados ou desaparecidos dezenas de opositores políticos, sejam estes afiliados a partidos de esquerda ou de organizações de base comunitárias, de reivindicação social, de moradores, estudantis, etc.

O Partido Comunista como o Pólo Democrático sofrem o assassinato de seus militantes: o PDA denunciou que, nos 50 primeiros dias do governo de Santos, foram assassinados 50 opositores políticos e o extermínio continua (2).

Doze companhias de teatro de Bogotá têm sofrido ameaças de morte para parar com o teatro social: as ameaças se originam da ferramenta paramilitar que diz que “acabara com eles um por um” porque, de acordo com esta ferramenta do terror de Estado que operam a partir das sombras da ilegalidade com pleno consentimento da força pública, os teatros e artistas “querem dar uma de defensores dos direitos humanos e se opõem às políticas do nosso governo" (3).

A perseguição do corpo estudantil cresce, e depois de gigantescas manifestações estudantis contra a privatização, as universidades do país têm amanhecido cobertas de ameaças de morte contra os estudantes, em que a ferramenta paramilitar manifesta que assassinará os estudantes (4): “lista na mão, um por um”. Estas ameaças foram pintadas e produzidas sob os narizes das reitorias e autoridades: a repressão contra os estudantes já cobrou a vida a vários estudantes desde a posse presidencial de Santos.

Cresce o drama do deslocamento forçado de pessoas, e as comunidades que vivem em zonas cobiças pelas multinacionais correm alto risco de ser deslocadas, como a Comunidade de Marmato, cujo pároco foi assassinado em setembro de 2011 porque liderava a oposição contra a multinacional da extração de ouro Medoro. A Comunidade é pressionada pela multinacional desde o ano 2009. A empresa canadense Medoro Resources, fundiu-se com a Gran Colombia Gold, vem promovendo um megaprojeto de exploração de ouro a céu aberto, o que implica no desaparecimento da cidade de Marmato e deslocar toda a sua população. O padre de Marmato, poucos dias antes de seu assassinato, tinha denunciado que recebia pressão da multinacional para que mudasse sua paróquia: “Alguns dias antes de ser assassinado, denunciara que sua luta para evitar que em sua comunidade se desenvolvesse um megaprojeto de mineração de ouro, poderia lhe custar a vida” (5).

Cresce o desaparecimento forçado de pessoas. A prática de assassinatos de civis por soldados nos mal chamados “falsos positivos” continua, com pelo menos 29 novos casos documentados no último ano. Aumentaram as detenções de adversários e defensores dos direitos humanos que enfrentaram processos judiciais armados pelo Estado. A situação nas prisões onde literalmente apodrecem milhares de presos políticos que sofrem as aberrantes condições da reclusão e de repetidas torturas, como denunciado pela OMCT. Desde o início de 2011 já morreram pela tortura e pela negação de assistência medica sete presos políticos (6).

O relatório de agosto de 2011 da Coalizão Contra a Tortura revela que a tortura se estende a toda a população colombiana e que o Estado é responsável por 91% dos atos de tortura; sendo a tortura de violência sexual uma prática com dramático aumento inclusive contra crianças: “Nos 107 casos em que se pode estabelecer a autoria do crime de violência sexual, 98,14% são de responsabilidade de agentes do Estado” (7).

Há mais de 7.500 prisioneiros políticos nas cadeias colombianas, o que faz do regime colombiano um ‘recordista’ em matéria de presos políticos: 90% dos presos políticos são civis. Alguns relatórios recentes indicam que a cifra de 7.500 presos políticos estaria aquém da real, apesar de já ser por só escandalosa, pois devido ao aumento das detenções arbitrárias nestes últimos anos, os números beiram os 9.500 presos políticos, totalmente ocultados.

O drama dos direitos humanos acentua-se com a perpetuação da estratégia paramilitar do Estado e das multinacionais: trata-se dos grupos narco-paramilitares cuja existência, na frente das câmeras, é negada pelo governo, recorrendo à desculpa de mudar-lhes o nome para “bandos criminosos emergentes” (BACRIM), enquanto eles continuam com seus atos criminosos em conluio com a força pública em todo o país e desfrutam de novas leis de impunidade recentemente promulgadas pelo governo de Santos.


ALGUNS NÚMEROS DO TERRORISMO DE ESTADO NA COLÔMBIA:

• O Exército colombiano, junto do de Israel e Egito, é o mais armado pelos EUA: um exército genocida, esse mesmo exército que, por trás do Batalhão da Força Omega do Plano Colômbia, tem a maior vala comum do continente, com mais de 2mil cadáveres de desaparecidos (8).

• O Exército colombiano pratica o assassinato de civis para justificar seu gigantesco orçamentos: os militares colombianos assassinam civis e, em seguida, apresentam os corpos como “guerrilheiros mortos em combate” em macabras armações mediático-militares. Costumam escolher suas vítimas entre a população rural ou entre a mais empobrecida dos subúrbios, embora também pratiquem estes assassinatos, conhecidos por “falsos positivos” contra sindicalistas e opositores. Existem pelo menos 3.200 casos documentados de tais assassinatos de civis; a impunidade atinge 99%dos autores materiais e 100% dos autores intelectuais desta prática (9).

• Na Colômbia são assassinados 60 por cento de todos os sindicalistas assassinados no mundo, pela força pública ou paramilitares das multinacionais e do estado.(ver 1)

• A Colômbia é ‘recordista’ em presos políticos: mais de 7.500 homens e mulheres, civis na imensa maioria, encarcerados através de brutais processos judiciais (10).

• O crime de Estado de desaparecimento forçado é outro recorde horrendo. A “democracia” colombiana supera os números da tortura e desaparecimento forçado das ditaduras do Cone Sul: a ONU reconhece pelo menos 57.200; a Comissão de Busca listou 62.000 desaparecidos (até agosto de 2011). Os parentes das vítimas reclamam cerca de 250.000 pessoas desaparecidas: em apenas 3 anos, as ferramentas repressivas do Estado colombiano fizeram desaparecer a 38.255 pessoas (relatório da Medicina Legal) (11).

• A Colômbia é o país com mais deslocados no mundo, juntamente com o Sudão: 5,2 milhões de deslocados pela força (12), pela ferramenta paramilitar e seus massacres, com o objetivo de oferecer as terras assim expropriadas para o grande latifúndio e multinacionais: 40% do território colombiano está sendo pedido em concessão pelas multinacionais da mineração (13).

• Enquanto se incrementa o extermínio contra a oposição e contra o pensamento crítico, a impunidade para as ferramentas genocidas e repressivas ultrapassa a imaginação: recentemente, o governo de Juan Manuel Santos votou uma lei que perdoa a mais de 31.000 paramilitares (Lei 1424) (14).

NOTAS:
(1) Colômbia: o país mais perigoso do mundo para sindicalistas, já são 27 os sindicalistas assassinados durante a presidência de Santos.
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=133818&titular=el-pa%EDs-m%E1s-peligroso-del-mundo-para-los-sindicalistas-

Além disso, em 3 de setembro de 2011 foi assassinado Jorge Alberto Durante, em Carepa, Antioquia, dirigente sindical e membro do PDA, partido de oposição.
http://www.radiocafestereo.nu/index.php?option=com_content&view=article&id=3082:asesinado-en-carepa-el-dirigente-sindical-jorge-alberto-durante&catid=54:what-ails-you&Itemid=411

(2) O PDA denunciou que, nos primeiros 90 dias do governo de Santos, foram assassinados 50 adversários políticos e denuncia o extermínio (2).
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=135250&titular=en-antioquia-los-dirigentes-del-polo-est%E1n-siendo-exterminados-

(3) 12 companhias de teatro de Bogotá têm sido ameaçadas de morte; as ameaças vêm de ferramenta paramilitar que expressa que procederão a “matá-los um a um” porque “se opõem às políticas do nosso governo”.
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=135017&titular=paramilitares-contra-el-teatro-
(4) Estudantes ameaçados e assassinados:
http://notimundo2.blogspot.com/2011/09/parauribismo-en-uniatlantico.html
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=135175&titular=estudiantes-universitarios-en-lucha-contra-la-reforma-neoliberal-de-la-ley-30-
http://www.kaosenlared.net/noticia/colombia-universidad-herramienta-paramilitar-regimen-amenaza-muerte-es

(5) Com altíssimo risco de ser deslocadas comunidades que vivem em áreas cobiçadas pelas multinacionais, como a Comunidade de Marmato, cujo pároco foi assassinado em primeiro de setembro de 2011, porque liderava a oposição contra o mega-projeto extrativista de ouro da multinacional Medoro.
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=135091&titular=asesinan-a-balazos-al-sacerdote-de-marmato-que-apoyaba-la-lucha-contra-la-minera-gran-

Vídeo documentario ‘Marmato pesebre de oro que grita’.
http://www.youtube.com/watch?v=FuEboyypwV4

VÍDEO ‘Noticias UNO Asesinato de cura de Marmato causa conmoción’.
http://www.youtube.com/watch?v=4u8ERxAaR9Y&feature=player_embedded
http://www.kaosenlared.net/noticia/video-marmato-llora-oro-campesinos-ecologistas-asesinados-para-perpetr

(6) A situação nas cadeias, onde literalmente milhares de presos políticos apodrecem e sofrem com as condições aberrantes de reclusão e torturas repetidas. Desde o início de 2011 já morreram, por tortura e negação de assistência medica, 7 presos políticos (6).
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=135011&titular=se-suicida-un-prisionero-en-valledupar-por-no-reconocerle-el-traslado-cerca-de-su-familia-

(7) O relatório de agosto de 2011 da Coalizão Contra a Tortura: a tortura de violência sexual, uma prática com aumento dramático, inclusive contra crianças: "Nos 107 casos em que se pode estabelecer o autor do crime de violência sexual, verificou-se que agentes do Estado são responsáveis por 98,14% destes".
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=134422&titular=1.834-torturas-fueron-documentadas-entre-2001-y-2009.-el-estado-es-responsable-del-90-por-

(8) Vala Comum com 2000 cadáveres nos fundos do Batalhão militar em La Macarena, Meta:
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=99507

(9) Em Maio de 2011, o CINEP publicou um relatório que demonstra que os assassinatos de civis nas mãos de militares, longe de diminuir, aumentaram sob a Presidência de Santos. Relatório especial Falsos Positivos 2010.
O Cinep afirma que as vítimas de assassinatos de civis pelas mãos de militares aumentaram.
http://www.es.lapluma.net/index.php?option=com_content&view=article&id=1981:el-cinep-afirma-que-aumentaron-victimas-de-asesinatos-de-civiles-a-manos-de-militares-mas-falsos-positivos-&catid=103:violacion-de-dh&Itemid=447

(10) Presos políticos: http://www.rebelion.org/noticia.php?id=129835

(11) Desaparecimento Forçado, crime de Estado na Colômbia, com dimensiones dantescas:
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=129256

(12) Deslocamento forçado CODHES contabiliza os milhões de pessoas deslocadas em 5,2, no relatório de novembro de 2010.

(13) O Governo beneficia as multinacionais da mineração em detrimento do meio ambiente e as comunidades.
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=132682

Documentario ‘Colombia's gold rush’.
http://www.youtube.com/watch?v=yCpYf8B1vYs&feature=player_embedded#at=161

Parte do VÍDEO de Al Jazeera com tradução ao espanhol:
http://www.youtube.com/watch?v=XsU7QubxDDM&feature=player_embedded

(14) Dos 35.000 paramilitares "desmobilizados", apenas 4 receberam condenação: Vislumbram-se reformas da Lei “de Justiça e Paz” de 2005, depois de 6 anos de aterradora impunidade.
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=133850&titular=suenan-reformas-a-la-ley-%22de-justicia-y-paz%22-de-2005-tras-6-a%F1os-de-

Nobel da Paz envia carta a Obama e critica política armamentista

O prêmio Nobel da Paz, Adolfo Perez Esquivel, escreveu uma carta ao presidente Barack Obama em que analisa a atual crise global e a responsabilidade dos Estados Unidos e de suas políticas armamentistas no contexto internacional. No texto, intitulado "Se os EUA entrarem em default, a América Latina vai ajudar", o defensor dos Direitos Humanos oferece apoio para o país sair da crise.

Nos primeiros parágrafos, Pérez Esquivel dá as razões para o envio da carta: "A intenção é tentar 'dar-te uma mão', a partir da América Latina, frente à crise econômica, política e de valores que atinge os Estados Unidos, a Europa, a Grécia e outros países do mal chamado 'primeiro mundo'. Sempre afirmei que somos um só mundo mal distribuído e agora a crise toca aos intocáveis", disse.

O prêmio Nobel da Paz avalia a situação econômica dos EUA e se refere ao passado e ao presente da América Latina. "Vamos esclarecer as coisas, Barack, a América Latina não pode dar-te crédito algum, está desfalcada graças à gentileza do FMI e do BM, com suas receitas. O primeiro conselho é que não aceites receitas de organismos tóxicos."

Esquivel também criticou os gastos militares norte-americanos, afirmando que as guerras custasm vidas e provocam fome e violência. Leia abaixo a íntegra da carta, escrita em 5 de setembro.

Barack Obama: Se os Estados Unidos entram em default, a América Latina ajudará

Estimado Barack Obama,

Mais do que uma carta, a intenção é tentar ‘dar-te uma mão' desde a América Latina frente à crise econômica, política e de valores que atinge os Estados Unidos, a Europa, a Grécia e outros países do mal chamado "primeiro mundo”. Sempre afirmei que somos um só mundo mal distribuído e agora a crise toca aos intocáveis.

Como Fausto que, por um amor, vendeu sua alma ao diabo, o grave é que alguns países venderam sua alma à Bolsa que os embolsou e lhes reclama o pagamento da dívida e os juros; semelhante ao Mercador de Veneza que reclama o pagamento da dívida com uma libra de carne de seu próprio corpo.

Esclareçamos as coisas, Barack. A América Latina não pode dar-te crédito algum; está desfalcada graças à gentileza do FMI e do Banco Mundial, com suas receitas. O primeiro conselho é que não aceites receitas de organismos tóxicos. O que, sim, podemos fazer é transmitir-te algumas experiências que podem ajudar.

Temos que aprender a viver com a crise; nós a assumimos quase que como uma irmã mais velha. Algumas vezes a amamos e, outras vezes, a odiamos; são como problemas de família.

Temos que revisar e ver "que o armário de ideias está vazio”, como dizia alguém cujo nome não recordo; portanto, deves gerar ideias superadoras e aprender os mecanismos impostos pela dívida externa como instrumento de dominação. Nisso, vocês são mestres.

Porém, os latino-americanos sabemos bastante sobre as pragas bíblicas que são "esse monstro grande que pisa forte toda a inocência das pessoas”, como canta León.

Heráclito dizia que nunca nos banhamos nas mesmas águas, apesar de ser o mesmo rio. Tudo muda. Até teu país, que se cria poderoso amo do mundo, hoje, deve enfrentar a maior dívida externa do mundo, que deixa aos norte-americanos com a boca aberta e o bolso tremendo na angústia existencial, quando a Standard & Poor's faz sinal de negativo nas qualificações, no melhor estilo imperial.

Tenho que dizer-te que não tenho suficientes dedos nas mãos e nos pés para contar a dívida de teu país em bilhões, trilhões; cifras que não entram em minha cabeça, e tento compreender que o impossível é possível.

É demais para meus neurônios comprovar que o maior credor dos Estados Unidos é a China "capicomunista” e, entre os mistérios desse legendário país, é saber como fará para cobrar aos Estados Unidos a dívida externa. Porém, a China também controla o mercado de metais para alta tecnologia, o que torna os EUA mais dependentes da China. Tudo isso me parece um ‘conto chinês'.

Me pergunto: Os chineses terão que convocar aos seus deuses e magos de todas as dinastias e ao sábio Confúcio, que deve estar bem confuso com o que acontece em teu país? Quem sabe! Nisso não podemos ajudar-te. O que, sim, podemos, é ensinar-te o jogo da dívida externa:

1. Deves saber que as regras são postas pelos que mandam e não por teu país, que passou a ser membro do clube dos devedores. Portanto: "Bem vindo ao clube dos devedores!”

2. No jogo, os credores usam dados viciados e o resultado será sempre o mesmo: "quanto mais pagas, mais deves e menos tens”. Jogar é uma forma de fazer-te acreditar que podes ganhar.

3. Não te desesperes; o jogo vem com surpresas. Estás condenado à perpetuidade, como o mítico Sísifo: nunca chegarás ao cume; uma e outra vezes deves carregar o peso da dívida que, passo a passo, pesa mais e mais.

Pega o lápis, estimado Barack, e anota; porém, não te desesperes; coloca todos os números que queiras e sempre obterás o mesmo resultado.

Até o momento, aplicaste um duro programa de ajuste fiscal em gastos sociais, educação, saúde, alimentação por 2,5 bilhões de dólares e aumentaste o gasto militar com a cumplicidade do Congresso para elevar o endividamento até 16,4 bilhões de dólares, cifra superior em uns dois bilhões ao PIB de teu país. Segundo os dados que o politólogo Atilio Borón recolhe em sua nota "Uma estafa de 16 bilhões de dólares”. Não perderei tempo em colocar dados que já tens.

Se continuas com essa loucura, esperando resolver o déficit, é como colocar a cabeça na guilhotina para que tu mesmo a cortes. Estimado Barack, por favor, não sejas suicida.

Tenta encarar políticas públicas a favor de teu povo para evitar que o país pegue fogo, como está acontecendo na Europa e em outras latitudes, com os indignados... indignadíssimos...
Em vez de enfrentar a pobreza, a fome e o desemprego que atinge a mais de 54 milhões de pessoas, envias milhões de dólares para salvar aos que mais têm. São 659 milhões de dólares que foram abonados a instituições bancárias e a empresas financeiras. Algo cheira mal, Barack, e pode apodrecer.

Teu governo decidiu continuar aumentando o gasto militar, as bases em diversas partes do mundo, para promover guerras e conflitos à custa do direito de teu povo e de outros povos, vítimas de teu país. Se crês que apoiando o complexo industrial-militar resolverás a crise, chegarás a um ponto sem retorno.

Não deves esquecer que quem semeia violência recolhe mais violência; teu país suportando o bumerangue das receitas neoliberais que impuseram a outros povos. Tens uma possibilidade: nos EUA há pessoas sábias e com ideias que têm propostas para teu armário vazio e podem ajudar a superar a crise.

Porém, vamos ao concreto e tentemos visualizar algumas soluções. Como o problema é muito mais complexo, se necessita ter pensamento holístico:

Quanto custa aos Estados Unidos a guerra no Iraque?

Teu antecessor, George W. Bush, mais mentiroso do que Pinóquio, disse que a guerra no Iraque custaria 50 bilhões de dólares. Os EUA estão gastando essa quantia no Iraque a cada três meses, como diz o Prêmio Nobel de Economia, Joseph Stiglitz: "Se situamos essa quantidade em seu marco, o resultado é que por uma sexta parte do custo da guerra dos EUA, seu sistema de seguridade social poderia ser dotado de uma sólida base econômica durante mais de meio século, sem reduzir as prestações sociais e nem aumentar as contribuições”. Mais claro, impossível.

Quanto custa uma bomba que teu exército e teus aliados detonam sobre a Líbia, o Iraque e o Afeganistão?

Te recordo que 146 entidades financeiras de 16 países investiram e prestaram serviços financeiros pelo valor de 43 bilhões de dólares para fabricar bombas de fragmentação entre os anos de 2007 e 2009.

Um míssil Trident DII5, de longo alcance, pode transportar uma cabeça nuclear e seu custo é de 30.9 milhões de dólares. A empresa Lockheed Martín é a contratista ganhadora a um custo de 789,9 milhões de dólares.

Quanto custa um tanque de guerra e um avião de combate?

Anota, Barack, pára não esquecer e soma as cifras inimagináveis para promover a morte e a destruição.

Outra pergunta: Te povo sabe quanto o governo gasta em guerras que desencadeiam em diversas partes do mundo e para onde vão os impostos que pagam?

O AH-Apache, usado pelos Estados Unidos no Iraque, é um helicóptero de ataque utilizado pelos britânicos, por Israel, pelo Japão e outros; o custo do programa foi de 10 bilhões e 500 milhões de dólares. O custo de despegue é de 18 milhões de dólares e o custo de compra da versão AH-64D, em 2003, era de 56 milhões de dólares.

Aqui vem o prato principal: Segundo a TIME, na lista de 2009, um simples caça de combate costa 94 milhões de dólares e soma até o poderoso e letal bombardeio avaliado em 2.400 milhões de dólares o B-2 SPIRIT.

Nem falar dos porta-aviões que entram no imaginário do incrível; porém, dolorosamente certo, como a classe NIMITZ, que alcançam por unidade os 4.000 milhões de dólares; que necessita um equipamento anual de 150 milhões de dólares. Isso sem contar os 80 aviões que podem aumentar sua capacidade até 100.

Me cansei, Barack; estou esgotado com tanta loucura e irresponsabilidade... Necessito respirar.

Porém, temos que continuar. Outras medidas que podes utilizar para reduzir o déficit de teu país –medidas que prometeste; porém, não cumpriste- é fechar as prisões de Abu-Graib (Iraque) de Guantánamo (Cuba). E levantar o bloqueio a Cuba e liberar aos cinco cubanos que manténs presos por mais de 10 anos. Isso permitiria que teu país economizasse milhões de dólares. Me diz, Barack: Quanto custa ao teu país o salário dos torturadores, assassinos e carcereiros formados na Escola das Américas, que, mesmo tendo mudado de nome, continua usando os mesmos métodos?

O problema mais grave que atinge ao teu país é o medo. Medo dos demais e medo de si mesmo. Porém, se empenha em aferrar-se ao salva vidas de chumbo e inventa mecanismos de segurança que torna a vida mais insegura e angustiante. O orçamento militar de teu país para 2011 supera os 700 bilhões de dólares.

As guerras, o petróleo, os minérios, a água, o poder político e econômico custam milhares de vidas humanas; provocam fome e violência. Porém, para os que mandam, negócios são negócios; e a humanidade passa a ser uma abstração.

Hoje é a Líbia; a guerra pelo petróleo. Amanhã? Será pela água, pelos recursos e bens naturais? Quem sabe! O que, sim, sabemos é que estás hipotecando o presente e destruindo o futuro de teu povo e de outros povos do mundo.

Não podemos continuar lamentando a situação em que vivemos; devemos construir na esperança. Te proponho o seguinte:

Doa o valor de um dos aviões de combate e, como dizia Raoul Follereau, poderás ver quantos hospitais, escolas e empregos dignos podem ser construídos para os povos.
Com o valor de uma das bombas que teu exército joga sobre o Iraque, o Afeganistão ou a Líbia podem ser construídos centros de saúde e dar de comer e educar a milhões de crianças, que te oferecerão um sorriso e esperança de vida.

Se fossem somados todos os milhões investidos para a morte, quanto mais teu país poderia fazer para a vida de teu povo e da humanidade? Poderias pagar a dívida externa e interna.

Minha saudação de Paz e Bem.

Adolfo Perez Esquivel

 
Fonte: Adital

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Colômbia clama por justiça

No silencio não há movimento, o grito e pela liberdade!
(Graffiti no bairro Santo Antônio da cidade de Cali, Colômbia)

A Pena, condena e denuncia ante a opinião publica nacional e internacional e ante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, ao Estado colombiano por recorrer a todas as formas de violações do direito a vida; faze-o responsável de todos os crimes de lesa humanidade cometidos e lhe exige que termine com a criminalização dos movimentos sociais.

Ratifica sua inquebrantável vontade de trabalhar solidariamente com as diferentes organizações sociais e populares e apoia a criação de espaços de mobilização contra a perseguição da oposição politica.

Reafirma sua luta conta a impunidade e pela recuperação da memoria até alcançar a Verdade, a Justiça, a Reparação e a não Repetição.

Chama os meios alternativos de informação, as organizações sociais nacionais e internacionais de solidariedade com os povos, para que nos ajudem a visibilizar a preocupante e critica situação dos direitos humanos e a cumplicidade que existe com os verdadeiros responsáveis da violência que sofre o povo colombiano.

Desde França continuaremos acompanhando as lutas sociais e fieis aos nossos objetivos seguiremos informando ao mundo oportuna e verazmente até recuperar a palavra e as imagens, valores éticos e morais ligados ao direito universal a informação.
Paris, 19 de setembro de 2011

“Não somos juizes somos testemunhas. Nossa tarefa e fazer possível que a humanidade seja testemunha desses crimes horrendos e colocá-la do lado da justiça” (Bretrand Russel)

terça-feira, 20 de setembro de 2011

A paz com justiça social é possível, lutemos por ela. No 28

Por Juan Leonel Pérez.

Novamente temos que registrar feitos que enlutam dezenas de famílias colombianas, a guerra cobra vítimas diariamente, os familiares sepultam seus seres queridos e ninguém responde por isso.

O Estado que tem o dever constitucional de velar pela paz, a vida e o melhor estar dos colombianos, segue empenhado em uma guerra que não tem sido capaz de ganhar em 47 anos e que ao contrario, aumenta sua intensidade a cada dia. Hoje a guerrilha está mais fortalecida que há 6 décadas e continua presente em todo o país.

O conflito só se soluciona politicamente iniciando um diálogo de imediato, sem condições e com o ânimo de produzir profundas mudanças estruturais. A derrota da guerrilha não é possível. Dez presidentes têm jurado isso: acabar a insurgência. Mas, nada.

A seguir damos a conhecer os resultados dos combates entre a insurgência das FARC e as Forças Militares de Colômbia, do 30 agosto ao 16 de setembro de 2011, segundo a imprensa das diversas regiões do país.

30/08: FARC atacam patrulha militar em zona rural de Tumaco, Nariño: ao menos 5 soldados mortos e 3 feridos.
http://www.lanacion.com.co/2011/08/30/emboscada-de-las-farc-deja-cinco-militares-muertos/

30/08: Ataque com granadas, provavelmente da insurgência, contra um posto policial em Neiva, Huila: 2 policiais feridos.
http://www.caracol.com.co/nota.aspx?id=1539895

31/08: Sabotagem das FARC deixa sem eletricidade grande parte do departamento (estado) de Arauca e os centros petroleiros de Ecopetrol e da transnacional Oxy.
http://www.entornointeligente.com/articulo/1162212/VENEZUELA-Breves-Sabotaje-de-FARC-dejo-sin-electricidad-a-region-petrolera

31/08: Em combates entre as FARC e o Exército entre Caloto e El Palo, Cauca, morrem 2 soldados e outros 3 ficaram feridos.
http://www.elpais.com.co/elpais/judicial/dos-soldados-muertos-en-combates-en-cauca

02/09: Emboscada das FARC perto de Argelia, Cauca: morrem um soldado e um cachorro antiexplosivos.
http://www.radiosantafe.com/2011/09/02/muere-un-militar-y-su-perro-antiexplosivos-en-ataque-de-farc-en-el-cauca/

02/09: FARC atacam Exército no povoado La Delfina, Valle del Cauca: 2 soldados mortos e 2 feridos.
http://www.elpais.com.co/elpais/judicial/presunta-incursion-farc-deja-soldado-muerto-y-dos-heridos

08/09: Guerrilha sabotou o oleoducto Caño Limón-Coveñas, interrompendo o bombeio de crudo.
http://www.caracol.com.co/nota.aspx?id=1544504

12/09: Paro armado do ELN em Arauca, Casanare e Boyacá.
http://www.caracol.com.co/nota.aspx?id=1545611

12/09: Diferentes combates entre as FARC e Exército no departamento dol Caquetá: 3 guerrilheiros e 1 soldado mortos, 3 militares feridos.
http://www.caracol.com.co/nota.aspx?id=1546122

12/09: Duros combates entre las FARC e a Policia em Argelia, Cauca: 4 uniformados mortos e 14 feridos.
http://www.eltiempo.com/colombia/occidente/combates-en-caloto-cauca-dejaron-una-nina-muerta-y-9-heridos_10380325-4

13/09: Militares caem em campo minado pelas FARC perto de Tibú, Norte de Santander: 3 uniformizados mortos e 1 ferido de gravidade.
http://www.abc.es/agencias/noticia.asp?noticia=921489

13/09: FARC elimina 3 policiais no departamento de Valle del Cauca.
http://www.caracol.com.co/nota.aspx?id=1546346&rel=1546122

13/09: FARC atacam veiculo oficial em que viajava o Prefeito de Caicedo, Antioquia: ferido um policial (sua escolta).
http://www.elcolombiano.com/BancoConocimiento/E/en_ataque_al_alcalde_de_caicedo_fue_herido_su_escolta/en_ataque_al_alcalde_de_caicedo_fue_herido_su_escolta.asp?CodSeccion=211

16/09: Frente 36 das FARC dinamita 3 torres de energia em Antioquia, deixando sem fluido eléctrico vários municípios e zonas rurais do departamento.
http://www.elcolombiano.com/BancoConocimiento/E/energia_empezo_a_retornar_al_norte_1/energia_empezo_a_retornar_al_norte_1.asp

Companheiros, nos cárceres de Colômbia: há mais de 7.500 presos políticos. Nas masmorras de EUA, há três combatentes das FARC presos, Simón Trinidad, Sonia e Iván Vargas, é urgente e necessário oferecer-lhes nossa solidariedade.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Diretor da Cruz Vermelha Internacional na Colômbia afirma que o fim da guerra não se dará através da rendição da guerrilha

O suíço Christophe Beney deixa, depois de três anos e meio, suas atividades à frente do escritório na Colômbia do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) afirmando, antes de terminar sua missão, que tem a “convicção” de que nesse país “a paz será conseguida através de um diálogo e não da rendição da guerrilha”.

Beney assegurou que, com a chegada de Juan Manuel Santos à Presidência, deu-se “uma mudança de tom”, o que lhe permitiu se convencer de que “tanto o governo como as guerrilhas querem a paz”.

-Que idéias o senhor leva do país?

Fazer balanços é sempre uma questão complicada e acho que quem mais poderia fazer um balanço de nossas ações são as vítimas do conflito armado. O importante em um país como a Colômbia é poder manter em todos os níveis os contatos com todos os atores armados, incluída as Forças Armadas. É algo que devemos cuidar muitíssimo.

-Mas, com três anos e meio na Colômbia, o senhor deve ter uma percepção do país...

Existem várias Colômbias. Como pessoa que vivi neste país pude ver muitos avanços que estão ocorrendo em todos os âmbitos como, por exemplo, no econômico. Mas nós vemos a outra Colômbia e temos que reconhecer que fica muito por ser feito. É preciso reconhecer os avanços jurídicos que ocorreram.

-O senhor vê diferenças entre o governo do ex-presidente Uribe e o do presidente Santos?

Uma organização como a nossa se acomoda a todo tipo de situação política que exista em um país. Reconhecemos que com este novo governo há uma mudança de tom e houve o reconhecimento político do conflito armado, esclarecendo que para nós era óbvio que havia um conflito armado na Colômbia. Os avanços legislativos, como a lei de vítimas e de terras, são uma mudança valiosa que se conseguiu em um ano.

-A mudança de tom do atual governo facilita a tarefa de interlocução do CICV?

Em se tratando de terreno, se a gente trabalha em regiões como a parte rural dos estados de Nariño, Arauca, Putumayo, do baixo Cuca antioquenho ou do sul do estado de Córdoba, o importante é a interlocução que mantemos aí com os diferentes atores do conflito armado: Forças Armadas, autoridades civis e os grupos armados. Obviamente, pode haver uma influência do tom no mais alto nível, mas o mais importante para nós que estamos no terreno é a interlocução com as partes do conflito.


-Muda alguma coisa que haja reconhecimento político do conflito armado?

Para nós não muda nada porque foi muito claro e evidente, na interlocução com o governo, que existe um conflito armado, mas facilita sim as coisas para a situação. Acho que o corpo diplomático e outras organizações podem falar hoje do conflito armado e todo o arcabouço jurídico o reconhece junto à aplicação do Direito Internacional Humanitário (DIH). Neles se encontram as tensões, preocupações e o temor de falar das coisas com seu nome. Em um país como a Colômbia é importante ter um diagnóstico claro sobre os fatos para depois o governo aplicar suas políticas.

-Com o governo Santos as bases para um cenário de paz estão sendo construídas?

São necessários vários atores para criar essas bases, mas acho que se está caminhando bem. E estaremos sempre dispostos a facilitar as coisas, aproveitando a muito particular situação que temos neste país e sendo quase os únicos com presença no terreno e com contacto com todos os atores do conflito.

-Insisto: está sendo criado um cenário de paz?

O famoso desarme da palavra e a maneira como se fala neste governo me fazem acreditar que se está criando um ambiente favorável junto à opinião pública para que esta última entenda que muito provavelmente a paz se conseguirá neste país pela via de discussões e não com baionetas.
Depois de três anos e meio de ter acompanhado a situação na Colômbia e conhecendo o país, estou convencido de que tanto o governo como as guerrilhas querem a paz. O desafio é como se assegurar que estas duas convicções podem se juntar.

-Sua convicção de que ‘com baionetas’ não se consegue a paz o leva a pensar que os grupos ilegais realmente a querem?

A história demonstra que a intensidade do conflito não tem nada a ver com a proximidade ou não de diálogos de paz. E acho que isso foi demonstrado em muitos outros países. O que continuamos fazendo no terreno é insistir em que o Direito Internacional Humanitário tem que ser respeitado e continuaremos fazendo este trabalho religiosamente. É difícil avaliar o impacto desta tarefa, mas vale a pena manter esta linha com todos os atores armados em relação ao direito que podia algum dia facilitar-lhes debates e discussões que vão ter que acontecer sobre o que ocorre com o conflito armado.

-Acha que as Farc e outros grupos ilegais estão dispostos a deixar as armas?

Continuo mantendo a convicção de que a paz se consegue através de um diálogo e não da rendição. Todos os membros da guerrilha com quem falamos dizem que querem a paz e isso não é nenhuma novidade. Os mecanismos para se chegar a ela são o desafio principal e serão conseguidos, não através de uma rendição, e sim através de mecanismos de discussão que obviamente têm que ser definidos pelo governo e pelos membros das guerrilhas.

-Qual é o impacto dos bandos criminosos (BACRIM) no conflito armado?

Mantivemos sempre contatos com os chamados bandos criminosos com vários propósitos, como por nossa segurança, pela transparência e pela aceitação. A gente não pode trabalhar em uma região sem que a pessoa que tem uma pistola esteja de acordo com o trabalho. Devido a estes contatos pudemos ver uma consolidação destes grupos e procuramos influenciá-los para que eles também ajam de uma maneira que não se prejudique tanto a população civil porque é claro que são sim atores no panorama da violência no país e devem ser levados em conta.

-Na busca da paz se deve levar em conta os bandos criminosos ou bacrim?

Podem ocorrer acordos de paz com a guerrilha, mas isso não quer dizer que a violência acabe. (...) É preciso verificar todos os parâmetros do país com os problemas fundamentais que se colocam para que as negociações de paz com os atores armados sejam importantes, sem deixar de lado todo o ambiente de violência.

Mediação

'Sem a Piedad Córdoba não teria havido as libertações’

-Qual deve ser o papel de Piedad Córdoba em matéria de paz na Colômbia?

As três libertações das quais participei ocorreram com um papel muito claro e evidente de Piedad Córdoba sem a qual as libertações não teriam ocorrido. Trabalhamos muito junto com ela e sua equipe nessas libertações e será assim provavelmente nas futuras.

-Ela ainda tem protagonismo em questões da paz?

Tem, com seu grupo, uma posição muito clara em relação à paz, mas não é a única. Existem muitas organizações no país que promovem a paz. Obviamente Piedad Córdoba e os Colombianos pela Paz têm um perfil importante nessa questão.

-A comunidade internacional deve estar nas libertações ou em processos de paz?

Trata-se de um assunto sumamente político sobre o qual nós não temos que opinar. Mas são o governo e as guerrilhas que, se chegarem a se sentar em torno da mesa, decidirão que tipo de mediação ou apoio querem, quer seja utilizando experiências como a contribuição de outros países quer seja com o próprio CICV.

DANIEL VALERO
Redator de EL TIEMPO
Domingo 18 de setembro de 2011

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

“O Governo e a Guerrilha devem entender que a via militar se esgotou”: Carlos A. Lozano Guillén

Por Nelson Lombana Silva.- PacoCol

A Universidade Pedagógica Nacional, realizou o fórum sobre a paz “As FARC e o ELN se sentarão a mesa de diálogo com o presidente Santos?”, no dia 13 de setembro em Bogotá. Os palestrantes convidados foram o camarada Carlos A Lozano Guillén, diretor do Semanário “VOZ, a Verdade do Povo”, dirigente nacional do Partido Comunista Colombiano e do Polo Democrático Alternativo, ademais, facilitador de paz e integrante do Movimento Colombianas e Colombianos pela Paz. Também, Ramon Jimeno Santoyo, diretor de cine e jornalista. A apresentação foi feita pelo doutor Alonso Ojeda Awad, ex-embaixador de Colômbia e diretor do programa da paz UPN

O auditório ficou lotado sobretudo por jovens e personalidades nacionais e internacionais. Depois de escutar as palestras, muito deles, também, participaram. Foi denunciado o Plano Consolidação que está sendo desenvolvido violentamente no sul do estado de Tolima, principalmente nos municípios de Planadas, Rioblanco, Ataco e Chaparral, por estar involucrando no conflito a população. Foi denunciada a forma como los militares violam o Direito Internacional Humanitario (DIH), pois construíram a Base Militar ao lado do Colégio Pablo VI e o Posto Policial, muito perto do Palácio Municipal.

Encerrou o evento o camarada Lozano respondendo perguntas de vários participantes, do jornalistas do Semanário Voz e da web: www.pacocol.org

A seguir algumas delas.

1. Será possível um diálogo entre o governo Santos e a insurgência colombiana?

Sim, é possível, pois existe já um anseio nacional, estão dadas as condições e, a guerra virou uma tragedia bárbara. Há que entender que deve ser um diálogo que este de cara ao país, com participação nacional e que nele sejam discutidos os problemas de interesse do povo. A saída política negociada pressupõe reformas, fortalecer a democracia e a justiça social. Pretender outra cosa é negativo, no é realista e não resolve o problema da paz na Colômbia.

2. Camarada, quando diz que o marco para a paz tem mudado, mas as causas do conflito continuam latentes, o que quer dizer com isso?

Reconheço que os últimos anos tem sido difíceis para a guerrilha, os golpes dados pela força publica têm sido muito duros, mas não conseguiram exterminá-la e, como reconhecem pessoas dedicadas a estudar o tema da paz, o que se tem hoje é uma guerrilha reanimada e se restruturando de novo e deixando para atras esses golpes.

Tem cambiado o marco, na medida em que hoje a ofensiva é do governo e não da guerrilha, mas as causas do conflito não têm cambiado, sendo uma delas o fato de que a oligarquia colombiana tem-se negado a fazer as mudanças que necessita o país.

3. ¿No es contraditório dizer que as causas estão latentes e, imediato, se declarar otimista com respeito ao diálogo?

O diálogo é a única possibilidade hoje para que podamos superar a guerra. A via militar não resolve o conflito, isso está comprobado, são 60 anos já de guerra, de confrontação e de uma guerra muito degradada. A única alternativa é a paz. Tanto o governo quanto a guerrilha devem entender que a via militar esgotou-se, há que entrar em um novo momento na vida nacional para uma solução política, para fortalecer a democracia e a justiça social, porque não é a paz dos sepulcros, a paz romana que nos está dizendo o senhor Santos: “Venham se desmobilizam e depois veremos quais são as mudanças a serem feitas”. Não é assim a coisa, tem que ser sobre a base de um acordo político nacional no qual participe toda a sociedade colombiana, que es heterogênea, mas sobre a base de superar as necessidades e insatisfações que o povo tem e, fortalecer todo o que o país requere no setor democrático e na justiça social.

4. No marco do conflito social e armado que o governo tem reconhecido a contragosto se desenvolve a campanha eleitoral. Como analisa as garantias para a oposição?

Não há, não há. El único partido de oposição que es o Polo Democrático Alternativo estão buscando acabar com ele usando a força. Nos querem “linchar” só pretexto de que o senhor Samuel Moreno cometeu em Bogotá uma serie de coisas e que está sendo julgado. Mas, resulta que todos os partidos de direita: A U, Cambio Radical, Liberais, Conservadores, todos têm presos por parapolítica, por narcotráfico e corrupção, mas isso sim não conta. Aí cada um tem que responder, mas em Bogotá, tem que responder o Polo, que es uma maneira de acabar com a oposição.

Ademais, de que já há violência, há mortos do Polo Democrático Alternativo, candidatos assassinados. então, aqui não há garantias, não há eleições livres, inclusive isso foi dito pela Comissão de observação eleitoral, o MOE, a Defensoria do Povo e vários investigadores dos processos eleitorais. Afirmam que a atual campanha está sendo feito com os mesmos métodos de sempre: Clientelismo, corrupção, violência, que são praticadas por dirigentes tradicionais e politiqueiros reginais.


5. Se rumora que o presidente Santos estaria negociando com a insurgência secretamente. ¿O que há de certo nesse rumor?

Sim, há rumores, mas e difícil saber o que esta ocorrendo. Não sabemos se são certos ou não, mas tomara que sejam verdadeiros.

Bogotá, setembro 14 de 2.011

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

As consequências para o mundo do declínio dos Estados Unidos

Hoje, a opinião de que os Estados Unidos estão em declínio, em sério declínio, é uma banalidade. Todos o dizem, excepto uns poucos políticos norte-americanos que temem ser recriminados pelas más notícias da decadência se forem discuti-la. O fato é que hoje quase todos acreditam na realidade do declínio.

Mas o que se discute muito menos é quais têm sido e serão as consequências mundiais deste declínio. Este tem, evidentemente, raízes econômicas. Mas a perda de um quase-monopólio do poder geopolítico, que os Estados Unidos já exerceram, tem as mais importantes consequências políticas em todo o lado.

Comecemos com uma pequena história contada na secção de negócios do The New York Times de 7 de agosto. Um gerente financeiro de Atlanta “carregou no botão pânico” devido a dois clientes que lhe ordenaram que vendesse todas as suas ações e investisse o dinheiro num isolado fundo mútuo. O gerente disse que, em 22 anos como agente de negócios, nunca tinha recebido uma ordem como esta. “Isto não tinha precedentes”. O jornal observou que a ordem era o equivalente à “opção nuclear”. Ia contra o santificado conselho tradicional de uma “abordagem ponderada” às reviravoltas do mercado.

A Standard & Poor's reduziu o rating dos Estados Unidos de AAA para AA+, o que também é “sem precedentes”. Mas tratou-se de uma ação bastante suave. A agência equivalente na China, a Dagong, já tinha reduzido a notação financeira, em novembro passado, para A+, e agora reduziu-a para A-. O economista peruano Oscar Ugarteche declarou que os Estados Unidos são uma “República das bananas”. Disse que os EUA “optaram pela política da avestruz, esperando com isso não afugentar as esperanças [de melhoria].” Reunidos em Lima, os ministros das Finanças da América do Sul tiveram um debate urgente sobre como se protegerem melhor dos efeitos do declínio econômico dos EUA.

O problema de todos é que é muito difícil isolar-se destes efeitos. Apesar da severidade do seu declínio econômico e político, os Estados Unidos permanecem um gigante na cena mundial, e qualquer coisa que lá aconteça ainda provoca grandes ondas em todo o lado.

É certo que o maior impacto do declínio dos EUA é e continuará a ser sofrido nos próprios Estados Unidos. Políticos e jornalistas estão a falar abertamente da “desfuncionalidade” da situação política dos EUA. Mas o que mais poderia ser, além de desfuncional? O fato mais elementar é que os cidadãos dos EUA estão atordoados pela simples existência do declínio.

Não se trata apenas de os cidadãos dos EUA estarem sofrendo materialmente com o declínio, e terem um temor profundo de virem a sofrer ainda mais com o tempo. A questão é que acreditavam profundamente que os Estados Unidos são a “nação escolhida”, designada por Deus ou pela história para ser a nação modelo do mundo. Ainda estão a receber a garantia do presidente Obama de que os Estados Unidos são um país AAA.

O problema para Obama e para todos os políticos é que muito pouca gente ainda acredita nisso. O choque para o orgulho nacional e a auto-imagem é formidável, e também é muito abrupto. O país está lidando muito mal com esse choque. A população está à procura de bodes expiatórios e a fustigar feroz e não muito inteligentemente os presumíveis culpados. A última esperança parece ser a de alguém ser culpado, e o remédio mudar as pessoas que têm autoridade.

Em geral, as autoridades federais são vistas como as únicas responsáveis – o presidente, o Congresso, os dois maiores partidos. A tendência é muito forte no sentido de haver mais armas a nível individual e uma redução do envolvimento militar fora dos Estados Unidos. Culpar de tudo os políticos de Washington leva à volatilidade política e a lutas intestinas locais cada vez mais violentas. Eu diria que os Estados Unidos são hoje uma das menos estáveis entidades políticas no sistema-mundo.

Isso faz dos Estados Unidos não só uma nação cujas lutas políticas são desfuncionais, mas também um país incapaz de exercer muito poder real no cenário mundial. Assim, há uma grande queda na credibilidade dos Estados Unidos e do seu presidente por parte de tradicionais aliados externos, e por parte da base política doméstica do presidente. Os jornais estão cheios de análises dos erros políticos de Barack Obama. Quem pode contradizê-los? Eu poderia fazer facilmente uma lista de dezenas de decisões de Obama que, na minha opinião, estavam errados, foram covardes, e às vezes francamente imorais. Mas pergunto-me: se ele tivesse decidido de acordo com o que pensa a sua base, o resultado teria sido muito diferente?

O declínio dos Estados Unidos não é o resultado de más decisões do seu presidente, mas de realidades estruturais no sistema-mundo. Obama pode ser ainda o indivíduo mais poderoso do planeta, mas nenhum presidente dos Estados Unidos é ou poderia ser hoje tão poderoso quanto os presidentes do passado.

Entramos numa era de agudas, constantes e rápidas flutuações – nas taxas de câmbio da moeda, nos índices de emprego, nas alianças geopolíticas, nas definições ideológicas da situação. A extensão e a rapidez destas flutuações leva à impossibilidade de previsões a curto prazo. E sem alguma estabilidade razoável das previsões de curto prazo (três anos ou mais), a economia-mundo paralisa-se. Todos terão de ser mais protecionistas e virados para dentro. E os padrões de vida vão cair. Não é uma imagem bonita. E, embora haja muitos, muitos aspectos positivos para muitos países devido ao declínio dos EUA, não é certo que, com o barco do mundo a balançar ferozmente, outros países sejam de facto capazes de lucrar aquilo que esperam desta nova situação.

É tempo de fazer análises de longo prazo muito mais sóbrias, de fazer julgamentos morais muito mais claros sobre o que a análise revela, e de realizar uma ação política muito mais eficaz no esforço de, nos próximos 20-30 anos, criar um sistema-mundo melhor do que aquele em que estamos todos enredados hoje.
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Artigo de Immanuel Wallerstein e publicado por Carta Maior, 13-09-2011.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

61 MIL QUESTIONAMENTOS À DEMOCRACIA COLOMBIANA

61 mil desaparecidos “oficiais” na Colômbia

Recentemente a Defensoria del Pueblo, uma entidade de controle do Ministério Público que tem por função defender os direitos das pessoas na Colômbia, reconheceu no informe da Comissão de Busca de Pessoas Desaparecidas que na Colômbia há 61.604 pessoas desaparecidas: 14.427 são mulheres e 47.177 homens. O mesmo informe indica que no sistema de Registro Nacional de Desaparecidos, coordenado pelo Instituto de Medicina Legal se registram aproximadamente 16.655 pessoas colombianas supostamente foram desaparecidas, mas que ainda não são reconhecidas com o status de desaparecidas forçadas oficialmente pelo pouco tempo transcorrido. Destas, somente 249 apareceram vivas e das restantes somente foram encontrados 557 corpos[1].

O Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos na Colômbia, Christrian Salazar, afirmou no mês de maio de 2011 que nos últimos 30 anos mais de 57.200 pessoas desapareceram. Número que alarmou muitas organizações de direitos humanos na América Latina e do mundo. Mas para as organizações de direitos humanos da Colômbia foi, por fim, um triste reconhecimento incompleto, já que sistemas de dados não oficiais estimam que possam haver mais de 250 mil pessoas desaparecidas nos últimos 20 anos, tomando como base que somente em três anos foram desaparecidas mais de 38 mil pessoas[2].

A desaparição forçada de pessoas é considerada como crime de Estado quando acontece de forma sistemática, permanente e generalizada. É um processo de repressão que precisa uma estrutura de Estado para poder ser realizada ou, pelo menos, a sua omissão para que outro agente o faça. Por razão da gravidade e pelas múltiplas violações de direitos e conseqüências se considera a desaparição forçada como um delito contra a humanidade, que responsabiliza aos Estados para que sejam estabelecidos os direitos e reparados, para que seja feita justiça e se estabeleçam penas aos algozes[3].

A Colômbia que não é uma ditadura e tem um Estado no qual seus governantes se ufanam de ser a democracia mais antiga da América Latina, tem mais pessoas desaparecidas que qualquer ditadura do passado recente americano. Segundo um dos fundadores do Centro de Investigaciones y Educación Popular – CINEP, que conta com um banco de dados sobre violência política “Noche y Niebla”:

Desde 1988 um boletim trimestral começou a difundir a dimensão da violência política assim sistematizada. As cifras foram e continuam sendo aterradoras. Uma leitura comparativa nos fez estremecer em alguma ocasião: a Comissão Verdade e Reconciliação de Chile, registrou 2.700 casos de assassinato e desaparição política nos 17 anos de ditadura militar. Essa cifra total, com o horror que produz é muito inferior ao que registramos em um só ano na Colômbia desde que começou nosso banco de dados[4].

Na Colômbia os crimes de desaparição forçada envolvem agentes do Estado e seus mercenários paramilitares, como o tem afirmado o Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos na Colômbia[5] e como o documenta o livro Deuda con la humanidad[6]. Até as próprias estruturas de mercenários paramilitares reconhecem esta situação[7].

A situação complexa da desaparição forçada na Colômbia questiona o processo democrático colombiano e a justiça do Estado. A legitimidade e autoridade do Estado colombiano é questionada em cada pessoa desaparecida. Não há ditadura na América que tenha desaparecido mais pessoas que a Colômbia. De forma sistemática e permanente se cometem esses crimes por agentes do Estado e seus mercenários paramilitares com total impunidade. Só é possível construir verdadeiros processos democráticos quando um Estado for capaz de garantir os direitos a seu povo. Há a necessidade de exigir justiça, que cessem essas graves violações.
Os povos querem saber: onde estão os desaparecidos? O que acontece com a democracia colombiana?


Agenda Colômbia
A Solidariedade é dos povos!

[1] El Defensor del Pueblo insta a las autoridades a dar cumplimiento a la ley 1408 de 2010 y hacer memoria histórica de las víctimas del delito de desaparición forzada. In: , Aceso 8 Set. 2011
[2] Colômbia registra mais de 38 mil pessoas desaparecidas em três anos: “as estimações de desaparição forçada se minimizam desde o Estado (o Algoz), porem há tido que recononhecer pelo menos 50.000 desaparecidos.” In: < http://www.telesurtv.net/noticias/secciones/nota/71765-NN/colombia-registra-mas-de-38-mil-personas-desaparecidas-en-tres-anos/>, Acesso 8 Set. 2011
[3] Resolução AG/RES. 666 (XIII-O/83) da Assembleia Geral da Organização de Estados Americanos; e o Estatuto de Roma da Corte Penal Internacional, aprovado o 17 de julho de 1998 pela Conferencia Diplomática de Plenipotenciários das Nações Unidas sobre o estabelecimento de uma Corte Penal Internacional, A/CONF.183/9.
[4] GIRALDO,Javier S.J. Colombia esta democracia genocida. Bogotá: Secretaria General de Justicia y Paz, de la Conferencia de Religiosos de Colombia, sem data, p. 5.
[5] ROBINSON, Mary. Informe do Alta Comissariado da Organização das Nações Unidas para os direitos Humanos sobre o escritório na Colômbia. Genebra: ONU, 55º seção da Comissão de Direitos Humanos, 1999.
[6] Deuda con la Humanidad. In: , Acesso 7 Set. 2011
[7] Peridismo humano sobre o paramilitarismo. In: < http://desentranando-colombia.periodismohumano.com/2010/06/10/descuartizamientos-y-hornos-crematorios/>, Acesso 7 Set. 2011.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A LUTA ARMADA DO POVO COLOMBIANO É TAMBÉM NOSSA LUTA

O caráter internacionalista do conflito armado colombiano

Anncol
 
Durante os oito anos do governo narco-paramilitar de Álvaro Uribe Vélez (o 82º capo das drogas na lista da Defense Intelligence Agency (DIA), do próprio Pentágono), este dedicou todas as suas energias em tentar acabar com a insurreição guerrilheira comunista das FARC-Exército do Povo e “domesticar” (como um simples problema interno) o conflito social, político e armado, tratado-o com uma ótica reducionista, como se se tratasse de uma expressão delinquencial e ligado à suposta “luta contra o terrorismo”.
 
Em outras palavras, o “bom regime”, com seu “pobre Estado” sendo atacado por “forças terroristas”, devia se defender do “inimigo interno”, inclusive cometendo crimes.
 
Enquanto esse discurso era “assumido” pela opinião pública, graças a “jornalistas” a serviço do narco-paramilitarismo, como José Obdulio Gaviria (primo-irmão do capo Pablo Escobar Gaviria) e Ernesto Yamhure, o governo, com um aparato policial de inteligência bem “ajustado” interceptou ilegalmente os telefones de muitos organismos internacionais, que eram os olhos do que é conhecido como “comunidade internacional”, olhos esses que observavam “de perto” o conflito armado colombiano.
 
Nem o representante da ONU se salvou dos “grampos” (chuzadas). Outros organismos internacionais sofreram a mesma experiência, incluindo outro tipo de guerra suja, mais sutil, mas efetiva, como a coação, intimidações ou ameaças veladas, impedindo-lhes de entrar em certas regiões da Colômbia e asfixiando-os até tornar a situação inviável para eles para, em seguida, “convidá-los a partir” por falta de condições de segurança para realizar seu trabalho investigativo.
 
Lembremos que a Colômbia é um dos países mais observados pela ONU, que mantém cinco relatores especiais. E, quando estes chegam ao país, o governo procura fazer com que não tenham acesso à informação sobre o verdadeiro terrorismo: o Terrorismo de Estado. São impedidos de visitarem as regiões onde ocorreram os massacres, fazendo com que não tenham acesso a testemunhas, enfim, que não possam documentar as práticas de Terrorismo de Estado.
 
Estes relatores ficam em Bogotá e só vêem imagens Power Point oficiais com os dados enganosos da versão oficial do conflito. Isso também acontece com algumas ONGs internacionais e com alguns jornalistas, que armam novelões a partir de seu hotel em Bogotá.
 
Uribe botou para correr todo mundo, inclusive os mediadores internacionais de países amigos da Colômbia, que foram taxados, segundo a cartilha oficial, como colaboradores do terrorismo. Liquidada toda possibilidade de mediação, isolado o conflito do mundo, Uribe se dedicou a isolar a própria Colômbia do mundo, ficando com seu único aliado, seu amo e patrão norte-americano. Brigou com a Venezuela e inclusive muitas vezes tentou iniciar uma agressão armada contra a república irmã. Não duvidou um instante em ordenar o ataque ao Equador, pisoteando todo o direito internacional e todos os tratados internacionais que o próprio Estado colombiano assinou.
 
Com o atual presidente Santos (ex ministro da defesa de Uribe responsável pelo ataque ilegal ao Equador, que matou o Secretário de Relações Internacionais das FARC-Exército do Povo, cmte Raúl Reyes) as coisas continuam com o mesmo conteúdo, embora suas manifestações públicas tenham mudando. Passamos de uma linguagem mordaz de “coronel fazendeiro” à etiqueta do country club e dos alfaiates ingleses. Mas ambos são os mesmos “encarnados e esculpidos”. Com roupagens diferentes.
 
Santos continua procurando esconder o conflito colombiano, indo mais além: acabou conseguindo neutralizar o próprio presidente Chávez (que havia reconhecido oficialmente o caráter legítimo e beligerante das FARC-Exército do Povo em 2008), neutralização essa que havia iniciado com Uribe com a chantagem das “provas” obtidas dos famosos “computadores atômicos” (confiscados ilegalmente no ataque ao Equador, “provas” julgadas ilegais e sem validez alguma pela própria Corte Suprema da Colômbia).
 
Tão mafioso e chantagista o Estado colombiano que o atual inquilino da Casa de Nariño (sede da Presidência da República), Juan Manuel “Chuck” Santos, conseguiu infiltrar (sem uma reação do Brasil e demais países? Por quê?) a própria UNASUL com a senhora María Emma, neutralizando a “liderança” da Venezuela, intimidando-a e obrigando-a a mudar alguns discursos anteriores.
 
Com essa política internacional bem tramada pelo regime colombiano, contando com as inconsistências e vacilações ideológicas de Chávez (pressionado por quem?), “Chucky” Santos acabou legitimando o golpe de Estado em Honduras, levando esse país de volta ao seio da OEA (esse obsoleto ministério das neo-colônias ianques), de onde tinha sido expulso depois do golpe de 2009 contra o Presidente Constitucional Manuel Zelaya, ressuscitando um cadáver e colocando-o de novo nas mãos de Obama e, de passagem, legitimando um presidente golpista. “Três coelhos com uma única cajadada!”
 
Enquanto isso ocorre, Santos instrumentaliza a suposta boa amizade com Chávez para continuar expandindo sua “operação condor” nativa, estendendo a repressão e o terrorismo de Estado além fronteiras colombianas.
 
Foi nesse contexto e dinâmica que o nosso diretor, Joaquín Pérez Becerra, foi seqüestrado na Venezuela e entregue aos aparatos terroristas do Estado colombiano.
 
Santos se jacta dissimuladamente com muita ironia e em privado por ter conseguido “dobrar a munheca” do ingênuo Chávez. E, para completar, sua ministra de relações exteriores, Holguín, está “encantada” com o da Venezuela, Nicolás Maduro, que está se curvando aos encantos da beleza colombiana, deixando de lado o que se joga no xadrez político com uma oligarquia criminosa e mafiosa como a colombiana.
 
A neutralização de Chávez implica em vários perigos para o processo político venezuelano, especialmente quando Chávez se deixa rodear de tantos incompetentes e ineptos como Maduro e como Andrés Izarra, ministro das comunicações, embora este não seja propriamente o tema destas reflexões.
 
Continuemos: escondido e isolado o conflito armado colombiano, a oligarquia do país se sente desobrigada de certos compromissos assumidos internacionalmente e projeta para o mundo a imagem de democracia madura, apta para o investimento estrangeiro (inclusive brasileiro). E essa “confiança investidora” se traduz em uma entrega total de nosso patrimônio ao capital monopolista internacional. A elite econômica oligárquica procura isolar (esconder) o conflito armado interno ao mesmo tempo em que amplia seus contatos e relações econômicas e políticas para legitimar seu projeto hegemônico de economia de mercado dependente.
 
Diante disso tudo, a tarefa dos colombianos que estamos comprometidos com a saída política para o conflito, é ler o mapa mundi e não perder de vista a perspectiva e a contextualização internacional em torno da solução política para o conflito colombiano.
 
Continuar com essa visão simplista e provinciana do conflito não ajuda em nada, ao contrário, facilita o trabalho do regime oligárquico.
 
É necessário contextualizar internacionalmente o conflito armado colombiano por várias e simples razões:
 
1.     As potências capitalistas mundial mantêm uma luta sangrenta pelo controle das matérias primas do terceiro mundo, particularmente da América Latina.
2.     Na divisão internacional do trabalho pelo capital monopolista, países de “capitalismo tardio” e periférico como a Colômbia, Brasil e outros, foram designados para cumprir o papel de provedores de matérias primas (petróleo, esmeraldas, aço, minério de ferro, aço, alumínio, cobre, ouro, banana, café, soja, carne, flores, madeiras de lei, etc.;) sem valor agregado, dada a dependência tecnológica de nossos países.
3.     Os monopólios multinacionais (que não transferem suas tecnologias), além de não estarem criando empregos nos países em vias de desenvolvimento onde atuam, ainda nos poluem com seus agrotóxicos e emissões de gases contaminantes, deixando-nos o custo ecológico que isso implica para as atuais e futuras gerações.
4.     O problema internacional da produção, tráfico, comércio e consumo de drogas.
5.     O grau de intromissão e ingerência política, ideológica, diplomática e militar que assumem os países capitalistas centrais que investem em nossos recursos estratégicos e na economia em geral.
6.     A doutrina da OTAN (“direito de proteger-R2P”) e a instrumentalização da ONU para promover guerras sob pretextos de “proteção de civis”, não passa de uma reciclagem atualizada do velho sistema de mandatos da outrora Sociedade de Nações, no qual os países capitalistas ocidentais se arvoram no direito de tutelar povos e países e impor-lhes seus modelos de “democracia ocidental”.
 
 
Mas poderíamos continuar enumerando “N” aspectos que nos demonstram que o conflito social, político e armado colombiano se inscreve sim em uma LUTA INTERNACIONAL DOS POVOS POR SUA EMANCIPAÇÃO. E não estamos sós nessa luta.
 
O conflito colombiano está mesmo vinculado umbilicalmente ao que ocorre atualmente no mundo inteiro. Portanto, cabe a todos os povos e movimentos sociais e revolucionários latino-americanos construirmos laços de solidariedade entre nós para, em seguida, consolidá-los organicamente com os setores sociais populares europeus, norte-americanos e mundiais, claro.
 
Os sindicatos (para ficar em um só exemplo) devem internacionalizar seu trabalho. Uma multinacional alemã que não respeita os direitos de seus trabalhadores em território alemão não vai respeitar também na Colômbia, no Brasil ou em Singapura. Portanto, os trabalhadores alemães, colombianos, brasileiros ou singapurenses têm sim uma luta e interesses comuns únicos, internacionalista.
 
Cabe-nos lutar para fazer com que os trabalhadores de outros países, principalmente os brasileiros, tomem conhecimento e consciência da situação dos trabalhares e do movimento sindical colombiano e, nesse sentido, que também outros povos e trabalhadores de outros países conheçam a realidade vivida diariamente pelo povo irmão colombiano.
 
Torna-se necessário que muitos militantes internacionalistas, parlamentares, partidos de esquerda, sindicatos, organizações e movimentos sociais e populares visitem as regiões colombianas onde atuam os esquadrões da morte paramilitares (braço armado do narcotráfico) a serviço do Terrorismo de Estado oficial e vejam com seus próprios olhos como continuam intactos e mobilizados (foram oficialmente “desmobilizados” a partir de 2003 no regime uribista), agora reativados para massacrarem opositores em época pré-eleitoral.
 
O mundo precisa tomar consciência do que realmente acontece aqui na Colômbia. Urge que trabalhemos todos juntos para nos contrapor e neutralizar o marketing (terrorismo midiático) global e o lobby que o regime mafioso faz junto a governos (embaixadas), Unasul, Celac, parlamentos e justiça, além de enviar agentes encobertos e adidos militares de suas embaixadas para dar palestras e conferências a empresários e polícias, além de oferecer treinamento e doutrinação policial na Colômbia. Uma intromissão verdadeiramente vergonhosa de um regime títere do imperialismo ianque.
 
É necessário que pensemos em organizar uma Comissão Internacional que vá visitar os prisioneiros políticos do regime e comprovem a ignomínia e podridão do sistema carcerário colombiano atual.
 
Nesta urgente tarefa, os exilados e a emigração colombiana no exterior têm um papel importante a desempenhar todos os dias, unidos pela solidariedade internacional à luta do povo colombiano, que é também nossa luta.
 
Esta é uma tarefa de todos nós.

domingo, 11 de setembro de 2011

Defensores de direitos humanos são ameaçados de morte ante passividade da justiça

Recentemente, a Fundação Internacional para a Proteção de Defensores/as dos Direitos Humanos (Front Line) da Colômbia tem recebido informações sobre a realização de uma campanha de intimidação, perseguição e ameaças de morte, por parte do Estado e grupos paramilitares denominados Águilas Negras, contra defensores dos direitos humanos na região de Valle del Cauca, Colômbia.

Desde 2010, a Front Line tem registrado em formulário inúmeras denúncias de ameaças de morte de grupos guerrilheiros contra a vida dos defensores/as de direitos humanos, e demonstra preocupação com relação às autoridades colombianas que não estão investigando adequadamente os casos. Muitos dos crimes estão impunes, gerando a sensação de conivência por parte da justiça.

Outra situação que causa preocupação é o fato de altos funcionários do governo, incluindo o presidente, declarar publicamente que os defensores e defensoras dos humanos no país têm vínculos com grupos guerrilheiros ilegais. Para a Fundação, essa é uma prova de que o governo do presidente Juan Manuel Santos quer desacreditar o trabalho legítimo e pacífico dos ativistas, que lutam contra os falsos positivos, as violações de mulheres e meninas e o recrutamento de crianças para os grupos paramilitares, entre outras problemáticas enfrentadas no país dentro do contexto de conflito interno.

“Esse tipo de declarações incrementa o risco enfrentado pelos defensores/as de direitos humanos”, declara a Fundação.

Casos como de PríncipeGabriel González Arango, um ativista estudantil, condenado a sete anos de prisão, acusado de rebelião e associação com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc); do jornalista Nelson Orrego, que recebeu ameaça de morte por correio eletrônico por ter publicado artigos sobre vítimas de crimes dos paramilitares e grupos narcotraficantes; e do editor e redator Clodomiro Castilla Ospina, assassinado a tiros em Montería, Norte de Colômbia, são alguns dos casos denunciados pela Front Line que ainda se encontram sem solução.

Outro caso ocorreu com um preso da Cadeia de Tramacúa, Valledupar, Departamento de Cesar, que recebeu por parte dos guardas prisionais um punhal para assassinar Iván Cepeda Castro, deputado e membro do Movimento de Vítimas de Crimes Estado (Movice). O prisioneiro se recusou a praticar o ato e escreveu uma carta que foi entregue ao diretor da prisão, ao Ministro do Interior, Aníbal Florencio Randazzo e à Procuradoria Geral explicando os motivos do ataque.

Os casos já foram encaminhados para a Polícia Nacional, a Seção de Polícia Judiciária e Investigação (Sijin), o Departamento Administrativo de Segurança (DAS) e a Procuradoria Geral, no entanto, até o momento, não houve qualquer atribuição para as violações cometidas contra os ativistas.

Desde 2010, a Fundação Front Line publica chamados urgentes e denuncia violações cometidas contra defensores/as dos direitos humanos, contudo, até a data, a maioria dos responsáveis por atos bárbaros contra os ativistas continuam impunes e não foram levados a juízo.

Os membros da Fundação acreditam que os (as) defensores (as) são vitimados (as) unicamente como consequência de seu legítimo trabalho em defesa dos direitos humanos.

“Front Line manifesta sua profunda preocupação ante o alto nível de impunidade existente na Colômbia, particularmente em relação a crimes cometidos contra defensores (as) dos direitos humanos. Estes últimos são constantemente duplamente vítimas, por atores estatais e não estatais, e em consequência operam sob circunstâncias de alto risco”, afirma a Fundação.

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Com apoio do Comité de Solidariedade ao Povo Colombiano

sábado, 10 de setembro de 2011

O 11 de Setembro não foi o maior atentado terrorista da humanidade

Embora a Rede Globo, a Globo News, a Record, a Bandeirantes, O SBT, a maioria dos jornais e rádios do nosso país – e do mundo ocidental – afirmem que o maior atentado terrorista da humanidade seja o 11 de Setembro, a afirmação não passa de uma mentira ridícula e hipócrita. Está dentro dos conformes da relação promíscua entre a mídia comercial e o governo norte-americano, que libera verbas milionárias para corromper a imprensa através de sua embaixada no Brasil, e de institutos e organizações norte-americanas.O maior atentado terrorista da humanidade aconteceu no dia 6 de agosto de 1945, foi a explosão da bomba atômica norte-americana em Hiroshima, no Japão. O segundo atentado terrorista aconteceu três dias depois, no dia 9 de agosto do mesmo ano,na cidade de Nagasaki, assassinando mais de 220 mil japoneses – na maioria civis indefesos. Milhares morreram depois de câncer causado pela radiação das bombas.

A Segunda Guerra Mundial já estava vencida pelos Aliados. O Alto Comando Militar Japão já negociava a rendição com os norte-americanos, mas ainda assim as bombas atômicas foram detonadas para – conforme relatos de oficiais norte-americanos – obter melhor negociação junto às nações vencidas, isto é, chantagear e submeter a Alemanha, Itália e Japão. Por este motivo esses países foram sangrados ao longo das últimas décadas pagando indenizações de guerra injustificáveis, uma indústria de vitimização hipócrita e criminosa que beneficiou os chacais da guerra e a mídia corrupta.

Alemanha, Japão e Itália são países militarmente ocupados pelos Estados Unidos da América até os dias de hoje. Na Alemanha existe, em operação, 25 bases militares norte-americanas e 86.500 militares. No Japão e na Itália são dezenas de bases estocando mísseis e bombas atômicas capazes de destruir o nosso planeta diversas vezes. Na semana passada o Pentágono comemorou a inauguração de sua milésima base militar, sem contar a presença militar em 156 países, bases militares em 75 países, 38.310 edifícios espalhados por diversas nações que empregam mais de um milhão de pessoas, dos quais 862.000 militares.

No atentado de 11 de Setembro às Torres Gêmeas morreram 2.996 pessoas. Esse atentado é contestado por diversos jornalistas e pesquisadores, a ponto de uma equipe de jornalistas e radialistas norte-americanos lançarem um documentário (à venda ou locação em locadoras) pela Power Hour Production, o "911 In Plane Site", com fotos ampliadas mostrando que os aviões que se chocaram contra as torres não tinham civis; eram aviões militares tele-guiados, com mísseis. Quem não acreditar pode assistir o documentário e tirar dúvidas, e conhecer os motivos pelos quais o 11 de Setembro foi criado pelo próprio governo norte-americano.

Desde que a "liberdade e democracia" norte-americana venceram a Segunda Guerra Mundial, dezenas de povos foram massacrados (Coreia, Vietnã), países foram invadidos e ocupados (Afeganistão, Iraque, Líbia).

Os verdadeiros terroristas da humanidade não estão em Guantânamo, muito menos nas areias dos desertos árabes ou nas montanhas do Afeganistão. Os verdadeiros terroristas da humanidade, aqueles que fabricam as guerras para roubas as riquezas naturais dos pequenos povos com desculpas políticas, estão na Casa Branca, no Pentágono, na Otan, no Palácio de Versalhes, no parlamento britânico, no Knesset, no sistema financeiro internacional.

A cobertura que a mídia ocidental está fazendo sobre o 11 de Setembro é uma cortina de fumaça para enganar e iludir a opinião pública mundial, desviando a atenção sobre os verdadeiros criminosos e terroristas da humanidade: os governos dos Estados Unidos da América, França, Israel, Inglaterra e seus aliados.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

A ARTE É AMEAÇADA NA COLÔMBIA

“Que tempos são esses, quando
falar sobre flores é quase um crime.
Pois significa silenciar sobre tanta injustiça?
Aquele que cruza tranqüilamente a rua
já está então inacessível aos amigos
que se encontram necessitados?”


Antologia Poética - Bertolt Brecht


Doze organizações de Teatro da cidade de Bogotá, capital da Colômbia, foram ameaçadas pelas “Águilas Negras” que é um dos novos nomes que tomaram em 2006 as estruturas paramilitares (mercenários criados pelo Estado colombiano e financiados pelo narcotráfico), após a suposta desmobilização que fizeram em troca de penas baixas de prisão (menos de 5 anos) por delitos contra a humanidade.

As ameaças foram feitas no dia 23 de agosto contra as organizações de teatro que trabalham com a prefeitura de Bogotá (Polo Democrático Alternativo), realizando atividades de promoção cultural e capacitação artísticas com crianças e jovens nas favelas de Bosa, Kennedy, Tunjuelito e Ciudad Bolivar.

Nas ameaças feitas por meio de panfletos assinados pelo “Bloque Capital de las Águilas Negras” afirmam que as organizações artísticas são objetivo militar pois: “desenvolvem atividades a favor dos direitos humanos”. E deram oito dias, até 31 de agosto de 2011, para as pessoas que integram as organizações artísticas abandonarem a cidade.

No mesmo documento afirmam “hoje iniciamos à limpeza de todas as sujas organizações que se interpõem em nossos passos, (...) às organizações que querem se mostrar defensoras de direitos humanos por meio de expressões artísticas e que se opõem às políticas de nosso governo”. Fazendo alusão ao governo do presidente Juan Manuel Santos.

Num comunicado público a Defensoria del Pueblo, que é uma entidade do governo, rechaça as ameaças contra as organizações artísticas e reconhece que na cidade de Bogotá estão acontecendo ameaças de forma sistemática contra as organizações sociais, contra ONGs e organizações de direitos humanos[1]. Já no mês de junho as organizações de direitos humanos, indígenas e afro-descendentes que negociavam garantias para o desenvolvimento de suas atividades denunciaram essa grave situação quando romperam as negociações que adiantavam com o governo de Juan Manuel Santos pela falta de garantias[2]. Até o mês de junho havia mais de 100 ameaças contra pessoas defensoras de direitos humanos e já se contavam mais de 20 assassinatos.

As doze organizações de teatro ameaçadas são: Teatrama, Teatro del Sur, Disidencia Teatro, Reciclarte, Teatropical, Piedra Papel y Tijera, Bogotá Dual, Fundación el Contrabajo, Teatrazos, Ciclo Vital, Summum Draco, e Odeón. Elas rechaçaram as ameaças em um escrito elaborado em conjunto:

“Perante agressão infame, desmemoriada e cega dos perseguidores, abrimos humanamente o expediente da vida que se olha somente com olhos de nosso coração e propomos reorientar através dos vôos da imaginação criadora e da prática do amor pela vida o vôo das desorientadas 'Águilas Negras'.”
(...)
“Enquanto a lógica da violência que anda pelo campo e a cidade, e que se veste de todas as vestimentas, que declara objetivo militar até as estrelas do firmamento nós seguiremos caminhando no ventre da esperança e tecendo nossa busca de ser e sentido por meio da Arte. (...) Feliz e agridoce vida...Com mais sonhos que sonho...[3]

Agenda Colômbia
A solidariedade é dos povos!


Se você quer exigir que se respeitem os direitos humanos e o trabalho destas organizações artísticas pode comunicar-se com:

* Sr. Juan Manuel Santos, Presidente da República, Carrera 8 # 7-26, Palácio de Nariño, Santa Fe de Bogotá. Fax: + 57 1 566 20 71;
* Sr. Angelino Garzón, Vice-presidente da República, Tels.: +57 1 334 45 07, +573772 01 30.
* Sr. Germán Vargas Lleras, Ministério do Interior y de Justiça, Carrera 8 No. 13-31 piso 4to. Tels.: 57.1.4443100 Ext. 2410 Fax: +57 1 2827440
* Sr. Wolmar Antonio Pérez Ortiz, Defensor del Pueblo, Calle 55 # 10-32, Bogotá. Fax: + 571 640 0491
* Dr. Alejandro Ordóñez Maldonado, Procurador General da Nação, Cra. 5 #. 15-80, Bogotá. Fax: +57 1 342 97 23; + 571 284 79 49 Fax: +571 342 9723;