"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


domingo, 31 de maio de 2009

O FASCISMO NA COLÔMBIA

AUTOR: ESTADO MAIOR CENTRAL DAS FARC-EP



Em meio da grande depressão econômica mundial dos anos 30 do século passado, surge o fascismo alemã, monstruoso engendro do capitalismo, que os dirigentes revolucionários e a intelectualidade mais esclarecida de aquela época definiram como "A ditadura terrorista aberta dos elementos mais reacionários, mais chauvinistas e mais imperialistas do capital financeiro", "a organização do ajuste terrorista de contas com a classe operária e o setor revolucionário dos camponeses e dos intelectuais".

Era a ditadura do setor mais reacionário da oligarquia financeira que conformava a elite monopolista da nação. Esse reduzido grupo encontrou em Adolfo Hitler o instrumento adequado para tratar de impor seu projeto de sociedade, obediente da disciplina social e trabalhista do capital corporativo, primeiro em Alemanha, depois, por meio da guerra, ao resto do mundo.

Para alcançar seus propósitos, os capitalistas alemães aproveitaram o ressentimento do povo germano frente às duras sanções do Tratado de Versallhes, imposto ao país pelos vencedores da primeira guerra mundial (1914 - 1918).

Os fascistas recorreram ao mais iracundo e cru nacionalismo. Proclamaram a superioridade da raça ária sobre as demais raças existentes, a necessidade de um "espaço vital" para Alemanha que lhe permitisse a recuperação de territórios e colônias de ultramar perdidas na primeira guerra mundial, prometeriam o melhor-estar geral e um império que duraria mil anos (O terceiro Reich), como recompensa à grandeza e glória alemãs que dominariam o mundo.

Mediante uma hábil e enganosa propaganda, fazendo uso da mentira e da falsificação dos fatos como seu principal instrumento, o Partido Nacional Socialista Alemã logrou o apoio não só do grande capital mas da mediana e pequena burguesia, de importantes setores de operários, camponeses, estudantes, jovens e populares para apoderar-se do poder em 1933.

"Uma mentira repetida mil vezes, termina convertendo-se em verdade" e "Calunia e calunia, que da calunia algo fica", foi a divisa que utilizou Goebbels, como chefe de propaganda de Hitler e que importou para Colômbia e repetia em seus discursos, um célebre expoente da ultradireita nacional que para a época oficiava como embaixador em Berlim: Laureano Gómez.

As potências capitalistas ocidentais viam em Hitler a pessoa indicada para atacar e destruir a Revolução Bolchevique que se desenvolvia dentro da antiga Rússia, onde o Estado de Operários, Camponeses e Soldados, tinha terminado com a exploração do czarismo e da aristocracia, e seu exemplo estendia-se sobre toda a face da terra ameaçando o império burguês.

A perfídia e o cálculo da reação mundial, que estimulavam o anti-comunismo de Hitler e a guerra contra o nascente Poder Operário com a secreta esperança de que o fascismo esmagara a revolução, haveriam de pagar-la muito caro os povos das diversas nações de Europa, Ásia, África e América Latina.

Finalmente, o Fascismo foi derrotado, mas nenhuma nação ou povo carregou com maior responsabilidade, nem aportou semelhante cota de sangue e sacrifício como o fez a União de Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), fator fundamental para a derrota do fascismo da Alemanha nazi.

Dos 52 milhões de mortos reportados oficialmente que ocasionou a Segunda Guerra Mundial, 27 milhões foram da União Soviética, dos quais 20 milhões eram população civil. Dos 70 milhões de feridos, 40 milhões eram soviéticos, 140 mil povoados e cidades foram destruídas, o 70% da economia dessa nação ficou totalmente devastada, milhões de viúvas e órfãos, epidemias, enfermidades e fome sem precedentes, sufriou a Pátria de Lenin.

Glória eterna a seus heróis e mártires deve-lhe a humanidade, ao primeiro país socialista do mundo, já que eles salvaram-la do extermínio em massa nos campos de concentração, ou da escravidão perpetua que pretendeu implantar o brutal imperialismo alemã no seu delírio pela dominação mundial.

Vencida Alemanha e seus aliados, o mundo e seu mesmo povo puderam conhecer a verdade sobre o horror praticado pelos fascistas: o aniquilamento nas câmaras de gás de milhões de judeus, ciganos, minorias étnicas, opositores políticos, portadores de necessidades especiais que a propaganda oficial negava sistemáticamente, ao igual que a existência de criminosos experimentos com seres humanos tomados como cobaias nos laboratórios, para provar as drogas que permitissem apoderar-se da vontade alheia, ou gases e químicos que servissem para seus fins de manipulação e extermínio.

Com certeza o nazismo foi derrotado e seus sonhos imperiais desapareceram, mas Europa inteira ficou convertida em um imenso cemitério e em um gigantesco campo de ruínas e de escombros.

Em lugares onde antes floresceram prósperas cidades ficaram as cinzas, só. No entanto, a ideologia e a prática do fascismo não desapareceram, mas assumiram novas formas nascidas da Doutrina da Segurança Nacional, uma concepção fascista do Estado, que considera o povo como "inimigo interno" a derrotar, já não, no marco de uma guerra mundial mas no cenário de cada país por separado.

A atual crise econômica que açoita o mundo e a chamada guerra contra "terrorismo", promovidas pelo governo de George W. Bush, assim como os contínuos massacres contra o povo palestino implementadas pelo Estado Sionista de Israel, nos lembram que o fascismo está vivo.

Em nossa América as ditaduras militares com Pinochet à cabeça, Stroessner, Videla, Pacheco Areco, Somoza e Fujimori entre outros, foram expoentes desse depravado sistema.

Na Colômbia, Álvaro Uribe Vélez com a promocionada "segurança democrática" e o chamado por ele "Estado Comunitário" tem remoçado a forma fascista de dominação em um país atrasado e dependente.

Uribe é o genuíno representante do capital monopolista financeiro - industrial crioulo, ligado às transnacionais, os grandes latifundiários, traficantes de drogas e outras máfias que têm usurpado todas as estruturas do Estado para colocar-las a serviço dos mesquinhos interesses de classe, desse reduzido grupo de bilionários, em contra dos interesses da maioria dos colombianos afundados cada vez mais na pobreza.

Tal como ocorria na Alemanha fascista, na Colômbia o povo está sendo exterminado, não com o silencioso gás envenenado, mas com o sórdido ruído das motoserras que despedaçam a vítima e aterrorizam a milhões de cidadãos. Os escuartejados são levados para covas comuns lotadas de cadáveres ainda sem identificar e como ocorria na Alemanha, aqui também o sinistro braço paramilitar que implementou o Estado para cometer seus crimes, utiliza fornos crematórios para não deixar vestígio algum para evitar que aumentem as estatísticas de mortos, desaparecidos, etc. e assim poder seguir enganando o mundo e ocultando aos colombianos a realidade nacional.

Por isso e para falsear a realidade, na Colômbia, os modernos Goebbels do regime, os José Obdulios, denominam "falsos positivos" os milhares de assassinatos cometidos por suas forças de segurança, por sua Gestapo, e lhe dão tratamento de "casos isolados"a aquilo que é em realidade uma política Estatal, pois obedece à conduta permanente do exército, da polícia e dos demais organismos punitivos do Estado.

Ao igual que a Gestapo e as SS, a polícia secreta alemã, o Departamento Administrativo de Segurança (DAS), conduzido e controlado diretamente pelo presidente Álvaro Uribe, organizou uma rede de mais de três milhões de informantes, para que espiem e acusem seus compatriotas a troca de miseráveis recompensas, grava as conversações das Altas Cortes de Justiça, de intelectuais e de jornalistas, realiza seguimentos e junto a alguns integrantes da Promotoria "montam" falsos processos contra seus opositores políticos, ou contra aqueles que criticam os desaforos del poder.

Similar a aquilo que faziam os "Camisas Pardas" na Alemanha hitleriana, as hordas Uribistas lincham moralmente ou assassinam os opositores ao regime.

Igual que na Alemanha do fascismo, na Colômbia, o governo nacional em aliança com os proprietários dos grandes meios de comunicação, convertidos hoje em verdadeiros departamentos para a propaganda oficial do regime, desinformam e mantém enganado o povo colombiano ocultando sistemáticamente as verdadeiras causas e a responsabilidade oficial e do Estado, em centenas de massacres, assassinatos seletivos, torturas, deslocamentos e desaparição forçada de pessoas, encarceramentos massivos de opositores, operações abertas e encobertas nos países vizinhos e assassinatos indiscriminados de humildes colombianos que são reportados como guerrilheiros mortos em combate.

A corrupção reinante que já toca até a mesma família presidencial, também é silenciada, ou maquilada, a simulação de atentados contra o Presidente, seus Ministros e o Promotor Geral da Nação, são tomados como pretextos para incrementar as medidas repressivas; todos os crimes e horrores que comete o "fascismo ordinário" do século XXI que se instalou na Colômbia desde a chegada ao poder de Álvaro Uribe Vélez e que pretende perpetuar-se através do fraude e da reeleção.

Colombia não é Alemanha, nem a economia colombiana pode se comparar com a do país européio dos anos trinta. E nosso povo encontra-se altivo e em plena batalha por derrotar o atual regime fascista, utilizando para isso todas as formas de luta organizada das massas até alcançar dito objetivo.

Tal como foi feito pelos aliados há 64 anos, em 9 de maio de 1945, quando derrotaram Hitler e sua horda de generais assassinos, o povo colombiano saberá encontrar os caminhos de unidade que possibilitem derrotar inexoravelmente os fascistas do século XXI que enlamam a dignidade da Pátria.

Temos jurado vencer e venceremos!

Estado Maior Central.

FARC - EP.

Montanhas da Colômbia, maio de 2009

sábado, 30 de maio de 2009

Luta armada na Colômbia

O Comitê de Exilados Políticos Colombianos bolivarianos em Sidney Autrália considerou que o pronunciamento das FARC-EP, esclarece muitas dúvidas relacionadas com o futuro do processo da revolução colombiana.

Durante 45 anos desde Manuel Marulanda Vélez, fundador das FARC, em Marquetalia, até Alfonso Cano, desde qualquer ponto de Colômbia, seu Estado Maior, seus valentes guerrilheiros e guerrilheiras, persistem na tomada do poder para o povo.

As sólidas bases políticas sobre as quais o “Velho” Manuel, o heróico combatente construiu as FARC-EP, tem permitido que elas não só se conservem intactas, mas que também se estendam por todos os cantos da geografia colombiana, poderosas e indestrutíveis.

Se bem, é certo, as FARC-EP têm tido baixas em suas fileiras de combatentes da talha política e lutador pela paz, como o Camarada Raúl Reyes, assassinado na surdina da noite, já que não puderam derrotar-lo intelectual nem ideologicamente.

É a guerra suja do governo paramilitar de Álvaro Uribe Vélez, que com seu plano criminoso e mafioso viola a soberania de outros países, assassina inocentes colombianos com falsos positivos, plantando na mente do povo a suspeita de serem supostos guerrilheiros.

Os cárceres colombianos estão lotadas de prisioneiros políticos, supostos guerrilheiros ou, inocentes campesinos, operários, estudantes, que se atrevem a pensar ou expressar sua opinião contra o ditador de ultra-direita, administrador de uma fazenda chamada “Loucolombia”

A postura política das FARC, em seus 45 anos de fundação é digna, louvável e por isso honra a quem estão no exílio político e se consideram bolivarianos, seguidores dessas idéias libertarias para fazer da América morena uma Pátria grande e sem Imperialismo.

As FARC-EP afirmam mais uma vez que é a luta armada o caminho para chegar ao poder e convoca o povo colombiano para que se levante contra a ditadora paramilitar do presidente Álvaro Uribe Vélez, e unidos ao Movimento Bolivariano, fazer uma Nova Colômbia.

Com “Bolívar e Manuel,” nos encontraremos todos, assinalam os exilados políticos colombianos bolivarianos aqui e chamam o povo latino-americano a cerrar fileiras ao redor das FARC-EP, e o Movimento Bolivariano pela Nova Colômbia, em esta gesta pela Segunda Independência.

Com firmeza assinalam os exilados colombianos em Australia, que as coisas estão claras, despejado o caminho e o futuro de sua Pátria, sim vacilações, é um dever de todos os revolucionários apoiar as FARC-EP, até a vitória final.

Finalmente, indicam que não são as eleições o caminho, por enquanto, em razão de que lá quem conta os votos é quem elege e, a abstenção favorece a vitória de Uribe , que conta já com um oitenta por cento de legisladores pagados pela máfia narcoparamilitar .

O povo colombiano tem de apoiar a resistência armada. É a palavra de ordem. Somos muitos homens corajosos e muitas mulheres aguerridas. Desde esta trincheira seguiremos na solidariedade moral e política, até aqui não chegam os carniceiros nem as extradições de Uribe e se chegar, não importa.

Solidariedade com as FARC-EP

O Comitê de Solidariedade Internacional publicou um Comunicado sobre o 45º Aniversário das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - Exército do Povo (FARC-EP), que a seguir apresentamos por cortesia de Tribuna Popular.

Em 27 de maio chegara ao 45º Aniversário de sua fundação, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - Exército do Povo (FARC-EP). Surgiram como resposta à agressão militar do Plano LASSO que objetivava a destruição da 'República Independente' de Marquetalia, e cuja característica de invencibilidade ficou demonstrada pelo número inicial de seus combatentes: Exército oficial: 16.000 soldados; Guerrilha: 46 homens e duas mulheres. Seu legendário Comandante MANUEL MARULANDA VÉLEZ lutou até o final, morrendo de infarto nas selvas do país andino aos 78 anos de idade, em 23 de março de 2008, sem ter sido jamais vencido em combate.

As causas que deram origem ao conflito armado não têm desaparecido, pelo contrário, hoje se manifestam com maior força envolvendo toda a sociedade colombiana na luta de classes que aprofunda as contradições e se manifesta através da presença dos diversos atores políticos, sociais e militares.

O paramilitarismo presente dentro e fora do país tem gerado milhões de pessoas despejadas dos campos e obrigadas a deixar para trás suas terras e pertenças, passando a encher as cidades e, inúmeras delas têm saído, principalmente, rumo aos países vizinhos em busca de refúgio.

O presidente Uribe, conhecido pela sua longa trajetória criminal e corrupta, manobra em pró de sua segunda reeleição para o próximo ano e, as forças armadas afundadas na lama dos massacres, chamados 'falsos positivos' com os quais pretendem ganhar recompensas econômicas, entre outras, apresentando milhares de jovens seqüestrados, como se fossem guerrilheiros mortos em combate, são algumas das causas antigas e modernas que atiçam o conflito.

Enquanto a crise econômica faz estragos na economia do país, o governo privatiza as principais empresas do Estado e insiste em aplicar as fórmulas do neoliberalismo do qual foge o mundo e tenta impor a qualquer custo o TLC com EUA, coisa que afundará mais na miséria os setores mais pobres da população (pequenos e meios industriais, camponeses pobres, indígenas e as camadas urbanas).

Sem resolver esses problemas e sem instaurar um governo que busque os caminhos da democracia e da paz, o conflito armado seguirá sua ascensão, porque como diz uma grafite nas paredes de Bogotá: “Mais vale morrer por algo que morrer por nada”.

O Comitê de Solidariedade Internacional (COSI), fiel à sua solidariedade e fraternidade internacionalista e proletária, manifesta sua mais firme convicção sobre o destino da irmã República da Colômbia, que mais cedo do que tarde saberá romper as correntes que lhe impõem o Imperialismo e a oligarquia.

Yul Jabour e Victor Hugo Morales

do Partido Comunista da Venezuela.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

MERCADO DA FÉ

Por Frei Betto

Como os supermercados, as Igrejas disputam clientela. A diferença é que eles oferecem produtos mais baratos e, elas, prometem alívio ao sofrimento, paz espiritual, prosperidade e salvação.

Por enquanto, não há confronto nessa competição. Há, sim, preconceitos explícitos em relação a outras tradições religiosas, em especial às de raízes africanas, como o candomblé e a macumba, e ao espiritismo.

Se não cuidarmos agora, essa demonização de expressões religiosas distintas da nossa pode resultar, no futuro, em atitudes fundamentalistas, como a "síndrome de cruzada", a convicção de que, em nome de Deus, o outro precisa ser desmoralizado e destruído.

Quem mais se sente incomodada com a nova geografia da fé é a Igreja Católica. Quem foi rainha nunca perde a majestade... Nos últimos anos, o número de católicos no Brasil decresceu 20% (IBGE, 2003). Hoje, somos 73,8% da população. E nada indica que haveremos de recuperar terreno em futuro próximo.

Paquiderme numa avenida de trânsito acelerado, a Igreja Católica não consegue se modernizar. Sua estrutura piramidal faz com que tudo gire em torno das figuras de bispos e padres. O resto são coadjuvantes. Aos leigos não é dada formação, exceto a do catecismo infantil. Compare-se o catecismo católico à escola dominical das Igrejas protestantes históricas e se verá a diferença de qualidade.

Crianças e jovens católicos têm, em geral, quase nenhuma formação bíblica e teológica. Por isso, não raro encontramos adultos que mantêm uma concepção infantil da fé. Seus vínculos com Deus se estreitam mais pela culpa que pela relação amorosa.

Considere-se a estrutura predominante na Igreja Católica: a paróquia. Encontrar um padre disponível às três da tarde é quase um milagre. No entanto, há igrejas evangélicas onde pastores e obreiros fazem plantão toda a madrugada.

Não insinuo assoberbar ainda mais os padres. A questão é outra: por que a Igreja Católica tem tão poucos pastores? Todos sabemos a razão: ao contrário das demais Igrejas, ela exige de seus pastores virtudes heróicas, como o celibato. E exclui as mulheres do acesso ao sacerdócio. Tal clericalismo trava a irradiação evangelizadora.

O argumento de que assim deve continuar porque o Evangelho o exige não se sustenta à luz do próprio texto bíblico. O principal apóstolo de Jesus, Pedro, era casado (Marcos 1, 29-31); e a primeira apóstola era uma mulher, a samaritana (João 4, 28-29).

Enquanto não se puser um ponto final à desconstrução do Concílio Vaticano II, realizado para renovar a Igreja Católica, os leigos continuarão como fiéis de segunda classe. Muitos não têm vocação ao celibato, mas sim ao sacerdócio, como acontece nas Igrejas anglicana e luterana.

Ainda que Roma insista em fortalecer o clericalismo e o celibato (malgrado os escândalos freqüentes), quem conhece uma paróquia efervescente? Elas existem, mas, infelizmente, são raras. Em geral, os templos católicos ficam fechados de segunda à sexta (por que não aproveitar o espaço para cursos ou atividades comunitárias?); as missas são desinteressantes; os sermões, vazios de conteúdo. Onde estão os cursos bíblicos, os grupos de jovens, a formação de leigos adultos, o exercício de meditação, os trabalhos voluntários?

Em que paróquia de bairro de classe média os pobres se sentem em casa? Não é o caso das Igrejas evangélicas, basta entrar numa delas, mesmo em bairros nobres, para constatar quanta gente simples ali se encontra.

Aliás, as Igrejas evangélicas sabem lidar com os meios de comunicação, inclusive a TV aberta. Pode-se discutir o conteúdo de sua programação e os métodos de atrair fiel. Mas sabem falar uma linguagem que o povo entende e, por isso, alcançam tanta audiência.

A Igreja Católica tenta correr atrás com as suas showmissas, os padres aeróbicos ou cantores, os movimentos espiritualistas importados do contexto europeu. É a espetacularização do sagrado; fala-se aos sentimentos, à emoção, e não à razão. É a semente em terreno pedregoso (Mateus 13, 20-21).

Não quero correr o risco de ser duro com a minha própria Igreja. Não é verdade que ela não tenha encontrado novos caminhos. Encontrou-os, como as Comunidades Eclesiais de Base. Infelizmente não são suficientemente valorizadas por ameaçarem o clericalismo.

Aliás, as CEBs realizarão seu 12º encontro intereclesial de 21 a 25 de julho deste ano, em Porto Velho (RO). O tema, "Ecologia e Missão"; o lema, "Do ventre da Terra, o grito que vem da Amazônia". São esperados mais de 3 mil representantes de CEBs de todo o Brasil.

Bom seria ver o papa Bento XVI participar desse evento profundamente pentecostal.

Frei Betto é escritor, autor, em parceria com Leonardo Boff, de "Mística e Espiritualidade" (Garamond), entre outros livros.


Fonte: Correio da Cidadania

terça-feira, 26 de maio de 2009

A inteligência espanhola caça refugiados bascos em Cuba e na Venezuela

As agências de informação confirmaram nos últimos dias que três membros do Centro Nacional de Inteligência (CNI) espanhol abandonaram Cuba na semana passada após as queixas feitas pelas autoridades da ilha pelas diferentes atividades desenvolvidas no país caribenho.

Segundo detalharam as mesmas fontes, os agentes secretos se dedicavam a realizar perseguições aos refugiados bascos que residem em Cuba há anos. Entre os espiões que foram expulsos do país estão uma mulher e dois homens. A mulher tinha permanecido na ilha durante os últimos cinco meses, enquanto um dos homens estava há 13 meses em Cuba e o outro mais de cinco anos. A agência Europa Press assegurou que o CNI ainda mantinha um de seus agentes na ilha.

Um acontecimento sem transcendência

As autoridades espanholas trataram de diminuir a importância do acontecimento e o ministro de Assuntos Exteriores, Miguel Angel Moratinos, limitou-se a dizer desde Sarajevo que era um “acontecimento sem transcendência”. O ministro espanhol insistiu que as relações entre Cuba e o Estado espanhol eram “positivas”.

Moratinos viu-se obrigado a dar explicações diante dos meios de comunicação depois que o jornal El Mundo publicou ontem que Cuba tinha expulsado uma equipe de agentes do CNI que se dedicava a vigiar os refugiados bascos. As mesmas fontes asseguraram que estariam realizando perseguições similares em países como Venezuela, onde há algumas semanas foi preso o exilado Iñaki Etxeberria.

A notícia encontra-se em ABP Notícias.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

45º Aniversario das FARC-EP

por Estado-Maior Central

"As circunstâncias políticas são propícias para o acionar do Movimento armado e do Movimento Bolivariano"
Manuel Marulanda Vélez

Neste pensamento de Manuel está retratada a alma das FARC como bandeira ao vento. Há 45 anos surgimos nas alturas de Marquetalia, a montanha da resistência dos povos, buscando a paz para a Colômbia, a justiça e a dignidade. Desde então somos a resposta armada dos despossuídos e dos justos às múltiplas violências do Estado.

A paz é a nossa estratégia e o acionar do Movimento armado empunhando a bandeira da alternativa política é a táctica para chegar a ela. Dizemo-lo também com a palavra de fogo de Bolívar: "a insurreição anuncia-se com o espírito de paz. Resiste ao despotismo porque este destrói a paz e não empunha as armas senão para obrigar os seus inimigos à paz". Por ela deram a sua vida Manuel Marulanda Vélez, Jacobo Arenas, Efraín Guzmán, Raúl Reyes, Iván Ríos e toda essa invencível legião de comandantes e combatentes aos quais hoje recordamos com veneração. Para todos eles, honra e glória neste aniversário das FARC.

"Aquele que assegura a sua honra – dizia o Libertador – dedicando sua vida ao serviço da humanidade, à defesa da justiça e ao extermínio da tirania, adquire uma vida de imortalidade ao deixar o âmbito da matéria que o homem recebe da natureza. Uma morte gloriosa triunfa sobre o tempo e prolonga a sublime existência até à mais remota posteridade" ... É o que ocorre com todos eles, que apesar de haverem partido continuam vivos nos fuzis e no projecto político das FARC, com Bolívar a combater pela Nova Colômbia, a Pátria Grande e o Socialismo, ombro a ombro com o povo e seus guerrilheiros.

Queremos o país vislumbrado pelo Manifesto das FARC e pela Plataforma Bolivariana pela Nova Colômbia. Queremos que ele surja de um Grande Acordo Nacional rumo à Paz rubricado por todas as forças dispostas a protagonizar a mudança das estruturas injustas e anacrónicas, sem exclusões. Emanado de um pacto social rodeado de povo que instrumente a articulação de uma alternativa política com vistas à conformação de um novo governo nacional, patriótico democrático, bolivariano, rumo ao socialismo. Sim, rumo ao socialismo, que é justiça e redenção dos povos, a arca de salvação da humanidade frente ao afundamento do sistema capitalista mundial.

A dignidade da Colômbia e o resgate do sentimento de pátria reclamam uma nova liderança que privilegie a unidade e o socialismo ao avançar rumo ao futuro. Um novo grito de independência nos convoca, mostrando-nos o campo de batalha de Ayacucho do século XXI onde flameja a certeza do triunfo da revolução continental, a de Bolívar e dos nossos próceres.

É hora de superar a vergonha nacional que representa um governo ilegítimo e ilegal, gerador de morte e pobreza. Um governo que, apoiado pelo de Washington, só actua para perpetuar a guerra e a discórdia enquanto garante a sangue e fogo a segurança investidora às transnacionais que saqueiam os nossos recursos. Um regime apátrida que, apesar do alto número de tropas norte-americanas que intervêm no conflito interno da Colômbia, permite que o nosso solo sagrado seja espezinhado por mais tropas estrangeiras, as expulsas de Manta, permitindo aos Estados Unidos operarem nesta terra uma base de agressão para o assalto aos povos irmãos do continente. Um governo desavergonhadamente narco-militar, que já não se importa perante as contundentes confissões de capos paramilitares que asseguram, como "Don Berna", haver financiado com dólares da cocaína as campanhas presidenciais de Álvaro Uribe Vélez. Um governo e um presidente que converteram o Palácio de Nariño em escuro antro de conspiração entre mafiosos para desestabilizar os Tribunais, obstruir a justiça e deixar sem efeito a independência dos poderes públicos. Que extraditou para os Estados Unidos dos cabecilhas paramilitares quando estes começaram a vincular o séquito de Uribe, os generais, os empresários e os ganadeiros à estratégia paramilitar do Estado que sangra a Colômbia.

O país não sai do assombro perante o autismo da Promotoria, que prefere enterrar a sua cabeça na areia a fim de não empreender qualquer acção de responsabilidade penal contra as empresas Chiquita Brand – a mesma do massacre das bananeiras em 1928 –, a Drummond, Postobón, Brasilia, Carbones del Caribe..., denunciadas pelo chefe paramilitar Salvatore Mancuso como financiadoras do paramilitarismo. O mesmo cabecilha revelou que o massacre da Gabarra, no qual foram assassinados 40 camponeses, perversamente atribuído à guerrilha a fim de desprestigiá-la, foi realmente executado pelos paramilitares, pelo exército e pela polícia.

A máscara caiu. A Uribe ronda-o insistente o fantasma de Fujimori, condenado no Peru a 25 anos de prisão por crimes de lesa humanidade. Prevê que os covardes assassinatos de civis não combatentes, estimulados pela insânia de mostrar a todo transe resultados com sangue da sua política fascista de segurança, não ficarão na impunidade. Clamam justiça ao céu o deslocamento forçado de mais de 4 milhões de camponeses, o despojamento das suas terras, as milhares de fossas comuns e a vinculação do presidente a massacres de cidadãos indefesos. O chefe paramilitar que denunciou a responsabilidade directa de Uribe no espantoso massacre de El Aro, Antioquia, acaba de se assassinado para satisfação do tirano do Palácio de Nariño. Ele sabe que, cedo ou tarde, terá que responder pelos seus crimes.

Deve ser revogado o mandato de um presidente que impôs o desonroso recorde de ter mais de 90% da sua bancada parlamentar vinculada ao processo da narco-parapolítica; que mantém como ministros de Estado delinquentes subornados; que utiliza o poder para enriquecer os seus filhos, que converte o serviço diplomático em refúgio de assassinos como o tantas vezes denunciado general Montoya, e que promove referendos inconstitucionais para perpetuar-se no poder como mecanismo de fuga à justiça. Uribe é um verdadeiro bandido que se ampara por trás da faixa presidencial.

Quantos problemas internacionais gerou a sua absurda pretensão de transnacionalizar a política fascista de segurança com a qual o governo da Colômbia arroga-se o direito de actuar extraterritorialmente no desenvolvimento da sua visão particular e da sua estratégia contra-insurgente, por cima dos povos e dos seus governantes, pisoteando a soberania das nações e desestabilizando a região, sempre apoiado pelo governo de Washington.

Quer incendiar o país indefinidamente com o fogo da guerra e da violação dos direitos humanos, aferrado à quimera do triunfo militar. Com inconsequência nega a existência do conflito político e social, mas coloca a sua ilusão enfermiça no Plano Patriota do Comando Sul do Exército dos Estados Unidos, crendo inutilmente que a inconformidade social pode ser abatida a tiros e a tecnologia militar de última geração.

Incrementar a base de força a mais de 450 mil efectivos por conta da maior ajuda militar dos gringos no hemisfério não o manterá no poder, porque assim o diz a experiência história e o bom senso. "Os povos que combateram pela liberdade exterminaram por fim os seus tiranos". Mas além disso um governo desprestigiado, atado à ilegitimidade e acossado pela crise do capitalismo mundial é um governo condenado ao fracasso.

A Colômbia de hoje não quer o guerreirismo ultramontano do governo. Quer soluções para o desemprego e a pobreza crescentes. Reclama o investimento social, sacrificado no altar da guerra. Pede educação, habitação, saúde, água potável, direitos trabalhistas, terra, estradas, electricidade, telefonia e comunicações, comércio de produtos, renacionalização das empresas que foram privatizadas, castigo da corrupção, soberania do povo, protecção do meio ambiente, democracia verdadeira, liberdade de opinião, libertação de presos políticos, fim à extradição irracional de nacionais que mantém de joelhos a soberania jurídica, informação veraz, relações internacionais de respeito recíproco entre as nações, integração e Pátria Grande, justiça social e paz.

Uribe teme, como o diabo à água benta, o clamor crescente dos que pedem paz, castigo aos crimes de Estado e novo governo. Por isso exige com angústia que o tema da paz seja proscrito do debate eleitoral que se avizinha. É a loucura e o absurdo transfigurados num mandatário que quer encadear o país aos seus ódios e ressentimentos. Ninguém poderá desligar de um projecto de nova sociedade e novo governo a paz a que anelam as maiorias nacionais. Ela é a bandeira que unirá os colombianos contra a tirania, a guerra e a injustiça.

Devemos estar todos alerta para impedir a manobra uribista de mudar o actual Registrador Nacional por um dos seus serventuários. A única esperança do guerreirismo desgrenhado perante o anseio das maiorias é a fraude. E é o que devemos impedir agora, uma vez que este foi amo e senhor das eleições de 2002 e de 2006. A reeleição de Uribe é um asqueroso monumento à fraude e ao roubo erguido pelo ex-director do DAS, Jorge Noguera, e pelo capo narco-paramilitar Jorge 40. Nas 4 milhões de assinaturas recolhidas pelos uribistas em favor do referendo com apoio de dinheiros de DMG estão estampadas as assinaturas de um milhão e meio de mortos. Isso é fraude e roubo.

Fraude à opinião pública é também a peregrina fábula da derrota militar da guerrilha, argumento falacioso, parente dos "falsos positivos", utilizado no fundo para justificar os terríveis desaforos do Estado contra a população civil. Como sempre quiseram com Manuel Marulanda Vélez, quiseram matar as FARC com os fuzis do desejo e o ensurdecedor matraquear das rotativas. Nenhuma guerrilha pode ser exterminada com disparos de tinta. Não há era do pós-conflito senão no sonho delirante do guerreirismo sem futuro de um regime em decadência.

Das montanhas da resistência, como temos vindo a fazer desde há 45 anos, convocamos os colombianos a mobilizarem-se resolutamente pela paz, a paz que nos negaram os santanderistas e o império washingtoniano quando mataram Bolívar e a Colômbia da unidade dos povos em 1830. O passado conta na construção da sociedade futura. Ninguém nos pode desligar do destino assinalado pelo Libertador nas origens da República. A incitação do senador Álvaro Gómez Hurtado em princípios da década de 60 a submeter a sangue e fogo o que considerou "República Independente de Marquetalia" não foi suficiente para entender que os problemas nacionais não se solucionam através da violência do Estado. Há que construir uma Nova Colômbia sobre o sólido cimento da paz concertada.

O Grande Acordo Nacional Rumo à Paz deve ter como norte estratégico a formação de um novo governo que garanta ao povo "a maior soma de felicidade possível, a maior soma de garantias sociais e a maior soma de estabilidade política", como exigia o Libertador. Um governo patriótico, democrático, bolivariano, rumo ao socialismo, como assinala da Plataforma Bolivariana pela Nova Colômbia.

Como garantia de paz e de soberania nacional devemos erigir novas Forças Armadas compenetradas da doutrina militar bolivariana que inculca o amor ao povo e o ódio à tirania. Não devemos esquecer que o exército patriota foi o criador da Colômbia e da República nas fulgurantes vitórias de Boyacá e de Carabobo, e que seu comandante Bolívar definiu-o como "defensor da liberdade", acrescentando que "as suas glórias devem confundir-se com as da república, e sua ambição deve ficar satisfeita ao fazer a felicidade do seu país". Assim devem ser as novas Forças Armadas e estamos seguros de que muitos dos actuais oficiais sonham desempenhar esse papel.

Solidarizamo-nos com a luta justa das famílias dos soldados regulares que reclamam o direito de não serem obrigados a entrar em combate mortal com a guerrilha. A guerra que o governo nega para não reconhecer o carácter político da insurgência que luta pelo poder, apenas no mês de Março produziu 297 militares mortos e 340 feridos. Conclamamos aos soldados a que não se deixem utilizar mais como carne de canhão defendendo interesses que não são os seus e sim de uma oligarquia podre e criminosa, insolidária, que muito pouco faz por eles se caem prisioneiros ou ficam mutilados. Estados seguros que os seus familiares também quiseram gritar ao governo, com o professor Moncayo, que os seus filhos não foram paridos para a guerra da oligarquia.

Para alcançar o objetivo da Nova Colômbia é necessário reorganizar o Estado na base da soberania do povo, tal como concebeu o Libertador em Angostura. Aos três ramos do poder público devemos acrescentar os poderes moral e eleitoral, instituindo a revogação do mandato em todas as instâncias de eleição popular. Não mais cópias de leis estrangeiras para resolver os nossos assuntos internos. Não mais sistema penal acusatório. Exigimos um novo governo que castigue exemplarmente a corrupção e feche espaços à impunidade, que proscreva a política neoliberal que causa nossas desgraças económicas e sociais. O país e o governo que sonhamos devem assegurar o controle dos ramos estratégicos, estimular a produção em suas diversas modalidades, fazer respeitar a nossa soberania sobre os recursos naturais. Tornar realidade a educação gratuita em todos os níveis, levar justiça ao campo com uma verdadeira reforma agrária que gere emprego e soberania alimentar e semear a infraestrutura do progresso nacional. Os contratos com as transnacionais que sejam lesivos para a Colômbia devem ser revistos, assim como os pactos militares, os tratados e convénios que manchem a nossa soberania devem ser anulados. Neste mesmo sentido o país não tem porque pagar a dívida externa naqueles empréstimos viciados de dolo em qualquer das suas fases. Solução não militar nem repressiva ao problema social da narco produção. A nossa política internacional deve reorientar-se rumo à integração solidária dos povos da Nossa América na Pátria Grande bolivariana, e o Socialismo.

A etapa definitiva da luta pela paz começou. O povo colombiano não pode afrouxar até que seja concretizado este direito.

Com Bolívar, com Manuel, com o povo, ao poder! Manuel vive na luta do povo colombiano.

Juramos vencer e venceremos.

Secretariado do Estado Maior Central das FARC-EP Montanhas da Colômbia, Maio de 2009

Base de Manta fechará antes do tempo estipulado pelo governo equatoriano

Promessa de campanha do presidente Rafael Correa, o fechamento da base militar estadunidense, em Manta, será antecipado para setembro, conforme anúncio da chancelaria dos Estados Unidos. A decisão de não manter bases estrangeiras no país foi ratificada na atual Constituição, aprovada em referendo no ano passado.

Um convênio entre os dois países permitia a instalação da Base Área dos Estados Unidos por dez anos (a base se retiraria em novembro deste ano). Desde que assumiu a presidência, Correa foi incisivo não só em não renovar o contrato, como pediu a retirada da forças militares dos EUA do território equatoriano.

Com o argumento de ser utilizada no combate ao narcotráfico, a Base tinha permissão para sobrevoar todo o território equatoriano. No entanto, ao longo destes anos foram várias as denúncias encaminhadas às organizações de direitos humanos e ao próprio governo do Equador sobre os mais variados desrespeitos e violações às pessoas próximas ao local.

Ainda ontem (21), uma comissão formada por membros do Legislativo e representantes da Coalizão Não Bases estiveram em Manta para averiguar algumas dessas denúncias. Segundo documentos elaborados pela Coalizão, as denúncias vão desde impactos ambientais causados pela ingerência dos Estados Unidos no local até casos de violação sexual às moradoras nativas, abuso contra trabalhadoras do sexo, e apropriação de barcos de pescadores.

O pretexto de luta antiterrorista e de combate ao narcotráfico é veemente criticado por diversas organizações.

A Coalizão lembra ainda que persiste a presença militar estadunidense em bases em Honduras, El Salvador, Cuba, Aruba e Curazao. "Esta articulação nos mostra que é fundamental desenvolver uma estratégia articulada da América Latina e Caribe para conseguir a abolição das bases militares estrangeiras na região", afirmou em comunicado a Rede Mundial No Bases.

A notícia encontra-se em Adital.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Cerca de cinco mil protestam contra 'CPI da direita'. Cresce campanha O Petróleo tem que ser nosso!

Cerca de 5 mil pessoas, entre integrantes de movimentos populares,centrais sindicais, organizações de estudantes e cidadãos, participaramda manifestação em defesa de uma nova lei do petróleo e da soberania nacional, realizada na manhã desta quinta-feira (21/5), no centro dacidade do Rio de Janeiro. O ato foi uma importante demonstração de unidade da esquerda, quedefende a retomada do monopólio estatal das jazidas de petróleo e acriação de um fundo social soberano para garantir o investimento dosrecursos do pré-sal nas áreas sociais, como educação, saúde,habitação e reforma agrária.

"Precisamos organizar uma campanha de massa nacional para garantir que osrecursos do petróleo sejam destinados para resolver os problemas do povobrasileiro", afirmou o integrante da coordenação nacional do MST, João Paulo Rodrigues. Segundo ele, os desafios dos trabalhadores na defesa do petróleo são muito maiores do que os obstáculos impostos na atual conjuntura pela CPI da Petrobrás, que foi instalada na semana passada depois de manobra do PSDB. "Defender o petróleo e a Petrobrás é organizar o povo, porque sóserá possível defendê-los se estivermos nas ruas", disse João Paulo.

A mobilização foi encerrada por volta das 13h30, diante do edifício sede da Petrobrás, na avenida Chile, depois de uma passeata que fechou as seis pistas da avenida Rio Branco e de um abraço simbólico em torno da sede da empresa. O ato faz parte da articulação da campanha "O Petróleo tem que ser nosso!", que pretende fazer um grande mutirão nacional para debater a necessidade do controle público do petróleo e gás, para melhorar a vida do povo brasileiro e garantir a soberania nacional.

Também participaram do ato parlamentes e representantes dos partidos à esquerda, como PCB, PCdoB, PSB, PT, PSOL e PSTU. O presidente da ABI(Associação Brasileira de Imprensa), Maurício Azedo, esteve presente e declarou apoio à campanha. "Estamos na campanha em defesa do petróleo, na defesa do Brasil e em defesa de um fundo soberano, para garantir que os recursos sejam destinados ao povo brasileiro", afirmou a presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Lucia Stumpf.

"É prioritária a luta pela reestatização da Petrobras, porque uma empresa estatal, apesar das suas limitações, pode estar a serviço da resolução de algumas questões sociais", defende o presidente do PCB(Partido Comunista Brasileiro), Ivan Pinheiro.

"A campanha cria uma base unitária na defesa do petróleo e é hora de ocupar as ruas porque o futuro do Brasil passa pelo pré-sal", afirmou Renato Simões, secretário nacional de Movimentos Populares do PT.

"Temos que ocupar as ruas de todo o país na defesa do nosso petróleo,que tem que garantir melhores condições de vida para o povo e o futuro nas próximas gerações", acredita Emanuel Cancella, o coordenador do Sindicado dos Petroleiros do Rio de Janeiro e integrante da FNP (Frente Nacional dos Petroleiros).

"Queremos o controle sobre o pré-sal nas mãos do povo brasileiro. É uma riqueza gigante que deve ser destinada para fortalecer e consolidar políticas de Estado que garantam distribuição de renda e diminuição das desigualdades", afirmou o coordenador da FUP, João Antonio de Moraes. "Os bons brasileiros serrarão fileiras na campanha 'O petróleo tem que ser nosso!' e a nossa proposta é a retomada do monopólio estatal do petróleo sob controle das forças populares", completou.

Fonte: Mst, Anp.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

ATO DA CAMPANHA "O PETRÓLEO TEM QUE SER NOSSO!"

CONVOCATÓRIA
ATO DA CAMPANHA "O PETRÓLEO TEM QUE SER NOSSO!"
Por uma nova lei do petróleo, retomada do monopólio sobre as jazidas e
em defesa de uma Petrobrás pública e com compromisso socialCANDELÁRIA, RIO DE JANEIRO
Data - quinta-feira, 21/5
Concentração: 9H00, na Candelária


O PETRÓLEO TEM QUE SER NOSSO!
A descoberta do petróleo na camada do pré-sal pode mudar a nossa história, abrindo uma oportunidade para resolver os problemas do povo com a utilização desses recursos em educação, saúde, trabalho, moradia e Reforma Agrária

Estamos diante de uma grande encruzilhada: construir um projeto que beneficie o povo ou continuar fornecendo riquezas naturais ao capital internacional? A crise econômica e a descoberta dessas riquezas abrem novas possibilidades para os trabalhadores. As grandes empresas não querem mudanças!

O controle do nosso petróleo depende antes de tudo da luta do povo brasileiro contra os interesses poderosos, das grandes empresas e dos imperialismo dos Estados Unidos.

Nós, centrais sindicais, movimentos populares e entidades estudantis e organizações da sociedade civil, estamos fazendo a campanha O PETRÓLEO TEM QUE SER NOSSO! em defesa de um recurso natural estratégico, que deve ficar sob controle público e sua renda deve revertida em investimentos sociais. Estamos animados em resgatar a campanha "O Petróleo é nosso", da década de 50, que teve como desfecho a criação da Petrobras e o monopólio estatal de exploração e produção.

Vamos fazer um grande mutirão nacional para debater a necessidade de controlarmos o nosso petróleo e gás para melhorar a vida do povo brasileiro.

Para isso, estamos coletando assinaturas para abaixo-assinado de iniciativa popular de projeto de lei para o Congresso Nacional, que pretende "assegurar a consolidação do monopólio estatal do petróleo, a reestatização da Petrobrás, o fim das concessões brasileiras de petróleo e gás, garantindo a destinação social dos recursos gerados". As assinaturas serão encaminhadas também ao presidente da República.
Temos propostas para mudanças nesse setor:
- Mudança na lei do Petróleo, restabelecendo o monopólio estatal e fim dos leilões;
- Fim da exportação do petróleo cru, com investimento na indústria petroquímica;
- Fazer a mensuração do tamanho da riqueza do pré-sal com a conclusão do processo exploratório. Precisamos ter um inventário de onde está, qual a abrangência e quantidade e quem comprou nos leilões os blocos sobre o pré-sal.
- Fundo social soberano de investimento voltado para as necessidades do povo brasileiro.
- As populações impactadas devem ser respeitadas, defesa da produção nacional e internacional solidária e integradora;
- Redução do uso do petróleo e avançar nas pesquisas de nova matriz energética, limpa e renovável;
- Que a exploração, produção e transporte sejam realizados pela Petrobrás 100% Estatal;
- Apoio às campanhas contra privatizações e contra a criminalização dos movimentos sociais.
Tivemos um grande retrocesso nos últimos 10 anos na área do petróleo. As políticas neoliberais dos tucanos/demos, durante do governo FHC, comprometeram a soberania nacional e entregaram o petróleo a empresas privadas. Tentaram também entregar a Petrobrás para o capital financeiro internacional, mas não conseguiram integralmente.
De forma irresponsável e oportunista, a direita tenta mais uma vez atacar a Petrobrás para atender seus interesses políticos e econômicos, beneficiando a classe dominante brasileira, grandes empresas estrangeiras e o Imperialismo.
O petróleo tem que ser nosso!
Contra a privatização da Petrobrás!
Em defesa de uma Petrobrás popular, totalmente pública, solidária e internacionalista!
CAMPANHA O PETRÓLEO TEM QUE SER NOSSO!

Posição do MST sobre a inclusão de acampados no Bolsa Família

1- Defendemos todas as políticas públicas que contribuam para resolver os problemas emergenciais das famílias de trabalhadores pobres do campo e da cidade, como a cesta básica e o programa Bolsa Família.

2- No entanto, consideramos insuficientes essas políticas assistencialistas, que são limitadas e não resolvem os problemas estruturais da sociedade brasileira, como a terra, educação, saúde e habitação.

3- Defendemos o assentamento imediato de todos os acampados e a atualização dos índices de produtividade como medidas emergenciais para resolver os problemas das famílias que vivem na beira de estradas em todo o país.
4- Somos contrários às políticas do governo para ajudar os bancos e grandes empresas diante da crise econômica mundial, que vai piorar as condições de vida de todos os trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade.
5- A solução para os trabalhadores rurais é a realização de uma Reforma Agrária Popular e um programa de agroindústrias em todas as cooperativas de assentamentos, para garantir a produção de alimentos para toda a população e a geração de renda para as famílias assentadas.
SECRETARIA NACIONAL DO MST
A notícia encontra-se no site do MST.

A CPI da Petrobrax e a tucanalhada

Os tucanos queriam privatizar a Petrobrás, como parte dos acordos assinados com o FMI, trocaram o nome da empresa – orgulho e patrimônio nacional – para Petrobrax, para tirar essa marca de “Brasil”, negativa para eles, e torná-la uma “empresa global”, a ser submetida a leilão no mercado internacional. Não conseguiram. Seu ímpeto entreguista durou menos de 24 horas diante do clamor nacional. Se deram conta que naquele momento tinham avaliado mal os sentimentos do povo brasileiro, que tinham ido longe demais no seu ardor privatizante e entreguista. Tiveram que recuar, mas nunca abandonaram seu projeto, tanto assim que venderam 1/3 das ações da Petrobras na Bolsa de Valores de Nova York, como primeiro passo para a privatização da empresa.
Tinham colocado em prática o programa econômico mais antinacional, de maior abertura ao capital estrangeiro, que o Brasil conheceu, sob o mando de FHC e seus ministros econômicos – Pedro Malan e Jose Serra. Quebraram o país três vezes e correram pedir mais há empréstimos ao FMI, assinando com presteza as Cartas de Intenção, de submissão aos organismos financeiros internacionais. Na crise de 1999, subiram as taxas de juros a 49%, para tentar segurar o capital especulativo e impuseram uma recessão de que a economia só voltou a se recuperar no governo Lula. Entre as cláusulas secretas da Carta de intenções assinadas nesse momento, a imprensa revelou que constava a privatização da Petrobras, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica.
Foram rejeitados pelo povo. Quando Lula, no sexto ano do seu governo, tem o apoio de 80% da população e a rejeição de apenas 5%, FHC tinha o apoio de apenas 18%, mesmo contanto com o apoio total da totalidade da grande mídia, essa mesma que rejeita a Lula.
Viram, com frustração, a Petrobrás se transformar na maior empresa brasileira e em uma das maiores do mundo, conseguir a auto suficiência em petróleo para o Brasil, descobrir o pré-sal, entre tantas outras conquistas, afirmando seu caráter nacional e de identificação com a construção de um Brasil forte.
Mas não se conformaram. Na calada da noite organizaram uma CPI sobre a Petrobrás. Enquanto o povo quer uma CPI sobre a Petrobrax. Tratam de impor os danos que consigam à maior empresa brasileira, tentam impedir que a exploração do pré-sal fique nas mãos do Estado brasileiro, querem afetar o valor das ações da empresa, obstaculizar seus planos de expansão e de crescimento. Porque lhes dói tudo que seja nacional, tudo que represente fortalecimento do Brasil como nação.
São os corvos do século XXI, os novos lacerdistas, os novos udenistas, a direita branca e elitista, antinacional, antipopular, que sente asco pelo povo e pelo Brasil. FHC espumava de raiva ao ver que para tentar ter alguma chance de disputar o segundo turno com Lula, o candidato do seu partido rejeitou as privatizações do seu governo, comprometeu-se a não tocá-las pra frente, sabendo que se chocam frontalmemente com os sentimentos do povo brasileiro.
Querem prejudicar a imagem da Petrobrás, a fortaleza da empresa de que se orgulham os brasileiros, que a querem cada vez mais forte e mais brasileira. Acenam para as grandes empresas estrangeiras de petróleo com a possibilidade de dar-lhes o controle do pré-sal, como presente de ouro, caso consigam retomar o governo no ano que vem, garantindo-se ao mesmo tempo polpudos financiamentos eleitorais. Não hesitam em sacrificar tudo o que seja nacional e popular, contanto que possam voltar ao governo e seguir dilapidando o patrimônio publico.
São definitivamente uma tucanalhada, que precisa ser repudiada e rejeitada pelo povo brasileiro, para que não possam seguir tentando causar danos ao Brasil. Tirem suas patas entreguistas de cima da Petrobrás, do pré-sal e do Brasil, tucanalhada antinacional, antipopular e antidemocrática. O Brasil é maior que vocês, os rejeitou tantas vezes e vai rejeitá-los de novo. É Monteiro Lobato contra Carlos Lacerda, Getúlio contra Rockfeller, o povo brasileiro contra a tucanalhada de FHC. Que se instaure a CPI que o povo quer – a CPI da Petrobráx, onde estão as digitais dessa corja de odeia o povo e o Brasil.
O artigo encontra-se em Carta Maior.

A esquerda chilena se une e marcha rumo ao socialismo do século XXI

por ABN

No passado 26 de abril, os partidos chilenos de esquerda apresentaram Jorge Arrate como candidato às eleições presidenciais que se celebrarão nessa nação em dezembro próximo.

A conformação da aliança Frente Ampla/Juntos Podemos MAS responde a uma necessidade das forças antineoliberais do Chile que buscam somar-se à corrente de mudança que inunda o continente Latino-americano rumo ao socialismo do Século XXI.

Conformação desde a base

A eleição do candidato allendista Arrate foi o último passo dado dentro de um processo de unidade iniciado desde as bases.

Assim o sinalizou, em entrevista telefônica para a Agência Bolivariana de Notícias (ABN), o integrante do Comitê Central do Partido Socialista do Chile, Esteban Silva Cuadra, que detalhou como foi essa construção.

"Primeiro se instalaram ao largo e na extensão de todo o país mais de 198 Assembleias Unitárias de Esquerda de base, que culminaram nos días 25 e 26 de abril na eleição do programa único, alternativo e antineoliberal de governo para o futuro e a eleição do candidato único", explicou.

Da reunião final, realizada na Universidade Técnica do Estado (UTE) em Santiago do Chile, participaram mais de 3 mil delegados e delegadas das diferentes agrupações que conformam a Frente, os quais decidiram mediante o voto que Arrate era quem melhor representava o projeto debatido com anterioridade em todo o território nacional.

Esse candidato participou do governo de Salvador Allende, quem a fins de 1970 o encarregou da compra da Empresa Editora Zigzag e da direção provisória dela, a qual se converteu na Quimantú, a mais exitosa experiência editorial da história do livro chileno.

Em começos de 1971, Allende designou Arrate como seu Assessor Econômico e em meados do ano o nomeou Vice-presidente Executivo da Corporação do Cobre do Chile (Codelco), onde teve a seu cargo o processo de nacionalização desse metal.

Em junho e julho de 1972, exerceu ao mesmo tempo, em caráter interino, a direção do Ministério das Minas e logo do 11 de setembro de 1973, data em que foi derrocado Allende, se viu obrigado a marchar para o exílio.

Projeto libertador

Mas a Frente Ampla/Juntos Podemos MAS recolhe algo mais do que uma simples personagem desse projeto de mudança libertador que Allende buscava levar adiante: "O candidato representa um projeto socialista, allendista, um projeto de país, do socialismo do século XXI, que chegou para ficar mais além das eleições de dezembro próximo", declarou Silva Cuadra.

O integrante do Comitê Central do Partido Socialista manifestou que a proposta do movimento é gerar uma alternativa de governo antineoliberal, com o objetivo principal de conformar uma Assembleia Constituinte para criar uma nova Carta Magna.

"Necessitamos de uma nova Constituição para o Chile, que redefina o rol do Estado frente às riquezas naturais e a economia, com mecanismos que permitam terminar com a exclusão no país", declarou.

Silva Cuadra explicou que da Frente formam parte os partidos Comunista, Esquerda Cristã, Humanista, Socialistas allendistas e outros movimentos e grupos independentes de esquerda que provêm de distintas vertentes do socialismo popular revolucionário e da base da sociedade chilena.

Integração continental

A conformação da Frente Ampla/Juntos Podemos MAS recebeu a saudação de várias forças progressistas do continente como a Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN) de El Salvador, a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) da Nicarágua, o Partido Socialista do Perú, a Frente Ampla do Uruguai, o Partido Movimento Ao Socialismo (PMAS) do Paraguai, o Partido Comunista da Argentina e o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), entre outros movimentos sociais de países irmãos.

A respeito, Silva Cuadra advertiu que o projeto da aliança nacional de esquerda no Chile não é alheio ao processo de mudança pelo qual transita a América Latina e o Caribe.

"Não estamos distantes do projeto encabeçado pelo presidente Hugo Chávez Frías na República Bolivariana da Venezuela, pelo presidente Evo Morales na Bolívia, pelo presidente Rafael Correa no Equador, Daniel Ortega na Nicarágua e agora Mauricio Funes em El Salvador", ressaltou.

Por essa razão, o ativista asseverou que a Frente Ampla/Juntos Podemos MAS se inscreve nos novos ares que empurram o avanço dos movimentos populares progressistas para a construção do Socialismo do século XXI em todo o continente latino-americano.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

A GESTAPO colombiana


O “bom garoto” Jorge Noguera, ex-diretor do DAS , amigo íntimo e mão direita de Uribe Vélez, é chamado a julgamento pelos homicídios de sindicalistas, defensores de direitos humanos e políticos, que denunciaram o pacto entre o paramilitarismo e a casta política colombiana.
Foto: colombiana desmembrada com motoserra, arma da ‘segurança democrática’ de Uribe Vélez.

ANNCOL

O procurador (engavetador) geral da Colômbia Alejandro Ordóñez, membro superior da Opus Dei no país, e assessor jurídico pessoal de Uribe Vélez (segundo reconheceu publicamente a própria AUV), iniciou a manobra jurídica para ocultar a verdade dos acontecimentos que estão vindo à tona sobre a terrível ação da Polícia Política colombiana, ou melhor, a GESTAPO Uribista, e muito provavelmente absolvê-los, com a mesma mentira repetida mil vezes, de que vai fazer uma investigação exaustiva até chegar às últimas conseqüências, mas investigando pessoas do segundo nível da maquinária infernal e deixando intencionalmente de fora o “Mortesino” colombiano José Obdulio e seu chefe “Urimori”, verdadeiros responsáveis por toda esta podridão.

Ao mesmo tempo, inicia-se a manobra midiática da propaganda do governo com o drama de que cruzaram (interceptaram) às sagradas instituições da democracia, com a qual se rasgam hipocritamente as vestimentas, mas com o fim obscuro de desviar a atenção do verdadeiro problema DO TERRORISMO DE ESTADO e os FUZILAMENTOS oficiais de sindicalistas, defensores de direitos humanos e opositores ao regime; realizadas pelos militares do exército colombiano e seus paramilitares oficiais, além dos que foram assassinados a partir de listas com nomes e endereços precisos elaborados pelo DAS, a GESTAPO Uribista, para serem entregues aos criminosos de Guerra.

E é precisamente esse duplo papel Nazista; de espionagem ilegal de toda a sociedade (sem exceções) e os assassinatos baseados em listas elaboradas pela Polícia Política Uribista, o DAS tal qual Hitler fez; é o que deve ser investigado e esclarecido para o mundo que olha horrorizado para o que está acontecendo na Colômbia. Isto é o que deve garantir o escritório das Nações Unidas que foi chamada em auxílio pela Corte Suprema de Justiça da Colômbia.

A corporação Colectivo de Abogados.Org – José Alvear Restrepo- da Colômbia elaborou um informe jurídico que nos permite saber, para o esclarecimento de nossos leitores, onde acontece a comprovada relação de Jorge Noguera, ex-diretor do DAS e amigo político de Uribe Vélez, em toda esta tragédia colombiana.

...”Jorge Noguera, o ex-diretor do DAS e mão direita do Presidente, foi chamado a julgamento pelos homicídios de sindicalistas, defensores de direitos humanos, e políticos que denunciaram o pacto entre o paramilitarismo e a classe política colombiana.

O Fiscal Geral da Nação, Dr. Mario Iguarán Arana, acaba de reconhecer a responsabilidade penal de Noguera nos homicídios de sindicalistas, defensores de direitos humanos e políticos que denunciaram o pacto entre o paramilitarismo e a classe política colombiana; assim o DAS, que, durante a sua administração, foi colocado a serviço do paramilitarismo na Colômbia, tal como havia sido expressamente solicitado pelos representantes da Parte Civil, advogados da Corporación Colectivo de Abogados “José Alvear Restrepo”.

Lamentavelmente, o representante da Procuradoria Geral da Nação pediu a preclusão da investigação relacionada com os homicídios, ou seja, não examinou as abundantes provas existentes contra Noguera, em relação com sua responsabilidade pelos homicídios de sindicalistas, defensores de direitos humanos e políticos, que denunciaram o pacto entre o paramilitarismo e a classe política colombiana.

Portanto, Noguera Cotes deverá responder pelos crimes de Formação de Quadrilha Agravado enquanto fomentou, promoveu, financiou e desenvolveu atividades conjuntas com o paramilitarismo; de Homicídio Qualificado contra os defensores de direitos humanos Alfredo Correa D´Andreis, os sindicalistas Zully Esther Condina e Adán Pacheco, assim como do político e sociólogo Fernando Pisciotti Van Strahlen, uma vez que essas pessoas foram assassinadas em razão de seu trabalho de denúncia sobre a associação do paramilitarismo com diversos setores do Estado colombiano.

Jorge Noguera ainda foi acusado de Utilização de assuntos confidenciais, ao entregar informação de inteligência ao paramilitarismo, de Destruição, Supressão ou Ocultamento de Documento Público, ao apagar antecedentes e outras informações com relação aos paramilitares “e” narcotraficantes; de Abuso de autoridade por cometer atos arbitrário e coagir os funcionários do DAS que desenvolviam atividades de perseguição ao paramilitarismo; além de ter recebido e cobrado porcentagens em relação a somas de dinheiro que eram remetidas ao paramilitarismo, ilícitas comissões que eram cobradas pela contratação do DAS.

Jorge Noguera Cotes foi diretor do DAS entre setembro de 2002 e outubro de 2005, depois foi nomeado cônsul em Milão, em seguida teve que regressar ao país para ser processado por graves crimes. Assim, foi detido inicialmente no dia 22 de fevereiro de 2007, mas recuperou sua liberdade mediante um habeas corpus outorgado pelo Conselho Superior de Justiça em 23 de março de 2007. No dia 6 de julho de 2007 Noguera foi capturado pela segunda vez e chamado a julgamento em 1º de fevereiro de 2008 pelos delitos de Formação de Quadrilha, Utilização de Informação Confidencial, Abuso de Autoridade, entre outros, enquanto continuava a investigação pelos Homicídios.

Mas durante a etapa de julgamento, a Sala Penal da Corte Suprema no dia 12 de junho de 2008 considerou que a atuação processual era nula na medida em que o Fiscal Geral da Nação Mario Iguarán não a executou diretamente, portanto, ordenou novamente sua liberdade imediata. Posteriormente, o Fiscal Geral, acatando a decisão da Corte Suprema, reabre o processo contra Noguera Cotes, o chama ao depoimento, reúne dezenas de provas que seguem demonstrando sua responsabilidade penal, motivo que impõe medida de encarceramento, sendo novamente detido no dia 12 de dezembro de 2008, momento desde o qual está privado da liberdade na Penitenciária Central da Colômbia “La Picota” em Bogotá. E finalmente, diante da evidência irrefutável de sua intervenção nos homicídios citados, é proferida uma resolução de acusação contra ele em decisão fechada no dia 6 de maio de 2009, ao julgá-lo co-autor das condutas imputadas.

Está provado que o DAS, desde seu nível central, com a chegada de Jorge Aurelio Noguera Cotes, integrou-se em uma estrutura criminosa assentada sobre o aparato legal e que, através da utilização dos privilégios que lhes eram entregues, prestava a contribuição necessária para o desenvolvimento paramilitar, sob o título de “guerra contrainsurgente” que, na realidade, tem sido a perseguição da população civil, como em relação com a tomada definitiva do poder, em virtude das derrotas que se evidenciaram com o denominado “Pacto de Ralito”.

Está provado que durante os últimos 10 anos, mais de 60% dos sindicalistas assassinados em todo o mundo são colombianos, que existe uma grande violência antisindical que se soma à de defensores de direitos humanos. Vários funcionários do DAS reconhecem que sindicalistas e defensores de direitos humanos foram objeto de “trabalhos de inteligência” para incluir essa informação em suas bases de dados e dali foram colocados em listas que Noguera entregou aos paramilitares (como Jorge 40) e logo, efetivamente, foram objeto de ameaças, deslocamentos, assassinatos e desaparecimentos forçados.

O assassinato de sindicalistas na Colômbia, segundo a OIT, tem a taxa mais alta do mundo, portanto o chamado a Jorge Noguera para que responda na justiça pelos graves e dolorosos crimes que cometeu, como um dos máximos responsáveis por estes crimes, é apenas um primeiro passo para romper a impunidade.

É fundamental que se siga avançando na determinação de responsabilizar os demais membros do aparato organizado de poder DAS-paramilitarismo. Além disso, é importante que as vítimas possam participar ativamente no julgamento e que isso não prejudique sua possibilidade de intervir como testemunha no mesmo. Por último, é relevante que a posição da Fiscalía no julgamento siga sendo congruente com a assumida na resolução de acusação, porque é lógica, legítima e justa, em relação com o que foi provado no processo.
Ainda nos aguarda uma decisão histórica definitiva que permita mostrar se existe ou não na Colômbia a possibilidade de avançar em superar a impunidade, e de julgar a nível nacional os máximos responsáveis pelos graves crimes cometidos contra sindicalistas na Colômbia, e desta forma dignificar as vítimas e a sociedade colombiana.
O original encontra-se em Anncol.eu.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Baretopolítica: Um empreendimento educativo das FARC-EP sobre a maconha

Com o nome de A Baretopolítica, as FARC-EP lançaram uma campanha educativa dirigida à juventude colombiana. Malena, uma jovem pintora que combate nas filas guerrilheiras pela Nova Colômbia, junto com Ronaldo, respondem em um vídeo a 7 perguntas sobre a maconha, como quais são meus direitos enquanto usuário de maconha, quem ganha o dinheiro quando eu fumo maconha, e que opinião tem as FARC-EP de que eu fume maconha. O vídeo, as pinturas de Malena e os gostos musicais de Ronaldo, entre outros, podem ser encontrados no facebook da Baretopolítica, onde também se poderá participar de um diálogo sobre o consumo da droga conhecida entre os jovens colombianos como a bareta, as culturas que se propiciaram a partir de seu consumo, a relação da compra e consumo da maconha com o “sujo negócio do narcotráfico” e com os problemas estruturais do país e tudo mais que apareça em um diálogo necessário com os que representam o futuro da pátria e não tiveram um espaço para debater sobre a Colômbia que querem, sua concepção de mundo e seus direitos em suas particulares formas de desenvolver-se nele.

Em Baretopolitica.blogspot encontra-se o vídeo, além do youtube, com algumas canções e documentos chave para compreender a postura das FARC-EP sobre o consumo de maconha e outros temas relacionados.

Imprensa Baretopolítica convida aos jovens colombianos e latinoamericanos que queiram somar-se a compartilhar a sua visão sobre a maconha e a iniciar um dos mil diálogos que temos pendentes para construir uma Nova Colômbia onde caibamos todos e todas.

A notícia encontra-se em ABP Notícias.

Família de Moncayo desautorizou Uribe

a resgatá-lo a tiros. Em carta pública do dia 22 de abril de 2009, na qual desautorizam “qualquer dispositivo militar, que em suas diversas formas busque através da força a liberdade de Pablo Emilio Moncayo Cabrera”. É um fato para o qual a senadora Piedad Córdoba é uma pessoa confiável neste ato estritamente humanitário.

Anncol

Uribe Vélez desrespeita e insulta a família Moncayo e, com sua negativa em não permitir a presença da senadora Piedad Cordoba, impede a libertação imediata de Moncayo Jr..

Assim falou Uribe na escola de cadetes santanderistas “O governo não colocou nenhum obstáculo à Cruz Vermelha. Não colocou nenhum obstáculo à Igreja Católica. O que não vamos permitir é que cedam com as pressões propagandísticas do terrorismo”, afirmou o diminuto presidente colombiano.

Tudo indica que a Bogotá não lhe interessa nem um pouco a integridade física de seus servidores públicos. Prioriza o resgate a tiros em troca da entrega unilateral assumida pelas FARC.

“Todo nosso compromisso para avançar nas operações militares e policiais que conduzam à libertação dos seqüestrados”, vociferou o mandatário da ‘segurança democrática’ em cerimônia de condecoração a general de outro detido nas mãos das Farc, o oficial Mendieta.

O cabo Moncayo foi feito prisioneiro de guerra há onze anos em combates com as Farc na serra Patascoy, base de comunicações do exército colombiano.
É um fato que a senadora Piedad Códoba é uma personalidade confiável neste ato estritamente humanitário.
A notícia encontra-se em Anncol.eu

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Liberdade para os prisioneiros do Império


Coordenação Continental Bolivariana – Seção Uruguai

Marcha 11 de maio, a partir do Paço Municipal até a Praça da Liberdade, pela liberdade dos 5 cubanos, Sonia e Simon Trinidad, todos prisioneiros do Império.

Se completam 10 anos do encarceramento de René Gonzalez, Ramón Labañino, Antonio Guerrero, Fernando González e Gerardo Hernandez. Estes 5 heróis cubanos foram injustamente condenados pelo governo estadunidense a penas que somam quatro prisões perpétuas mais 77 anos de prisão.

Em situação semelhante se encontram os dois guerrilheiros das FARC-EP, Sonia e Simon. A quem se tem negado o direito universal a defesa jurídica. Todas as testemunhas levadas de Bogotá para apresentar falsas declarações contra eles nas cortes do império são agentes do exército da Colômbia. Todos têm sido derrotados pelas idéias e convicções de Simon, a quem não têm permitido testemunhas favoráveis.

Os julgamentos que se seguem contra Simon e Sonia nos Estados Unidos são uma farsa do começo ao fim. Os dois foram arrancados de seu país burlando com armações da Procuradoria, do exército e do próprio Uribe, a proibição constitucional de extradição de nacionais por razões políticas. Todos vivem presos em masmorras, em condições subumanas, onde não lhe são permitidas sequer as visitas de suas esposas e/ou familiares.

No marco desta campanha de solidariedade a Cuba e com todos os reféns do império, nos mobilizamos desde a explanada da IMM até a Praça da Liberdade, neste 11 de maio às 19:00 hs.

Enlace original

O processo de transformação em El Salvador

Entrevista com Roger Alberto Blandino, prefeito membro do FMLN (Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional), cedida ao membro da Anncol Brasil, Thiago Ávila, em San Salvador, capital do país que recém elegeu o antigo movimento guerrilheiro para conduzir o processo de mudanças no país.

Thiago Ávila: El Salvador é um país que, historicamente, representou uma bota do imperialismo em nosso continente. Como se deu esse processo político que culminou com a eleição de Maurício Funes para a presidência em março desse ano?

Roger Bladino: É essencial termos a clareza de que com o fim da guerra, em 1992 (data da assinatura dos acordos de paz), o movimento buscava a recriação de um país democrático, só que não foi isso que aconteceu. Os acordos não foram cumpridos, exceto pela criação do fmln enquanto partido político. Agora temos uma nova chance, depois de quatro mandatos fraudulentos de ARENA, de realizarmos não apenas a mudança social, mas a recuperação dos Acordos de Paz, focados no processo constitucional democrático.

TA: É de uma simbologia impressionante esse processo estar acontecendo em um momento como esse, onde o capitalismo enfrenta uma de suas mais graves crises. Você enxerga esse fato como uma oportunidade?

Roger Blandino: É, sem dúvidas, uma oportunidade excelente de avanço. Chegar ao poder em plena crise do neoliberalismo nos coloca como uma alternativa real para um modelo de organização social alheio ao capitalismo, algo que está faltando em muitos países do mundo, uma forma de organização, uma alternativa de esquerda com um programa real que faça frente à crise do modelo neoliberal.

TA: El Salvador, neste momento, está preparado para os efeitos da crise?

Roger Blandino: De forma alguma, nesse momento estamos absolutamente vulneráveis à crise. Os quatro mandatos submissos do ARENA nos arrancaram a soberania monetária, dolarizando a economia e privatizando todos os setores estratégicos da economia. Será um trabalho realmente árduo preparar o país para suportar o que vem por aí. Nos últimos anos, mesmo antes das bolhas estourarem, o país já sofria muito com os efeitos dos tratados de livre comércio e a “substituição de exportações” que deixou nossa balança comercial extremamente negativa. El Salvador hoje tem sua economia baseada essencialmente no setor de serviços, deixando de lado o setor produtivo e industrial. Será necessário muito trabalho para reverter este quadro.

TA: Quais são as principais medidas do novo governo quando tomar posse?

Roger Blandino: Primeiramente devemos nos proteger e fechar as portas da evasão fiscal e do contrabando. O país tem uma arrecadação muito baixa de impostos, o que dificulta na realização de qualquer projeto político nacional. Esse processo será conturbado, pois é inevitável uma crise nas empresas quando elas comecem a ser cobradas com impostos reais. Sabemos que não podemos ser um governo da continuidade. Os banqueiros internacionais controlam todo o sistema bancário salvadorenho e a burguesia nacional, não devemos nos enganar, perdeu o poder político, mas ainda é dona do poder econômico.

TA: É inevitável o crescimento do partido agora que ele está no governo. De que forma vocês esperam que isto aconteça?

Roger Blandino: Esse é um tema que temos debatido com freqüência. É importante uma ampliação do partido, sim, porém deve ser feita com qualidade. Em muitos partidos em que essa ampliação ocorreu sem o devido critério, os partidos acabaram inundados por aproveitadores e pessoas que defendem os interesses da burguesia. Talvez seja interessante que o partido permaneça sendo a vanguarda, com outras organizações de massa encarregadas de abarcar essa parcela da população que ainda não possui um posicionamento ideológico socialista, mas quer se aproximar do partido. Essa é uma grande cilada e estamos buscando a melhor maneira de lidar com ela. Sem dúvida, experiências de países latinoamericanos como o Brasil, o Uruguai e o Chile têm muito o que nos ensinar nesse aspecto.

TA: O processo atual em El Salvador é também fruto de tudo isto que está acontecendo em nosso continente, com tantos países dizendo não ao Consenso de Washington e buscando sua libertação. De que forma vocês enxergam o processo de integração latinoamericana e qual papel pretendem exercer diante dela?

Roger Blandino: Exatamente. Não podemos pensar enquanto um país isolado. El Salvador nunca teve uma atuação meramente interna. Desde sempre fomos ponta-de-lança da intervenção imperialista na América Central e até então jogávamos, junto com a Colômbia, o triste papel de postos avançados dos Estados Unidos no nosso continente. É realmente triste sermos o único país latinoamericano que até hoje não possuía relações com Cuba. Felizmente, esses dias chegaram ao fim e a atuação externa de El Salvador deve se destacar novamente, mas dessa vez de forma positiva. Ingressaremos na ALBA no primeiro minuto que estejamos no governo, pois compartilhamos do ideário bolivariano e somos amigos fraternos dos governos de Nicarágua, Venezuela, Cuba, Equador e Bolívia. Inclusive, nosso líder máximo, Schafik Handal, estava retornando da posse do companheiro Evo, em 2006, quando teve um ataque cardíaco no aeroporto e faleceu sem atendimento médico.

TA: De que forma os movimentos de libertação latinoamericanos podem contribuir para o projeto de libertação de El Salvador?

Roger Blandino: É essencial a integração dos movimentos sociais, para que a integração seja feita através dos povos. Para isso, devemos integrar as lutas para a macro e a micro política, entendendo a todos como companheiros de uma mesma luta. É importante também que tenhamos uma integração nos processos de formação política e acadêmica com os outros países. Já existem iniciativas muito boas nesse sentido como a ELAM, em Cuba e Venezuela, e a escola Florestan Fernandes, no Brasil. Apenas quando formos capazes de aprender juntos e lutar juntos é que teremos uma verdadeira consciência latinoamericana, imprescindível para avançarmos com a nossa libertação.

Banco do Sul está prestes a entrar em funcionamento

Os sete países membros do Banco do Sul contribuirão com um capital inicial de sete bilhões de dólares. O anúncio chegou em meio à crise internacional e serve para impedir a crescente pressão do FMI, que procura voltar a se converter no principal financiador da região.


A reportagem é do jornal Página/12, 09-05-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.


O Banco do Sul já está pronto para ser ratificado pelos Parlamentos de seus países membros e para começar a funcionar. Os ministros da Economia do Mercosul, mais Venezuela, Equador e Bolívia, concordaram ontem com as minúcias do seu estatuto, última escala técnica. O anúncio chega em meio à crise internacional e serve para impedir a crescente pressão do FMI, que procura voltar a ser o principal financiador da região.


"Valoriza-se mais a criação do Banco no contexto da crise financeira internacional", assegurou o ministro da Economia argentino, Carlos Fernández, junto ao seu colega brasileiro, Guido Mantega. "Estamos dando mais um passo no sentido da integração financeira regional", disse Mantega, que também ponderou o fato de que se conseguiu um acordo em meio à crise atual. "Há muito tempo não se cria uma instituição financeira", acrescentou o brasileiro.


Os sete sócios contribuirão com um capital inicial de sete bilhões de dólares. Argentina, Brasil e Venezuela colocarão dois bilhões cada um. Uruguai e Equador, outros 400 milhões em partes iguais; e Paraguai e Bolívia, os 200 milhões restantes. Cada país terá um voto no diretório, mas para a aprovação dos projetos de mais de 70 milhões de dólares, será necessário o apoio de dois terços do capital aprovado no banco.


Agora, só falta que o acordo seja ratificado pelos presidentes e pelos Parlamentos dos diferentes países. O ministro da Economia argentino, Carlos Fernández, considerou que o acordo "tem termos aceitáveis, e por isso pode ser rapidamente aprovado". A reunião ocorreu em Buenos Aires, e, além de Fernández e Mantega, participaram seus colegas do Uruguai, Alvaro García; do Paraguai, Dioniso Borda; do Equador, María Elsa Bitel; da Venezuela, Alvaro García, e da Bolívia, Luis Alberto Arce Catacora.


O objetivo do banco é financiar projetos de desenvolvimento em setores chave da economia para melhorar a competitividade e combater a pobreza e a exclusão social. Poderão acorrer à instituição os diferentes Estados ou empresas com prévio aval dos Estados. Nas negociações realizadas durante os últimos três anos, descartou-se a possibilidade de que a entidade opere como financiadora de última instância, no estilo do FMI, como pretendiam o presidente venezuelano Hugo Chávez, e seu colega equatoriano, Rafael Correa. No entanto, ele dará maior força aos governos para continuar mantendo distância do Fundo Monetário.


Se os projetos de infraestrutura, por exemplo, podem começar a ser financiados com o dinheiro proveniente do Banco do Sul, então os governos poderão dispor de maiores recursos próprios para enfrentar sua dívida financeira sem ter que voltar a depender dos empréstimos do organismo multilateral, que, nos últimos acordos assinados com países como El Salvador, Ucrânia, Islândia e Hungria, demonstrou que segue impondo as mesmas exigências de raiz neoclássica que levaram a região à crise.


Além disso, não se pode descartar que, uma vez que o banco esteja em funcionamento, volte-se a avaliar a possibilidade de que cubra necessidades de financiamento diante dos vencimentos da dívida, caso a crise internacional se aprofunde. Desse modo, poderia imitar os países asiáticos que recorreram a essa estratégia para evitar as receitas do FMI, que sempre recomenda cortes da taxa de interesse e cortes no gasto público, aprofundando as crises em momentos em que, em geral, é preciso reativar a demanda para seguir em frente.


O Banco do Sul é uma ideia original do presidente venezuelano Hugo Chávez. Foi em agosto de 2004 que ele propôs a criação de uma entidade financeira regional para "deixar de depositar nossas reservas nos bancos do Norte" e poder dispôr desses recursos para "ajudar-nos", em vez de pedir emprestado ao FMI e ao Banco Mundial. Sua intenção é delinear a integração sobre a base de dois pilares chaves: o financeiro e o energético. O Banco do Sul cumpriria o primeiro objetivo, e o Gasoduto do Sul, o segundo, mesmo que essa última iniciativa, por agora, esteja desativada.


O projeto contou com a adesão inicial da Argentina. Depois, somaram-se Equador e a Bolívia, e finalmente Brasil, Paraguai e Uruguai, mesmo que a intenção é ir somando outros países integrantes da Unasul. No começo, o Brasil chegou a dizer que a iniciativa carecia de consistência técnica e sugeriu que se criasse um fundo de estabilização regional, que atuaria como financiador de última instância diante de uma eventual crise de pagamentos. O temor era que Chávez utilizasse o banco para disputar a liderança da região, mas finalmente ele baixou a guarda e se integrou.


Depois de vários anos de negociação, em dezembro de 2007 os chefe de Estado assinaram a ata de fundação em Buenos Aires, um dia antes da posse como presidenta de Cristina Fernández de Kirchner, e definiram que o organismo teria uma sede em Caracas e duas subssedes, uma em Buenos Aires e outra em La Paz.


Parecia então que o Banco se colocaria em funcionamento em poucos meses, mas a iniciativa voltou a se esfriar por diferenças pontuais entre seus membros. O Brasil, por exemplo, queria que os votos fossem proporcionais ao capital investido, enquanto que o resto dos participantes se inclinava por dar um voto a cada Estado, independentemente do investimento, para que a marca igualitária e democrática o diferenciasse dos bancos multilaterais, dominados pelas potências centrais, como o FMI e o Banco Mundial. Finalmente, optou-se por um voto para cada Estado, mas com certas restrições vinculadas ao capital investido.


Para ler mais:


'É preciso impulsionar o protecionismo regional', afirma Emir Sader
'O melhor para a América Latina seria uma moeda regional'
'A integração não deve ser só comercial'
Desglobalização para uma nova economia mundial. Entrevista especial com Walden Bello
“Em uma crise como esta, todos os países devem se envolver”. Entrevista com Carlos Quenan

Paz para Colômbia


por Miguel Ángel Sandoval/CCB Guatemala

Contra todo prognóstico, apenas neste dia 7 de maio ficou conhecido na Colômbia, por meio dos jornais El Tiempo e El Espectador, entre outros, que no Vaticano, o Cardeal Darío Castrillo havia conversado pelo telefone com porta-vozes das FARC e do ELN.

De acordo com a versão que publica El Tiempo, manifestam com a maior seriedade do mundo, e por uma via inquestionável, como é o religioso que, “Querem saber com quem falar, onde falar e com quais seguranças. Neste momento o Presidente sabe, por uma fonte segura que sou eu, que os que estão na oposição armada estão dispostos a dialogar neste momento”.

Com esta declaração do Cardeal Castillo, caem por terra todas as declarações do presidente Uribe, pois este dedicou-se a confundir seus amigos, ou colegas, como o presidente de Guatemala Álvaro Colom, que o tema depende apenas da libertação dos seqüestrados (SIC), reféns ou prisioneiros em poder das FARC e do ELN. Assim, ele tenta apresentar uma visão que não corresponde à realidade colombiana.

A novidade dessa declaração do Cardeal desde o Vaticano é que ela faz referência a conversas com dois porta-vozes de duas organizações que não têm sido precisamente unânimes em seus tempos políticos, mas que agora coincidem com um interlocutor para dizer o mesmo: queremos saber onde e quando. E com isto Uribe está com a bola em seu campo. Cabe a ele o próximo movimento.

Além disso, esta declaração do Cardeal coincide, em essência, com a expressada pela senadora Piedad Córdoba que mantém a idéia de fazer todos os esforços pela paz nesse país, ao mesmo tempo que afirma que não se pode transformar o processo de paz indispensável em um tema de campanha eleitoral, como pretende Uribe. Para a senadora, a paz é um processo político não necessariamente eleitoral. E por isso ela está alinhada com o que assinala o Cardeal Castrillo.

De qualquer forma, como disse com muita lucidez a senadora, “isto não dá votos. Tem muita gente que vive do negócio da paz, monta ONG´s e editam livros, mas é necessária verdadeira vontade de servir para assumir os riscos e chegar aonde seja necessário pela paz. Nesse caminho, acredito que a paz na Colômbia, sem condições, deverá contar com muitos amigos e amigas, dentro e fora do país.”
Por tudo o que foi dito, me parece que, como em todo processo de busca por uma saída política para situações de conflito armado, nada é fácil, nada é o único caminho e nada se constrói com declarações aberrantes como as de Álvaro Uribe. É, portanto, tempo para a negociação política nesse país irmão.
A notícia encontra-se em ABP Notícias.

São presos manifestantes pela independência de Porto Rico que entraram no Congresso dos Estados Unidos

Por José A. Delgado/ elnuevodia

Seis cidadãos reclamam com desobediência civil no salão da Câmara pela liberdade de Porto Rico.

Cantando “Oubao Moin” e exigindo do Governo Federal que defina o que quer fazer com Porto Rico, um grupo de seis porto-riquenhos efetuou hoje um ato de desobediência civil na Câmara de Representantes dos Estados Unidos.

Os manifestantes, incluindo artistas e trabalhadores, pediram ao presidente Barack Obama e ao Congresso federal –desta vez com uma mensagem de paz-, que outorguem imediatamente a independência de Porto Rico.

Os artistas Luis Enrique Romero, Maria “Chabela” Rodríguez e José Rivera (Tony Mapeyé), assim como o desenhista mecânico Luis Suárez, a enfermeira Eugenia Pérez-Martijo e o operário desempregado Ramón Diaz portavam durante o protesto bandeiras de Porto Rico e cartazes que diziam “111 anos de colonização é uma vergonha”. O cantor e ator Carlos Esteban Fonseca acompanhou os manifestantes, mas se manteve afastado do protesto.

A Polícia do Capitólio prendeu os seis manifestantes e os levou em um ônibus à estação da Polícia do Capitólio.

Manuel Rivera, assessor legal do grupo, disse que isto pode significar que os acusariam de conduta indevida ou interromper os procedimentos do Congresso, o que poderia acarretar em uma pena máxima de $500 de multa e seis meses de prisão.

No entanto, se forem tratados como desobedientes civis, a multa poderia ser menor e talvez fossem libertados em questão de horas.

Previamente, as autoridades da Câmara de Representantes os retiraram da sala antes que pudessem ao menos ler uma declaração que haviam preparado para o ato. A segurança do Capitólio deteve o grupo e posteriormente eles foram presos.

“Nós, sete porto-riquenhos, viemos aqui para protestar pelo colonialismo ao qual está submetido Porto Rico. Viemos em boa vontade, em paz. Queremos ser uma nação livre”, indicou Suárez.

Em declarações a El Nuevo Dia, os manifestantes disseram que a data selecionada não teve nenhum simbolismo.

Reconheceram que sua manifestação pacífica contrasta com o ataque a tiros que cinco nacionalistas realizaram em 1º de março de 1954, no mesmo local da Câmara de Representantes federal que eles ocuparam. No entanto, indicaram que a mensagem contra a situação colonial era a mesma.

“Não somos políticos, somos gente, comum e corrente”, afirmou Romero, que fez teatro, televisão e cinema durante as últimas três décadas em Porto Rico.

Para seu colega Fonseca, membro do grupo Caribe Gitano, o protesto a favor da descolonização e independência de Porto Rico deve ser feito em Washington. “Nossos legisladores nem sequer podem nos garantir um espaço em nossos canais de televisão, pois é um campo ocupado pelo Governo Federal”, disse.

“Quem tem que resolver o status são eles”, agregou, por sua vez, Suárez.

Os desobedientes civis assinalaram que sua manifestação foi organizada há vários meses e que era apenas uma coincidência que ocorresse poucos dias antes que o comissionado residente em Washington, Pedro Pierluisi, apresente seu projeto de lei que promoverá uma consulta deferal sobre o futuro político de Porto Rico. Foi no escritório de Pierluisi que os manifestantes obtiveram seus boletos para entrar no salão da Câmara.

“A liberdade não se submete a processos eleitorais. Os escravos não fazem referendos para serem escravizados”, comentou o operário desempregado Díaz.

Os manifestantes enviaram cartaz ao presidente Obama, à presidente da Câmara, Nancy Pelosi, e ao vice-presidente dos EUA, Joe Biden, em seu caráter de Presidente do Senado. “Porto Rico tem sido uma colônia por 111 anos: uma condição colonial humilhante no século 21. Já é hora de resolver este crime contra nosso povo”, indicaram nas cartas.

A notícia encontra-se em ABP Notícias.