"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Forças Armadas da Colômbia qualificadas como criminosas


A essa conclusão chegou um grupo de deputados sindicalistas da Grã-Bretanha. “A maioria desses crimes se atribui às Forças Militares Colombianas, assim como a paramilitares com apoio do Estado”, acrescentam os signatários trabalhistas, que lembram que o Reino Unido é “o maior doador de ajuda militar para a Colômbia depois da administração estadounidense de George Bush”.

Foto: Inimigos do povo colombiano!


[ABP – Euskal Herria]



Um destacado grupo de deputados e sindicalistas empenhados, assim como o alcaide de Londres, Ken Livingstone, publicaram hoje um apelo ao primeiro ministro britânico, Gordon Brown, para que suspenda toda sua ajuda militar à Colômbia.


Os signatários, que incluem a todos os membros do Comitê Nacional Executivo do Partido Trabalhista que não são membros do Governo, e os dirigentes de todos os sindicatos afiliados ao trabalhismo, denunciam que “Colômbia tem um dos piores recordes em matéria de direitos humanos”.


“ Entre numerosas violações, 4.000 sindicalistas foram ali assassinados nos últimos quinze anos, cifra superior à combinada de todos os sindicalistas mortos em todo o resto do mundo”, disse o documento, que publica hoje o diário “The Guardian”.

“A maioria desses crimes são atribuídos às Forças Militares Colombianas, assim como a paramilitares com apoio do Estado”, acrescentam os assinantes trabalhistas, que lembram que o Reino Unido é “o maior doador de ajuda militar para a Colômbia depois da administração estadunidense de George Bush”. Os signatários reclamam do Governo Brown que siga o exemplo que deu o Partido Democrata, que ao reconquistar o Congresso dos Estados Unidos alcançaram uma “significativa redução” da ajuda militar a esse país devido à preocupação com a violação dos direitos humanos.


“Como demonstra o êxito histórico alcançado na Irlanda do Norte – assinalam – um Reino Unido governado pelos trabalhistas está em posição privilegiada para contribuir positivamente rumo a uma solução negociada no conflito colombiano”.


“Instamos ao Governo a suspender toda ajuda militar à Colômbia até que o Estado colombiano aplique plenamente as reiteradas recomendações do Alto Comando da ONU para os Direitos Humanos”, acrescenta a petição, que conclui que “os assassinatos têm que acabar”.


Entre os signatários figuram além dos citados o presidente do atual congresso trabalhista e do Exército nacional, Mike Griffiths, assim como vários grupos de parlamentares – de direitos humanos, ligados aos sindicatos, entre outros-, assim como o tesoureiro, Jack Dromey, além de numerosos deputados e organizações afiliadas ao Partido. O documento, que é ao mesmo tempo uma campanha para o recolhimento de assinaturas dirigidas ao primeiro ministro, coincide com a celebração do congresso trabalhista em Bournemouth (sul da Inglaterra).



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quarta-feira, 26 de setembro de 2007

A social-democracia à esquerda ou à direita: não no centro



A existência de um partido pluralista como o Pólo Democrático Alternativo, não exclui aquele que dentro do seu seio luta ideológica e politicamente para depurá-lo, numa rota de defesa e vocação popular. Os Garzón, Petro e Mariasemma, no interesse burocrático pelo controle do Distrito Capital, poderão ganhar os cargos; mas estão longe de conseguir manipular o rumo da esquerda no Pólo Democrático Alternativo. Escreve Melquizedec Torremolinos.



[Melquizedec Torremolinos/ANNCOL]



Antes de entrar no tema de fundo, peço desculpas por não poder me abster ao impacto da devolução, por parte da insurgência, dos restos mortais dos onze deputados retidos e mortos no cativeiro. Nem sequer o entrevado porta-voz da OEA pode esconder que morreram no fogo proveniente de diferentes direções; o que implica a mobilidade das vitimas. A responsabilidade do Miniführer nessas mortes está com o aval do império intervencionista. Junto vieram o protesto dos familiares e a latente preocupação nos mandatários Chavez e Sarkozy diante da energúmena posição governamental.



Com o olhar esquivo diante de tanta dor da família colombiana convém escrever sobre uma realidade política que tem como cenário a existência de um porta-voz popular em armas, contrapondo-se ao ódio, impunidade, esquecimento e massacres.



A leitura, como resultado definitivo diante do mundo, é que na Colômbia existe uma Insurgência que aplica a retenção por motivos políticos.



A POSIÇÃO DE PEDRO PUEBLO.



Ocorre que “Pedro Pueblo” no que diz respeito às “posições” políticas de “seus” dirigentes não se pergunta qual é o questionário na denuncia política. Os Sociais-democratas acreditam que encarnam os “dissidentes táticos” da oligarquia colombiana ou os redutos do populismo de Rojas Pinilla da antiga Anapo ou qualquer outra figura de divergência dentro da esquerda colombiana.



Diante da inocultável realidade da oposição política armada na Colômbia, encontra-se o tema da soberania nacional em todos os aspectos da institucionalidade colombiana. Compreendendo o papel que a social-democracia pudesse jogar no momento atual, se está muito longe de qualquer sinal de que a esquerda opositora possa minimizar-se, mimetizar-se e impor o ocultamento, desconhecendo a realidade e o peso político da existência de uma Insurgência ativa, combatente, não derrotada e com apoio nacional e internacional, para pretender assumir a atitude do avestruz, ignorando-a.



EM QUAL DEMOCRACIA VIVEMOS.



O caso típico que se dá na Colômbia é o da ”DEMOCRACIA CONTROLADA”. Teoricamente, continuam surgindo partidos, fraudam-se eleições, carece-se de um poder judicial independente, não permeável à narco-para-política; com uma gloriosa economia de mercado que subsiste pelo comércio da para-econômia subterrânea e o narcotráfico imperante; graças ao controle messiânico e da mídia do Miniführer, pintado para a guerra.



Devido ao deslocamento populacional contínuo, produto do conflito, a oposição da esquerda legal que atua nas grandes cidades, apresenta um diagnóstico desolador na zona rural e nos municípios em que o narco-paramilitarismo Uribista atua largamente, sob as rédeas do Terrorismo de Estado.



Está ocorrendo um novo festim eleitoral em que a decisão triunfante, foi imposta de antemão impunemente. Com o Terrorismo de Estado manipula-se o eleitor. O registro informativo dos Meios de Alienação das Massas não pode esconder a realidade da presença paramilitar nos municípios colombianos e o domínio do terror, destacadamente no eixo fronteiriço entre Colômbia e Venezuela.



A OPOSIÇÃO ARMADA NA COLÔMBIA.



A existência de um partido pluralista como o Pólo Democrático Alternativo, não exclui aquele que dentro do seu seio luta ideológica e politicamente para depurá-lo, numa rota de defesa e vocação popular.



Um regime onde impera o Terrorismo de Estado como o do Miniführer, se inspira no neoconservadorismo; defensor acirrado do livre mercado e usuário de um populismo demagógico de direita. Pois no seio do Pólo Democrático Alternativo também existe essa tendência. O Presidente dessa coletividade, Dr. Carlos Gaviria, a batizou de “a ala Uribista dentro do Pólo”, encabeçada pelo senador Petro. Além do ataque visceral do Estabelecimento contra o movimento insurgente – no caso concreto contra as FARC-EP – pretendem aparecer como “democratas” puros e tentam confundir suas bases partidárias onde encenam uma posição social-democrata de centro no seio do Pólo Democrático Alternativo. Nada mais carente de razão.



Esses “tons”, num partido de esquerda de verdadeira oposição contra o regime, não tem cabimento nem apoio. Por si só, a social-democracia é, em essência, de posicionamento de centro que aninha no partido de oposição de esquerda para pescar em rio turbulento e conseguir manejar os seus interesses pré-condicionados. O Pólo Democrático Alternativo, como partido de esquerda, aspira a definir e aplicar as teorias coletivistas da sociedade em geral e do socialismo em particular. Sua contraparte, a social-democracia, aspira a desafinar esse objetivo. É nesse momento em que recebe o auxilio da extrema direita e em que os porta-vozes da oligarquia exigem e pressionam para que essa tendência da direita se imponha no partido de esquerda que, momentaneamente, encarna a oposição política legal na Colômbia. Vive-se um processo de decantação política.



Os Garzón, Petro e Mariasemma, no interesse burocrático pelo controle do Distrito Capital, poderão ganhar os cargos; mas longe estão de poder manipular o rumo da esquerda no Pólo Democrático Alternativo. Por isso não cabem dentro de uma posição de centro. A realidade política colombiana expressa o imperativo que uma organização política legal possa também seguir o rumo político da Insurgência armada.



O Pólo Democrático Alternativo não pode continuar imobilizado sem poder avançar para a aplicação da Plataforma Política e para um Governo de Reconstrução e Reconciliação Nacional. O Pólo Democrático Alternativo não pode continuar de costas diante da sorte das negociações que o Exército de Libertação Nacional desenvolve e que requer o instrumento político legal para a aplicação de suas plataformas e soluções políticas. O Pólo Democrático Alternativo não pode continuar virando as costas diante da exigência nacional para chegar a um Acordo ou Intercâmbio Humanitário, com os efeitos políticos subseqüentes que um organismo político legal poderá implementar na busca de um acordo definitivo para o conflito. O Pólo Democrático Alternativo não pode continuar com o canto da sereia com que o Estabelecimento o adula para que seja uma opção de novo governo, em contraposição a que, pela via eleitoral, seja uma verdadeira opção de Poder Popular. O Pólo Democrático Alternativo tem que qualificar a sua vocação de poder para que mudem também as relações de poder a favor dos setores populares na Colômbia. Nada disso se consegue desconhecendo o peso político próprio da Insurgência colombiana.



A validade da aplicação das distintas formas de luta para a conquista do poder popular na Colômbia está mais do que demonstrada. Não corresponde a atitudes. Como da mesma forma é compreensível que na realidade, politicamente, a narco-oligárquia colombiana mantém o poder excludente, na base da motoserra e de terrorismo.



Apesar do fracasso da experiência paramilitar, esta persiste nas regiões rurais e municípios, o que implica em argumentos pela necessidade de que a ação armada revolucionária permaneça na Colômbia. É um absurdo exigir da insurgência uma conduta diferente à ação armada. São os políticos da esquerda colombiana que devem enfrentar o desafio de assumir as plataformas políticas da Insurgência, no feixe de condições favoráveis para a busca de um Acordo definitivo para o conflito econômico, político, social e militar na Colômbia. De fato, o Pólo Democrático Alternativo está de costas ao conflito, cuidadosamente servindo a quem, governamentalmente desconhecem.



Enlace original: http://www.anncol.org/es/site/doc.php?id=3366


sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Bem-vindo à Europa professor Moncayo


[Marcos Sanchez/Berna- Suiça]


O professor colombiano, Gustavo Moncayo conhecido como “O Andarilho da Paz” cujo filho Pablo Emilio Moncayo, cabo do exército e que permanece como prisioneiro de guerra pelas insurgentes FARC desde 1977 iniciou uma viagem histórica por vários países europeus buscando encontrar apoio para o intercâmbio humanitário em nosso país.


Esse acadêmico e pai de família, dias atrás, em plena Praça de Bolívar em Bogotá, de modo oportuno e valoroso refutou as condições de Uribe para conseguir a liberação dos prisioneiros de guerra, criticou a negativa do presidente à desocupação militar e disse chorando “você não é Deus para acreditar-se o dono da vida do meu filho”.


Esta visita do professor Moncayo ao velho Continente, deve servir inicialmente para que os compatriotas residentes aqui, assim como os próprios europeus, possamos, além de brindar nossa solidariedade e apoio a esse acadêmico, alcançar com os governos, os sindicatos e a sociedade européia uma sensibilização muito mais profunda sobre a problemática colombiana e no caso mais urgente, o intercâmbio humanitário com desmilitarização imediata, o qual o próprio presidente Uribe de forma teimosa na prática tem se oposto, ao negar-se desocupar militarmente por 45 dias, os Municípios de Florida y Pradera, no Vale do Cauca, no ocidente da Colômbia , tal como vêm propondo as FARC.


Esta batalha pela permuta humanitária precisa muito do povo, de muita gente, precisa de muitas vontades, muita solidariedade não apenas no solo da Colômbia, mas no mundo inteiro onde os governos amigos dos direitos humanos, do diálogo, das saídas negociadas para os conflitos, nos quais os sindicatos, as universidades, as ONGS, até mesmo a ONU, pressionem, chamem, escrevam diretamente ao Presidente Uribe Vélez e não peçam, mas exijam em nome da humanidade, que na Colômbia aconteça esse intercâmbio humanitário com desmilitarização já!


Esta visita à Europa por parte do “caminhante pela paz” também deve servir para que a comunidade internacional saiba que em toda a Colômbia existem mais de CINCO MIL PRESOS POLITICOS, campesinos, indígenas, profissionais, estudantes, trabalhadores, jornalistas, donas de casa, etc, a maioria acusados dos delitos políticos de REBELIÃO e outros de TERRORISMO, que acusados de pertencer ou colaborar com a insurgência, verdade ou mentira, permanecem detidos e em condições deploráveis e inumanas confinados nas masmorras do regime.


No entanto, outras mais cinco mil pessoas permanecem escondidas ou clandestinas, por terem ordens de captura, acusadas pelo mesmo delito que acusam todos na Colômbia ao não estarem de acordo com o governo; o delito de Rebelião ou de Terrorismo, por serem opositoras de um governo narco-paramilitar, corrupto, que está deixando morrer de fome milhares de crianças e idosos nas ruas, um país onde não há emprego, onde os pobres não têm acesso à educação, à saúde, a ter uma moradia digna, muito menos de lazer, um governo que impôs um terrorismo de Estado através dos narco-paramilitares que continuam delinquindo dos cárceres.


Seria interessante que o professor Moncayo aproveitasse essa visita para dizer também aos europeus que temos na Colômbia, um governo ilegítimo, o qual ainda que tenha participado das ‘eleições’, ganhou com os votos que - tirados de forma obrigada e com a ponta do fuzil ameaçando a população-, fizeram os paramilitares e prova disso são as três dezenas de parlamentares acusados, alguns presos, outros fingindo-se de amiguinhos de Uribe, acusados repito de serem criadores, financiadores e patrocinadores dos paramilitares que assassinaram, com serras elétricas e massacraram mais de 10 mil pessoas, desabrigaram mais de 2,5 milhões de pessoas mais e se apoderaram das melhores terras.


Que bom dizer à comunidade internacional, que os paramilitares estão a ponto de sair do cárcere perdoados apesar te terem cometido e confessado milhares de crimes atrozes, paramilitares que na prática não se desmobilizaram, mas mudaram de nome e se fazem chamar agora de “as Águias Negras”.


Interessante expressar aos europeus, que na Colômbia toda pessoa que seja “perigosa” para o Estado, é assassinada, desaparece ou é torturada, tudo isto com o patrocínio do chefe maior de um estado fascista e paramilitar, como é o de Álvaro Uribe Vélez.


Professor Moncayo, bem-vindo à Europa, avance, siga adiante sua marcha, que também é a marcha para que na Colômbia e no mundo cresça a consciência, a necessidade e a urgência do intercâmbio humanitário com desmilitarização já!



FARC propõe reunir-se com Chávez em outubro por trocas humanitárias


[TeleSUR ]


Em um video entregue à Senadora colombiana Piedad Córdoba, o porta-voz das FARC, Raúl Reyes, segeriu iniciar conversações sobre o acordo humanitário no próximo 8 de outubro.


O porta-voz das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), Raúl Reyes, propôs reunir-se no próximo 8 de outubro com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, com a finalidade de adiantar as conversações sobre a troca humanitária. A proposta das FARC se fez pública através de um vídeo que foi entregue à senadora Piedad Córdoba – com quem se reuniram em Bogotá – que figura como mediadora entre o grupo insurgente e o Governo colombiano.Foi proposto ao presidente venezuelano reunir-se no dia 8 de outubro, no 40º aniversário da morte de Ernesto Che Guevara, para falar do acordo para uma troca de reféns da guerrilha por rebeldes presos.


No vídeo, Reyes, sentado em uma mesa de seu acampamento com Córdoba, expressa seu agradecimento a Chávez. “Quero parabenizá-lo pelo seu desempenho, seu admirável trabalho”, diz a ela.


Também reitera a determinação das FARC de levar adiante o acordo que permita a liberação de políticos, membros da força pública e os três americanos, em troca de cerca de 500 guerrilheiros presos, entre os quais Reyes inclui a Sonia e Simón Trinidad, presos nos Estados Unidos.


O líder do grupo insurgente propõe a necessidade de fazer uma ou duas reuniões antes do encontro entre Chávez e o chefe máximo das FARC, Manuel Marulanda.


Aos que estão retidos e presos nas prisões, Reyes fala que “podem estar seguros de que haverá um acordo”, destacando ainda que serão necessárias muitas reuniões, “perseverança e persistência” para obter um acordo.


No vídeo menciona um possível encontro de Chávez com congressistas democratas e familiares dos americanos e outra com familiares dos guerrilheiros presos.Reyes também destaca em sua mensagem as gestões e o apoio dos 112 Países Não Alinhados, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e do presidente Nicolas Sarkozy.


Chávez aceitou em meados de agosto passado a solicitação feita pela senadora colombiana Piedad Córdoba, de atuar como mediador entre o governo colombiano e as Farc para a troca de 45 reféns por uns 500 guerrilheiros.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Reyes confirma correspondência entre Marulanda e Chávez

Em entrevista para ANNCOL assim confirma Raúl Reyes, chefe da Comissão Interncional das Farc. De comandante a comandante. “Tanto o comandante Chavez como o comandante Marulanda, estão empenhados em impulsionar a viabilidade do intercâmbio por tratar-se de um tema de interesse nacional e internacional.”




Sonia e Palmera na lista dos trocáveis das Farc
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[ANNCOL]

- Chávez disse que Marulanda lhe escreveu em duas oportunidades. Comandante, pode dizer-nos o objetivo desta correspondência entre estas personalidades, talvez as mais populares de América Latina?
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O objetivo da correspondência entre o senhor presidente Hugo Rafael Chávez e o comandante em chefe das FARC, Manuel Marulanda, é trocar opiniões e discutir propostas que possam concretizar o intercâmbio de prisioneiros, em resposta ao clamor crescente dos colombianos favoráveis a saídas políticas a um dos problemas decorrentes de nosso conflito interno.
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- O Intercâmbio viável -
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Tanto o comandante Chávez como o comandante Marulanda estão empenhados em impulsionar a viabilidade do intercâmbio por tratar-se de um assunto de interesse nacional e internacional que cresce cada dia em importância política, pelo eficiente trabalho do presidente da Venezuela, que conta para esse fim com o apoio dos presidentes Daniel Ortega, Luis Ignácio Lula, Evo Morales, Nicolas Sarkozy e mais 112 governos do grupo dos alinhados.

Comandante Raúl, as FARC receberiam o Presidente Chavez em território colombiano?

Nas FARC estamos sim dispostos a receber com muito gosto o Presidente Hugo Chavez em território colombiano, tal como o próprio comandante Marulanda se ofereceu em uma de suas cartas, já mencionadas pelo presidente bolivariano.

A morte do ‘negro Acácio’ em dúvida

“Eles não sabem, ao que me parece está vivo, é o que eles dizem, mas não me adentrei no tema”


[ANNCOL]


Assim diz a senadora colombiana Piedad Córdoba, em declarações à W, emissora que transmite de Bogotá.


“Eles não sabem, ao que me parece está vivo, é o que eles dizem, mas não me adentrei no tema”, disse a senadora liberal. Segundo o Ministro da Defesa, Juan M. Santos, o guerrilheiro das Farc caiu morto depois que a Força Aérea lançou 69 bombas dos Super Tucanos brasileiros ao acampamento base da Frente 16, em eventos ocorridos no último dia dois de setembro. Na hora, Santos reconheceu que o cadáver não foi encontrado. “O chefe rebelde foi levado por seus companheiros para não deixar rastros de sua morte”, disse este polêmico funcionário do governo colombiano.


Até agora o Bloco Oriental das Farc não expediu nenhum comunicado oficial à respeito.

O Deslinde e a Memória de Don Petro

O deslinde que faz com sua dignidade e sua memória Don Enrique Petro, o vigoroso campesino, não caindo nas armadilhas de uma democracia de ficção que o estafou, cortando ele agora, com seu coração e seu direito, a palma para agronegócios dos paramilitares, pode conduzi-lo à morte. O deslinde que com sua debilitada memória comete o senador Petro, pode conduzir outros a morte, pelo fato de ficar marcados se não condenam um direito dos povos, como é o da rebelião, conforme o requerimento tosco do senador. Escreve Carlos Alberto Ruiz. Artigo tomado do portal da Rebelião. Senador Petro



[Carlos Alberto Ruiz*/Rebelião]


Tenho a sorte de conhecer Don Petro, Don Enrique, um curtido e querido campesino que em 29 de junho de 2007 retornou à sua propriedade em Curvaradó, perto da fronteira com o Panamá. Chegou acompanhado de dezenas de seres que como ele guardam um sentimento de indignação pelo acontecido. Os paramilitares e militares que escoltam a expoliação o expulsaram há anos de seu território, como a milhares de famílias de comunidades campesinas, negras e indígenas. Agora está coberto de palma azeitera (conhecido no Brasil como dendezeiro- NT) por empresas criminosas. Ali regressou ele outra vez e começou a cortar palma, a recuperar seu terreno, e, com esse pedaço daquilo que era selva, recobrou uma parte importante das razões para viver e morrer. De alguma maneira seu valoroso ato reflete e condensa a história do país. De um povo ludibriado que toma consciência de suas lições e forças a partir do sofrimento, que não se fixa somente na dor, e que luta. Ninguém medianamente decente e estudioso no empenho de buscar a paz justa pode negar que a origem do conflito social, político e armado, faz-se no acesso a terra, entre outros direitos historicamente negados, e que os setores dominantes têm gerado uma cultura de violência e impunidade para arrebatá-la aos pobres como fonte primária na reprodução de relações e estruturas de injustiça e servidão.


Não conheço o outro Sr. Petro, o senador do Polo. Sim, tenho-no visto, muitíssimas vezes, na televisão, nos noticiários, na imprensa, e o escutado também protagonizar na rádio. Ninguém pode negar seu arrojo, como tampouco o valor e a valentia de muitos opositores ao regime de Uribe, que, ao contrário do que passa com o senador, não tem a seu alcance os meios de comunicação do sistema. Recordo do senador Petro que foi parte da embaixada colombiana em Bruxelas, como aconteceu também com outros integrantes de guerrilhas que pactuaram sua entrega entre 1989 e 1990, e que obtiveram alguns postos em delegações diplomáticas, como Vera Grace na Espanha, ou Bernardo Gutiérrez na Itália, entre outras coisas. Este ano, 2007, soube de um debate sobre o paramilitarismo, e que houve, por parte de Petro algumas propostas ambíguas a respeito, como um acordo de todos pela verdade que defraudava expectativas de vítimas de crimes de lesa humanidade. Nestas mesmas páginas de rebelião.org, em abril, expus a propósito: “O debate sobre a para-política, que acreditávamos um livro apenas aberto, com seus respectivos capítulos e anexos, parece que teve com essa encenação uma espécie de epílogo, que termina o que apenas levemente começava a descobrir-se, que é em grande parte o que há muitos anos as vítimas e organismos de direitos humanos já testemunhavam e documentavam sem maior eco.”
Com sentido de oportunidade na obscuridade da vociferação do Pólo, disse Petro na revista colombiana Cambio (11 de setembro de 2007): “nós afirmamos que são como o movimento do Pol Pot no Vietnã, um dos mais criminosos e antidemocráticos da história. Afirmamos que as Farc não são revolucionárias, que não são de esquerda mas de direita e que são criminosas... O Pólo tem que lutar é pelo aprofundamento da democracia e não contra Uribe, que é um cidadão passageiro”. Petro propõe “desfarquizar” a Colômbia , assim como formulou, segundo suas palavras, “deparamilitarizá-las”. E arremata o senador Petro sobre a candidatura à prefeitura de Bogotá: “Apoiei Maria Emma Mejía e teria preferido um governo de Carlos Vicente de Roux”. Ou seja, o político Petro reconhece que apoiou duas pessoas que, a seu modo, contribuíram para a entronização do paramilitarismo e a impunidade.
Tive oportunidade de escrever nesse portal: “Busca-se e não se encontra de lado nenhum, todavia, declarações de contrição, por exemplo de Carlos Vicente de Roux, nada menos que o Conselheiro Presidencial de Direitos Humanos dos presidentes Gavíria y Samper, ou de Maria Emma Mejía, chanceler desse último, ambos hoje destacados políticos do Polo. A memória evoca, desenterra e reconstrói centenas de casos nos quais pudemos ver não só seu desplante, mas o cinismo de suas ações no marco da perversão do sistema de impunidade que os contratava. Campesinos, sindicalistas, indígenas, ativistas sociais, defensores de direitos humanos, que com sua digna luta sobrevivem às conseqüências desse arrasamento, não esquecem a infâmia do trabalho dos que se empenharam no acobertamento dessa para-política”.
“Temos diante de nós os discursos do ex-conselheiro presidencial de Roux ou da ex-chnaceler Mejía, e de vários outros, e as mais terríveis isenções de responsabilidade que beneficiaram o Estado, numa época de crimes atrozes. O silêncio de então, quando não sua aberta defesa de uma lógica de álibis e evasivas que souberam transmitir dos seus cargos civis, deve exortarmos a inverter o valor moral daquela máxima: “Somos donos de nossos silêncios e escravos de nossas palavras”. Eles, os que transigiram e agraciaram crimes do Estado, são escravos de seus silêncios. Bertrand Russel referiu-se aos “criminalmente ignorantes das coisas que tinham o dever de saber”. E também que “é impossível manter a dignidade sem a coragem para examinar esta perversidade e opor-se a ela”.
No mês de maio de 2007 do mesmo modo recordei: “A respeito há silencio dos implicados e desconcertadamente um silêncio corporativo que já conhecemos. Olhar para outro lado é a realpolitik que amamenta convenientemente a muitos. Ao menos Mancuso reconheceu uma importante parte de sua responsabilidade. O problema moral está exposto, indiscutivelmente: aqueles que muito menos devem, evidentemente, muito menos, ou nada, tem feito para contribuir com a verdade que lhes cabe desvendar. Mejía, de Roux e outros continuam placidamente suas campanhas políticas, sem explicar o que deveriam às vitimas as quais devem”.
Petro está em campanha. Não há duvida. Está em seu direito. Como outros também estão no direito de resistir. Entre eles os que indefesos diante da agressão e da impunidade, depois de provar centenas de vezes e por muitos anos perante instâncias do Estado, têm tido que travar contendas desiguais, com a memória na mão, como a de Don Enrique Petro. Em seus olhos e mãos trabalhadoras está marcado esse grito rebelde que é também o de milhares de colombianas e colombianos que têm se levantado de diversas formas, legais e extralegais, contra a opressão. É um direito humano e dos povos. O senador Petro deveria saber disso por seu passado, ainda que seja difícil não naufragar atado aos grilhões de mecanismos psicológicos que vão da justificação do arrependimento à defesa do instituído e seus benefícios. Porém seu labor de político de centro deveria estar acima de sua defecção, pois o responzabiliza o fato de ter cativado um certo eleitorado com um discurso crítico de esquerda, dentro de uma coalizão que ele e outros rentabilizaram, mas quando esta nasce nas fumegantes fossas detrás do vazio que deixou o terrorismo de Estado, logo de massacre de honestos lutadores populares, depois do genocídio político cometido contra a União Patriótica e outras organizações e setores alternativos. “Fazer lenha das árvores caídas”, ou “comer do morto” não é ético, senador Petro.

O deslinde que faz com sua dignidade e sua memória Don Enrique Petro, o vigoroso campesino, não caindo nas armadilhas de uma democracia de ficção que o estafou, cortando ele agora, com seu coração e seu direito, a palma para agronegócios dos paramilitares, pode conduzi-lo à morte.

O deslinde que com sua debilitada memória comete o senador Petro, pode conduzir outros a morte, pelo fato de ficar marcados se não condenam um direito dos povos, como é o da rebelião, conforme o requerimento tosco do senador. Oxalá igual ardor tivesse brilhado na exortação que nunca houve a Maria Emma Mejía ou a Carlos Vicente de Roux para que fizessem pública retratação por seu passado cúmplice.

Não caberia dizer que ao senador Petro faltem bases para nobres ideais, como os que outrora lhe conduziram à insurgência, pelos quais disse o que disse. Pois bem, já o que fez o senador Petro, figurando no enxuto debate sobre o paramilitarismo, comentando o que durante anos centenas de pessoas sem câmaras de televisão e microfones em sua frente já haviam dito e pelo que pagaram com sua vida e direitos, não deveria passar de novo com um tema, a regulação da guerra e sua realidade na Colômbia. Uma árdua temática a qual ele deve participar, supostamente, como uma a mais, com plena faculdade, porém na qual não é louvável tirar proveito pessoal para sua escalada verbal e política. Tal matéria, de vital importância, não pode passar a ser patrimônio eleitoral ou estopim de uma guerra para servir-se individualmente.
Petro, o aspirante, sabe que esta questão atrai muitíssimos votos. Sobre ela sustentou-se o passageiro Uribe. Não obstante, é certo que existe uma demanda moral que não pode mais ser adiada. Com ela tem contribuído milhares de pessoas de todo o mundo, começando por aqueles e aquelas que perseveram do lado do povo colombiano, que não deve sofrer mais; as pessoas que comprendem como a rebelião nasce da necessidade de limites contra a injustiça, e por isso advogam pelos limites à rebelião quando está na prática pode arruinar valores éticos e políticos. Logo, o que Petro reivindica não é novo e nem é mais claro porque ele o vocifere. Está, faz tempo, no horizonte, também desde quando Bolívar em 1820 firmou um tratado de regulação da guerra libertadora que não o fez se ajoelhar. Há mais de uma década o ELN e as FARC olhavam para isso.

Expus aqui um artigo em junho passado: “em outro tempo o FMLN de El Salvador, entre outras insurgências, revelou suas normas próprias, seus métodos, meios e fins do combate a um sistema oprobioso. As FARC devem sem mais demora deixar explícito e público, enquanto estímulo a uma eticidade, o conjunto de regras básicas que assume, começando pelas suas, que a comprometem de plano e sobre as quais pode estabelecer-se um mínimo juízo. Não deveria contribuir para a barbárie que o negacionismo de Uribe resguarda, nem aumentar a distorção da realidade, já suficientemente desfigurada por palavras como as proferidas pelo Senador Petro, do Pólo Democrático, que, com outros de seu grupo já não apenas condena a dissensão armada, mas que refere-se às FARC uma vez e outra como “os khemeres vermelhos do Camboja sob o regime do Pol Pot”, assinalando que esta organização alçada por armas vive um processo de polpotização. Esse não é, ou não pode ser, o relato e o testemunho da rebeldia, cuja lucidez nasce dos limites infranqueáveis, sem menosprezar com ele o direito e a liberdade de lutar, apesar do cerco e da derrota. As FARC não podem olhar mais para outro lado, nem calcar o cinismo de seu inimigo, pois como organização que se diz revolucionária não pode mais ser indolente nem causar mais dano indiscriminadamente, a cidadãos comuns, não poderosos, enquanto em um país, de fome e à venda, os corruptos e assassinos vivem em plena liberdade para realizar seus negócios”.

O movimento de progressistas e daqueles que se respeitem como revolucionários e revolucionárias, dentro e fora da Colômbia, dentro e fora do Polo, daqueles que brigam por genuínas alternativas, por uma solução fundamentada em mudanças para a justiça, não podem contemplar candidamente o furto ou a transferência ao teatro da políticas de gangues, de um propósito tão definitivo, crucial e urgente. A bandeira da humanização que explica a rebeldia, e que inclui peremptoriamente a humanização da confrontação armada, deve ser alçada e defendida honradamente também pelos que não se resignam diante do regime de ignomínia que hoje encarna Uribe e outros cidadãos passageiros. Mas além de evitar cair numa cilada vergonhosa, deve assumir-se seriamente este campo, para a proposta e a ação coerente e estratégica, que dignificaria e projetaria aqueles que buscam continuar batalhando pelas transformações autênticas, ou ao menos pelas condições para resistir. Temos um exemplo em Don Enrique Petro, hoje só e no silêncio de uma propriedade com palmas para derrubar, que uma vez sorriu de nossa ironia quando lhe perguntamos se pensava que a Colômbia era uma democracia.



* Carlos Alberto Ruiz é jurista, ex assessor da Comissão Governamental para Humanização do Conflito, Colômbia



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Defesa de Ricardo Palmera Demanda Nulidade do Julgamento

Testemunho demolido pela defesa... Os fiscais do governo dos Estados Unidos (EEUU) argumentaram que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) são as que estão sendo julgadas, em vez de que o esteja Ricardo Palmera. A última testemunha apresentada pela fiscalização, Daniel Beltrán, esteve dando discursos contra as FARC e não respondeu as perguntas que se lhe faziam sobre Ricardo Palmera. O juiz Lamberth disse: “que negava a petição de nulidade do julgamento dos advogados da defesa, e agregou que, “amanhã pela manhã (5 setembro) apresentará uma resposta escrita.”

[Tom Burke / Washington, DC, setembro, 2007]


Os advogados defensores de Ricardo Palmera (Simón Trinidad) pediram ao juiz Lamberth a nulidade do julgamento por estar viciado. Foi um dia – o 4 – dramático. Os fiscais do governo dos Estados Unidos (EEUU) argumentaram que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) são as que estão sendo julgadas, em vez de que o esteja Ricardo Palmera. A última testemunha apresentada pela fiscalização, Daniel Beltrán, esteve dando discursos contra as FARC e não respondeu as perguntas que se faziam sobre Ricardo Palmera. O juiz Lamberth disse: “que negava a petição de nulidade do julgamento dos advogados da defesa, e agregou que, “amanhã pela manhã (5 setembro) apresentará uma resposta escrita.”

A Daniel Beltrán, um observador da corte o descreveu como um envaidecido, ele tem ao redor de uns 30 anos e provém do campo colombiano. Beltrán reclamou que seu padre havia sido um importante líder comunista, organizador dos campesinos e do povo. Dando as costas ao legado de seu pai, traiu e esteve por mais de três horas testemunhando contra as FARC, retratando-as negativamente e buscando desta maneira agradar e satisfazer aos neoconservadores da Casa Branca e aos narcotraficantes do Palácio de Nariño em Bogotá.

A maneira como Beltrán se comportou durante seu depoimento se assemelha à dos manuais da guerra psicológica dos EEUU – promover uma visão de que as FARC são afastaram de suas idéias revolucionárias e agora se corromperam. Isto é uma grande mentira. Esta visão a têm estado popularizando por uma parte as corporações financiadoras dos “grupos de direitos humanos” nos EEUU e os grupos ligados ao corrupto regime de Uribe Vélez na Colômbia. Este é um julgamento político como se fosse a busca das armas de destruição massiva no Iraque, semear a idéia de que as FARC estão envolvidas no tráfico de drogas, é uma manobra-chave para a política dos EEUU na Colômbia. Pois, isto lhes dá o pretexto para manter a guerra suja dos EEUU na Colômbia e tratar de convencer a um jurado de cidadãos estadunidenses de que o professor Ricardo Palmera não é revolucionário, senão que é parte de uma grande conspiração criminosa, é uma forma de contribuir para a intervenção dos EEUU na Colômbia.

A testemunha anterior, José Nico, foi demolida pela defesa. Num momento, todo o salão da corte estiveram suprimindo as trapaças sobre as contestações de Nico. Ele (Nico) iniciou seu depoimento declarando que vinha dizer a “verdade e nada mais que a verdade”. Isto golpeou o jurado como muito pomposo e vaidoso. A defesa se dirigiu a Nico de uma maneira tranqüila e em calma expondo as mentiras ditas por ele na quinta-feira durante seu depoimento. Nico só recordou pequenos detalhes concernentes ao dito contra Ricardo Palmera, repetidamente respondia as perguntas com um “não recordo”. O fiscal do governo dos EEUU estava visivelmente incomodado na medida que continuava o questionamento e suas testemunhas se enredavam no sal de suas próprias mentiras. A testemunha Nico se punha cada vez mais nervosa e agora dizia “supostamente, supostamente”, depois de cada pergunta. O propósito da evidência de Nico era somar evidências para enlaçar a Palmera aos envios de droga aos EEUU. O intento resultou frustrado.

A demolição de Nico contribui para que os membros do jurado possam entender claramente que se trata de um julgamento político. O pedido da defesa de declarar a nulidade do julgamento por estar viciado é uma vitória para Ricardo Palmera. Qualquer juiz e em qualquer parte deveria estar de acordo e declarar a nulidade deste julgamento. O juiz Lamberth não o fez.

Agora, a defesa poderá fazer um questionamento altamente politizado dos depoimentos vindouros. E, se a Ricardo Palmera lhe é permitido testemunhar em sua própria defesa, o caminho está aberto para que o revolucionário colombiano lhe explique ao jurado tudo o que sabe sobre a dominação seu país e a guerra por parte dos EEUU em seu país. Ricardo Palmera (Simón Trinidad) é um professor, atendeu o colégio da Escola Naval na Colômbia, posteriormente se graduou de economista numa conhecida universidade de Bogotá, viajou extensamente por toda a Colômbia. Certamente, ele sabe da economia política de seu próprio país. Esperamos escutar seus pontos de vista sobre a paz e a guerra, a economia.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Reyes: aqui na Colômbia o que há é um narco-Estado

Entrevista com o comandante das FARC Raúl Reyes. “...Também uma enorme hipocrisia na classe política colombiana porque vendem o conto que eles querem combater o narcotráfico. Eles vão aos Estados Unidos pedir apoio para lutar contra o narcotráfico. E eles vão à União Européia pedir apoio para lutar contra o narcotráfico. Eles organizam foros, seminários para a luta contra o narcotráfico, quando são eles mesmos os narcotraficantes e beneficiários do narcotráfico. Então esta é uma hipocrisia em grau extremo, não?

Raúl Reyes


[Garry Leech]
http://www.colombiajournal.org/colombia259.htm


As Forças Amadas Revolucionárias da Colômbia (FARC-EP), um exército guerrilheiro com base no campesinato e com um número estimado de 18.000 combatentes, vem desenvolvendo uma guerra contra o governo colombiano por mais de 40 anos. Nos anos recentes, o presidente colombiano Álvaro Uribe e o presidente George W. Bush dos EEUU intensificaram seus esforços para derrotar as FARC como parte da chamada guerra contra o terror. Não obstante, apesar de haver recebido mais de US$ 4.5 bilhões em ajuda dos EEUU nos últimos seis anos, o governo colombiano ainda não logrou uma vitória militar. Em junho, viajei a um remoto acampamento na selva para me reunir com o comandante das FARC Raúl Reyes. Durante uma entrevista de duas horas, Reyes comentou sobre o escândalo da para-política, a luta revolucionária, a guerra suja, meninos soldados, o polêmico uso pela FARC de morteiros e minas terrestres caseiras, o Plano Colômbia, o Plano Patriota, o neoliberalismo e as perspectivas de paz na Colômbia.


P: Qual é a importância do escândalo da para-política para a Democracia na Colômbia?


Reyes: O escândalo que há da para-política é o resultado de muitos anos da incidência do narcotráfico na política colombiana. Dinheiros que circulam ao nível do governo, dos aparelhos do Estado, de todas as instituições governamentais. Os dinheiros do narcotráfico levaram à presidência vários presidentes. Porém fora esse dinheiro para as candidaturas presidenciais, estão os dinheiros para eleger congressistas tanto da Câmara como do Senado. Muitos processos judiciais são comprados com dinheiro do narcotráfico. Os dinheiros do narcotráfico penetraram dentro da polícia, dentro do exército, dentro do DAS, da SIJIN [Nota da Revisão: Sección de Policía Judicial e Investigación], ou seja, dentro de todos os componentes da segurança estatal. O presidente está comprometido com esses dinheiros. Esses dinheiros estão também na indústria, no comércio, na indústria farmacêutica, na indústria química, em tudo isso.


Daí que a situação da Colômbia é grave. Aqui na Colômbia de verdade alguns dizem que o que há é uma narcodemocracia. Eu creio que há um narcoestado, uma narcoeconomia, porém há uma hipocrisia muito grande na classe política colombiana porque vendem o conto de que eles querem combater o narcotráfico. Eles vão aos Estados Unidos pedir apoio para lutar contra o narcotráfico. E eles vão à União Européia pedir apoio para lutar contra o narcotráfico. Eles organizam foros, seminários para a luta contra o narcotráfico, quando são eles mesmos narcotraficantes e beneficiários do narcotráfico. Então essa é uma hipocrisia em grau extremo, não?


P: Como afetou as FARC a desmobilização dos paramilitares?


Reyes: A desmobilização dos paramilitares não existe, é uma farsa. É um engodo do governo de Uribe, tanto para os colombianos como para a Comunidade Internacional. A intenção de Uribe é legitimar o para-militarismo e o narcotráfico na Colômbia. As estruturas desses criminosos seguem funcionando, por isso seguem assassinando gente. Agora eles usam outros nomes, as “Novas Autodefesas” ou as “Águias Negras”, porém são os mesmos. O negócio consistiu em chamar os narcotraficantes, que em muitos casos compraram delinqüentes, pagando-lhes um soldo para que usem uniformes e apareçam como paramilitares. É um engodo, não? Não se sabe até quando isso possa se sustentar, porque a Comunidade Internacional não é tola, a Comunidade Internacional sabe perfeitamente o que acontece, a população colombiana é testemunha de tudo isso.


Jamais se pode pensar em que haja um processo de paz entre onde não tem havido guerra. É que nunca houve guerra do Estado colombiano com os paramilitares, porque os paramilitares são um apêndice, uma extensão do Estado. Eles têm estado é lutando para defender o mesmo Estado, eles nunca levantaram armas contra o Estado por um novo regime, por um novo sistema. Seu argumento tem sido que o estado é tão débil que se necessita reforçá-lo e então nós vamos ajudar o Estado.


Agora, como nos afeta como FARC? Pois nos afeta na medida em que somos povo, povo em armas; afeta-nos na medida em que isso é uma grande mentira, um grande engodo; nos afeta na medida em que Uribe quer mostrar que os bandos de paramilitares e nós somos iguais; porém na prática não nos afeta. Afeta a população, por que estes tipos que aparentemente se desmobilizaram seguem assassinando gente e fazendo desaparecer gente, seguem fazendo seus negócios.


Porém, isso também se reverteu contra Uribe, porque com o tempo se evidenciou que seu governo é um governo espúrio, ou seja, um governo ilegítimo, porque chegou à presidência por comprar votos, produto dos dinheiros do narcotráfico. Sua presidência é um produto da fraude eleitoral. A chamada coalizão uribista, resulta que estes senhores são traficantes e paramilitares. Daí que a ilegitimidade deste governo é imensa. O que não se entende é por que os outros governos decentes sigam tendo relações, conhecendo todo esse componente que o fez presidente.


P: Alguns afirmam que as FARC não são mais que uma organização criminosa, que não é política ou ideológica. Que pensa destas afirmações?


Reyes: É uma campanha vinculada à guerra, isto não é mais nem menos que uma das formas da guerra. Com isso querem é deslegitimar a luta revolucionária. Esta campanha tem tomado força a partir de 11 de setembro, certo? Quando caem as torres gêmeas nos Estados Unidos e todo mundo começou a falar do terrorismo o governo colombiano começou a chamar as FARC e todas as organizações revolucionárias da Colômbia e do mundo de “terroristas”. Então podia liquidá-las, intimidá-las e obrigá-las a renunciar à luta revolucionária. E isto incrementou a guerra no mundo. Porém os resultados, a nosso juízo, não favorecem em nada aos Estados Unidos, nem ao senhor Bush, por isso tem hoje uma credibilidade bastante baixa. A popularidade do senhor Bush não é a melhor neste momento, pela guerra contra o Iraque. Álvaro Uribe, para vergonha dos colombianos, é o único governante da nossa região, da América do Sul, que aparece apoiando essa guerra. Então eu creio que o povo estadunidense tomará medidas a fim de que não continue esta equivocada política do governo. Afortunadamente se vê algumas expressões disto agora. Alguns democratas que começam a dizer, “Não, não vamos apoiar mais a estadia das nossas tropas no Iraque, que têm que regressar aos Estados Unidos o quanto antes. Não vamos mais aprovar pressupostos de guerra. Tampouco vamos aprovar mais dinheiros sem controle para o Plano Colômbia. Não vamos firmar TLC com um governo como o colombiano, que é um governo narcoparamilitar, um governo corrupto, um governo que tem como fim a guerra contra os colombianos”. Não pensamos que esta seja a solução, porém é um passo importante que nós das FARC valorizamos. Que pelo menos comecem uns setores pensantes nos Estados Unidos a entender este fenômeno e a trabalhar para desmontar essa maquinaria de guerra.


Muitos pensam que todo estadunidense, pelo fato de ser de lá, é um imperialista. Daí que as FARC fizeram dois ou três documentos assinalando que nós respeitamos profundamente e admiramos o povo estadunidense, porém temos profundas diferenças e estamos afetados pelas políticas do Estado norte-americano. Desde antes da agressão contra Marquetalia em 1964, a embaixada dos Estados Unidos aportou dinheiro para a guerra contra as FARC e sempre tem estado financiando os governos colombianos para que mantenha a guerra contra as FARC. E nós recordamos o que passou nos diálogos de San Vicente Del Caguán com Pastrana. O primeiro que começou a ser contra os diálogos foi o governo de Clinton, e é Clinton o pai do Plano Colômbia. Isso o mundo tem que saber e não o podemos esquecer na Colômbia porque é parte da nossa história. E que vimos que fizeram com o Plano Colômbia? Seguiu sendo uma estratégia de guerra, não somente contra os colombianos, mas contra a região. Os Estados Unidos buscam expandir-se sobre esta região onde está a maior biodiversidade do mundo: no chamado pulmão do mundo. Há interesses geo-estratégicos que os Estados Unidos pretendem conseguir a custa do crime, do assassinato, da calúnia, da mentira.


P: Porque você pensa que os membros do Pólo Democrático não foram massacrados no mesmo grau que os membros da União Patriótica?


Reyes: Eu penso que o massacre que fez o Estado colombiano contra a União Patriótica, os comunistas, importantes dirigentes sindicais e revolucionários custou muito à Colômbia. Sobretudo significou assassinar a direção do Partido Comunista. Naquela época havia um Partido Comunista grande, com quadros muito bem desenvolvidos, muito bem formados. Basta recordar, entre outros, o candidato à presidência Jaime Pardo Leal e Manuel Cepeda Vargas, diretor do jornal VOZ e senador da república. Eles os assassinaram a todos. Nenhum deles havia estado na guerrilha, nunca. Os que eram guerrilheiros, que as FARC enviaram para ajudar no trabalho da União Patriótica, uma vez se viu essa caçada de assassinatos, lhes ordenou que viessem. E todos vieram, entre eles Iván Márquez, que hoje é membro do Secretariado, naquela época era Representante à Câmara. A direção do Partido seguiu porque é um partido legal, então os seguiram assassinando um por um.


Agora, com o Pólo Democrático é outra coisa. Dentro do Pólo está o Partido Comunista, porém já é um partido bastante reduzido, um partido que mantém a mesma linha política, porém dificilmente a pode desenvolver porque está reduzido, está aterrorizado, está golpeado por toda essa orgia de sangue que provocou o genocídio contra a União Patriótica. E dentro do Pólo, pois há distintos setores. Dentro do Pólo está desde a direita, a social-democracia, e a esquerda – o Partido Comunista Colombiano, o Partido Marxista-Leninista e outras expressões revolucionárias, alguns Trotskistas, porém, todos, demasiado pequenos, sem muita incidência na vida política colombiana. Quem mais presença tem dentro do Pólo são os setores da social-democracia, e que estão antes de tudo atrás de aproveitar o Pólo para chegar à presidência da república; para chegar à importantes posições dentro do governo, dentro do Estado. Aí estão vários dos desmobilizados do M-19, está Navarro, está Gustavo Petro, entre outros. E também alguns que saíram do Partido Comunista e se foram para a social-democracia e se proclamam a “esquerda democrática”. Aí está Lucho Garzón, Angelino Garzón, entre outros. Então esses personagens são consentidos do oficialismo, do Estado, porque calculam um cálculo equivocado, que atrás deles vão atrair a esquerda revolucionária. E resulta que a esquerda revolucionária não pode ser atraída pela social-democracia porque somos conscientes de que a social-democracia termina favorecendo a direita, a burguesia.


Nessa luta por “a Nova Colômbia, a Pátria Grande e o Socialismo”, estamos assinalando que qualquer mudança importante na vida colombiana, para a busca da paz definitiva e duradoura, da paz sem fome, da paz com justiça social, da paz com liberdades, a paz com dignidade e com respeito à nossa soberania deve contar com a presença das FARC e de toda a esquerda revolucionária. Porque estes setores da social-democracia com presença em um Pólo querem vender a idéia de que eles são chamados a resolver os problemas do país, excluindo a esquerda para fazer um favor à direita. Daí que nós não vemos grande diferença entre a social-democracia e a direita liderada por Álvaro Uribe Vélez.


Porém resulta que o compromisso não é com o povo mas sim que o compromisso é com os mesmos que aparentemente combatem para que lhes dêem possibilidades de escalar novas posições dentro do governo. Não obstante, no Pólo seguem fazendo uma grande luta para que se mantenha um pouco à esquerda. Alguns dizem que se o Pólo não pode manter-se à esquerda, depois não vão saber diferenciar se é do Partido Liberal ou se é do Pólo, porém vai ser uma luta muito dura.


Então eu creio que, por todas essas razões, o Estado colombiano não tenha como a força, não tenha como a disposição de comprometer-se em assassinatos, como os que ocorreram naquela época. Porém, não obstante, é bom realçar que seguem assassinando gente, porém são assassinatos seletivos da gente que de verdade é da esquerda, São líderes sindicais, líderes campesinos, mestres que se destacam na luta reivindicatória em favor dos povos. Os assassinam e como sempre não aparecem os responsáveis, porque é o Terrorismo de Estado que os assassina.


P: Por que as FARC continuam usando morteiros caseiros em ataques contra estações de polícia quando estas armas causam repetidamente vítimas civis?


Reyes: Há duas coisas nisso. Uma coisa é a utilização do cilindro contra a Força Pública, que é com o fim com que se usam. As FARC não têm armamento pesado. As FARC, como você sabe, não foram reconhecidas como força beligerante ainda e não podem conseguir o armamento que deveriam possuir como um exército. Então desenvolve muito o armamento caseiro para usá-lo conta a Força Pública: polícia, exército, DAS, marinha, força aérea. Muitas vezes o que ocorre é que há erros de quem opera estes aparelhos, os cilindros ou outras armas. De pronto, por apontar para a estação de polícia disparam para uma casa vizinha. Isso tem ocorrido poucas vezes. Lamentável desde logo; Não tem nenhuma justificativa. Porém são falhas humanas, de pronto pelo nervosismo de quem o vai lançar. Ou por alguma falha na própria estrutura do cilindro. Esta é uma falha que se tem cometido e que se tem buscado como corrigir, para que não se cometa esses erros que afetam a população. Porém outras vezes não é bem assim. Por exemplo, há um combate contra a estação de polícia e chega a força aérea – aviões e helicópteros – e metralham e bombardeiam tudo, atingem as casas, a igreja e tudo mais, e depois dizem que foi a guerrilha que destruiu.


P: Algumas organizações de Direito Humanos afirmam que as FARC recrutam meninos, algumas vezes ferozmente. Como respondem a essas acusações?


Reyes: O que eu penso é que há desinformação aí, porque nas FARC se ingressa de 15 anos a 30 anos, essa é a norma. Nunca nas FARC alguém ingressa pela força, seria completamente contrário às normas de segurança. Porque como se iria entregar uma arma a alguém que se traz à força e logo dizer-lhe, “olha, você tem que ser meu guarda-costas. Você vai montar guarda aí”, pois com essa mesma se pode eliminar alguém. Essas são desinformações destas organizações. Isso não se faz nunca. O que causa essas desinformações? Em muitos casos há garotos e garotas que ingressam e depois, por distintas razões, decidem ir-se. Que a vida aqui se lhe fez muito dura, que há que cumprir uma disciplina. Talvez tinham uma família que não podiam ver, com o filho ou com a filha, ou o noivo, ou a noiva. Ou eles pensavam que esta luta é tão fácil e que não implica em sacrifício e se vão. E se são jovens, refiro-me a menos de 20 anos, então em muitos casos vão dizer que os obrigaram, pensam que com isso vão se defender da polícia, da repressão, porém em muitos casos também diante de suas famílias.


Então há casos em que estão lutando para que os recebam na guerrilha e muitas vezes os pais não querem que ingressem, por que o papai quer ter seu filhinho aí e sua mamãe e sua filhinha aí. Não querem que ingresse. E persistem em que os recebam, e muitas vezes se retiram de casa, se vão, e aparecem muitas vezes nos postos de guarda. Resulta que às FARC se ingressa voluntariamente. Porém, muitas vezes, quando eles saem, então vão e dizem ao papai e à mamãe que os trouxeram à força e então o papai e a mamãe acreditam. E, depois, vem uma investigação das autoridades e os pais dizem que seu filho ou filha foram levados à força, então essas são as informações que de pronto recolhe a Anistia Internacional ou outros. Porém, reitero, não há política nas FARC de ingresso de meninos nem de ingresso de ninguém pela força.


P: Por que as FARC usam minas anti-pessoas quando elas causam vítimas civis?


Reyes: As FARC utilizam os minados é contra a Força Pública. Isso quando se utilizam campos minados contra a Força Pública, jamais contra a população civil, nunca. Apresentam-se casos em que de repente há um minado sobre este caminho e em qualquer momento passa um civil, que não tem como saber que ali há um minado e, por algum descuido dos guardas, ou não sei por que fracassa. Esses casos sempre acontecem, lamentavelmente. Porém, a norma é que há que controlar isso também, para que ali não entre nenhum civil.


P: O governo Uribe afirma que o Plano Patriota está tendo êxito em derrotar as FARC e trazer o território sob o controle estatal. Como o Plano Patriota afetou as FARC e os campesinos na região?


Reyes: Eu estou a cargo de analisar as conseqüências do Plano Patriota, de que forma golpeou o exército revolucionário, as FARC, e em que forma golpeou a população civil, em que forma golpeou as organizações sociais, populares e aos revolucionários não armados. E resulta que encontramos que quem menos tem sofrido golpes somos os armados. Mesmo que haja diferenças porquanto nós não possuímos as armas que tem o Estado, nem muito menos a ajuda nem a assessoria que tem o Estado por parte dos Estados Unidos, porém, ao final são duas forças armadas, dois exércitos. Um com muito poderio, com muitos homens, com muita técnica, com apoio aéreo, com a marinha, com assessores que melhor dito sabem de tudo. Com um objetivo muito claro: liquidar as FARC, assassinar seus principais dirigentes e encarcerá-los, recuperar pela força os prisioneiros e forçar os sobreviventes a firmar o que Uribe quiser. Esse tem sido e é o objetivo do Plano Patriota.


Resulta que isso não o conseguiu, não logrou conseguir nenhum dos principais dirigentes das FARC, não logrou debilitar as FARC, não conseguiu recuperar os prisioneiros de guerra. Porém, em troca, golpeou a população civil, naquela teoria de que “o amigo de meu inimigo também é meu inimigo”. Eles mostraram quantidades de guerrilheiros capturados em determinadas regiões. Resulta que não eram guerrilheiros e sim população que considerava amiga da guerrilha. Recordo agora o que passou em Cartagena do Chairá, aí estão os registros da imprensa, capturados 80 guerrilheiros do 14 Frente. Que se deixem capturar 80 guerrilheiros, assim, isso não ocorre jamais. Porém essa foi a notícia, isso foi o que restou à gente em sua imaginação. Porém resulta que nenhum era guerrilheiro, era população e depois tiveram que soltar todos porque não era certo. Porém quando os soltaram ninguém disse “o exército se equivocou”. Em algum momento disseram 200 guerrilheiros das FARC mortos em Cañón do Duda. Não era certo. Porém quem vai provar isso?


Porém, de verdade a quem afetaram muito foi à população civil, aos campesinos. Muita gente se foi, acabaram seus negócios, deixaram suas terras abandonadas, pelo temor e, claro, como vêm os aviões e bombardeiam e metralham indiscriminadamente. E os outros afetados tem sido os sindicalistas e todos estes setores, porque eles dizem que todos eles são “terroristas, ou todos os que apóiem os “terroristas” são igualmente inimigos. Então os agarram, encarceram-nos. Então a gente é afetada pelo atual governo; é um governo ditatorial, fascista, que tem querido fazer da guerra a forma de governar e fazer da mentira e da calúnia uma forma de pressionar e de deformar o que está ocorrendo.


O Plano Patriota então é um verdadeiro fracasso para o governo. E é mais, não só é um fracasso para o governo colombiano como também um fracasso para o governo dos Estados Unidos. Porque são os Estados Unidos que financiam o Plano Patriota e os Estados Unidos dispôs numerosos assessores para a guerra contra nós. Uribe e as tropas colombianas estavam convencidas que com todo esse dinheiro e com toda essa assessoria iam lograr acabar com as FARC e resulta que não lograram. As FARC não foram debilitadas militarmente nem politicamente com o Plano Patriota.


Uribe persiste em seus objetivos e tem grande quantidade de tropas em todo o território colombiano. Há muitas tropas sobre todos os nossos blocos, sobre todas as frentes, as colunas, as companhias e essas tropas andam por todos os lados buscando ver como nos encontram e como nos aniquilam; por isso há combates permanentemente. E entre as tropas o Estado tem havido feridos e mortos. São eles que estão expondo suas vidas, não é Uribe, não é a oligarquia colombiana, não é o senhor Bush, mas a população colombiana. Eles estão no exército e na polícia para ganhar um soldo, porque com freqüência não podem conseguir trabalho em nenhuma outra parte nem ir à universidade. Eles estão defendendo os interesses dos exploradores dos colombianos, os interesses das multinacionais, os interesses do império; defendem esses interesses ao custo de suas próprias vidas.


P: O Plano Colômbia agora tem mais de seis anos e a administração Bush tenta continuá-lo por vários anos mais. Como o Plano Patriota afetou os campesinos colombianos?


Reys: O que faz o governo colombiano com o aval de toda a classe política é erradicar, é fumigar plantações. Com estas fumigações então já tem outro grande negócio, recebem dos Estados Unidos grande quantidade de milhões, proveniente do povo estadunidense, entregues por seu governo. Esses dinheiros aqui o utilizam em fumigar. Os mais afetados com as fumigações são os campesinos, porque não somente destroem as plantações de coca como também destroem tudo; porém ademais os animais domésticos, afetam as galinhas, os porcos e mesmo as pessoas. Há casos de meninos afetados pelo glifosato; mulheres grávidas que abortaram; enfermidades produtos disso; envenena-se o ambiente, a água, tudo, não? Sem que haja nenhum resultado certo na erradicação das culturas ilícitas, porque os campesinos vão, eles mesmos, desenvolvendo novas formas de resistir aos efeitos desse veneno em suas plantações. Então rapidamente eles resistem a isso, semeiam em outros lugares e o negócio segue. Continua porque eles têm quem lhes compre as drogas, porque há no mundo desenvolvido consumo. Um consumo sumamente grande e uns preços que lhes favorece, não aos campesinos, mas aos narcotraficantes, aos seus intermediários. As FARC, como têm presença em toda a Colômbia, conhece muito bem a situação dos campesinos. Sabem perfeitamente que os campesinos não semeiam coca ou papoula nas cordilheiras porque seja narcotraficante; não, o campesino colombiano não é narcotraficante. O campesino colombiano teve de recorrer a plantar estes produtos pelos efeitos predadores do modelo neoliberal. Porque é melhor trazer milho dos Estados Unidos ou de qualquer outro país, ou trazer gado, carne da Argentina, que produzir na Colômbia. Já é mais negócio trazer café do Vietnã que produzi-lo na Colômbia, porque não há subsídios. Então, o campesino o que faz? Buscar a forma de subsistir com algo, por isso planta coca.


Daí que a proposta que as FARC fizeram, quando dos diálogos de San Vicente do Caguán, foi a substituição das culturas de coca, buscando uma solução que possa acabar com o fenômeno do narcotráfico, porque nas FARC consideramos que é um câncer para a sociedade, para a humanidade, que há de se combater. Nós oferecemos toda nossa contribuição para que o município de Cartagena do Chairá se convertesse em um município piloto, ou seja, queríamos demonstrar nesse município que é sim possível combate o fenômeno da produção das matérias-primas da cocaína, não? Igualmente fizemos a proposta da legalização do consumo. Eu creio que este mal que nos afeta a todos os colombianos não é só responsabilidade dos colombianos; é responsabilidade dos países consumidores, a responsabilidade dos maus governantes que temos tido na Colômbia, a responsabilidade das políticas equivocadas do Fundo Monetário Internacional e da banca, dos países produtores dos precursores químicos, ou seja, em suma, dos equívocos do modelo neoliberal. Isto afetou muito a Colômbia. O modelo neoliberal também afetou os países desenvolvidos, como os europeus, com muita gente na rua pedindo esmolas, crianças limpando os pára-brisas dos carros, pois muito mais nos países subdesenvolvidos como a Colômbia, ou os países chamados do Terceiro Mundo, mais grave aqui.


P: Como é possível mudar as políticas neoliberais implementadas pelo presidente Uribe e governos anteriores na Colômbia?


Reyes: Para as FARC a única forma de mudar o modelo neoliberal e as políticas dos governos anteriores e do atual é mediante a tomada de poder. É começando com a conformação de um governo pluralista, patriótico, democrático, de reconciliação nacional, que comece a mudar o rumo do país, onde a verdade seja o povo, com seus dirigentes, que construam o futuro. Sem isso é impossível, porque a Colômbia vive 50 anos de guerra nos últimos tempos e cada um dos governos tem feito o mesmo, antes de que aparecesse o modelo neoliberal, sempre cumpriam as receitas do Fundo Monetário Internacional, do Banco Mundial. E apareceu o modelo neoliberal e então se casaram com as políticas neoliberais. Isto foi desde antes de Uribe, pelos que lhe precederam na presidência. Todos desenvolveram o Terrorismo de Estado e este o incrementou.


Então nós pensamos que para que haja mudanças de verdade, que é o que está reclamando a maioria do povo colombiano se necessita conformar um governo completamente distinto do de Uribe e dos últimos governos. Ou seja, um governo que se comprometa com mudanças profundas, e que abra espaços à Democracia para poder construir a Nova Colômbia. Uma nova Colômbia onde não pode haver explorados, porém, desde logo, não deve haver exploradores. Porém, para chegar lá é tarefa de titãs, porque a Colômbia tem uma classe de governantes assassina, corrupta e mafiosa. E enquanto eles seguem dirigindo os destinos do nosso país vai ser muito difícil que o povo seja dono do seu próprio destino. E é a razão pára que as FARC sigam sua luta revolucionária.


Falávamos na pergunta anterior que assassinaram toda a União Patriótica e assassinaram os comunistas, e então com isto fecharam os espaços para a luta legal, e estamos recordando que seguem assassinado dirigentes populares, que seguem uns assassinatos seletivos. Nós pensamos que isto convalida a luta armada revolucionária, cujo fim não é a guerra. O fim da luta revolucionária que as FARC realizam é pela paz. Para nós, a paz é o fundamental. Nós entendemos que a paz é a solução dos problemas que afetam nosso povo. A paz a entendemos quando tenhamos na Colômbia verdadeira democracia. Não a democracia para os capitalistas e sim a democracia para o povo, que possa protestar, que possa participar, que tenha direito a viver, que tenha direito à saúde, à educação, que tenha direito às vias de comunicação, à eletrificação, que se faça reforma agrária, que se combata a corrupção, que fiquemos ajoelhados frente às potências estrangeiras, mas que sejamos um país livre, independente, soberano, com relações de respeito com todos os países por~em em igualdade de condições. Ademais, que não se utilize as armas do exército contra o povo, mas que se as tenha para a defesa da nossa soberania e nada mais. Lograr esse objetivo é o que nos leva a estar nesta selva. E na busca desse objetivo estamos dispostos a seguir o tempo que seja necessário.


E a proposta de “permuta de prisioneiros” que mantemos imodificável, com o gosto ou com o desgosto do senhor Uribe é com o ânimo de solucionar um dos fatores derivados do conflito, A Colômbia padece um conflito econômico, político, social e armado que nenhum dos governos tem querido resolver. Por isso, dizemos, a possibilidade de firmar o acordo de libertação dos prisioneiros das duas partes pode ser também a porta de entrada para o início de uns diálogos para a paz. Já lhe dizia, as FARC buscam a paz, porém não é a paz da rendição, não é a paz para se acomodar os dirigentes da organização e certos amigos, mas a paz para o povo. É a paz que reivindique a vida e a dignidade da nossa população.


P: Que se necessita fazer para alcançar uma paz justa na Colômbia e uma maior igualdade entre ricos e pobres?


Reyes: Para se lograr este se neessita que aja uma atitude. Que a classe governante entendesse que o melhor negócio é a paz. Que a paz é uma empresa e que essa empresa requer um investimento, porque a s grandes riquezas que a Colômbia tem, começando pela capacidade laboriosa do povo, pudera gerar muitas mais riquezas se houvesse paz. Porém como há uma guerra do estado contra o povo, então as riquezas são investidas é na guerra e não no benefício da população e por isso cada vez na Colômbia há mais pobres. As diferenças entre os ricos e os pobres cada vez mais crescem e nessa proporção cresce o descontentamento popular e assim o faz a repressão para aqueles que se atrevem a expressar seu descontentamento com as via legais. Muitas vezes são assassinados, obrigados ao exílio às fugas por ameaças, ou são expropriados de seus bens, então cresce a guerrilha, cresce a luta armada. No caso das FARC é uma luta político-militar. Uribe Vélez diz que não existe conflito interno na Colômbia. Essa é a primeira grande mentira que diz à Colômbia e ao mundo e, segundo esta grande mentira, na há nada a resolver aqui. Porém há uma confrontação onde há mortos permanentemente, onde o mesmo está pedindo ajuda por todos os lados a troca de hipotecar a soberania e a dignidade do povo colombiano. E alguém diz: “se não há conflito interno, então para que reclama ajuda? É completamente contraditório.


Tem que ter uma atitude da classe governante que diga: ”De agora em diante o melhor negócio para nós é a paz. Como o negócio para nós é a paz então vamos investir nisso. Vamos devolver parte do que temos tomado aos colombianos pobres investindo na paz”. Porém eu não creio que cheguem facilmente a essa determinação porque a essência do capitalismo é outra: é obter maiores lucros a custa do sacrifício da população. Dai que o que nos toca é incrementar a luta revolucionária. Nos toca é motivar cada vez mais a ação das massas populares, os protestos ao nível dos sindicatos, das organizações, porém igualmente acionar a guerrilha. E isto é o que nós chamamos “a combinação de todas as formas de luta”, porque as FARC não somente fazem a luta armada, sendo um exército revolucionário. Há que se caracterizar as FARC como uma organização político-militar. Sua direção é uma célula política. Todas as FARC são uma célula política. Por isso também se faz um trabalho na formação de guerrilheiros com a finalidade de fortalecer o nível político e ideológico, para que entendam que é uma luta pelas mudanças estruturais que requer o país e não para benefício particular de ninguém. E para que se entenda que esta luta implica sacrifícios, tem que deixar sua família, internar-se na selva e estar exposto 24 horas por dia a um assalto do inimigo. Nós sentimos que com esse sacrifício estamos aportando a luta revolucionária na Colômbia e nos demais povos do mundo.


domingo, 9 de setembro de 2007

Carta Aberta das FARC-EP



Recebam, senhores representantes dos governos do mundo, uma saudação bolivariana das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo.

Nesta ocasião nos dirigimos aos senhores Presidentes, Primeiros Ministros e Chefes de Estado, com a finalidade de convidá-los a contribuir com a construção da Paz com Justiça Social para a Colômbia através do reconhecimento do status de beligerância que nossa organização guerrilheira, as FARC-EP, foi conquistando através destes mais de quarenta anos de resistência e luta pelos direitos do povo colombiano.

Acreditamos, como revolucionários que somos, na possibilidade de encontrar uma saída política para esta guerra que dessangra a Colômbia. De nossa parte, tenham certeza disso, a mais absoluta disposição para o diálogo e o entendimento. Nossos questionamentos revolucionários nos indicam que só com a participação de todos os colombianos e todas as colombianas poderemos transformar nossa pátria dolorida em uma onde floresçam a convivência pacífica e a liberdade.

Nossa vocação de paz continua incólume, pois somos uma organização político-militar levantada em armas contra o despotismo dos que pensam que governar se reduz ao ignóbil ato de reprimir selvagemente as expressões de inconformidade que surgem, inevitavelmente, a partir da fome e da miséria impostas às maiorias populares. Somos povo em armas; somos o exército desse povo que, inspirado no exemplo do Libertador Simón Bolívar, se levantou contra a violenta classe dominante de nosso país em busca de melhoras profundas para a vida dos colombianos.
Mas nossa vontade de paz para a Colômbia tem topado, uma e outra vez, com o obstáculo de uma cúpula guerreirista enquistada no poder. Essa cúpula, apoiada financeira e militarmente pelos Estados Unidos, está encabeçada no dia de hoje pelo atual presidente Álvaro Uribe Vélez, que chegou, inclusive, ao extremo de legalizar os paramilitares – impiedosos assassinos de milhares de colombianos – para conservar o poder e os benefícios econômicos que este traz (incluindo, naturalmente, o negócio do narcotráfico). O chamado escândalo da narco-para-política está na ordem do dia em nosso país a tal grau que se pode ouvir um dos maiores assassinos de colombianos indefesos, o chefe paramilitar Salvatore Mancuso, reclamar privilégios por ter cometido suas atrocidades em defesa do Estado. E quem pode negar isso: o paramilitarismo e o narcotráfico estão nas entranhas do Establishment e são a essência mesma do atual governo.

Ministros, militares de alta patente, ativos e da reserva, legisladores, empresários, pecuaristas, embaixadores, todos com as mãos manchadas de sangue inocente; todos cerrando fileiras em torno do enriquecimento pessoal e do poder, único horizonte de sua atividade política.

É necessário, hoje mais do que nunca, que os governos do mundo, com base nos princípios do respeito à autodeterminação e soberania nacional, assumam o assunto. Nós, homens e mulheres que fazemos parte das FARC-EP, aportamos diariamente todos os nossos esforços para conseguir a solução política deste conflito, da mesma forma que todos os colombianos que lutam sem descanso de todas as trincheiras da vida diária, pela paz com justiça social.

A participação da Comunidade Internacional na busca de uma paz verdadeira para a Colômbia – uma paz apoiada, necessariamente, na justiça social – deve ser, acreditamos, cada vez mais decidida e firme. Não podemos permitir que triunfe o unilateralismo do atual governo norte-americano. Não podemos permitir que em seu delírio imperial, George W. Bush e os senhores da guerra arrastem o mundo para uma crise mais profunda do que todas as que conhecemos na história da humanidade. Não podemos permitir, muito menos, que George W. Bush continue enviando apoio militar e financeiro ao governo de Uribe e aos paramilitares em nosso país. É necessário tomar medidas multilaterais para evitar que se repitam episódios vergonhosos para a humanidade: novos holocaustos cometidos contra os povos do mundo em nome da “democracia ocidental”.

Não há democracia onde há miséria, nem há paz onde há opressão. É agora que deve ser ouvida a voz dos povos; e a voz do povo colombiano é clara e firme: queremos paz com justiça social; não queremos mais guerra fratricida, não queremos que o imperialismo norte-americano decida o que só compete aos colombianos e colombianas decidir.

E graças ao apoio dos Estados Unidos que hoje pode se manter em pé a política repressiva de Uribe chamada de “Segurança Democrática”. Sob o pretexto de que a “democracia” se encontra sob a ameaça do “terrorismo” na Colômbia, Uribe e seus achegados escondem a verdadeira dimensão do conflito. Talvez valesse a pena inverter a máxima dos propagandistas do regime uribista e assim teríamos uma explicação mais próxima para explicar os temores que levaram os que governam a se tornarem cada vez mais repressivos e sanguinários: é o terrorismo o que atualmente está ameaçado pela democracia. Do lado da democracia verdadeira estamos a insurreição armada, o movimento revolucionário e democrático que cresce e se fortalece sob resguardo da clandestinidade, assim como o movimento popular de massas; do lado do terrorismo estão os narco-paramilitares no poder, exercendo o Terrorismo de Estado e cobrando uma cota de sangue cada vez mais alto a nosso povo.

Por isso, senhores representantes dos governos do mundo, é que acreditamos que mais cedo ou mais tarde as coisas voltarão a ser chamadas por seu nome, e o insultante e absurdo adjetivo de “terroristas” com que hoje a Casa Branca e o governo de Uribe procuram nos manchar, será revertido, com toda justiça, contra os que hoje se amparam nisso para negar de maneira néscia e absurda a existência do conflito social e armado em nosso país. Nós somos uma organização político-militar levantada em armas contra a violência oficial e em busca de transformações sociais profundas que permitam o crescimento econômico, político e social de nosso povo, rumo à Nova Colômbia, à Pátria Grande e o Socialismo.

Esse caráter de força revolucionária que se perfila como opção de poder, quer dizer, de força beligerante, foi-nos reconhecido em mais de uma ocasião – e pela via dos fatos – por diferentes governos nacionais com os quais estabelecemos diálogos (os mais recentes durante o período de Andrés Pastrana, 1998-2002), assim como pelos governos dos países que desempenharam o papel de garantes ou facilitadores em tais processos. Em todo momento demonstramos cumprir de sobra com os requerimentos para que nos seja outorgado o status de Beligerância.

Somos um Exército Revolucionário com uma hierarquia de comandos estável e visível, com um projeto político revolucionário; erigimo-nos como opção de poder político e, sobretudo, temos propostas claras para empreender um processo de reconciliação entre os colombianos e reconstruir nossa pátria a partir da vontade popular.

Estamos seguros de que sua colaboração com a paz para a Colômbia será um gesto de dimensões históricas para a paz mundial.

Agradecemos de antemão sua atenção e esperamos ter exposto com clareza nossas idéias.
Recebam uma respeitosa saudação.

Atenciosamente,



Raúl Reyes

Chefe da Comissão Internacional

Montanhas da Colômbia, Setembro de 2007