"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


terça-feira, 30 de abril de 2013

Delegação de paz FARC-EP - 13º Aniversário da fundação do Movimento Bolivariano pela Nova Colômbia



MOVIMENTO BOLIVARIANO PELA NOVA COLÔMBIA: TREZE ANOS DE LUTA PATRIÓTICA

As bolivarianas e os bolivarianos de convicção e coração celebramos hoje o 13º Aniversário da fundação do Movimento Bolivariano pela Nova Colômbia.
São já treze anos de luta paciente e esmerada no que todos e cada um dos integrantes desta nova torrente popular temos contribuído com nosso trabalho diário de organização nos diversos setores sociais que conformam a pátria, em prol dessa Nova Colômbia com a qual sonhamos todos.
Desde as mais heterogêneas frentes de luta de massas, os integrantes do MB temos adiantado um trabalho abnegado de construção de poder popular, seguindo o exemplo de nosso principal arquiteto, o primeiro Chefe Nacional do MB, a quem hoje rendemos tributo de admiração, nosso inolvidável comandante Alfonso Cano.
Foram anos de grandes lutas e de sacrifícios que ainda doem no mais profundo de nossos corações, porém também são treze anos de crescer, de convencer e de vencer.
Hoje, a nação em sua totalidade em avalanche esperançada, se dispõe a empreender novas batalhas pela paz democrática com justiça social.
As organizações insurgentes sustentam em seus diálogos com o governo colombiano as bandeiras populares que firmaram seu nascimento e que marcam o rumo de seus caminhos. As organizações sociais, em multiplicidade de expressões, se fortalecem e se põem na vanguarda da discussão dos grandes temas nacionais. Nosso povo, sofrido e golpeado, se levanta altivo para continuar o longo caminho de sua justa luta para reclamar seus direitos, a dignidade e a soberania nacional.
Ante esta conjuntura, os bolivarianos e as bolivarianas temos ainda muito que fazer na Colômbia de hoje. As trincheiras estão à volta de cada esquina, na curva de qualquer vereda, em todo aquele lugar onde o povo tenha alguma razão para levantar-se.
Regozijemo-nos, então, em nosso décimo terceiro aniversário. Compreendamos e aprofundemos na magnitude do momento atual da luta popular, e nas imensas responsabilidades que a todos nos cabem frente aos desafios que se avizinham.
Fortaleçamos nosso estudo, façamo-nos fortes na pesquisa e na cultura.
Superemos construtivamente nossos erros, apelando à nossa Plataforma Bolivariana, ao pensamento bolivariano e latino-americanista, e aos Princípios do Trabalho Clandestino, dado que na Colômbia atual ainda não existem garantias para desenvolver nosso trabalho político de maneira aberta e pública.
Recordemos a todas e a todos nossos mártires em todo momento, e rendamos-lhes o melhor tributo com nosso esforço e dedicação à luta por um novo país.
Dessa maneira, nosso Movimento, que é o de todos os patriotas que desejamos uma nova Colômbia justa e em paz, avançará vitorioso pela rota que Alfonso Cano, nosso insigne comandante, lhe traçara.
Com sentimentos de afeto e fraternidade,
Bolivarianamente
PABLO CATATUMBO
Chefe Nacional do Movimento Bolivariano pela Nova Colômbia

La Habana, 29 de Abril de 2013.
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Delegação de paz FARC-EP

50 verdades sobre as sanções econômicas dos Estados Unidos contra Cuba

Salim Lamrani | Paris 26/04/2013/ OperaMundi/Brasil
O estado de sítio econômico mais extenso da história voltou a atrair holofotes após a visita de Beyoncé à ilha

A visita da estrela estadunidense da música Beyoncé e de seu marido Jay-z à Havana voltou a levantar polêmica sobre a manutenção das sanções contra Cuba, em vigor há mais de meio século. Eis aqui alguns dados sobre o mais extenso estado de sítio econômico da história.

1) A administração republicada de Dwight D. Eisenhower impôs as primeiras sanções econômicas contra Cuba em 1960, oficialmente por causa do processo de nacionalizações que o governo revolucionário de Fidel Castro empreendeu.


2) Em1962, o governo democrata de John F. Kennedy aplicou sanções econômicas totais contra a ilha.


3) O impacto foi terrível. Os Estados Unidos sempre constituíram o mercado natural de Cuba. Em 1959, 73% das exportações eram feitas para o vizinho do norte e 70% das importações precediam deste território.


4) Agora, Cuba não pode exportar nem importar nada dos Estados Unidos. Desde 2000, depois das pressões do lobby agrícola estadunidense que buscava novos mercados para seus excedentes, a cidade de Havana está autorizada a importar algumas matérias-primas alimentícias, com condições draconianas.


5) A retórica diplomática para justificar o endurecimento deste estado de sítio econômico evoluiu com o tempo. Entre 1969 e 1990, os Estados Unidos evocaram o primeiro caso de expropriações de suas empresas para justificar sua política hostil contra Havana. Em seguida, Washington evocou sucessivamente a aliança com a União Soviética, o apoio às guerrilhas latino-americanas na luta contra as ditaduras militares e a intervenção cubana na África para ajudar as antigas colônias portuguesas a conseguir sua independência e a defendê-la.


6) Em 1991, depois do desmoronamento do bloco soviético, em vez de normalizar as relações com Cuba, os Estados Unidos decidiram reforçar as sanções invocando a necessidade de reestabelecer a democracia e o respeito aos direitos humanos.


7) Em 1992, sob a administração de Bush pai, o Congresso dos Estados Unidos adotou a lei Torricelli, que recrudesce as sanções contra a população cubana e lhes dá um caráter extraterritorial, isto é, contrário à legislação internacional.


8) O direito internacional proíbe toda lei nacional de ser extraterritorial, isto é, de ser aplicada além das fronteiras do país. Assim, a lei francesa não pode ser aplicada na Alemanha. A legislação brasileira não pode ser aplicada na Argentina. Não obstante, a lei Torricelli é aplicada em todos os países do mundo.


9) Assim, desde 1992, todo barco estrangeiro – qualquer que seja sua procedência – que entre em um porto cubano, se vê proibido de entrar nos Estados Unidos durante seis meses.


10) As empresas marítimas que operam na região privilegiam o comércio com os Estados Unidos, primeiro mercado mundial. Cuba, que depende essencialmente do transporte marítimo por sua insularidade, tem de pagar um preço muito superior ao do mercado para convencer as transportadoras internacionais a fornecer mercadoria à ilha.



11) A lei Torricelli prevê também sanções aos países que brindam assistência a Cuba. Assim, se a França ou o Brasil outorgarem uma ajuda de 100 milhões de dólares à ilha, os Estados Unidos cortam o mesmo montante de sua ajuda a essas nações.

12) Em 1996, a administração Clinton adotou a lei Helms-Burton que é ao mesmo tempo extraterritorial e retroativa, isto é, se aplica sobre feitos ocorridos antes da adoção da legislação, o que é contrário ao direito internacional.


13) O direito internacional proíbe toda legislação de ter caráter retroativo. Por exemplo, na França, desde 1º de janeiro de 2008, está proibido fumar nos restaurantes. Não obstante, um fumador que tivesse consumido um cigarro no dia 31 de dezembro de 2007 durante um jantar não pode ser multado por isso, já que a lei não pode ser retroativa.


14) A lei Helms-Burton sanciona toda empresa estrangeira que se instalou em propriedades nacionalizadas pertencentes a pessoas que, no momento da estatização, dispunham de nacionalidade cubana, violando o direito internacional.


15) A lei Helms-Burton viola também o direito estadunidense que estipula que as demandas judiciais nos tribunais somente são possíveis se a pessoa afetada por um processo de nacionalizações era um cidadão estadunidense quando ocorreu a expropriação e que esta tenha violado o direito internacional público. Veja só, nenhum destes requisitos são cumpridos.


16) A lei Helms-Burton tem como efeito dissuadir numerosos investidores de se instalarem em Cuba por temer represálias por parte da justiça estadunidense e é muito eficaz.


17) Em 2004, a administração de Bush filho criou a Comissão de Assistência a uma Cuba Livre, que impulsionou novas sanções contra Cuba.


18) Esta Comissão limitou muito as viagens. Todos os habitantes dos Estados Unidos podem viajar a seu país de origem quantas vezes quiserem - menos os cubanos. De fato, entre 2004 e 2009, os cubanos dos Estados Unidos só puderam viajar a ilha 14 dias a cada três anos, na melhor das hipóteses, desde que conseguissem uma autorização do Departamento do Tesouro.


19) Para poder viajar era necessário demonstrar que ao menos um membro da família vivia em Cuba. Não obstante, a administração Bush redefiniu o conceito de família, que se aplicou exclusivamente aos cubanos. Assim, os primos, sobrinhos, tios e outros parentes próximos já não formavam parte da família. Somente os avós, país, irmãos, filhos e cônjuges formavam parte da família, de acordo com a nova definição. Por exemplo, um cubano que residisse nos Estados Unidos não poderia visitar sua tia em Cuba, nem mandar uma ajuda econômica para seu primo.


20) Os cubanos que cumpriam todos os requisitos para viajar a seu país de origem, além de terem de limitar sua estadia a duas semanas, não podiam gastar ali mais de 50 dólares diários.


21) Todos os cidadãos ou residentes estadunidenses podiam mandar uma ajuda financeira a sua família, sem limite de valor, menos os cubanos, que não podiam mandar mais de 100 dólares ao mês entre 2004 e 2009.


22) Não obstante, era impossível a um cubano da Flórida mandar dinheiro à sua mãe que vivia em Havana – membro direto da sua família de acordo com a nova definição –, se a mãe militasse no Partido Comunista.


23) Em 2006, a Comissão de Assistência a uma Cuba Livre adotou outra norma que recrudesceu as restrições contra Cuba.


24) Com o objetivo de limitar a cooperação médica cubana com o resto do mundo, os Estados Unidos proibiram a exportação de equipamentos médicos a países terceiros “destinados a serem utilizados em programas de grande escala [com] pacientes estrangeiros” mesmo apesar de a maior parte da tecnologia médica mundial ser de origem estadunidense.


25) Por causa da aplicação extraterritorial das sanções econômicas, uma fabricante de carros japonesa, alemã, coreana, ou outra, que deseje comercializar seus produtos no mercado estadunidense, tem de demonstrar ao Departamento do Tesouro que seus carros não contêm nem um só grama de níquel cubano.


26) Do mesmo modo, um confeiteiro francês que deseje entrar no primeiro mercado do mundo tem de demonstrar à mesma entidade que sua produção não contém um só grama de açúcar cubano.


27) Assim, o caráter extraterritorial das sanções limita fortemente o comércio internacional de Cuba com o resto do mundo.


28) Às vezes, a aplicação destas sanções toma um rumo menos racional. Assim, todo turista estadunidense que consuma um cigarro cubano ou um copo de rum Havana Club durante uma viagem ao exterior, na França, no Brasil ou no Japão, se arrisca a pagar uma multa de um milhão de dólares e a ser condenado a dez anos de prisão.


29) Do mesmo modo, um cubano que resida na França, teoricamente não pode comer um sanduíche do McDonald’s.


30) O Departamento do Tesouro é taxativo a respeito: “Muitos se perguntam com frequência se os cidadãos estadunidenses podem adquirir legalmente produtos cubanos, inclusive tabaco ou bebidas alcóolicas, em um país terceiro para seu consumo pessoal fora dos Estados Unidos. A resposta é não”.


31) As sanções econômicas também têm um impacto dramático no campo da saúde.  Com efeito, cerca de 80% das patentes depositadas no setor médico provêm das multinacionais farmacêuticas estadunidenses e de suas subsidiárias e Cuba não pode ter acesso a elas. O Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos sublinha que “as restrições impostas pelo embargo têm contribuído para privar Cuba de um acesso vital a medicamentos, novas tecnologias médicas e científicas”.


32) No dia 3 de fevereiro de 2006, uma delegação de dezesseis funcionários cubanos, reunida com um grupo de empresários estadunidenses, foi expulsa do Hotel Sheraton María Isabel da capital mexicana, violando a lei asteca que proíbe todo tipo de discriminação por raça ou origem.


33) Em 2006, a empresa japonesa Nikon se negou a entregar o primeiro prêmio – uma câmera – a Raysel Sosa Rojas, jovem cubano de 13 anos que sofre de uma hemofilia hereditária incurável, que ganhou o XV Concurso Internacional de Desenho Infantil do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). A multinacional nipônica explicou que a câmera digital não poderia ser entregue ao jovem cubano porque continha componentes estadunidenses.


34) Em abril de 2007, o banco Bawag, vendido ao fundo financeiro estadunidense, fechou as contas de uma centena de clientes de origem cubana que residiam na república alpina, aplicando assim, de modo extraterritorial, a legislação estadunidense em um país terceiro.


35) Em 2007, o banco Barclays ordenou às suas filiais de Londres que fechassem as contas de duas empresas cubanas: Havana International Bank e Cubanacán, depois de a Ofac (Office of Foreign Assets Control, ou Oficina de Controle de Bens Estrangeiros) do Departamento do Tesouro, efetuar prisões.


36) Em julho de 2007, a companhia aérea espanhola Hola Airlines, que tinha um contrato com o governo cubano para transportar pacientes que padeciam de doenças oculares no marco da Operação Milagre teve de por fim às suas relações com Cuba. Com efeito, quando solicitou ao fabricante estadunidense Boeing que realizasse consertos em um avião, este lhe exigiu como condição que rompesse seu contrato com a ilha caribenha e explicou que a ordem era procedente do governo dos Estados Unidos.


37) No dia 16 de dezembro de 2009, o banco Crédit Suisse recebeu uma multa de 536 milhões de dólares do Departamento do Tesouro por realizar transações financeiras em dólares com Cuba.

38) Em junho de 2012, o banco holandês ING recebeu a maior sanção jamais aplicada desde o início do estado de sítio económico contra Cuba em 1960. A Ofac, do Departamento do Tesouro, sancionou a instituição financeira com uma multa de 619 milhões de dólares por realizar, entre outras, transações em dólares com Cuba, através do sistema financeiro estadunidense.


39) Os turistas estadunidenses podem viajar para a China, principal rival econômica e política dos Estados Unidos, para o Vietnã, país contra o qual Washington esteve mais de quinze anos em guerra, ou para a Coréia do Norte, que possui armamento nuclear e ameaça usá-lo, mas não para Cuba, que, em sua história, jamais agrediu os Estados Unidos.


40) Todo cidadão estadunidense que viole esta proibição se arrisca a uma sanção que pode alcançar 10 anos de prisão e um milhão de dólares de multa.


41) Depois das solicitações de Max Baucus, senador do Estado de Montana, o Departamento do Tesouro admitiu ter realizado, desde 1990, apenas 93 investigações relacionadas ao terrorismo internacional. No mesmo período, efetuou outras 10.683 “para impedir que os estadunidenses exerçam seu direito de viajar a Cuba”.


42) Em um boletim, a Gao (United States Government Accountability Office, ou Oficina de Responsabilidade Governamental dos Estados Unidos) apontou que os serviços aduaneiros (Customs and Border Protection – CBP) de Miami realizaram inspeções “secundárias” sobre 20% dos passageiros procedentes de Cuba em 2007 com a finalidade de comprovar que não importavam tabaco, álcool ou produtos farmacêuticos da ilha. Por outro lado, a média de inspeções foi só de 3% para o restante dos viajantes. Segundo a GAO, este enfoque sobre Cuba “reduz a aptidão dos serviços aduaneiros para levar a cabo sua missão que consiste em impedir que os terroristas, criminosos e outros estrangeiros indesejáveis entrem no país”.


43) Os ex-presidentes James Carter e William Clinton expressaram várias vezes sua oposição à política de Washington. “Não deixei de pedir pública e privadamente a eliminação de todas as restrições financeiras, comerciais e de viagem”, declarou Carter depois de sua segunda estadia em Cuba em março de 2011. Para Clinton, a política de sanções “absurda” tem sido um “fracasso total”.


44) A Câmara de Comércio dos Estados Unidos, que representa o mundo dos negócios e as mais importantes multinacionais do país, também expressou sua oposição à manutenção das sanções econômicas.


45) O jornal The New York Times condenou “um anacronismo da Guerra Fria”.


46) O Washington Post, diário conservador, aparece como o mais virulento quando se trata da política cubana de Washington: “A política dos Estados Unidos em relação a Cuba é um fracasso […]. Nada mudou, exceto que o nosso embargo nos torna mais ridículos e impotentes que nunca”.


47) A maior parte da opinião pública estadunidense também está a favor de uma normatização das relações entre Washington e Havana. Segundo uma pesquisa realizada pela CNN no dia 10 de abril de 2009, 64% dos cidadãos estadunidenses se opõe às sanções econômicas contra Cuba.

48) De acordo com a empresa Orbitz Worldwide, uma das mais importantes agências de viagem da internet, 67% dos habitantes dos Estados Unidos desejam ir de férias para Cuba e 72% acreditam que “o turismo em Cuba teria um impacto positivo na vida cotidiana do povo cubano”.


49) Mais de 70% dos cubanos nasceram sob o estado de sítio econômico.


50) Em 2012, durante a reunião anual da Assembleia Geral das Nações Unidas, 188 países de 192 condenaram pela 21ª vez consecutiva as sanções econômicas contra Cuba.

(*) Doutor em Estudos Ibéricos e Latino-americanos da Universidade de Paris Sorbonne-Paris IV, Salim Lamrani é professor-titular da Universidade de la Reunión e jornalista, especialista nas relações entre Cuba e Estados Unidos. Seu último livro se chama The Economic War Against Cuba. A Historical and Legal Perspective on the U.S. Blockade, New York, Monthly Review Press, 2013, com prólogo de Wayne S. Smith e prefácio Paul Estrade. 
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com apoio do PCB

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Delegação de paz FARC-EP Saúda Foro Sobre Participação Política em Bogotá




La Habana, Cuba, sede dos diálogos de paz, 28 de abril de 2013.

A Delegação de paz das FARC-EP, desde Havana, sede dos diálogos que devem aclimatar as condições que nos impulsione a todos a avançar na consecução da tão desejada paz democrática com justiça social, saúda a todas e todos os assistentes do Foro Sobre Participação Política que se desenvolve, deliberante, na cidade de Bogotá, como um louvável esforço dos setores políticos, sociais e gremiais do país, por proporcionar luzes que nos permitam sair da horrível noite de violência antipopular que nos reprime desde há mais de 65 anos.

É, sem lugar a dúvidas, a secular escuridão do regime político colombiano, caracterizado por sua acentuada intolerância política, seu selo oligárquico – e, por antonomásia, antidemocrático – o principal causador de que a participação política de forças alternativas em nosso país teve que desenvolver por meio das armas na luta legítima dos humildes por acessar ao governo e ao poder que são, entre outras, características básicas da luta política de todos os partidos no mundo.

Foram inumeráveis os esforços dos diferentes setores da sociedade colombiana por abrir-se caminho em busca do reconhecimento de suas seculares reivindicações e, sempre sem falta, a carreira termina colidindo-se ou contra a morte impune e outras formas de coação e imobilismo ou contra o intransponível muro da politicagem crioula, que seus inefáveis usufrutários, com certo cinismo, querem apresentar-nos como a “democracia mais antiga do continente”.

Digamos de uma vez, o sistema político e eleitoral colombiano está apodrecido, infestado de corrupção, armadilhas, fraude, clientelismo, astúcias leguleias, compra de votos, fatiamento da torta burocrática e dos poucos bens e serviços que presta o Estado, que são direitos cidadãos, porém que na atual pantomima se converteram por arte de berliques-e-berloques em migalhas disfarçadas de “subsídios e ajudas” que, obrigatoriamente, devem ser agradecidas com o voto nas urnas.

Tudo isto não é novo, desde a tentativa de assassinato ao nosso Libertador na infausta noite setembrina, o distintivo do regime político colombiano tem sido o uso da violência sistemática para sustentar-se no poder.

Assim o atesta o assassinato do Marechal Sucre; as mais de 35 guerras civis que assolaram nossa pátria no século XIX, cada qual mais obscura em sua origem e ainda mais obscura em seu desenlace. O século XX não deparou melhores destinos à pátria, e arrancou com uma matança de 1.000 dias, continuou com os magnicídios de Rafael Uribe Uribe e de Jorge Eliecer Gaitán – certamente, o custo que pagaram por terem ousado mencionar a palavra socialismo desde as toldas partidárias tradicionais –; a violência contra as bases liberais e contra os comunistas dos anos ’50, a tenebrosa aplicação da antinacional “Teoria da Segurança Nacional” nos inícios dos anos ’60 e o dessangramento dos anos ’80 e ’90, décadas inteiras de guerra suja, quando a Colômbia viu com horror a intransigente mesquinharia das elites estatais e paraestatais, que assassinaram 4 candidatos presidenciais e a mais de 5.000 militantes da União Patriótica, também da Frente Popular e da A Lutar.

O atentado pessoal, a desaparição forçada, os massacres, as torturas e as detenções arbitrárias, a entronização de esquadrões da morte, ao lado de eleições periódicas sem nenhuma garantia para as forças de oposição, têm sido em essência a perversa combinação de formas de dominação que o estabelecimento hegemônico desenvolve desde sempre.

Sempre acreditamos que a guerra civil não pode ser o futuro da pátria, e no espírito de nosso programa agrário do ano 64 – com total convicção o dizemos – nossa luta tem sido por tratar de garantir as mudanças políticas, econômicas, sociais e culturais represadas por mais de 2 séculos de vida republicana, possam se realizar pela via menos dolorosa para o nosso povo, via que sempre nos foi negada.

É a anterior situação um destino inexorável para nosso país? Nós estamos convencidos que não é assim.

A convivência democrática que permita desenvolver propostas programáticas, sem as casualidades que a permanente ameaça sobre as vidas e a integridade física e moral de todos os associados é possível, sempre e quando se realizem uma série de reformas que desmontem o caixilho de leis repressivas, opressoras e antidemocráticas e aparelhos criados ex-profeso, para conter a rebeldia de todo um país, e que se convertem na atualidade numa barreira para o avanço para uma Colômbia Nova, em paz e desenvolvimento, que nos abrace a todos.

Os milhões de colombianos que marcharam no passado 9 de abril de ponta a ponta da geografia pátria expressaram o imenso e ensurdecedor chamado, no qual coincidem com relevantes dirigentes políticos, sociais, intelectuais e acadêmicos para “desoligarquizar” a direção da política e do Estado. O constituinte primário – verdadeiro soberano – fez sentir sua força vulcânica nesta, que parece ser a hora da paz, e suas vozes devem ser ouvidas porque representam a vontade nacional; esta manifestação, como as inumeráveis expressões sociais e populares que diariamente se dão em nossa pátria, são formas de participação política, como política também é nossa luta rebelde.

A participação política pela qual lutamos, a entendemos como participação cidadã com caráter DECISÓRIO para a construção de uma democracia plena, e não como legitimadora de processos falsificados e de políticas que já foram delineadas de antemão pelas elites.

Do que se trata, é de gerar um ambiente jurídico e político que possibilite que os sindicalistas, as organizações agrárias, os indígenas, as negritudes, as mulheres, os jovens e estudantes, os partidos minoritários, os defensores de DDHH, os milhões de colombianos que têm direito a expressar livremente suas opiniões, sua sexualidade e orientação de gênero, os artistas, os ecologistas, a insurgência e, por último, as grandes maiorias nacionais possam exercer seu sagrado direito e dever de construir uma pátria grande e justa onde caibamos todos. Todos eles em suas diferentes manifestações, mobilizações e formas organizativas têm muito que dizer e muito que contribuir neste empenho por construir democracia.

E porque são tantas e tão profundas as mudanças por fazer é que acreditamos que uma Assembleia Nacional Constituinte é o mecanismo mais idôneo para referendar os acordos e para reconciliar a família colombiana e avançar na reconstrução da pátria; uma Constituinte pela Paz, onde pela primeira vez em toda nossa história estejamos todos e todas, incluindo aos que lutamos com a bandeira Bolivariana por construir um novo país que nos garanta o pleno exercício de nossos direitos e a maior soma de felicidade possível.

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DELEGAÇÃO DE PAZ DAS FARC-EP

Piedad Córdoba: A paz é a luta contra a opressão no país

A ex-senadora Piedad Córdoba afirmou neste domingo (28) que o povo colombiano considera que a paz é mais do que o desarmamento e a desmobilização, é uma discussão sobre o sistema político, as garantias, a luta contra a opressão no país.
 
A ativista dos direitos humanos declarou à Prensa Latina que chegar aonde se chegou hoje é uma conquista da sociedade, da pressão e mobilização popular.

Quando começamos as libertações de prisioneiros e reféns, todos se opuseram e nos perseguiram, disse. Esta foi uma das razões pelas quais me destituíram do cargo de senadora por 32 anos, mas isto era o início e a busca de que se conquistasse este processo de diálogo, acrescentou.

Porta-voz do movimento Marcha Patriótica e Colombianos e Colombianas pela Paz, Córdoba é uma das mais de 1.200 pessoas que estão presentes em Bogotá no foro de participação política, um dos cinco pontos da agenda assinada em agosto de 2012 pelo governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (Farc –EP).

Em sua opinião, deste encontro sairão coisas muito importantes. Este foro demonstra que há também uma quantidade de organizações que exigem uma ampliação do poder neste país, participação e garantias.

As pessoas querem falar, pedem que se mude o estado de coisas inconstitucionais como a miséria e a pobreza, a falta de garantias e a perseguição os que abraçam teorias políticas diferentes, declarou.

O foro, que se encerrará na próxima terça-feira, é o segundo que se realiza por proposta do governo e da guerrilha. O primeiro se realizou em dezembro de 2012 e abordou a política de desenvolvimento agrário integral, um dos cinco pontos da agenda acordada por ambas as partes.

Naquela ocasião foram recolhidas mais de 400 propostas de 522 organizações e 18 setores.

As conversações, que contam com Cuba e Noruega como países garantidores e Venezuela e Chile como acompanhantes, se realizam sobre a base de uma agenda que inclui também o fim do conflito em si, o tema das vítimas e a solução para o problema das drogas.

Todas as intervenções serão enviadas em 20 de maio à mesa de conversações entre o governo e a guerrilha, que têm por sede o Palácio de Convenções de Havana, Cuba.


Blog da Resistência www.zereinaldo.blog.br / Prensa Latina

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Delegação de paz das FARC-EP saúda o gesto altruísta de 62 parlamentares dos Estados Unidos, em carta ao Secretário de Estado John Kerry




Senhores Parlamentares:
James P. McGivern
Janice D. Schakowsky
John Lewis
Randy K. Weber
Demais parlamentares que apóiam o Processo de Paz da Colômbia.


A Delegação de Paz das FARC-EP, presente em La Habana, saúda o gesto altruísta dos 62 parlamentares dos Estados Unidos que, em carta ao Secretário de Estado John Kerry, expressaram seu respaldo ao Processo de Paz da Colômbia, aos esforços pela solução política do conflito, que hoje revive e mobiliza a esperança de milhões de colombianos.


Nossa determinação, senhores parlamentares, é buscar por todos os meios uma solução diplomática, incruenta, ao meio século de confrontação armada, originada na violência e no despojo, na injustiça social e numa democracia que nunca foi plena. Procurando que as partes não se levantem da Mesa de Diálogos sem obter o bem supremo da paz, solicitamos elevar o Acordo de La Habana ao patamar de Acordo Especial, invocando a normativa do Direito Internacional Humanitário, para quedito Acordo seja incorporado ao bloco da constitucionalidade, de tal forma que reforce o imperativo constitucional de que a Paz é um direito e um dever de todos os colombianos.
Compartimos que o caminho rumo à paz nunca é direto nem fácil, sua consideração enquanto a que os Estados Unidos podem apoiar o Processo, oferecendo um pacote de assistência desenhado para alcançar uma paz justa e duradoura, sua apreciação sobre as declarações do Departamento de Estado em apoio ao Processo de paz, assim como suas palavras nas quais pedem a inclusão do ELN nas conversações.

Sublinhamos sua preocupação pelas vítimas do conflito e especialmente pela sorte de mais de cinco milhões de pessoas enxotadas violentamente de suas terras, pelo massacre da União Patriótica e os casos de mais de 3.000 vítimas de execuções extrajudiciais, essas últimas ocorridas durante o governo de Álvaro Uribe Vélez. Sem dúvida, em todos esses casos, o ponto último de imputação o tem o Estado.

Casos de sequestro, desaparição forçada, o recrutamento, o uso de explosivos de todo tipo, entre outros, são assuntos a serem abordados e solucionados com sindéreses, observando o universo da confrontação no marco de suas causas históricas. Assim, uma Comissão da verdade, independente e sensata, deve ser a que esclareça a responsabilidade histórica da violência.

Concordamos com vocês em que é necessária a participação das comunidades afrodescendentes, indígenas, mulheres, associações de vítimas, outras organizações da sociedade que pedem ter voz no Processo, enfim, consideramos a plena participação cidadã como garantia do êxito.


Com base na sua disposição plena de aportar à reconciliação dos colombianos, solicitamos sua intervenção ante o governo dos Estados Unidos para que facilite a presença de nosso porta-voz Simón Trinidad, prisioneiro em Florence, Colorado, na Mesa de Conversações. Temos certeza de que ele é fundamental para alcançar um Acordo definitivo que ponha fim à guerra entre colombianos.

Reiteramos nosso agradecimento pelo interesse de ajudar a Colômbia a alcançar uma Paz justa e duradoura.

Atenciosamente,


DELEGAÇÃO DE PAZ DAS FARC-EP
La Habana, 25 de março de 2013