"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Farc e governo divulgam informações sobre acordo inicial rumo à paz


Natasha Pitts
Jornalista da Adital
Adital
Na segunda-feira (27), as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o governo do presidente Juan Manuel Santos divulgaram a assinatura de um acordo para começar uma conversa pacífica com o objetivo de acabar com o conflito armado interno que afeta o país há cerca de 50 anos. O acordo, que foi assinado em Havana, capital de Cuba, prevê a elaboração, no prazo de 18 meses, de um novo projeto de sociedade que inclua algumas postulações programáticas das Farc.
De acordo com o Observatório de Processos de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (ODDR), há também um consenso sobre a assinatura de um acordo de paz, visto que as duas partes acreditam que a busca pela paz é uma obrigação. Para isso, será estabelecida uma mesa de debates em Oslo, Noruega, daqui a um mês. A sede principal das discussões será Havana, Cuba, mas podem ser feitas reuniões também em outros países, deixando clara a importância da colaboração internacional.
O acordo assinado em fevereiro deste ano inclui seis pontos e uma regra de funcionamento. O primeiro diz respeito à ‘Política de desenvolvimento agrário integral’, iniciativa considerada determinante para impulsionar a integração entre as regiões e o desenvolvimento social e econômico equitativo do país.
O segundo ponto é ‘participação política’ e definirá alguns direitos e garantias para o exercício da oposição política em geral e em particular para os novos movimentos que surjam logo após a assinatura do acordo final. Também serão debatidos alguns mecanismos democráticos de participação cidadã e medidas para promover maior participação na política nacional.
O terceiro contempla o tema ‘Fim do conflito’. A pauta específica sobre este ponto debaterá o cessar fogo, o abandono das armas e o fim das hostilidades de forma bilateral e definitiva. Nesta ocasião também será discutida a reincorporação das Farc à vida civil nos aspectos econômico, social e político segundo seus interesses.
O quarto ponto, ‘Solução ao conflito de drogas ilícitas’, se relaciona à problemática do narcotráfico, e vai puxar o debate sobre programas de substituição de cultivos ilícitos, recuperação ambiental das áreas afetadas com a participação das comunidades, programas de prevenção ao consumo e saúde pública.
O quinto ponto é ‘Vítimas e reparação’ e tratará dos direitos humanos das vítimas e o sexto ponto de debate será ‘Implementação, verificação e legalização’.
Ficou definido durante a reunião em Havana que as conversas entre as partes serão ‘diretas e ininterruptas’. A intenção é garantir a efetividade do processo e terminar o trabalho sobre os pontos da agenda no menor tempo possível, de modo a cumprir com as expectativas da sociedade colombiana. Apesar disso, membros da Farc e do governo determinaram que os debates vão levar o tempo necessário para se chegar a um ponto comum.
Este percurso rumo à paz tem o apoio dos governos de Cuba e da Noruega como garantidores e da Venezuela e do Chile como acompanhantes. Posteriormente, outros países poderão oferecer colaboração e se unir para ajudar neste processo.

Colômbia: PCB presente em ato da Marcha Patriótica


Ocorreu nessa última sexta-feira, 24 de agosto, nova manifestação do maior movimento social da atualidade na Colômbia, a Marcha Patriótica. A atividade, que reuniu diversas organizações sociais que lutam contra o estado beligerante e oligárquico presente na Colômbia e pela efetiva construção de um caminho que ponha fim a mais de 5 décadas de guerra civil no pais, contou com a participação do PCB.

Integrante da Comissão Política Nacional do PCB, Fabio Bezerra envia de Cartagena de Las Índias, na Colômbia, as seguintes informações sobre o evento:

"Cerca de 10.000 pessoas vindas de todas as partes da nação, inundaram a Praça da Paz, no centro histórico de Cartagena de Las Índias, com seus cantos regionais, palavras de ordem, bandeiras e estandartes diversos com muita alegria e disposição em construir um novo capítulo na História da luta politica e social desse país que traz em sua História a tradição da resistência e da rebeldia contra as forças opressoras e escravocratas desde os tempos do império espanhol.
Cartagena, não foi escolhida ao acaso para ser a sede desse importante e significativo evento. Foi nessa cidade que no final do século XVIII a população local se levantou contra a dominação colonial espanhola derrotando pela primeira vez as garras do imperialismo ibérico no continente, servindo de exemplo para múltiplas outras rebeliões populares em toda a província de Nova Granada e região.
Assim como há mais de dois séculos, milhares de jovens, indígenas, mulheres, campesinos, operários e artistas astearam novamente a bandeira da liberdade e da rebeldia, dessa vez contra o poder insolente das elites locais associadas ao imperialismo norte-americano e contra todas as contradições sociais causadas por esse poder constituído em Colômbia que gera o conflito armado , a miséria e o atraso social de um dos países mais ricos em recursos minerais da América Latina.

O evento contou com a presença de delegações estrangeiras de mais de 15 países da América Latina além de entidades de classe de diversas categorias, movimentos em defesa dos direitos humanos e partidos progressistas de vários países.

Em meio a atos culturais e musicais celebridades locais como a senadora Piedad Córdoba e o cantor cubano Pablo Milanes se pronunciavam frente aos manifestantes, firmando sua militante solidariedade.

A Marcha Patriótica luta pela segunda e definitiva independência da Colômbia; uma independência politica e econômica frente ao poder do imperialismo e a subserviência das elites colombianas à dominação dos cartéis de drogas e das trasnacionais capitalistas sobre o seu território.

A Marcha é formada por dezenas de organizações sociais que representam as diversas lutas e resistências populares contra a ordem vigente. Em uma demonstração de força e unidade que há muito não se via, o ato inaugural do "encontro" da Marcha em Cartagena, mobilizou a atenção de todos os povos caribenhos e deixou claro a todo o mundo que em Colômbia um novo polo de luta combativo e de massas se constrói junto a classe trabalhadora e em especial sob os ombros de uma juventude aguerrida e ciente de suas tarefas históricas.

Nem os helicópteros e a grande quantidade de agentes da polícia nas ruas foi capaz de intimidar o ímpeto daqueles que saíram dos quatro cantos do país, atravessaram as cordilheiras, a floresta amazônica em viagens que duraram cerca de 4 a 5 dias, para soltarem em bom e alto som gritos como: " alerta, alerta, alerta que camiña... La espada de Bolíva, por América Latina... E tembla e tembla e tembla imperialista, que a América Latina, se vuelve socialista"!!!

No sábado e no domingo, os cerca de 8000 participantes do evento, se dividiram entre nove mesas temáticas que ao término dos debates, aprovavam documentos base de ações táticas e objetivos para cada um dos desafios e metas trilhados pela organização da Marcha para por em curso a disputa política contra o poder da burguesia e seu representante, o presidente Santos.

Temas como : Saúde, Acesso à educação de qualidade, Juventude e Mundo do Trabalho, Mulheres, Ações no campo, Alternativa frente a Guerra Civil, Desenvolvimento Sustentável, Retirada das Bases Militares Norte-americanas e Autonomia Nacional, foram algumas das temáticas que envolveram os participantes.

Ao término, um documento de princípios de unidade tática e estratégica foi assinado pelas organizações populares e um documento de solidariedade internacional assinado pelas organizações parceiras da Marcha na AL e Europa, que terão como uma das suas tarefas, construir agendas de solidariedade e divulgação da Marcha Patriótica em seus respectivos países.

"De La Praça da Paz , que nesses dias também é a praça da esperança por uma América Latina unida e socialista, seguimos lutando e construindo o futuro".

Fábio Bezerra (membro da Comissão Política Nacional do PCB)

O bem-vindo diálogo para a paz na Colômbia

Por Gloria Inés Ramírez Ríos*


Os meios de comunicação informaram com grande alarde que ontem (27 de agosto) foi assinado na cidade de Havana (Cuba) um acordo entre representantes do governo colombiano e as FARC para iniciar um processo de diálogo formal, com o compromisso de não deixar a mesa até assinar um pavto de paz, e o presidente da República, por sua vez, confirmou que se realizam conversações exploratórias para buscar a paz.

Para a grande maioria do nosso povo, especialmente para aqueles que lutamos por anos para uma solução negociada ao conflito interno, esta é a notícia mais importante dos últimos tempos e uma das mais aguardados pelo nosso país.


Simultaneamente, o comandante do ELN, Nicolas Rodríguez Bautista, disse que sua organização está pronta para iniciar conversas de paz sem condições, que podem ocorrer em conjunto com as FARC, para acabar com o conflito, tornando ainda mais promissoras as possibilidades de acabar de forma civilizada com quase 50 anos de confronto armado.

Iste fato constitui um triunfo muito significativo para as forças sociais e políticas amigas da paz social, e é uma derrota dos setores belicitas, que não conseguem imaginar alternativa distinta da paz dos cemitérios.

Várias pesquisas recentes de opinião indicam que a grande maioria da população apoia o diálogo para a paz, e também o têm feito ONGs de direitos humanos, líderes políticos, militares aposentados, o presidente do Conselho de Estado, o Procurador-Geral da Nação e porta-vozes de vários setores da opinião pública, asism como o representante das Nações Unidas e a comunidade internacional. No entanto, experiências de processos anteriores ensinam que a extrema-direita vai fazer todo o possível para desqualificar e torpedear as negociações e que o processo que está prestes a começar não será alheio a esta realidade.

É desta forma que o ex-presidente Uribe criou a linha a chamada Frente Contra o Terrorismo, a fim de se opor a quaisquer negociações com os guerrilheiros, e lançou agora uma agressiva campanha contra o diálogo agressivo com o argumento delirante que favorece a reeleição do presidente Venezuela Hugo Chávez. Com o cinismo que o caracteriza, esquece que, durante seu segundo mandato, ele também realizou esforços para buscar um diálogo com as guerrilhas.

O movimento popular e todos os apoiadores da paz têm, então, um desafio em torno da negociação e precisam se mobilizar para evitar qualquer provocação ou sabotagem. O governo, por sua vez, deve adotar medidas de proteção eficazes e oportunas para as pessoas e organizações em risco e oferecer as devidas garantias à mobilização popular.

Com relação à agenda do diálogo, deve se ter em conta que não se trata de firmar a rendição, mas de ocupar-se dos temas relativos às causas que deram origem ao conflito e o alimentaram, para evitar que ele volte a se produzir. Nós concebemos o diálogo como uma oportunidade histórica para lançar as bases para um país melhor e não apenas como um meio de superar o confronto armado. Portanto, a nosso ver, o diálogo deve levar a acordos sobre mudanças democráticas avançadas que a sociedade colombiana necessita para alcançar uma paz digna, que tenha como base a democracia e a justiça social, que garanta os direitos das vítimas e que ofereça à insurgência uma chance real de fazer política e reintegrar-se à vida civil com dignidade.

Como senadora da República eleita pelo Pólo Democrático Alternativo, saúdo a abertura do diálogo entre o governo e as FARC e aspiro que ele inclua também o ELN; expresso a minha plena disposição para contribuir com seu desenvolvimento bem sucedido e chamo todos os colombianos amantes da paz a defender essa conquista tão difícil e a cercá-lo do mais amplo apoio para que possa terminar, por fim, emum pacto de paz para o nosso país.

* Gloria Inés Ramírez Ríos é senadora colombiana, eleita pelo Pólo Democrático Alternativo.

Um fato alvissareiro para a Colômbia e a América Latina

Por José Reinaldo Carvalho, editor do Vermelho

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o governo do presidente Juan Manuel Santos anunciaram nesta segunda-feira, 27 de agosto, que assinaram um acordo para iniciar um diálogo visando a encerrar o conflito armado interno que já dura quase 50 anos. Segundo a Rede de TV Telesur, o acordo foi assinado em Havana e seus pormenores serão revelados dentro de alguns dias pelo mandatário colombiano.

O que foi divulgado até agora é que as duas partes concordaram com a elaboração, no prazo de um ano e meio, de um novo projeto de sociedade que inclua algumas postulações programáticas das Farc.

Informou-se ainda que a realização formal das negociações está prevista para o mês de outubro em Oslo, capital da Noruega, após o que, de novo em Havana, as partes proclamariam um acordo de paz, pondo fim ao conflito.

Trata-se de um fato alvissareiro. A paz na Colômbia é uma das principais reivindicações dos movimentos populares, democráticos, patrióticos e anti-imperialistas da América Latina, entre eles as próprias Farc. Se concretizada, será uma vitória destas forças e uma derrota dos militaristas, fascistas, paramilitares, narcotraficantes e demais agentes do imperialismo na Colômbia e na América Latina. Uma derrota também dos círculos que desde os Estados Unidos apostaram durante décadas em soluções militaristas, intervencionistas e no aniquilamento das forças insurgentes.

É uma oportunidade que não deve ser desperdiçada, como foram as demais iniciativas de diálogo e paz tomadas pela guerrilha, que fracassaram devido à violência de setores do Estado colombiano. Em 1985, as Farc e o Partido Comunista Colombiano estimularam o surgimento da União Patriótica, que se converteu em força política eleitoral de grande peso na vida nacional. Em 1986, a coalizão alcançou cerca de 5% dos votos nas eleições presidenciais, elegeu sete senadores, 14 deputados, 23 prefeitos e 351 vereadores.

Os êxitos políticos e eleitorais da União Patriótica, pressuposto para a obtenção de conquistas democráticas e o início de um diálogo objetivo que conduzisse a um processo de paz, tiveram desafortunadamente um efeito inverso. Cerca de cinco mil militantes, quadros políticos, dirigentes e parlamentares da União Patriótica foram assassinados. Um massacre que mostrou de onde emanava a violência e não deixou aos insurgentes outra alternativa senão a continuidade e a intensificação da luta armada.

Em 1998, durante o governo do ex-presidente Andrés Pastrana, surgiu nova oportunidade para a paz. As partes chegaram a negociar na presença de representantes de governos estrangeiros em San Vicente de Caguán, uma zona desmilitarizada no interior do território da Colômbia. De novo os setores mais recalcitrantes das classes dominantes aliados ao imperialismo norte-americano inviabilizaram as conversações de paz e o conflito recrudesceu.

A acentuação dos traços belicistas e militaristas do imperialismo estadunidense durante os dois governos de George W. Bush [2001-2008] e a vigência do governo reacionário e direitista de Álvaro Uribe [2002-2010] na Colômbia fecharam todos os caminhos á paz.

Ao longo da primeira década deste século e até agora, não só teve curso uma política de cerco e aniquilamento à guerrilha no plano da guerra interna, como externamente seus dirigentes e representantes em fóruns políticos e sociais internacionais passaram a ser perseguidos como terroristas.

Recentemente, em agosto de 2011, o então máximo chefe das Farc, Alfonso Cano, anunciou o desejo da guerrilha de empreender diálogos de paz que colocassem fim à guerra que a Colômbia vive há quase meio século.

Em vídeo publicado à época pela Agência de Notícias Nova Colômbia (Anncol) e enviado a todos os meios de comunicação, Cano lembrou ao presidente Santos que em seu discurso de posse, prometeu deixar para trás “o ódio que havia caracterizado os oito anos do governo anterior”.

Em carta publicada em abril deste ano, a guerrilha ressaltou sua disposição ao diálogo, com a ressalva de que “sentar-se a conversar não significa nenhum tipo de rendição e entrega. A reincorporação à vida civil implica e exige uma Colômbia diferente”. A missiva destacava ainda confiar em que esta “é a vontade oficial”.

As Farc existem na Colômbia desde 1964. Ao longo destes quase 50 anos, têm sido uma organização política insurgente que não pode ser ignorada pelos demais atores políticos nacionais e em nível regional. Apesar dos anátemas com que a organização é tratada, pela direita e por setores equivocados da esquerda, é um partido político e um movimento social insurgente e armado, um exército guerrilheiro com ideologia e programa político, implantado entre populações camponesas e indígenas, em setores urbanos, no seio da intelectualidade e dos tabalhadores.

As Farc sofreram muitos golpes nos anos recentes, com a perda de importantes líderes, mas é falso que tenham perdido o rumo e a capacidade de resistir e lutar.

O ambiente político e social na Colômbia tornou-se mais propício à evolução dos diálogos e tratativas encaminhadas no sentido da paz. É positiva a predisposição do governo do presidente Santos ao diálogo, assim como é um fenômeno a ser saudado, pois faz parte desse novo ambiente, a emergência de novos movimentos políticos de massas, como a Marcha Patriótica, lançada em abril.

A Marcha Patriótica é um movimento composto por organizações sociais, políticas, movimentos populares, além de personalidades democráticas que lutam contra o regime oligárquico e o imperialismo. Tem por objetivo a união e a mobilização do povo em torno de metas democráticas e patrióticas.

O anúncio do diálogo e das negociações de paz entre o governo colombiano e a organização política e insurgente Farc, assim como a emergência da marcha Patriótica, são fatos novos da maior significação política, em linha com as profundas mudanças em curso na América Latina.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Presidente Rafael Correa e o repúdio à tirania imperialista mundial

Não é estranho que o presidente Rafael Correa, solidário com as causas justas deste mundo, tenha decidido conceder asilo a Julian Assange. Está presente, também, um feito que os identifica em especial. Do mesmo jeito que o fundador do Wikileaks em escala global, o governo do Equador, submetido a uma chuva de calúnias midiáticas, trabalha incansavelmente em seu país pela democratização do meios de informação e repulsa a prática usual de seus donos de impedir o direito cidadão a uma informação honesta, pluralizada e não-manipulada. Quito inclusive aprovou uma lei exemplar a respeito.

Não foi uma decisão acelerada. O Conselho equatoriano tem feito o seu trabalho minuciosa, discreta e prudentemente. Tão logo Assange ingressou e pediu asilo em sua sede diplomática da capital britânica, abriu consultorias com os países envolvidos. De Estocolmo, não recebeu as devidas garantias de que, se o jornalista decidisse comparecer voluntariamente à procuradoria sueca - como disse ser a sua disposição - não seria logo extraditado para os Estados Unidos.

Tampouco obteve resposta de Washington à pergunta crucial de, se nessa hipótese, propunha-se pedir a extradição do comunicador australiano. Frente a uma solicitação de asilo, são gestões próprias de um governo zeloso de sua soberania, respeitoso desse direito e, em geral, dos direitos humanos. Por isso Quito provavelmente sobrepesou o histórico de tratos cruéis, desumanos e degradantes nos quais tem incorrido Washington contra quem considera seus inimigos, como os que recebe o soldado Bradley Manning, acusado de entregar informação para a Wikileaks, sem esquecer as escandalosas torturas em seus centros ilegais de detenção.

É natural que um Estado que sinta a enorme responsabilidade de proteger a integridade física de um perseguido político tome precauções para evitar que ele caia nas mãos dos Estados Unidos. Ainda mais tratando-se de Assange, odiado por Washington por ter revelado o crescimento de suas conscienciosas ações de ingerência, de guerra e que perturbam a estabilidade no mundo inteiro. Apenas se fala disso pelas vestais da liberdade de imprensa, mas nada menos do que pela ordem presidencial, a potência do norte - através de seus famosos teleguiados e outros meios - assassina diariamente as pessoas ao redor do planeta - em muitos casos meninos, anciões, mulheres - sem se mediar processo legal algum, e pela simples suspeita de que poderiam ser terroristas.

A denúncia digna e contundente do presidente Correa à brutal ameaça britânica contra a embaixada equatoriana em Londres, a solidariedade imediata e firme recebida de Alba e a Unasur demonstram que a América Latina e o Caribe, outrora pátio ianque, é hoje a região mais independente do planeta. Sem estas atitudes, quem pode assegurar que o assalto à sede diplomática não tivesse sido consumado em questão de horas?

Com elas constata-se mais uma vez a possibilidade e o dever de repudiar a imposição da nova tirania imperialista mundial, de impedir um aventureirismo e um descaro ainda maiores que o inventário de crimes contra a paz e o direito internacional que desde 11/09/2001 vêm acumulando os Estados Unidos e seus aliados mais próximos, Reino Unido e Israel em especial. Não restam dúvidas de que é Washington que tem estado o tempo todo puxando os fios que levaram à Suécia a levantar a ridícula acusação de abuso sexual contra o comunicador australiano e a pedir sua extradição ao Reino Unido, como mais tarde a adotar uma atitude francamente gângster contra o Equador. A procuradora sueca que primeiro tomou conhecimento da denúncia das supostas ofensas não encontrou méritos à acusação e arquivou o caso. Foi mais tarde que, estranhamente, uma instância superior decidiu desenterrá-lo. É muito revelador que uma das acusadoras de Assange seja diligente ativista da base subversiva contra a revolução cubana estabelecida pela CIA nesse país.

O Equador já reiterou sua vontade de reiniciar o diálogo como via para solucionar o conflito com as autoridades britânicas, aspecto no qual tem insistido a Unasur. Mas antes, pede que o Reino Unido retire a ameaça, conduta elementar por parte de um país que valoriza a sua soberania. Por fim, serão as gestões diplomáticas combinadas com uma grande mobilização internacional solidária que conseguirão liberar Julian Assange desta situação de injustiça.

*(Tirado do La Jornada)*
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Equipe ANNCOL - Brasil
anncol.br@gmail.com
http://anncol-brasil.blogspot.com
Traduzido por Urana Chimæra : uranachimaera@me.com

Governo e Farc assinam acordo para pôr fim à guerra civil


Em acordo inédito, o governo do presidente colombiano Juan Manuel Santos e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) assinaram, nesta segunda-feira (27), em Havana, Cuba, um acordo para encerrar o conflito armado no país, que já dura quase 50 anos.

A guerrilha deu diversas declarações de que busca uma saída para a situação da Colômbia por meio do diálogo. O conteúdo do acordo será revelado em breve pelo mandatário colombiano, segundo informações da TV multiestatal TeleSUR.
Tudo evolui muito bem e as conversas vão de vento em popa, segundo os comunicados comuns” de ambas as partes, declarou à agência AFP Jan Egeland, representante das Nações Unidas na Colômbia.

As duas partes concordaram, no sábado (25), com a elaboração, no prazo de um ano e meio, de um novo projeto de sociedade que congregue as reivindicações das Farc, sem, no entanto, ser “radical”.

De Oslo a Havana

A realização formal das negociações está prevista para o mês de outubro na cidade de Oslo, Noruega. “De lá, os delegados do governo e da guerrilha se dirigirão novamente a Havana com a disposição de negociar até que se saia com a assinatura de um pacto de paz que ponha fim a quase 50 anos de conflito”, informou a TeleSUR.

Segundo o programa apresentado pelas autoridades colombianas, a viagem dos delegados à Noruega deverá incluir uma visita ao Storting (parlamento unicameral) onde participarão de um debate sobre a democracia participativa.

O diretor de informação da TeleSUR, Jorge Enrique Botero, ressaltou que o processo de paz começou a ser gestado em maio do ano passado, quando iniciaram-se conversas secretas em Havana, que contaram com o acompanhamento de Venezuela, Cuba e Noruega.

Ainda de acordo com a emissora, os arquitetos desse processo por parte das Farc foram o comandante guerrilheiro Mauricio, mais conhecido como El Médico, que sucedeu Jorge Briceño, conhecido como Mono Jojoy. Também participaram os rebeldes Rodrigo Granda, Marcos Calarcá e Andrés París.

Por parte do governo colombiano participaram do processo o atual conselheiro para a Segurança, Sergio Jaramillo; o ministro do Meio Ambiente, Frank Pearl e Enrique Santos Calderón, irmão do presidente, Juan Manuel Santos.

Primeiro passo para a paz

Em agosto de 2011, o então máximo chefe das Farc, Alfonso Cano, anunciou o desejo da guerrilha de empreender diálogos de paz que colocassem fim à guerra que a Colômbia vive há quase meio século.

Em vídeo publicado à época pela Agência de Notícias Nova Colômbia (Anncol) e enviado a todos os meios de comunicação, Cano lembrou Santos que em seu discurso de posse, prometeu deixar para trás “o ódio que havia caracterizado os oito anos do governo anterior”.

Em carta publicada em abril deste ano, a guerrilha ressaltou sua disposição ao diálogo com a ressalva de que “sentar-se a conversar não significa nenhum tipo de rendição e entrega. A reincorporação à vida civil implica e exige uma Colômbia diferente”. E ressaltam confiar que esta “é a vontade oficial. Assim, sem dúvida, poderemos entre todos desenterrar a paz", diz o texto.

Saída não é armada

Nesta segunda-feira (27), o Procurador Geral da Colômbia, Eduardo Montealegre, afirmou que “a saída para o conflito colombiano não está na via das armas”.

No rádio, Montealegre reiterou que “a superação desse conflito de tantas décadas é por meio de um processo de paz” e ressaltou que “a paz é um dever e um direito constitucional”.

Da Redação do Vermelho, com agências

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Venezuela, ‘São tantas as emoções’

 Por Theotonio dos Santos

 Nossas oligarquias estão acostumadas a desmoralizar a emoção na atividade política. Eles gostam de desqualificar os líderes que têm força popular.

 Fidel fala demais. Hugo *Chávez* apela à jocosidade, aos maneirismos etc.
Correa é mais comportado, mas também é muito emocional. Lula joga com seu passado popular e se torna burlesco. Evo Morales usa roupas indígenas que não caem bem em uma recepção formal. Mujica usa sapatos enlameados, e faz passar por fazendeiro pobre. Cristina Kirchner busca imitar Evita Perón com suas roupas ‘exageradas’.****

Quantos mais líderes apareçam e se descobrirá neles esse ar popular e
romântico que, segundo os oligarcas, pertence ao mundo da demagogia e não dos ‘chefes de Estado’. Os chefes de Estado usam roupas sóbrias, falam
moderadamente e não cumprem seus compromissos eleitorais, pois não são
demagogos a ponto de fazer o que o povo exige. As oligarquias se referem
assim ao mundo democrático, às vitórias eleitorais dos ‘demagogos’ e seus
diálogos com as forças populares organizadas, mesmo depois de eleitos. Não
confessam, mas lhes dói inclusive o jogo democrático norte-americano, mas
diante deste eles ficam tranquilos, porque seus líderes nunca pretenderam
cumprir com as promessas eleitorais.****

Por isso me sinto obrigado a estabelecer um marco romântico e emocional
para descrever minha última viagem à Venezuela. Não pude deixar de
consignar o sentimento de vitória popular e o prazer de contar com seu
líder mais uma vez. Por que não apelar à música de Roberto Carlos: São
tantas as emoções?****

Emociono-me ao ver em frente ao Hotel Alba, o antigo Hilton, em uma das
zonas mais nobres de Caracas, na vista do meu quarto, a construção quase
terminada de um edifício de vários pisos, com apartamentos de 70 a 90
metros quadrados destinados às vítimas das últimas chuvas, que destruíram
bairros populares de Caracas. Sou informado de que o governo venezuelano
abrigou aos desalojados em alguns hotéis de Caracas, nos ministérios e até
no Palácio de Miraflores. E o que vejo em frente a este novo edifício,
ocultado em parte pela piscina do hotel? Uma grande e bem plantada horta,
que reflete outro programa do governo. Mostraram-me ainda nos principais
bairros de Caracas as construções massivas de casas populares que deverão
abrigar, nos próximos anos, toda a população da Venezuela. E creio nisso
porque o encarregado desse programa é meu amigo Farruco Sesto, que lançou e viabilizou um programa cultural de vanguarda quando foi ministro da Cultura.
****

Lembro-me, então, dos bairros populares que visitei, nos quais a
organização comunitária atua na definição de novas linhas de ação, ouvindo
as conferências dos congressos anuais de Filosofia que se realizam há
vários anos nestas comunidades, visitando suas bibliotecas onde estão meus
livros também, cuidando das clínicas médicas em que os médicos cubanos não apenas atendem a toda gente com carinho e esmero, mas também formam pessoal médico e paramédico ‘especializado’ em Clínica Geral, capaz de cumprir as funções que lhes cabem em mais de 5 mil clínicas que se criaram em todo o país, nos últimos 10 anos. Confesso que me emociono com o entusiasmo destes 'comuneros urbanos’ que me vieram explicar cada uma de suas atividades, cada uma das vitórias da revolução.****

Eles me fazem recordar aos meus acompanhantes no Museu da Alfabetização, em Cuba, que vão aos arquivos buscar suas fichas de alfabetizadores desde que eram apenas meninos ou adolescentes. Recordo de quando Fidel Castro estabeleceu, no alvorecer da revolução, que cada cubano devia apenas alfabetizar a dois cubanos para que todos participassem da alfabetização de seus cidadãos. E, hoje, esses milhares de alfabetizadores liquidaram essa praga de nossos povos em todos os rincões: na Venezuela, declarada pela UNESCO “território livre do analfabetismo”, na Bolívia, recentemente alcançou também este status, o Equador, a Nicarágua, El Salvador e todos os países membros da ALBA, que entendem por integração a solução desse tipo de problema.****

Mas, como intelectual, no posso ocultar minha emoção quando vou realizar
minha primeira conferência desta viagem na Universidad Bolivariana, que já
conta com mais de 150 mil estudantes que, junto com seus professores,
colocam questões ultra procedentes sobre a particularidade do processo de
transição socialista na Venezuela. Emociona-me também saber que a Venezuela conta, hoje em dia, com uma população universitária de 1,5 milhão de estudantes. Assusta-me saber que já existem instituições universitárias em todas as cidades do país. Entusiasma-me também discutir os problemas graves que tem esta aventura intelectual da qual participa todo um povo. Que prazer discutir na televisão, em um programa noturno, com uma jornalista tão bem informada e tão inteligente como Vanesa Davies, que dirige o programa Contragolpe. Que bom ver que em vez de impedir que eu me expresse, como fazem em terras onde há a ‘imprensa livre’, pedem-me mais análises, mais informações, mais polêmica e discussão. E tudo ao vivo… Que bom que já posso fazer isso em uma dezena de emissoras de TV na América Latina.****

Mas o dia seguinte me reservava ainda mais emoções. Devia falar sobre meu
livro: Imperialismo e Dependência, recém-editado pela prestigiosa Editorial
Ayacucho, no Auditório do Banco Central, em Maracaíbo. E encontro no
auditório, além de professores universitários, economistas e profissionais,
uma vasta platéia de dirigentes comunais e de extratos populares. Que bom
estar em um Banco Central aberto às comunidades, realmente ‘independente’ dos banqueiros e outros especuladores com dinheiro emprestado que mandam e desmandam em nossos bancos centrais, disfarçados de uma troça chamada ‘mercado’, cuja opinião ainda determinaas políticas financeiras e monetárias de nossos países.****

É com muito gosto que participo da inauguração da Feira do Livro de
Maracaíbo quando posso reparar na lista que coloca a Venezuela em terceiro
lugar na América Latina em frequência de leitura, com uma percentagem de
mais de 50% da população que são leitores contumazes de livros. Dá gosto
saber também que todos os meus livros editados na Venezuela já estão
esgotados, com programação de novas edições em marcha.****

Que fantástico participar do lançamento, no Estado de Zulia, da candidatura
de Hugo *Chávez* à Presidência da República Bolivariana de Venezuela. Com
40 graus centígrados de calor veio uma massa de uns 300 mil cidadãos que
estavam à espera do candidato desde as 10 horas da manhã e que aguentaram até o fim da tarde, apertados em um espaço mínimo por pessoa, com seus filhos e parentes. Alguns desmaiaram, para desespero dos responsáveis pela segurança, que os carregaram para as ambulâncias dispostas no entorno da multidão.****

Mas que emoção é sentir a alegria e o calor humano que emanava dessa gente e que chegava ao delírio na medida em que Chávez se aproximava em um caminhão que estacionou no gigantesco espaço ocupado pela massa. O caminhão de Chávez vinha com um grupo jovem de rock que havia composto uma nova canção para sua campanha. Não satisfeito em abraçar aos milhares de cidadãos que conseguiam agarrá-lo e beijá-lo no caminho entre o carro e o palco, Chávez tocou guitarra e acompanhou o grupo de Rock.****

Não pude deixar de recordar os artigos dos jornalistas brasileiros que (um
deles é, inclusive, membro da Academia Brasileira de Letras, para escândalo
dos verdadeiros escritores do país) afirmavam que Hugo Chávez estava perto de morrer e não poderia enfrentar mais uma eleição. Podiam fazer essas ‘revelações’ porque teriam informações de médicos brasileiros
‘democráticos’ que no ocultam informações como os pobres e censurados
jornalistas venezuelanos, impedidos (por quem?) de informar corretamente à
sua população. Estes mesmos jornalistas ‘democráticos’ haviam matado duas
vezes Fidel Castro durante sua enfermidade e no disseram nada quando se
restabeleceu há vários anos já, nem noticiaram como ele debatia durante
nove horas com intelectuais que integram a Rede de Defesa da Humanidade, em Havana, há alguns meses. Quantas mentiras, quanta fofoca corre solta,
impune, nessa “imprensa livre”…****

Mas o que dizer do discurso de Chávez? Uma peça de profunda análise
histórica discutida com a massa que acostumava a ser depreciada por nossos políticos, que em geral não saberiam nem sequer se preocupariam em explicar tão profundamente as razões de sua candidatura em uma cidade que o Libertador Simón Bolívar escolhera para ser vizinha da capital da Gran
Colômbia, que havia escolhido governar se não fosse assassinado, segundo a
tese de Chávez, explicada em detalhe para este povo que já aguentava mais
de 10 horas de sol a 40 graus de temperatura e que continuava firme,
escutando-o e comentando com gritos e aplausos ao seu discurso.****

Razão e emoção s encontram nestas demonstrações de carinho pelo líder que superou sua enfermidade, que comoveu ao seu povo feliz de vê-lo falar
durante duas horas, debaixo de sol, sem nenhuma manifestação de debilidade. Vê-lo discutir, em detalhes, seus planos de vencer as eleições no Estado de Zulia, que é atualmente governado pela oposição. Vê-lo afirmar que o caminho socialista para a Venezuela somente é possível se o povo for capaz de garanti-lo.****

Emoções e mais emoções quando o escuto e o vejo dirigir-se a mim, tantas
vezes, em homenagem a minha condição de intelectual brasileiro (que tanto
discutiu com os venezuelanos sobre os destinos comuns) e por amor ao
Brasil, que o faz se referir a Lula e a Dilma com extremo carinho, para o
gosto do povo ali presente e em todo o país, através da televisão. Líder e
povo se complementam em seus gostos musicais, em seus estudos (pois Chávez leva sempre algum livro a cada uma de suas manifestações, para compartilhar com seu povo de suas últimas leituras, suas preocupações, suas críticas e autocríticas, suas concepções políticas). Jamais a direita poderá ter um líder assim. A única coisa que lhes resta é desmoralizá-lo, o que os afasta das grandes maiorias que pensam e sentem exatamente o contrário.****

Cabe-me referir mais às emoções desta viagem. Ao prazer de falar aos
diretores dos vários ministérios no Instituto de Altos Estudos de Defesa
Nacional, aos reitores das Universidades Bolivarianas, aos colaboradores do
Centro Rómulo Gallego, e particularmente na sede nacional do Banco Central, com a presença de vários de seus diretores e dirigentes, mas também aos líderes populares que tem as portas do banco abertas à sua participação. Banco Central que se interessa pela ‘atualidade da teoria da dependência’ (ignorada pela maior parte dos bancos centrais). Quase tudo isso, vivi em companhia de Monica Bruckmann, cuja obra de investigação sobra ‘a geopolítica dos recursos naturais’ desperta um interesse extremo do Banco Central da Venezuela e de intelectuais, profissionais e políticos assim como nas lideranças populares não apenas na Venezuela, mas em toda a região.
****

‘São tantas as emoções’. Tão poderosas não apenas quando constatamos o
avanço da curiosidade intelectual deste povo, mas também quando sentimos
este amor entre o povo e seus líderes. Mas tão tristes quando pensamos quão distantes ainda estamos de alcançar esse ambiente de participação racional e romântica de um povo com seus líderes. Lula quebrou em parte essa rigidez imposta por nossas classes dominantes. Dilma está conquistando nosso povo com sua dedicação e amor sincero por ele. Em toda a região sentimos este clima de participação ativa do povo em nosso ambiente político. No entanto, falta um pouco mais de confiança neste povo que seguramente recompensará com seu carinho e dedicação aqueles que queiram chegar junto com ele à sorte de uma grande nação latino-americana.****

*Theotonio dos Santos Júnior*, *mineiro de Carangola, é economista. Um dos
formuladores da teoria da dependência, atualmente é um dos principais
expoentes da teoria do sistema-mundo. Mestre em Ciência Política pela
Universidade de Brasília, doutor em economia pela Universidade Federal de
Minas Gerais. Professor emérito da Universidade Federal Fluminense.
Coordenador da Cátedra e Rede da UNESCO e da UNU sobre economia global e desenvolvimento sustentável (a REGGEN).**** 

OS CORVOS DA DINA


Roberto Ortiz
Fonte: Punto Final


Continua pendente o conhecimento da verdadeira magnitude de muitas atrocidades cometidas pelos agentes da ditadura. Tem contribuído muito a esse conhecimento a investigação do chamado “caso rua Conferência”, de abril de 1976, em que um grupo de dirigentes clandestinos do Partido Comunista, liderados por Mario Zamorano e integrado, entre outros, por Uldaricio Donaire – que com o nome de Rafael Cortez era encarregado de controle e quadros – e o engenheiro Jorge Muñoz, esposo de Gladys Marín, caíram numa armadilha da DINA. Todos foram detidos, incluindo Zamorano, ferido a bala, e desaparecidos. Até o dia de hoje desconhecesse o que lhes aconteceu. Ainda que o achado de uma dezena de corpos nus, desfigurados e amarrados com arames na beira do rio Maipo, poucos dias depois da sua detenção, fosse a resposta. 

Pareceu ser o inicio das operações da Brigada Lautaro e do grupo Delfin, que desde o inicio de 1976 tinham a missão de exterminar o Partido Comunista. Poucos dias depois das prisões na rua Conferência foi preso o subsecretário do partido, Victor Días López, escondido numa casa de segurança supostamente segura, com a cobertura de ser parente dos donos da casa. Díaz tinha substituído a Luis Corvalán, detido em outubro de 1973. Muitas detenções nessa primeira leva repressiva obrigaram a construir uma nova direção com Fernando Ortiz Letelier à cabeça, junto de dirigentes como Waldo Pizarro, Horácio Zepeda e Lincoyán Berríos. Novamente, multiplicaram-se as detenções, os desaparecimentos e as invasões de casas que serviam para contatos. Essa segunda direção do PC foi detida ao final de 1976. 


O JUIZ MONTIGLIO

Finda a ditadura, a investigação foi assumida por Victor Montiglio, ministro da Corte de Apelações de Santiago, que tomou a responsabilidade pelo caso da rua Conferência, estagnado durante mais de trinta anos. Aproveitando a captura de Jorgelino Vergara Bravo, ex-agente da DINA e da CNI, o juiz Montiglio conseguiu que este quebrasse o pacto de silêncio e abrisse as comportas para a verdade. Vergara é uma testemunha privilegiada. Sendo quase um garoto, começou a trabalhar na casa do coronel Manuel Contreras, chefe da DINA. Conheceu sua família, atuando como garçom que ajudava nos serviços da casa. Passado algum tempo, ingressou na DINA, continuou sendo o “garçonzinho” mas, em algum momento, se transformou em agente de segurança pelas suas condições físicas, o uso de armas e técnicas de defesa pessoal e, principalmente, pela sua lealdade, reforçada pelo costumeiro juramento de silêncio. Foi destinado ao quartel secreto da rua Simón Bolivar número 8000.

Vergara, com memória fotográfica, relembrou perante o juiz Montiglio, a sua estadia no quartel. Forneceu detalhes, nomes, descrição de lugares, datas, reconheceu vitimas em fotografias. A maioria do que ele falou coincidiu com o que já se sabia ou começou a ser reconhecido por outros agentes. Em primeiro lugar pelo comandante do quartel, o ex-coronel Juan Morales Salgado, que se lembrava com carinho de Jorgelino. Assim como o agente Jorge Pinchumán Curiqueo. Depois vieram outros mais. Cada um se preocupava em salvar o próprio pescoço. Abria-se o segredo mais bem guardado pela ditadura: o quartel da DINA de onde nenhum dos prisioneiros saiu com vida. Um campo de extermínio total e absoluto.

Foi um verdadeiro cataclismo. O juiz Montiglio processou a sessenta pessoas, desde o general (r) Manuel Contreras, até simples agentes das forças armadas e da polícia de diversas patentes, incluindo mulheres que ocasionalmente foram torturadoras mas que, habitualmente, ajudavam ou aplicavam drogas letais nos prisioneiros. O juiz Montiglio faleceu, vitima do câncer, em março de 2011. O processo continua aberto. Espera-se que em breve saia a sentença, ainda que não faltem os que sustentam que tudo vai dar em pizza.


O GARÇONZINHO

O livro A dança dos Corvos (Ed. Ceibo,275 pgs.) do jornalista Javier Rebolledo, conta esta história através das palavras de Jorgelino Vergara, o mesmo em que se baseou o documentário O Garçonzinho de Marcela Said e Jean de Certeau. Como adverte Jorge Escalante, autor do prólogo e primeiro jornalista que cobriu notavelmente a informação sobre os acontecimentos do quartel Simón Bolivar e o trabalho do juiz Montiglio: “Nunca antes um ex-agente relatou tão detalhadamente a crueldade compilada nesta obra. O Garçonzinho foi uma testemunha dourada. Segundo ele, nunca matou nem torturou. E neste livro sustenta isso”.

Jorgelino Vergara, o garçonzinho, resolveu falar com Rebolledo. Não somente o que já tinha dito, disse coisas novas, como as alusões ao quartel Loyola e as relações entre Manuel Contreras e o empresário Ricardo Claro, segundo ele, um dos financiadores da DINA. Sempre cauteloso, para não se comprometer, não diz nada do que fez após sua maioridade, já que continuo na CNI até 1985. E mantém o que afirma: nunca torturou nem assassinou ninguém. Quer sair limpo de um relato cujo centro é a violência exterminadora.

O Garçonzinho não falou nem por remorso nem por sentido de justiça. O fez por vingança, já que seus ex-companheiros queriam culpá-lo pelo assassinato de Víctor Díaz e falou porque sabia que não seria imputado como menor de idade.

A dança dos Corvos, converteu-se em um livro de grande circulação. Ocupa o primeiro lugar em vendas. Coisa interessante que já se sustenta é que os assuntos sobre direitos humanos são coisa do passado. O autor, Javier Rebolledo, é um profissional jovem com experiência em jornalismo investigativo formado juntamente de Jorge Escalante e Marcela Said. Seu livro é, sem duvida, uma obra de destaque. Terrível e avassaladora, não somente pelo que narra mas também pelas reflexões que provoca. Como, por exemplo, a passividade dos vizinhos do quartel Simón Bolivar, que conviviam diariamente com o dia-a-dia dos setenta funcionários da Brigada Lautaro e do Grupo Delfin. Percebiam como agentes de segurança circulavam, inclusive com armas à mostra, às vezes ouviam os gritos desesperados das suas vitimas. Entretanto, demoraram mais de vinte anos em denunciar.


EXTERMINAR O PC

Se o propósito de Pinochet era acabar como o Partido Comunista, eliminando a sua direção, está claro que fracassou. Pouco tempo depois da detença de Fernando Ortiz já funcionava uma direção substituta encarregada a Jorge Texier e se mantinha a coordenação dos regionais de Santiago. Em meados de 1977, começou a atuar uma direção definitiva com Nicasio Martinez à cabeça, integrada por Crifé Cid, Guillermo Teillier e Juvenal Ayala. O funcionamento compartimentado, a revisão a fundo das medidas de segurança e a coragem dos dirigentes e militantes prisioneiros, permitiu encaixotar o golpe repressivo. Ainda que fossem morrendo em pouco tempo, nessa situação infernal em que não havia nenhuma esperança de sobrevida, resistiram. O fato de não terem ocorrido buscas em residências de quem os conhecia, nem a queda de outros dirigentes e militantes demonstra isso. No final de 1976 foi assassinado Víctor Díaz, asfixiado com uma sacola de plástico. Seu corpo, como os dos demais, foi envolvido por um plástico e, em seguida, enfiado num saco de batatas. Amarrado a um trilho de aço de ferrovia, para que não flutuasse, foi levado de helicóptero até alto mar de onde foi jogado. 

Pelos meses que Víctor Díaz permaneceu prisioneiro, fazem pensar que se transformou em refém que convinha mantê-lo vivo. Pensou-se possivelmente numa troca ou em que, como refém, era uma garantia contra possíveis atentados contra Pinochet ou os integrantes da Junta de Governo. Mas, ao mesmo tempo, era uma testemunha que não podia permanecer viva. Víctor Díaz foi torturado em diversas ocasiões, o que sugere que as acusações de que colaborara com seus algozes foram simplesmente manobras de desinformação. O garçonzinho, e não somente ele, acredita que Díaz não colaborou. É razoável: se o tivesse feito, a Junta de Governo poderia tê-lo mostrado à mídia ou o teria exibido na TV

Além disso, o seguimento aos comunistas já ocorria desde o golpe de estado. Ou até de antes. Guillermo Teillier, detido em 1974, relembrava que ficou impressionado com a abundante e precisa informação sobre o Partido Comunista que os órgãos de inteligência possuíam. Desde então e até 1976, haviam ocorrido detenções e casos claros de colaboração, como o de Manuel Estay Reyno e René Basoa.

O Garçonzinho não é uma personagem confiável. Salvo quando suas palavras são confirmadas por outras confissões e antecedentes consignados no processo. Jorgelino Vergara sabe muito e cala-se, para não se expor ao perigo e para mostrar seu próprio jogo, um jogo perigoso.

Entretanto, ficam pendentes questões importantes. Uma delas é a dificuldade para entender a coexistência entre o terror, entre o mal puro, brutal, sem atenuantes nem justificativas, para com a vida pelos torturadores, dos criminosos, que foram verdadeiras bestas ferozes, dos homens e mulheres capazes de esquartejar um ser humano ainda vivo e, que ao mesmo tempo, são bons pais, preocupados com seus vizinhos, corteses, honrados e fiéis devotos.

Como foi visto muitas vezes entre os criminosos de guerra ou entre os piores assassinos, a banalidade do mal se transforma numa realidade que não deveria ser entendida, nunca, como uma fatalidade. Sempre haverá lugar e esperança para os heróis e também para os santos, em um sentido amplo como houve (e há) muitos, desconhecidos ou ignorados. Também para as pessoas comuns, comprometidas com a felicidade e a liberdade humanas, com a liberdade e a compreensão das debilidades e renuncias que não fecham o caminho para a esperança.

Outro elemento é o comportamento institucional das Forças Armadas que calam-se, sem se perturbar diante das atrocidades cometidas por integrantes das suas fileiras. Talvez imaginem que o seu prestígio não se altera por continuar a manter o mito dos soldados respeitosos do adversário, valentes que nunca torturariam ou assassinariam mulheres grávidas ou matariam prisioneiros indefesos a pauladas.



Publicado em “Punto Final”, edição Nº 764, 17 de agosto de 2012

revistapuntofinal@movistar.cl

sábado, 25 de agosto de 2012

TORTURA nos cárceres colombianos: sistematismo e impunidade revelam uma lógica de Estado.



* “Presos políticos aleijados, paralíticos, cegos ou doentes são submetidos a tortura diária quando situados em meio de pátios paramilitares para ali receber choques e fustigações em situação de total indefensabilidade, e são privados de medicamentos e assistência médica, de maneira que as doenças os consumam: são mensagens que buscam paralisar a empatia social. Se trata de demonstrar que a crueldade sem limites exercida por um estado goza de total impunidade”. ***
* Diomedes Meneses**:***’utiliza cadeira de rodas devido a paraplegia ocasionada pelas torturas’**,** está sendo empurrado para a morte por tortura de negação de assistência médica. **Oscar Elías Tordecilla, cego e com os braços amputados, situado propositadamente numa penitenciária sem presos políticos, em violação ao ditame de Medicina legal e ao DIH: * * ‘necessitou atenção médica para evitar a perda de visão, porém nunca lhe foi proporcionada’.*****
“*Os presos políticos diagnosticados com câncer continuam sem receber atenção médica. **Que as organizações solidárias do Mundo exijam ao Estado colombiano que cesse de forma imediata a aplicação deste método de tortura”. *CSPP

*1. Introdução*
Para finalizar este Dossiê sobre a realidade dos 9.500 presos políticos em Colômbia [1], abordamos um capítulo mais amplo sobre a tortura, por ser esta de caráter sistemático: representa uma mensagem de terror enviada à sociedade em seu conjunto. É o *’castigo’* contra o pensamento crítico, a reivindicação social e a empatia. Dos milhares de presos políticos amordaçados nos cárceres colombianos, se estima que 90% são civis encarcerados com a finalidade de desmantelar a organização social, e que 10% são presos políticos e de guerra membros das organizações insurgentes. A perseguição sistemática contra a oposição política emprega o aparelho judicial como arma de guerra [2]. Desde o estado são negados os presos políticos, em todas as suas categorias: aos presos políticos civis e aos presos políticos de guerra se lhes impinge, mediante grotescas montagens judiciais, acusações por delitos comuns: *”**A estratégia usada contra os prisioneiros políticos é julgá-los por rebelião e agregar-lhes as acusações de terrorismo, narcotráfico e diligências para delinquir com fins terroristas, ** **com o claro objetivo de tirar-lhes o status político, facilitando, inclusive, a extradição * [o Art. 35 da Constituição impede a extradição por delitos políticos]*”*[3]. Sindicalistas, estudantes, líderes campesinos, defensores de DDHH [etc.] terminam presos por “terrorismo” e outros delitos comuns, devido às estratégias do estado colombiano para negar seu acionar repressivo ao mesmo tempo em que o intensifica. Aos presos políticos de guerra se lhes impõem penas exorbitantes, se nega seu caráter político e sofrem torturas e atentados ademais de chantagens com sua vida ou a de seus familiares, com a finalidade de convertê-los em falsas ‘testemunhas’ contra ativistas sociais. A reivindicação de justiça social – no 3º país mais desigual do mundo – sofre represálias de maneira totalitária.

*2. **A tortura: enviar uma mensagem de terror à sociedade, paralisar a reivindicação mediante o medo”
A repressão sistemática contra a organização social é uma mensagem de terror de estado contra a população: se expressa no encarceramento político, no assassinato político, no controle social, na desaparição forçada [4]; se expressa nas torturas terroríficas exercidas pela ferramenta paramilitar em coordenação com o exército nas zonas a despojar [5], torturas a modo de *escárnio público* para provocar massivos deslocamentos forçados [6]; nessa mesma ordem de ideias, de paralisar a reivindicação mediante o medo, se implementa a tortura nos cárceres colombianos. É parte do Terror de Estado: sua função não é somente exercer a crueldade contra o opositor privado de liberdade, para gerar a este sofrimento, mas sim *enviar uma mensagem de terror* aos que quiserem opor-se a um *Status Quo* imperante de saqueio e empobrecimento. Assim, as situações limite de presos políticos aleijados, paralíticos, mancos e cegos, ou doentes que são submetidos à tortura diária ao ser situados no meio de pátios paramilitares para ali receber choques e fustigações em situação de total indefensabilidade, e que são privados de medicamentos e assistência médica de maneira a que as enfermidades os consumam, são mensagens que buscam paralisar a empatia social: se trata de demonstrar que a crueldade sem limites exercida por um estado goza de total impunidade.
Vários presos políticos estão morrendo por negação de assistência médica, há igualmente negativa de classificação de internos em aberta violação ao DIH por parte do estado colombiano [7]; ademais, há uma negativa de aplicar a devida redução de pena e libertação a presos aleijados e enfermos terminais, também se denuncia o distanciamento geográfico e separação familiar como forma de tortura, as surras, descargas elétricas, envenenamentos [combustível, matéria fecal, vidros nas comidas], a privação de água, os confinamentos prolongados em calabouços, a superlotação extrema [8], os tratos degradantes e as humilhações de caráter sexual, as ameaças de extradição, as torturas a familiares que vão desde manuseios até violação e desaparição forçada. A impunidade ampara a tortura, não são respeitadas as sentenças da Corte Constitucional, tampouco as custódias. Ademais, se expedem leis enfocadas à perseguição do protesto social como a *Lei de Segurança Cidadã *do governo Santos, e* *normas internas do Instituto Nacional Penitenciário e Carcerário [INPEC] que vulneram os DDHH [9]. Daí a importância de que cresça a solidariedade ativa com os presos políticos. Há razões políticas, éticas e humanitárias de sobra para que a sociedade colombiana e internacional levante um clamor solidário.

*3. **Grave situação de homicídios de presos em mãos das autoridades por tortura e negação de assistência médica*****
*Por negação de assistência médica, os presos ficam aleijados, paralíticos, cegos ou perdem a vida *[10]*. “**A cada prisioneiro nos tocou ativar o sistema de amparo mediante a custódia, mecanismo constitucional que o INPEC não cumpre, zombando da sentença, graças aos juízes de custódia que não tornam efetiva a prisão e o pagamento da multa por desacato”* [11].   
*Os casos de presos assassinados por negação de assistência médica são alarmantes: estas *torturas são aplicadas com particular fúria contra os presos políticos. As *organizações de DDHH lançam o alarme. *Dada a quantidade de presas e presos políticos em situação de tortura nas prisões colombianas, apresentarei somente alguns casos.
José Albeiro Manjarrés faleceu em 8 de janeiro de 2011, devorado por um câncer de estômago para o qual lhe negaram as análises durante mais de um ano, inclusive quando já perdia massa muscular a olho visto [12]. Ante a gravidade de seu caso e as atrozes dores que padecia, os demais presos desenvolveram uma greve de fome e interpuseram uma tutela para que o estado o atendesse; porém, tudo foi em vão: houve negação absoluta de atendê-lo por parte das autoridades, propiciando assim o câncer terminal e a morte. A ira chegou a tal ponto contra este preso político que foi inscrito como NN no necrotério “apesar de que o INPEC contava com a plena identificação e tinha os telefones da família, à qual nunca informaram de sua morte”. *[Ibid.]
O preso político Arcesio Lemus também foi assassinado por negação de assistência médica e tortura; o depoimento de sua filha* *retrata a vida de uma família, que é a história da perseguição à oposição política.
Também alerta sobre a existência de uma política de Estado contra os presos políticos:
*”Meu pai, Arcesio Lemus, se fez líder comunitário, e uma referência do trabalho revolucionário no Tolima. Esse tipo de coisas não as perdoa o Estado. Assim que, na década dos 90, meu pai teve que desterrar-se para salvaguardar sua vida (...) Minha mãe foi vítima de uma montagem judicial, que a teve dois anos atrás das grades. Eu fui conduzida a uma correcional de menores quanto tinha 15 anos (...) Foram anos de pressão que não lhe deixaram [a Arcesio Lemus] mais opção que a clandestinidade. Se incorporou ao ELN, como salubrista. (...) Em 2005 meu papai foi detido. Começou o calvário do confinamento. (...) Começou a adoecer: com a idade de 65 anos começou a ter intensas dores de cabeça e tonturas. * *As direções penitenciárias se lotaram de solicitações de meu pai, onde lhes exigia seu direito elementar à saúde. Nunca foram atendidas pelo INPEC*. *Meu pai começou a sofrer desmaios, que tampouco foram atendidos. Seus companheiros de cativeiro fizeram greves e motins, até que conseguiram com que o transferissem à “unidade de sanidade”, onde o isolaram.* *(...) Começamos a gestionar visitas de organismos de direitos humanos (...), porém nada funcionou. Foi enviado, em grave estado de saúde, novamente para o cárcere. (...) [Logo após] no Hospital Lleras Acosta recebeu uma atenção desumana e humilhante, como costumam receber a maioria dos presos. (...) Sem atender sua delicada situação, foi devolvido ao cárcere. (...) Conseguimos uma visita de dez minutos, e o encontramos com um golpe terrível na cabeça, banhado em sangue e numa situação pior. “Foi que caiu”, nos disseram no INPEC. Começamos a rogar que o levassem de novo a um centro médico. Meu pai já não podia falar sequer, estava há quase quinze dias vomitando, não controlava os esfíncteres, havia perdido peso de maneira alarmante e, como se fosse pouco, um trauma craneoencefálico que nunca se soube como sucedeu dentro do cárcere (...) Foi enviado a uma instituição hospitalar, já em estado de coma. Ali encontraram um tumor em seu cérebro (...); no dia 29 de junho de 2010, faleceu. (...) [É] a ignomínia em que vivem os presos colombianos, especialmente os presos políticos, contra os quais parece existir uma política de Estado (...) O INPEC paga à EPS, que atende a saúde dos internos, quase 32 bilhões de pesos ao ano. Quanto dinheiro desse se investe em atender a saúde dos internos, se passam anos para que seja aceitada uma solicitação de revisão médica, de exames, de tratamento?”*[13].**       
As mortes por negação de assistência médica sucedem uma após outra, na mais absoluta impunidade. Em 1º de novembro de 2011 foi assassinado por tortura Ricardo Contreras:* **moído a pauladas** *pela guarda, e privado de assistência médica [14]. A 15 de novembro de 2011 o estado assassina o preso Jhon Jairo Garcia por *tortura* de negação de assistência médica [15]. No cárcere El Pesebre morre Jonathan Smith Arias em janeiro de 2012 [16], e a 9 de abril de 2012 falece Yovani Montes, ambos por negação de assistência médica [17]. Em dezembro de 2011 falece Luis Fernando Pavoni [18], e em 14 de junho de 2012 falece Óscar de Jesús Pérez, ambos por negação de assistência médica, em Bellavista [19]... A lista continua de maneira aberrante. A Procuradoria de Medellín informa que:* “nos últimos dois anos morreram 12 reclusos por falta de atenção médica” [Ibid], e o mesmo drama se repete em cada região de Colômbia. * *
Em dezembro de 2011, defensores de DDHH denunciam: “*a iminente neglicência da promotoria, que se nega a expedir a resolução de translado do penitenciário a um centro de atenção médica pertinente ao caso de saúde de José M. Álvarez Tonguino, recluso em La PICOTA-ERON e solicitado em extradição, que padece de uma doença que não tem recebido um tratamento adequado e que, por solicitação do médico interno, é necessária a atenção especializada urgente devido ao estado de decomposição de sua axila. O caso de Tonguino, a quem se lhe está violando seu direito à saúde, não é um fenômeno isolado, vários prisioneiros morreram (...) É inegável que nos cárceres de Colômbia se violam os DDHH, se dá um tratamento contra a dignidade humana”* [20]. Apesar das súplicas de familiares e organizações, a negação de assistência médica acaba com a vida de Tonguino em inícios de 2012. São reiteradas as solicitações – infrutíferas – de que* “se abram as investigações contra os funcionários do INPEC, encabeçada por seu diretor-geral da polícia G. Ricaurte, a Direção do Cárcere PICOTA-ERON e contra o pessoal da guarda, por violar a Lei 65/93, Art. 16 CN e o acordo 0011/2002. (...) que se garanta o Direito à Vida” *[Ibid]
A impunidade é total para um mecanismo de tortura e homicídios. Alguns presos políticos que* *foram assassinados por negação de assistência médica são: Jordán Fabián Ramírez, Otoniel Calderón Ovalle, Jimmy Ducuara Garzón, Arcesio Lemus, José Albeiro Manjarrés [21].

*4.    **Presos políticos que estão sendo assassinados por tortura de
negação de assistência médica*
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Os presos são privados de medicina, e os médicos encarcerados. Por curar a todo aquele que requeresse assistência médica na região onde vivia, Carlos Figueroa, médico-cirurgião, foi vítima de montagem judicial e condenado a 20 anos de prisão por *”rebelião”*, para castigar seu respeito pela vida: “*A nível judicial também existem os ‘falsos positivos’”.** *Este médico preso político padece de câncer: *”Para que me iniciassem o tratamento, tive que processar o estado; porém, não me levam às visitas. Muitos enfermos recebem pior trato inclusive (...) Basta que se denunciem os maltratos, somos levados às prisões de alta segurança, como o que me ocorreu por pedir água potável (...) Os presos políticos deveríamos estar em pátios diferentes aos dos paramilitares e aqui não há nenhuma classificação”* [22].
Estão em alto risco de morte por negação de assistência médica vários presos políticos. Assinalarei alguns casos. O preso político Devis Ochoa [23] é diabético de tipo dois, já pesa tão somente 47 quilos, e se lhe nega uma alimentação adequada e a assistência médica como forma de tortura que provoca a morte; também foi introduzido num pátio de paramilitares, numa tentativa de assassinato.
Ao preso político Gustavo Giraldo, o estado também está assassinando por negação de assistência médica: padece de uma doença degenerativa que lhe fez perder mais da metade do seu peso, cada dia sem assistência o empurra para a morte [24]. O preso político Hernán Rodríguez Díaz realizou uma greve de fome reclamando assistência médica e seu translado de presídio, dado que o INPEC o enviou *ao “centro de tortura de Valledupar”*, distanciando-o do seu núcleo familiar [25]. “*O prisioneiro político padece de uma infecção estomacal, um problema visual e dores na bexiga, pelo que tem apresentado múltiplas petições de atenção médica, as quais têm sido ignoradas. Hernán Rodrígues Díaz e 44 prisioneiros mais denunciaram que se encontravam doentes por causa da contaminação da água e dos alimentos, padecendo dos sintomas de queda de cabelo e unhas, diarreia, sangramento retal e oral, sem que houvessem sido atendidos”. [Ibid]*

* 5. **Presos políticos de guerra feridos: negação médica, tortura extrema
*A situação dos presos políticos de guerra é dramática: estes são com frequência capturados feridos após combates ou bombardeios, e se lhes nega a assistência médica, empurrando-os para a morte ou a perda de seus membros. Tal é o caso do preso político e de guerra Rolando Gradados, que tem as *pernas e os braços destruídos*, e é* torturado ao negar-se-lhe assistência médica, restringir-se-lhe a água potável e pressioná-lo a falsas confissões* sob ameaça de extradição: *”Não pode caminhar, nem comer sozinho e sempre deveria estar assistido por uma enfermeira, suas necessidades devem ser realizadas numa bolsa; não está recebendo a assistência médica e a péssima alimentação do presídio põe em risco sua vida, não recebe a dieta ordenada pelo médico, suporta fortes dores (...) Foi abordado por dois homens de aspecto estrangeiro na área de sanidade da prisão e estes o perseguiram afirmando que seria extraditado para os Estados Unidos se não confessasse* (...) *Foi **afastado de sua família numa política de desterro que vulnera um direito fundamental. Na área onde se encontra há 9 internos que não estão assistidos corretamente, nem enfermeira têm, inclusive há um doente terminal.** **Lhes estão restringindo a água”*[26]. **
O preso político de guerra Diomedes Meneses Carvajalino foi vítima de torturas por parte do estado colombiano, que* lhe arrancou um olho com um punhal e tentou assassiná-lo em repetidas ocasiões**, **”utiliza cadeira de rodas devido à paraplegia ocasionada pelas torturas executadas por funcionários do Gaula*”[27]. Ademais, está sendo empurrado para a morte por tortura de negação de assistência médica: *”devorado por uma bactéria agressiva que lhe está carcomendo o tecido muscular e ósseo (...), a infecção se espalhou para a região glútea, afetando sua integridade física: se expõe à amputação* (...) *Por mais de dois anos, uma bactéria corrói sua humanidade (...) Iguais circunstâncias padecem milhares de presos que são desatendidos nas prisões colombianas, lugar onde se tortura sistematicamente, descumprindo o estado colombiano suas obrigações constitucionais de respeitar o DIH, os direitos humanos*” [Ibid], denuncia o Comitê de Solidariedade com os Presos Políticos [CSPP].
A situação dos presos anciãos, aleijados ou com doenças crônicas nas prisões colombianas é vergonha para a humanidade: a superlotação, a insalubridade, a privação de água, a comida podre, as agressões físicas por parte dos guardiões ou do paramilitarismo os vulneram de maneira inexorável. Iván Cepeda denunciou: “*A gravíssima situação se expressa em que mais de 400 pessoas estejam estropiadas nos cárceres, que mais de 400 pessoas estejam doentes com caráter terminal”*[28].
A devida redução de pena e a libertação de presos aleijados ou entermos terminais é negada com fúria. Em maio de 2012 denunciam: *”O prisioneiro Nelson Guzmán se encontra quadriplégico e sem a atenção médica adequada, em condições miseráveis (...) O juiz Escobar nem sequer se incomodou de vir vê-lo, apesar da solicitação de prisão domiciliar. Situação similar ocorre com os prisioneiros da terceira idade que sofrem penosas enfermidades.”*[29].

*6. **Tortura aberrante e tentativa de assassinato contra preso político sem braços e cego***
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A fúria contra os presos políticos alcança níveis absurdos: o preso político Oscar Elías Tordecilla, cego e com os braços amputados, está encarcerado em situação limite, situado propositadamente numa penitenciária sem presos políticos, em violação ao ditame de Medicina Legal e ao DIH. Oscar foi preso de civil em fase de recuperação; porém, perdeu completamente a visão por causa da negação de assistência médica do INPEC: *“Um jovem que sofreu amputação dos membros superiores e durante todo este tempo necessitou de atenção médica urgente para evitar a perda de sua visão, porém esta nunca lhe foi dada”*[30].
Seu defensor conseguiu tirá-lo do cárcere ao cabo de 7 meses, graças ao ditame de “*Medicina Legal que afirma que, por suas incapacidades físicas, não pode estar num centro penitenciário. Lhe outorgam detenção domiciliar.” *Porém, o estado, numa clara demonstração de ira com fins de tortura, revogou a detenção domiciliar: “*Em meio a uma dessas ilegais jogadas que realiza o braço judiciário por orientação direta dos organismos de segurança (...), Oscar é condenado a 40 anos de prisão e remetido ao Cárcere de Itaguí, ignorando o ditame de Medicina Legal” *[Ibid].* *O estado colombiano viola o DIH e teima em manter uma situação de tortura: uma mensagem de terror.
Ademais de causar a cegueira de Oscar, o INPEC aprofunda a tortura: “*Óscar é transladado consciente e premeditadamente para uma prisão na qual não há coletivos de presos políticos que possam brindar-lhe a solidariedade que necessita. Pelo contrário, só há paramilitares (...) Oscar não pode valer-se por si mesmo. É posto numa situação de total indefensabilidade” *[Ibid].* *O estado busca esmagá-lo como ser humano, porque enviar um preso político e de guerra sem braços e cego a um cárcere lotado de paramilitares é das piores crueldades concebíveis. Se evidencia uma omissão preconcebida que lhe gerou cegueira e um enfurecimento criminoso ao situá-lo numa tortura permanente que atenta contra sua vida.

*7. **Negação de assistência médica constitui “**atentado contra a vida”****
O CSPP denuncia em maio de 2012 que “*Os presos políticos com câncer continuam sem receber atenção médica por parte do estado”:* <http://2.bp.blogspot.com/- i0jLRqmS0JY/UAbyo4FEhbI/ AAAAAAAABNU/Dzvk462pHKU/s1600/ no-a-la-tortura.jpg>

*“**Os presos políticos doentes de câncer Luis Alberto Jaimes García, Vicente Saúl Valcarcel Albarracín e Juan Emilio Calle Cabeza, reclusos no cárcere de Palogordo, continuam sem receber o tratamento médico necessário e sua condição se deteriora a cada dia. (...) Luis Alberto Jaimes, diagnosticado com câncer de cólon, tem piorado, apesar de que o Tribunal custodiou os direitos fundamentais à saúde, sem que até o momento se tenha iniciado as sessões de quimioterapia ordenadas pela junta de oncologia. (...) A Vicente Albarracín, diagnosticado com câncer de reto, lhe manifestaram que devia submeter-se ao tratamento de quimioterapia, porém que CAPRECOM não contava com o medicamento. (...) Juan Emilio Calle, de 33 anos, foi diganosticado com câncer linfome Hodcking, desde o ano 2008. Apesar da gravidade da doença, se encontra sem receber atenção médica desde há dois anos. (...) Desde janeiro de 2012 seu estado de saúde decaiu ostensivamente. (...); o oncólogo ordenou um tratamento de quimioterapia, terminado este procedimento se devia fazer um transplante de medula óssea.
Ainda com esta ordem médica, Juan Emilio não tem recebido o tratamento e, em consequência disso, seu estado de saúde piora, ao ponto que hoje pesa 54 quilos, permanece com febre alta, constante dor de cabeça e no corpo, pouco sono e visão turva, entre outros sintomas.*** *A desatenção em saúde constitui um atentado contra a vida e a dignidade humana, ademais de erigir-se como um tratamento cruel e desumano.** **O estado colombiano tem a obrigação de respeitar, proteger e garantir a vigência plena dos direitos fundamentais nas prisões. O desconhecimento dos mesmos aos presos políticos representa uma violação tanto do direito internacional dos DDHH como do DIH. Cobra vigência a necessidade de manter-se os olhos nos cárceres colombianos”*.[31]**

*8. ****Quais são as causas de tão insistentes casos de câncer nos cárceres colombianos**?*****
A incidência de câncer nos cárceres colombianos é estranhamente alta.
O CSPP alerta: *”Já morreram vários presos políticos e sociais como consequência de câncer, conseguindo-se detectar nos mesmos uma inadequada assistência médica.
Esta grave problemática tem sido denunciada de forma reiterada pelos coletivos de presos políticos e organizações de direitos humanos, sem que as autoridades tenham realizado as investigações que permitam estabelecer quais são as causas de tão persistentes casos de câncer e as atuações disciplinares por negligência médica *[ou negação]*. A situação transgride as normas do direito humanitário. Fazemos um chamado urgente para que as organizações solidárias de Colômbia e do mundo exijam ao Estado colombiano que cesse de forma imediata a aplicação deste método de tortura e, ao mesmo tempo, tratamento desumano e degradante no interior dos cárceres, procedendo a: 1. Atender oportunamente os casos de saúde de todos os presos políticos e sociais da Colômbia; 2. Agilizar investigações penais e disciplinares sérias contra os altos funcionários do Estado que, por ação ou omissão, são responsáveis por estes graves fatos; 3. Indagar sobre as causas que estão provocando os insistentes casos de câncer nos cárceres colombianos, com o objetivo de prevenir a ocorrência de novos fatos”*[32].**

*9. Arroz com combustível, vidros ou matéria fecal na comida e alimentos deteriorados vulneram gravemente a saúde***

As reiteradas denúncias por intoxicação alimentar em diversos presídios dão conta do caráter contínuo deste atentado contra a saúde e a vida. *”*Condições inumanas, castigos e tortura persistem na prisão de alta segurança de La Tramacúa, em Colômbia, assegurou Alliance for Global Justice. Se priva aos presos de água e a comida contém matéria fecal ou está podre, segundo constataram a Comissão para os Direitos Humanos das Nações Unidas e diferentes ONGs. *[33]. A 16 de abril de 2012 o CSPP denuncia: “*Nova intoxicação massiva em Palogordo”,* alertam os presos políticos: *”Os produtos cárneos apresentaram avançado estado de decomposição, sucos azedos; isto aumentou o número de presos intoxicados. Se soma, ademais, o fato sucedido em 11 de abril, quando no almoço se nos forneceu um arroz com sabor e odor de combustível (A.C.P.M.). Em 14 de abril de 2012, por causa de um suco, se apresenta uma intoxicação geral de presos, tocando-nos fazer do corpo nas áreas de chuveiro porque o número de sanitários (4) não dão abastecimento. Existe um temor latente para consumir os alimentos, pois voltaríamos a recair em outra intoxicação. Enquanto essas coisas sucedem nos cárceres, o senhor Ricaurte – Diretor do INPEC – faz declarações nas quais anuncia ao país que a três presos de classe alta se lhes concedeu cozinheiro pessoal e ‘o que mais lhes agrada é as papas de milho pequeninas’. Os oligarcas ladrões de colarinho branco gozam destes privilégios”** *[34].
Os presos empreendem massivas greves de fome contra o envenenamento: “*Os presos políticos e prisioneiros de guerra confinados em Palo Gordo Girón Santander denunciamos que, a partir do dia 23 de abril de 2012, nos declaramos em greve de fome [por tempo] indefinido pela péssima atenção da empresa prestadora do serviço de alimentação. (...)  Esta empresa vem reiteradamente descumprindo na qualidade e quantidade dos alimentos. (...) Nos fornece alimentos em estado de decomposição não aptos para o consumo humano. Ocasionando-nos sérios problemas de saúde tais como intoxicações massivas, diarreias e demais problemas digestivos que, por sua vez, nos têm deixado outros problemas de saúde, tais como ulcerações e irritação do cólon, e 40% da população reclusa padece desta enfermidade” *[35].
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As ulcerações e irritações do cólon são* fatores de risco para o câncer*.**A Campanha Traspasa los Muros alerta:* “Preocupam gravemente as múltiplas denúncias por problemas de saúde relacionados com possíveis cânceres de estômago ou demais partes do aparelho digestivo dos prisioneiros que, em alguns casos, ocasionaram a morte, como sucedeu com o prisioneiro político José Albeiro Manjarres, que morreu logo após que se lhe descobriu de forma tardia um câncer terminal de estômago. Que se forme uma comissão (...) com o objetivo de verificar os motivos pelos quais na Penitenciária de Palogordo se apresentam múltiplos casos de doenças cancerosas que afetam o aparelho digestivo”*[36].
Converter a comida numa arma contra os presos é uma tortura recorrente: em 26 de junho de 2012, 20 presos decidem amarrar-se a uma altura de 20 metros do solo no cárcere de Valledupar,* *denunciam:* “Um dia, o INPEC nos dá vidro nas comidas, como em 28 de maio, que deixou a 5 presos feridos, incluindo a Javier Moscote, que foi hospitalizado por feridas ocasionadas no interior de seu corpo pelos vidros ingeridos, e outro dia não nos dá comida”*[37]. O CSPP denuncia: *”o fornecimento de água se efetua só duas vezes ao dia por lapsos inferiores a 20 minutos (...), os reclusos devem recolher a água em recipientes e transportá-la, há celas no quinto pavimento. Isto gera enfrentamentos (...), diariamente, aproximadamente 60 detidos de cada torre ficam sem água, o que constitui condições de vida cruel e degradante” *[Ibid]

*10. **Suicídios***
A quantidade de suicídios devido às torturas é alarmante. Leandro Salcedo se suicidou após meses de tortura: “*O regime de crueldade e tortura ao qual estão submetidos os reclusos, especialmente na UTE [calabouços], os leva a atentar contra sua própria vida, como Leandro.*[38]
Jorge Russo foi empurrado ao suicídio ao lhe serem negados medicamentos que eram necessários, ademais de torturá-lo, retendo as encomendas de sua família, e outras crueldades; quando subiu nas estruturas carcerárias:*”**um dos guardas lhe lançou uma pipeta de gás desde o terraço, também lhe lançavam pedras e uma o golpeou fortemente na cabeça”*[39].
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O translado geográfico e distanciamento familiar é utilizado como forma de tortura e vulnerabiliza os direitos dos presos e de seus familiares, ocasionando quadros dramáticos, como os suicídios: tal foi o caso, aparentemente, de Luis Carlos Arroyave [40], que apareceu pendurado numa das áreas de vigilância da guarda; ou de Jhon Jairo Garrido Barrios, encontrado sem vida em 1º de setembro de 2011 na Penitenciária de Valledupar: a tortura a que o INPEC o submeteu, negando-lhe – apesar das ordens judiciais – a aproximação com seu núcleo familiar, o impulsionou ao suicídio. Manifestam os prisioneiros que não pôde suportar mais a tortura de estar longe de sua família, situação que considerava como *”morte em vida”*[41]*.* Em janeiro de 2012, se enforca Frank Camilo Amado, sob *”uma política sistemática de repressão** e violência por parte da guarda, gerando todo tipo de torturas físicas e psicológicas, humilhações e tratos degradantes, fortes surras, choques ou descargas elétricas, gases no rosto. (...) Alguém deveria indagar sobre as causas por que, em menos de 6 meses, já existam 5 mortos”, *denunciam os presos políticos de Girón em junho de 2012. [42]


*11. **Castigos somados a negação de assistência médica***
Por castigos são assassinados os presos, como ocorreu com Ricardo Contreras – um dos casos conhecidos -:* **moído a pauladas** *pela guarda e privado de assistência médica. Os presos desesperados empreendem greves de fome com a esperança de fazer cessar a tortura, alguns até costuram a própria boca; porém, as torturas e a negação de assistência médica seguem sendo um mecanismo de agressão contra a vida dos presos. Jhon Leyner Delgado foi: *”submetido a isolamento por negar-se a firmar um documento onde se autoculpasse. (...) Ao negar-se a assinar, a surra aplicada pela guarda lhe provocou múitiplas feridas. Não foi atendido. Por ter se submetido a tortura, iniciou uma greve de fome. Com a finalidade de exigir respeito a seus direitos fundamentais e ao direito a saúde em particular,*”, denuncia o CSPP [43]. Em 11 de julho de 2012, morre Jair Benavides Suárez *”após três meses de isolamento prolongado e fortes surras do INPEC”*. [44]

*12. **Denúncias contra o INPEC e o Estado ficam na impunidade*****
O Movimento de Vítimas de Crimes de Estado expressa: *”A Defensoria do Povo apresentou, em 14 de outubro [2011] uma denúncia penal contra o General Ricaurte, diretor do INPEC, por supostos atos de tortura.* *A tortura em cárceres segue sendo uma prática sistemática, que permanece em total impunidade. Tal como indica a Coalisão Colombiana Contra a Tortura, em seu Informe de Seguimento às Recomendações do Comitê Contra a Tortura das Nações Unidas, (...) entre o ano 2010 e o que transcorre do 2011, a Defensoria do Povo do Cesar citou, somente no estabelecimento de alta segurança de Valledupar, 220 queixas de internos contra funcionários do INPEC, das quais, 46 queixas são por maltrato físico, tratamentos cruéis, inumanos e degradantes”. *[45].
Ampliar a solidariedade e denunciar internacionalmente é um imperativo humanitário. As denúncias que conseguem sair dos cárceres colombianos ficam na impunidade e não são senão a ponta do iceberg:* “Nenhum documento escrito entra nem sai dos cárceres sem a censura prévia”. *[46]. A impunidade ampara os torturadores, enquanto um comportamento respeitoso dos DDHH é castigado: quando há juízes que se negam a avalizar as montagens judiciais do estado, estes sofrem assassinato ou encarceramento político, como o Juiz Oscar Hurtado, detido por negar-se a legalizar capturas massivas e detenções arbitrárias. [47].
As mães de presos caminharam nuas em maio de 2012:* “**Contra a tortura, a falta de água, a não garantia do direito à saúde, o translado dos internos a centros penitenciários distantes de suas famílias. (...) Os familiares sentimos como próprios os sofrimentos que padecem nossos seres queridos nos centros de tortura chamados de cárceres.** (...) **O sistema jurídico colombiano entrega sem nenhum reparo os seus nacionais em extradição. (...)** **Nos desnudamos para sermos escutadas. **”*[48]

*13. **Distanciamento familiar para impedir denúncias e desarticular processos organizativos*
Não obstante sua situação de vulnerabilidade extrema, os presos políticos seguem trabalhando em processos organizativos de defesa dos direitos humanos. O preso político Jairo Fuentes denuncia: *”Nos cárceres, o direito de expressão é reprimido com medidas como o distanciamento familiar. (...) Nós, que estamos denunciando esta realidade degradante, somos transferidos para cárceres de máxima segurança, longe de nossas famílias” *[49]. A Campanha Traspasa los Muros denuncia esta forma de tortura: *”Uso de translado e isolamento como forma de desarticulação organizativa (...)** **não se leva em conta que a localização do processo judicial esteja no mesmo lugar onde a pessoa está reclusa. Este fato se dá no caso das e dos prisioneiros políticos, pela grande quantidade de translados que sofrem visando impedir que estes criem grupos de trabalho dentro dos centros de reclusão e também como retaliações por suas ações de denúncia e desobediência. Esta situação provoca uma forma adicional de pena, que é o fato de estar distanciado do núcleo familiar”*[50].
Em junho de 2012, denunciam que corre perigo a vida do defensor de DDHH, preso político e de guerra Marbel Zamora transferido, ainda que: “*uma custódia lhe concedeu o direito à unidade familiar (...) destacado por seu valioso trabalho no Movimento Nacional Carcerário, que reivindica a redução de 20% da pena para todos os prisioneiros, o translado dos presos para seus lugares de origem familiar e processual, não à extradição. (...) Destacado na resistência frente às reiteradas violações de DDHH por parte do INPEC. **Sua transferência para o cárcere de Valledupar põe em grave risco sua vida (...) [pois] a referida prisão tem se caracterizado por sua permanente tortura.”*[51].

*14. **Imersão em pátios paramilitares põe em risco a vida dos presos políticos*
O DIH preconiza a classificação de internos, porém:* “**os prisioneiros políticos não são separados devidamente dos presos vinculados ao paramilitarismo, convertendo-os em população vulnerável. A não separação põe em ameaça constante sua vida”*[52]*. *Denuncia a Campanha Traspasa los Muros*. *As transferências para pátios com notória maioria paramilitar são usadas como método de tortura contra os presos políticos. Em julho de 2012 denunciam: * **”Os atentados à segurança e à vida de que foram vítimas os presos políticos José Darío, Arévalo Quintero, Wilson Enrique Leva, José Antonio Mendoza, Álvaro Padilla Tarazón (...) ordenando seu translado para outros pátios (...) Solicitamos que sejam colocados urgentemente onde nos encontramos a maioria dos presos políticos**.” *Arévalo Quintero expressa: *”Temo por minha integridade física e por minha vida, me encontro entre internos processados por paramilitarismo e integrantes da força pública”*[53]. No marco da greve nacional de fome de março de 2012: *”**O Prisioneiro Político Leonardo Chaux Hernández se declarou em greve de fome para denunciar que era o único prisioneiro político no pátio 1B de La Dorada, e em exigência da visita humanitária da Comissão Internacional de DDHH”*[54]*, *impedida pelo estado colombiano.
O preso político de guerra Diomedes Meneses, vítima de tortura e tentativa de homicídio por membros do Gaula [exército], ainda impunes, foi posto num pátio com membros do Gaula:
*Caí **após o disparo**... logo me deram outro disparo no adbômen [à queima-roupa]. Depois me lançaram uma granada que me levantou 2 metros do solo. Em seguida, vendo que eu ainda estava vivo, me agarraram a patadas e pontapés no traseiro, me partiram esta perna. Quando a granada detonou, me arrebentou por dentro e me pôs a vomitar sangue pela boca, pelos ouvidos, pelos poros, porém a eles não lhes importou, me seguiram golpeando. (...) O Cabo Salazar sacou um punhal e me apunhalou todos os dedos. Em seguida, me arrancaram todas as unhas dos dedos dos pés. (...) Me furou o olho esquerdo, o perdi. Me degolou. *(...) *Estou condenado a 22 anos de prisão por ‘rebelião’ e ‘tentativa de homicídio’, porém não sei de que tentativa se trata porque eu não disparei neles, nem cheguei a usar a arma. (...) E estão os 15 nomes dos que me torturaram, membros ativos do Gaula, então, por que não fizeram justiça? (...) Nesta prisão têm tomado represália política. (...) Nos deram aos presos políticos, a [‘chance’] de  ‘escolher’ entre os calabouços e o pátio paramilitar. (...) Me roubam, me fazem cair da rede, me golpeiam... Sabem de minhas limitações físicas e que sou um preso político, e aqui há exército, Gaula, paramilitares”*[55].**


*15. Tortura contra presas políticas, chantagem com os filhos
As presas políticas denunciam também torturas físicas, psicológicas e conectadas à negação de assistência médica e à insalubridade. Há casos em que as torturas as vulnerabilizam de maneira definitiva, como o de Marisela Uribe García, detida com mais de 5 meses de gravidez de gêmeos, que perdeu seus bebês por tortura [56]. Marisela foi denunciante da maior fossa comum do continente, encontrada em Colômbia com 2000 cadáveres de desaparecidos em mãos do exército: situada detrás do Batalhão militar da Força Omega [57].
Às presas políticas são reduzidas as visitas dos filhos, obrigando estes a sofrer situações dramáticas. Denunciam a chantagem como forma de tortura que utiliza o INPEC, implicando a seus filhos. As visitas ou a redução de pena são impedidas como retaliação contra a organização política. As crianças estão expostas a ser entregues a orfanatos, se lhes resta um familiar que as acolha. Às mães cabeça de família se lhes viola seus direitos a detenção domiciliar, como no caso de Liliany Obando, socióloga que passou quase 4 anos presa sem provas, durante os quais lhe foram negados seus direitos constitucionais como mãe cabeça de família [58]. Liliany expressa:

<http://3.bp.blogspot.com/- xg8NQ6hMMa0/UAb1UvnRR6I/ AAAAAAAABOk/QUIuAZ2_h70/s1600/ we2LILIANY+OBANDO+4+an%CC% 83os+PRESA+POLITICA+AREITO+2. jpg>

*”**O terrorismo de estado que opera em Colômbia, ou desaparece com seu opositor político, ou o assassina, ou o encarcera. (...) 90% das mulheres privadas da liberdade somos mães, a maioria mães cabeça de família.
É muito grave que uma justiça vingativa ponha no cárcere as mulheres mães, porque penaliza aos filhos. Estas meninas e estes meninos vão ficar gravemente prejudicados pela experiência de ter suas mãos em prisão. (...)
Muitos deles, se não têm um familiar que os cuide, crescem na isntituição do estado, que é praticamente outra prisão, onde vão estar reclusos, e poderão visitar suas mães somente uma vez ao mês, por umas poucas horas. Algunas mulheres chegam ao cárcere em estado de gestação.
Até a idade de 3 anos, podem ter a seus filhos [em algumas prisões]. Há estudos que demonstram que estas crianças que cresceram em prisão, psicologicamente, têm muitos problemas... porém, é a única opção para quem não tem com quem deixar seus filhos. Estas condições são violadoras dos direitos das crianças”.*[59].**
As presas políticas sofrem agressões reiteradas, obrigadas a conviver com paramilitares.*”** Expondo-nos e aos nossos visitantes, em nossa segurança. Exigimos que se dê cumprimento às leis internacionais de classificação de internas por feito punível e se nos separe das detidas de ‘Justiça e Paz’, paramilitares (...)**”*[60].
Também alertam:*”Não há diagnósticos sobre doenças crônicas ou terminais, não se atendem os tratamentos pós-cirúrgicos ou não se fornecem os medicamentos”.
Situações tão graves, como as que denunciaram as prisioneiras políticas do ERON Cúcuta: “há várias internas com ordens de cirurgias com 10 a 12 meses de antecipação e não foram atendidas”*[61].

*16. Tratamentos degradantes e humilhações de índole sexual***
As torturas e humilhações relacionadas neste informe são apenas uma ínfima parte da realidade, são a parte visível. Notícias Uno informou a denúncia de violações sexuais por parte de guardiões: “*Uma reclusa foi abusada pelos guardiões da prisão de Valledupar. Segundo denunciou, os guardiães estariam abusando de outras reclusas.
*O INPEC ordenou uma investigação, porém não a transladou a ela, de tal maneira que segue mantida pelos guardas denunciados. ‘Vêm tirar as mulheres e a ter relações sexuais, é um abuso de autoridade’. Quatro fardados são investigados por induzir as detidas a prostituir-se..** **’Eu disse que era violação, (...) depois disso, seguiu o assédio, a zombaria e depois denunciei outro intendente que se meteu no quarto porque, segundo ele, eu já o havia feito com outro guardião.’”** *[62].
Os familiares visitantes sofrem *”abusivos manuseios em suas partes íntimas”* [63]*, *inclusive, os presos políticos denunciam:*”devemos suportar todo tipo de humilhações, tratamentos cruéis, inumanos e degradantes; submetidos a vexames, como ser revistados totalmente nus e obrigados a realizar genuflexões [de cócoras] frente aos guardiões. (...) Esse tipo de revista é proscrito pela Corte Constitucional (...)” *[64]*, *porém, a impunidade ampara a continuidade da tortura.

*17. A tortura em Colômbia: uma lógica de estado*

A tortura se inscreve numa lógica de estado, de dominação mediante o medo; não se trata de casos isolados: a impunidade que a encobre a perpetua, ao mesmo tempo em que evidencia seu caráter de ferramenta do terror. Há uma utilização sistemática da tortura, que implica inclusive a morte de presos políticos, e chega até a desaparição forçada e homicídio contra os familiares. O tema da tortura implicando familiares de presos políticos será desenvolvido na parte VI deste dossiê. Ante a impunidade que prolonga a tortura, ante os sofrimentos inenarráveis, ante os homicídios de presos, se faz urgente a solidariedade internacional. A exigência do cessar da tortura e a exigência da liberdade para os milhares de presos políticos são passos imprescindíveis para uma verdadeira paz com justiça social. A importância de visibilizar estes crimes de estado radica em tratar de impedir que se sigam instaurando como mecanismo de terror contra a reivindicação social. Estes mecanismos repressivos são a matriz da guerra, sua finalidade é perpetuar o crescente despojo das riquezas da Colômbia e a concentração de capital em poucas mãos, em desmedro de uma população cada dia mais empobrecida.

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 *NOTAS:*
* Este texto es a la vez un texto autónomo y la Parte V del dossier *Colombia y sus miles de presos políticos silenciados, *que abarca el contexto de intereses económicos y la represión política correlativa, los montajes judiciales, las condiciones de tortura a las que son sometidos los presos políticos, la invisibilización del drama y lo que su existencia pone de manifiesto. Para consultar las demás partes del Dossier, y para ver las notas completas, en caso de no tenerlas aparentes en esta publicación: *
www.azalearobles.blogspot.com* <http://www.azalearobles. blogspot.com/>

[1] “En Colombia existen 9.500 presos políticos” Informe Situación
Carcelaria, Traspasalosmuros, Fundación Lazos de Dignidad: *“Según el INPEC, a 31 enero de 2012, la población privada de la libertad ascendía a 102.292, hallándose 21.199 de estas personas: asociadas a los delitos de rebelión (1.933), concierto para delinquir (8.629), terrorismo (679), actos de terrorismo (54), secuestro (2.541), secuestro extorsivo (2.987), extorsión (4.326), financiación a grupos terroristas (18), utilización de medios y métodos de guerra ilícitos (30), traición a la patria (1) y espionaje (1). Teniendo en cuenta que con la desnaturalización del delito político en Colombia es sistemático que las y los prisioneros políticos sean juzgados por los delitos comunes mencionados al tiempo que son asociados con organizaciones rebeldes, conduce a pensar que en Colombia
existen entre 9.500 y 21.199 prisioneras y prisioneros políticos.” *
http://www.traspasalosmuros. net/node/727
http://www.rebelion.org/ noticia.php?id=140827&titular= la-situaci%F3n-carcelaria:-% 22en-colombia-existe-9.500- presos-pol%EDticos%22-
[2] Persecución contra la oposición política: *‘Secuestro Carcelario,
montajes judiciales, ‘cibercafés de la selva’ y persecución política
allende las fronteras’*
http://azalearobles.blogspot. com.es/2012/02/secuestro- carcelario-montajes.html
**

[3] ‘Delito de rebelión’: *“(…) Existencia del delito político que además está reconocido por la legislación penal colombiana, la Constitución Nacional y los tratados internacionales ratificados por el Estado colombiano. No entendemos cómo los representantes del establecimiento pretenden desconocer la realidad que vive el país y la legislación nacional e internacional que dicen defender.” *
http://www.traspasalosmuros. net/node/748
Informe *Perspectiva en Punto de Fuga*: *“**Otra estrategia usada contra los prisioneros políticos es juzgarlos por rebelión y agregarles los cargos de terrorismo, narcotráfico y concierto para delinquir con fines terroristas ** **con el claro objetivo de quitarles el estatus político, facilitando incluso la extradición*[el Art. 35 de la Constitución impide extradición por delitos políticos]*. **Teniendo en cuenta la agudización del conflicto social y armado, la práctica sistemática de capturas masivas y arbitrarias,* * **los diferentes obstáculos para mantener censos actualizados,** **la
estimación de que un 10% de la población reclusa corresponde a  personas privadas de la libertad por motivos políticos, la desnaturalización Del delito político y las estadísticas del INPEC donde se expone que 21.199 personas se encuentran recluidas por delitos que atentan contra la existencia y seguridad del Estado (…)para enero 2012 la cifra de prisioneras y prisioneros políticos oscila entre 10.229 y 21.199.” *
http://issuu.com/ traspasalosmuros/docs/ traspasalosmuros**

[4] Mayo 2012, informe ‘Desapariciones forzadas en Colombia’: “*Situación actual de la desaparición forzada, mostrando el continuo aumento de los casos en el país, así como la persistencia de los patrones de persecución política y control social que han motivado históricamente las desapariciones forzadas en el país. (…) En Colombia las desapariciones forzadas han sido usadas históricamente como un instrumento de persecución política y de control social basado en el terror, perpetrado por agentes del Estado y por grupos paramilitares que actúan con su tolerancia, omisión y aquiescencia y que se benefician de la impunidad en la que permanecen los
crímenes. Las desapariciones se cometen con el doble objetivo de acallar una voz disidente y, al mismo tiempo, enviar un mensaje claro y aleccionador al resto de la población para que se abstenga de mantener cualquier tipo de actividad de oposición o de cuestionar el orden político
existente.” *
http://www.rebelion.org/docs/ 150986.pdf* * 23 de mayo 2011, el representante del Alto Comisionado de la ONU para los Derechos Humanos informó que la ONU estima que más de 57.200 personas han sido desaparecidas en Colombia http://www. senadoragloriainesramirez.org/ index.php/tag/cifran-en-mas- de-57-mil-las-desapariciones- forzadas-en-colombia/
<http://www. senadoragloriainesramirez.org/ index.php/tag/cifran-en-mas- de-57-mil-las-desapariciones- forzadas-en-colombia/>
http://www.prensa-latina.cu/ index.php?option=com_content& task=view&id=290853&Itemid=1
http://www.argenpress.info/ 2011/05/escalofriante-cifra- de-desaparecidos-en.html
El crimen de Estado de desaparición forzada de la "democracia" en Colombia ha rebasado las dramáticas cifras de la dictadura argentina: sólo en 3 años el Terrorismo de Estado ha desaparecido a 38.255 personas, informe Medicina Legal:.
http://www.telesurtv.net/ noticias/secciones/nota/71765- NN/colombia-registra-mas-de- 38-mil-personas-desaparecidas- en-tres-anos/
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http://www.telesurtv.net/ noticias/secciones/nota/71765- NN/colombia-registra-mas-de- 38-mil-personas-desaparecidas- en-tres-anos/>Tribunal Internacional de Opinión; *“La DESAPARICION FORZADA UN CRIMEN DE ESTADO”* Veredicto.
Congreso de la República. Bogotá, Abril 2008:
http://www.dhcolombia.info/ spip.php?article568
Informe Fiscalía, enero 2011: 173.183 asesinatos; 1.597 masacres; 34.467 desapariciones forzadas, y al menos 74.990 desplazamientos forzados, cometidos entre junio 2005 y el 31 de diciembre 2010 por el paramilitarismo:
http://www.fiscalia.gov.co/ justiciapaz/Index.htm
http://www.rebelion.org/ noticia.php?id=120461&titular= cifras-alarmantes-de-cr% EDmenes-cometidos-por-la- herramienta-paramilitar-de- estado-y-multinacionales-
Desaparición, crimen del Terrorismo de Estado en Colombia:
http://justiciaypazcolombia. com/50-000-personas- desaparecidas-en
[5]La herramienta paramilitar y el ejército actúan en acciones coordinadas de masacres, como abundan testimonios  Hay casos tan flagrantes como la masacre de Mapiripán, en la que los paramilitares, fueron llevados em aviones Antonov y DC3 de un departamento a otro, y trasladados en camiones del ejército, al sitio de la masacre. Confesó el General Uzcátegui: *“¿sabe qué hizo la Brigada militar Móvil2? Colocó un colchón de aire o de seguridad para que salieran los paramilitares. Esto es gravísimo y es un secreto (…) el ejército no sólo tiene vínculos con los paramilitares, no sólo no los combatió , sino que combatió a las FARC para que las FARC no golpearan a los paramilitares”* http://vimeo.com/5114407
http://www.rebelion.org/ noticia.php?id=138471&titular= un-video-prueba-el-accionar- conjunto-entre-paramilitares- ej%E9rcito-colombiano-y- marines-
VIDEO: Juez, testigo de la masacre militar- paramilitar de Mapiripán: el Estado oculta la verdad. El día de la masacre sobrevoló: “Un avión espía que no de la Fuerza Aérea Colombiana, era de Estados Unidos”
http://www.youtube.com/watch? feature=player_embedded&v= p3CTM4Jtpik

[6] *El desplazamiento forzado de poblaciones en Colombia es provocado por masacres dirigidas intencionalmente contra la población civil, y no tanto por “la bala perdida” como quiere hacerlo creer la falsimedia que busca diluir la realidad en un magma confuso para eliminar las responsabilidades concretas del latifundio y del poder multinacional. Hay una planificación del desplazamiento poblacional, no es algo aleatorio: las zonas vaciadas de población coinciden con las zonas de alto interes económico y con las zonas en las que previamente hubo un tejido social** **organizado.
Además del despojo, el desplazamiento forzado tiene la función de eliminar reivindicaciones sociales, y juega un rol clave en la guerra sucia que libra el estado colombiano y el gran capital contra el “enemigo interno”: siendo conceptualizada como “enemigo interno” la población. Se trata de “quitarle el agua al pez”, en el entendido que el agua es la población civil y la insurgencia es el pez. Se aplica la estrategia de “tierra arrasada” implementada por los estadounidenses en Vietnam: arrasando poblados enteros para impedir el apoyo popular al Vietcong.(…) Bajo el rótulo del “fuego cruzado” y “la bala perdida” los mass media pretenden disfrazar la realidad: los más grandes desplazamientos poblacionales en Colombia han ocurrido provocados por masacres directamente efectuadas contra la población civil por la herramienta paramilitar y el ejército, con
motosierras y listas de personas a ejecutar en la plaza pública.”
*‘Despojo, empobrecimiento y muerte para beneficio multinacional; la voz disidente es eliminada*.*
http://azalearobles.blogspot. com.es/2012/01/despojo- empobrecimiento-y-muerte-para. html?utm_source=BP_recent
**

Peor que Sudán, Iraq o Afganistán (VIDEO): Colombia es el país con más desplazados y refugiados internos; según CODHES más de 5 millones son desplazados.
http://www.rebelion.org/ noticia.php?id=129586&titular= colombia-es-el-pa%EDs-con-m% E1s-desplazados-y-refugiados- internos-
http://www.codhes.org/
*"5,195.620 millones de personas han sido desplazadas a la fuerza en Colombia." En promedio cada año, unas 208.000 personas son desplazadas forzadamente. El 11,42 % de la población se encuentra desplazada de manera forzada. Más de 280 mil desplazados y 176 asesinatos selectivos en 2010: CODHES (20-06-* 2011)
http://www.rebelion.org/docs/ 130767.pdf
El 40% del territorio colombiano está pedido en concesión para proyectos mineros; de las 114 millones de hectáreas que tiene Colombia, 45 millones están solicitadas
http://www.rebelion.org/ noticia.php?id=126725&titular= las-venas-abiertas-de- colombia-
Desplazados por las multinacionales: "Somos víctimas de la inversión
española"
http://www.rebelion.org/ noticia.php?id=151499&titular= %22somos-v%EDctimas-de-la- inversi%F3n-espa%F1ola%22-
2012, Colombia es el país con más refugiados del hemisferio, y el 1er país del mundo con más desplazados internos, CODHES reporta 5,28 millones de desplazados
http://www.youtube.com/watch? v=RxIkeXqkYR4&;feature=player_ embedded
[7] El DIH y la Ley 65 de 1993 preconizan Clasificación de internos*. “Los internos en los centros de reclusión, serán separados por categorías, atendiendo a su sexo, edad, naturaleza del hecho punible, personalidad, antecedentes y condición de salud física y ** mental.*” La vida de los presos políticos es expresamente puesta en riesgo al ser revueltos com paramilitares. *“Tampoco los enfermos terminales cuentan con un espacio adecuado (…)Aquí no existe clasificación de internos”, *denuncian presos políticos. 5 presos muertos en cárcel de Girón en lo corrido del 2012
http://www.comitedesolidaridad.com/index. php?option=com_content&view= article&id=721:fcspp&catid=33: los-sin-voz&Itemid=72
*“El no reconocimiento de la condición política de las y los prisioneros
políticos conlleva a que no sean separados debidamente de los presos
vinculados al paramilitarismo, convirtiéndolos en población vulnerable. La no separación pone en amenaza constante su vida.”*
http://issuu.com/ traspasalosmuros/docs/ traspasalosmuros
*“Estamos revueltos con paramilitares que viven en permanentes riñas, mantienen afilando cuchillos (…) Las personas de 40 años son las que más sufren los abusos, los robos, los atracos, los insultos y las extorsiones de esas bandas.”  *Crisis humanitaria en el Establecimiento Penitenciario La Pola de Guaduas, Colectivo de Prisioneros Políticos, enero 2012
http://www.traspasalosmuros. net/node/707*
*[8]Para ampliar fuentes, *Hacinamiento carcelario en Colombia: **Modelo represivo y** alerta humanitaria*
http://azalearobles.blogspot. com.es/2012/04/hacinamiento- carcelario-en-colombia.html? utm_source=BP_recent
Corte Constitucional en sentencia T-153 de 1998: *“(…)son absolutamente infrahumanas las condiciones de albergue de los internos, son motivo de vergüenza para un estado que proclama su respeto por los derechos de las personas.”*
http://www. anarkismo.net/article/23272
http://www. comitedesolidaridad.com/index. php?option=com_content&view= article&id=718:presos- politicos&catid=33:los-sin- voz&Itemid=72
* *Estas condiciones se siguen degradando con el hacinamiento creciente que genera una política de encarcelamientos masivos.
http://www. corteconstitucional.gov.co/ relatoria/1998/t-153-98.htm
[9] *Aumentan las penas.** **Aparecen nuevas leyes y reglamentos a partir de las reformas y adopciones de nuevas medidas penales:** **Reforma del código penal**; **Reforma al código penitenciario (ley 65 de 1993)**; **Reforma del código de procedimiento penal; Ley de seguridad ciudadana (ley 1453 de 2011)**;**Aparece la ley 733 de 2002 y la ** ley 906 de 2004, todo con el fin de negar beneficios administrativos, violando los derechos fundamentales y la constitución, mientras que convierten las cárceles em depósitos de seres humanos debido al alto índice de hacinamiento, bajo el silencio sepulcral de los señores magistrados de las cortes, del congreso(…) Ni que decir de las resoluciones y nuevas reglamentaciones de la dirección general del INPEC hechas al antojo de los directores de turno, con el objeto de limitar derechos mínimos de internos y visitantes.***
http://www. comitedesolidaridad.com/index. php?option=com_content&view= article&id=718:presos- politicos&catid=33:los-sin- voz&Itemid=72
Entrevista con Franklin Castañeda, abogado: *“En el tema de presos
políticos, ha habido un retroceso importante, pues el gobierno ha impulsado una legislación que le permitirá encarcelar a más personas por más tiempo. Ese es el espíritu de la Ley de Seguridad Ciudadana, una ley enfocada a la persecución de la protesta social” *
http://www.rebelion.org/ noticia.php?id=152894&titular= %93se-dice-que-no-hay-presos- pol%EDticos-en-colombia-pero- hay-presos-claramente- discriminados-por-
[10] Febrero 2012: El Estado genera tortura en las cárceles colombianas, negando el derecho a la salud de la población carcelaria, varios casos
http://prensarural.org/spip/ spip.php?article3641
[11] Presos políticos de Girón denuncian, junio 2012:*“**(…) la tutela, mecanismo constitucional que el INPEC no cumple, burlándose del fallo, gracias a que los jueces de tutela no hacen efectivo el arresto y el pago de la multa por desacato”*.
http://www.kaosenlared.net/ america-latina/item/23064- colombia-presos-pol%C3% ADticos-denuncian-tortura-en- cárceles-colombianas-varios- presos-muriendo-por-negación- de-asistencia-médica-negación- de-las-medidas-de-reducción- de-pena-etc.html<http://www. kaosenlared.net/america- latina/item/23064-colombia- presos-pol%C3%ADticos- denuncian-tortura-en-c% 87rceles-colombianas-varios- presos-muriendo-por-negaci% 97n-de-asistencia-m%8Edica- negaci%97n-de-las-medidas-de- reducci%97n-de-pena-etc.html>
http://www. comitedesolidaridad.com/index. php?option=com_content&view= article&id=718:presos- politicos&catid=33:los-sin- voz&Itemid=72
5 fallecidos en el primer semestre de 2012: Presos políticos de Girón
denuncian tortura y nueva legislación lesiva
http://www.rebelion.org/ noticia.php?id=152552&titular= presos-pol%EDticos-de-gir%F3n- denuncian-tortura-y-nueva- legislaci%F3n-lesiva-
[12] José Albeiro Manjarrés falleció el 8 de enero de 2011 por negación de asistencia médica. Devorado por un cáncer de estómago para el cual Le negaron los análisis durante más de un año, incluso cuando ya perdía masa muscular a simple vista (…)  fue inscrito como NN “*a pesar que el INPEC contaba con la plena identificación, tenía los teléfonos de la familia, a quienes nunca informaron de su muerte”*
http://www.rebelion.org/ noticia.php?id=120514
http://www. colectivodeabogados.org/En- total-abandono-muere-Jose
Carta de la Organización Mundial Contra la Tortura (OMCT), tras el
fallecimiento de José Albeiro Manjarrés:
http://www.adital.com.br/site/ noticia_imp.asp?lang=ES&img=S& cod=53663
Tras 9 meses, su muerte siguen sin ser investigada: una muerte más en lãs prisiones colombianas continúa en impunidad.
http://www. comitedesolidaridad.com/index. php?option=com_content&view= article&id=565:dia-nacional- del-preso-politico-haciendo- memoria-caso-jose-albeiro- manjarres-cupitre&catid=1: nacionales&Itemid=66
[13] Testimonio de la hija de Arcesio Lemus: ‘Los presos políticos son
torturados y condenados a muerte de facto, por negación de asistencia médica’
http://www.rebelion. org/noticia.php?id=145983
Vejaciones y torturas en las cárceles colombianas
http://www.youtube.com/watch? v=N9t7Z2tv3oA&feature=player_ embedded
[14]Asesinado por tortura Ricardo Alfonso Contreras:* **molido a palos** * por la guardia el 31 de octubre
http://www.traspasalosmuros. net/node/598
Por golpiza de guardias muere preso en cárcel de La Dorada
(Caldas)<
http://www.google.es/ url?sa=t&rct=j&q=ricardo% 20alfonso%20contreras&source= web&cd=5&ved=0CEQQFjAE&url= http://www.conapcolombia.org/? p%3D1519&ei= WMPgTvDEAsPJ8gOpmoHVBA&usg= AFQjCNGP7LKVgm2fY9IzqstEdp5s85 MzwQ>
 Funcionarios de prisiones matan a golpes al prisionero *Ricardo*
...<
http://www.rebelion.org/ noticia.php?id=138713>
 
http://www.conapcolombia.org/? p=1519
[15]Noviembre 2011 el estado asesina al preso Jhon Jairo Garcia por *tortura * de negación de asistencia médica
http://www.traspasalosmuros. net/node/609
[16] Fallece Jonathan Smith Arias en cárcel colombiana por negación de asistencia médica. Enero 2012. *Testimonia interno: "La pena de muerte no está aprobada para que nos la esté aplicando el INPEC tan dolorosamente; no solo a nosotros sino a nuestras familias. El interno que murió era joven, no valía la pena que hubiera muerto por negligencia del estado.(…) Degradante que en Colombia se esté pensando en construir más cárceles como esta que son una tortura. Las cárceles se están construyendo por estratos sociales. Aquí en esta cárcel no hay ningún para-político, porque si aquí tuviéramos una persona de esas, tendríamos agua las 24 horas, sanidad, no nos faltarían medicamentos, y la comida sería excelente (…) me siento impotente: que nosotros los estratos bajos tengamos que pagar a veces hasta con nuestras vidas; y todas esas personas de cuello Blanco que están atentando contra el país, el estado los protege y los pone en lãs mejores cárceles.” Periodista CNMC: “Lamentablemente el fallecimiento de personas privadas de la libertad es bastante preocupante, en diciembre 2011 perdió la vida Luis Fernando Pavoni.”*
http://www.rebelion.org/ noticia.php?id=142756
Jonathan Smith Arias Úsuga fallece en enero 2012 por negación de asistencia médica
http://www.redcolombia.org/ index.php/regiones-mainmenu- 62/centro-mainmenu-67/ antioquia-mainmenu-68/1686- muerte-preso-en-la-carcel-de- antioquia.html
[17] Jovany Montes fallece el 9 de abril 2012, por negación de asistencia médica. CSPP: “*El día 22 de diciembre de 2011, Jovany Montes Martínez es fuertemente golpeado (…) en la cárcel “El Pesebre”. Como consecuencia de estos hechos queda Jovany con traumas en la cabeza y solo hasta el mes de marzo de 2012 le realizan la necesaria tomografía axial Computarizada (TAC), examen que permite la valoración de los daños o secuelas de los golpes. Sin embargo, el examen nunca es leído por un especialista a pesar de las peticiones reiteradas del preso, ni es atendida la solicitud por El hecha el día 13 de marzo para ser intervenido a causa de las lesiones. Finalmente, entre los días 8 y 9 de abril, Jovany Montes muere a causa de la negligencia en la atención médica.**” *
http://www. colectivodeabogados.org/Muere- preso-en-el-establecimiento
[18] En diciembre 2011 fallece por negación de asistencia médica Luis Fernando Pavoni, en Bellavista. Familiares denunciarán penalmente al Inpec:
‘*La familia del interno logró 11 órdenes de un juez para que al recluso lo llevaran a un centro médico y recibiera la atención pertinente, pero Luis Fernando falleció sin recibir esa atención. Por eso su familia demandará al Inpec por negligencia (…) el recluso era tratado con acetaminofen por su dolor en la espalda cuando tenía un cáncer que nació en su estomago y se le regó por el cuerpo’ *
http://www.rcnradio.com/ noticias/editor/familiares-de- recluso-muerto-p-126436
* El hijo del recluso, reveló que la enfermedad de su padre comenzó con uma simple asfixia, sin embargo las directivas de la Cárcel Bellavista no Le autorizaron las citas médicas con un especialista, por eso cuando se descubrió que tenía cáncer era demasiado tarde para tratar la enfermedad.
Un juez emitió 11 órdenes para que su padre fuera llevado al médico, pero la cárcel sólo lo trasladó a Medicina Legal en dos oportunidades, lo que impidió adelantar un tratamiento.’ *
http://www.rcnradio.com/ noticias/editor/de-asma- cancer-de-columna-paso-125614
** [19] Muere otro recluso en la cárcel de Bellavista por falta de atención médica, Junio14, 2012 “*La muerte de otro recluso en cárceles de Antioquia por falta de atención fue denunciada por Iván Darío Gutiérrez, de la Corporación Pro Interno y sus Familias (…) Óscar de Jesús Pérez, hombre de la tercera edad recluido en Bellavista, ingresó a las 6 y 40 de la mañana al área de sanidad de la cárcel aquejado de un problema cardiaco y finalmente falleció a las 8 y 10, sin que le brindarán la atención médica que requería.(..) De acuerdo con un reporte de la Personería de Medellín, en los últimos dos años han muerto 12 reclusos por falta de atención médica, gran parte de ellos en los penales de Bellavista, Pedregal en San Cristóbal y Puerto Triunfo”*
http://www.caracol.com.co/ noticias/regional/muere-otro- recluso-en-la-carcel-de- bellavista-por-falta-de- atencion-medica/20120614/nota/ 1705898.aspx
http://www.minuto30.com/?p= 102719
[20] Marzo 2012: “*Un interno que el año pasado denunció su grave situación en Noticias UNO, no pudo recuperarse. Álvarez Tonguino, pese a que hubo una denuncia de los medios públicos, se murió” *[por negación de asistencia médica]. * *
http://www.youtube.com/watch? v=hvegKSFhT0I&feature=player_ embedded
Por el derecho a la vida del prisionero Álvarez Tonguino, diciembre 2011:
http://www.traspasalosmuros. net/node/627
http://www.inspp.org/news/ index/4
El preso político José M. Álvarez Tonguino tiene una axila descompuesta por falta de atención adecuada; Autoridades impiden su traslado a un centro médico
http://www.rebelion.org/ noticia.php?id=141890
[21]Negación de asistencia médica conlleva muerte
http://www.youtube.com/watch? v=PIx6t1QDyiw&feature=player_ embedded Arcesio
Lemus preso político asesinado por negación de asistencia médica:
http://www. colectivodeabogados.org/ Arcesio-Lemus-detenido- politico
http://elsalmonurbano. blogspot.com/2010/07/con- indignacion-comunicamos-el. html
[22]Médico Carlos Figueroa preso político colombiano:
http://www.youtube.com/watch? v=-58nOvMzbrA&feature=player_ embedded#!
[23] Devis Ochoa, preso político con diabetes agravada que corre riego de muerte por tortura de privación de medicinas, aunado al intento de homicidio por situarlo en patio paramilitar.
http://www.prensarural.org/ spip/spip.php?article5255
[24] Gustavo Hernán Giraldo: el estado lo está asesinando por negación de asistencia médica, padece de una enfermedad degenerativa que le ha hecho perder más de la mitad de su peso.
http://www.rebelion.org/ noticia.php?id=137292
[25] Recluido en el centro de tortura de Valledupar, en grave situación de salud: 21 días en huelga de hambre en lucha por sus derechos humanos y su traslado a Bogotá
http://www.rebelion.org/ noticia.php?id=128860&titular= el-preso-pol%EDtico-hern%E1n- rodr%EDguez-d%EDaz-21-d%EDas- en-huelga-de-hambre-en-lucha- por-
[26] Con las piernas y los brazos destrozados, torturado y bajo amenaza de extradición; El preso político y de guerra Rolando Gradados está siendo empujado a la muerte por negación de asistencia médica, denuncia del 20 de Febrero de 2012
http://www. comitedesolidaridad.com/index. php?option=com_content&view= article&id=638:se-agrava-la- situacion-de-derechos-humanos- del-interno-rolando-gradados- hernandez&catid=24:denuncias& Itemid=46
 *Rolando Gradados fue trasladado desde la cárcel de Cúcuta a La Picota, pese presentar una terrible condición medica, fue capturado el 22 de diciembre  2011 y debido a sus heridas se encuentra en un estado deplorable y tiene destruidas las piernas y los brazos. ‘No puede caminar, ni comer solo y siempre debe estar asistido por una enfermera, además sus necesidades deben ser realizadas en una bolsa; no está recibiendo la asistencia médica y la pésima alimentación del penal pone en riesgo su vida, no recibe la dieta ordenada por el médico’ A pesar de los ruegos a los organismos de control, a la fecha nadie ha realizado visita de inspección. Rolando Gradados fue abordado por dos hombres de aspecto extranjero en el área de sanidad de la cárcel y estos lo hostigaron afirmándole que sería extraditado a los EEUU si no confesaba(…)”*
http://www.rebelion.org/ noticia.php?id=145239
[27] *“devorado por una bacteria agresiva que le está carcomiendo el tejido muscular y óseo(…) *”. Diomedes ha sido víctima de torturas por parte Del estado colombiano, quién le sacó un ojo e intentó asesinarlo en repetidas ocasiones,* “utiliza silla de ruedas debido a la paraplejia ocasionada por las torturas propinadas por funcionarios del Gaula*.” El CSPP alerta em octubre 2011:
http://www. comitedesolidaridad.com/index. php?option=com_content&view= article&id=559:despues-de-dos- anos-diomedes-meneses- carvajalino-continua-sin- recibir-atencion-medica- adecuada&catid=23:comunicados& Itemid=45
Testimonio de Diomedes Meneses:
http://blip.tv/cocalo/ diomedes-3393961
Campaña:
http://www. comitedesolidaridad.com/index. php?option=com_content&task= view&id=273&Itemid=1
http://colombia.indymedia.org/ uploads/2009/03/campa_a_ libertad_diomedes_internet.pdf
[28]Representante a la Cámara Iván Cepeda, en el Foro ‘Colombia Entre Rejas’, febrero 2012
http://www.youtube.com/watch? v=qyVhUd8j3QI&context= C32d8338ADOEgsToPDskLMzvRc4GrA 7i5VTOOah_nc
[29] *“la actitud contraria a los principios del Estado social de derecho de algunos jueces de ejecución de Penas *(…)*”*Denuncia mayo 2012, cárcel de Girardot
http://www.traspasalosmuros. net/node/860
[30] Aunque un juez determinó prisión domiciliaria, el preso político
Oscar  Elías Tordecilla invidente y con los brazos amputados, sigue
encarcelado en situación limite.
http://www.rebelion.org/ noticia.php?id=105346  Denuncia junio 2010: *“El gobierno debe ceñirse al dictamen emitido por Medicina Legal que ratifica que Óscar, por causa de sus incapacidades físicas no puede ser recluido em ningún centro penitenciario. (…) exigimos el cumplimiento de la ley 65 de 1993 según la cual la población carcelaria debe estar clasificada de acuerdo a la calidad de los delitos, y así, que Óscar Elías Tordecilla sea, por lo menos, trasladado inmediatamente al Patio 8º de la cárcel Bellavista en donde existe un espacio de presos políticos”*
http://www.abpnoticias.com/ index.php?option=com_content& task=view&id=3379&Itemid=176
[31] Presos políticos de Palogordo diagnosticados con cáncer continúan sin recibir atención médica por parte del estado colombiano, 16 mayo 2012
http://derechodelpueblo. blogspot.com.es/2012/05/ presos-politicos-de-palogordo. html
http://www.es.lapluma.net/ index.php?option=com_content& view=article&id=3620:presos- politicos-de-palogordo- diagnosticados-con-cancer- continuan-sin-recibir-atencio- medica-por-parte-del-estado- colombiano&catid=108: prisioneros-politicos&Itemid= 463
Mantienen a enfermos graves en condiciones infrahumanas, hasta que "se mueren": Presos políticos diagnosticados con cáncer continúan sin recibir atención médica, 03 de abril 2012
http://www.rebelion.org/ noticia.php?id=147424
8 de julio 2012, Se agrava salud del preso político Vicente Valcarcel,
enfermo de cáncer:
http://www. comitedesolidaridad.com/index. php?option=com_content&view= article&id=723:fcspp&catid=24: denuncias&Itemid=46
[32]CSPP: *“Esta grave problemática ha sido denunciada (…) sin que lãs autoridades hayan realizado las investigaciones que permitan establecer cuáles son las causas de tan reiterativos casos de cáncer y las actuaciones disciplinarias por negligencia médica *[o negación]*.* *La situación transgrede las normas del derecho humanitario. (…)Indagar las causas que están provocando los reiterativos casos de cáncer en las cárceles.”*
http://www.rebelion.org/ noticia.php?id=147424
http://www.prensarural.org/ spip/spip.php?article7831**
[33]* **“* *Condiciones inhumanas, golpizas y tortura persisten en la prisión de alta seguridad de La Tramacúa, aseguró Alliance for Global Justice. Se priva a los presos de agua y la comida contiene materia fecal o está podrida(…)”*. Se agrava situación en La Tramacúa, penal colombiano de alta seguridad. ‘La Jornada’, 17 de mayo de 2011
http://www.traspasalosmuros. net/node/429
“La Tramacúa”: El Abu Ghraib de Colombia”. Represión diseñada por los EEUU en el sistema penitenciario colombiano 20 de agosto 2010
http://www.prensarural.org/ spip/spip.php?article4487
Leandro se cansó de comer heces en la cárcel y se suicidó
http://www.soyperiodista.com/ noticias/nota-6601-leandro-se- canso-de-comer-heces-la- carcel-y-se-sui
Hallan rastros de excrementos en comida de la cárcel de Valledupar.
Congresistas de la Comisión de DDHH solicitarán el cierre del penal, Junio 2011.*‘Cepeda tiene análisis de laboratorio hechos por la Secretaría de Salud del Cesar en los que se confirma -desde el 2008- que en la comida hay rastro de heces. Uno de los informes, de julio de 2010, asegura que en el pollo guisado, la sopa y la ensalada que se les sirve a los presos hay "coliformes fecales". En noviembre de 2010 se halló este tipo de coliformes en el jugo de guayaba, en la avena cruda y en la carne frita. Y el pasado 7 de marzo, de los 17 alimentos evaluados se rechazaron la ensalada, la carne cocida, el jugo de maracuyá, la aguapanela y la ensalada. A esto se le suman las reiteradas denuncias por excesos de la guardia. Desde la inauguración de la cárcel, en el 2002, hasta marzo pasado se han registrado 690 quejas. De estas, 95 están pendientes de tramitar y hay 37 expedientes en curso*.’
http://m.eltiempo.com/ justicia/crisis-sanitaria-en- la-crcel-de-valledupar/9615248

[34] 16 de abril 2012, CSPP: “*Nueva intoxicación masiva en
Palogordo”,* alertan los presos políticos: *“Los productos cárnicos han presentado avanzado estado de descomposición (…) ha aumentado el número de presos intoxicados.
Se suma además el hecho sucedido el 11 de abril cuando al almuerzo se nos suministró un arroz cocido con sabor y olor a combustible (A.C.P.M.). El 14 de abril 2012 a raíz de un jugo se presenta una intoxicación general de presos, tocándonos hacer del cuerpo en las áreas de ducha porque el número de sanitarios (4) no dan abasto”***
http://www. comitedesolidaridad.com/index. php?option=com_content&view= article&id=688:nueva- intoxicacion-masiva-en- palogordo&catid=1:nacionales& Itemid=66
[35] “*Esta empresa viene reiteradamente incumpliendo en la calidad y cantidad de los alimentos (…) Nos suministra alimentos en estado de descomposición no aptos para el consumo humano. Ocasionándonos sérios problemas de salud como son intoxicaciones masivas, diarreas, y demás problemas digestivos que a la vez nos han dejado otros problemas de salud tales como ulceraciones e irritación del colon, un 40% de la población reclusa padece de esta enfermedad.” Los presos políticos y prisioneros de guerra hemos perdido nuestra libertad pero no nuestra dignidad, *Colectivo José Antonio Galán Prisión Palo Gordo-Girón. Abril 2012:*  *
http://www.traspasalosmuros. net/node/749
[36] Preocupación por la frecuencia de afecciones mortales del aparato digestivo en cárcel de Girón. 27 de Enero 2012 *"Preocupan gravemente las múltiples denuncias por problemas de salud relacionados con posibles cánceres de estomago o demás partes del aparato digestivo de los prisioneros en la Penitenciaria de Girón, que en algunos casos há ocasionado la muerte(…) verificar los motivos por los cuales en la Penitenciaria de Palo Gordo se presentan múltiples casos de enfermedades cancerosas que afectan el aparato digestivo.  (…)* *Que los organismos estatales defensores de derechos humanos investiguen la grave problemática de salud, y las omisiones en la debida atención medica y diagnósticos oportunos cometidas por el INPEC y CAPRECOM, a fin de sancionar a los responsables de las violaciones a los derechos a la vida y la salud de los prisioneros.”*
http://www. traspasalosmuros.net/node/656
http://www.kaosenlared.net/ america-latina/item/5737-en- grave-riesgo-la-vida-de-otro- prisionero-pol%C3%ADtico-y- precupación-por-la-frecuencia- de-afecciones-mortales-del- aparato-digestivo-en-cárcel- de-girón-colombia.html?tmpl= component&print=1<http://www. kaosenlared.net/america- latina/item/5737-en-grave- riesgo-la-vida-de-otro- prisionero-pol%C3%ADtico-y- precupaci%97n-por-la- frecuencia-de-afecciones- mortales-del-aparato- digestivo-en-c%87rcel-de-gir% 97n-colombia.html?tmpl= component&print=1>
**"Están aumentando los casos de prisioneros políticos
asesinados"<
http://www. rebelion.org/noticia.php?id= 143800>
  enero 2012
http://www.rebelion.org/ noticia.php?id=143800
[37] Protestas, cárcel de Valledupar, 26 junio: *“El suministro de agua se efectúa sólo dos veces al día por lapsos inferiores a 20 minutos, para um promedio de 170 presos por torre.” *
http://www. comitedesolidaridad.com/index. php?option=com_content&view= article&id=714:fcspp&catid=1: nacionales&Itemid=66
[38] *“**Se ahorcó desesperado por que llevaba más 9 meses de aislamiento en la UTE (calabozos)en Valledupar. Esta penitenciaría conocida por sus condiciones extremas de Tortura, es un verdadero infierno, dentro de los Calabozos de aislamiento llamados en el lenguaje cínico del INPEC “Unidades de Tratamiento Especial” hay reclusos que llevan mas de dos años (…) el régimen de Tortura al que están sometidos los reclusos especialmente en la UTE, permanecen encerrados las 24 horas del día en sus celdas con temperaturas que superan los 35 grados, los lleva a atentar contra su propia vida como Leandro Salcedo” **
http://www. comitedesolidaridad.com/index. php?option=com_content&view= article&id=373:se-suicida- recluso-en-la-tramacua&catid= 1:nacionales&Itemid=66
*<
http://www. comitedesolidaridad.com/index. php?option=com_content&view= article&id=373:se-suicida- recluso-en-la-tramacua&catid= 1:nacionales&Itemid=66>
**
[39] Jorge Russo Montes, empujado al suicidio: *“**se arrojó del 5to piso.
Se subió a la estructura para presionar la entrega de los medicamentos que requiere por su condición mental, cita con psicología, la entrega de la encomienda que su familia le había enviado y que no había sido entregada y la realización de una entrevista virtual con su madre la cual había sido solicitada por el interno desde hace 4 meses(…) uno de los guardias le lanzó una pipeta de gas desde la terraza, también le lanzaban piedras y que una de ellas lo golpeó fuertemente en la cabeza.”*
http://www. colectivodeabogados.org/Se- suicida-Jorge-Russo-Montes-en* *
[40] El preso Luis Carlos Arroyave apareció colgado en una de las áreas de vigilancia de la guardia.
http://comitedesolidaridad. com/valledupar/index.php? option=com_content&view= article&id=57:otra-persona- muerta-en-la-carcel- qtramacuaq-de-valledupar& catid=1:nacionales-&Itemid=4
**
[41] Jhon Jairo Garrido Barrios,* *fue encontrado sin vida el 1 de
septiembre 2011, en la en la Penitenciaria de Alta Seguridad de Valledupar.
http://www. colectivodeabogados.org/Se- suicida-prisionero-en
http://comitedesolidaridad. com/valledupar/index.php? option=com_content&view= article&id=57:otra-persona- muerta-en-la-carcel- qtramacuaq-de-valledupar& catid=1:nacionales-&Itemid=4
[42] Se ahorca Frank Camilo Amado bajo *“una política sistemática de represión** y violencia por parte de la guardia, generando todo tipo de torturas físicas y psicológicas(…) Alguien debería indagar sobre las causas de que en menos de 6 meses ya existan 5 muertos.”,* denuncia junio 2012
http://www.kaosenlared.net/ america-latina/item/23064- colombia-presos-pol%C3% ADticos-denuncian-tortura-en- cárceles-colombianas-varios- presos-muriendo-por-negación- de-asistencia-médica-negación- de-las-medidas-de-reducción- de-pena-etc.html<http://www. kaosenlared.net/america- latina/item/23064-colombia- presos-pol%C3%ADticos- denuncian-tortura-en-c% 87rceles-colombianas-varios- presos-muriendo-por-negaci% 97n-de-asistencia-m%8Edica- negaci%97n-de-las-medidas-de- reducci%97n-de-pena-etc.html>
http://www. comitedesolidaridad.com/index. php?option=com_content&view= article&id=721:fcspp&catid=33: los-sin-voz&Itemid=72
[43] Jhon Leyner Delgado: Nuevo caso de Tortura en la cárcel de Acacias, septiembre 2011
http://www. comitedesolidaridad.com/index. php?view=article&catid=23% 3Acomunicados&id=546%3Anuevo- caso-de-tortura-en-la-carcel- de-acacias&format=pdf&option= com_content&Itemid=45<http:// www.comitedesolidaridad.com/ index.php?view=article&catid= 23:comunicados&id=546:nuevo- caso-de-tortura-en-la-carcel- de-acacias&format=pdf&option= com_content&Itemid=45>
[44] Muere preso en Guaduas luego de tres meses de aislamiento prolongado y fuertes golpizas por el INPEC, denuncia CSPP, julio2012
http://www. comitedesolidaridad.com/index. php?option=com_content&view= article&id=726:fcspp&catid=24: denuncias&Itemid=46
[45] Movimiento de Víctimas de Crímenes de Estado: *“La tortura en cárceles sigue siendo una práctica sistemática, que permanece en total impunidad”*
http://www. colectivodeabogados.org/ Defensoria-del-Pueblo-presenta
http://www. movimientodevictimas.org/ index.php?option=com_content& view=section&id=6&layout=blog& Itemid=19&limitstart=20
[46]* *Presos políticos de 13 reclusorios remiten denuncia a la Comisión Internacional de Observación de DDHH, citado por comisión de presos políticos FARC en documento enviado al evento: *‘Lucha anticapitalista, Prisioneros políticos y de guerra’* organizado en Caracas junio 2012:* *
http://www. patriaessolidaridad.com.ve/ joo25/index.php/colombia/ canje-de-prisioneros/82- comision-de-atencion-a-los- prisioneros-politicos-bloque- martin-caballero
* *
http://www.youtube.com/watch? v=mbX-0vaJArY&feature=player_ embedded#!
[47] Oscar Hurtado, Juez de la república prisionero político: víctima de montaje judicial, 12 procesos penales para castigar su negativa a
participar en montajes judiciales
http://www.youtube.com/watch? v=Z46STD_Muyk&feature=player_ embedded
[48]*“**En contra de la tortura, la falta de agua, la no garantía del
derecho a la salud, el traslado a centros penitenciarios alejados (…) Los familiares sentimos como propios los sufrimientos que padecen nuestros seres queridos en los centros de tortura llamados cárceles** (…)** com niveles de hacinamiento que superan 3 veces su cupo (…)sometiendo a los internos a convivir con olores putrefactos y en medio de sus heces fecales (…) los familiares son sometidos a tratos crueles y degradantes, que van desde tocamientos indebidos de parte de la guardia hasta agresiones**” *
http://www.rebelion.org/ noticia.php?id=149414**
[49] Represión Penitenciaria: Trasladan a Jairo Fuentes Prisionero
Político. CSPP, 11 de junio 2011
http://www. comitedesolidaridad.com/index. php?option=com_content&view= article&id=452:represion- penitenciaria-trasladan-a- jairo-fuentes-prisionero- politico--picota&catid=24: denuncias&Itemid=46
**
[50] Informe *Perspectiva en Punto de Fuga*: * *
http://issuu.com/ traspasalosmuros/docs/ traspasalosmuros

[51]
http://www. colectivodeabogados.org/Jose- Marbel-Zamora-Perez
[52] *“La no separación pone en amenaza constante su vida” *
http://issuu.com/ traspasalosmuros/docs/ traspasalosmuros
[53]
http://www.kaosenlared.net/ america-latina/item/24732- presos-pol%C3%ADticos- colombianos-denuncian-que-su- vida-corre-peligro-por-la-pol% C3%ADtica-del-estado-de- situarlos-en-patios- paramilitares.html
http://derechodelpueblo. blogspot.com.es/2012/07/carta- abierta-de-preso-politico-de. html
http://derechodelpueblo. blogspot.com.es/2012/07/ denuncia-publica-de-los- presos.html
[54]  Leonardo Chaux Hernández
http://www.traspasalosmuros. net/node/747
[55] VIDEO testimonio de Diomedes Meneses:
http://blip.tv/cocalo/ diomedes-3393961 *“(…)me propinaron otro disparo em el abdomen (a quemarropa). Luego me lanzaron una granada que me levantó 2 metros del suelo. Después viendo que todavía estaba vivo me agarraron a patadas y culatazos, me partieron esta pierna (…) Cuando la granada detono me reventó por dentro y me puso a vomitar sangre por la boca, por los oídos, por los poros, pero a ellos no les importó, me siguieron golpeando.
(…) El Cabo Salazar sacó un puñal y me chuzó todos los dedos. Luego me quitaron las botas y me sacaron todas las uñas de los dedos de los pies (…)
Me pinchó el ojo izquierdo, lo perdí. Me degolló *(…) *En la morgue, en la autopsia, me abren desde el hueso esternón hasta la pelvis y se dan cuenta de que estoy vivo porque boté calor. Pero no me querían dejar salir, decían que continuara el médico, que yo ni siquiera me había movido… pero outro llamó a los derechos humanos. Entonces me llevaron al hospital (…) me metieron un ventilador a los pulmones porque no respiraba, sufrí de algo que se llama catalepsia. A los 15 días me despierto. Al mes y medio el Gaula me hace un atentado(..)”*
[56] Marisela Uribe García, perdió sus bebés por torturas:
http://www.conapcolombia.org/? p=346
http://www.dhcolombia.com/ spip.php?article922
http://www.tercerainformacion. es/spip.php?article20102
http://www.telesurtv.net/ secciones/noticias/84199-NN/ denuncian-que-defensora-de- ddhh-en-colombia-perdio-bebes- por-maltratos-en-carcel/
[57] La mayor fosa común de Latinoamérica, ubicada detrás del Batallón Militar de la fuerza estrella del *Plan Colombia, *en la Macarena, Meta.
http://www.publico.es/ internacional/288773/aparece/ colombia/fosa/comun/cadaveres
http://www.rebelion.org/ noticia.php?id=99507* *Los Medios ocultan la mayor fosa común de América, mientras el Estado colombiano busca alterarla:
http://www.rebelion.org/ noticia.php?id=100898

[58] Liliany Obando socióloga, documentalista, sindicalista, presa
política:
http://www.traspasalosmuros. net/node/370
Denuncian retaliaciones en su contra:
http://www.traspasalosmuros. net/node/453
[59] Entrevista a Liliany Obando, una vez liberada
http://www.youtube.com/watch? v=yPvzVDi47I0&feature=plcp
http://www.youtube.com/watch? feature=endscreen&NR=1&v= YGJMuen4Qdc
[60] *“Exigimos que se de cumplimiento a las leyes nacionales e
internacionales de clasificación de internas por hecho punible”*
http://www.traspasalosmuros. net/node/288
http://www. colectivodeabogados.org/ Persecucion-y-hostigamiento- contra

[61] *‘Hay varias internas con ordenes de cirugías con 10 a 12 meses de anticipación y no han sido atendidas’” *Informe *Perspectiva en Punto de Fuga*:* *
http://issuu.com/ traspasalosmuros/docs/ traspasalosmuros

[62] 5 de Diciembre 2011, Noticias Uno, Reclusas denuncian violación sexual por parte de guardianes en las cárceles colombianas.
http://www.youtube.com/watch? feature=player_embedded&v= 62sg1VFycqU
http://noticiasuno.com/ noticias/reclusa-de-la-crcel- de-valledupar-denuncia- violaciones-de-guardianes-a- internas-.html

http://www.rebelion.org/ noticia.php?id=140707
[63]
http://www.inspp.org/assets/ media/images/default/ COMUNICADO%20PRISIONEROS% 20POLITICOS%20LA%20MODELO.pdf
[64]* *
http://www. comitedesolidaridad.com/index. php?option=com_content&view= article&id=718:presos- politicos&catid=33:los-sin- voz&Itemid=72

Las  partes ya publicadas de este Dossier, que consta de 6 partes en su totalidad, son:

Parte I : *Colombia: miles de presos políticos son el rostro de la empatia acribillada<
http:// azalearobles.blogspot.com.es/ 2011/12/parte-i-colombia- miles-de-presos.html>
*
Parte II : *Despojo, empobrecimiento y muerte para beneficio multinacional; la voz disidente es
eliminada<
http://azalearobles. blogspot.com.es/2012/01/ despojo-empobrecimiento-y- muerte-para.html>
***
 Parte III : *Secuestro carcelario, montajes judiciales, ‘cibercafés de la selva’ y persecución política allende las
fronteras<
http://azalearobles. blogspot.com.es/2012/02/ secuestro-carcelario-montajes. html>
.*

Parte IV: *Hacinamiento carcelario en Colombia:
<
http://www.blogger.com/goog_ 948603015>
**Modelo represivo y <
http://www.blogger.com/goog_ 948603015>** alerta humanitaria<http:// azalearobles.blogspot.com.es/ 2012/04/hacinamiento- carcelario-en-colombia.html>
*

Parte V: Tortura en cárceles colombianas: sistematismo e impunidad revelan una lógica de estado

 --
*
www.azalearobles.blogspot.com *