"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 26 de maio de 2008

Adeus, velho!


O fenômeno da vida de Manuel Marulanda chegou ao seu final. Uma vida marcada pelo mito e a lenda. Manuel Marulanda é o homem mais importante da história colombiana desde a metade do século 20 até este século 21.

Por Allende La Paz , ANNCOL

O fenômeno da vida de Manuel Marulanda chegou ao seu final. Uma vida marcada pelo mito e a lenda. Mas os revolucionário também são de carne e osso, portanto, nossa vida é igual ao dialético ciclo de todo ser vivo. Nascer, crescer, reproduzir-se, morrer. Mas em todos esses fenômenos, viver a vida.

Mas há homens que vivem a vida apesar da morte. Esses homens fizeram a diferença na humanidade e fizeram com que esta desse saltos adiante. Esses homens são revolucionários, doa a quem doer, arda a quem arder!

Galileu Galilei é um exemplo. Marx, outro genial revolucionário. Lênin, outro. Simon Bolívar. José Martí. Ernesto ‘Che’ Guevara, o revolucionário guerrilheiro ideal. E cada homem ou mulher revolucionários tem sido atacados, difamados, maltratados, e alguns assassinados, pelos mantenedores do status quo. Todos tiveram que enfrentar as mais vis ações dos ‘poderosos’ do mundo e de seus próprios países. Porque eles pretendem parar a humanidade, em seu caminhar adiante.

Manuel Marulanda ingressa já nesse seleto grupo de homens. Um homem que como revolucionário era de uma humildade que aterrava. Nunca foi visto denegrindo nada. Nem sequer aos seus contraditores, os militares e os oligarcas colombianos. Tampouco dos governos dos Estados Unidos, que ele sabia que afinal de contas eram os que traçavam os planos de guerra com os quais agrediam –e agridem-, massacram, ao povo colombiano.

Contrário à estatura moral de Marulanda, veremos –já vemos- que os assassinos do povo, os justificadores de seus crimes, utilizarão de todos os meios de comunicação, e do cyber-espaço, com suas asquerosas mentiras sobre quem sempre respeitou seus pontos de vista. Esses ‘terroristas midiáticos’ tratarão de negar o inegável: Manuel Marulanda é o homem mais importante da história colombiana desde a metade do século 20 até este século 21.

Não é pelo simples contexto matemático. Manuel Marulanda, como guerrilheiro, sobreviveu a 17 presidentes colombianos e a inúmeras cúpulas militares cujo único prop[osito era destruí-lo fisicamente, porque eles acreditam que as obras dos revolucionários terminam quando chega a sua morte. Não. Estão muito enganados. Os revolucionários, com seus quântuns, prótons, elétrons, e demais partículas permanecem vivos depois da morte. É como disse o cantor fariano Julián Conrado, “hoje está mais vivo, mais vivo” em uma canção dedicada a Jacobo Arenas.

E a verdade é que Manuel Marulanda triunfou sobre seus inimigos de classe. Nunca foi tocado pelas balas assassinas do império e a oligarquia colombiana. E não é por não haver combatido, já que ele participou de incontáveis combates pela vida. Manuel Marulanda morre de morte natural. Seu coração –que é o que sabe até onde vai a vida de cada ser-, lhe disse: ‘velho, até aqui”.

Mas Marulanda deixa para trás uma incomensurável obra. Obra de um revolucionário. Seu mais importante legado é que, por maior que seja sua luta, deve-se encará-la com dignidade e humildade. E de seu pensamento, de seu ideário, que não teve a vontade pequeno-burguesa de ‘escrevê-los’, impregnou todo o acionar do revolucionário das FARC, seu Exército do Povo. Seus ‘garotos’, desde Cano até o mais humilde dos guerrilheiros e milicianos, são herdeiros da Direção Coletiva que sempre utilizava Manuel Marulanda.

Nas FARC-EP, o inimigo de classe do povo colombiano não verá fissura nenhuma. Não verão ‘luta pelo poder’ –como vemos hoje nas ‘hordas’ uribistas-, nem luta para ser o primeiro, segundo, terceiro, ou décimo, ou último. Todos estão envoltos pelo pensamento de Manuel Marulanda, que ensinou a todos os farianos ‘como que a coisa era’ na prática, a mãe da sabedoria revolucionária.

Sem saber da notícia de sua morte escrevíamos esses dias sobre ‘os imprescindíveis’. E lá, destacamos Manuel Marulanda e o Secretariado Nacional das FARC. E essa é a mais pura verdade. Nesse artigo dizíamos: “E esses imprescindíveis estão diariamente, por toda a vida, lutando contra um regime corrputo e mafioso e paramilitar como o colombiano. Esses imprescindíveis estão encabeçados por Manuel Marulanda e pelos membros do Secretariado das FARC. Eles ganharam esse título de ‘imprescindíveis’ por terem entregado suas vidas, 24 horas por dia, minuto a minuto, segundo a segundo, à causa do povo, sua razão de ser”.

Parece mentirra que se possa gostar de uma pessoa sem a conhecer fisicamente. Para mim, Manuel Marulanda era como meu segundo pai. Admiração total. E ainda que minha atuação como revolucionário tenha tomado rumos diferentes dos dele e sua organização, é impossível disfarçar o nó que me dá na garganta. Por isso digo ante sua morte: ‘Adeus, velho’. Quem sabe assim também direi ao meu pai biológico quando ele morra.

Paz em sua tumba! Esse é nosso mais profundo desejo. Que as águias comedoras de carne não alcancem teus restos mortais –já andam buscando-te para mostrar como troféu e para seqüestra-lo já morto, como seqüestraram Camilo Torres, Raúl Reyes, Ivan Rios e a milhares de combatentes-, para que junto com Bolívar iniciem juntos o caminho da construção da Pátria Grande.