"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 24 de outubro de 2011

REPUBLIQUETA BANANEIRA!

Vergonha das Nações Unidas da Colômbia

Republiqueta bananeira!


Renan Vega Cantor
Fonte: Rebelião



No inicio do século XX, o humorista e contador de histórias O. Henry, cujo nome era William Sydney Porter (1862-1910), inventou o termo República das Bananas ( Banana Republic) para destacar a entrega da soberania e da riqueza de um território para uma empresa estrangeira. Depois, este termo tem sido usado para se referir à prostração de um determinado país diante dos amos imperialistas do norte. O termo aplica-se com perfeição ao regime de Santos, que nem no campo da política externa, ou qualquer outro, difere do uribismo, como querem nos fazer acreditar. Não é difícil demonstrar que o ‘santismo’ vem assinalando com seus atos o fato de que somos uma Republiqueta Bananeira, como pode-se verificar com a posição tomada em relação à Palestina no seio da ONU, algo indigno e vergonhoso.


A JUSTIFICAÇÃO DOS CRIMES DE ISRAEL

O povo palestino tem sido violentamente expulso de seu território desde 1947, após uma duvidosa resolução da ONU que determinou a criação de dois estados: o da Palestina, cujos habitantes viviam na região desde tempos imemoriais, e Israel, formado pela diáspora judaica implantada a sangue e fogo nesse território. Desde a criação do Estado sionista de Israel, os palestinos tem sido expulsos de seus territórios e, atualmente, confinados em dois guetos a céu aberto após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, Gaza e Cisjordânia, onde padecem aprisionados em uma estreita faixa de terra de 6.020 quilômetros quadradas, pouco mais de quatro milhões de pessoas, o que constitui uma das áreas mais superpovoadas do mundo. Esta população palestina é bombardeada e massacrada diariamente pelas forças armadas de Israel, com a cumplicidade e apoio direto desse bando de criminosos, liderados pelos Estados Unidos, que frequentemente costuma se autodenominar de “comunidade internacional”.

Os palestinos estão sofrendo uma limpeza étnica. Seus reduzidos territórios são ocupados por colonos judeus, e o Estado de Israel rouba-lhes a água, destrói suas casas e constrói um tenebroso muro da infâmia para impedir que os palestinos possam se mover livremente na terra que sempre foi deles, mas que agora está ocupada por uma potência colonial. Apesar de tudo isto, o povo palestino tem lutado heroicamente contra os criminosos sionistas criminal de Israel, apesar da indiferença de grande parte do mundo.

Como parte dessa resistência, o governo da Palestina ocupada decidiu apresentar diante da Assembléia Geral da ONU uma petição formal para ser admitido como membro dessa organização. Durante esta Assembléia, de 130 países deram o seu apoio a essa legitima aspiração do povo palestino, dentre eles a maioria dos países da América Latina, com exceção vergonhosa do México e da Colômbia, cujos governos são caracterizados pela sua abjeção para com os Estados Unidos e Israel.

A postura do governo colombiano de se opor ao reconhecimento do Estado palestino não só vai contra a tendência histórica, mas dá um respaldo não merecido a Israel, e legítima na prática os crimes que esse estado racista (sionista) comete diariamente nos territórios ocupados.

No caso de Juan Manuel Santos essa postura não é de estranhar, porque sempre expressou a sua admiração pelo Estado de Israel e disse que se sente orgulhoso que a Colômbia seja considerada o Israel da América do Sul. Ao mesmo tempo, entre o Estado colombiano e o de Israel estabeleceram-se estreitos vínculos econômicos e, especialmente, militares, que são evidentes na venda de armas e no assessoramento direto, embora raramente reconhecido, de estrategistas militares e mercenários israelenses com paramilitares colombianos. Esta aliança explica em grande medida a cumplicidade com o regime sionista por parte do Estado colombiano.


2. UM DISCURSO RECHEIADO DE MENTIRAS

No contexto acima referido, chega a ser tragicômica a justificativa de Juan Manuel Santos de se opor à inclusão da Palestina como um Estado membro da ONU. Em seu discurso de 21 de setembro de 2011, perante a 66 ª Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas, Santos pronunciou uma série interminável de mentiras, o que, entre outras coisas, demonstra que no jornal El Tiempo aprendeu a ser um mitômano profissional. Nesse lamentável discurso afirmou que a Colômbia, cujo Estado e classes dominantes são peões incondicionais de Washington, é um país que acredita no multilateralismo, que além de ser falso é uma piada de mau gosto. Em seguida, ele afirmou que a Colômbia se comprometia a “fortalecer e aplicar os métodos de solução pacífica de controvérsias”, o que parece uma história de ficção científica porque, se em algum país do mundo não se aplica esse diálogo e a solução pacífica é na Colômbia, onde se vive, como se fosse necessário relembrar, uma guerra interna por mais de meio século. Com este fato real, uma personagem como Santos não tem a menor autoridade moral, além de responsável direto da repressão interna que suportamos neste país , para falar de diálogo e tem um caráter como o Santos, caso contrário, diretamente responsáveis pela repressão interna no país este urso a falar de diálogo e solução pacífica.

Para ressaltar tamanho cinismo, mais a frente Santos disse que “a Colômbia não só acredita na mediação e na solução pacífica, mas as tem praticado com sucesso”. É claro que se constituem em estrondoso êxito de Paz e um exemplo digno de ser imitado, um país no qual foram assassinadas 173.000 pessoas entre 2005 e 2010 por bandos (para)militares e onde as forças armadas cometeram mais de 3.000 assassinatos (falsos positivos), ao mesmo tempo em que Santos era ministro da Defesa!. Que amostra mais palpável de fraternidade e amor entre os colombianos têm demonstrado Santos e seu séquito!

Mais à frente vem a sua “contribuição fundamental” como “estadista” do embuste e da mentira, quando afirmou que “entre Israel e Palestina... pode se obter avanços se e somente se privilegiam o diálogo direto e a mediação eficaz ”. Ao que acrescentou uma peça antológica da pérfida política ao dizer que “imploramos às partes (Israel e Palestina) para retornar às negociações o mais rapidamente possível, porque este é o único, repito o único, caminho que leva ao que todos querem: dois Estados vivendo em paz e segurança”. Será que Santos acha que somos estúpidos? Como se não soubéssemos que Israel nunca quis dialogar com os palestinos e que tem utilizado as falsas negociações de paz para consolidar o roubo dos territórios ocupados, enquanto continua massacrando sem piedade a homens, mulheres e crianças. Aparentemente, Santos entende que pode haver um diálogo de igual para igual entre os chacais (Israel) e os cervos (os palestinos) e que os primeiros vão-se domesticar e virarão irmãos dos segundos por um ato de vontade pura, sendo que, durante 63 anos demonstraram ser inimigos de qualquer diálogo real e todos seus atos demonstram o sonho de reagir exterminando completamente os palestinos. Para Israel o diálogo é sinônimo de guerra, genocídio e destruição, e por isso são chamados nazi-sionistas. É difícil ouvir ou ler enormes disparates todos os dias como os de Santos na ONU, mais bem próprio da propaganda barata e sem sentido da pseudoliteratura da superação pessoal!

Para concluir, tal será a abjeção do governo colombiano por não apoiar o reconhecimento da Palestina, sob as ordens de seu amo imperial, os Estados Unidos, que até uma personagem pró-imperialista, como Oscar Arias, ex-presidente da Costa Rica, afirmou que votar contra a Palestina “implicava voltar aos velhos tempos em que tivemos uma política externa típica das Repúblicas Bananeiras da América Central, quando uma superpotência nos dizia o que deveríamos fazer e como deveríamos votar”. Essas palavras se aplicam ao pé da letra aos peões incondicionais México e Colômbia, as novas republiquetas bananeiras do nosso tempo, como evidenciado pelos mal chamados ‘Acordos de Livre Comércio’.