Saudações de Ano Novo. - que 2012 seja o ano da paz
O ano de 2011 termina em meio a muitas dificuldades e tragédias sociais, humanitárias e naturais, mas também com o resultado de numerosas mobilizações populares e de massas que estremeceram o país, em particular no segundo semestre, que refletem o advento de uma nova situação no panorama político e social colombiano. Não foi somente o renascer estupendo do movimento estudantil, que deteve, numa primeira batalha, a pretensão do governo de Santos de privatizar a universidade pública e de generalizar a repressão.
A Colômbia começa a colocar-se no sentido das tendências predominantes na América Latina, favoráveis à democracia e às posições soberanas e anti-imperialistas. A posição da cúpula governante de abjeção à política exterior dos Estados Unidos e de ser um esteio do império no continente (para a nossa vergonha), nada tem a ver com a força das massas que repudiam o neoliberalismo e a odiosa opressão do capital. Os estudantes demonstraram a rebeldia, que não aceita chantagens nem imposições da oligarquia nem dos grandes meios de comunicação que ousaram pressioná-los para políticas guerreiristas desgastadas de ódio. Tampouco o movimento sindical não se deixa seduzir pelas campanhas demagógicas da Unidade Nacional.
O surgimento da CELAC, a presença da UNASUL, a existência da ALBA e de outras expressões autônomas e integracionistas sem a presença do imperialismo norteamericano, são fatores suficientes que balizam o processo político latinoamericano, que se fortalece com governos democráticos e antineoliberais no continente. A Colômbia não pode seguir sendo a exceção. Também são exemplos a Grécia, Portugal, Espanha e outros países europeus, que, indignados, recusam a exploração capitalista e os abusos do sistema financeiro.
O governo de Juan Manuel Santos não representa o novo na América Latina. É sim a expressão do velho e desgastado, baseado na política neoliberal e na sujeição a Washington. Não é exemplo de dignidade nem de independência. É a continuidade da política de Uribe, sustentado nos interesses do capital financeiro e transnacional. São as mesmas formas de acumulação do capital sobre a base de governos plutocráticos e autoritários. As locomotivas de Santos estão em sentido contrário do interesse popular. O Governo hoje celebra o crescimento da economia, favorável aos ricos, mas sem orientação social. A crise social e a tragédia hibernal/invernal não têm soluções estruturais. É muita demagogia e assistência conjuntural, subsídios e outros benefícios assistencialistas para ter créditos na imagem midiática, ainda que sem o fundamental: as soluções estruturais e a virada para a democracia.
O Governo insiste na guerra. Está embriagado de triunfalismo pela morte do comandante Alfonso Cano, desconhecendo que não há solução militar do conflito colombiano. Na segunda metade de janeiro de 2012 acontecerão as liberações unilaterais de seis membros da Força Pública, solicitadas por Colombianos e Colombianas pela Paz e as personalidades femininas que acompanham este processo; também se darão passos em direção a outras soluções humanitárias e a criar um ambiente de paz.
A guerra do império e da oligarquia colombiana está desgastada. Assim que o governo de Santos destinar mais sete bilhões para o confronto armado, a luta social em ascensão se colocará ao lado do movimento da paz com justiça social. 2012 será o ano da paz, do avanço para a democracia e dos câmbios sociais. É a força da luta de massas que organiza a Parada Cívica Nacional, na realidade, a única capaz de colocar a perspectiva no sentido das mudanças, de um novo processo político e da segunda emancipação frente ao socialismo. Felicidades para os homens e mulheres desta sofrida pátria que têm resistido à violência oligárquica advindas do poder.
Carlos A. Lozano Guillén
Diretor do Semanário VOZ
Bogotá, DC. 23 de dezembro de 2011.