"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

“Nossa vontade é de reconciliação, não de rendição”: FARC-EP


O país deve saber que já são mais de 30 as páginas que reúnem os convênios construídos entre o governo da Colômbia e as FARC-EP na mesa de Havana, e este avanço certo nos preenche de otimismo para continuar.

 Com a paciência e a tranquilidade se consegue tudo..., e algo mais.
Benjamin Franklin
 
AOS ABUTRES QUE VIVEM DA MORTE, aos senhores do medo e da guerra, como chamou o Presidente Santos no dia de ontem em Viotá, aos que se opõem à paz, os exortamos, desde Havana, em nome dos 30 milhões de pobres da Colômbia, vítimas da política neoliberal, que deixem assentar as bases de uma paz estável e duradoura, com transformações estruturais no político, econômico e social.
 
A injustiça social, a ausência de democracia, de soberania, essa é a verdadeira mula morta atravessada no caminho da paz. Sim, compatriotas de Colômbia e de Nossa América, essa é o obstáculo que devemos afastar do caminho se queremos chegar à reconciliação.
 
Porém, preste atenção Presidente Santos!, é uma necessidade moderar a linguagem perigosa que ordena sem reflexão às Forças Militares e de Polícia continuar a ofensiva militar até exterminar a contraparte insurgente. A história tem demonstrado que isso não é fácil, que com ordens e palavras sonoras dirigidas à galeria não se pode subjugar o crescente inconformismo social que desperta e mobiliza povos na Colômbia.
 
Como afirma o comandante das FARC, Timoleón Jiménez, é uma mensagem contraditória dizer que se busca a paz exibindo, ao mesmo tempo, em cada mão, com sorriso exultante, as cabeças dos líderes da insurgência com quem se dialoga de paz. Para que esfregar sal em feridas que não cicatrizam facilmente? Dessa maneira não se impulsiona nenhum processo de paz, não se gera confiança entre as partes.
O governo não deve cair no erro de sempre, de pretender fazer do processo de paz uma farsa de submissão. Nossa vontade é de reconciliação, não de rendição.
 
DO OVINHO DA SEGURANÇA DEMOCRÁTICA da qual fala o Presidente, está renascendo o abutre do guerreirismo uribista; de nada serve disfarçá-lo de galo. De longe se nota que, como bom carniceiro, quer ver morta a paz para devorá-la. Muito olho, senhor Presidente, com semelhante criação.
 
Sempre estivemos de acordo em meter o acelerador para seguir avançando nos acordos, porém o caráter expedito de um processo não é um problema somente de velocidade no tempo. Se requer, ademais, que não se sigam colocando obstáculos desnecessários a cada proposta que fazemos para conquistar as transformações sociais das quais você mesmo falou em seus discursos do sábado, porém que os milhares e milhares de homens e mulheres que saíram para protestar durante as semanas anteriores não veem por nenhum lado.
 
É difícil crer que as brechas estão se fechando com supostas obras de infraestrutura, emprego, moradia e educação gratuitas, subsídios a famílias em ação, bolsas de créditos para os secundaristas etc, etc. A tendência de crescimento da desigualdade entre os ricos que se fazem cada vez mais ricos e os pobres que se tornam mais pobres; essa enorme brecha não se fechará enquanto se sigam executando absurdos como esse de aumentar em 8 milhões de pesos [cerca de 4.000 dólares] as previdências de parlamentares, ministros e magistrados, num país onde 12 milhões de compatriotas sobrevivem com menos de um dólar diário, tratando de resolver suas necessidades fundamentais.
Será uma empreitada impossível arrancar o povo da pobreza enquanto se sigam queimando mais de 6 pontos de nosso Produto Interno Bruto no fogo da guerra.
 
AO NOSSO MODO DE VER, muito foi construído até o momento em matéria de acordos ao longo deste ano de conversações em meio à confrontação. Quanto mais haveríamos conquistado se o governo houvesse aceito brindar aos colombianos a tranquilidade que pode derivar de uma trégua bilateral de fogos e um cessar de hostilidades?

O país deve saber que já são mais de 30 as páginas que reúnem os convênios construídos entre o governo da Colômbia e as FARC-EP na mesa de Havana, e este avanço certo nos preenche de otimismo para continuar. Por isso, acreditamos que agora, mais que nunca, todos os colombianos e a comunidade internacional em geral devem dar um decidido apoio aos esforços de paz.


Apêndice: Não é nada prudente para um processo sério e transcendental como o que adiantamos impor mecanismos unilaterais de referenda ou tergiversar propostas como a constituinte que ainda não sustentamos.

Delegação de Paz das FARC-EP