"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Um vil Estado


Por Carlos A. Lozano Guillén
A guerrilha prescindiu das “retenções econômicas”, declarou cinco tréguas unilaterais, a última por tempo indeterminado, e libertou os militares retidos, e o Governo de Santos, que não deu nada, continua exigindo mais “demonstrações de vontade” para concretizar os pontos do fim do conflito.
O Estado é o principal responsável do conflito colombiano e da degradação do mesmo. Ao longo da história, o Estado dominante e a classe oligárquica que dele tem usufruído exerceram o poder mediante a violência, desprezando a democracia e as reformas políticas e sociais para um sistema avançado, de liberdades e de bem-estar. Nisso está a gênese do conflito, cujas raízes se afundam na história republicana, depois do Libertador Simón Bolívar, vítima das traições e conspirações dessa mesma classe dominante com vaidades de rançosa aristocracia santa-ferenha, como costuma dizer o inolvidável comandante Hugo Rafael Chávez Frías.
É um vil Estado, desprezível, porque foi projetado em benefício de uma pequena plutocracia que defende o poder a sangue e fogo. Assim é até estes dias do ano de 2015, que apenas começa. Defende-o com afinco e com todas as formas de luta, porque uma abertura democrática põe em perigo seus privilégios e benesses às expensas do trabalho do povo colombiano.
Nisso radica a histórica oposição à solução política dialogada do conflito, que necessariamente deve conduzir a um novo estágio da vida nacional com democracia e justiça social, onde a violência não seja o instrumento de dirimir os conflitos, mas sim a participação cidadã através de sua livre e soberana decisão.
É do se esquivam os mandatários de turno, a cada vez que buscam a paz mediante o diálogo com as insurgências, porém com vantajismo, com exigência de unilateralidade e sem interesse pelas mudanças de fundo na vida nacional. O diálogo sempre está acompanhado do martelo da guerra, com a intenção sempre fracassada de levar os guerrilheiros derrotados à mesa para negociar sua rendição.
Nestes dias em que o presidente Santos anunciou a decisão de conversar sobre o “Fim do conflito” e, por extensão, sobre os temas concretos de baixar a intensidade da confrontação e do cessar-fogo bilateral e definitivo, se repete a história, porque as boas notícias, em geral, estão acompanhadas, em particular, de exigências unilaterais que se saltam o critério de bilateralidade e de atos recíprocos próprios do espírito do Acordo de Havana.
A guerrilha prescindiu das “retenções econômicas”, declarou cinco tréguas unilaterais, a última por tempo indeterminado, e libertou os militares retidos, entre eles o general Alzate, e o Governo de Santos, que não deu nada, continua exigindo mais “demonstrações de vontade” para concretizar os pontos do fim do conflito, enquanto reforça o neoliberalismo e a repressão. Seguindo por esse caminho, será muito difícil chegar à paz estável e duradoura.


tradução de Joaquim Lisboa Neto