"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quinta-feira, 18 de junho de 2015

Pôr de lado as desavenças


La Habana, Cuba, sede dos diálogos de paz, 17 de junho de 2015
Das poucas coisas certas expressas pelo Chefe de Estado no Fórum de Oslo sobre processos de paz, está aquilo de que a guerra, como mecanismo definitório nos conflitos da atualidade, simplesmente se tornou obsoleta; que não é possível a vitória militar em guerras assimétricas e que o processo de paz com as FARC oferece uma luz de esperança num mundo ensombrecido pela guerra.
O mencionado discurso está infestado de distorções e de mentiras impiedosas. Colômbia não é o país das maravilhas bosquejado em Oslo mas sim o terceiro mais desigual do mundo. Não há um processo sério de restituição de terras; o que, sim, é certo, é que mataram cerca de 90 reclamantes. Por outro lado, o índice Gini é de 0,87, produto do despojo violento que durante décadas se executou contra a população rural. Tal despojo se fez mediante assassinatos e massacres tolerados pelo Estado, os quais ocasionaram o deslocamento forçado de 6 milhões de compatriotas e o roubo de 8 milhões de hectares no último quarto de século, que ampliaram os latifúndios dos potentados. Por outro lado, até agosto de 2014 só se haviam restituído 29.000 hectares aos campesinos.
Quanto desejaríamos que fosse certo que se está gerando emprego, acabando com a pobreza, garantindo saúde, educação gratuita e reduzindo o gasto militar. Bastaria dar um passeio pelos bairros populares do Bogotá para que, ao ver tanta miséria, se desvaneça essa ilusão.
Infelizmente, no cenário norueguês voltou Santos sobre a ocorrência de um louco sionista, Yitzak Rabin, para reiterar que continuará combatendo o terrorismo, como se não existisse um processo de paz, e que persistirá na busca da paz como, se não existisse o terrorismo. Decidiu assim passar por alto que está dialogando em Havana, através de seus plenipotenciários, com um movimento rebelde que tem uma proposta viável de país que busca superar a miséria, a desigualdade e a exclusão política.
Os pontos de vista do mandatário explicando os acordos parciais de Havana são uma distorcida posta em cena do pactuado. Por exemplo, na interpretação da política antidrogas se induz a acusar a insurgência como a responsável pelo narcotráfico, só para ocultar o peso específico que tem nesse negócio capitalista internacional a lavagem de ativos por parte de banqueiros corruptos aos quais não se lhes persegue, e o envolvimento comprovado do Estado colombiano com a máfia do narcotráfico nas últimas décadas.
Em outro plano de ideias e para não nos referir mais, por enquanto, a essa incoerente difusão do processo de paz na Europa, muitos organismos internacionais, fóruns e amigos da paz da Colômbia, entre os quais se encontram representantes da ONU, CELAC, UNASUL, União Europeia, entre outros, levantaram suas vozes para pedir que pare a guerra. E mais recentemente os governos de Cuba e Noruega, como países garantidores, fizeram “um chamado às partes a que continuem seus esforços para continuar avançando na discussão das questões pendentes, incluindo a adoção de um acordo para o cessar bilateral definitivo do fogo e das hostilidades”. As FARC respondemos afirmativamente. Procedamos já.
Com profundo sentimento de pátria, hoje, desde Havana e desde as montanhas e bairros humildes da Colômbia, as FARC-EP colocamos de lado as desavenças e, apesar das incoerências do discurso e das ações governamentais que o que fazem é incendiar ao país, uma vez mais nos manifestamos por um acordo de cessar-fogo bilateral que traga alívio e novas esperanças a nosso povo. Convidamos a depor as contradições, fazer um ato de profunda reflexão e a tentar um acordo que pare a confrontação imediatamente, sem continuar esperando que chegue a firma do acordo final. Quantos mortos poderíamos evitar e quanta angústia... Quanto mais poderíamos avançar. Tudo é questão de vontade política.
DELEGAÇÃO DE PAZ DAS FARC-EP