"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


terça-feira, 10 de agosto de 2010

A Arquitetônica Sulamericana


Hugo Rafael Chávez Frías
chavez.org.ve


I

A pedra angular da liberdade sulamericana, como disse o pai Bolívar, já foi colocada. Nunca mais vacilaremos, porque seria perder-nos. E quem sabe se a história, nos séculos vindouros, nos concederia outra oportunidade tão maravilhosa como a que vivenciamos agora mesmo em nosso tempo.

Precisamos defender o grande edifício da nossa libertação: a arquitetônica sulamericana que, entre todas e todos, estamos construindo. Não desmaiaremos, nem um instante, e não nos deixaremos intimidar pela recomposição de forças do Império nas principais regiões estratégicas do globo.

As ameaças de Washington não nós assustam. Não estamos sós, quero reiterar, e nossas ações, e a dos seus Povos irmãos, nunca estão nem estarão à margem da responsabilidade coletiva que transcende as nossas fronteiras, mas que, ao mesmo tempo, permite que nos encontremos na Pátria Grande e diversa que formamos e nós une. Estamos conscientes de que não há soluções nacionais: seria uma ilusão diante do mar de problemas que aflige a toda a humanidade.

Esta é a razão pela que o dinamismo e o espírito unitário e sulamericano que primeiro se fez sentir em Quito na semana passada com a reunião dos chanceleres da Unasul e, em seguida, na 39ª Reunião Ordinária do Conselho do Mercado Comum e Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, celebrada na província de San Juan, Argentina, transladou-se neste fim de semana para a nossa Caracas rebelde, libertária e bolivariana.

Quero expressar a grande alegria que me deu a visita desse grande companheiro e amigo que é Nestor Kirchner, filho ilustre de San Martin, na sua condição de Secretário-Geral da Unasul. Juntos revisamos planos de trabalho, tarefas e funcionamento da nossa organização, para cumprir, agora sim, com o imperecível slogan peronista: unidos para ser livres; nunca mais divididos para ser dominados.

José Martí estava certo quando disse: A paz também tem seus exércitos. Somos nós todos os soldados e soldadas, que junto de Kirchner formamos esse exército de luz que nunca descansa nem descansará pela suprema felicidade da nossa América.

II

Na Praça Bolívar, em Caracas, diante desse grande povo que nós acompanhou e incentivou sempre, nesta sexta-feira recebi um outro querido colega e amigo de muitos anos: o Presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. Junto com Nestor Kirchner fomos até a Casa Amarela, sede original da magna gesta bicentenária que celebramos este ano, para acompanhar os representantes da Mãe África e de Nossa América que participam da Reunião de Trabalho da Comissão Presidencial Estratégica do Fórum de Cooperação América do Sul e África (ASA).

A África e a América são unidas por raízes profundas e se identificam pela urgência histórica de tornar realidade um outro mundo, que já não só é possível mas que é absolutamente necessário para salvar a humanidade e a própria vida no planeta. Essa é o nosso caminho: não há outro.

Relembremos novamente, sempre de novo, o Bolívar de Angostura e teremos a medida exata de um compromisso que corre em nossas veias para pulsar com a força rítmica que a Mãe África tem no coração: Tenhamos presente que o nosso povo não é o europeu, nem o da América do Norte, mais bem é composto de África e de América do que uma emanação da Europa; pois até a própria Espanha deixa de ser européia pelo seu sangue africano, pelas suas instituições e seu caráter.

Não podemos continuar a olhar para outros lados, esperando a ajuda de outros: vejamos, por exemplo, a afronta contra a humanidade que representa a Lei Arizona nos Estados Unidos, ou o racista e excludente movimento antiimigração que foi desencadeada na Europa. Para citar com o infinito uruguaio José Gervasio Artigas: nada podemos esperar se não for de nós mesmos.

Em seguida, nos transladamos com Lula para a Casa de Governo, em Miraflores, para começar o nosso oitavo encontro trimestral. Lula tem muita razão em dizer que, em oito anos, fizemos duas ou três vezes a mais do que se fez em cinco séculos. E tudo isso, como ele falou, porque há pouquíssimo tempo atrás descobrimos que temos mais em comum no sul do que tudo que podemos receber do Norte.

Apenas nesta sexta-feira, por exemplo, entre a República Federativa do Brasil e a nossa República Bolivariana da Venezuela, assinamos 27 acordos de integração em agricultura, na construção habitacional, tecnologia e telecomunicações. Quero relembrar a um grande personagem brasileiro e da Nossa América, Dom Hélder Câmara, através das suas palavras: Quando os sonhos são sonhados sozinho, são apenas sonhos, mas quando começamos a sonhar juntos, eles se tornam realidade.

Certamente, ao longo do nosso desenvolvimento histórico, tivemos sonhos, tivemos nobres aspirações, esperanças, grandes projetos. Mas, faltava o mais importante para que se tornassem realidades: reconhecer-nos como povos irmãos. E é o que temos realizado, felizes e plenamente, durante estes oito anos.

Hoje nós compreendemos quanta razão tinha o próprio Hélder Câmara: Ninguém é tão pobre que não tenha nada para oferecer, nem tão rico que necessite de ajuda. Acreditamos que esta tem sido a chave para o gigante Brasil tenha se reencontrado definitivamente com a nossa pequena, mas grande Venezuela. E à frente do Brasil, Lula, que mesmo antes de assumir o seu primeiro mandato já transbordava solidariedade para conosco, como naqueles dias terríveis da sabotagem do petróleo. Jamais vou esquecer: Eu tenho o sentimento de amizade e da gratidão; portanto, seus adversários me irritam, disse Bolívar. Nesta mesma linha se alimentada o nosso povo.

Muito obrigado, Meu caro amigo.

III

Quero congratular a contundente resposta dada pelas nossas Forças Armadas Bolivarianas, na pessoa do General em Chefe, Carlos Mata Figueroa, Ministro do Poder Popular para a Defesa, às recentes declarações do embaixador norteamericano designado para a Venezuela. Não quero entrar nos detalhes, porque todos eles foram expostos de forma satisfatória, o que fala bem da grande moral e, portanto, da dignidade e vergonha pátria que caracterizam cada um dos nossos soldados e soldadas a cada um dos seus superiores. Equivocou-se o senhor Larry Palmer e, novamente, o Império calculou mal ao vacilar, através dele, uma overdose de calúnias contra a Venezuela. Esqueceram o mais importante de tudo: aqui, agora mais do que nunca, existem Forças Armadas unidas a seu povo, como povo em armas, e sabe se fazer respeitar e tem como fazer com que a Venezuela seja respeitada.

IV

Ao mesmo tempo eu termino estas linhas, vejo o nosso Chanceler chegando a Bogotá, e me lembro que neste sábado sete de julho é o aniversário de Boyacá, a Batalha Libertadora da Nova Granada e prelúdio de outra, a Grande Batalha de Carabobo.

E, ao mesmo tempo, o novo governo da Colômbia toma posse. Nesta altura, no domingo, quando estas linha já tenham sido publicadas, por volta do meio-dia, o Chanceler Nicolas Maduro deve estar se reunindo com a nova chancelaria colombiana.

Que fique bem claro: se a Venezuela é respeitada, poderemos fazer primores. Se a Venezuela continuar a ser desrespeitada, pois então nada novo e bom possível.

Eu faço um apelo ao presidente Juan Manuel Santos, ao respeito, ao diálogo construtivo, ao pensamento e agir de forma soberana, a ser fieis à vontade de nossos povos irmãos pela Paz, pelo progresso, pela construção da "maior quantidade de felicidade possível", para dissê-lo com Bolívar, desde as colinas de Boyacá, 191 anos mais tarde.

Viva a Colômbia ! Viva Venezuela! Venceremos !

Fonte: http://www.chavez.org.ve/chavez/lineas-chavez/arquitectonica-suramericana