"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 15 de novembro de 2010

SEJA COMO POSADA CARRILES



O jogo ‘Call of Duty: Black Ops’ convida a ser um mercenário anti-cubano

Ingo Niebel
Rebelião.org


Novamente, é possível atirar em Fidel e todos os cubanos que defenderam sua pátria contra os invasores da Baía dos Porcos. Para ter o comandante na mira e para obter, novamente, a licença para massacra a muito mais gente, não só em Cuba, mas em todo o mundo, é necessário ter um computador ou uma console como o Playstation ou Xbox. A preparação mental para se tornar em um assassino em massa, tipo Luis Posada Carriles, é de responsabilidade da empresa estadunidense Activision Publishing e vem na forma de seu novo vídeo game "Call of Duty: Black Ops", que desde o dia 09 de novembro de 2010 está à venda em todo o mundo.

Que os jogadores assumam o papel do mercenário "Alex Mason" não é de estranhar já que o Norte continua a professar a idéia do neoliberalismo que durante a última década tem privatizado até a guerra. À medida que o jogo progride devem-se executar várias "missões", ambientadas na década dos 60, durante a Guerra Fria, e das quais o seu avatar Mason se relembra durante sessões de tortura que passa a sofrer. (Se estas foram ordenadas pelo ex-presidente George W. Bush ou se são o resultado da política belicosa da Casa Branca não é revelado pela propaganda). É claro que o jogo oferece a possibilidade de matar sozinho ou em grupo com outros assassinos virtuais, especialmente quando os "agentes cubanos" estão em seus calcanhares. Como na vida real, um jogador pode se inscrever em uma lista, com suas habilidades, para ser cadastrado para futuras operações conjuntas.

Por fim, para que a realidade conquiste a virtualidade e para que esta se torne uma realidade, a empresa conta com a assessoria de ex-militares dos EUA.

Eis aqui o ponto onde o jogo deixa de ser algo de mau gosto e se transforma em uma arma de guerra psicológica que precede qualquer ação bélica.


A arte de atingir o cérebro desde a tela

A guerra dos EUA contra Cuba (e outros paises) não é algo virtual, é história, presente e futuro ao mesmo tempo. Os métodos mudam, mas não os objetivos: Trata-se de acabar com aqueles modelos de sociedade que oferecem uma alternativa viável ao capitalismo e ao domínio dos EUA. (Convêm lembrar que isso se aplica também à União Européia e Israel).

Que a nova edição do vídeo game faça ênfase especial nas "Black Ops", as famosas operações encobertas, pode ser interpretado como uma necessidade de mercado para colocar e vender um novo produto. Das edições anteriores venderam-se 55 milhões de cópias, gerando uma receita de 3,0 bilhões de dólares. Mas também pode ser parte de uma nova campanha psicológica para cooptar futuros assassinos de alugel, preparados para ir a Cuba ou a qualquer outro lugar para matar.

Esse cenário deixa de ser uma visão bastante pessimista e torna-se realista quando se leva em conta o resultado de uma investigação da Universidade de Tübingen (Alemanha). Já em 2004, o Dr. Klaus Mathiak descobriu que um videogame violento ativa aquela parte do cérebro dos jogadores do sexo masculino conhecida como Córtex Cingulado Anterior. "Esta parte está associada às agressões procedentes de cenários menos fictícios e com a supressão de sentimentos positivos como a empatia", diz o pesquisador. "Chama a atenção que as respostas dos seus jogadores correspondem às coordenadas de uma agressão real", cita a revista britânica The Economist em sua edição de 28 de outubro de 2004.


De virtualidade para a realidade: Operação Balboa

Portanto, devemos nos preocupar quando se promove com muito barulho esse novo tipo de vídeo game. Não é o primeiro de seu tipo. Em 2008 surgiu "Conflict: Denied Ops" (Conflito: Operações Negadas), no qual dois agentes do governo de Washington atuam na Venezuela, onde "rebeldes" derrubaram um executivo "pró-ocidente” e ameaçavam os EUA com armas nucleares. Foi precedido pelo jogo "Mercenaries 2: Word in Flames” (Mercenários: O Mundo em Chamas). Em um dos cenários o assassino pago tem que viajar para a República Bolivariana, onde, segundo a propaganda do jogo, “um tirano sedento de poder, se intromete no fornecimento de petróleo o que provoca uma invasão e transforma a Venezuela em uma zona de guerra". A Washington real considera o país caribenho como um fornecedor estratégico de petróleo. Também em 2005 foi publicada uma nova versão de "Rainbow" (Arco-íris), baseada nos romances do versátil autor, escritor e propagandista neo-conservador Tom Clancy. Seu cenário se desenrola em 2007, quando os EUA estão em profunda crise causada por um bloqueio de petróleo. A situação atinge o seu clímax com atentados dirigidos contra os interesses de Washington. "Também a Venezuela, que fornece petróleo para os EUA, se torna um alvo destes ataques", determina o jogo em que o grupo militar de elite "Rainbow" deve salvar os EUA.

Os três cenários relativos à Venezuela correspondiam na época ao muito verídico "jogo de guerra", que, sob o nome de "Operação Balboa", militares estadunidenses, espanhóis e venezuelanos realizaram nos computadores do Comando Supremo da Força Aérea Espanhola em maio de 2001. Em 11 de abril de 2002 ocorreu o golpe de Estado contra o presidente venezuelano, Hugo Chávez, que poderia ter resultado em uma situação político-militar semelhante à Operação Balboa.


Lavagem cerebral holiywoodiana

Os vídeo games são destinados principalmente para os jovens do norte mas, para alcançar as gerações mais velhas, os generais da guerra psicológica utilizam, principalmente, as produções de cinema de Hollywood.

No início de 2010 estreou o filme "Avatar", no qual o protagonista, certamente um ex-fuzileiro naval dos EUA, lamenta-se de ter perdido a capacidade de locomoção na Venezuela que, segundo as suas palavras “é a coisa mais parecida ao inferno”. Em 2003, o diretor do filme de ação "Bad Boys II", Michael Bay, teve a idéia de localizar o final de seu filme em Cuba. Ao longo do filme foi inserida a mensagem contínua de que a ilha é um centro de narcotráfico. Seus dois personagens principais, dois detetives, interpretado por Will Smith e Martin Lawrene, juntam-se a mercenários ianques e elementos anticubanos, para entrar clandestinamente em Cuba com um helicóptero. O script condena à morte os habitantes da ilha por ser narcotraficantes sob as ordens de um tal "Hector Juan Carlos Tapia" ou por resistir aos invasores da polícia de Miami. A cena final ocorre em um campo minado que circunda a base norteamericana de Guantánamo. Sua mensagem virtual é a seguinte: A invasão de Cuba, é possível.

E aqui o círculo se fecha com "Call of Duty".