"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A LUTA ARMADA DO POVO COLOMBIANO É TAMBÉM NOSSA LUTA

O caráter internacionalista do conflito armado colombiano

Anncol
 
Durante os oito anos do governo narco-paramilitar de Álvaro Uribe Vélez (o 82º capo das drogas na lista da Defense Intelligence Agency (DIA), do próprio Pentágono), este dedicou todas as suas energias em tentar acabar com a insurreição guerrilheira comunista das FARC-Exército do Povo e “domesticar” (como um simples problema interno) o conflito social, político e armado, tratado-o com uma ótica reducionista, como se se tratasse de uma expressão delinquencial e ligado à suposta “luta contra o terrorismo”.
 
Em outras palavras, o “bom regime”, com seu “pobre Estado” sendo atacado por “forças terroristas”, devia se defender do “inimigo interno”, inclusive cometendo crimes.
 
Enquanto esse discurso era “assumido” pela opinião pública, graças a “jornalistas” a serviço do narco-paramilitarismo, como José Obdulio Gaviria (primo-irmão do capo Pablo Escobar Gaviria) e Ernesto Yamhure, o governo, com um aparato policial de inteligência bem “ajustado” interceptou ilegalmente os telefones de muitos organismos internacionais, que eram os olhos do que é conhecido como “comunidade internacional”, olhos esses que observavam “de perto” o conflito armado colombiano.
 
Nem o representante da ONU se salvou dos “grampos” (chuzadas). Outros organismos internacionais sofreram a mesma experiência, incluindo outro tipo de guerra suja, mais sutil, mas efetiva, como a coação, intimidações ou ameaças veladas, impedindo-lhes de entrar em certas regiões da Colômbia e asfixiando-os até tornar a situação inviável para eles para, em seguida, “convidá-los a partir” por falta de condições de segurança para realizar seu trabalho investigativo.
 
Lembremos que a Colômbia é um dos países mais observados pela ONU, que mantém cinco relatores especiais. E, quando estes chegam ao país, o governo procura fazer com que não tenham acesso à informação sobre o verdadeiro terrorismo: o Terrorismo de Estado. São impedidos de visitarem as regiões onde ocorreram os massacres, fazendo com que não tenham acesso a testemunhas, enfim, que não possam documentar as práticas de Terrorismo de Estado.
 
Estes relatores ficam em Bogotá e só vêem imagens Power Point oficiais com os dados enganosos da versão oficial do conflito. Isso também acontece com algumas ONGs internacionais e com alguns jornalistas, que armam novelões a partir de seu hotel em Bogotá.
 
Uribe botou para correr todo mundo, inclusive os mediadores internacionais de países amigos da Colômbia, que foram taxados, segundo a cartilha oficial, como colaboradores do terrorismo. Liquidada toda possibilidade de mediação, isolado o conflito do mundo, Uribe se dedicou a isolar a própria Colômbia do mundo, ficando com seu único aliado, seu amo e patrão norte-americano. Brigou com a Venezuela e inclusive muitas vezes tentou iniciar uma agressão armada contra a república irmã. Não duvidou um instante em ordenar o ataque ao Equador, pisoteando todo o direito internacional e todos os tratados internacionais que o próprio Estado colombiano assinou.
 
Com o atual presidente Santos (ex ministro da defesa de Uribe responsável pelo ataque ilegal ao Equador, que matou o Secretário de Relações Internacionais das FARC-Exército do Povo, cmte Raúl Reyes) as coisas continuam com o mesmo conteúdo, embora suas manifestações públicas tenham mudando. Passamos de uma linguagem mordaz de “coronel fazendeiro” à etiqueta do country club e dos alfaiates ingleses. Mas ambos são os mesmos “encarnados e esculpidos”. Com roupagens diferentes.
 
Santos continua procurando esconder o conflito colombiano, indo mais além: acabou conseguindo neutralizar o próprio presidente Chávez (que havia reconhecido oficialmente o caráter legítimo e beligerante das FARC-Exército do Povo em 2008), neutralização essa que havia iniciado com Uribe com a chantagem das “provas” obtidas dos famosos “computadores atômicos” (confiscados ilegalmente no ataque ao Equador, “provas” julgadas ilegais e sem validez alguma pela própria Corte Suprema da Colômbia).
 
Tão mafioso e chantagista o Estado colombiano que o atual inquilino da Casa de Nariño (sede da Presidência da República), Juan Manuel “Chuck” Santos, conseguiu infiltrar (sem uma reação do Brasil e demais países? Por quê?) a própria UNASUL com a senhora María Emma, neutralizando a “liderança” da Venezuela, intimidando-a e obrigando-a a mudar alguns discursos anteriores.
 
Com essa política internacional bem tramada pelo regime colombiano, contando com as inconsistências e vacilações ideológicas de Chávez (pressionado por quem?), “Chucky” Santos acabou legitimando o golpe de Estado em Honduras, levando esse país de volta ao seio da OEA (esse obsoleto ministério das neo-colônias ianques), de onde tinha sido expulso depois do golpe de 2009 contra o Presidente Constitucional Manuel Zelaya, ressuscitando um cadáver e colocando-o de novo nas mãos de Obama e, de passagem, legitimando um presidente golpista. “Três coelhos com uma única cajadada!”
 
Enquanto isso ocorre, Santos instrumentaliza a suposta boa amizade com Chávez para continuar expandindo sua “operação condor” nativa, estendendo a repressão e o terrorismo de Estado além fronteiras colombianas.
 
Foi nesse contexto e dinâmica que o nosso diretor, Joaquín Pérez Becerra, foi seqüestrado na Venezuela e entregue aos aparatos terroristas do Estado colombiano.
 
Santos se jacta dissimuladamente com muita ironia e em privado por ter conseguido “dobrar a munheca” do ingênuo Chávez. E, para completar, sua ministra de relações exteriores, Holguín, está “encantada” com o da Venezuela, Nicolás Maduro, que está se curvando aos encantos da beleza colombiana, deixando de lado o que se joga no xadrez político com uma oligarquia criminosa e mafiosa como a colombiana.
 
A neutralização de Chávez implica em vários perigos para o processo político venezuelano, especialmente quando Chávez se deixa rodear de tantos incompetentes e ineptos como Maduro e como Andrés Izarra, ministro das comunicações, embora este não seja propriamente o tema destas reflexões.
 
Continuemos: escondido e isolado o conflito armado colombiano, a oligarquia do país se sente desobrigada de certos compromissos assumidos internacionalmente e projeta para o mundo a imagem de democracia madura, apta para o investimento estrangeiro (inclusive brasileiro). E essa “confiança investidora” se traduz em uma entrega total de nosso patrimônio ao capital monopolista internacional. A elite econômica oligárquica procura isolar (esconder) o conflito armado interno ao mesmo tempo em que amplia seus contatos e relações econômicas e políticas para legitimar seu projeto hegemônico de economia de mercado dependente.
 
Diante disso tudo, a tarefa dos colombianos que estamos comprometidos com a saída política para o conflito, é ler o mapa mundi e não perder de vista a perspectiva e a contextualização internacional em torno da solução política para o conflito colombiano.
 
Continuar com essa visão simplista e provinciana do conflito não ajuda em nada, ao contrário, facilita o trabalho do regime oligárquico.
 
É necessário contextualizar internacionalmente o conflito armado colombiano por várias e simples razões:
 
1.     As potências capitalistas mundial mantêm uma luta sangrenta pelo controle das matérias primas do terceiro mundo, particularmente da América Latina.
2.     Na divisão internacional do trabalho pelo capital monopolista, países de “capitalismo tardio” e periférico como a Colômbia, Brasil e outros, foram designados para cumprir o papel de provedores de matérias primas (petróleo, esmeraldas, aço, minério de ferro, aço, alumínio, cobre, ouro, banana, café, soja, carne, flores, madeiras de lei, etc.;) sem valor agregado, dada a dependência tecnológica de nossos países.
3.     Os monopólios multinacionais (que não transferem suas tecnologias), além de não estarem criando empregos nos países em vias de desenvolvimento onde atuam, ainda nos poluem com seus agrotóxicos e emissões de gases contaminantes, deixando-nos o custo ecológico que isso implica para as atuais e futuras gerações.
4.     O problema internacional da produção, tráfico, comércio e consumo de drogas.
5.     O grau de intromissão e ingerência política, ideológica, diplomática e militar que assumem os países capitalistas centrais que investem em nossos recursos estratégicos e na economia em geral.
6.     A doutrina da OTAN (“direito de proteger-R2P”) e a instrumentalização da ONU para promover guerras sob pretextos de “proteção de civis”, não passa de uma reciclagem atualizada do velho sistema de mandatos da outrora Sociedade de Nações, no qual os países capitalistas ocidentais se arvoram no direito de tutelar povos e países e impor-lhes seus modelos de “democracia ocidental”.
 
 
Mas poderíamos continuar enumerando “N” aspectos que nos demonstram que o conflito social, político e armado colombiano se inscreve sim em uma LUTA INTERNACIONAL DOS POVOS POR SUA EMANCIPAÇÃO. E não estamos sós nessa luta.
 
O conflito colombiano está mesmo vinculado umbilicalmente ao que ocorre atualmente no mundo inteiro. Portanto, cabe a todos os povos e movimentos sociais e revolucionários latino-americanos construirmos laços de solidariedade entre nós para, em seguida, consolidá-los organicamente com os setores sociais populares europeus, norte-americanos e mundiais, claro.
 
Os sindicatos (para ficar em um só exemplo) devem internacionalizar seu trabalho. Uma multinacional alemã que não respeita os direitos de seus trabalhadores em território alemão não vai respeitar também na Colômbia, no Brasil ou em Singapura. Portanto, os trabalhadores alemães, colombianos, brasileiros ou singapurenses têm sim uma luta e interesses comuns únicos, internacionalista.
 
Cabe-nos lutar para fazer com que os trabalhadores de outros países, principalmente os brasileiros, tomem conhecimento e consciência da situação dos trabalhares e do movimento sindical colombiano e, nesse sentido, que também outros povos e trabalhadores de outros países conheçam a realidade vivida diariamente pelo povo irmão colombiano.
 
Torna-se necessário que muitos militantes internacionalistas, parlamentares, partidos de esquerda, sindicatos, organizações e movimentos sociais e populares visitem as regiões colombianas onde atuam os esquadrões da morte paramilitares (braço armado do narcotráfico) a serviço do Terrorismo de Estado oficial e vejam com seus próprios olhos como continuam intactos e mobilizados (foram oficialmente “desmobilizados” a partir de 2003 no regime uribista), agora reativados para massacrarem opositores em época pré-eleitoral.
 
O mundo precisa tomar consciência do que realmente acontece aqui na Colômbia. Urge que trabalhemos todos juntos para nos contrapor e neutralizar o marketing (terrorismo midiático) global e o lobby que o regime mafioso faz junto a governos (embaixadas), Unasul, Celac, parlamentos e justiça, além de enviar agentes encobertos e adidos militares de suas embaixadas para dar palestras e conferências a empresários e polícias, além de oferecer treinamento e doutrinação policial na Colômbia. Uma intromissão verdadeiramente vergonhosa de um regime títere do imperialismo ianque.
 
É necessário que pensemos em organizar uma Comissão Internacional que vá visitar os prisioneiros políticos do regime e comprovem a ignomínia e podridão do sistema carcerário colombiano atual.
 
Nesta urgente tarefa, os exilados e a emigração colombiana no exterior têm um papel importante a desempenhar todos os dias, unidos pela solidariedade internacional à luta do povo colombiano, que é também nossa luta.
 
Esta é uma tarefa de todos nós.