OS EUA ESTÃO SIM POR TRÁS DO GOLPE DE ESTADO EM HONDURAS
Entrevista (áudio) exclusiva a Eva Golinger, advogada e pesquisadora norteamericana, sobre a militarização da América Latina pelos EUA, as sete bases na Colômbia, o paramilitarismo colombiano na guerra tanto contra a Venezuela como ator da guerra suja contra o povo de Honduras.
Por DICK EMANUELSSON
TEGUCIGALPA: “Não há duvidas da participação dos EUA no golpe. A esta altura ninguém pode duvidar disso e quem duvidar é por que não fez uma analise, não somente pelas razões que os EUA têm, como a base de Soto Cano e manter sua presença ai, mas evitar que haja uma política esquerdista num pais estrategicamente importante para os EUA”.
Quem o diz é Eva Golinger, advogada, escritora e uma das pesquisadoras mais importantes da política dos EUA na América Latina, numa extensa entrevista.
Golinger desmente categoricamente que a administração de Obama tenha cancelado as contribuições de assistência econômica ou de créditos para Honduras sob o regime de fato e diz que “é mentira”.
– Eles falam de uma suposta suspensão de certos milhões de dólares do financiamento ao governo de Honduras, mas tudo isso é mentira! O dinheiro para o ano fiscal de 2009, que termina em outubro, todo esse dinheiro foi entregue. E o dinheiro para o ano de 2010, está no orçamento, não foi afetado. Eles (EUA) não suspenderam nenhum centavo!
Billy Joya recruta paramilitares colombianos?
O paramilitarismo colombiano é um ator para desestabilizar o processo político na Venezuela, diz Golinger, mas também contra o povo hondurenho. Bertha Oliva, presidenta do Comitê dos Familiares dos Detidos Desaparecidos, Cofadeh, diz em outra entrevista [http:www.box.net/shared/talsfmcqir”] [1] que Billy Joya, o homem chave do Batalhão 3-16, o esquadrão da morte da década de 80, tem feito várias viagens à Colômbia depois do golpe de estado em 28 de junho. A última viagem foi em 6 de setembro. Fala sobre a “formação de um grupo de 120 ‘paras’, financiados por empresários que apóiam o golpe”.
O jornalista desta nota também pode confirmar que Billy Joya de fato viajou, em 6 de setembro, ao meio dia de Tegucigalpa, já que o vi passando pelos controles de segurança, já que também viajava para o exterior nessa mesma hora. Quando entrei na sala Vip do aeroporto, não o vi mais por que, como dizia outro passageiro, testemunha da entrada do homem forte do 3-16, “certamente o golpista Fredy Nazar o levou para uma sala privada já que Nazar é o dono do aeroporto Toncontin”.
Às 14h00min horas há um voo da Copa Airlines de Tegucigalpa ao Panamá, de onde, às 17h00min, há um voo para Bogotá. Até agora, o nome de Billy Joya não consta da lista de hondurenhos do Departamento de Estado que perderam seus vistos para os EUA.
Uma semana depois, em 13 de setembro, o jornal El Tiempo (Bogotá), revelou que há pessoas que recrutam paramilitares no Magdalena Médio, berço do paramilitarismo colombiano, para setores em Honduras com salário de 14.000 lempiras, $ 750 aproximadamente. [http://www.eltiempo.com/colombia/justicia/estarian-reclutando-ex-paramilitares-para-que-viajen-como-mercenarios-a-honduras_6086547-1] [2]
“Se lhes oferece um milhão e meio de pesos para cuidar de fazendas de supostos empresários. A oferta foi espalhada pelo Magdalena Médio há três semanas”, dizia a nota de El Tiempo, e continua:
“Dois dos ex-terratenentes do ex-chefe ‘para’ Walter Ochoa Guisao, vulgo ‘el Gurre’, foram encarregados de fazer a proposta a ex-combatentes do grupo do ex-paramilitar Ramón Isaza. Para explicar do que se tratava, foram chamados aproximadamente 40 rapazes para oficinas que ficam na fazenda ‘O Japão’, de mais de mil hectares que pertenceu ao narco Jairo Correa Alzate. (...) Disseram-lhes que empresários de Honduras estavam interessados em ‘importar’ ex-membros das AUC como mercenários, necessitando de combatentes de baixa patente”.
“Um dos líderes do recrutamento, com escritório em Bogotá, já viajou à América Central com um grupo, e agora anda negociando armas”.
Escute a entrevista de Eva Golinger no seguinte link:
http://www.box.net/shared/gnjd4p08q7
[1] Entrevista de Bertha Oliva Nativi, presidenta do comitê de familiares dos detidos desaparecidos, rechaça a violência generalizada contra a população pelo regime de fato e as FFAA. Por Dick Emanueslsson (090924):http://www.box.net/shared/talsfmcqjr
[2] Estariam sendo recrutados ex-paramilitares para viajar como mercenários para Honduras, El Tiempo, 13 de setembro de 2009.
http://www.eltiempo.com/colombia/justicia/estarian-reclutando-ex-paramilitares-para-que-viajen-como-mercenarios-a-honduras_6086547-1