"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Alfonso Cano saúda os bolivarianos congregados em Caracas

Fonte: Anncol

No marco do Congresso constitutivo do Movimento Continental Bolivariano, o Comandante das Farc, Alfonso Cano, une-se a todo o sentimento dos povos da América e do mundo.

Delegados internacionais – aproximadamente cem – e 1.100 do continente americano enchem o auditório da Sala Plenária do “Parque Central”, no centro de Caracas.

Uma das apresentadoras do magno acontecimento chamou a atenção sobre as tentativas de sabotagem do governo uribista. Organizações colombianas não puderam estar presentes devido às dificuldades para transpor a fronteira, tudo devido aos planos belicosos de Bogotá para com o bolivariano povo da Venezuela.

Prevê-se a participação de mais organizações e outras personalidades no decorrer do Congresso.

Eis na integra a saudação:



Movimento Continental Bolivariano: uma necessidade política de alcances estratégicos. Compatriotas latinoamericanos e caribenhos que assistem a este histórico evento. Companheiras e companheiros:

Recebam as saudações entusiásticas do Secretariado, do Estado Maior Central, do Corpo de Comando e das guerrilhas das FARC-EP, assim como de todos os integrantes das milícias bolivarianas

Constituir um movimento político continental, de essência bolivariana, justamente quando o império estadunidense lança sua força militar na Colômbia e coloca, ameaçadoramente, seus aparelhos de guerra e terror contra os povos latinoamericanos e caribenhos, não é somente uma necessidade histórica, mas um dever inadiável, que sinaliza o horizonte da unidade combativa de nossos povos na defesa de sua dignidade, independência, história, valores, cultura, território, recursos humanos, riquezas naturais e do inalienável direito a forjar, soberanamente, o seu futuro.

O propósito do Libertador foi conformar uma grande pátria latinoamericana estruturada como um só corpo de nações livres, integradora dos nossos povos, garantia da derrota do colonialismo daquela época e da independência definitiva de nossos povos do jugo de qualquer potência, continua vigente; conserva plenamente o seu vigor como estratégia nascida do gênio e do exemplar e inesgotável compromisso revolucionário de Simón Bolívar, que concebeu uma grande nação como patrimônio coletivo de todo o povo e não como a somatória de enormes latifúndios reservados às minorias privilegiadas, ajoelhadas e submissas diante das ordens do império da vez.

A exatidão de tão portentosa proposta bolivariana transcende, 200 anos depois, da mesma forma que a totalidade do seu ideário de igualdade, liberdade, justiça social, soberania e independência, resumo e essência das lutas atuais de grande parte dos povos latinoamericanos e caribenhos que combatemos contra regimes oligárquicos entregues incondicionalmente aos amos estrangeiros e, como vitimas que somos da expansão capitalista chamada de globalização, levantamos hoje com mais urgência e legitimidade que nunca, a bandeira da Pátria Grande, diante da inocultável intenção ianque de tomar os territórios desde o sul do rio Grande até a Patagônia, para realizar sua estratégia do “destino manifesto” sob seu imperial e repudiável lema de “América para os americanos”.

Está claro que um tratado militar como o assinado recentemente entre Washington e Bogotá, que permite a constituição de sete bases norteamericanas na Colômbia, com a prerrogativa de utilizar a totalidade do sistema aeroportuário, o espaço aéreo, os mares territoriais sem limites com a quantidade de soldados que seus navios de guerra transportem e a presença maciça de paramilitares norteamericanos denominados empreiteiros, não se limita ao combate ao narcotráfico e ao chamado terrorismo, mas que busca desestabilizar os processos democratizantes e independentistas que se desenvolvam na América Latina.

A guerra contra o narcotráfico é uma estratégia fracassada que os EUA utilizam hoje como pretexto para intervir e agredir em diferentes lugares do mundo.

A guerra contra o terrorismo – qualificativo político em que se encaixam todos seus contraditores – decretada pela Casa Branca, a mesma que ordenou o bombardeio atômico contra Hiroshima e Nagasaki, que arrasou o Vietnã com armas químicas e napalm, que agride os povos do Iraque e Afeganistão e respalda o terror do estado israelense, é outra máscara do império e das multinacionais para justificar suas infâmias.

A América Latina, na estratégica esquina da América do Sul que a Colômbia ocupa e como consequência de um plano de longa duração que está em andamento, já começou a ser invadida novamente, desta vez com a permissão de um presidente como Álvaro Uribe, que saiu das entranhas do paramilitarismo criminoso e que carrega um obscuro passado como narcotraficante – fato bem conhecido por Washington – apátrida e cabeça do governo mais corrupto da história colombiana e quem, justamente por isso, é utilizado pelos EUA para levar adiante esta aventura que pretende recuperar a influência perdida no seu outrora “pátio dos fundos”.

O frustrado golpe contra o presidente Chávez, em 11 de abril de 2002; o golpe contra o presidente Zelaya que pretendem encobrir reconhecendo as espúrias eleições que deram a vitória a Lobo; as tentativas sistemáticas para desestabilizar a fronteira entre a Colômbia e a Venezuela; os evidentes e ininterruptos esforços desestabilizadores em vários dos nossos países, fazem parte dessa nova ofensiva do Estado ianque e a reação continental contra os irreversíveis avanços integracionistas e o crescente sentimento anti-imperialista do nosso continente, enquadrado na concepção bolivariana da independência, quer dizer, no combate frontal das maiorias oprimidas contra o poder colonial e as oligarquias nacionais, ou em outras palavras, na luta de classes pela libertação dos oprimidos, da confrontação social e política pela democracia para desenvolver-la a fundo incessante e ininterruptamente, enraizada no melhor e mais avançado das nossas tradições, marcada por nossas particularidades e idiossincrasia como parte de um processo autenticamente latinoamericano rumo ao socialismo.

Nosso compromisso com este processo pela soberania nacional e popular, pela Pátria Grande e o socialismo é total e incondicional. São nossas diretrizes e a razão da existência das FARC-EP como nos ensinaram nossos chefes e fundadores Manuel e Jacobo, e como o reafirmamos cotidianamente, com plena e absoluta confiança na vitória final.

Diante deste excepcional evento, ratificamos nossa confiança no avanço que significará a constituição do Movimento Continental para as lutas do povo latinoamericano, nutrido do ideário bolivariano e inspirado, como todos nós, na existência exemplar do Libertador, incomensurável referência ética que, permanentemente, dá-nós força na dureza da luta para alcançar os objetivos que delineamos.

Reiteramos nossos votos pelo mais enriquecedor intercâmbio, conclusões e propostas sábias e convocatórias que gerem movimento de massas, organização, luta contra o invasor e pela construção da Pátria Grande!

Pela unidade latinoamericana e caribenha contra a invasão imperial dos EUA: Avante!
Muito obrigado,


Alfonso Cano
Chefe do EMC das FARC - EP
Montanhas da Colômbia, dezembro de 2009