"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Saúdo de fim de ano das FARC-EP. 2009.

Ao finalizar o ano de 2009, queremos estender nosso saúdo entusiasmado, patriótico e pleno de otimismo nas possibilidades de um futuro melhor para nossa pátria, a todos os Comandos, às guerrilheiras e guerrilheiros das FARC EP, Milicianos Bolivarianos, militantes do Partido Comunista Clandestino, integrantes do Movimento Bolivariano, Redes Urbanas, aos prisioneiros de guerra que no país e no estrangeiro enfrentam com dignidade a repressão do Estado, aos simpatizantes das FARC-EP na Colômbia e no mundo, e, mas sobretudo, ao povo colombiano, que com seu respaldo, colaboração e participação sob as mais distintas formas, nos têm ajudado a manter em alta as bandeiras da luta pela dignidade nacional, a pátria e a esperança em uma Colômbia justa, desenvolvida e em paz.

Gostaríamos de compartilhar as seguintes reflexões:

Compatriotas: A atual situação política do país apresenta uma complexidade não conhecida nas últimas décadas da nossa historia.

O fato de ter como uma espada de Damocles sobre nossa cabeça, não já a ameaça, mas a realidade de uma invasão militar por parte do exército que representa ao império mais voraz e poderoso da terra, que conta com a cumplicidade de um governo apátrida, que entregou a soberania da pátria, para ameaçar e servir de peão aventureiro dos desígnios e planos imperialistas de reversar os ventos de câmbio, que em beneficio dos pobres sopram pela América Latina.

Todo o mundo sabe que há no governo uma quadrilha encabeçada por um mandatário, que violando todas as normas estabelecidas pretende perpetuar-se no poder, para instaurar uma ditadura, ultra-direitista, com políticas neoliberais no social e uma concepção retrógrada no ideológico. Isso é uma aberração insólita. Não há antecedentes de semelhante abuso em nossa historia republicana .

Um Presidente que durante seu primeiro período reformou Constituição para garantir sua reeleição por mais 4 anos, e que agora pretende outra reforma para obter a segunda reeleição, com a incerteza de que busque seguir no cargo de forma indefinida, (seu plano estratégico é até o ano 2019), essa sim é uma situação à qual não tinha se enfrentado a hipócrita e mal chamada “democracia” colombiana, que já alguns chamam de “mafiocracia”. Até lá chegamos, porque a presidência de Uribe tem muito de atípica e conta com o respaldo pleno e continuo da classe dominante.

Se dirá com muita razão, que isso longe de ser um caso único, tem sido a constante. Mas não, esse tem sido um governo muito mais anti-popular e reacionário que os anteriores.

O respaldo total e incondicional dos setores capitalistas, imperialistas, mafiosos e do latifúndio, dado ao atual governo durante 8 anos, para enganar, manipular a interpretação da realidade nacional, aumentar a corrupção elevada a níveis nunca vistos, (AIS, RUNT, IPS - EPS, recompensas, financiamento e firmas do referendo, contratação pública, Opain, coleta de lixo, terceiro canal, zonas francas, etc.); a infame “para-política”, os crimes atrozes contra o povo mal chamados “falsos positivos”, todo isso somado à crise econômica, a venda injustificada de todas as empresas e instituições estratégicas que eram propriedade do Estado, energia, saúde, educação, transporte, telecomunicações, e até Ecopetrol, a cambio de toda classe de propinas, e exploração a vontade dos trabalhadores, chamada pelos meios de comunicação de "segurança inversionista", não tinha ocorrido na Colômbia.

O particular agora, é que em maior grau que antes, entre os banqueiros, latifundiários, mafiosos, politiqueiros e o presidente, tem-se criado e fortalecido uma quadrilha sinistra.

A política de Uribe influi e dá impulso a esse giro à direita que se observa na classe econômica dominante, (Um só banqueiro, Sarmiento Angulo controla o 42% do crédito Nacional e acaba de declarar ganâncias no último bimestre de 1.250 milhões de dólares).

Mas, também, esse giro dos setores dominantes, contribui a “direitizar” e a apoiar mais a política uribista, nos campos nacional e internacional, porque esses setores são beneficiados.

O perdedor em tudo isso é o povo, pois aumentam seus níveis de miséria, de fome, de desemprego que já alcança o 14%, (quase 3 milhões de desocupados), com incremento no último ano de 517.000 novos desempregados, carentes de todo ingresso e sem recursos à vista, o que já não é uma cifra, mas todo um drama humano que deixa milhões de colombianos sem possibilidade de satisfazer suas necessidades e as de suas famílias.

Como consequência dessa política que só governa para uma minoria de privilegiados, hoje somos uma sociedade na qual 22 milhões de pobres estão afastados das relações capitalistas de produção. Não são proletários, nem trabalhadores, mas parias, privados da segurança social, de todos os direitos e de todas as possibilidades.

Esse mundo de miséria sem fundo é o resultado, não da "crise mundial" , como é apresentado, mas do modelo neoliberal que nos têm imposto. É o modelo uribista que alguns têm dominado como um modelo "Pro Ricos" sustentado na chamada "confiança inversionista", na repressão e o engano midiático que só produz e reproduz ganâncias para os ricos, militarização da sociedade, miséria generalizada e exclusão para nosso povo.

O caráter de classe desse governo está retratado nas atuais negociações para o salário mínimo.

Enquanto o governo se dispõe a aprovar um projeto de lei que eleva as pensões vitalícias dos Parlamentares mais corrupto da história da Colômbia, de 11 para 16 milhões de pesos e, concede altíssimos salários aos vereadores, aos trabalhadores só lhes oferece um aumento no seu salário mínimo do 3%, é dizer, menos de 15 mil pesos ao mês, ou seja, 500 pesos diários, (menos do que custa um refrigerante).

Mediante enganos midiáticos e recorrendo às técnicas de propaganda aprendidas nos manuais Nazis que ensinavam repetir uma mentira mil e um milhão de vezes, e volver-la a repetir depois, até fazer-la crer como se fosse verdade, têm chegado a converter quase que num artigo de fé para os colombianos que são a insurgência e "o terrorismo", as causas de todos os males nacionais e que só a Segurança "Democrática" nos dará a paz e a prosperidade.

Mas, de aqui a pouco completaremos 60 anos desta guerra declarada contra o povo, decretada a partir do assassinato de Jorge Eliécer Gaitán e mantida durante todos esses anos com o objetivo de impedir a sangue e fogo qualquer intento de cambio democrático que beneficie o povo humilde e trabalhador.


Vamos a completar também 8 anos desde que nos anunciaram a derrota da insurgência revolucionária e a iminente chegada do “fim do fim”, enquanto o país se ensangüenta e a economia nacional piora a cada dia.

Cada vez vai quedando mais claro ante a opinião nacional, que o Plano Patriota tem sido um grande fraude para fortalecer a ditadura de Uribe e um grande fracasso militar, como o evidenciam as cifras da confrontação com as guerrilhas em nível nacional e a expansão da violência paramilitar a outras zonas do país em aliança com a força pública, (seu nome nos indica que não eram assassinos privados, mas que “trabalham” “em aliança com a força pública”, algo assim como uma versão atualizada do binômio forças armadas - jagunços).

No entanto, cresce o deslocamento forçado de camponeses, como também a miséria urbana, fatos esses referendados por dados recentes, que sem serem a última palavra, porém contem pontos de vista interessantes, respaldados nas cifras e na investigação.

A todo esse ambiente de engano, crime, mentiras, corrupção e entrega de nossa soberania é que se pretende agora dar continuidade com a reeleição de um Presidente mafioso rodeado de uma oligarquia apátrida e uma verdadeira quadrilha de políticos sem escrúpulos que não governam para Colômbia, mas para seus próprios interesses e que como o descreveu alguma vez o filósofo Fernando González: “não têm nem praticam nenhuma política social, senão que ao direito o chamam esmola; à esmola a chamam caridade e à essa hipócrita caridade a chamam, justiça social. E dizem: Sim, é verdade que temos que ajudar o povo, temos que dar-lhe algo do que nos sobra, mas, ao povo devemos aplicar-lhe a mão de ferro".

Mas, não há mal que dure cem anos! e, já em diversos setores se vê um despertar da consciência popular, assumindo como algo próprio a defesa de seus interesses e de sua soberania. Já está entendendo que pode ser construtor de seu próprio destino.

Cresce o rechaço e o repudio à corrupção das altas esferas, e cada vez ficam ao descoberto mais e mais escândalos que envolvem a representantes do governo deixando à vista de todos o podre que é esse regime de terrorismo de Estado.

Cresce também o rechaço à reeleição do déspota por parte de amplos setores da opinião e setores democráticos que vêm no referendo espúrio para reeleger ao mafioso, uma violação da Carta Magna, a qual deturparão para impor a ditadura.

Já o tínhamos advertido. No fascismo, todo aquele que faça oposição ao governo é sempre considerado real o potencial “terrorista”. E isso de "fazer o posição ao governo" é um conceito de uma amplitude ilimitada, (como o conceito “terrorismo”), que não se reduz a pronunciar arengas políticas contra o régime.

Não!

Também são opositores e, portanto, “terroristas” segundo a lógica do reinsertado José Obdulio, os Magistrados da Corte Suprema de Justiça que mandam ao cárcere os congressistas uribistas que obtiveram seus cargos graças a sua aliança com os paramilitares e, que de uma “terna de um”, consagram um fiscal de bolso de Uribe, para que os absolva e os deixe livres.

Desde logo, a ofensiva antiterrorista não se detém nos pedestais e estrados das Cortes. Também se tem visto e se verá mais adiante, estender o qualificativo de “terroristas” a muitos políticos liberais, independentes, ou da chamada “oposição democrática”.

Já é quase unânime também o repudio continental, de ver a Colômbia convertida em plataforma militar do Império e cabeça de praia para agredir aos demais povos de América e, reverter a tendência libertadora que recorre o Continente.

Como o deixou bem claro um senador em recente debate no Parlamento: “As bases constituem uma violação flagrante da soberania nacional. Uma base estrangeira, ou uma instalação, ou o nome que lhe queiram dar, (porque não se trata de um debate semântico), o que implica é uma atividade militar a favor de interesses estrangeiros, distintos dos nossos e dentro do território nacional. Pois o soldado de qualquer país do mundo defende os interesses do país a cuja bandeira jurou-lhe lealdade".

E ainda mais, o governo da parapolítica não tem vergonha na cara para apresentar as bases do Império como um gesto amistoso dele com seus vizinhos. Será verdade que essas bases representam uma mensagem cordial para o Continente? Quem poderá acreditar nisso?

Saudamos a criação do Movimento Continental Bolivariano como expressão de rechaço à dominação imperialista de nossa América e, como nova força política com visão integradora e ampla de todas as tendências patrióticas que lutam por uma América soberana e livre como a previu o Libertador Simón Bolívar e todos aqueles que lutaram por nossa primeira independência.

Temos resistido muitos anos já e, seguiremos lutando até o último alento, porque estamos convencidos que os colombianos saberemos encontrar o caminho que nos conduza à superação desta cumprida noite de repressão e de violência que as oligarquias nos impuseram. Nossa estratégia consiste em alcançar a Nova Colômbia!

Ao finalizar este ano, queremos chamar a todos os setores revolucionários, organizações guerrilheiras irmãs, patriotas verdadeiros e democratas de nosso país, a somar esforços e vontades para conformar a mais ampla unidade, lutar co todas nossas forças para impedir a reeleição de um mafioso como ditador perpetuo e opormos a que Colômbia seja uma base militar de trampolim para agredir povos irmãos; sigamos lutando pela restituição das terras arrebatadas pelo paramilitarismo aos nossos camponeses; lutemos pela troca de prisioneiros e, entre todos construamos uma alternativa pol[itica que priorize não o militarismo mas a solução política do conflito e a paz nacional que abra as comportas a um processo político de caráter popular que coloque ponto final à guerra e desenhe as bases para a construção de uma Nova Colômbia com desenvolvimento real para os pobres e livre da presença nefasta das tropas estadunidenses em nosso território.

É dever de todos impedir que Colômbia seja convertida em base militar do Império, que o povo perca todas suas conquistas obtidas através de justas lutas e que a guerra seja o modus vivendi de nossa sociedade, só pela obsessão oligárquica de impedir a todo custo que na Colômbia se produzam câmbios estruturais que beneficiam as maiorias nacionais e sua decisão militarista de perpetuar a como dê lugar um regime político que todos sabemos é injusto, imoral, criminal e anti-democrático.

Pela Nova Colômbia, A Pátria Grande e o Socialismo.

Honra e glória à memória de Manuel, Jacobo, Raúl, Iván, Nariño e todos os heróis caídos na confrontação.

A pátria se respeita, fora ianques da Colômbia!


Secretariado do Estado Maior Central das FARC-EP
Montanhas da Colômbia, dezembro do 2009.

Fonte: www.anncol.eu