"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Movimento Continental Bolivariano: uma necessidade política de alcances estratégicos


Compatriotas latinoamericanos e caribenhos assistentes a esse histórico evento,
Companheiras e companheiros:

Recebam o saúdo entusiasmado do Secretariado, do Estado Maior Central, do corpo de mando e das guerrilheiras e guerrilheiros das FARC - EP, assim como de todos os integrantes das milícias bolivarianas.

Constituir um movimento político continental, de essência bolivariana, justo quando o império estadunidense espalha sua força militar na Colômbia e dispõe, ameaçante, seus aparatos de guerra e terror contra os povos latinoamericanos e caribenhos, é não só uma necessidade histórica, mas um dever improrrogável, que assinala o horizonte da unidade combativa de nossos povos em defesa de sua dignidade, independência, historia, valores, cultura, território, recursos humanos, riquezas naturais e do inalienável direito a forjar soberanamente seu futuro.

O propósito de El Libertador de conformar una grande pátria latinoamericana estruturada como um só corpo de nações livres, integradora de nossos povos, garante da derrota do colonialismo de aquelas épocas e da independência definitiva de nossos povos do jugo de qualquer potência, continua vigente; conserva plenamente seu vigor como estratégia nascida do gênio e do exemplar e inesgotável compromisso revolucionário de Simón Bolívar, que concebeu, uma grande nação como patrimônio coletivo de todo o povo e não como somatória de enormes latifúndios reservados a minorias privilegiadas, ajoelhadas e submissas ante as ordens do império de turno.

O caráter de justiça que tem tão portentosa proposta bolivariana tascende 200 anos depois, da mesma forma que a totalidade de seu ideário de igualdade, liberdade, justiça social, soberania e independência, resumo e essência das lutas atuais de boa parte dos povos latinoamericanos e caribenhos que combatemos contra regimes oligárquicos entregados incondicionalmente aos amos estrangeiros e como vítimas que somos da expansão capitalista chamada de "globalização", levantamos hoje, com mais urgência e legitimidade que nunca, a bandeira da Pátria Grande, ante a visível intenção ianque de copar os territórios desde o Sul do Rio Grande até a Patagônia, para fazer realidade sua estratégia do "destino manifesto" sob sua imperial e repudiável consigna de "América para os americanos".

Está claro que o tratado militar firmado recentemente entre Washington e Bogotá, que permite a instalação de 7 bases estadunidenses na Colômbia, com a prerrogativa de utilizar a totalidade do sistema aeroportuário, o espaço aéreo, os mares territoriais sim limites na quantidade de efetivos que transportem seus barcos de guerra e a presença massiva de paramilitares norteamericanos denominados contratistas, não se circunscreve ao combate contra o narcotráfico e o chamado terrorismo, mas busca desestabilizar os processos democratizadores e independentistas que se apresentam na América Latina.

A guerra contra o narcotráfico é uma estratégia fracassada que os Estados Unidos utilizam hoje como pretexto para intervir e agredir em diferentes lugares do mundo.

A guerra contra o terrorismo -amplo qualificativo político onde cabem todos seus contraditores-, decretada pela Casa Branca, a mesma que ordenou o bombardeio atômico a Hiroshima e Nagasaki, que arrasou o Vietnã com armas químicas napalm, que agredi os povos de Iraque e Afeganistão e apóia o terror do Estado de Israel, é outra máscara do império e das transnacionais, para justificar suas infâmias.

Latinoamérica, na estratégica esquina de Suramérica que ocupa Colômbia e como consequência de um plano de largo alento que já está em andamento, já começaram a invadir-la de novo, esta vez com a aquiescência de um presidente como Álvaro Uribe, da entranha do paramilitarismo criminal, que tem um túrbio passado como narcotraficante -feito bem conhecido por Washington-, apátrida e cabeça do governo mais corrupto da historia colombiana e a quem precisamente por isso, utilizam os Estados Unidos para adiantar essa aventura com a qual pretende recuperar a influência perdida em seu outrora "pátio traseiro".

O falido golpe de estado contra o Presidente Chávez em 11 de abril de 2002, o golpe de estado contra o Presidente Zelaya que pretendem encobrir reconhecendo as espúrias eleições 'ganhadas' por Lobo, as provocações sistemáticas para desestabilizar a fronteira colombo - venezuelana, os evidentes e ininterruptos esforços desestabilizadores em vários de nossos países fazem parte dessa nova ofensiva do Estado ianque e da reação (as elites) continental contra os avanços integracionistas e o crescente sentimento antiimperialista de nosso Continente, enmarcado na concepção bolivariana da independência, é dizer, no combate frontal das maiorias oprimidas contra o poder colonial e as oligarquias criolas, ou em outras palavras, na luta de classes pela liberação dos oprimidos, da confrontação social e política pela democracia para desenvolver-la de forma continua, ascendente e afundada no melhor e mais avançado de nossas tradições, caracterizada por nossas particularidades e idiossincrasia como parte de um processo autenticamente latinoamericano em marcha rumo ao Socialismo.

Nosso compromisso com esse processo pela soberania nacional e popular, pela Pátria Grande e o Socialismo é total e incondicional. São nossos inamovíveis e a razão da existência das FARC - EP como nos o inculcaram nossos chefes e fundadores Manoel e Jacobo, e como o ratificamos todos os dias, com plena e absoluta confiança na vitória final.

Ante esse excepcional evento, ratificamos nossa confiança no reforço que significará para as lutas do povo latinoamericano o surgimento do Movimento Continental nutrido do ideário bolivariano e inspirado como todos nós, na existência exemplar do Libertador, referente ético excepcional que nos anima permanentemente na dureza da luta por alcançar os objetivos já traçados.
Reiteramos nossos votos pelo mais enriquecedor intercâmbio, conclusões e propostas sabias e convocantes que gerem movimento de massas, organização, luta contra o invasor e pela construção da Pátria Grande!

Pela unidade latinoamericana e caribenha contra a invasão imperial dos Estados Unidos: Adelante!

Muito obrigado,

Alfonso Cano
Chefe do Estado Maior Central das FARC - EP
Montanhas de Colômbia, dezembro de 2009