"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Mono Jojoy: "No temos alma de traidores"


As FARC respondem ao Exército: "Acordos de paz sim, mas rendição é uma fantasia da oligarquia"


Senhor:

Freddy Padilla de León.

Compatriota:

Escutei atentamente sua alocução radial do dia 21 de janeiro de 2010 que me pareceu inspirada mais nos fins de propaganda, de perdoa vidas e de guerra psicológica, mais que no sincero espírito reconciliatório e de grandeza, convidando-me à entrega e à rendição.

Você não é pioneiro nesse tipo de "convites". Nosso insigne Comandante Manuel Marulanda Vélez nos relatava como nos primórdios da nossa luta pela liberação de nosso povo, o general Álvaro Valencia Tovar também costumava dirigir mensagens desse mesmo teor ao Comandante Ciro Trujillo, oferecendo-lhe incluso, dinheiro a modo de suborno, enquanto ao mesmo tempo eram alistadas tropas e se aperfeiçoavam os mecanismos para o início da agressão contra a população das regiões de Marquetalia e Riochiquito, seguindo a aplicação do Plano LASO e a meio de uma situação política na qual as Forças Militares iniciavam sua carreira como instrumento classista de repressão ao serviço dos latifundiários para despojar da sua terra os camponeses.

Muito pouco nos conhece você, senhor Padilla de León: com toda sinceridade, sem ódio nem ressentimento e com o respeito que todo revolucionário professa por seus adversários, lhe respondo: Não, muito obrigado, general.

Nas FARC não temos alma de traidores, mas de patriotas e de revolucionários.

Temos lutado e continuaremos nisso, com valor, entrega e sacrifício por derrubar esse regime podre das oligarquias e construir outra ordem social, ou por alcançar acordos que ajudem a construir uma pátria na qual caibamos todos.

Jamais temos proclamado o principio da guerra pela guerra, nem assumido nossa luta como algo pessoal, já que nossos objetivos são os de lograr mudanças profundas na estrutura social da Colômbia para que por fim sejam levados em conta os interesses das maiorias nacionais, dos setores populares e que conduzam ao desmonte do atual regime político criminal, oligárquico, corrupto, excludente e injusto, como está consignado em nossa Plataforma Bolivariana pela Nova Colômbia.
Com a honestidade que corresponde ao nosso compromisso com a transformação social e a lealdade que lhe devemos ao nosso povo, lhe afirmamos que não vamos a desistir depois de mais de 40 anos de luta, nem aceitar uma falsa paz. Não trairemos os sonhos de justiça da Colômbia que clama pela paz com justiça social, nem a memória dos milhares de mortos, nem às vítimas das inumeráveis tragédias que tem ocasionado esta cruenta guerra, declarada pela oligarquia contra o povo desde há mais de 50 anos.

Colômbia necessita encontrar os caminhos que conduzam a pôr fim a esta guerra entre irmãos, sendeiros de reconciliação que nos levem a Acordos de Paz. Mas não será através de uma paz falsa que siga permitindo a uma minoria oligárquica continuar se apropriando de todas as riquezas, enquanto as grandes maiorias nacionais ficam esmagadas pelo peso da pobreza, o terror militarista, a miséria e a degradação moral de uma classe dirigente corrupta até a medula, o caminho mais seguro para alcançar a reconstrução da pátria e a reconciliação dos colombianos.

Uma paz entendida como rendição ou entrega é uma fantasia da oligarquia e de nossa parte seria um crime de lesa traição ao povo e a seus históricos anseios por alcançar, por fim a justiça social para todos.

Acordos de paz sim, mas, o ponto cardinal é: ¿com ou sem mudanças estruturais no político e social?

¿Mais Democracia ou mais autoritarismo e mais repressão e ajoelhamento diante do império?

Convidamos o senhor a refletir sobre estas serenas palavras plenas de sensatez e atualidade, contidas na mensagem que dirigiu o Comandante Manuel Marulanda Vélez aos membros das Forças Militares:

"O futuro da Colômbia não pode ser o da guerra indefinida, nem o de exploração por uns poucos das riquezas da pátria, nem pode continuar a vergonhosa entrega de nossa soberania à voracidade das políticas imperiais do governo dos Estados Unidos; nós estamos em mora de sentarmos a conversar em sério para dirimir nossas diferencias, mediante o intercâmbio civilizado de opiniões rumo à solução definitiva das causas políticas, econômicas e sociais geradoras do conflito interno, para bem das futuras generacões de compatriotas ".

Hoje, queremos compartilhar esse raciocínio com você, e também, como sempre, com os sargentos, os cabos, os tenentes, capitães e coronéis, e com todos os homens de experiência que põem o peito nos combates, mas que apesar disso, lhes está ascender à oficialidade por sua origem racial, cor ou sua raça.

Lembro-lhe general, que o passo pela milícia em defesa de interesses estrangeiros ou oligárquicos que fazem alguns de vocês, assim seja prolongado no tempo, é efémero, e que pronto será você chamado qualificar serviços, e com certeza o povo ou a justiça internacional lhe reclamará sua responsabilidade como comandante das Forças Militares nos crimes de lesa humanidade contra nosso povo, hipocritamente chamados "falsos positivos" ou, em seu papel como chefe em um tempo da nefasta XX Brigada de "inteligência e contra-inteligência" (B I N C I), de tão ingrata recordação para os colombianos, assim como o surgimento e aumento do paramilitarismo depois de seu passo pelo Comando da Segunda Divisão do Exército, ao lado do hoje presidiário general Iván Ramírez.
Temos feito reiterados chamamentos a todos os patriotas e democratas da Colômbia, a trocar idéias sobre esses temas para impedir a perpetuação em nossa pátria de uma ditadura ou um governo totalitário e déspota.

Hoje as FARC queremos convidar todos os militares e integrantes da Força Pública a retomar o caminho da defesa da soberania pátria, a trabalhar pela formação de um exército bolivariano patriótico, que não aponte suas armas contra seus concidadãos, integrado às lutas populares, e que trabalhe em beneficio de alcançar a paz, assim como pelo intercâmbio humanitário e para continuar a obra que deixou sem concluir o Libertador Simón Bolívar, para que Colômbia não volte sofrer jamais a afronta de ver os soldados que você comanda, submetidos e despojados de suas armas para serem revistadas por representantes do exército da potência estrangeira que nos avassala, como ocorreu na passada visita do presidente Bush.

Compatriota,
Jorge Suárez Briceño.
Integrante do Secretariado do Estado Maior Central das FARC EP.
Montanhas da Colômbia, janeiro de 2010