"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Chanceler de Lula assume ministério da Defesa no lugar de Jobim

Cansada de declarações polêmicas do ministro da Defesa à imprensa, presidenta Dilma Rousseff decide demiti-lo. Gota d'água foi ataque de Nelson Jobim a duas das mais íntimas colaboradoras de Dilma. É o terceiro ministro demitido pela presidenta desde que ela assumiu cargo. Para substituí-lo, Dilma escolhe ex-chanceler de Lula, Celso Amorim. Posse deve ser na próxima semana.
André Barrocal

BRASÍLIA – A imprensa fez outra vítima, a terceira, no alto escalão do governo Dilma Rousseff. Mas, ao contrário de Antonio Palocci e Alfredo Nascimento, que caíram por atos suspeitos trazidos a público contra a vontade deles, Nelson Jobim deu contribuição voluntária e espontânea para sua demissão do ministério da Defesa, com declarações polêmicas em entrevistas.

Diante da última delas, conhecida nesta quinta-feira (04/08) e que Jobim nega ter feito, Dilma cansou-se e decidiu exonerá-lo. O chanceler do ex-presidente Lula, Celso Amorim, assumirá o posto, o que deve ocorrer semana que vem. A demissão e a nomeação foram publicadas no Diário Oficial da União desta sexta-feira (05/08).

A carreira ministerial de Jobim foi encerrada por reportagem da edição de agosto da revista Piauí, na qual se lêem observações desabonadoras dele sobre dois dos ministros mais íntimos de Dilma, Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil). A primeira seria “fraquinha” para comandar a articulação política do governo. A segunda, “sequer conhece Brasília” e, portanto, não poderia estar no coração do Planalto.

Em nota oficial divulgada por sua assessoria de imprensa nesta quinta-feira (04/08), Jobim negou ter dito de Ideli o que a revista lhe atribuiu. “Em momento algum, fiz referência a ela dessa natureza. Reconheço na Ideli capacidade e tenacidade importantíssimas na condução dos assuntos dentro do Congresso”, disse. A nota não contesta a afirmação atribuída a Jobim sobre Gleisi.

As negativas foram insuficientes para que Jobim sobrevivesse no cargo que ocupava há quatro anos. Dilma, que não gosta de ver a equipe se expondo na imprensa, ainda mais de forma gratuita, andava incomodada com a recente verborragia dele.

No dia 26 de julho, também em entrevista, Jobim confessara ter votado em José Serra (PSDB) no ano passado. A informação não era nova para Dilma, que conhecia a preferência política de Jobim pelo padrinho de casamento. Mas foi encarada como provocação.

O descontentamento presidencial foi verbalizado pelo ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Ele classificou a confissão de “desnecessária”, mesma palavra usada por Ideli para comentar o parecer de “fraquinha” que o jurista Jobim, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), teria dado sobre ela.

Depois do episódio "voto em Serra", Jobim usou uma outra entrevista, concedida na última segunda-feira (01/08), para tentar limpar a barra com a presidenta. Disse que considera Dilma “extraordinária” e que mantém com ela uma relação “ótima”.

Mas a confissão de voto já tinha plantado a semente da dúvida na cabeça da presidenta sobre o que Jobim, afinal, estava pretendendo. Ele estaria mesmo cavando a demissão, como a imprensa vinha interpretando como objetivo oculto por trás das frases polêmicas?

Antes da confissão de voto, Jobim já havia contribuído para as dúvidas presidenciais durante uma sessão do Senado, no dia 30 de junho, que homenageou o ex-presidente Fernando Henrique pelos 80 anos do tucano. Na ocasião, o ministro dissera que FHC nunca tinha levantado a voz para um subordinado e que hoje, ele, Jobim, precisa lidar com "idiotas".

As duas observações foram interpretadas pela imprensa como desabafos velados de Jobim sobre o temperamento de Dilma, algo que ele negou. As manifestações seriam uma forma de forçar a presidenta a demiti-lo.

De acordo com um ex-colaborador de Jobim no ministério da Defesa no governo Lula, as frases de efeito e, às vezes, pouco diplomáticas, seriam consequência do gauchismo do ministro, e não pressão disfarçada. Este mesmo colaborador disse que Jobim se atribuía uma missão especial antes de deixar o governo: ajudar a aprovar no Congresso uma Comissão da Verdade para esclarecer casos de torura e morte de militantes políticos.
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Com apoio de Carta Maior