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Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 9 de novembro de 2009

CADAVERES ENCONTRADOEM EM TÁCHIRA PERTENCIAM A GRUPOS PARAMILITARES

Prensa YVKE Mundial/BBC Mundo/Diario La Nación
Segunda-feira, 2 de novembro de 2009. 01h59min AM

Fonte:ANNCOL.EU

O vicepresidente venezuelano Ramón Carrizales, informou neste domingo que os nove colombianos seqüestrados e mortos no final de semana passado na fronteira com a Colômbia eram “paramilitares treinando” na Venezuela.

“Supostamente mantinham-se vendendo amendoim em ônibus. Mas mantinham um padrão de vida que não correspondia com os ganhos de um vendedor ambulante de amendoim”, disse o vice-presidente em entrevista televisiva, acrescentando que “a violência que criaram no tempo que estiveram lá, levam-nos a crer que eram paramilitares”, assim como também “a rapidez da preocupação manifestada pelo governo colombiano”.

Tais declarações ocorrem pouco depois de que a Colômbia anunciasse a prisão de um sargento da Guarda Nacional venezuelana em território colombiano.


Os homens assassinados eram conhecidos como "Vendedores de amendoim".

A descoberta de 11 corpos, em 24 de outubro, identificados como parte dos 12 sequestrados em Táchira por um grupo armado enquanto jogavam uma partida de futebol num campo improvisado na cidade de Chururu, em 11 de Outubro, recentemente criou uma controvérsia sobre a atividade de guerrilhas no território venezuelano.

Mas com estas novas declarações, o governo contradiz as afirmações daqueles que inicialmente culparam o Exército de Libertação Nacional (ELN), supostamente se baseando no testemunho do único sobrevivente, Junior Manuel Cortes.

A Polícia venezuelana informou que as investigações da chacina que deixou 9 colombianos, um venezuelano e um peruano mortos, estão avançando. Todos eles eram conhecidos na área como "Os Vendedores de amendoim", porque aparentemente ganhavam a vida vendendo amendoim nos transportes públicos.

Agora, são considerados suspeitos, pelas autoridades venezuelanas, de pertencer a um grupo de “paramilitares", que treinavam na área para depois se “infiltrar” na capital, Caracas, e “desestabilizar” o país.

Una operación, que Carrizalez incluye en la presunta trama del "espionaje" colombiano en Venezuela y los acuerdos militares recientemente suscritos entre Bogotá y Washington, para que tropas estadounidenses puedan hacer uso de siete bases militares colombianas.


O dia do sequestro

Mais de 15 homens chegaram em uma camionete preta, outra branca e uma terceira vermelha. Uma vez que chegaram ao local, obrigaram os presentes a deitar no chão. Chamaram pelo nome completo a um por um dos jogadores de futebol, que levaram minutos depois.

Carregavam armas de cano curto e longo e rifles de longo alcance. Estavam vestidos com uniformes camuflados, com lenços vermelhos onde se podia ver o rosto de "Che Guevara" impresso. Também usavam máscaras de esquiador.

Pouco antes de levar as vítimas, algumas das quais foram obrigadas a fazer parar uma camionete e roubá-la de um dos espectadores do jogo de futebol, disseram aos familiares “que quem não deve não teme”, enquanto lhes roubavam os pertences.


Declaração de sobrevivência

“Antes de nos dividir em grupos, por volta das 19h, disseram que nos libertariam, mas fomos levados para lugares diferentes para nos matar. Durante todos estes dias mantiveram-nos acorrentados sob uma ponte, custodiados por 18 homens fortemente armados e liderados por um a quem chamavam de ‘Comandante Palhaço’. Passamos 14 dias comendo só arroz, atum e água, de modo que se chovia ficávamos molhados. O cobertor foi uma folha de bananeira e até ontem (sexta-feira) quando chegou uma pessoa, perto das 14h, com a grande notícia de que todos iriam embora. Obviamente ficamos muito felizes e até choramos de alegria, mas não sabíamos que seriamos todos fuzilados", relatou Cortés.

"Quando pararam, nos fizeram descer e, ajoelhados no chão, nos batiam quando ouvimos uma rafaga de seis ou sete tiros, um dos quais me acertou. Uns minutos depois eu abri os olhos e estava vivo. Cutuquei meus amigos, mas eles estavam mortos. Levantei-me e andei cerca de três horas e meia (...) até que vi a luz de uma casa, cheguei até ela e bati na porta que em seguida foi aberta por um senhor”. Graças a um fazendeiro local pode receber atendimento médico para salvar sua vida.


Conspiração

“Isso tudo tem as características de que é um grupo paramilitar que estava sendo treinado (...) com outro objetivo", disse Carrizales na televisão, que observou ainda que "se está materializando a ameaça da Colômbia e do Império contra a Venezuela". Carrizalez também acusou o governador de oposição de Táchira, César Pérez Vivas, da sua “cumplicidade” com a suposta “base logística” paramilitar que pretendia operar no país.

Vivas rejeitou as acusações do governo e reiterou sua denúncia sobre a falta de segurança na fronteira e a presença de tropas irregulares colombianas no território, diante das quais, ele como governador, não fez nada.

Da mesma forma, o Vice-Presidente Carrizales, disse que “os governadores de Táchira (César Pérez Vivas) e o de Zulia (Manuel Rosales, ex-governador fugitivo da justiça) são os responsáveis pela segurança de seus estados, porque controlam as polícias regionais e administram os recursos para a segurança, o que não significa que, como Governo Nacional, nós estamos fugindo das nossas responsabilidades”.

Enquanto isso, parentes de vítimas do massacre – agora acusadas de pertencer ao paramilitarismo – negam tais afirmações, entretanto, de acordo com os depoimentos de testemunhas publicados em jornais regionais, menciona-se que, no momento em que estavam sendo sequestrados, um dos desconhecidos inferiu que “quem não deve, não teme". Por outro lado, não se sabe qual será o destino do único sobrevivente do crime, que atualmente se recupera dos ferimentos em Caracas.


Resposta colombiana

O Departamento Administrativo de Segurança (DAS) colombiano negou que seus agentes estão operando na Venezuela, e rejeita a veracidade das supostas provas sobre o assunto apresentadas recentemente pelo ministro venezuelano do Interior e Justiça, Tarek El Aisami, perante a Assembleia Nacional.

As provas, consideradas “irrefutáveis” por El Aisami, teriam sido obtidas após a prisão de dois supostos agentes da DAS no início de outubro.

Enquanto isso, a Colômbia anunciava neste sábado, a captura de um sargento da Guarda Nacional da Venezuela no departamento fronteiriço de La Guajira, na Colômbia.

Conforme relatado pela DAS, o militar foi preso em um posto policial em Paraguachón enquanto se deslocava em um veículo usando uniforme e carregando uma pistola.

Sobre esta prisão, o presidente colombiano, Álvaro Uribe, disse que o caso está sendo investigado, mas que "quando um membro da Guarda passa para a Colômbia, é tratado tranquilamente, historicamente com paciência”.