"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sábado, 14 de novembro de 2009

DOCUMENTO OFICIAL DA FORÇA AÉREA DOS EUA REVELAM AS VERDADEIRAS INTENÇÕES POR TRÁS DO ACORDO MILITAR COM A COLÔMBIA


Emir Sader



Um documento oficial do Departamento da Defesa dos EUA revela que a base militar de Palanquero, Colômbia “garante a oportunidade de realizar operações de espectro total na América do Sul”. Essa afirmação contradiz as explicações do presidente Álvaro Uribe e do Departamento de Estado dos EUA sobre o acordo militar assinado em 30 de Outubro, entre Washington e Bogotá. Os governos da Colômbia e dos EUA mantiveram publicamente que o acordo militar trata apenas de operações militares e as atividades dentro do território da Colômbia para combater o tráfico de drogas e o terrorismo interno. O presidente Uribe tem reiterado várias vezes, até mesmo na reunião da Unasul em Bariloche, na Argentina, que o seu acordo militar com Washington não afetará seus vizinhos. No entanto, o documento da Força Aérea norteamericana confirma o contrário e indica que as verdadeiras intenções e objetivos por trás do acordo são poder realizar operações militares a nível regional para combater “a ameaça constante... de governos antiamericanos".

O acordo militar entre Washington e Colômbia autoriza o acesso e utilização de sete instalações militares: Palanquero, Malambo, Tolemaida, Apíay Larandia, Cartagena e Málaga. Além disso, o acordo permite “o acesso e utilização das demais instalações” em todo o território colombiano, sem restrições. Junto com a imunidade total que este acordo dá aos militares, civis e empreiteiros norteamericanos que entrarão em território colombiano nos termos do convênio, a autorização para que os EUA utilizem qualquer instalação no país, incluindo aeroportos comerciais, significa a entrega total da soberania colombiana.

O documento da Força Aérea salienta a importância da base militar de Palanquero e fala da necessidade de investir 46 milhões de dólares para redimensionar a pista de pouso, rampas e outras instalações da base para convertê-la numa CSL ou Localidade de Cooperação em Segurança, dos EUA. “Estabelecendo uma CSL em Palanquero apoiará a Estratégia de Postura do Teatro de Comando Combatente (COCOM) e demonstrara o nosso compromisso com o relacionamento com a Colômbia. O desenvolvimento deste CSL nos dá uma oportunidade única para as operações de espectro completo numa subregião crítica em nosso hemisfério, onde a segurança e estabilidade estão sob a ameaça constante de insurgências terroristas financiadas pelo tráfico de drogas, os governos antiamericanos, a pobreza endêmica e os frequentes desastres naturais...”.

Não é difícil imaginar o que os governos da América do Sul são considerados por Washington como “antianorteamericanos”. Suas constantes declarações agressivas contra a Venezuela, Bolívia e, inclusive o Equador, demonstram que são os países do ALBA que são percebidos por Washington como uma “ameaça constante”. Classificar um país de "antinorteamericano” é considerá-lo como um inimigo dos EUA. Neste contexto, é lógico pensar que os EUA reagiriam diante de uma região repleta de “inimigos” com a agressão militar.


A luta contra o narcotráfico é secundária

Segundo o documento, “O acesso à Colômbia irá aprofundar a relação estratégica com os EUA. A forte relação de cooperação em segurança também oferece uma oportunidade para realizar operações de espectro total na América do Sul, incluindo suporte para as capacidades de combater o narcotráfico”. Aqui está claro que a luta contra o narcotráfico é uma questão secundária. Este fato contraria as explicações dos governos da Colômbia e Washington que tentaram fingir que o principal objetivo do acordo militar é o combater ao narcotráfico. O documento da Força Aérea prioriza as operações militares continentais necessárias para combater “ameaças constantes”, como os governos “antinorteamericanos” na região.


Palanquero é a melhor opção para atingir todo o continente

O documento da Força Aérea explica que "Palanquero é sem dúvida o melhor lugar para investir no desenvolvimento de infraestrutura dentro da Colômbia. A sua localização central está dentro do alcance das áreas de operação... na região...e sua localização isolada ajudará...minimizar o perfil da presença militar dos EUA. A intenção é utilizar a infraestrutura existente...melhorar a capacidade dos EUA de responder rapidamente a uma crise regional e garantir o acesso e a presença dos EUA...Palanquero ajuda com a missão de mobilidade porque garante o acesso a todo o continente Sulamericano, com exceção do Cabo de Hornos...”


Espionagem e Guerra

Além disso, o documento da Força Aérea confirma que a presença militar dos EUA em Palanquero, Colômbia, aumentará as capacidades de espionagem e inteligência, e permitirá que as forças armadas dos EUA aumentem sua capacidade para executar uma guerra na América do Sul. “O desenvolvimento [da base de Palanquero] aprofundará a relação estratégica entre os EUA e a Colômbia e é do interesse de ambos os países... [A presença] também vai aumentar a nossa capacidade de realizar operações de inteligência, espionagem e Reconhecimento (ISR), vai melhorar o alcance global, apoiará os requisitos logísticos, melhorará as relações com os parceiros, melhorará a cooperação de teatros de segurança e aumentará a nossa capacidade de realizar uma guerra rápida”.

A linguagem de guerra deste documento evidência as verdadeiras intenções por trás do acordo militar entre Washington e Colômbia: preparam-se para uma guerra na América Latina. Os últimos dias têm sido tensos e cheios de conflitos entre Colômbia e Venezuela. Dias atrás, o governo venezuelano capturou três espiões do Departamento Administrativo de Segurança (DAS) da Colômbia – sua agência de inteligência e espionagem – e descobriu várias operações ativas destinadas à desestabilização e espionagem contra Cuba, Equador e Venezuela. As operações Fênix, Salomão e Falcão, respectivamente, foram reveladas por documentos encontrados em poder dos funcionários do DAS capturados. Duas semanas atrás, também foram encontrados 10 corpos no estado venezuelano de Táchira, na fronteira com a Colômbia. Após a realização das investigações correspondentes, o governo venezuelano descobriu que os corpos pertenciam a um grupo de paramilitares colombianos que haviam se infiltrado em território venezuelano. Esta perigosa infiltração paramilitar desde a Colômbia é parte de um plano de desestabilização contra a Venezuela que busca criar um paraestado dentro do território venezuelano e, assim, enfraquecer o governo do Presidente Chávez.

O acordo militar entre Washington e Colômbia somente aumentará esta tensão e violência regional. Agora, com a informação divulgada no documento da Força Aérea dos EUA, é evidente, além de qualquer dúvida, que Washington busca promover uma guerra na América do Sul, utilizando a Colômbia como base de operações. Diante desta declaração de guerra, os povos da América Latina devem mostrar unidade e força. A integração latinoamericana é a melhor defesa contra a agressão imperialista.

*O documento do Departamento da Força Aérea dos EUA foi elaborado em maio de 2009, como parte da justificação do orçamento para 2010 enviado pelo Pentágono ao Congresso. É um documento oficial da Força Aérea e reafirma a veracidade do Livro Branco: A Estratégia de Mobilidade Global do Comando Aéreo da Força Aérea dos EUA, que foi denunciado pelo Presidente Chávez durante a reunião da Unasul em Bariloche no final de agosto passado. Coloquei o documento e a tradução não oficial dos segmentos sobre a base de Palanquero na página Web do Centro de Alerta para a Defesa dos Povos, um espaço que estamos construindo para que denúncias e informações estratégicas fiquem disponíveis para que os povos possam se defender com contundência diante das constantes agressões imperiais.


Documento original em Inglês: http://www.centrodealerta.org/documentos_desclasificados/original_in_english_air_for.pdf

Tradução não oficial em espanhol: http://www.centrodealerta.org/documentos_desclasificados/traduccion_del_documento_de.pdf

evagolinger@hotmail.com

Fonte: http://www.aporrea.org/tiburon/a89582.html