"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


domingo, 16 de fevereiro de 2014

Bancos dão as costas para os trabalhadores e para o Brasil



por: Vagner Freitas



Em um País onde a prioridade é conquistar o desenvolvimento sustentável, com distribuição de renda igual ao crescimento, com menos spread e mais crédito, é escandalosa a festa de lucratividade dos bancos.

As altas margens de lucro – a rentabilidade dos bancos é de cerca de 20%, enquanto a dos demais setores da economia gira em torno de 10% -, aliadas às políticas de contenção de gastos, inclusive com pessoal, escancaram a desigualdade e a alta rotatividade, que prejudicam a sociedade, em especial os trabalhadores bancários.

Estudo do DIEESE sobre os balanços e as demissões no Itaú, Bradesco e Santander, em 2013, comprova que o Sistema Financeiro Nacional (SFN) não está, efetivamente, voltado ao desenvolvimento do país e aos interesses da coletividade, como determina o artigo 192 da Constituição, no capítulo desempenho da função social das instituições financeiras.

No ano passado, o lucro líquido do Itaú foi R$ 15,8 bilhões – o banco demitiu 2.734; o Bradesco lucrou R$ 12,2 bilhões e fechou 2.896 vagas. Já o Santander Brasil, que gerou lucro de R$ 5,7 bilhões (23% do resultado mundial do banco espanhol), eliminou 4.371 postos de trabalho. Isso, no mesmo ano em que a economia brasileira gerou 1,1 milhão de novos postos de trabalho formal.

Outras características do SFN que afetam toda a sociedade brasileira são a escassez de crédito, os juros altos e as tarifas bancárias. As tarifas foram “inventadas” pelo governo Fernando Henrique Cardoso pós Plano Cruzado como uma espécie de compensação aos bancos pela perda das receitas inflacionárias (overnight). Em 2012, os 6 maiores bancos brasileiros arrecadaram R$ 85 bilhões com essas tarifas. As taxas de juros de cartão de crédito, cheque especial e empréstimo pessoal são outro tormento para a classe trabalhadora e para toda a sociedade. O Santander, por exemplo, chega a cobrar 900% de juros ao ano do cartão de crédito.

Apesar de tudo isso, alguns analistas econômicos ligados ao mercado financeiro, criticam o aumento real dos salários dos trabalhadores e a expansão do emprego. Segundo a teoria desses analistas, o Brasil só vai retomar o ciclo de crescimento se reduzir a demanda e, assim, afastar o risco inflacionário. Para isso, o remédio seria arrocho salarial e desemprego. O contrário do que o Brasil vem fazendo desde 2008, quando explodiu a crise financeira internacional, com sucesso.

Por causa dessas teorias, a categoria bancária enfrenta uma verdadeira guerra durante as campanhas salariais anuais. Em 2013, foram 20 dias de greve, muita mobilização, pressão e negociação até chegar a um aumento real de 2%, índice que consideramos uma vitória, especialmente se levarmos em consideração os contra-argumentos patronais que, vemos agora, tinham um único objetivo: aumentar ainda mais o lucro que vai para os seus bolsos.

A nossa luta por um país com desenvolvimento sustentável, distribuição de renda e justiça social só avançará de fato quando alterarmos as perversas características do SFN. O alto lucro, as altas taxas de juros e de spread – um dos mais altos do mundo -, baixa participação do crédito na economia e no financiamento ao desenvolvimento econômico, no fomento ao setor produtivo ou na geração de emprego e renda.

Neste sentido, a CUT e a Contraf lutam pela regulamentação do Sistema Financeiro. Queremos que o SFN seja controlado democraticamente pela sociedade, ofereça mais crédito, tenha maior liquidez, direcionada para a produção e o consumo, com geração de emprego e renda.

Um governo democrático-popular não pode permitir bancos com tamanha lucratividade, especialmente quando sabemos da paralisia da indústria. É como se estivéssemos adubando um campo fértil apenas para a lucratividade, sem levar em conta que esta é uma atividade parasitária.