"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sábado, 22 de fevereiro de 2014

“Com a UP renasce a esperança”, fala Carlos Lozano, candidato ao Senado


--> Em meio ao giro nacional que o levou a visitar quase todo o país, o candidato ao Senado pela UP na lista da Aliança Verde respondeu algumas perguntas de conjuntura política a VOZ.



Como tem a recepção do povo com a União Patriótica [UP] e suas candidaturas de Senado, Câmara e Parlamento Andino?


Muito positiva e entusiasta. É certo que renasce a esperança. Assim o constatamos com Aída Avella, com quem percorremos boa parte do país. E seguimos andando, fazendo vida ao andar, até cumprir a agenda no próximo 9 de março. A UP não se apagou da memória de tantos homens e mulheres do povo que saem às ruas a receber-nos com o mesmo vigor e firmeza de há quase três décadas.
É que o genocídio não conseguiu arrancá-la da memória coletiva. De alguma maneira, dirigentes como Mario Upegui e tantos outros no resto do país mantiveram viva a chama upeísta e marcaram presença com o Partido Comunista na Frente Social e Política e no Polo Democrático e Alternativo. Me chamou a atenção a presença de muitos jovens nas marchas e caminhadas. Conversamos com Aída, são rapazes e moças que não conheceram a UP, porém que se compenetraram com sua realidade e com o significado da esperança para a paz, a justiça social e a unidade.


A presença em Aliança Verde


Sua candidatura pela Aliança Verde no nº 38 não confronta em nada com as aspirações de paz com mudanças defendidas pelo Partido Comunista e a UP?


Como explicamos, nossa presença na lista da Aliança Verde obedece a um acordo político do Partido Comunista, da UP e outras forças de esquerda e democráticas com os chamados verdes-progressistas, para centrar a campanha eleitoral no tema da paz e de um projeto alternativo unitário com opção de poder.
É uma coalizão que a entendemos no caminho da construção da frente ampla pela paz. Esta se constrói com setores de esquerda e democráticos, mais além do Partido Comunista e da UP. A unidade não se pode fazer nos olhando no umbigo ou não vendo mais além do nariz. A paz é tarefa fundamental, difícil, porque deve ser com democracia e justiça social e isso implica derrotar a resistência da classe dominante, da rançosa oligarquia colombiana, como dizia o comandante Chávez, às mudanças avançadas e progressistas.


Essa reação a mudar o inapropriado do sistema burguês e violento é a causa do fracasso de tantos esforços de paz no passado. O acordo na Aliança Verde é programático, está escrito e firmado por todas as partes. Preservamos nossa independência e o direito à objeção de consciência naqueles temas em que não coincidamos e que são de princípios.


A propósito da Aliança Verde, eles definiram consulta aberta para as eleições de 9 de março e tudo indica que será candidato presidencial Enrique Peñalosa. Dê-nos sua opinião a respeito.


Não nos sentimos obrigados com os resultados da consulta dos verdes e, muito menos, como é previsível, se a ganha Enrique Peñalosa com o respaldo de seus amigos uribistas. Nossa candidata presidencial é Aída Avella e não é negociável numa consulta em que não estamos, porque não cremos positiva a participação nela de um personagem como Peñalosa, inimigo da paz e promotor do neoliberalismo.


Estamos abertos à unidade, a forjar um projeto unitário alternativo, porém com a esquerda, com setores democráticos e progressistas. Para mudar a Colômbia mediante transformações avançadas e revolucionárias que nos coloquem no furacão das mudanças patrióticas e avançadas da América Latina.
Defender soberania popular


A revogatória ao prefeito de Bogotá Gustavo Preto segue ocupando manchetes...


Não podemos nos equivocar. Já o entendeu o Polo quase a contragosto. Apesar das diferenças, temos que estar com Petro, vítima da extrema-direita que quer recuperar o poder em Bogotá. Uribe e Santos estão por trás do complô de Ordóñez, este personagem pitoresco é o títere da direita para recuperar a administração da capital e colocá-la em função dos grandes interesses capitalistas nacionais e transnacionais.
Essa é a contradição: Petro tocou interesses muito fortes pelo multimilionário negócio dos lixos em Bogotá. A defesa do público é o ponto do conflito, dos que creem que o Estado é útil só para proteger e beneficiar seus negócios e dos que cremos que é para proteger o interesse comum e social, para o benefício de toda a sociedade e com maior razão dos trabalhadores e das massas empobrecidas pelo sistema plutocrático das minorias.
Querem arrancar Petro para recuperar a loba que amamenta seus negócios. Votaremos não à revogatória no referendo e esta coincidência em defesa do público e da soberania popular nos acerca no objetivo fundamental: construir a frente ampla pela paz e uma opção de poder democrático e popular.


Em sua conta de twitter @carloslozanogui você assinalava que os inimigos do processo de paz estão dentro e fora do governo Santos. Como é isso?


Evidentemente. Atuam dentro do Governo devido à fragilidade do de Santos e às concessões que faz a extrema-direita. O exemplo mais recente foi a denúncia das chuçadas ilegais e criminais da inteligência do Exército, investigadas pela Promotoria Geral da Nação. Santos, em princípio, estava consternado e respaldou a investigação policial. Depois da reunião com os militares e da suspensão temporária de dois generais, simplesmente mudou a posição e defendeu as chuçadas e demais atos ilícitos qualificando-os de legais.
Ocorreu depois da reunião com a cúpula militar na qual, segundo dizem, os generais o apertaram. Num Governo firme e decidido a defender a democracia e o processo de paz, haveriam sido destituídos o comandante do Exército e o ministro de Defesa, Juan Carlos Pinzón, simples marionete dos altos comandos que defendem seus interesses na guerra. Os inimigos externos já são conhecidos: o uribismo, os pecuaristas, os militares reformados, as máfias que se apoderaram de negócios, incluindo o narcotráfico, tudo uma armadura sinistra que trabalha por levar o país ao abismo da confrontação.


Como vai o processo de paz? Se discute a substituição de cultivos denominados ilícitos. Vê possível próximo um acordo desse ponto?


Oxalá se chegue em breve a um acordo, como o desejamos os que promovemos a solução política democrática. Porém, em boa medida depende a vontade da classe dominante, sempre avessa às mudanças na vida nacional. A paz estável e duradoura depende dos acordos para fortalecer a democracia, a participação política de todos os cidadãos em igualdade de condições e de maior justiça social. O importante é que há diálogo. Há que defendê-lo, porque enquanto a guerrilha e o Governo estejam sentados na mesa de Havana haverá esperança de paz.
Se requerem gestos do Governo acerca dos protestos populares e sociais, deter a perseguição aos lutadores populares porque os cárceres estão se lotando de presos políticos, e dar garantias de ação às organizações de esquerda e sociais que se mobilizam com o povo.


Há garantias eleitorais?


Não há. A hostilidade e as ameaças contra os lutadores sociais e populares; contra os candidatos da esquerda, em particular da UP, assim o demonstram. É um assunto de vontade política, de frear os que promovem os atos contra a democracia, desde dentro e fora do Governo. Aí estão os violentos, os que se amparam no terrorismo de Estado.
Para não falar das eleições desiguais, do vantajismo a favor dos partidos do Estabelecimento, do clientelismo e da compra de votos que campeiam na campanha. São eleições à colombiana. Este campo exige uma profunda reforma política que o Governo não aceita nem sequer em função da perspectiva da paz com democracia e justiça social.


Que opina do voto em branco?


O voto em branco, pelo menos nesta ocasião, é inócuo. Seria positivo nas condições do célebre texto de José Saramago “Ensaio sobre a lucidez”, porém estamos ante um processo político na Colômbia onde as contradições com a classe dominante são relevantes. O voto em branco, neste contexto, se coloca no campo da imparcialidade. Nem uma coisa nem outra.

Carlos Lozano, candidato ao senado pela UP em lista da Alianza Verde, No. 38.