A social-democracia à esquerda ou à direita: não no centro
A existência de um partido pluralista como o Pólo Democrático Alternativo, não exclui aquele que dentro do seu seio luta ideológica e politicamente para depurá-lo, numa rota de defesa e vocação popular. Os Garzón, Petro e Mariasemma, no interesse burocrático pelo controle do Distrito Capital, poderão ganhar os cargos; mas estão longe de conseguir manipular o rumo da esquerda no Pólo Democrático Alternativo. Escreve Melquizedec Torremolinos.
[Melquizedec Torremolinos/ANNCOL]
Antes de entrar no tema de fundo, peço desculpas por não poder me abster ao impacto da devolução, por parte da insurgência, dos restos mortais dos onze deputados retidos e mortos no cativeiro. Nem sequer o entrevado porta-voz da OEA pode esconder que morreram no fogo proveniente de diferentes direções; o que implica a mobilidade das vitimas. A responsabilidade do Miniführer nessas mortes está com o aval do império intervencionista. Junto vieram o protesto dos familiares e a latente preocupação nos mandatários Chavez e Sarkozy diante da energúmena posição governamental.
Com o olhar esquivo diante de tanta dor da família colombiana convém escrever sobre uma realidade política que tem como cenário a existência de um porta-voz popular em armas, contrapondo-se ao ódio, impunidade, esquecimento e massacres.
A leitura, como resultado definitivo diante do mundo, é que na Colômbia existe uma Insurgência que aplica a retenção por motivos políticos.
A POSIÇÃO DE PEDRO PUEBLO.
Ocorre que “Pedro Pueblo” no que diz respeito às “posições” políticas de “seus” dirigentes não se pergunta qual é o questionário na denuncia política. Os Sociais-democratas acreditam que encarnam os “dissidentes táticos” da oligarquia colombiana ou os redutos do populismo de Rojas Pinilla da antiga Anapo ou qualquer outra figura de divergência dentro da esquerda colombiana.
Diante da inocultável realidade da oposição política armada na Colômbia, encontra-se o tema da soberania nacional em todos os aspectos da institucionalidade colombiana. Compreendendo o papel que a social-democracia pudesse jogar no momento atual, se está muito longe de qualquer sinal de que a esquerda opositora possa minimizar-se, mimetizar-se e impor o ocultamento, desconhecendo a realidade e o peso político da existência de uma Insurgência ativa, combatente, não derrotada e com apoio nacional e internacional, para pretender assumir a atitude do avestruz, ignorando-a.
EM QUAL DEMOCRACIA VIVEMOS.
O caso típico que se dá na Colômbia é o da ”DEMOCRACIA CONTROLADA”. Teoricamente, continuam surgindo partidos, fraudam-se eleições, carece-se de um poder judicial independente, não permeável à narco-para-política; com uma gloriosa economia de mercado que subsiste pelo comércio da para-econômia subterrânea e o narcotráfico imperante; graças ao controle messiânico e da mídia do Miniführer, pintado para a guerra.
Devido ao deslocamento populacional contínuo, produto do conflito, a oposição da esquerda legal que atua nas grandes cidades, apresenta um diagnóstico desolador na zona rural e nos municípios em que o narco-paramilitarismo Uribista atua largamente, sob as rédeas do Terrorismo de Estado.
Está ocorrendo um novo festim eleitoral em que a decisão triunfante, foi imposta de antemão impunemente. Com o Terrorismo de Estado manipula-se o eleitor. O registro informativo dos Meios de Alienação das Massas não pode esconder a realidade da presença paramilitar nos municípios colombianos e o domínio do terror, destacadamente no eixo fronteiriço entre Colômbia e Venezuela.
A OPOSIÇÃO ARMADA NA COLÔMBIA.
A existência de um partido pluralista como o Pólo Democrático Alternativo, não exclui aquele que dentro do seu seio luta ideológica e politicamente para depurá-lo, numa rota de defesa e vocação popular.
Um regime onde impera o Terrorismo de Estado como o do Miniführer, se inspira no neoconservadorismo; defensor acirrado do livre mercado e usuário de um populismo demagógico de direita. Pois no seio do Pólo Democrático Alternativo também existe essa tendência. O Presidente dessa coletividade, Dr. Carlos Gaviria, a batizou de “a ala Uribista dentro do Pólo”, encabeçada pelo senador Petro. Além do ataque visceral do Estabelecimento contra o movimento insurgente – no caso concreto contra as FARC-EP – pretendem aparecer como “democratas” puros e tentam confundir suas bases partidárias onde encenam uma posição social-democrata de centro no seio do Pólo Democrático Alternativo. Nada mais carente de razão.
Esses “tons”, num partido de esquerda de verdadeira oposição contra o regime, não tem cabimento nem apoio. Por si só, a social-democracia é, em essência, de posicionamento de centro que aninha no partido de oposição de esquerda para pescar em rio turbulento e conseguir manejar os seus interesses pré-condicionados. O Pólo Democrático Alternativo, como partido de esquerda, aspira a definir e aplicar as teorias coletivistas da sociedade em geral e do socialismo em particular. Sua contraparte, a social-democracia, aspira a desafinar esse objetivo. É nesse momento em que recebe o auxilio da extrema direita e em que os porta-vozes da oligarquia exigem e pressionam para que essa tendência da direita se imponha no partido de esquerda que, momentaneamente, encarna a oposição política legal na Colômbia. Vive-se um processo de decantação política.
Os Garzón, Petro e Mariasemma, no interesse burocrático pelo controle do Distrito Capital, poderão ganhar os cargos; mas longe estão de poder manipular o rumo da esquerda no Pólo Democrático Alternativo. Por isso não cabem dentro de uma posição de centro. A realidade política colombiana expressa o imperativo que uma organização política legal possa também seguir o rumo político da Insurgência armada.
O Pólo Democrático Alternativo não pode continuar imobilizado sem poder avançar para a aplicação da Plataforma Política e para um Governo de Reconstrução e Reconciliação Nacional. O Pólo Democrático Alternativo não pode continuar de costas diante da sorte das negociações que o Exército de Libertação Nacional desenvolve e que requer o instrumento político legal para a aplicação de suas plataformas e soluções políticas. O Pólo Democrático Alternativo não pode continuar virando as costas diante da exigência nacional para chegar a um Acordo ou Intercâmbio Humanitário, com os efeitos políticos subseqüentes que um organismo político legal poderá implementar na busca de um acordo definitivo para o conflito. O Pólo Democrático Alternativo não pode continuar com o canto da sereia com que o Estabelecimento o adula para que seja uma opção de novo governo, em contraposição a que, pela via eleitoral, seja uma verdadeira opção de Poder Popular. O Pólo Democrático Alternativo tem que qualificar a sua vocação de poder para que mudem também as relações de poder a favor dos setores populares na Colômbia. Nada disso se consegue desconhecendo o peso político próprio da Insurgência colombiana.
A validade da aplicação das distintas formas de luta para a conquista do poder popular na Colômbia está mais do que demonstrada. Não corresponde a atitudes. Como da mesma forma é compreensível que na realidade, politicamente, a narco-oligárquia colombiana mantém o poder excludente, na base da motoserra e de terrorismo.
Apesar do fracasso da experiência paramilitar, esta persiste nas regiões rurais e municípios, o que implica em argumentos pela necessidade de que a ação armada revolucionária permaneça na Colômbia. É um absurdo exigir da insurgência uma conduta diferente à ação armada. São os políticos da esquerda colombiana que devem enfrentar o desafio de assumir as plataformas políticas da Insurgência, no feixe de condições favoráveis para a busca de um Acordo definitivo para o conflito econômico, político, social e militar na Colômbia. De fato, o Pólo Democrático Alternativo está de costas ao conflito, cuidadosamente servindo a quem, governamentalmente desconhecem.
Enlace original: http://www.anncol.org/es/site/doc.php?id=3366