"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 11 de maio de 2009

O torrijismo panamenho fortaleceu o antiimperialismo

por Fernando Acosta Riveros/Colaborador ABP México/Guadalajara

Panamá tem sido cenário de heróicas batalhas ao largo de sua história. Formou parte do projeto bolivariano denominado A Grã-Colômbia, onde aproximou-se como irmãos de Venezuela, Equador e Colômbia. Foi a sede do Congresso Anfictiônico em 1826.

Separados da Colômbia em 1903, passou um tempo depois a ser uma nação sob intervenção econômica, militar e política do império estadunidense que administrava e ocupava o Canal do Panamá. Nesse ano de 2009 completam vinte anos da invasão criminosa realizada em dezembro de 1989.

Vinte e oito anos depois da morte de Omar Torrijos Herrera, Chefe da Guarda Nacional, primeiro ministro e dirigente da luta pela recuperação do Canal do Panamá, assim como pela reafirmação da soberania de seu país, celebraram eleições recentemente e saiu vitorioso o candidato da direita: Ricardo Martinelli Berrocal, um empresário de sucesso, aspirante da Aliança pela Mudança (coalizão integrada pelo Cambio Democrático, Partido Panamenhista, União Patriótica e Molirena).

O general Torrijos, em seu tempo, criou um movimento político e social que teve seu auge em seu país e muitos seguidores nas nações da América Central e do Sul. O torrijismo defendeu políticas públicas que atenderam eficazmente os temas de educação e saúde. Omar Torrijos inaugurou um novo estilo nas relações internacionais. Enfrentou com diplomacia o império até conseguir um Tratado sobre o Canal do Panamá em 1977, enquanto brindou apoio e asilo político a combatentes da Nicarágua, El Salvador, Guatemala e Colômbia.

“Irresponsavelmente, determinados mandatários da América Latina definem a sã rebeldia de um povo como grupo de bandoleiros e assaltantes. E digo “irresponsavelmente”, porque, dado o alto posto que esses homens ocupam, não deveriam faltar com escrúpulos ao qualificar como bandoleiros aos que se vêem obrigados a propiciar a mudança violenta por terem lhes fechado todas as instâncias pacíficas de participação na vida política e social de seu país”, refletia Torrijos nos anos setenta do século XX.

O dirigente panamenho foi apresentado na imprensa pró-imperialista do continente como um golpista, após uma junta militar ter derrubado o mandatário Arnulfo Arias, em 1968. Desde Balboa, Cidade do Panamá, Veraguas e outras regiões da pátria de Justo Arosemena, Torrijos se encarregou de mostrar a diferença e logo identificou-se em nossa América com um setor de militares progressistas e nacionalistas, entre os quais se destacaram: Velasco Alvarado do Peru e Liber Seregni do Uurguay.

Com extraordinária claridade e sinceridade, Omar Torrijos declarou nos anos setenta, durante uma visita à cidade colombiana de Roldanillo, localizada no departamento Valle Del Cauca, diante de um grupo de jornalistas e escritores: “Para que haja uma intervenção deve-se haver um povo com vocação de sofrer intervenção”.

O império estadunidense infiltrou agentes no governo panamenho para desvirtuar as ações empreendidas por Torrijos. Logo após o acidente aéreo ocorrido em abril de 1981, onde morreu o general patriota, ficou a dúvida sobre um atentado. Torrijos era um personagem que incomodava muito ao império e às oligarquias, como agora lhes incomoda a presença de Hugo Chávez Frías na Venezuela Bolivariana e Evo Morales Ayma na Bolívia.

Em 1979 formou-se uma coletividade progressistas que levou o nome de Partido Revolucionário Democrático (PRD). O PRD panamenho apoiou o general Manuel Antonio Noriega, apesar de todos os questionamentos de destacados militantes e simpatizantes, como José de Jesus Martinez, o famoso Chuchú, nascido na Nicarágua e posteriormente naturalizado panamenho.

Desde a esquerda se acusa aos dirigentes do PRD panamenho de baixarem a guarda na luta política e social. Tiveram altos e baixos, como qualquer coletividade política, mas sobretudo não enfrentou o neoliberalismo com claridade e permitiu que os privilegiados cada dia estejam melhor em detrimento de amplos setores da população. Nesse sentido, o PRD se afasta do torrijismo.

As administrações de Ernesto Pérez Balladares (1994-1999) e de Martín Torrijos (2004-2009) foram criticadas pelo impulso de medidas econômicas onde se destaca a privatização de empresas estatais. O Partido Comunista do Povo, fundado em 1930, destacou-se em abril de 2007 ao celebrar um novo aniversário, enquanto Martín, filho do general, desempenhava o papel de Chefe do Executivo: “Diante da grande concentração de capital, diante do escandaloso consumismo da classe opulenta e sua corrupção, cresce o desespero das massas que, pelo contrário, vêem e sentem a pobreza aumentar, inclusive a classe média e profissional, sobre o incremento da desigualdade social e a restrição de seus direitos sociais e trabalhistas”.

José de Jesus Martinez Chuchú, escreveu sobre o torrijismo em seu livro Meu General Torrijos: “Omar Torrijos é a solidariedade com Belize, com a Bolívia, com Granada. Torrijos é o apoio moral e material ao sandinismo, desde muito antes que este estivesse o triunfo à sua frente, e até a hora de sua morte”.

Está próximo do fim do mandato de Martin Torrijos, filho do general patriota que se considerava um soldado da causa panamenha. A favor de Martin, em sua gestão, destacam-se ações e gestos valentes de política externa. Visitou Cuba em várias ocasiões, onde agradeceu o apoio dado aos estudantes de Medicina com bolsas em Havana, assim como aos que implementaram o método de alfabetização “Yo si puedo!”. Teve o valor de convidar Hugo Chávez, companheiro presidente da Venezuela ao ato central pelo 180 aniversário do Congresso Anfictiônico, que realizou-se no Panamá em junho de 2006, apesar dos questionamentos da burguesia reacionária panamenha. O torrijismo está presente e continua fortalecendo o antiimperialismo na nossa América.

O artigo encontra-se em ABP Notícias.
Para mais informações sobre o assassinato de Omar Torrijos, ler o livro CONFISSÕES DE UM ASSASSINO ECONÔMICO de John Perkins.