"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sexta-feira, 15 de junho de 2012

A desinformação permanente e as guerras anunciadas


Por Vicky Peláez


Um planeta vazio de fé, amor, de todo o puro, sagrado, generoso, verdadeiro e desinteressado – é simplesmente uma casca do mundo dispersa entre as estrelas do universo depois de afastar-se de seu destino mais nobre desenhado por seu Criador (Maria Corelli, “Barrabas – Um Sueño de la Tragedia del Mundo”, 1893).
 
 
O século XXI entrará na história como um período de crucificação da verdade e da exaltação da mentira e da guerra como símbolos do desenvolvimento da humanidade e da paz.
Vemos diariamente nas telas da TV, nas páginas dos jornais, no Twitter, no Facebook, no cinema e há que ter um determinado nível de conhecimento para discernir a verdade entre a avalanche de informação que persegue cada ser humano em todas as partes do planeta. Parece que a humanidade vive simultaneamente em dois universos paralelos: um real e outro criado pelos meios de comunicação globalizada de acordo com as orientações que recebem dos ricos e poderosos do nosso globo terrestre.
Os direitos humanos, segundo o filósofo italiano Constanzo Preve, representa “uma ideologia de variável geometria porque os que decidem o que é humano e o que não é são oligarcas econômicos dando ordens a seus executivos: professores universitários e os jornalistas”, isso são os que se encarregam do conteúdo da informação que a sociedade deve saber para poder manipulá-la. Já em 1928, o pai das relações públicas modernas, o austríaco judeu de nascimento e norte-americano nacionalizado Edward L. Barnays escreveu um ensaio “La Propaganda” [A Propaganda], que não só se converteu no livro de cabeceira do ministro de propaganda nazista Joseph Goebbels como também de todos os assessores dos presidentes norte-americanos e europeus.
Na página 4 de seu livro, dizia Bernays que “a manipulação consciente e inteligente dos hábitos e opiniões das massas é um importante elemento na sociedade democrática. Os que manipulam este mecanismo oculto da sociedade constituem um governo invisível que exerce verdadeiro poder real no país. Estas pessoas que nos governam e das quais nunca ouvimos falar, moldam nossas mentes, definem nossos gostos e determinam nossas ideias. Assim está organizada cada sociedade democrática”.
Com todos estes esclarecimentos, é fácil entender porque os governos democráticos da União Europeia e dos EEUU nunca condenaram nem declararam que foi um massacre a morte de 170 civis na província de Helmand, Afeganistão, depois do bombardeio das forças aliadas, nem tampouco foi um crime o assassinato de 60 crianças na aldeia de Azizabad em 2008 ou a morte de 100 civis no dia 5 de maio de 2009 em Bala Baluk pelas bombas da OTAN. Para os meios de comunicação globalizada foi um simples “erro” militar e os falecidos eram “vítimas colaterais”. No entanto, a recente matança em Hula, Síria, até agora não esclarecida e condenada pelo mesmo governo deste país, de 108 civis e, deles, 49 crianças e 34 mulheres foi denunciada em seguida pela EU e pelos EEUU como um “massacre” perpetrado a propósito pelo governo sírio sob o mando de Bashar al-Assad. E, para agravar a acusação, a cadeia britânica BBC News usou uma foto tomada no Iraque em 2003 apresentando-a como um testemunho do massacre na localidade de Hula.
A imagem foi posteriormente retirada pela BBC, porém a indignação que produziu na opinião pública mundial contra o regime de Bashar al-Assad já produziu seu efeito na mente dos espectadores e facilitou a condenação dos países membros da OTAN e sua predisposição à intervenção militar na Síria. A nenhum dos escrevedores globalizados se lhes ocorreu recordar-se da famosa declaração do general aposentado norte-americano Wesley Clark em maio de 2011, quando revelou que, já nos fins dos anos 1990, os Estados Unidos tinham planejado invadir sete países: Iraque, Líbia, Somália, Líbano, Síria e Irã. Síria, para o poder globalizado, não somente representa a porta de entrada ao Irã, mas também à Ásia. Por algo, dizia a imperatriz russa Catarina a Grande que, a partir da Síria, terá em suas mãos “a chave da Casa Rússia”.
Ainda há algo mais. Segundo o Washington Institute for Near East Policy, a bacia do Mediterrâneo detém grandes depósitos de gás, três quartos dos quais pertencem à Síria. Dali se esclarece o panorama e a declaração de Barack Obama durante a última reunião em Davos do Grupo 20 de que “Bashar al-Assad deve deixar o poder”. Para acelerar este processo, o Ocidente está armando a guerrilha através de Qatar, Arábia Saudita e Turquia, segundo a publicação israelense Debkafile, com os mísseis antitanques 9K 115 – 2 Mets – M e Kornet E e com explosivos IED para instalar nas rodovias. Também já estão operando ali as forças especiais da OTAN, cuja palavra de ordem oficial é “De Opresso Liber” [Liberar aos Oprimidos], 13 dos quais pertencentes às forças francesas foram capturados pelo exército sírio em março de 2012.
Tudo isto está silenciado pela imprensa, assim como a última ideia da OTAN de mandar 5.000 soldados armados sob a bandeira da ONU com o pretexto de proteger os depósitos de armas químicas e bacteriológicas das mãos da al-Qaeda, que já está operando na Síria. A DEBKAfile cita em sua publicação de 21 de maio que, supostamente, Barack Obama comentou durante uma de suas conversações com Vladimir Putin que se um barril de antrax chega aos terroristas que operam no Cáucaso, milhões de russos poderiam morrer.
Assim opera a propaganda, criando insegurança e medo ao terror, tanto a nível individual como coletivo para poder lograr seus propósitos. Por enquanto, tanto a China como a Rússia rechaçam unanimemente qualquer possibilidade de intervenção militar na Síria, esperando Barack Obama de convencer a Vladimir Putin de suavizar a posição russa a respeito de Bashar al-Assad durante seu próximo encontro em junho no México, na Cúpula do G20. Ninguém sabe o que pode passar, porém tanto a Rússia como a China sabem que qualquer ação bélica da OTAN tratando de reproduzir a variante líbia na Síria afetaria dramaticamente os interesses nacionais destes países e os fragilizaria em termos geoestratégicos.
O mundo inteiro, incentivado pela desinformação programada, está observando e, em especial, na América Latina o desenvolvimento dos acontecimentos na Síria porque sabe que cada avanço da OTAN, que representa o poder globalizado, no Oriente Médio pelo domínio de recursos energéticos, faz aproximar mais a possibilidade das futuras intervenções na América Latina, cujas riquezas naturais superam com sobras as do Oriente Médio. Por isso, nunca cessa a campanha propagandística contra os países da ALBA. Há anos, a obsessão da imprensa globalizada foi a morte de Fidel Castro. Agora, deixaram-no em paz relativa, transladando sua atenção sinistra para Hugo Chávez e a Venezuela.
Tal é o grau de cálculo dos manipuladores da informação, que até conseguem convencer a jornalistas sérios e com mais de 50 anos de experiência, como o norte-americano Dan Rather, que já agourou que o atual presidente da Venezuela morrerá nas vésperas das próximas eleições presidenciais.
A máquina propagandística nunca para e o único antídoto para a desinformação é o conhecimento.

Por algo, disse Sócrates: “só há um bem: o conhecimento. Só há um mal: a ignorância”.