"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sexta-feira, 15 de junho de 2012

Não mintam mais sobre o conflito interno


Por: Joaquín Gómez, Integrante do Secretariado Nacional das FARC-EP

Tem sido prática histórica dos diferentes governos colombianos tergiversar, mentir e silenciar sobre os fatos relacionados com a ordem pública, quando os resultados não são favoráveis a suas forças. Assim sempre foi, convencidos, como seguem hoje, de que o desejo, a impotência e a mentira são armas suficientes para destruir o adversário e ganhar guerras injustas, esquecendo que a verdade, acima de tudo, é objetiva, obsessivamente teimosa e fiel amiga do tempo, a que, graças a ele, termina sempre reinando.
Entre muitos, me referirei somente a 5 fatos:
Durante os sangrentos combates de El Billar, em El Caguán, as cifras oficiais sobre o número de fardados mortos foram criminosamente adulteradas, divulgando um número menor de vítimas, buscando minimizar o duro golpe recebido, quando estes fatos nas guerras prolongadas favorecem de maneira alternativa a cada uma das partes enfrentadas. Esta inveterada prática no Estado colombiano e seus diferentes governos foi a causa de que 10 dos cadáveres dos desventurados compatriotas mortos nos combates de El Billar ficaram por fora do registro oficial do número de vítimas. As FARC, através da Cruz Vermelha, enviamos a razão ao Exército, expressando nossa disposição a propiciar as condições necessárias para o levantamento destes cadáveres, dignos de sagrada sepultura. A resposta que o Exército deu foi que isso era uma cilada das FARC, que todo esse terreno estava minado. Os corpos destes infortunados militares terminaram sendo festim das aves de rapina. Nos surge uma pergunta: será que a Instituição militar comunicou aos familiares a morte de seus parentes? Duvidamos. Será que figuram na lista dos militares agora reclamados pelo Exército às FARC? É muito possível.
A 26 de fevereiro de 2011, à 01:50h, unidades da coluna Teófilo Forero do Bloco Sul das FARC assaltaram uma patrulha de contraguerrilha do Exército em Riecito, jurisdição do município de Puerto Rico [Caquetá], com um saldo de 10 militares mortos e a recuperação de uma metralhadora. A ação durou 7 minutos. Absoluto silêncio por parte do Ministério de Defesa! Será que comunicaram a sorte destes infortunados militares a seus familiares?
Em 18 de outubro de 2011, unidades do Bloco Sul assaltaram uma patrulha do Exército adscrita à Brigada 27, que cuidava do poço petroleiro “Yurilla”, na vereda Nueva Arabia, jurisdição do município de Puerto Caicedo [Putumayo], com o resultado de 8 militares mortos e 5 feridos. Recuperadas todas as armas de apoio: metralhadora, morteiro de 60 mm e um lança granadas MGL de 40 milímetros. Próprios, sem novidade! Hermetismo total de parte do Ministério de Defesa! Comunicariam aos familiares destas vítimas os fatos e circunstâncias do falecimento destes desgraçados militares?
No dia 26 de fevereiro do ano em curso, em combate sustentado por unidades do Bloco Sul com uma patrulha da Força de Tarefa Omega, adscrita à Brigada 27, na vereda Aguas Negras do município de Puerto Guzmán [Putumayo], houve 14 militares mortos e 3 feridos. Recuperado abundante material de guerra, entre eles, uma metralhadora calibre 2,23. Próprios, dois guerrilheiros mortos. O comunicado oficial do Ministério de Defesa ao país foi de 4 militares mortos e 5 guerrilheiros. E [com] os outros militares mortos, que passou?
Nos recentes fatos de 28 de abril do presente ano, em combate que se prolongou por 7 horas entre unidades da Frente 15 e uma patrulha mista conformada por Exército e Polícia, na vereda “La Libertad” da inspeção da Unión Peneya, jurisdição do município de La Montañita [Caquetá], houve 17 mortos e 12 feridos entre soldados e policiais, mais um prisioneiro de guerra de nacionalidade francesa, que vinha há mais de 11 anos atuando como jornalista e soldado.
Desde o mesmo campo de combate, um militar comprometido nos enfrentamentos comunicou ao general Navas, Comandante das Forças Militares, que as vítimas oficiais eram 15, e este assim o declarou publicamente. Uma repórter caquetenha, questionando a versão do comunicado oficial de Pinzón afirmando que os mortos eram só 4, dizia: “Aqui mesmo onde eu estou, há 6 cadáveres, e outros tantos vão ser transladados”. No entanto, ante todo o país e contra todas as evidências, se impôs a “verdade oficial”: o número de mortos que lhe convinha aceitar ao governo Santos era somente 4 [um sargento, dois soldados profissionais e um policial], e assim foi como subordinaram a realidade às conveniências subjetivas do alto governo. Puro Macondo! No dia seguinte, toda a mídia e todos os repórteres em uníssono repetiam que os mortos haviam sido somente 4. Pobre Navas! Pinzón o fez ficar ante o país como um sapato!
É a forma como continuam galopando sobre o tempo e falsificando a história com mentiras completas, meias verdades, êxitos efêmeros e fracassos ocultos; semeando triunfalismos sobre terras estéreis, para colher surpresas indesejáveis e decepções previstas. Tecendo fios de teia de vitórias com multicoloridos fios de mentiras.
Não é que nós, com estas alusões, estejamos reclamando litros de sangue. Tampouco estamos assumindo o papel de urubus, nem nos vangloriando pelas ações em referência, porque sabemos por experiência própria que a característica mais marcante de Belona é a infidelidade. Ademais de ser conscientes que o povo humilde é o que põe todas as vítimas deste conflito, chamem-se soldados ou guerrilheiros, nesta esquisita guerra onde não haverá nem vencidos nem vencedoras, senão uma só perdedora, a Colômbia.
Unicamente estamos exigindo que ao país se diga toda a verdade, por crua e descarnada que seja, sobre a magnitude que alcançou o conflito interno que estamos vivendo; que não se manipulem as cifras, que não se silenciem os fracassos, que não se tergiversem os fatos, nem se chore de alegria pela morte do adversário; que não se adote uma atitude maniqueísta como o fazem muitos, quando festejam a morte de dezenas de guerrilheiros pelos bombardeios da Força Aérea, porém, quando os mortos são da força pública, os qualificativos dessas mesmas pessoas contras as FARC não se fazem esperar: terroristas, assassinos, dementes, covardes... enfim; catalogam um fato de bom ou mau, não pelo fato em si, mas sim pelo bando que o tenha executado. Que desgraça, os vesgos sempre opinam enviesados! Como não pensar que tanto os guerrilheiros como os soldados são filhos da Colômbia; igualmente, têm pais, mães, irmãs, filhos e sonhos; a morte de cada um deles em algo diminui a estatura humana de todos nós.
Enquanto se siga mentindo ao país sobre o conflito, a paz seguirá sendo esquiva. Que se diga toda a verdade! Que não se minta ao povo! E veremos como, bem breve, nos rumaremos para a solução política do conflito social e armado que, por quase 5 décadas, fragiliza a Colômbia.
Fazemos um respeitoso chamado aos jornalistas honestos, de sã e honrada consciência e julgamentos sensatos, “fabricantes e indutores de opiniões”, a que reflitam e analisem a responsabilidade que lhes assiste neste conflito; a que investiguem bem os fatos e não tomem como única fonte as “verdades oficiais reveladas”; porque, na maioria das vezes, são oficiais, porém não verdades; não sigam, alguns de maneira consciente, fazendo o jogo de todos aqueles que têm feito da guerra um negócio lucrativo; servindo-lhes de instrumentos para aprofundar o conflito, distorcendo os fatos e cultivando ódios, em troca de aplausos e vultosos salários e prebendas de parte dos usufrutuários da injustiça social.
A Juan Manuel Santos, se verdadeiramente quer passar à história como um Presidente benfeitor do povo e não da oligárquica classe a que pertence, que renuncie à demagogia e ao populismo e que não siga usurpando a chave da paz, porque esta chave pertence não ao que manda os filhos do povo morrerem na guerra, mas sim ao que pare os filhos que morrem na guerra, que é o povo. Que não esqueça as palavras de Abraham Lincoln: “Se pode enganar a todo o povo parte do tempo, se pode enganar parte do povo todo o tempo, porém o que não se pode é enganar a todo o povo por todo o tempo”.