"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sexta-feira, 28 de setembro de 2012

DECLARAÇÃO POLÍTICA CONJUNTA DO ELN E AS FARC-EP

O Exército de Liberação Nacional (ELN) e as Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia, Exército do Povo (FARC-EP), inspirados
nos mais profundos sentimentos de fraternidade, solidariedade e
camaradagem, com otimismo e elevada moral de combate, estreitados em
um forte abraço de esperança no câmbio revolucionário, nos reunimos
para analisar a situação política nacional e internacional, os
problemas da guerra e da paz na Colômbia e avançar no processo de
unidade que desde o ano 2009, vimos  forjando passo após passo, com o
propósito de convergir idéias e ações que permitam enfrentar junto ao
povo à oligarquia e ao imperialismo como elementos que impõem a
exploração e a miséria em nossa pátria.

Temos a firme e indeclinável determinação de continuar a busca de uma
paz que para Colômbia e o Continente signifique o estabelecimento de
uma verdadeira democracia, a soberania popular, a justiça social e a
liberdade.

Realizamos esta reunião em momentos em que se desenvolve a mais
profunda crise do sistema capitalista mundial, caracterizada por uma
desaforada carreira de guerras de invasão, saqueio e super-exploração
dos recursos da natureza, precarização das condições de trabalho, que
condenam à fome e à morte milhões de entes humanos em um planeta
conduzido pelo imperialismo voraz, rumo ao caos e à destruição.

Em nossa pátria as calamidades geradas por esse sistema de desumana
super-exploração e exclusão das maiorias empobrecidas, tem escalado a
desigualdade e aprofundado a confrontação de classes em dimensões
nunca antes vistas, as quais derivam diretamente da aplicação
permanente e desbocada de políticas neoliberais que favorecem os
grandes grupos financeiros e grandes corporações transnacionais, em
detrimento das maiorias nacionais.

Dentro do panorama internacional de crise sistêmica do capital, que
mostra seus rostos de hecatombe financeira, econômica, ambiental,
urbanística, energética, militar, política, institucional e cultural,
Colômbia se configura como um país de economia re-primarizada e
financeiriçada.

A essa condição a têm levado os detentores do poder, para permitir o
saqueio que significa a extração desaforada, o roubo de seus recursos
naturais e a especulação financeira. Milhões de compatriotas têm sido
lançados à miséria e à guerra, imposta pelas elites para calar o
inconformismo das maiorias diante dessa iniquidade.

O governo de Juan Manuel Santos foi instaurado para garantir a
continuidade dos planos de desapropriação pelo despojo que sobre o
povo colombiano impõe o imperialismo. Uma nova espacialidade do
capital acompanhada de ordenamentos jurídicos e disposições
militaristas de segurança e defesa, imersas na velha Doutrina de
Segurança Nacional e o terrorismo de Estado, se afiança em nosso país
para blindar o "direito" do capital, o melhor-estar dos ricos a custa
dos trabalhadores e do povo mais humilde. Dentro dessa perspectiva se
define a nova etapa de despojo de terras que hoje se disfarça com o
falso nome de restituição. Na prática, aos milhões de deslocados e
vítimas das sucessivas etapas de despojo violento auspiciadas pelo
Estado, se somam agora novas legiões de camponeses, indígenas e, gente
simples em geral, aos que se lhes arrebatará ou se lhes nega já a
terra mediante procedimentos de enganosa legalidade, aumentando ainda
mais as cifras de pobreza e de indigência que colocam a Colômbia no
patamar do terceiro país mais desigual do mundo.

É esse o sentido cruel da segurança inversionista a da prosperidade
que difunde o presidente Juan Manuel Santos, enquanto se segue
encarcerando, assassinando e reprimindo aos opositores.
Diante dessa realidade não pode haver outro caminho para os
revolucionários que a unidade e a luta, a ação de massas nas ruas, o
levantamento popular no campo e nas cidades, desafiando a
criminalização da protesta e exigindo ao governo reais feitos de paz,
que não podem ser outra coisa que fatos de solução dos problemas
sociais e políticos que padecem as maiorias por causa do terrorismo de
Estado da casta governante cujas tendências mais guerreristas têm
conduzido os destinos do país durante a última década.

Não é com demagogia, ameaças de repressão e mais guerra que se poderá
por fim ao conflito. Não é com mais compra de material bélico nem
entregando o país ao Pentágono como se alcançará a paz; não é com
planos guerreristas e de terra arrasada como o "Plano Patriota" ou o
"Espada de Honra" como se logrará a reconciliação dos colombianos.
Muito menos, dando ultimatum à insurgência a partir da idéia de que a
paz seria o produto de uma quimérica vitória militar do regime, que
leve de joelhos a insurgência, rendida e desmobilizada, ante esse
espantalho chamado de "marco jurídico para a paz".

Nossa vontade de paz radica no convencimento de que o destino da
Colômbia não pode depender dos interesses ruins da oligarquia. Os
câmbios políticos e sociais com a participação e decisão do povo são
uma necessidade e um requerimento inevitável. Por isso a unidade e a
mobilização do povo em favor dos câmbios estruturais para, sobre a
base da justiça, construir a paz, são a verdadeira chave de sua
conquista.

Com passos firmes de unidade no pensamento e na ação, fraternalmente,

COMANDO CENTRAL, ELN.

SECRETARIADO DO ESTADO MAIOR CENTRAL, FARC-EP.