PAZ COM JUSTIÇA SOCIAL VERSUS PAZ DOS SEPULCROS
FARC-EP Boletim Informativo Nº 6, Diálogos pela Paz com Justiça Social
Segunda-feira, 24 de Setembro de 2012
PAZ COM JUSTIÇA SOCIAL VERSUS PAZ DOS SEPULCROS
Somos guerreiros pela paz, e só para conquistá-la empunhamos as armas.
Se a guerra foi imposta pelos poderosos em Colômbia, a paz será
construída pelos setores populares e despossuídos.
Em recentes pronunciamentos da insurgência desde Havana, deu-se a
conhecer o nome do décimo dos integrantes das FARC-EP na mesa. Se
trata do querido por toda a guerrilheirada “sargento Pascuas”,
legendário marquetaliano que participou com valentia e intrepidez no
sul-ocidente da Colômbia, e cuja presença na mesa de diálogos pela Paz
com Justiça Social nos preenche de orgulho fariano.
Por outra parte, nos diversos pronunciamentos oficiais, se evidencia
claramente que duas coisas fundamentais tem JM Santos na cabeça quando
pensa nos diálogos com a insurgência que, recentemente, foram
anunciados e que começarão no próximo 8 de outubro em Oslo: a
desmobilização e a reeleição. Por isso, põe como data à paz o ano de
2013. Esse é o término de tempo que lhe dá para não matá-la.
As aspirações reeleicionistas do mandatário já se deixam ver em alguns
de seus pronunciamentos e comportamentos, no entanto, não nos
interessa abordar neste artigo esse aspecto, senão o da
desmobilização, porque é um ponto que expressa de forma clara a
concepção burguesa e oligárquica de paz. Para eles, a paz é que a
guerrilha deixe de existir, que se calem os fuzis. Desejam que a
insurgência se dilua, desapareça, porém que tudo siga igual.
A oligarquia não quer alcançar a paz para acabar com o drama dos
deslocados, solucionar a problemática dos prisioneiros, alcançar a
verdade dos desaparecidos; não quer conquistá-la e poder, assim, parar
este dessangramento em nossa pátria e evitar que mais irmãos caiam na
confrontação; não pensa na paz para conquistar reconstruir nosso país
sobre a base do respeito, das garantias democráticas e da justiça
social. Quando a oligarquia pensa na paz, imagina um país sem
confrontação armada [mais segurança], onde possam realizar muitos e
melhores vultosos negócios, e onde podem arrancar de forma
completamente segura os recursos naturais. Por isso, sempre medem a
paz em termos econômicos e utilizam frequentemente termos econômicos
para referir-se ao processo de diálogo.
Em pronunciamento desde a Universidade de Kansas nos Estados Unidos,
JM Santos diz aspirar a uma paz “negociada”. “O processo de Paz seria
êxito também dos Estados Unidos, porque culminaria sua inversão no
Plano Colômbia. A paz em Colômbia seria uma situação de “lucro” para
todo o mundo”. Já entendemos porque diz que tem a chave da paz no seu
“bolso”.
Ato seguido, o primeiro mandatário acrescenta que: a paz provaria que
o Plano Colômbia foi exitoso.
Se o Plano Colômbia foi exitoso, não entendemos nós, então, que faz
sentado numa mesa de diálogo. Acaso não foi elaborado para aniquilar a
insurgência? Igual que o Patriota I, Patriota II e Plano Consolidação?
A verdade, assim, lhe dói muito à oligarquia, é que todos estes planos
elaborados desde o império foram enfrentados exitosamente pela
insurgência por meio da tática da guerra de guerrilhas móveis, e no
campo de batalha têm saído derrotados pela força do povo em armas.
No entanto, nós, como povo em armas, devemos dizer que nosso
compromisso com a Paz é total. Tal como disse o Comandante Jesús
Santrich: “não cremos numa paz negociada”, porque a insurgência não
tem nada que “negociar” com o estado. Cremos profundamente é na
solução política do conflito, essa que consiga remover as causas
fundamentais que o geraram. Ansiamos por uma paz com profundas
mudanças, de caráter estrutural, para que em Colômbia imperem os
interesses das maiorias. Para que cesse o terrorismo de estado, as
desaparições forçadas, os encarceramentos inumanos, a atroz tortura.
Sonhamos com um país de liberdades democráticas, de debates políticos
com garantias. Queremos um país sem fome, com educação e saúde. Por
isso, nosso horizonte é a paz com justiça social, e o tem sido desde
nossas origens em Marquetalia. Somos guerreiros pela paz, e somente
para conquistá-la empunhamos as armas. Se a guerra foi imposta pelos
poderosos em Colômbia, a paz será construída pelos setores populares e
despossuídos.
SÓ HAVERÁ PAZ QUANDO SE INSTAURE A JUSTIÇA SOCIAL
Cadena Radial Bolivariana -Voz da Resistência