FARC e Governo criam mecanismo para o monitoramento do cessar-fogo
La
Habana, Cuba, 19 de janeiro de 2016, ano da paz
A
solicitação que elevamos hoje ao Secretário-Geral das Nações
Unidas e ao Presidente do Conselho de Segurança no sentido de ativar
um mecanismo tripartite [ONU, Governo da Colômbia e FARC] de
monitoramento e verificação constitui um forte sinal e uma feliz
premonição de que o processo de paz da Colômbia se encaminha
inexoravelmente para a terminação do mais longo conflito do
continente.
Uma
missão política especial composta por observadores internacionais
não armados presidirá e coordenará o mecanismo tripartite em todas
as suas instâncias.
Junto
ao comunicado difundido pelas partes, estamos remetendo às Nações
Unidas documentos de sugestão sobre as características e alcances
da missão à luz do acordado entre o Governo da Colômbia e as
FARC-EP. Sua resposta positiva constituirá um grande apoio ao
processo.
É
um fato que as conversações em busca da ansiada reconciliação
entraram numa etapa definitiva e que sessenta anos de confrontação
podem concluir, para regozijo da humanidade, no curso deste 2016.
Em
meio a um mundo agitado pelo furacão das guerras e dos conflitos,
este é o único processo de paz que mostra resultados esperançosos,
encenado ademais no âmbito de Nossa América, cuja dilatada extensão
terá que ser território de paz, como se o propôs a Comunidade de
Estados Latino-Americanos e Caribenhos, CELAC.
A
propósito deste organismo regional, o Representante Especial do
Secretário-Geral das Nações Unidas, tal como se combinou,
informará o cumprimento do mandato e o fim da missão ao Conselho de
Segurança, e informará aos países da CELAC com observadores,
através de seu presidente pro tempore.
A
paz da Colômbia é possível. Atravessaremos o Rubicão, porque essa
é a vontade das maiorias nacionais, porque a paz é um direito de
todos.
Como
acertadamente assinala o ex-diretor da UNESCO, Federico Mayor
Zaragoza: “A paz duradoura é premissa e requisito para o exercício
de todos os direitos e deveres humanos. Não a paz do silêncio, dos
homens e mulheres silencios@s, silenciad@s. A paz da liberdade –e
portanto de leis justas-, da alegria, da igualdade, da solidariedade,
onde todos os cidadãos contam, convivem, compartilham”. E com ele
também coincidimos em que os Direitos Humanos são indivisíveis,
porém está claro que o direito à vida é o direito supremo, já
que dela depende que se possa exercer todos os demais direitos.
Consequentemente, todos os condicionantes da vida se convertem,
automaticamente, em direitos fundamentais: a alimentação, a água,
a saúde, o meio ambiente, a educação...
A
paz e não a guerra, esse é o destino da Colômbia!
Esta
breve intervenção não pode concluir sem expressar, em nome de um
país, gratidão eterna ao Governo de Cuba por conceder-nos este
espaço para que os colombianos pactuemos nossa reconciliação.
Gratos a Cuba e a Noruega por sua contribuição como países
garantidores do processo e aos países acompanhantes, Venezuela e
Chile; a todos eles muito obrigado por sua compreensão, por sua
paciência e por sua ajuda nos momentos difíceis.
Bençãos
para os colombianos.
DELEGAÇÃO
DE PAZ DAS FARC-EP