"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quinta-feira, 29 de abril de 2010

O líder mais influente do mundo

O Presidente Lula foi eleito nesta quinta-feira (29) pela revista americana “Time” como o líder mais influente do mundo. Lula encabeça o ranking de 25 nomes e é seguido por J.T Wang, presidente da empresa de computadores pessoais Acer, o almirante Mike Mullen, chefe do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos, o presidente americano Barack Obama e Ron Bloom, assessor sênior do secretário do Tesouro dos Estados Unidos.

No perfil escrito pelo cineasta Michael Moore, o programa Fome Zero é citado como destaque no governo do PT como uma das conquistas para levar o Brasil ao “primeiro mundo”. A história de vida de Lula também é ressaltada por Moore, que chama o presidente Lula de “verdadeiro filho da classe trabalhadora da América Latina”.

A revista lembra quando Lula, aos 25 anos, perdeu sua primeira esposa Maria grávida de oito meses pelo fato dos dois não terem acesso a um plano de saúde decente. Ironizando, Moore dá um recado aos bilionários do mundo: “deixem os povos terem bons cuidados de saúde e eles causarão muito menos problemas para vocês”.

A lista mostra os 100 nomes de pessoas mais influentes do mundo em diversas áreas –líderes da esfera pública e privada, heróis, artistas, entre outros.

Entre os líderes em destaque também estão a ex- governadora do Alasca e ex-candidata republicana à Vice-Presidência, Sarah Palin; o diretor do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn; os primeiros-ministros japonês e palestino, Yukio Hatoyama e Salam Fayyad, e o chefe do Governo da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.

The World's Most Influential People: Luiz Inácio Lula da Silva

“Quando, pela primeira vez os brasileiros elegeram Luiz Inácio Lula da Silva presidente em 2002, os barões ladrões do país nervosamente verificaram os medidores de combustível de seus jatos particulares. Eles transformaram o Brasil em um dos lugares mais desiguais do planeta, e agora parecia que chegara a hora desta conta ser cobrada. Lula, 64 anos, era um verdadeiro filho da classe trabalhadora da América Latina – na verdade, um membro fundador do Partido dos Trabalhadores – e já tinha sido preso uma por liderar greve.

No momento em que Lula, finalmente, conquistou a presidência, após três tentativas fracassadas, ele já se tornara uma figura familiar na vida brasileira. Mas o que o levou para a primeiro lugar da política? Foi seu conhecimento pessoal do quão duramente muitos brasileiros têm de trabalhar para sobreviver? Ser forçado a abandonar a escola depois da quinta série para sustentar sua família? Trabalhar como engraxate? Perder parte de um dedo em um acidente de trabalho?Não. Foi quando, aos 25 anos, viu sua esposa Maria morrer durante o oitavo mês de gravidez, junto com seu filho, porque não podiam pagar os cuidados médicos decentes.

Há uma lição aqui para bilionários do mundo: deixar que as pessoas têm bons cuidados de saúde, e eles causam muito menos problemas para vocês.

E aqui está uma lição para o resto de nós: a grande ironia da presidência de Lula – ele foi eleito para um segundo mandato em 2006 e que terminará este ano – é que, mesmo enquanto ele tenta impulsionar o Brasil ao Primeiro Mundo com programas sociais do governo como o Fome Zero, que visa acabar com a fome, e com planos de melhorar a educação oferecida aos membros da classe trabalhadora do Brasil, os EUA se parecem mais com o antigo Terceiro Mundo a cada dia.
O que Lula quer para o Brasil é o que costumamos chamar o sonho americano. Nós, os EUA, onde os 1% mais ricos possuem agora mais riqueza do que os 95% mais pobres somados, estamos vivendo em uma sociedade que está rapidamente se tornando mais parecida com o Brasil.”

Outras homenagens

Lula já havia recebido outras homenagens de jornais e revistas importantes no cenário internacional. Em 2009, foi escolhido pelo jornal britânico "Financial Times" como uma das 50 personalidades que moldaram a última década.

Também foi eleito o "homem do ano 2009" pelo jornal francês 'Le Monde', na primeira vez que o veículo decide conferir a honraria a uma personalidade. No mesmo ano, o jornal espanhol 'El País' escolheu Lula o personagem do ano. Na ocasião, Zapatero redigiu o artigo de apresentação do Presidente e disse que Lula 'surpreende' o mundo.
Veja abaixo a lista dos 10 líderes mais influentes da Time

1 - Luiz Inácio Lula da Silva
2 - J.T. Wang
3 - Admiral Mike Mullen
4 - Barack Obama
5 - Ron Bloom
6 - Yukio Hatoyama
7 - Dominique Strauss-Kahn
8 - Nancy Pelosi
9 - Sarah Palin
10 - Salam Fayyad

Fonte: www.osamigosdopresidentelula.blogspot.com/

Lula: "Quem é contra o Mercosul é contra o desenvolvimento"

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou os setores que não apóiam o Merscosul e a Unasul como formas importantes de promover a integração regional, fortalecer a soberania e o desenvolvimento dos países da América do Sul. Em coletiva realizada nesta quarta-feira (28/4) em Brasília, ao lado do presidente venezuelano, Hugo Chávez, Lula afirmou que "quem é contra o Mercosul é contra o desenvolvimento".

“Algumas pessoas no Brasil não acreditavam no Mercosul e queriam a construção da Alca", disse o presidente brasileiro. "São pessoas que criticaram a criação da Unasul, pessoas que acham que o Brasil está ficando muito prepotente, que está se metendo em conflitos internacionais que até então eram discutidos apenas pelas grandes potências, que tinham preconceito da nossa relação de amizade”.

Na mesma linha, o presidente venezuelano afirmou que o governo brasileiro está cumprindo papel importante para o fortalecimento das relações políticas e econômicas dos países latino americanos.

“Se não fosse você, Lula, ter chegado à presidência da república do Brasil, hoje o Mercosul estaria pulverizado”, disse o venezuelano em evento no Palácio do Itamaraty, onde os dois presidentes assinaram acordos bilaterais.

Na semana passada, em encontro com empresários, o candidato do PSDB à presidência, José Serra, criticou o Mercosul - chamando bloco de "farsa" e de "barreira" para o comércio - e sugeriu que o Brasil deveria abandonar o bloco.

Nesta quarta-feira, Chávez defendeu que "a construção de um novo mundo" deve começar a emergir "não mais de relações unipolares ou bipolares" e sim "de relações multipolares".

“É absolutamente necessário para o desenvolvimento da América do Sul o fortalecimento econômico e social e a unidade do povo. É absolutamente necessária, para a integração da América Latina, a aprovação da Venezuela no Mercosul”.

Atualmente, o país de Chávez é candidato a entrar no bloco sul-americano e, para isso, depende apenas da aprovação pelo congresso do Paraguai - última etapa para ratificar a adesão venezuelana. Mas, no evento de hoje, Chávez evitou criticar o Paraguai pela demora na votação.

“Agora estamos à espera do tempo político do Paraguai”, contemporizou.

Tanto Lula quanto Chávez fizeram referência à importância do fortalecimento de iniciativas como o Mercosul e a Unasul como forma de organização dos países latino-americanos e, principalmente, reafirmaram a irreversibilidade nas relações econômicas entre os dois países.

“É irreversível a relação entre a Venezuela e o Brasil, a importância da Venezuela como um país estratégico, com uma quantidade enorme de matéria-prima com reserva extraordinária de petróleo e gás”, disse o presidente brasileiro.

A reunião em Brasília marcou o oitavo encontro presidencial no marco das reuniões trimestrais acertadas entre os dois países desde 2007. No meio da manhã, os presidentes fizeram uma reunião a portas fechadas, na qual, de acordo com declarações do ministro Franklin Martins, os líderes trataram de política. Em seguida, participaram de uma reunião ampliada com ministros de Estados dos dois países.

No início da tarde, os presidentes deram início à assinatura de cerca de 20 acordos bilaterais, envolvendo, entre outras, as estatais venezuelanas PDVSA e Banco de Venezuela e as brasileiras Petrobras e Caixa Econômica Federal além de companhias privadas como Odebrecht e Portal do Boi. As duas últimas entraram em parcerias que pretendem contribuir para as políticas de habitação e de fornecimento de alimentos do governo venezuelano.

Sem subordinação

Lula também anunciou que, além da Caixa Econômica Federal, o Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), a ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) e a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias) também abrirão escritórios em Caracas, capital venezuelana. Estes novos acordos, ainda segundo o presidente brasileiro, marcam o fortalecimento de “dois pólos que se sentem irmãos”.

“Estou terminando meu mandato e a Venezuela se transformou em um parceiro excepcional. Lá, os empresários brasileiros estão fazendo investimentos e ganhando dinheiro e melhorando a economia venezuelana”, disse Lula. “Quero agradecer a Lula por tudo e por esse impulso nesses oito anos [de mandato dele no Brasil]. Antes, a relação do Brasil com a Venezuela era quase nula”, reagiu Chávez.

À imprensa, Lula falou ainda sobre as críticas que estão sendo feitas às suas visitas a países africanos e asiáticos, bem como às mediações de paz que o Brasil vem fazendo no mundo. De acordo com o presidente Lula, as críticas são feitas por quem acredita que “o normal seria que cada um de nós [países em desenvolvimento] fosse subordinado a uma grande potência. Mas assumimos um papel diferente”.

O presidente, também em resposta às perguntas da imprensa, falou que o país vem cumprindo um importante papel pacifista no mundo e que as críticas a uma possível prepotência do Brasil não procedem. Lula defendeu que não havia escrito em lugar nenhum do mundo que apenas determinados países pudessem cumprir o papel pacifista. “Se tem um país no mundo que pode cumprir esse papel, esse país é o Brasil”, defendeu Lula.

*Com informações da Agência Brasil.

A melhor política externa brasileira

Emir Sader

Celso Amorim foi chamado por um órgão da grande imprensa norteamericana como “o melhor ministro de Relações Exteriores do mundo”. O que podemos certamente dizer que é o ministro de Relações Exteriores da melhor política externa que o Brasil já teve.

Tudo o que o governo Lula mudou da herança recebida, foi bom, foi para melhor, a começar pela política externa subserviente – aquela de tirar o sapato no aeroporto do império, do Celso Lafer. FHC levava o Brasil pelo caminho em que está o México hoje: o do Tratado de Livre Comércio com os EUA, intensificando ainda mais o comércio exterior com aquele que se tornou o epicentro da crise econômica internacional. O México tem mais de 90% do seu comércio com os EUA, ao invés da diversificação que o Brasil implementou e que faz com que hoje a China seja nosso primeiro parceiro comercial e tenhamos uma diversificação do comércio com a Ásia, a África, a América Latina, a Europa e os EUA.

Alckmin, em plena campanha eleitoral de 2006 – vejam o primeiro texto do blog, que abordava esse tema – saudava a vitória eleitoral (fraudulenta) do Calderón, no México, dizendo que esse era o caminho que deveríamos seguir. Isto é, os tucanos mantiveram essa orientação de ser aliados subservientes do império, cuja economia decadente leva a que a crise atual fizesse com que o México fosse de novo ao FMI – o que FHC fez três vezes no seu mandato.

Na reunião em que os EUA apresentaram a Alca, Hugo Chavez foi o único presidente americano a votar contra. FHC fez belo discurso – segundo o próprio Chavez -, mas votou com os EUA. Não fosse a vitória de Lula e a virada da política externa, o Brasil e todo o continente estariam na situação penosa do México, pelas mãos dos tucanos.

O Serra - que não foi convidado para o aniversario da Conceição, ligou e se auto convidou, chegou com flores, recebido com toda a frieza, ao contrário da Dilma, convidada de honra, recebida com aplausos, de pé – quis tirar banca de progressista, dizendo que estaria “mais à esquerda de Dilma”, porque ela não domaria o PMDB. (O problema é que ele não doma, nem quer domar, o PSDB.) Mas critica o Brasil em Honduras, no Irã, diz que vai tirar o país do Mercosul, só podendo colocar no lugar a relação privilegiada com os EUA, que os tucanos sempre tiveram e ainda pregam. Serra queria que tivéssemos a posição que teve o governo deles diante do golpe do Fujimori, de conivência e apoio?

A política externa brasileira faz do nosso país um país soberano e isso é insuportável para as elites tradicionais que se acostumaram à subserviência com as potências do centro do capitalismo, que consideram ter relações diversificadas no mundo uma desobediência com as orientações do Império.

Quando o antecessor dos tucanos no Ministério de Relações Exteriores do Brasil, Juracy Magalhães, afirmou “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil” (sic), nenhum órgão da imprensa brasileira – esses mesmos que se transformaram em partidos do bloco tucano, diante da fraqueza dos partidos tradicionais da direita conforme confissão da executiva da FSP – divergiu, até aplaudiram. Não podem assim estar de acordo com uma política que afirma orgulhosamente nossa soberania inclusive diante do maior império da história da humanidade.

Serra disse que disse, que não disse, que não teria dito, mas que disse que quer bombardear o Mercosul, reduzi-lo às suas mínimas proporções, que era a situação no governo FHC de que ele participou durante todos os dois mandatos. O que colocar no lugar? O livre comércio com os EUA, certamente, o caminho do Chile – que o Serra sempre tomou como exemplo -, do México, do Peru, da Colômbia, os países com futuro mais comprometido no continente.

A política exterior do governo Lula promoveu a integração regional, privilegiou as alianças com o sul do mundo, diversificou nosso comércio exterior. Afirmou o nome do Brasil no mundo, em uma condição de prestígio e de respeito, como nunca tínhamos tido.

O que é bom para os tucanos, não é bom para o Brasil. A política externa soberana é condição para a política interna democrática e popular. O Brasil decide este ano se quer consolidar nossa posição no mundo e aprofundar a construção de um país justo ou se voltam os subservientes ao Império.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Operação Europa: espionagem internacional do governo colombiano

Hernando Calvo Ospina
Rebelião


O Departamento Administrativo de Segurança, DAS, é uma agência de investigações que se reporta diretamente ao presidente da Colômbia.

Cerca de cinco anos atrás, alguns importantes meios de comunicação colombianos começaram a contar o que já se sabia entre as organizações de direitos humanos: os seus altos cargos encomendavam a chefes paramilitares o assassinato de opositores políticos (1).

Entre outros, foi publicado que um desses funcionários testemunhou perante a justiça dos EUA e da Venezuela, reconhecendo que muitas operações de "guerra suja" conduzida pelo DAS tinham sido financiadas com dinheiro proveniente do tráfico de cocaína (2).

Apesar de sua gravidade, estas informações foram ficando como tantas outras no panorama jurídico nacional.

Paralelamente ia-se conhecendo que, desde a sede da presidência, ordenara-se a espionagem ilegal de defensores dos direitos humanos, opositores políticos e jornalistas "classificados" de esquerda. Como talvez essas pessoas "colaboraram" com os “terroristas" da guerrilha, esses procedimentos continuaram sendo tratados como simples notícias. O sentimento começou a mudar ao se informar a espionagem de magistrados da Corte Suprema de Justiça e de dirigentes dos partidos tradicionais (3).

O clima foi esquentando quando se ordenou investigar a funcionários do DAS. Seu chefe supremo, o presidente da república, saiu na defesa destes e até se ofereceu para colocar as mãos no fogo por eles por ter certeza de sua inocência. Pouco depois, alguns foram enviados para a prisão. Então, o presidente Álvaro Uribe Vélez, disse que isso apenas servia á "estratégia desestabilizadora" dos "terroristas". Estas frases, constantemente repetidas, funcionaram como uma chantagem ameaçadora.

Até que, em 15 de abril, o popular diretor de jornalismo de RCN-Rádio, Juan Gossain, leu trechos de algumas páginas a que teve acesso e que faziam parte das encontradas pelo Corpo Técnico de Investigação, CTI, da Procuradoria-Geral da Nação durante uma incursão no DAS. Nelas comprovava-se que, desde 2005, preparou-se toda uma estratégia que ia desde a espionagem, desprestigio de opositores e ONGs, até o planejamento de atentados terroristas para depois culpar às organizações guerrilheiras.

Toda a essa informação estava contida em pastas classificadas como operações "Amazônia", "Transmilênio", "Bahia", "Halloween", "Arauca", "Intercâmbio”, Risaralda, "Internet" e "Europa".

Estes são alguns exemplos de seu conteúdo. "Desinformar a população que é a favor dos detratores do governo". "Gerar a divisão no seio dos movimentos de oposição. Impedir a materialização de cenários convocados pela oposição". “Neutralizar as ações desestabilizadoras das ONGs na Colômbia e no mundo". “Estratégias: descrédito e sabotagem. Ação: aliança com Serviços de Inteligência estrangeiros, comunicados e denuncias em páginas web, guerra jurídica". “Sabotagem: terrorismo, explosivos, incendiários, serviço público, tecnológico. Pressão: ameaças e chantagem". O jornalista, depois de ler isso, ensandecido disse: "Os colombianos temos o direito de saber quem foi que tentou transformar nosso país num Estado de policiais e de terroristas do Estado (...) Quem foi quem concebeu o plano macabro de perseguir adversários, reais ou imaginários, como se fossem criminosos? Quem está por trás disto? "Três detetives do DAS? Não me façam rir! (...) Queremos saber se o DAS é uma instituição respeitável do Estado ou é um covil de bandidos. Somente bandidos fazem isto: perseguir os outros, plantar bombas para culpar a oposição (...)”,(4).


"A Operação Europa"

Em 20 de abril, RCN-TV foi a que apresentou um resumo do conteúdo da pasta intitulada "Europa" (5), confirmando que as atividades da DAS ultrapassou as fronteiras, conforme tinha sido denunciado (6).

Foi dito na noticiário: "Os seguimentos, aparentemente ilegais, que o DAS realizou no estrangeiro contra aqueles que o governo considerava como inimigos ou opositores do governo, foram rotulados em uma pasta nomeada “Europa” (...) A Operação Europa teve como objetivo "neutralizar a influência do sistema jurídico europeu, Comissão de Direitos Humanos do Parlamento Europeu, Gabinete do Comissário para os Direitos Humanos das Nações Unidas e governos nacionais. "A única estratégia foi: o descrédito de tais entidades; e a ação: criar comunicados e denuncias em sites da internet e promover uma guerra jurídica contra essas entidades.

"A estratégia também incluiu viagens aos países onde foram realizados seminários, fóruns e workshops organizados por diversas ONGs, e sobre os quais foram elaborados relatórios confidenciais com suas respectivas conclusões, e um álbum fotográfico e clínico daqueles que participaram. (7)

RCN-TV também disse: "Nos arquivos recuperados pelo CTI no DAS incluem, por exemplo, cópias dos passaportes e dos históricos de vida de cidadãos europeus, centroamericanos e sulamericanos que visitaram a Colômbia, ou que estiveram em tais eventos.

"Segundo o dossiê, o DAS enviou à Europa seu funcionário Germán Villalba, que praticamente instalou uma filial em várias capitais do continente a partir dos quais dirigiu um grupo que fazia seguimentos, que incluíam gravações de áudio e vídeo, fotografias e registro dos itinerários dos chamados “alvos”, na sua maioria colombianos residentes na Europa ou que visitaram países como Suíça, França e Espanha, e que DAS rotulou como "opositores do atual governo colombiano", "agitadores contra Uribe em turnê". A partir da Europa, Germán Villalba enviava, via Internet, aos seus superiores em Bogotá, toda a informação compilada para ser arquivada na pasta como "Europa" (...).

"Uma pasta rotulada como ‘Parlamento Europeu’ chamou a atenção dos investigadores. Nela aparecem nomes de parlamentares europeus simpatizantes do governo colombiano e dos não-simpatizantes (...)".

Cesar Julio Valencia, presidente da Tribunal Civil da Corte Suprema de Justiça, após ouvir as declarações de alguns funcionários do DAS diante do Ministério Público, disse a RCN-TV que se sentia "horrorizado" ao constatar que a sede Presidencial "não somente era a destinatária dos seguimentos e interceptações ilegais, mas também dirigia, direcionava ou manipulava tais seguimentos ou escutas, como são chamados".

O presidente Álvaro Uribe Vélez limitou-se a disser que não sabia de nada.

A pergunta que deve ser feita é: o que as autoridades dos países europeus envolvidos sabem sobre isto?


Notas:

(1) O DAS e os paramilitares.
http://www.semana.com/noticias-portada/das-paras /91397.aspx

(2) Garcia, "ventilador" do DAS, declarará na Venezuela e nos EUA.
http://www.semana.com/noticias-justicia/garcia-ventilador-del-das-declarara-venezuela-eeuu/117785.aspx
(3) A DAS continua espionando.
http://www.semana.com/noticias-nacion/das-sigue-grabando/120991.aspx

Escândalo por denuncia da revista Semana devido a novos grampos do DAS.
http://www.semana.com/noticias-seguridad/escandalo-queixa-semana-em-new-chuzadas-desde-das/121052.aspx
(4) Editorial de Juan Gossain. Sobre os grampos do DAS.
http://www.rcnradio.com/node/22 862

(5) O dossiê dos grampos: Capítulo Europa.
http://www.canalrcnmsn.com/noticias/el_dossier_de_las_chuzadas_cap%C3%ADtulo_europa

(6) A trinca que conspira.
http://hcalvospina.free.fr/spip.php? article184

(7) Como “álbum clínico”, a Agência Central de Inteligência dos EUA, CIA, denomina o Estudo Psiquiátrico Pessoal (Psychiatric Personality Study, PPS), desde os anos cinquênta daqueles considerados "inimigos". Nele são incluídas as pesquisas de psicólogos, psiquiatras, jornalistas, etc, sobre a suposta personalidade e comportamento do investigado desde a infância, incluindo possíveis doenças e até preferências sexuais. Os "estudos" são feitos a partir da análise das palestras, trabalhos escritos e outras atividades realizadas pelo investigado. Uma extensão do tema em: Gordon Thomas. "As armas secretas da CIA". Ediciones B. Barcelona, 2007.


* Hernando Calvo Ospina. escritor e jornalista colombiano que reside na França. Colaborador do Le Monde Diplomatique. http://hcalvospina.free.fr/

segunda-feira, 26 de abril de 2010

As loucuras de nossa época

Reflexões do Comandante Fidel

Não há outra saída senão chamar as coisas por seus nomes. Aqueles que conservam um mínimo de sentido comum podem observar, sem grande esforço, quão pouco resta de realismo no mundo atual. Quando o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foi indicado para o prêmio Nobel da Paz, Michael Moore declarou: "agora seja digno dele!".

Muitas pessoas gostaram do engenhoso comentário pela agudeza da frase, embora muitos não vissem outra coisa na decisão do Comitê norueguês além de demagogia e exaltação à aparentemente inofensiva politicagem do novo presidente dos Estados Unidos, um cidadão afro-norte-americano, bom orador e político inteligente, à frente de um império poderoso envolvido numa profunda crise econômica.

A reunião mundial de Copenhague estava prestes a acontecer e Obama despertou as esperanças de um acordo vinculante, no qual os Estados Unidos se somariam a um consenso mundial para evitar a catástrofe ecológica que ameaça a espécie humana. O que lá aconteceu foi decepcionante, a opinião pública internacional foi vítima de um doloroso engano.

Na recente Conferência Mundial dos Povos sobre Mudança Climática e Direitos da Mãe Terra, realizada na Bolívia, foram expressas respostas cheias da sabedoria das antigas nacionalidades indígenas, invadidas e virtualmente destruídas pelos conquistadores europeus que, em busca de ouro e riquezas fáceis, impuseram durante séculos suas culturas egoístas e incompatíveis com os interesses mais sagrados da humanidade.

Duas notícias recebidas ontem expressam a filosofia do império tentando fazer com que acreditemos em seu caráter "democrático", "pacífico", "desinteressado" e "honesto". Basta ler o texto dessas informações procedentes da capital dos Estados Unidos.

"Washington, 23 de abril de 2010.— O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, avalia a possibilidade de desenvolver um arsenal de mísseis com ogivas convencionais, não nucleares porém capazes de atingir alvos em qualquer lugar do mundo em aproximadamente uma hora e com capacidade explosiva potentíssima".

"Se, por um lado, a nova superbomba, montada em mísseis do tipo Minuteman, não terá ogivas atômicas, por outro, sua capacidade de destruição será equivalente, tal como confirma o fato de que sua dispersão está prevista no acordo START 2, assinado recentemente com a Rússia".

"As autoridades de Moscou reclamaram e conseguiram fazer figurar no acordo, que para cada um destes mísseis, os Estados Unidos deve eliminar um de seus foguetes providos de ogivas nucleares".

"Segundo as notícias do New York Times e da rede de televisão CBS, a nova bomba, batizada PGS (Prompt Global Strike) deverá ser capaz de matar o líder de Al Qaeda, Ossama Bin Laden, em uma gruta do Afeganistão, destruir um míssil norte-coreano em plena preparação ou atacar um silo nuclear iraniano, ‘tudo isso sem trespassar o umbral atômico’".

"A vantagem de dispor como opção militar de um arma não nuclear, que tenha os mesmos efeitos de impacto localizado de uma bomba atômica é considerada interessante pelo governo de Obama".

"O projeto foi colocado inicialmente pelo predecessor de Obama, o republicano George W. Bush, mas foi bloqueado pelos protestos de Moscou. Tendo em conta que os Minuteman também transportam ogivas nucleares, as autoridades de Moscou disseram que era impossível estabelecer que o lançamento de um PGS não fosse o início de um ataque atômico".

"Contudo, o governo de Obama considera que pode dar à Rússia ou à China garantias necessárias para evitar mal-entendidos. Os depósitos dos mísseis da nova arma serão instalados em lugares distantes dos depósitos de ogivas nucleares e poderão ser inspecionados periodicamente por especialistas de Moscou ou de Pequim".

"A superbomba poderia ser lançada com um míssil Minuteman, capaz de voar através da atmosfera à velocidade do som e carregando quinhentos quilos de explosivos. Equipamentos ultrasofisticados permitirão ao míssil largar a bomba e fazer com que caia com extrema precisão nos alvos escolhidos".

"A responsabilidade do projeto PGS — com um custo estimado de US$ 250 milhões, somente em seu primeiro ano de experiências — foi encarregada ao general Kevin Chilton, que tem sob seu comando o arsenal nuclear norte-americano. Chilton explicou que o PGS cobrirá um buraco no leque de opções com que o Pentágono conta atualmente".

"'Neste momento, podemos atacar com armas não nucleares qualquer recanto do mundo, em um espaço de tempo não menor a quatro horas’, disse o general. ‘Para uma ação mais rápida — reconheceu — contamos somente com opções nucleares’".

"No futuro, com a nova bomba, os Estados Unidos poderão atuar rapidamente e com recursos convencionais, tanto contra um grupo terrorista quanto contra um país inimigo, em um período ainda mais curto e sem provocar a ira internacional pelo emprego de armas nucleares".

"Prevê-se que os primeiros testes começarão em 2014, e que, em 2017 estaria disponível no arsenal estadunidense. Obama já não estará no poder, no entanto, a superbomba pode ser a herança não nuclear deste presidente, que obteve o prêmio Nobel da Paz."

"Washington, 22 de Abril de 2010. — Uma nave espacial não tripulada da Força Aérea dos Estados Unidos decolou nesta quinta-feira na Flórida, em meio de um véu de segredo sobre sua missão militar".

"A nave-robô espacial, X-37B, foi lançada de Cabo Cañaveral mediante um foguete Atlas V, às 19h52 locais (23h52 GMT), segundo um vídeo distribuído pelo exército".

"’ O lançamento é iminente’, disse à AFP o major da Força Aérea, Angie Blair".

"Parecido com uma nave espacial em miniatura, o avião tem 8,9 metros de comprimento e 4,5 metros de envergadura".

"A fabricação do veículo espacial reutilizável demorou anos e o exército tem dado poucas explicações sobre seu objetivo ou seu papel no arsenal militar."

"O veículo está desenhado para ‘proporcionar o meio ambiente de um ‘laboratório em órbita’, a fim de testar novas tecnologias e componentes antes que estas tecnologias sejam designadas a programas de satélites em funcionamento’, disse a Força Aérea em um comunicado recente".

"Alguns funcionários informaram que o X-37B aterrissará na base da Força Aérea Vandenberg, na Califórnia, mas não disseram quanto durará a missão inaugural".

"’Para ser honestos, não sabemos quando voltará’, disse esta semana aos jornalistas o segundo subsecretário de programas espaciais da Força Aérea, Gary Payton".

"Payton assinalou que a nave poderia permanecer no espaço até nove meses".

"O avião, fabricado pela Boeing, começou como um projeto da agência espacial estadunidense (NASA), em 1999, e depois foi transferido à Força Aérea, que visa o lançamento de um segundo X-37B em 2011."

Será que é necessária mais alguma coisa?

Hoje existe um colossal obstáculo: a mudança climática já irreversível. Faz-se referência ao inevitável aumento de calor em mais de dois graus centígrados. Suas conseqüências serão catastróficas. A população mundial em apenas 40 anos aumentará em dois bilhões de habitantes, e atingirá a cifra de nove bilhões de pessoas, nesse breve tempo.

Cais, hotéis, balneários, vias de comunicação, indústrias e instalações próximas aos portos, ficarão sob a água em menos tempo do que se precisa para desfrutar a metade de sua existência uma geração de um país desenvolvido e rico, que hoje, de maneira egoísta, se recusa a fazer o menor sacrifício para preservar a sobrevivência da espécie humana. As terras agrícolas e a água potável diminuirão consideravelmente. Os mares ficarão poluídos; muitas espécies marinhas deixarão de ser consumíveis e outras desaparecerão. Isto não é afirmado pela lógica, mas sim pelas pesquisas científicas.

O ser humano conseguiu incrementar, através da genética natural e da transferência de variedades de espécies de um continente para o outro, a produção por hectare de alimentos e outros produtos úteis ao homem, que aliviaram durante um tempo a escassez de alimentos como o milho, a batata, o trigo, as fibras e outros produtos necessários. Mais tarde, a manipulação genética e o uso de fertilizantes químicos contribuíram também para a solução de necessidades vitais, porém estão chegando ao limite de suas possibilidades para produzir alimentos sadios e aptos para serem consumidos.

Por outro lado, em apenas dois séculos estão se esgotando os recursos do petróleo, que a natureza demorou 400 milhões de anos em formar. Do mesmo modo, esgotam-se os recursos minerais vitais não renováveis dos quais precisa a economia mundial. Por sua vez, a ciência criou a capacidade de autodestruir o planeta várias vezes em questão de horas. A maior contradição em nossa época é, precisamente, a capacidade da espécie para se autodestruir e sua incapacidade para se governar.

O ser humano conseguiu aumentar as possibilidades de vida até limites que ultrapassam sua própria capacidade de sobreviver. Nessa batalha, consume aceleradamente as matérias-primas ao alcance de suas mãos. A ciência tornou possível a conversão da matéria em energia, como aconteceu com a reação nuclear, ao custo de enormes investimentos, mas não se vislumbra sequer a viabilidade de converter a energia em matéria.

O gasto infinito dos investimentos nas pesquisas pertinentes vem demonstrando a impossibilidade de conseguir em umas poucas dezenas de anos o que o universo demorou dezenas de bilhões de anos em criar. Será necessário que o menino pródigo Barack Obama nos explique? A ciência cresceu extraordinariamente, mas a ignorância e a pobreza também crescem. Por acaso, alguém pode demonstrar o contrário?

Fidel Castro
25 de Abril de 2010

Fonte: Granma

sábado, 24 de abril de 2010

SETE "HERÓIS" A MENOS, SETE CRIMINOSOS A MENOS

ANNCOL

Com o decreto de nomeação com a tinta ainda fresca, e com a missão de assassinar o comandante das FARC-EP, Alfonso Cano, morreu hoje (24/04/2010), sem conseguir jogar sua primeira bomba sobre El Tolima, o General Fernando Joya Duarte, dois Coronéis e outros quatro militares.

Fernando Joya Duarte e os outros militares mortos, deixam trás de si, um manto de sangue por todos os quarteis por onde passaram; camponeses assassinados para apresentá-los como guerrilheiros, bombardeamento de aldeias, o bloqueio de alimentos para os camponeses, morte de guerrilheiros que se renderam e fora de combate.

O regime mafioso e paramilitar perdeu homens qualificados para a guerra. Vendo as imagens de helicópteros se estatelando na terra, para a opinião pública e para todos os colombianos, seria melhor uma solução política para o conflito, que evitasse a tragedia da guerra.

Com os dois helicópteros destruidos , avaliados em milhões de dólares, poderiamos ter construido três escolas, um posto de saúde ou pavimentar duas rodovias. Os milhões de pesos que custaram ao povo colombiano esses sete militares "mortos no cumprimento do dever" poderiam ter sido investidos em 20 bolsas de estudo para estudantes pobres ou em medicamentos para os aposentados.

Definitivamente, a paz é mais barata

Os critérios da esquerda nas eleições

Por Emir Sader.


As referências estratégicas para uma análise de esquerda dos governos são a inserção internacional e o enfrentamento do neoliberalismo. A hegemonia imperial norteamericana e o modelo neoliberal são os dois pilares fundamentais de sustentação de um mundo violento e injusto.


A caracterização de governos latinoamericanos como progressistas ou de direita, vem daí. A liquidação da Alca - Área de Livre Comércio das Americas, que os EUA e o governo FHC tentavam impor ao continente e que foi derrotada com a participação decisiva do governo Lula - e a prioridade das alianças estratégicas com países da região - mediante os processos de integração regional, do Mercosul à Alba, passando pelo Banco do Sul, pela Unasul, pelo Conselho Sulamericano de Defesa, entre outros - e das alianças com o Sul do mundo - de que os Brics são a expressão mais clara - redefiniu o lugar do Brasil no mundo, conquistou mais espaços de soberania para que definamos de forma autônoma nosso destino.


Um governo de direita - como o de FHC e os propostos por Alckmin e por Serra - centrava nossa inserção internacional na aliança subordinada com os EUA e com os países do centro do capitalismo - os que foram colonizadores e agora são imperialistas e globalizadores -, nos distanciando da América Latina e do Sul do mundo - Ásia e África. É a política de um país como o México - cuja eleição, fraudada, do presidente atual, foi saudada por Alckmin na campanha de 2002, com o caminho que desejam para o Brasil e que levou à bancarrota atual daquele país, situação similar à que teríamos, caso tivessem ganho os tucanos naquela oportunidade.

Graças à derrota tucana, nos livramos da Alca, dos Tratados de Livre Comercio com os EUA e de termos atrelado nossa economia aos países que se tornaram os epicentros da crise internacional. Ao contrário, diversificamos nosso comércio exterior com o Sul do mundo - a China se tornou o primeiro parceiro comercial do Brasil, deslocando, pela primeira vez, os EUA dessa posição - e com os países da região.


Essa reinserção internacional é um dos avanços estratégicos que tem que ser considerados prioritariamente pela esquerda, cuja luta por enfraquecer a hegemonia imperial norteamericana e trabalhar por um mundo multipolar, é uma das marcas que a caracteriza como esquerda no período histórico atual.


Quando o candidato tucano fala em sair ou enfraquecer ainda mais o Mercosul - ainda mais quando a Venezuela ingressa -, em terminar com as alianças com o Sul do mundo para restabelecê-las - obrigatoriamente de maneira subordinada e vulnerando nossa soberania - com as potências centrais do capitalismo, não apenas quer restabelecer nossa posição subordinada e de perfil baixo no mundo, mas também retomar as condições da falta de autonomia para nossas políticas internas. Embora queira aparecer como continuidade do governo Lula - sabendo que, eleitoralmente, será derrotado, se aparecer como opositor frontal -, o candidato tucano vai deixando escapar o que realmente pretenderia fazer, caso ganhasse. A inserção internacional do Brasil seria radicalmente reformulada, em detrimento da prioridade de alianças regionais e com o Sul do mundo, vulnerando assim abertamente as condições de soberania, que são condição não apenas da nossa força externa, mas também da nossa autonomia para desenvolver nossas políticas internas.


Aqui entra o segundo ponto: a avaliação de políticas e de governos, conforme se coloquem a favor ou contra o modelo neoliberal. O governo FHC, depois do fracasso do governo Collor e da retomada do projeto neoliberal pelo governo Itamar, representou o mais coerente projeto neoliberal que o país conheceu, promovendo a desregulamentação e a mercantilização de forma generalizadas. Debilitou o papel do Estado em todos os planos, promoveu privatizações corruptas do patrimônio público, abertura acelerada da economia, proteção do capital financeiro, promoção das políticas de livre comercio no plano externo, exemplificadas no seu mais alto nível na promoção da Alca, precarização das relações de trabalho - com a maioria dos brasileiros passando a não dispor de carteira de trabalho -, entre outros atentados aos direitos sociais, à igualdade e justiça sociais, à democracia e à soberania do Brasil. Expropriou direitos em favor do mercado e da mercantilização, na educação, na saúde, na cultura, em tudo o que pôde.


O governo Lula freou o processo de privatizações - que teria avançado para a Petrobras, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica, a Eletrobrás, caso os tucanos seguissem governando -, retomou a temática do desenvolvimento econômico, como central, aliada indissoluvelmente à extensão dos direitos econômicos e sociais da grande maioria dos brasileiros, situados na pobreza e na miséria, retomou o papel central do Estado na indução do crescimento econômico e da distribuição de renda, brecou o processo de privatização da educação, fortalecendo as universidades publicas, entre outras ações, todas na contramão do modelo neoliberal. Fortaleceu direitos, promoveu a desmercantilização, avançou na democratização das nossas relações sociais e econômicas, como nenhum outro governo tinha feito.


São essas duas referências que dão o caráter da candidatura da Dilma para a esquerda: reinserção internacional do Brasil, fortalecendo os processos de integração regional e as alianças com o Sul do mundo, e enfraquecimento do processo de mercantilizacão desenfreada promovido pelos tucanos, fortalecendo os direitos, a esfera pública, o papel regulador e indutor do crescimento e dos direitos sociais do Estado.


Quem se propõe a afetar a soberania do Brasil e a questionar ações centrais para a retomada do tema do desenvolvimento - abolida e substituído pelo do ajuste fiscal pelos tucanos -, tentando desqualificar o PAC, prega o maior retrocesso que o Brasil poderia ter hoje, retomando temas jurássicos como as alianças prioritárias com os EUA, o abandono dos processos de integração regional na América Latina e no Sul do mundo.


Daí a polarização entre o campo progressista e o de direita nas eleições deste ano. Qualquer postura que pregue a anulação das diferenças substanciais entre os dois campos, desconhece a realidade objetiva, tenta fazer passar seus desejos com a realidade, e a ameaça cometer de novo o gravíssimo erro estratégico de fazer o jogo da direita, ao considerar - como fizeram em 2006, que Alckmin e Lula seriam iguais, sem que tenham feito autocrítica, por exemplo, sobre o que seria do Brasil na crise, sob direção tucano-demista - de que em um segundo turno se absteriam. A definição da posição no segundo turno deve ser feita desde hoje - pelos candidatos da extrema esquerda, assim como por Marina -, e revela a inserção de cada candidatura no campo da esquerda ou não.


A vitória do campo popular permitirá impor uma derrota estratégica à direita, mandará para a aposentadoria uma geração de políticos de direita, abrirá espaço para a saída definitiva do modelo neoliberal e a construção de um país democrático, justo, solidário, soberano, ao longo de toda a primeira metade do novo século.


Fonte: Carta Maior

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Os direitos do homem e a terra.

Eduardo Galeano
20 de abril de 2010

Infelizmente, não estarei junto com vocês.

Tomara se possam fazer todo o possível e, o impossível, também, para que a Cimeira da Mãe Terra seja a primeira etapa rumo à expressão coletiva dos povos que não dirigem a política mundial, mas a padecem.

Tomara sejamos capazes de tocar para frente essas duas iniciativas do companheiro Evo Morales, presidente da Bolívia, o Tribunal da Justiça Climática e o Referendum Mundial contra um sistema de poder fundado na guerra e o esbanjamento, que despreza a vida humana e põe bandeira de remate a nossos bens terrenais.

Tomara sejamos capazes de falar pouco e fazer muito. Graves danos nos tem feito, e nos continua fazendo a inflação palavraria, que em América Latina é mais nociva que a inflação monetária. E Também, e sobretudo, estamos cansados da hipocrisia dos países ricos, que nos estão deixando sem planeta, enquanto pronunciam pomposos discursos para dissimular o seqüestro.

Há que diga que a hipocrisia é o imposto que o vício paga à virtude. Outros dizem que a hipocrisia é a única prova da existência do infinito. E os inúmeros discursos da chamada "comunidade internacional", esse clube de banqueiros e guerreiros, prova que as duas definições são corretas.

Eu quero celebrar, em câmbio, a força de verdade que irradiam as palavras e os silêncios que nascem da comunhão humana com a natureza. E não é por casualidade que esta Cimeira da Mãe Terra se realiza em Bolívia, esta nação de nações ao cabo do dois séculos de vida mentida.


Bolívia acaba de celebrar os 10 anos da vitória popular na guerra do água, quando o povo de Cochabamba foi capaz de derrotar uma todo-poderosa empresa de California dona da água por obra e graça de um Governo que dizia ser boliviano e era muito generoso com o alheio.

Essa guerra da água foi uma das batalhas que esta terra segue livrando em defesa de seus recursos naturais, ou seja: em defesa de sua identidade com a natureza. Bolívia é uma das nações americanas onde as culturas indígenas têm sabido sobreviver e, essas vozes se escutam agora com mais força que nunca, apesar do largo tempo da perseguição e do desprezo.

O mundo inteiro, aturdido como está, andando como cego em tiroteio, teria que escutar essas vozes.

Elas nos ensinam que nós, os humanos, somos parte da natureza, parentes de todos os que têm pernas, patas, asas ou raízes.

A conquista européia condenou por idolatria os indígenas que viviam em comunhão, e por crer em ela foram açoitados, degolados ou queimados vivos.

Obstáculo ao progresso.

Desde aqueles tempos do Renascimento européio, a natureza se converteu em mercadoria ou em obstáculo para o progresso humano. E até hoje, esse divorcio entre nós e ela tem persistido, a tal ponto que ainda há gente de boa vontade que se comove com a coitada natureza, tão maltratada, tão lastimada, mas, olhando-a desde fora. As culturas indígenas a vêm desde adentro.

Vendo-a me vejo. O que contra ela faço, está feito contra mim. Nela me encontro, minhas pernas são também o caminho que as anda.

Celebremos, pois, esta Cimeira da Mãe Terra. E tomara os surdos escutem: os direitos humanos e os direitos da natureza são dois nomes da mesma dignidade.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Isto é um crime monstruoso

Editorial de Juan Gossaín em RCN Rádio, 16 de abril de 2010

Confesso que não termino de sair da minha perplexidade e meu espanto a cada nova revelação que a investigação, agora nas mãos da Fiscalia Geral, faz sobre o tema que o povo colombiano conhece como chuzadas (“furadas”), o tema dos grampos telefônicos do DAS (Departamento Administrativo de Segurança), e que na verdade não é mais do que um ato de espionagem e violação da privacidade das pessoas. Não saio do meu espanto!

A cada dia o assunto é pior, mais nojento e mais grave. Meu admirado companheiro Antonio José Caballero, com sua incansável ação de jornalista conseguiu cópia dos documentos que as autoridades da Fiscalia encontraram em buscas nos escritórios do DAS, especialmente onde estavam os equipamentos de interceptação, de espionagem. Os documentos que Caballero obteve são monstruosos. Quem ordenou, estimulou, patrocinou, calou ou encobriu, é o que a justiça tenta esclarecer.

Os documentos falam por si só. Terrível e dolorosa ironia que na parte superior esquerda de cada folha obtida nas buscas, aparece o escudo da Colômbia com a legenda “Liberdade e ordem”. Seria para rir, mas essas coisas dão vontade de chorar. “Liberdade e ordem”, imagina, “Liberdade”, sobretudo.

Vou me permitir ler alguns desses documentos textualmente, porque falam por si só. “Operações: Amazonas, Transmilenio, Bahía: Estratégia: desprestígio nos meios de comunicação, enquetes, chat. Ruas: distribuição de panfletos, grafites, cartazes, livros. Criação de páginas web, comunicados, denúncias, montagens”. Depois diz: “Sabotagem: terrorismo, explosivo, incendiário, serviço público, tecnológico. Pressão: ameaças e chantagem.” “Desinformar a população que se encontra a favor dos detratores do governo. Gerar divisão no interior dos movimentos de oposição. Impedir a materialização de cenários convocados pela oposição. Transbordo ideológico”.

Mais documentos: Junho de 2005. Amazonas – nome de uma das operações –. Objetivo geral: promover ações em benefício do Estado para as eleições de 2006. Alvos: partidos políticos opositores ao Estado: Frente Social e Política, Carlos Gaviria Díaz: gerar vínculos com FARC. Partido Liberal Colombiano, Piedad Córdoba: gerar vínculos com as Autodefesas Unidas da Colômbia. Horacio Serpa Uribe: gerar vínculos com o ELN. Polo Democrático Independente, Gustavo Petro: gerar vínculos com as FARC. Antonio Navarro: gerar vínculos com o M-19 e o narcotráfico. Wilson Borja: gerar vínculos com infidelidade sentimental. Samuel Moreno: demonstrar relação com estelionatos financeiros.

Depois a outra operação, Transmilenio: Objetivo geral: neutralizar as ações desestabilizadoras das ONGs na Colômbia e o mundo. Objetivo específico: estabelecer vínculo com organizações terroristas buscando processo judicial. Estratégias: sabotagem e pressão. Ação: serviços públicos, caminhões de distribuição, ameaças, guerra jurídica. Operação Halloween. Objetivo: conscientizar a população sobre a realidade da ideologia comunista. Estratégias: desprestígio. Ação: publicação de livro com 10.000 exemplares. Projeções: internet, 4 mil exemplares, criação de página web. Operação Arauca: Objetivo: estabelecer vínculos entre C.K. Jar e ELN. Estratégia: sabotagem. Ação: intercâmbio de mensagem com chefe do ELN, que será encontrado em busca (planta de falsos documentos).

... Seguem mais documentos

E o último dos documentos obtidos diz: “Operação estrangeiros. Objetivos: neutralizar a operação de cidadãos estrangeiros que atentam contra a segurança do Estado. Estratégias: investigações operativas, desprestígio e pressão. Ação: deportação, comunicados e denúncias”. Isto é uma mostra das 166 páginas apreendidas pela Fiscalia nas buscas no DAS.

Minhas opiniões comprometem a mim e quero dizer o seguinte: isto não é “furada”, isto é a mais horrorosa e nojenta espionagem do mundo, com atentados terroristas, como eles dizem, inclusive atacando caminhões que distribuem livros, com desprestígio das pessoas, com ataques a suas famílias. Isso não são “furadas”, senhores, é muitíssimo mais grave que isso. Isto é um plano de um organismo do Estado para acabar com o país, é apenas isso o que ai está. Quem disse ao DAS, que governo e Estado são a mesma coisa.

Por exemplo, ai diz: “Estabelecer vínculos com delinquentes de parte dos opositores do Estado”. Não. Em uma democracia as pessoas têm direito a se opor ao governo, seja lá qual for o governo. Quem disse ao DAS que há delito de opinião ou delito de dissentir do governo. Quem disse que a gente pode ir ao colégio das crianças a perseguir os filhos dos opositores. Quem disse que a gente pode ir dormir neste país e não amanhecer na sua cama porque à meia noite sem processo, sem justiça, sem provas, sem ordem judicial, aparecem para prender você na sua casa. Quem disse isso.

Estamos pedindo à Fiscalia, à Corte Suprema e a todo o sistema judicial, não somente que nos digam quem fez isso, quem ordenou fazer isso, quem aprovou fazer isso, quem sabendo que o DAS estava fazendo isso se tornou encobridor disso e não denunciou às autoridades. Não somente pedimos, mas exigimos.

Os colombianos temos direito a saber quem converteu o país em um Estado de policiais e terroristas de Estado, quem tentou converter isto em uma nação de espiões, quem foi que concebeu o macabro plano de converter opositores reais ou imaginários como se fossem delinquentes, quem está por trás disso. Três detetives do DAS? Não me faça rir, homem.

Queremos e necessitamos e exigimos que isto chegue até suas últimas consequencias, caia quem cair. Vejam, o câncer não se cura com aspirina, diz o povo, isto precisa é de uma alta cirurgia, isto não se cura com analgésicos. Queremos saber se o DAS é uma instituição respeitável do Estado ou uma cova de bandidos. Isto é feito apenas por bandidos, perseguir aos demais, por bombas para fazer crer que foi a oposição, como eles a chamam, perseguir adversários, tentar manipular as eleições, como está nos documentos do DAS.

Eu não sei se o país tenha, como eu, a indignação que estou sentindo, mas como se estivesse clamando no deserto peço, exijo, como cidadão colombiano, porque é meu direito, que me digam quem fez isso. Quem fez, quem planejou, quem concebeu, quem escreveu, quem efetivou, quem aprovou, qual funcionário do Estado, quem quer que seja, não denunciou ou não fez nada por impedir. Isso queremos saber.

Repito com São João Evangelista quando ele tinha apenas 24 anos: “Conhecer a verdade, porque apenas a verdade nos fará livres”.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

O INICIO DA CAÇADA COMEÇOU MAL



ANNCOL

ANNCOL, que não engole tudo inteiro, faz as seguintes perguntas ao Comando Sul do Exército dos EUA, de onde dependem hierarquicamente os militares colombianos mortos e feridos em Chaparral


O Comando Geral das Forças Armadas da Colômbia, de acordo com comunicado publicado na rede de notícias ao seu serviço (http://www.rcnradio.com/noticias/nacional/20-04-10/comando-de-fuerzas-militares-entrega-identidades-de-v-ctimas), informa um acidente aéreo ocorrido em 21 de abril na base militar ianque de Chaparral, onde perderam a vida sete altas patentes militares das Forças Armadas da Colômbia; entre eles o general Fernando Joya Duarte, comandante da Força Tarefa do Sul de Tolimal; o coronel Arturo Herrera Castaño, comandante da Brigada Móvel 20; o tenente-coronel Juan Gonzalo Lopera Echeverry, oficial de operações da Força Tarefa do Sul de Tolima; o capitão-de-fragata Rodolfo Garzón Venegas, piloto do helicóptero Bell 222 da Vertical de Aviação; o co-piloto, tenente-de-fragata Camilo Andres Cujar, além de um número indeterminado de soldados feridos, que viajavam em um helicóptero da empresa privada Vertical de Aviação com o objetivo de caçar o comandante das Farc, Alfonso Cano.

Ao entrar água no chope da festa que marcou o inicio da caçada, como era de se esperar, Uribe Vélez, com lágrimas de crocodilo, desejou paz nos túmulos dos heróis da pátria e pediu um minuto de silêncio. Pedido reproduzido exatamente igual por mais de mil vezes, nos comentários que depois de cada noticia os militares do departamento de guerra psicológica do glorioso Exército da Colômbia escrevem nos jornais ao seu serviço.

Visto o vídeo que "coincidentemente" foi gravado no momento do acidente, ANNCOL, que não engole tudo inteiro, faz as seguintes perguntas para Comando Sul do Exército dos EUA, do qual dependem hierarquicamente os militares mortos e feridos:

1 - Por que as altas patentes militares viajavam camuflados em helicópteros civis de empresas privadas de aviação, enquanto os soldados são transportados em helicópteros oficiais norteamericanos? É assim que a guerra foi privatizada na Colômbia?

2 - A divulgação do vídeo com tempo suficiente para ser editado, mais parece uma montagem feita nos laboratórios da Inteligência Militar do que um registro cinematográfico real. Mas, confiando na sua veracidade, surgem as seguintes perguntas: Por que razão um helicóptero militar com as características do Huey norteamericano, pilotado por peritos militares treinados pelo “U.S. Army", investe repentina e diretamente contra o helicóptero civil dos comandantes, como mostra o vídeo? Era um piloto suicida que queria atentar contra seus comandantes ou uma perda de controle do Huey por outras causas que querem esconder?

3 – O helicóptero civil caiu ao chão e se incendiou ou explodiu no ar? A causa da queda foi um acidente real ou foi por outra causa, que também quer se esconder?

É assim que o dinheiro dos cidadãos contribuintes dos EUA é empregado, armando e treinando "Omega Forces" tão eficientes como estas?

ANNCOL lamenta a morte e ferimentos dos soldados caídos na base militar ianque de Chaparral; da mesma forma que lamenta as mortes dos milhares de colombianos que "diariamente" morrem ou Desaparecem Positivamente em todo o país por causa do conflito armado colombiano e da guerra que a “oligarquia vende-pátria” declarou contra o povo colombiano há mais de 60 anos.

ALBA acorda consolidar a soberania e avançar rumo ao Socialismo.

Fonte: Prensa Latina.

Os países da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (ALBA) acordaram ontem na Venezuela consolidar sua integração em soberania em aras da construção do caminho rumo ao Socialismo.

Como ponto final da IX Cimeira do Bloco fundado em 2004, celebrada nessa capital, os chefes de Estado e Governo de Antígua e Barbuda, Bolívia, Cuba, Dominica, Equador, Nicaragua, São Vicente e as Granadinas e Venezuela, ratificaram esses objetivos mediante o documento titulado "Manifesto de Caracas Consolidando a Nova Independência".

Segundo a Declaração do Fórum, os esforços da ALBA estão motivados pelas lutas
independentistas iniciadas há 200 anos e, pela vontade e o legado de seus próceres.

Através do texto, os dirigentes consideraram que o logro das metas traçadas passa por alcançar a justiça plena e se liberar do intervencionismo estrangeiro e a submissão a mandatos imperiais.

Plasmaram, também, a decisão de continuar promovendo a defesa dos direitos humanos, o meio ambiente e a construção de uma base econômica independente desenvolvida e socialista com o Sucre (instrumento de pagos) as empresas gran-nacionais e o Bando da ALBA, entre
outras iniciativas. O Documento reflete ademais, a vontade do constituir os países da ALBA como um espaço de igualdade, melhor-estar social e superação da pobreza.

Para capitalizar tão ambicioso projeto social, as oito nações acordaram impulsionar mais os programas de saúde, educação e atenção aos portadores de necessidades espaciais.

No Manifesto de Caracas ficou clara a necessidade de impulsionar desde os governos a articulação dos movimentos sociais e a instalação do Conselho de Movimentos Sociais, prévio estabelecimento dos capítulos nacionais em cada país.

A Declaração conjunta insta a realizar ações políticas encaminhadas a denunciar a hipocrisia e o dupla moral mostrada nas relações internacionais pelos Estados Unidos e algumas nações européias.

Mediante o Manifesto, fixou-se a convocatória à Cimeira ALBA-TCP com autoridades indígenas e afro-descendentes, prevista em Imbabura, Equador, para os dias 3 e 4 de junho próximo.

Também, destacaram a decisão de criar a Comunidade de Estados Latinoamericanos e Caribenhos e, ofereceram seu apoio a Venezuela como sede em 2011 de uma Cimeira para sua fundação.

O vice de Uribe, negociou com os paramilitares


Por: Maria Laura Carpineta
Fonte;Página 12

Um dos comandantes dos grupos armados de direita contou que o vice-presidente colombiano tinha uma relação estreita com líderanças paramilitares e que com eles coordenava ações repressivas contra a guerrilha



O ano era 1997 e, o hoje, vice-presidente da Colômbia, Francisco Santos, liderava os esforços para libertar todos os “seqüestrados” do país através da sua Fundação País Libre. Por essa razão, conforme justificou anos mais tarde, reuniu-se secretamente com vários líderes paramilitares. Mas, 13 anos mais tarde, um dos comandantes dos grupos armados de direita contou sua história. "Santos perguntou ao comandante (Salvatore) Mancuso como progredia a ofensiva e a guerra (...), lhe perguntou como tinha ficado a questão pendente com o comandante (Carlos) Castaño sobre a presença das autodefesas (grupos paramilitares) em Bogotá e Cundinamarca (centro do país)", foi uma das lembranças escritas por Jorge 40 em suas memórias, recentemente publicadas pelo website verdadabierta.com.

Rodrigo Tovar Pupo, mais conhecido pelos colombianos pelo seu apelido Jorge 40, foi o paramilitares que denunciou o escândalo da para-política e colocou atrás das grades a dezenas de parlamentares, governadores e vereadores. Foi também o comandante que semeou o terror no norte-oeste do país com um exército de 4.500 homens durante seis anos e, em seguida, confessou mais de 600 crimes, incluindo dezenas de massacres de camponeses, pescadores e comunidades indígenas. Em 2006, negociou com o governo de Álvaro Uribe, depôs as armas e prometeu contar tudo que sabia.

Começou a falar perante os tribunais colombianos e, na privacidade da sua cela, a escrever suas memórias, uma versão adocicada de passagem pela guerra irregular, cheia de nomes e anedotas. Na noite de 13 de maio de 2008, quando ainda estava por escrever os anos mais lucrativos do paramilitarismo, Uribe deu a ordem de extraditá-lo para os EUA, junto de outros 13 chefes das Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC) acusados de narcotráfico. No meio do caminho, o governo confiscou as 152 páginas do seu manuscrito. Quase dois anos depois o texto vazou e veio à tona.

Através das páginas, Jorge 40 relatou seus primeiros contatos com os insipientes grupos armados de direita. Como roubavam armas da guerrilha ou as compravam diretamente de Miami, e como as alianças com alguns chefes de polícia evitavam problemas com a lei ou, inclusive, os tiravam da prisão quando necessário. Ele mencionou muitos nomes, mas o que se sobressai sobre os demais é o do atual vice-presidente Francisco Santos.

Dois líderes paramilitares, Salvatore Mancuso e Freddy Rendón Herrera, conhecido como ‘Alemão’, já o haviam mencionado em sua longa lista de contatos e de aliados políticos. O primeiro foi extraditado e a Corte Suprema da Colômbia impediu que o segundo seguisse o mesmo destino. Os dois acusaram o filho da poderosa família, dona do maior complexo de comunicações do país, de promover a criação de uma frente paramilitar em Bogotá. Mas Santos sempre se defendeu com o mesmo argumento; estava lá, nas reuniões com os sanguinários paramilitares, pelo ‘sequestrados’, só por eles. Depois de experimentar na carne, a mando do chefão narcotraficante Pablo Escobar, Santos criou em 1991, a Fundação País Libre para ajudar as famílias das vítimas deste flagelo.

Mas, para Jorge 40, a relação entre Santos e Mancuso foi além de uma simples mediação humanitária. "Vi a forma efusiva com que se cumprimentaram, e ele se dirigiu ao comandante Mancuso pela alcunha de ‘Monito’ (Macaquinho). Assim confirmei que já se conheciam", relembrou o líder paramilitar a respeito da primeira reunião que ele testemunhou em meados de 1997, quando as AUC apenas começavam a ser reconhecidas.

Nessa reunião, Santos pediu a Mancuso a liberação de um sequestrado que estava nas mãos de paramilitares, de acordo com a autobiografia do comandante: "Não só para ajudar uma família, mas também porque serviria para que a Fundação começasse com o pé direito”, teria explicado o reconhecido jornalista.

Não conseguiu uma resposta afirmativa, mas não por isso a conversa terminou. Segundo o relato de Jorge 40, Santos e Mancuso continuaram bebendo uísque e conversando. “Santos disse que era verdade que a guerra deveria continuar e que o ruim da guerra era que houvessem mortos.Disse então que estes não poderiam desaparecer, pois acabariam virando um problema, não apenas de direitos humanos, mas também um problema para sua Fundação", escreveu o comandante.

O manuscrito do paramilitar mantém, do início ao fim, um tom inocente, as vezes ingênuo.
Jorge 40 não era nem um nem outro. As organizações de direitos humanos colombianos o acusam como um dos mais sangrentos chefes AUC e um dos comandantes que concentrou maior poder territorial. Desmobilizou-se somente depois de chegar a um acordo com o governo de Uribe e Santos: Ele e o resto da cúpula paramilitar entregaram as armas e confessaram todos os seus crimes em troca de um da anulação das acusações e nova conta com a Justiça.

Tudo ia bem até 2007, quando a polícia invadiu o esconderijo de um dos seus comandados que não tinha sido desmobilizado e apreenderam o computador que desencadeou o chamado escândalo da para-política. A lista de políticos e funcionários que tinham apoiado e financiado os paramilitares para ganhar as eleições foi tornada pública e a Justiça começou a fazer perguntas a Jorge 40 e a seus companheiros. Em cada uma de suas declarações, um governador, senador, deputado ou vereador da coligação do presidente caia em desgraça.

Em 14 de maio os colombianos acordaram com a notícia de que quase todo o primeiro escalão paramilitar foi extraditado para os EUA. Uribe não consultou, nem informou a ninguém, nem à justiça, nem às famílias das vítimas. Para as organizações de direitos humanos, o presidente queria parar a hemorragia que desatou a parapolítica dentro de suas fileiras. Impossível confirmar. Mas Jorge 40 não poderá terminar suas memórias. Ele permaneceu nos primeiros meses de 1998, quando ele ainda tinha os anos de apogeu, militar e político, do paramilitarismo.

Da sua cela, em Washington, já não tem mais motivos para continuar escrevendo. No final de 2008, testemunhou através de videoconferência, numa causa contra uma deputada uribista, mas a sua predisposição parece ter mudado desde que seu irmão, o empresário Sergio Tovar Pupo, foi assassinado na Colômbia, em dezembro passado. Desde então, o comandante paramilitar não responder às convocações da justiça colombiana. Com ele seriam quatro os líderes paramilitares que foram chamados ao silêncio nos EUA. Um silêncio que somente beneficia seus antigos sócios.

terça-feira, 20 de abril de 2010

FARC se pronuncia sobre carta de Pearl para falar no estrangeiro.

Senhor
FRANK PEARL
Alto Comissionado para a Paz


Senhor Comissionado:

Conhecida sua carta do dia 5 de março propondo-nos conversações diretas, secretas, com agenda aberta e no estrangeiro, comentamos-lhe:

1. Nosso interesse por conversar ao redor dos temas da convivência democrática com este e outros governos, em procura de acordos, tem sido permanente desde Marquetalia em 1964.

2. Lamentamos sim, que sua nota haja chegado a escassos 4 meses do câmbio de governo e que, pouco depois de recebida, hajamos escutado o presidente afirmar que seu governo não conversará com a guerrilha, sem que haja mediado nada distinto que haver liberado dois prisioneiros de guerra e entregado os restos do Coronel Guevara à sua família, como gestos unilaterais de boa vontade de nossa parte.

3. Reiterando que as portas das FARC-EP permanecem abertas, queremos insistir em nossa opinião de que diálogos como o proposto pelo governo convém que sejam realizados na Colômbia e de cara ao país.

Do senhor comissionado, compatriotas,

Secretariado do Estado Maior Central, FARC-EP
Montanhas da Colômbia, abril de 2010
Ano do Bicentenário do grito de Independência.

Reflexões de Fidel

A irmandade entre a República Bolivariana e Cuba

(Extraído de CubaDebate)

TIVE o privilégio de conversar durante três horas, na quinta-feira 15 de abril, com o presidente da República Bolivariana da Venezuela, Hugo Chávez, quem teve a gentileza de visitar mais uma vez nosso país, desta vez vindo da Nicarágua.

Poucas vezes na vida, talvez nunca, conheci uma pessoa que tenha sido capaz de liderar uma Revolução verdadeira e profunda durante mais de dez anos; sem um único dia de descanso, em um território de menos de um milhão de quilômetros quadrados, nesta região do mundo colonizada pela península Ibérica, que durante 300 anos dominou uma superfície 20 vezes superior, de imensas riquezas, onde impôs suas crenças, sua língua e sua cultura. Não se poderia escrever hoje a história de nossa espécie no planeta ignorando o ocorrido neste hemisfério.

Bolívar, por seu lado, não lutou só pela Venezuela. As águas e as terras eram então mais puras; as espécies variadas e abundantes; a energia contida em seu gás e seu petróleo, desconhecida. Duzentos anos atrás, ao se iniciar a luta pela independência na Venezuela, não o fazia só pela independência nesse país, fazia-o pela de todos os povos do continente ainda colonizados.

Bolívar sonhou em criar a maior República que tenha existido e cuja capital seria o istmo do Panamá.

Em sua insuperável grandeza, O Libertador, com verdadeiro gênio revolucionário, foi capaz de pressagiar que os Estados Unidos — limitados originalmente ao território das treze colônias inglesas— pareciam destinados a semearem de miséria a América, em nome da liberdade.

Um fator que contribuiu para a luta da América Latina pela independência foi a invasão da Espanha por Napoleão, quem com suas ambições desmedidas contribuiu para criar as condições propícias para o início das lutas pela independência de nosso continente. A história da humanidade é sinuosa e cheia de contradições; e ao mesmo tempo, se torna cada vez mais complexa e difícil.

Nosso país fala com a autoridade moral de uma pequena nação que tem resistido mais de meio século de brutal repressão, por parte desse império previsto por Bolívar, o mais poderoso que jamais tenha existido. A imensa hipocrisia da sua política e seu desprezo pelos demais povos o conduziram a situações muito graves e perigosas. Entre outras consequências estão as provas diárias de cobardia e de cinismo, convertidas em práticas cotidianas da política internacional, já que a imensa maioria das pessoas honestas da Terra não tem a possibilidade alguma de dar a conhecer suas opiniões, nem de receber informações fidedignas.

A política de princípios e a honestidade com que sempre a Revolução Cubana expôs acertos e erros — e de modo especial determinadas normas de conduta nunca violadas ao longo de mais de 50 anos, como a de não torturar jamais um cidadão— não conhece exceção alguma. Da mesma forma, nunca cedeu nem cederá ante a chantagem e o terror da mídia. São fatos históricos mais que demonstrados. Trata-se de um tema sobre o que se poderia argumentar amplamente; hoje simplesmente o indicamos para explicar a razão da nossa amizade e nossa admiração pelo presidente bolivariano Hugo Chávez, um tema sobre o qual poderia me estender consideravelmente. Basta citar nesta ocasião alguns elementos para explicar por que afirmei que constitui um privilégio conversar durante horas com ele.

Ainda não tinha nascido quando do ataque ao quartel Moncada, em 26 de julho de 1953. Tinha menos de cinco anos quando do triunfo da Revolução, em 1º de janeiro de 1959. Conheci-o em 1994, 35 anos depois, quando já tinha completado 40 anos. Pude observar a partir de então seu desenvolvimento revolucionário durante quase 16 anos. Dotado de talento excepcional e leitor insaciável, posso testemunhar a sua capacidade para desenvolver e aprofundar as idéias revolucionárias. Como em todo ser humano, o azar e as circunstâncias desempenharam um papel decisivo no avanço de suas ideias. É notável sua capacidade de lembrar qualquer conceito e repeti-lo com incrível precisão muito tempo depois. É um verdadeiro mestre no desenvolvimento e divulgação das ideias revolucionárias. Possui o domínio das mesmas e a arte de transmiti-las com espantosa eloquência. É absolutamente honesto e sensível com relação às pessoas, sumamente generoso por natureza. Não necessita elogios e acostuma, em troca, prodigá-los generosamente. Quando não concordo com algum de seus pontos de vista ou qualquer decisão sua, simplesmente transmito-lhe minha opinião com sinceridade, no momento adequado e com o devido respeito a nossa amizade. Ao fazê-lo, sobretudo, levo em conta que é hoje a pessoa que mais preocupa ao império, por sua capacidade de influir nas massas e pelos imensos recursos naturais de um país saqueado sem piedade, e a pessoa à que com todo rigor golpeiam e tentam restar autoridade. Tanto o império como os mercenários a seu serviço, intoxicados pelas mentiras e o consumismo, correm mais uma vez, o risco de subestimá-lo a ele e a seu heroico povo, mas não tenho a mais mínima dúvida de que mais uma vez receberão uma lição inesquecível. Mais de meio século de luta me indica isso com toda clareza.

Chávez leva a dialética dentro de si próprio. Nunca, em nenhuma época, nenhum governo fez tanto por seu povo, em tão breve tempo. Satisfaz-me, de modo especial, transmitir a seu povo uma calorosa felicitação, ao se comemorar o 200º aniversário do início da luta pela independência da Venezuela e da América Latina. Quis o azar que em 19 de abril também se comemore a vitória da Revolução contra o imperialismo na Baía dos Porcos, há exatamente 49 anos. Desejamos partilhar dessa vitória com a pátria de Bolívar.

Satisfaz-me igualmente, cumprimentar todos os irmãos da ALBA.

Satisfaz-me igualmente, cumprimentar todos os irmãos da ALBA.

Fidel Castro Ruz

Abril 18 de 2010

19h24.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A Grande Festa Pátria

Hugo Rafael Chávez Frías

Fonte: www.abn.info.ve

I. "Antes da peruca e a casaca / foram os rios, rios arteriais", nos lembra Neruda em seu Canto Geral, em seu Amor América: são os rios arteriais que hohe teêm voltado converetidos em povos, como foi esse desborde de paixão e vida, muita vida, que encheu a terça-feira 13 a Avenida Bolívar de Caracas em conmemoração do resgate da Revolução Bolivariana, aquele glorioso 13 de abril de 2002. Rio de vida, rio de sonho, rio de dignidade, rio de Pátria que aquela vez quebrou os diques que a tirania fascista e a canalhice midiática, seguindo as ordens de seus amos do Norte, queriam impor-lhe para dominá-lo eternamente.

Tal e como o disse o domingo passado em "Aló Presidente", gostaria hoje de reiterá-lo: 11 de abril, ficas-te gravado em nossa historia com uma lágrima e com uma gota de sangue, com uma dor aqui no coração, aqui na alma, mas mais lá da dor, como disse Alí Primera:
"Fogo com choro é vapor, vapor com vento não é nada, se vá, como chuva voltará para começar a semeadura.

Garoto passa-me os fósforos que essa madeira vai arder (...) esse fogo iluminará o caminho pra onde haverá que partir, pra onde vai ser, cantar e cantar até que a vida se volva um cantar e nosso combate uma só canção."

Isso mesmo foi aquele despertar do 13 de abril de 2002: choroo com fogo convertido no poderoso vapor que impulsionou nosso povo para o combate feito uma só canção, com a consciência certa do rumo ao qual se dirige esta gigantesca nave onde todos estamos embarcados como um só povo: pela via do Socialismo, rumo a nossa independência definitiva.

Mais de 30 mil milicianos e milicianas foram juramentados na terça-feira passada, na Avenida Bolívar, no Dia da Milícia, Dia do Povo em Armas e Dia da Revolução de Abril, que celebramos todos os 13 desse glorioso mês nosso, para dar continuidade a uma gesta popular que, semeada em nossas almas e corações, será a colheita pátria dos anos por vir.

Bem disse fazendo suas as palavras de Martí, Imar Ágreda, essa fervorosa miliciana da Unefa que soube plasmar o sentimento de todos seus companheiros e companheiras: "...vale mais um minuto de pé que uma vida de joelhos".

É esse entusiasmo patriótico o que tem mobilizado milhares de compatriotas a ficar de prontidão junto a outros componente de nossa Força Armada Bolivariana. Se há oito anos o povo desarmado junto a seus soldados derrubou a ditadura em menos de 72 horas, agora esse mesmo povo armado se forma e prepara na nova doutrina da defesa e da guerra de todo o povo para desencadear outro 13 de abril, se os inimigos da Pátria se atrevem a tentar mais uma vez contra nossa República. Essa é a razão pela qual me faço eco do dito por Simón Rodríguez em sua extraordinária defesa de Bolívar em 1830: "Idéias e Milícias...Que criação!

II

Na Quarta passada estivemos sob o sol de Sandino: na amada Nicaragua volcanica; navegando pelo grade rio arterial que é seu povo em companhia do Comandante Daniel Ortega e de sua esposa Rosario Murillo.

Quanto amor, quanto carinho de sua gente nas ruas: no Mercado Oriental, em Porto Allende, em todas partes. Foi um vulcão de paixão que nos banhou para comprometer-nos ainda mais, porque amor com amor se paga. Esta é a razão pela qual assinamos um conjunto de documentos encaminhados a fortalecer a cooperação bilateral em áreas de importância chave como saúde, energia, alimentação e turismo. Demos forma a uma nova equação de cooperação para elevar e estender seu nível, o que nos levou a revisar a refineria em construção, que para 2015 começará a processar 100 mil barris diários de petróleo venezuelano.

"Se pequena é a Pátria, alguém grande a sonha" dizia Rubén Dario. E a Pátria hoje, já não é só Nicaragua ou Venezuela, porque como disse o ilustre bispo brasileiro Helder Câmara: "Quando sonhamos sozinhos / é só um sonho/ quando sonhamos juntos/ é o começo de uma realidade" E essa realidade, no presente, é a Pátria Grande.

III

Graças a nossa fraternidade com a Cuba revolucionária e porque temos aprendido a sonhar juntos e em grande, a Missão Bairro Adentro arribou na Sexta-feira passada a seus 7 anos de existência: 7 anos cambiando radicalmente a realidade da grande maioria dos venezuelanos que hoje contam com um Sistema de Saúde em constante crescimento e consolidação

Bairro Adentro, gostaria de reiterar, é um feito sem precedentes na história da humanidade: uma realidade que só pode ser possível dentro do Socialismo.

"... Assim, armado de amor, venho a ocupar meu posto em esse ar sagrado, carregado das sais do mar livre e do espírito potente e inspirador dos homens egrégios; a pedir venho aos filhos de Bolívar um posto na milícia da paz", dizia Marti em um discurso com motivo de sua chegada em Venezuela em 1881. Têm sido milhares e milhares as médicas e médicos cubanos que chegaram a nossa Pátria para formar uma milícia de paz, de amor de vida, de saúde, superando todos os ataques da oligarquia e seus meios de comunicação.

Bairro Adentro, como Missão Socialista, é a base, o pilar fundamental do Sistema Público Nacional de Saúde. Cada dia são mais os médicos venezuelanos que se integram nessa milícia da vida e, hoje são dezenas de milhares os estudantes que se preparam para conformar os novos batalhões de amor para continuar levando saúde a todos los cantos da Venezuela e de Nossa América.

IV.

Quando estas linhas sejam publicadas estaremos apenas a umas horas da grande festa pátria bicentenária.

A próxima Segunda- feira começa uma nova era que devemos fechar, com broche de ouro no ano de 2030, conquistando nossa Independência Definitiva.

Unamo-nos para fazer nosso aquele grito
libertário de 1810 que nunca mais deve calar.

Feliz Bicentenário da Independência para todas e todos. Feliz comemoração dos 200 anos de batalha!!!

Pátria Socialista o Morte!!!

domingo, 18 de abril de 2010

Perfil: Piedad Córdoba, a lutadora que não espera gratidão

Fonte: www.operamundi.com.br

Depois de sofrer violência, discriminação e de também ter sido sequestrada - no caso dela, pelos paramilitares de direita - a senadora colombiana dedicou-se a lutar pela libertação dos reféns que ainda existem em seu país

As imagens de Piedad Córdoba que o mundo conhece mostram a senadora colombiana, de 55 anos, embarcando em helicópteros brasileiros e partindo rumo a lugares perdidos na selva colombiana, enquanto jornalistas de meio mundo ficam olhando para o céu. Ela volta algumas horas depois, em companhia de reféns libertados.

No entanto, quando as luzes das câmeras se apagam, o país que deveria lhe agradecer pelo trabalho e pelos esforços não apenas deixa de fazê-lo como também, em várias ocasiões, retribui o favor com insultos e desqualificações.

Iván Cepeda Castro é o porta-voz do Movice (Movimento das Vítimas de Crimes de Estado) e foi eleito recentemente para o Congresso. Conhece Piedad desde a época em que ela e seu pai mantinham uma íntima relação pessoal e de trabalho. "Esta relação com meu pai", conta Iván, "foi muito significativa para ela e, de algum modo, transformou sua visão da realidade do país. Por muito tempo eles compartilharam projetos de defesa dos direitos humanos no parlamento e, quando mataram meu pai, foi um golpe muito duro para ela, não só em termos políticos, mas também pessoais. A busca de justiça pela morte de meu pai nos aproximou muito. Minha amizade com Piedad nasce como uma herança de meu pai, que ao longo dos anos fortificamos e estreitamos."

Os ataques a Piedad, segundo Iván, se explicam pelo fato de a senadora ter desafiado a crença de que somente pela via militar, com a guerra, é possível pôr fim ao conflito colombiano. "A busca de negociações e acordos é uma postura que se defende com relativa facilidade em um momento de consenso social sobre a paz, mas é muito difícil de defender em momentos nos quais a sociedade dá preferência a uma ideologia de segurança quase dogmática, que acredita apenas na guerra e na opção militar. Creio que parte da virtude e da novidade política da posição de Piedad Córdoba reside no fato de ela ter desafiado essa política de segurança democrática, criando a possibilidade de uma prática humanitária em condições muito adversas, uma prática que levou à libertação, até agora, de 14 pessoas."

A definição de Piedad Córdoba como uma mulher que conseguiu desafiar e vencer as adversidades é compartilhada por Olga Amparo Sanchez, diretora da Casa da Mulher de Bogotá e amiga da senadora desde os tempos de universidade. "É uma mulher que encarna o grande esforço necessário na Colômbia para romper múltiplas formas de discriminação, tanto por sua condição de mulher e de afrodescendente quanto pelo perfil de opositora com convicções políticas alternativas. Por isso acredito que Piedad é uma mulher que venceu e vence a cada dia a discriminação e o preconceito. Este valor e sua inesgotável capacidade criativa de gerar iniciativas políticas que resultem em espaços novos, de encontrar saída para os problemas da Colômbia, são as características que mais me motivam a respeitá-la e admirá-la".

O jornalista Hollman Morris, que acompanhou durante anos o trabalho da senadora na área social, declarou ao Opera Mundi: "Piedad Córdoba é uma pessoa capaz de gerar dinâmicas com suas ações políticas, o que permite que suas posições e iniciativas ocupem o centro do debate político. Isso vale não só para sua dedicação à busca da paz na Colômbia, mas também no âmbito dos direitos humanos. Piedad é uma das poucas figuras políticas da Colômbia que promoveram grandes processos legislativos e debates políticos favoráveis aos setores mais excluídos. Isso apesar de pertencer ao Partido Liberal, que faz parte do establishment político do país."

Violência

Piedad é também uma vítima da violência estatal e paramilitar na Colômbia - e sofreu esta violência de várias formas. Em 1999, a senadora foi sequestrada pelo chefe paramilitar Carlos Castaño, que só a libertou graças a uma forte pressão internacional. Ela decidiu viver um período no Canadá que definiu como exílio. Assim que voltou à Colômbia, foi alvo de dois atentados, o que a obrigou a separar-se da família, que por isso ainda vive naquele país.

"Acredito que a partida para o Canadá foi o momento mais difícil", diz Olga. "Ela teve de deixar tudo para trás e, sem ajuda do Estado e de seu partido, cuidar dos filhos em uma situação muito difícil, abandonando suas causas e lutas. Até hoje Piedad vive uma vida de grandes sacrifícios, quase sempre confinada em casa. Não é fácil para ela, que tanto ama a música, a dança, e é uma excelente dançarina de salsa. Mas isso, ou simplesmente ir a um restaurante ou supermercado, são atividades que hoje ela não pode se dar o luxo de praticar. Ela teve de eliminá-las de sua vida por segurança, por causa da perseguição da imprensa e da pressão do governo. Aprendeu a lidar com a situação com sua própria força, renunciando até mesmo a uma escolta do Estado. É uma mulher forte, mas também muito sensível, capaz de superar essas situações - que não deixam de lhe causar muita dor. Para mim, o que lhe dá força para continuar é ter um objetivo muito claro, que hoje é o de libertar os reféns".

Repúdio e simpatia

Iván explica desta forma a rejeição de alguns setores da opinião pública: "Trata-se de uma série de campanhas midiáticas artificiais de deslegitimação e difamação, que em alguns contextos levaram a golpes muito baixos contra ela, por sua condição racial e de mulher, como no famoso voo Bogotá-Caracas no qual alguns passageiros insultaram e quase a agrediram fisicamente. Mas não é verdade que Piedad seja uma mulher repudiada pela sociedade colombiana. O que ocorre é que alguns meios de comunicação e alguns ideólogos do governo de Uribe exageram esses ataques na tentativa de transformá-los em crença social. Assim como há esse tipo de reação, há manifestações de ampla simpatia e respaldo".

Citando um episódio específico para exemplificar, ele continua: "Lembro-me perfeitamente do momento em que acompanhamos a libertação do ex-deputado Sigfrido Lopez, do departamento de Valle. Quando chegamos à praça central de Cáli, havia uma manifestação com milhares de pessoas. Não conseguíamos chegar à tribuna por causa da quantidade de demonstrações de respeito, admiração e carinho por Piedad. Ela é uma mulher admirada e respeitada por muitos setores da sociedade. A população e seus votos comprovam isso."