"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

FARC-EP pede à União Européia UE que retire o rótulo de terroristas e apoie os diálogos


DELEGAÇÃO DE PAZ DAS FARC-EP
31/01/2013

Eliezer Jiménez
Semanário Voz e Le Courrier
A delegação de paz das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, grupo insurgente, as Farc-EP que desde há mais de dois meses está conversando com o governo colombiano em Havana, Cuba, em um esforço para trazer a paz ao país sul-americano, falando em exclusiva para o jornal Le Courrier, na Suíça, disse que "a melhor contribuição que podem fazer a União Europeia e a comunidade internacional é retirar o termo “terrorista” ao se referir à organização insurgente e apoiar o processo de diálogo com o governo colombiano, na busca do caminho para alcançar a paz com justiça social para o povo colombiano"

Quando perguntado qual o papel que eles podem fazer, ou devem desempenhar os países europeus, como Suíça, Suécia, França, Grã-Bretanha e Irlanda, etc. nesta fase das conversações e futuramente, Ivan Marquez porta-voz das FARC-EP disse: "Nós temos solicitado à comunidade internacional que rodeie os diálogos com um apoio concreto para que avance o avanço e exigindo que as partes permanecem na Mesa, o que para nós é compromisso voluntário. Por exemplo, não ajuda aos diálogos que uma das partes continue sendo considerada uma organização terrorista como nos denomina a União Européia, é necessário que essa forma de nós ser chamados seja banida quanto antes e é importante que os governos dos países interessados na paz da Colômbia trabalhem nisso.
Não somos terroristas, somos um grupo beligerante e a rebelião é um direito dos povos, nos levantamos em armas contra o Estado colombiano que nos fechou a possibilidade de fazer política ampla e aberta e forçados pelas circunstâncias que todos conhecem e, se hoje estamos na Mesa conversando com esse mesmo Estado que nos ataca e nos persegue, na tentativa de encontrar soluções para a paz na Colômbia, é porque não somos terroristas. Não faz sentido que internacionalmente nos continuem chamando de terroristas, pois é muito importante e benéfico para a paz da Colômbia e a tranquilidade da região que essa forma de se mencionar às FARC seja banida quanto antes. Nós acreditamos que é a melhor contribuição que os governos europeus podem fazer para o processo de diálogo, para a paz da Colômbia e, espero que os euro-deputados, deputados de diferentes países europeus e organizações sociais se dediquem a trabalhar nesse sentido"

Da mesma forma Marquez referindo-se à pergunta sobre a contribuição a ser feita por pessoas, organizações, latinos e colombianos no exterior, especialmente na Europa, para continuar a apoiar este processo e como esse apoio pode ser uma realidade benéfica para os diálogos, a delegação de Paz das FARC-EP de Cuba respondeu:

"Para os e as compatriotas, não só colombiana na Europa, mas de Nossa América devem estar comprometidos em fazer tudo o possível pelo avanço da solução política do conflito que vivemos Como? Cada uma e cada um, segundo suas capacidades e possibilidades, pode desde divulgar a realidade do país e as melhores soluções para os seus problemas nas conversas diárias até a difusão na mídia à qual se tenha acesso, começando com as seções de cartas de leitores fazer também nas redes sociais e participar ativamente do planejamento, preparação e realização de todos os eventos que giram em torno do nobre propósito da paz desejada. Por isso precisamos de um grande apoio internacional."

A delegação de paz das FARC-EP espera que se continue a realizar mais ações para a paz na Colômbia e em todo o mundo, tais como a assinatura do documento A PAZ DA COLÔMBIA PAZ: UM PROCESSO A RESPALDAR, que atualmente circula e que é iniciativa de várias organizações suíças, belgas, alemães, irlandesas e francesas, entre outros.
Finalmente, reclamou das dificuldades de comunicação para fora de Cuba para comunicar idéias, discussões e contribuições para os diálogos que são realizados e divulgados para outros países do mundo: "O que em outros lugares é muito fácil, aqui não é, por causa do bloqueio existente pelo imperialismo dos EUA. O bloqueio a Cuba, não é conto, é muito real e qualquer coisa que em outros lugares é simples de fazer, por exemplo, a comunicação via skype, aqui não é possível ".

Fonte: Publicado na edição impressa do jornal "Le Courrier" da Suíça, 29 de janeiro de 2013

Comunicado das FARC-EP sobre as declarações governamentais.

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A Havana, janeiro 31 de 2013

Com declarações altissonantes da delegação do governo ontem em Bogotá reiniciamos hoje as conversações de paz em A Havana

Não vamos a discutir com a delegação governamental na Mesa, os assuntos da confrontação tal como já foi conveniado. Por isso guardamos silêncio diante dos bombardeios e do uso desmesurado da força por parte da aviação contra os nossos acampamentos em trégua unilateral.

Humberto de la Calle tem reiterado que a ordem presidencial para a Força Pública é seguir perseguindo às FARC em todo o território nacional. Então, resulta insensato que enquanto se fazem declarações de escalar a guerra façam queixas pelas consequências que essa guerra desata.

A cada dia se vê mais necessário buscar um Cessar de fogos e de hostilidades, ou caso contrário, fazer um tratado de regularização da guerra, como temos sugerido inúmeras vezes. Ao respeito, convidamos de maneira serena ao Ministro de Defensa e ao General Navas a analisar juntos essa possibilidade humanitária que abriria campo para que o processo avance sem sobresaltos.

As FARC-EP não têm vindo a perder tempo em A Havana nem a fazer que ninguém o perca, senão a buscar a paz com justiça social para Colômbia. Temos apresentado Dez Propostas para uma política de desenvolvimento rural e agrário integral e, estamos à espera de uma proposta do governo que responda ao clamor de câmbio do país nacional.

Certamente que o tema das vítimas é fundamental no presente processo. Mas, as vítimas são as vítimas do conflito. O Estado deve pôr a cara pelas políticas de terror que durante décadas têm victimizado aos colombianos. Por ação ou por omissão, é o Estado o ponto último de imputação.
Independentemente de que o gavirismo quera ou não Constituinte, definitivamente não há outro caminho para alcançar um verdadeiro pacto de paz.
Não convém ao país que o governo empece a buscar, como se evidenceu ontem em Bogotá, um “florero de Llorente” para romper a Mesa, quando o que se requer é inventiva, paixão e, que com feitos concretos, sem demagogias, o governo dei passos definitivos, sacando da miséria aos que a padecem e, acabar a guerra que dessangra à Pátria.

DELEGAÇÃO DE PAZ DAS FARC-EP

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Altamiro Borges: A Bolívia que a mídia oculta

30/01/2013

Economia boliviana vive período de expansão, impulsionada pela força do mercado interno e pelo aumento dos investimentos públicos

Escrito por: Blog do Miro

 
Na semana passada, o presidente Evo Morales fez um balanço sobre os avanços do seu governo. A mídia colonizada – que “fala fino com Washington e fala grosso com a Bolívia”, como já ironizou Chico Buarque – preferiu ocultar as boas notícias do país vizinho, como se ele não existisse.
No seu velho padrão de manipulação da informação, como ensina o mestre Perseu Abramo, a mídia realça o que lhe interessa e omite o que não lhe interessa. No caso da Bolívia, ela só é notícia quando ocorrem fatos negativos.

Segundo o balanço, que faz parte do novo censo nacional, a economia boliviana vive um período de expansão, impulsionada pela força do mercado interno e pelo aumento dos investimentos públicos. O país está nos primeiros lugares do ranking de crescimento na região. Enquanto a média de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) entre os anos de 1999 a 2005 foi de 2,6%, nos últimos seis anos ele atingiu os 4,8%. No mesmo período, a média da renda per capita da população subiu de US$ 956 para US$ 1.775.

O governo teve papel decisivo como indutor do desenvolvimento. O Estado elevou sua participação na economia de 18,5% para 30,6% em 2012, com o aumento de investimentos e a estatização de empresas. Isso rendeu ao setor público um crescimento na receita de exportação: no caso dos minerais, o governo passou a arrecadar cerca de US$ 11,3 bilhões no período de 2006 a 2012 - quase 10 vezes mais que os US$ 1,75 bilhão entre 1999 e 2005. “Agora dependemos menos do mercado externo”, festejou Morales.

Os avanços na economia tiveram reflexos diretos na melhoria do bem-estar dos bolivianos. Entre 2006 e 2012, mais de 1,6 milhão de pessoas se beneficiaram com projetos de água potável e saneamento básico da campanha Minha Água, que tem como objetivo atingir até 2015 os “objetivos do milênio” traçados pela ONU. Com a introdução de bolsas escolares de US$ 29 para jovens da escola primária e secundária, o governo reduziu o número de deserção escolar e aumentou o número de alfabetizados.

Nos sete anos de mandato de Evo Morales, o governo também investiu pesado na saúde pública em todas as regiões do país. Mais de 10 mil postos de saúde foram criados. Com estas e outras medidas, a diferença entre as taxas de natalidade e mortalidade diminuiu de 2,74% para 2,03%. A população boliviana teve um crescimento de 25,5% nos últimos dez anos, chegando à marca dos 10,3 milhões de habitantes em 2012. Infelizmente, estas boas notícias não mereceram o devido destaque da mídia colonizada do Brasil.

Ao festejar o balanço altamente positivo, o presidente Evo Morales se comprometeu em manter o ritmo das mudanças para atingir os “13 pilares do programa de governo para uma Bolívia digna e soberana”:

1- Erradicação da pobreza extrema;
2- Universalização de serviços básicos para “viver bem”;
3- Saúde, educação e esportes para “formação de um ser humano integral”;
4- Soberania científica e tecnológica;
5- Desenvolvimento integral “sem a ditadura do mercado capitalista”;
6- Soberania financeira;
7- Nacionalização e industrialização dos recursos naturais;
8- Soberania alimentar;
9- Defesa do meio ambiente, “respeitando os direitos da Mãe Terra”;
10- Integração soberana da América Latina;
11- Transparência na gestão pública com base nos princípios de “não roubar, não mentir e não ser frouxo”;
12- Desenvolvimento e desfrute da cultura boliviana;
13- Reencontro com “a nossa alegria, felicidade, prosperidade e nosso mar”.

"Estou otimista e confio nos tratamentos", disse Chávez a Maduro

 

O presidente pediu que o vice transmitisse a mensagem e sua força aos venezuelanos


O vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro,(foto) afirmou nesta terça-feira (29/01) que Hugo Chávez disse estar "muito otimista" com o tratamento médico ao qual está sendo submetido em Cuba, onde foi operado em 11 de dezembro.

"Estou muito otimista, confio plenamente nos tratamentos que estou fazendo (...). Estou apegado a Cristo e à vida", teria dito Chávez a Maduro pouco antes do vice viajar ao Chile, onde participou da Cúpula da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e da UE (União Europeia).

"Chávez nos pediu para que transmitíssemos a vocês esta fortaleza", acrescentou Maduro em um ato em Barinas, cidade natal do presidente, onde hoje foi inaugurada uma escola no terreno em que ficava a casa da família Chávez.
O vice-presidente lembrou que, no domingo e na segunda-feira, durante a cúpula da Celac, recebeu "em público e em privado" mensagens de presidentes, primeiros-ministros e outros funcionários em solidariedade a Chávez.

O ministro de Comunicação, Ernesto Villegas, indicou no sábado que a evolução geral da saúde do presidente é favorável após a "complexa" operação de dezembro.

"Para este momento, a infecção respiratória grave foi superada, mas persiste certo grau de insuficiência respiratória que está sendo devidamente tratada", afirmou.
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Com agências internacionalis

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

LANÇAMENTO DO COMITÊ BRASILEIRO ORGANIZADOR DO FÓRUM PELA PAZ NA COLÔMBIA Avante a paz com justiça social, democracia e soberania!


 

                                                                                                                       Com sucesso foi lançado no dia 24 de Janeiro na cidade de São Paulo o Comitê organizador do Fórum pela paz na Colômbia.

Este Fórum pela Paz na Colômbia acontecerá na cidade de Porto Alegre, no próximo mês de maio, mais exatamente nos dias 24, 25 e 26 de 2013 e é uma iniciativa das mais de 2000 organizações populares e políticas colombianas, cujo objeto é reunir os aportes de experiências, produções acadêmicas, culturais, artísticas dos lutadores pela paz, pelos direitos humanos e pela democracia de nossa América, que ajudem o movimento social colombiano a ampliar a mobilização popular pela busca de acordos legítimos para a resolução das causas sociais do conflito armado. Neste sentido, o Fórum é de suma importância, porque aportará à participação social no desenvolvimento dos diálogos de paz entre o governo e as FARC-EP, que atualmente se realizam na cidade de Havana, Cuba.

O Fórum dentro do marco de debate da Paz da Colômbia propõe três eixos transversais: a) Justiça Social; B) Democracia; C) Soberania. Desses três eixos se desdobram grupos temáticos com capacidade de acolher a multiplicidade de experiências e contribuições dos diversos sujeitos sociais em torno à temática e em relação com a paz da Colômbia e seus efeitos para os povos de América Latina.

Neste lançamento do comitê organizador do fórum contamos com a participação de diversas forças políticas do cenário brasileiro como partidos políticos, movimentos sociais e centrais sindicais, a saber: Agenda Colômbia Brasil, Asociación Cultural José Martí- RS, Casa América Latina, Cebrapaz/Conselho Mundial de paz, ECLA, UJC, UJS, Juventud libre, Juventud Comunista Avanzando, JPT, Alba dos movimentos sociais, Coletivo de mulheres Ana Montenegro, Encontro nossa América, Marcha das Mulheres, MST, MOPAT, , Refundação Comunista, Consulta Popular, Corrente Comunista Luiz Carlos Prestes, PSOL, PCR, FOS, PCB, PACOCOL, PC do B, CTB-FSM, Unidade Classista e CUT-Brasil. Também estiveram presentes o Deputado estadual: Adriano Diogo – PT e o vereador Toninho Vespoli – PSOL. Somado a este importante respaldo contamos com um comitê de apoio no âmbito parlamentar em Brasília. Mesmo sem fazer presença confirmaram a participação e apoio neste comitê o movimento das Mães de Maio, Brigadas Populares - RJ, Plenária de movimentos sociais de Rio de Janeiro, o centro de educação, estudos e pesquisa – CEEP, o Núcleo Piratininga de Comunicação – NPC, CPERS Núcleo 39 e CMP (Central de Movimentos Populares).

Do lado colombiano participaram os representantes da Marcha Patriótica no Brasil: Mauricio Aviles (POA), Carolina Ojeda Marulanda (São Paulo), Sergio Quintero Londoño (Rio de Janeiro) e Javier Calderón, integrante da comissão internacional do MMP e membro do grupo Colombianos e Colombianas pela Paz. 

Nesta importante reunião se definiram quatro comissões de trabalho para a construção do fórum: comunicação, finanças, logística e política. Simultaneamente também se conformaram comitês de apoio na Argentina, Uruguai, Chile, Equador e Venezuela.  Definiu-se também que os comitês do Brasil e Colômbia terão a responsabilidade de tomar as decisões sobre a organização do Fórum pela Paz na Colômbia e do desenvolvimento da metodologia. Além disso, outras iniciativas poderão apoiar essa elaboração coletiva.
    A convocatória continua aberta ao conjunto das organizações, movimentos populares, partidos políticos e em geral à sociedade brasileira para participar desta iniciativa de construção com férreas intenções de uma América latina do tamanho de nossos sonhos, Justa, democrática e soberana. 
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Com apoio do PCB

domingo, 27 de janeiro de 2013

As FARC-EP insistem na necessidade da Assembleia Constituinte para alcançar a paz

As FARC-EP ofereceram uma coletiva de imprensa, onde apresentaram seu balanço do que foi até este momento o diálogo com o governo colombiano.


Internacional | teleSUR | 25-01-2013 |

Os insurgentes asseguram que as negociações continuam em um bom ritmo, com propostas concordantes sobre a transformação no campo, porém com diferenças especificamente com a proposta das FARC de realizar uma Assembleia Constituinte e de fazer um cessar-fogo, dois pontos nos quais definitivamente difere a delegação governamental.
Em seu balanço, finalizando o terceiro ciclo de diálogos de paz, a delegação das FARC assegurou que as negociações “vão por um bom caminho”, porém insistiram na necessidade de uma consulta direta ao povo para sair do conflito armado que existe há mais de meio século. 

A delegação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), que se encontra em Havana (Cuba), mantendo conversações de paz com o Governo desse país sul-americano, afirmou, nesta quinta-feira, que é necessária uma Assembleia Constituinte para sair do conflito armado que permanece há mais de meio século e causou milhares de mortes na Colômbia.

Durante o balanço de encerramento do terceiro ciclo dos diálogos de paz, o membro da delegação das FARC, Iván Márquez, afirmou ainda que as negociações “estão indo bem” e que o “recurso mais importante, o que mais garantias podem dar à forma de um eventual acordo, é o da consulta direta ao povo”.

“Para nós isto é muito importante, porque apresentaremos a nossa necessidade de conseguir, em matéria de paz, uma Política de Estado, que a paz seja uma política de Estado e não a política de um Governo, porque um Governo pode ser hoje e amanhã não, já que, muitas vezes, o Governo seguinte se esconde atrás dos acordos”, expressou Márquez.
Outro porta-voz das FARC, Andrés París, disse que a Assembleia Constituinte é “a verdadeira garantia para que os insurgentes pensem em uma solução política”, enfatizando sua confiança de que o povo colombiano apoiará a iniciativa.

Com respeito aos diálogos, os membros do grupo insurgente destacaram que “as partes possuem a ideia de desenvolver um processo de maneira rápida e que os compromissos que sejam firmados pelo Governo tenham uma solução de fundo”.

Do mesmo modo, assegurou que o tema do cessar-fogo bilateral se mantém na discussão porque, ainda que o Governo tenha reiterado sua vontade de não aceitá-lo, as FARC insistem em sua decisão de defendê-lo como uma alternativa no marco das negociações.
“Acreditamos estar em uma discussão para começar a solucionar os problemas que existem na Colômbia. Para isso, não é necessário esperar que terminem estes diálogos (...) a conclusão do conflito é o que dará sustentará as transformações”, destacou París.

“Inimigos da paz”

Por outro lado, com respeito à cobertura midiática que vem sendo empregada às conversações, as FARC denunciaram a ação de certos meios de comunicações colombianos e internacionais, que “geram focos de opiniões contrárias às esperanças do povo” de solucionar o conflito.

Márquez se referiu às cadeias RCN, Radio Caracol, El Espectador, El Tiempo e Semana.com como meios que continuam desprestigiando os porta-vozes da insurgência, para gerar confusão sobre as conversações.

Também disseram que outro “grande inimigo da paz é o latifúndio” e insistiram na existência de um setor de latifundiários ligados às práticas paramilitares, que não querem ceder seus privilégios e buscam impedir não só a reforma agrária, mas todo avanço progressista na Colômbia.

Diante disto, Márquez fez um chamado para que toda a comunidade internacional “tenha os refletores postos sobre este modo de atuar” e entendam que um grande avanço é que já existem pontos coincidentes com o Governo, a fim de fazer com que as negociações “permaneçam em um bom ritmo”.

Nesta quinta-feira, foi finalizado em Cuba o terceiro ciclo das negociações de paz entre as FARC e o Governo da Colômbia.

Como resposta às declarações dos insurgentes, o Governo do país sul-americano emitiu um comunicado repudiando os ataques aos diálogos de paz que pretendem desvirtuar o processo.

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

Lula, Haddad e a comunicação

"Sampa................o mais possível quilombo de Zumbi"

Caetano Veloso


No último dia 17, os dois jornalões paulistas foram coincidentes ao publicarem, no alto da primeira página, uma foto ampla da reunião de Lula com o prefeito Haddad e secretariado. Acompanham as fotos, textos indicando temor sobre o que Lula e a nova gestão na prefeitura podem fazer de novidade em políticas públicas na maior cidade brasileira, uma das maiores do mundo. É como se dissessem: "ele já nos tirou a prefeitura, o que estaria tramando agora?" E também havia nos textos uma certa indignação mal contida, destas duas oligarquias midiáticas, como se fosse um absurdo Lula dar conselhos (palavra escolhida para passar ideia de submissão) ao novo prefeito e como se fosse algo ilegal ou irregular o presidente do partido que elegeu o prefeito – partido que continua detendo a mais elevada preferência dos eleitores – estivesse ali para um reunião de natureza política. Como se não fosse o mais básico e elementar da atividade política dialogar para escolher caminhos e estratégias para melhorar a vida dos cidadãos.

Como se as administrações apoiadas anteriormente pelos dois jornalões não tivessem pedido e recebido conselhos, até de instituições privadas estrangeiras, para definir as suas ações, até mesmo no plano nacional. Lembro aqui que até mesmo a privatização da estatal Vale do Rio Doce – uma ferramenta estratégica criada por Vargas para a industrialização brasileira – foi realizada sob total orientação externa, com cronograma definido pela consultoria Merryl Linch, dos EUA, para a qual trabalham muitos brasileiros ocupantes de cargos em governos anteriores.

Mas se pode ir além de registrar uma perceptível frustração de segmentos do grande poder econômico ante a nova ofensiva de Lula, que não se abateu com saraivadas de críticas recentes e levanta-se faceiro de um delicado tratamento de saúde. Ele passa agora a elaborar uma pauta política construtiva para as administrações públicas, e também renovadora quando convoca, outra vez, a mobilização criativa e inquietadora das caravanas. Isso depois de ter organizado uma tática audaciosa, mas adequada e flexível o suficiente, para desorganizar o campo conservador e vencer na maior cidade brasileira. A aliança com Maluf permitiu não apenas levar o PT de volta à prefeitura paulistana, mas, especialmente, enfraquecer o polo conservador que queria, ele próprio, ter o apoio malufista para continuar alinhando este importante poder municipal na agenda das iniciativas nacionais à direita.

Gargalhadas de Lênin
Do mesmo modo, são estas alianças costuradas por Lula, como a estabelecida com Sarney, por exemplo, que permitiram, em 2005, frustrar o plano conservador de lançar a operação impeachment, aliança que, na época, não foi bem compreendida mesmo por alguns segmentos importantes do PT. Houve até senador petista que sacou da tribuna um cartão vermelho para Sarney – para delírio destes dois jornalões – sem perceber que é prerrogativa do presidente daquela casa parlamentar dar início ao processo de impeachment – além disso, a vice-presidência era ocupada, então, pela oposição ao governo Lula. Também foi por meio de aliança de Lula com o PMDB de Sarney que foi arquivada a CPI do MST. Naquela altura, o ex-presidente subiu à tribuna para condenar a criminalização dos movimentos sociais e, lembrando que havia sido ele a criar, quando presidente da República, o Ministério da Reforma Agrária, declarou que "criminosa é a estrutura fundiária no país". Está nos anais.

Certamente, muitos segmentos da esquerda ainda não concordam com a política de alianças. O tema é, evidentemente, terreno para muita polêmica. Mas ainda hoje se ouvem as gargalhadas de Lenin, no Kremlin, quando, depois da Revolução Russa, ele foi acusado de ser agente alemão até por setores da esquerda e foi cobrado, pelo imperialismo alemão, por não ter cumprido a aliança feita antes para retirar a Rússia da guerra, pela qual pôde retornar ao seu país pelo famoso trem-blindado. Os alemães reclamavam da revolução e Lênin ria deles dizendo que as alianças eram apenas para tirar a Rússia da guerra e que a revolução não estava no acordo.

Alianças táticas e Malvinas
Como Cristina Kirchner pautou novamente a independência das Malvinas – e militares ingleses estão pedindo apoio à França para eventuais operações no Atlântico Sul – recorde-se que aquela guerra, de 1982, também foi palco de várias lições de alianças táticas, valendo citar o gesto de Fidel Castro, oferecendo tropas de Cuba à Argentina, então presidida por Galtieri, para lutar ao lado do povo argentino contra o imperialismo inglês. Na época, também houve muita confusão na esquerda, sobretudo nos setores que substituem dialética por moralismo. Mais recentemente, frente à condenação ao Brasil pelo envio de tropas ao Haiti, Fidel, uma vez mais, dá uma lição de visão estratégica: "prefiro tropas brasileiras a marines dos EUA no Haiti", disse. Vale informar que Lula condicionou o envio de tropas ao Haiti ao apoio de todos os países do Caribe, e o obteve, inclusive de Cuba e da Venezuela.

Mais Estado
Alianças táticas continuam a produzir polêmicas. No entanto, agora, são estes dois jornalões, e o pensamento ideológico que representam, que estão obrigados a constatar, involuntariamente, que as alianças de Lula, "com Deus e o Diabo", como ele falou certa vez, parafraseando Trotsky, têm resultado em avanço das forças progressistas na administração pública para praticar a política de “mais Estado”, e na redução dos espaços daqueles que insistem na política de “Estado mínimo”, pois, como se sabe, rico não precisa de política pública. A não ser para manter as taxas de juros – a bolsa família dos rentistas – nas alturas.

Agora, muito mais conhecedor dos meandros da máquina pública, serão mais certeiros os conselhos de Lula aos prefeitos dispostos a uma política renovada nas administrações onde explodem os mais complexos problemas do caos que é a urbanização capitalista. A simples coordenação e cooperação entre as esferas públicas nacional, estadual e municipal, recomendadas por Lula, já representam uma maior presença do Estado. O que não é irrelevante num país que tem dificuldades até para a mera execução plena dos recursos orçamentários já liberados. Há, afinal, problemas grandiosos demais para terem soluções no estrito nível municipal e num ambiente capitalista. Foi exatamente esta aliança entre governo Dilma e governo e a prefeitura do Rio de Janeiro o que viabilizou programas complexos e arrojados, como o das UPPs , do Minha Casa, Minha Vida em regiões de difícil presença do poder público até então, além dos teleféricos no Morro do Alemão e a expansão do metrô, contrariando segmentos da classe média mais endinheirada que se revolta ao ver os pobres da Pavuna, via conexão com o metrô, desfrutando da praia de Ipanema, que não é privativa de quem mora ali. Essas obras são realizadas em parceria com o governo federal, explicando, em boa medida, a vitória eleitoral no primeiro turno da eleição na Cidade Maravilhosa, onde o partido de Lula também faz parte da direção.

Comunicação versus publicidade
O tema em foco aqui são as declarações do prefeito Fernando Haddad. que destacou a necessidade de fazer comunicação, tendo o cuidado de ressaltar que "comunicação não é publicidade". Desfazendo, desse modo, uma confusão muito comum também em administrações de esquerda, o Haddad foi “na mosca” ao destacar que "o que precisamos é de diálogo com a população". Acerta o novo prefeito, pois, além de questionar os acordos problemáticos para a renegociação da dívida municipal – sacralizando os interesses da bancocracia –, ele abre uma janela para o debate de sugestões, já que, como foi noticiado, pede que lhe sejam enviadas propostas para as diversas áreas. Mas, para organizar esta participação social é necessário apontar para a construção de um sistema público municipal de comunicação capaz de realizar esse processo de consultas e de compartilhamento de ideias para Sampa. E de ajudar a governar de modo participativo.

Tabu?
Talvez um tema a ser enfrentado com uma forte discussão seja exatamente em torno do inexplicável tabu, que ainda vigora em esferas do PT e das esquerdas, recusando a legitimidade da administração pública para ter seus próprios sistemas de comunicação. Houve mesmo um tempo em que predominava o pensamento de que jornais partidistas seriam coisa do passado, que o recomendável e possível era disputar a hegemonia no quadro da imprensa existente. Creio que, após 10 anos de experiência do PT no governo e uma campanha fascista de mídia sobre o caso do chamado “mensalão“, já não se pensa mais assim, já devem ter se dissolvido as antigas ilusões sobre penetrar e disputar hegemonia na hiperpartidarizada mídia conservadora. Mas vale aprofundar esta discussão.

Quando o PT elegeu pela primeira vez o governador do Distrito Federal, munido de esperança participativa que sempre fora alardeada como diferencial da administração que iria começar, um grupo de jornalistas da capital reuniu-se com membros do novo governo e apresentou um conjunto de propostas. Entre elas, a criação de uma Fundação Brasiliense de Comunicação, e também a utilização da capacidade gráfica ociosa nas estruturas do GDF, bem como a criação de uma TV Distrital, sem faltar a instalação de antenas repetidores nas cidades satélites para que a Rádio Cultura, confinada ao Plano Piloto, fosse ouvida na chamada periferia. "Não vamos criar um novo Pravda" – foi a resposta do novo governo dissolvendo toda aquela esperança e estabelecendo uma incapacidade de diálogo entre o GDF e a sociedade ao longo da administração, e que só ficou patenteada quando PT foi derrotado por Roriz nas eleições seguintes.

Por ironia da história, um dos projetos que aquele coletivo de jornalistas apresentara ao governador petista eleito – a criação de um jornal popular, de massas e de distribuição gratuita – foi assumida pelo governo Roriz, e, até hoje, é um diário de 70 mil exemplares, distribuídos na rodoviária, sendo, obviamente, a única possibilidade de leitura para milhares de famílias que moram nas chamadas cidades satélites de Brasília. E já trabalha contra o novo governo do PT, como foi um jornal similar que ajudou a desmontar um bom governo petista em Betim. Anos depois, quando o PT alcança novamente o Palácio do Buriti, o governador Agnello, depois de sofrer calado um bombardeio da mídia sobre relações nunca provadas com Carlinhos Cachoeira, realiza o primeiro Encontro Distrital de Comunicação e decide criar – por meio de consulta pública – o Conselho de Comunicação Social do DF, para auxiliar na implementação do sistema público de comunicação. Admite até mesmo a criação da TV pública do DF. Depende, em boa medida, da participação da sociedade organizada e de sua capacidade, por ora rarefeita, de convocar a participação da população candanga neste esforço.

Hay camiños
Haddad, para viabilizar o diálogo que propõe, de modo estrutural, pode fazer uso do artigo 30 da lei 12.485, que apesar de favorecer a abertura sem limites ao capital externo, recepciona o que era previsto como Canais Básicos de Utilização Gratuita da antiga Lei do Cabo, abrindo, para todo poder municipal, onde haja serviços de tevê paga, a possibilidade de ter a sua própria emissora televisiva. Evidentemente, há uma limitação inicial o fato de ser uma tevê acessível apenas aos assinantes que podem pagar por ela. Porém, no caso paulistano, a audiência potencial pode chegar a mais de um milhão de domicílios. O que não deve desaminar o novo prefeito, ao contrário, pois são possíveis várias formas de negociação com as empresas provedoras de tevê para o estabelecimento de uma espécie de Vale-TV, pelo qual se pode massificar a tevê por assinatura, com pacotes populares, como na Argentina, com os paulistanos tendo acesso a um modo diferenciado de fazer tevê e jornalismo. Já não sendo obrigados tão somente a ver o jornalismo sanguinário em que se transformaram praticamente todos os telejornais hoje, com vários assassinatos sendo apresentados e reapresentados em mórbido sensacionalismo, visando simplesmente passar a ideia de que todas as políticas públicas de segurança fracassaram, que não há Estado, que o apagão é inevitável porque o governo prefere pagar bolsa família a construir hidrelétricas, como se houvesse qualquer conexão e lógica entre estas "informações".

No caso de uma tevê por assinatura, o Palácio do Anhangabaú nem precisa disputar qualquer concessão, nem esquentar a cabeça do Ministro das Comunicações, mais preocupado em defender a proposta da Abert para extinguir, em última instância, o programa Voz do Brasil, espaço regulamentado de informação pelo o qual o cidadão de todo Brasil recebe informações não distorcidas sobre o que faz o governo federal, por exemplo. Basta reivindicar a aplicação da lei da tevê paga e fazer como fez o Senado e a Câmara. Também pode usar o exemplo destas duas instituições, que criaram as rádios Senado e Câmara, mas também o exemplo do Ministério do Exercito, que reivindicou junto ao Minicom autorização para a exploração de um serviço de radiodifusão sonora, constituindo o que é hoje a Rádio Verde Oliva, com sede em Brasília. Trata-se de simples autorização de poder público para poder público. A decisão, obviamente, estará mais na esfera política, mais precisamente, quem sabe, no campo das novidades que Lula tem reivindicado para a administração municipal. Vale lembrar, a prefeitura de Buenos Aires é detentora da concessão da Radio Ciudad, sustentada com os recursos do contribuinte.

O papel do jornal papel
Por último, ante a audácia tática e política de Lula, não seria exagero pedir um pouco de audácia também em relação a iniciativas no jornal de papel. Um bom amigo me conta que somente pela Praça da Sé estima-se que passem, diariamente, cerca de três milhões de pessoas. A maioria esmagadora sem qualquer chance de leitura de jornal, já que vai longe o tempo em que os jornalões paulistas registravam tiragens de graúdas, de até um milhão de exemplares, no caso da Folha de S. Paulo, ou de mais de 500 mil, no caso do Estadão. Hoje eles não chegam a tirar, cada qual, sequer para alcançar 10% dos que passam pela Sé todo dia. Vale lembrar que é dever do estado garantir o acesso da população à saúde, ao transporte, à educação e também à informação. Se o setor privado revela-se cada vez mais indigente em leitores, em tiragens e também em credibilidade, é preciso buscar soluções. Criou-se um novo desafio político, inclusive para um setor petista que reivindica a manutenção do tabu, como no primeiro governo petista do DF, o que se revelou um grave erro. Vale lembrar que nos últimos anos uma fila de jornais privados caiu em falência: Gazeta Mercantil, Jornal da Tarde, Tribuna da Imprensa, Jornal do Brasil etc. Afinal, não está escrito em nenhuma estrela que o poder público não pode atuar na área da informação. Ao contrário, consta da Constituição que a comunicação deve ser regida pela complementaridade entre o público, o estatal e o privado. Afinal, se o estado pode distribuir remédio, camisinha e dentadura, porque não pode, ele próprio, distribuir informação?

Evidentemente haverá uma gritaria danada da ANJ, a turma do partido da Judith Brito, aquela que confirmou que, em razão da fraqueza da oposição, a mídia tem, sim, cumprido esta função de oposição. Vão dizer que os recursos do contribuinte não podem ser aplicados em imprensa, como se isto já não ocorresse hoje, mas apenas para alimentar, unilateralmente, as receitas que sustentam uma linha editorial de hostilidade antijornalística ao partido de Lula. Quantas assinaturas desta mídia são compradas pelas administrações municipais ou estaduais com elas ideologicamente alinhadas?

Que tal Conferência Municipal de Comunicação?
Também em Caracas os jornalões mais vendidos tiveram suas tiragens reduzidas drasticamente. Quando Chávez foi eleito pela primeira vez, o El Nacional tirava 400 mil exemplares por dia, hoje reduzidos a 40 mil, apesar da elevação do poder aquisitivo dos na Venezuela – país que paga hoje o mais alto salário mínimo da América Latina, o equivalente a 2440 reais. A debacle deve-se ao renitente editorialismo anti-Chávez destes jornais, perdendo toda a credibilidade, além de, não esqueçamos, terem defendido o golpe de Estado de abril de 2002. Como também não vamos esquecer que o Estadão publicou editorial no dia em que Vargas criou a Petrobrás afirmando que "era absurdo criar uma estatal petroleira num país que sabidamente não possui petróleo". Já a Folha apoiou até com equipamentos próprios a ditadura militar, além de fazer um curioso discurso ético, enquanto em suas páginas publica anúncios de comércio sexual... Hoje, na Venezuela, há diversos jornais públicos, muitos com distribuição gratuita, como o Ciudad Caracas, pertencente à Prefeitura da Capital, contribuindo para elevar substancialmente o acesso e o nível de leitura dos moradores. Observar a sua distribuição no metrô caraquenho e sua colocação em caixas instaladas pelas calçadas, acessíveis a todos, joga por terra muitos discursos acadêmicos que duvidam do interesse do cidadão comum pela leitura. Tanto na Bolívia, como na Argentina e no Equador, também há modalidades de jornal público, alguns com distribuição gratuita massiva, outros a preços audaciosamente mais baixos que os diários tradicionais. Mas este não deve ser um grande problema para o Palácio do Anhangabaú, pois é conhecida a sua graúda conta publicitária. Mas, como o prefeito, corretamente, quer diálogo e não publicidade, meio caminho do debate já estaria sinalizado. Sem falar na possibilidade dos Dadzbaos Eletrônicos.

Que tal uma conferência municipal de comunicação para começar, na qual, entre outros levantamentos, seja conhecida a capacidade gráfica do município, com alguma possibilidade de que haja, como se constatou em Brasília na época, muitos equipamentos ociosos? Talvez seja possível, também, revelar a existência de um significativo plantel de jornalistas nos quadros municipais, atuando fora de suas funções profissionais, desperdiçados talvez. Como sabemos que há crônica capacidade ociosa da indústria gráfica brasileira, boa parte dela com sede em São Paulo, e talvez com dívida para com o fisco municipal, quem sabe surjam possibilidades de prestação de serviços gráficos como parte da compensação de seus débitos?

Lula, como dirigente político, deu a linha: ouvir a população. O Haddad abriu um caminho novo quando afirma que precisamos de comunicação, não de publicidade. O diálogo que sinalizou pode ser o grande diferencial comunicativo para a nossa Sampa, e, quem sabe, como na canção, “a sua mais nova tradução, "fazendo surgir teus poetas de campos, espaços, tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva... o mais possível novo quilombo de Zumbi".


* Beto Almeida é membro da Junta Diretiva da Telesur

Comunicado Conjunto # 9

 
A Havana, 24 de janeiro de 2013

As delegações do Governo e as FARC-EP informam que: No marco da discussão do primeiro ponto da Agenda -Política de Desenvolvimento Agrário Integral, com enfoque territorial- se abordou o analise exaustivo do ponto de acesso à terra, aparecendo aproximações entre as delegações no que tem a ver com a erradicação da pobreza rural e lograr uma transformação da realidade do campo através de programas integrais que democratizem o acesso à terra, que sejam sustentáveis, que regularizem e dêem segurança jurídica à propriedade e que segurem o melhor-estar ao maior número de camponeses e população rural.
As delegações reuniram-se com as delegações dos Governo de Venezuela e Chile, países acompanhantes do processo, a quem informaram dos avanços das conversações. Igualmente o fizeram com os porta-vo0zes da Oficina das Nações Unidas na Colômbia e o Centro de Pensamento para a Paz, da Universidade Nacional, com quem avaliaram os resultados e conclusões do recente foro agrário realizado em Bogotá.

Se realizou também uma reunião técnica com os encarregados do função amento da Página Web da Mesa de Conversações para fazer ajustes e facilitar seu funcionamento.
As delegações convidam a todos os colombianos e organizações sociais a participar com suas propostas sobre a Agenda dos diálogos, através da Página Web www.mesadeconversaciones.com.co ou os formatos físicos que estão sendo distribuídos nas Governações e Prefeituras de todo o país.

Reiteram seu agradecimento aos países garantes, Cuba e Noruega, por seu eficaz apoio ao desenvolvimento das conversações.

Um novo ciclo de conversações se iniciará em A Havana o próximo 31 de Janeiro.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Propostas Oitava, Novena e Décima

 


A Havana, janeiro 24 de 2013.

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, Exército do Povo (FARC-EP), em exercício de sua soberania política e em desenvolvimento de sua interlocução constante com a cidadania colocam em consideração os pontos oito, nove e dez de seus Dez Propostas para uma política de desenvolvimento rural e agrário integral com enforque territorial:

Proposta Oitava: Compromiso com a soberania alimentária mediante a promoção e o estímulo das diversas formas de produção de alimentos, destinadas ao cobrimento das necessidades nutricionais e de alimentação do povo colombiano.

Isso tem como pré-requisito criar condições de produção, circulação, comercialização e consumo dos alimentos, basadas em relações de equidade e justiça e de mútuo benefício entre produtores e consumidores urbanos, incluídas a infraestrutura física necessária, especialmente vias de comunicação e sistemas de regadio, de transporte, de acópio e armazenamento, de comercialização e acesso aos mercados local, regional, nacional ou internacional, de crédito e de outros mecanismos financeiros. A economia camponesa merece especial proteção e estímulo por parte do Estado. O anterior, também compreende a possibilidade de uma inter-ação entre diversos modelos de produção agrícola, com fundamento em estritas regulações que possam garantir organização e distribuição equitativa da produção e seus benefícios entre os diferentes componentes de tal, inter-ação. Se incluem igualmente as economias rurais de caráter agro-industrial orientadas ao mercado mundial, sempre e quando não afetem a soberania alimentária e possam garantir a sostenibilidade socio-ambiental.

Proposta novena: Estímulo à investigação e ao desenvolvimento científico e tecnológico, à proteção e promoção do conhecimento ancestral e próprio, às sementes nativas, com miras a garantir a conformação de uma base técnico-material que serva de sustento para o abastecimento dos alimentos e o desenvolvimento industrial. Estímulo à investigação socio-econômica da economia e da sociedade rural, apoiada na produção e sistematização permanente e atualizada de informação, para apoiar o desenho das políticas de desenvolvimento rural. Isto impõe a realização imediata de um Censo Rural e Agrário.

Proposta Décima: Denuncia ou revisão dos acordos e tratados e de toda regulação supra-nacional de comercio, investimentos ou propriedade intelectual, que menoscabem a soberania alimentar e as condições de nutrição e alimentação da população, propiciem a estrangerização da terra e o território, promovam seu açambarcamento em mãos de consórcios transnacionais ou estimulem a especulação financeira, propiciem a produção transgénica ou a imposição de pacotes tecnológicos por transnacionais dos agro-negócios ou da alimentação. Enquanto isso se produz, devem se criar medidas imediatas de proteção e subsídio às economias de produção de alimentos em especial à economia camponesa, ameaçada pela posta em marcha dos tratados de livre comércio.

As Dez Propostas por nós apresentadas, demandam a conformação de uma nova institucionalidade estatal e social da economia e da sociedade rural colombiana. De igual maneira, demandam a ativação de mecanismos que garantem sua segurança jurídica, uma assembléia Constituinte é o caminho.

DELEGAÇÃO DE PAZ DAS FARC-EP

CONCLUSÕES DE 5 A 22 DE JANEIRO DO 2013




Esta primeira síntese-conclusão derivada da participação de mais
de 2800 visitantes ao Foro Permanente das FARC-EP se estabelece
como base para continuar a discussão do primeiro ponto da agenda
do Acordo Geral de Havana intitulado “Política de desenvolvimento
agrário integral [enfoque territorial]” e a ela se agregam os novos
comentários que as FARC-EP plasmam a partir de hoje, os pontos 1,
2, 3, 4 e 5 da proposta insurgente apresentada à Mesa de diálogos,
mais os aportes que nossos leitores e ouvintes realizem adiante, até
o dia 7 de fevereiro.

Frente às manobras do governo colombiano endereçadas a cercear,
comprimir e minimizar a imprescindível participação do povo no
processo de diálogos, as FARC-EP têm proposto uma e outra vez que
só o protagonismo firme do constituinte primário, desdobrado em
lutas e espaços de debate, pode abrir as comportas da construção
da Paz com justiça social. Este Foro Permanente tem precisamente
o propósito de facilitar a discussão, começando pelo primeiro ponto
da agenda de Havana sobre Política de desenvolvimento integral com
enfoque territorial.

Desde 5 de janeiro, data em que se lançou oficialmente o Foro
Permanente, vários compatriotas nos têm feito chegar seus
comentários e opiniões ao redor da exposição proposta pelas FARC-
EP sobre a questão rural e agrária.

Se propuseram três perguntas a modo de mini-pesquisa: a respeito
da primeira [de caráter permanente], “Está de acordo com os
diálogos de Paz e a solução política?”, o dado parcial até 20 de
janeiro de 2013 é que 94% responderam Sim, ratificando que esse
é o caminho mestre para superar dois séculos de obscurantismo,
desigualdade e violência impostos pelo estabelecimento. Sobre a
segunda, 92% se pronunciaram em favor de que “Há que acabar com
o latifúndio”, enquanto que à terceira “Deve terminar a entrega de
recursos naturais ao capital estrangeiro?”, 87% responderam Sim.

Em geral, os internautas que tomaram a palavra coincidem com a
concepção segundo a qual existe uma relação estreita entre terra e
território, sublinhando, como afirma “Colômbia Soberana”, que “o
problema das terras em Colômbia vai mais além da impossibilidade
de trabalho para os campesinos e ultrapassa, ademais, o problema do deslocamento e desapossamento. Senão, ademais, toca os aspectos culturais, sociais e psicológicos dos colombianos que sofrem este flagelo”.

Também se tem destacado a importância de acabar com o
latifúndio, atacando suas bases histórico-materiais mediante a
implementação de reformas estruturais, sem esquecer que, como
expõe “Anônimo” no comentário nº 8 de 11 de janeiro, não deve
permitir-se a concentração das terras, e “tampouco a venda de
terras a estrangeiros, nem as concessões enormes à mineração, nem
terreno algum para bases militares de outros países”.

Alguns comentários também expuseram que “a falta de seriedade
do governo frente ao processo é notável, posto que, ao mesmo
tempo que se adiantam as conversações, tenta aprovar a lei de
terras”, enquanto que outros expressam a necessidade de ter sempre presente o preâmbulo do Acordo Geral para a terminação do conflito e a construção de uma paz estável e duradoura.

Desde terras distantes, porém muito próximas e irmãs na luta
por uma alternativa ao senil capitalismo depredador e sua crise
devastadora, nos têm chegado testemunhos de solidariedade.
Por exemplo, da Argentina, porém também de Euskal Herría [País
Basco], desde o qual “Trincheira Antifascitas” felicita esta iniciativa
comunicacional da insurgência fariana: “Como relatar-lhes em
poucas palavras a torrente de positivas sensações que me gera o
ter notícias de vocês, seu acionar, sua dignidade plasmada em mil
documentos, comunicados, esboços biográficos, vídeos, cartas...,
a magnífica sensação e deleite ao ver a incrível facilidade que têm
para transmitir, mediante uma brilhante literatura na hora de redigir
comunicados e um montão de coisas que, creiam-me, poderiam fazer
interminável este comentário.”

Não têm faltado as mensagens de estímulo a seguir batalhando
na Mesa, para que, junto com a pressão e mobilização do povo
colombiano, a oligarquia entenda que, como expõe a terceira das
Dez propostas para uma política de desenvolvimento rural e agrário
integral com enfoque territorial” das FARC, é impostergável articular
uma nova ruralidade baseada na democratização das relações
urbano-rurais e no princípio da justiça territorial, que supere visões
extrativistas e utilitaristas do mundo rural e reconheça nele suas
potencialidades políticas e culturais para o desenvolvimento do país e o bem viver de sua população.”

Fraternalmente

Delegação de Paz das FARC-EP

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Repressão aos mapuches: As máscaras caem no Sul do Chile




[Raúl H. Contreras Román] No sul do Chile existe um povo que quiseram relegar aos livros de história. Um povo que elogiavam seu passado glorioso, mas já faz muito tempo, lhes foi negada a possibilidade de presente e futuro.


É o povo que, segundo nos foi ensinado, deu o sangue que ocupa a metade da bandeira nacional, sangue que faz parte da paisagem histórica e natural, como a cordilheira e o mar que adornam o resto do emblema pátrio. Sangue guerreiro quando foi derramado em defesa do território contra o invasor espanhol, mas infame e invisível quando se trata de outros invasores.

Faz anos que as notícias que chegam do sul cheiram a mentira. Continuamente parecem ser escritas por um roteirista treinado em tempos que era necessário inventar combates, a vinda de um cometa ou uma nova campanha solidária nacional, para silenciar os gritos das torturas e inventar uma legenda que acompanhasse a foto dos corpos repartidos no pavimento. Um roteirista preparado para fazer montagens que recriam uma e outra vez os clássicos mais sangrentos do drama histórico nacional.

Desta vez o roteirista não parece diferente, mas extremou sua capacidade, seu ódio. Talvez não teve medo em inspirar-se nos que ocuparam seu lugar em momentos prévios para a "Pacificação da Araucanía" (1) e que conseguiram criar condições para legitimar a invasão do território e a aplicação de uma guerra de extermínio contra este povo.

Talvez o atentado ao casal Luchsinger-Mackay (2), fez parte do roteiro ou talvez permitiu uma virada em sua elaboração, que permitiu a partir deste ato – por todos condenado, inclusive pelos mapuches e suas organizações – aguçar e levar ao extremo da criatividade sua escrita letal.

Tem sido tamanha sua capacidade que até os estadistas, os sempre bem comportados e mensurados integrantes da classe política nacional, têm abalado aos setores latifundiários e empresariais que convocaram a formação de grupos de choque contras os mapuches.

Resultou tão eficaz que tornou-se normal a injustiça e o tratamento desigual diante da Lei. Agora, bloquear uma estrada (3) está bem, quando for contra os "terroristas" mapuches. Armar-se e chamar o paramilitarismo é permitido, quando for contra os violentos "índios".

Diante da espetacularização do atual roteiro, no sul caem-se as máscaras e ao corolário, quiseram que fosse, o definido branqueamento do país que nunca acomodou sua mesticidade e menos ainda sua composição multicultural.

No sul caem-se as máscaras e o rosto real é o da crua repressão a um povo. Repressão que há anos os roteiristas dominantes têm visto como o único caminho para a expansão total do capitalismo extrativista, na terra que, porfiadamente, um povo insiste em defender.

Notas:

1. Nas últimas décadas do século 19 o Exercito do Chile invadiu o território que ocupavam os mapuches na região sul, do Rio Bio Bio. Esta ação foi denominada "Pacificação da Araucanía" e provocou a perda de mais de 90% do território mapuche e quase 40% de sua população que foi confinada as chamda reduções indígenas

2. No dia 4 de janeiro de 2013, em Vilcún (Região da Araucanía, Chile) foram encontrados os corpos do casal Luchsinger-Mackay dentro de sua casa incendiada. Estes descendentes europeus eram proprietário de ampos territórios reclamados pelas comunidades mapuches como parte da terra usurpada. A partir do assassinato do casal, nas últimas semanas o ambiente repressivo na zona sul do Chile se intensificou. Sem ter maiores antecedentes, de imediato assumiu-se que o crime havia sido cometido por pessoas vinculadas ao movimento mapuche e esta situação desatou uma onda de repressão nas comunidades que incluem violentos ataques, detenções arbitrárias, a militarização da zona e o uso ilegal da força por parte da repressão.

3. No dia 7 de janeiro de 2013, as associações dos transportadores de caminhões convocaram para bloquear uma das principais estradas do Chile (Rota 5 Sul), para protestar contra a insegurança e o "terrorismo mapuche". Esta ação foi levada adiante sem a intervenção da força pública, possibilitando que essa estrada permanecesse fechada por quase todo o dia. Para muitos setores isso demonstrou a desigualdade entre a Lei, já que se fossem outros grupos os que realizassem esta ação (trabalhadores, pescadores, estudantes, mapuches) seriam fortemente reprimidos. A ação dos transportadores foi abalada por ministros do governo que se pronunciaram a favor do fechamento da estrada. Assim como um ministro destacou que os agricultores estão no seu direito a "defender-se com o que tenham", aludindo aos supostos ataques "terroristas" dos mapuches.

* Raúl H. Contreras Román é antropólogo chileno