"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


terça-feira, 29 de abril de 2008

Sonia, Simón e Iván Vargas. Sonia, Simón e Iván Vargas



Comunicado

O presidente Álvaro Uribe, obstinado em não concertar com as FARC-EP o Acordo Humanitário, se nega a desmilitarizar Florida e Pradera no Valle del Cauca. Entretanto, se afunda inexoravelmente na lama da parapolítica, no sangue de mais de 150 mil vítimas do paramilitarismo e faz caso omisso do sofrimento de mais de 4 milhões de deslocados, enquanto abafa com o manto de impunidade a seus sócios narcoparamilitares, pior ainda, balbucia sua cínica linguagem “antiterrorista” para desqualificar a rebelião legítima do povo colombiano.

Estamos ante um governo perverso que emprega a guerra suja como forma de governar e premia a traição com os petrodólares que lhe enviam da Casa Branca, estampados pela dor de um povo heróico que resiste no Iraque. A dignidade e lealdade ao povo dos guerrilheiros das FARC-EP não tem preço. Jamais nos esquivaremos do sonho bolivariano que nosso povo reivindica.

Exaltamos a admirável firmeza revolucionária dos prisioneiros de guerra. Nunca sairão da prisão envergonhados, levando nos ombros o peso da traição, convencidos como estão que não há sacrifício inútil quando se consagra ao supremo interesse da pátria.

Junto aos nomes de Sonia e Simón, incluímos o de nosso camarada Iván Vargas, extraditado aos Estados Unidos, numa mostra mais do servilismo, da indignidade e submissão do presidente colombiano.

O atual desafio, ante a ilegitimidade do regime, é o da unidade e da solidariedade para alcançar um novo governo que priorize o acordo humanitário e se disponha a construir a paz com soberania, democracia e justiça social.

Secretariado do Estado-Maior Central das FARC-EP

Montanhas da Colômbia, 17 Abril 2008.

Os bandos dos primos

- No “pelourinho” te espero. A canção da moda. Que houve, que houve, primo, até quando? Os bandos dos primos Uribe e o bando dos primos Santos.

Por ANNCOL

O povo colombiano, em sua imensa sabedoria, canta por estes dias umas canções de um cantor vallenato - que, por coisas da vida, também se narco-paramilitarizou –, com o qual o narco-paramilitar presidente Álvaro Uribe Vélez farreou em San Ángel (Magdalena) com “Jorge 40”, já que este não pôde conseguir-lhe a “Poncho” Zuleta (outro narco-paramilitar)

O primo Mario foi rechaçado por Costa Rica – a pesar de seus “investimentos” lá – e se lhes desbaratou a “movida”. É que os primos haviam pensado, te vais a Costa Rica, desfrutas teu bilhete lá até que eu, “com meu efeito teflón”, arranjo as coisas por aqui.

Porém, a ação popular se lhes desbaratou. O Movimento de Vítimas e o Coletivo de Advogados se mobilizaram e impediram que “o primo” evadisse a “justiça” – assim seja a burguesa – e agora está cantando “no pelourinho te espero”.

Enquanto o narco-paramilitar presidente está tratando de tapar a caçapa em que converteram o Estado. Esse edifício vetusto já não o compõe ninguém. Só resta derrubá-lo e de suas cinzas começar a construção de um novo Estado.

Porque de nada valerá que Uribhitler diga agora que “está sendo investigado pelo massacre do Aro”, numa manobra tendente a ocultar a gravidade da detenção do “primo” Mario. Tampouco que diga que está “pensando uma segunda re-eleição”, posando do tipo que tem capacidade de manobra como para pôr ao povo a falar disso. Não. Nos atuais momentos não valem manobras de distração.

Tampouco valem que J. M. “La Hiena” Santos promova um debate na Câmara de Representantes diz que sobre a “Farco-política”. Ouça, “Hiena”, não vês que estás falando desde uma das instituições questionadas e corrompidas? Não sentes o cheirinho que despem tuas “escutas”? Estás cômodo no recinto? O estás porque tu também despes também o odor putrefato, igual que o “primo” Francisco Santos, igual que o “presidente” de teu partidozinho, a U, igual que “Ubérrimo”. Te diz algo tudo o que te digo?

“Os bandos dos primos” não podem seguir governando a Colômbia porque ambos são igualmente corrompidos. Tanto “o bando dos primos” Uribe, como “o bando dos primos” Santos.

O que está na ordem do dia é a captura de todos “os primos” e enviá-los ao “Pelourinho”. Fechar o Congresso e decretar espúria a eleição presidencial.

E deve ser a Corte Suprema a que deve promover o processo da recuperação da institucionalidade colombiana, já que, com suas atuações, se o ganhou. E desde o mesmo momento de assumir a interinidade presidencial, deve expedir um decreto chamando à conformação da Assembléia Nacional Constituinte, que, em prazo não maior de seis meses, deve expedir uma Constituição popular.

Nesta Constituinte participarão todos os setores sadios do país. Grêmios, sindicatos, partidos políticos – os “sadios”, proibidos os narco-paramilitares – e a Insurgência Armada das FARC e do ELN.

A Nova Constituição nos dará a nova ferramenta para um Novo Governo que, rumado para a Nova Colômbia, alcance a paz com justiça social, pluralismo, liberdade, independência e soberania nacional.

Desde esse momento, os colombianos começaremos a viver plenamente a vida.

JMC

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Nós colombianos não somos prisioneiros nem seqüestrados da obediência a este governo



Sobre este e outros temas relacionados, como a troca de prisioneiros, a ilegitimidade do governo...

...e a crise estrutural do Estado, conversamos com o Comandante Iván Márquez, membro do Secretariado Nacional das FARC-EP.

Entrevista da ANNCOL e da ABP a Iván Márquez

Integrante do Secretariado das FARC-EP

Em primeiro de março, no território equatoriano, junto com vários combatentes de sua guarda e algumas pessoas que estavam visitando seu acampamento de paz, foi abatido o comandante Raúl Reyes, integrante do Secretariado Nacional das FARC-EP.
Poucos dias depois, em 7 de março, pelas mãos de um agente inimigo infiltrado nas fileiras do Bloco norte-ocidental, o Comandante Iván Ríos, também integrante da máxima instância executiva do Estado Maior Central insurgente, foi assassinado de forma atroz, ao lado de sua companheira.
É Indubitável que estes fatos suscitaram uma nova situação para o desenrolar da confrontação política, militar e social na Colômbia. No primeiro caso, gera comprometimento e desestabilização diplomática na região latino-americana e no segundo, como também ocorre no primeiro caso, atinge sensivelmente as estruturas de condução estratégica no seio da guerrilha mais antiga e experimentada do continente.
Sobre estes e outros temas relacionados, como a troca de prisioneiros, a ilegitimidade do governo e a crise estrutural do Estado, conversamos com o Comandante Iván Márquez, membro do Secretariado Nacional das FARC-EP.

Qual é o balanço que faz a Direção insurgente a respeito das lamentáveis mortes dos comandantes Raúl Reyes e Iván Ríos, tão festejadas pela oligarquia colombiana, no momento em que as FARC-EP, mediante gestos unilaterais e apesar da intransigência uribista, vinham mostrando sua grande disposição em chegar a um acordo de intercâmbio humanitário que abriria caminhos para a paz?

Foi um golpe muito duro que nos estremeceu até a alma. Tratava-se de dois comandantes muito valiosos, como o são todos os que combatem pela causa dos pobres da terra.
Dói que Raúl tenha caído quando buscava caminhos para a troca humanitária, a qual considerava degrau em direção à paz com justiça social. Com perfídia, Uribe aproveitou essa circunstância para planejar, com a colaboração dos Estados Unidos e de Israel, a cilada criminosa.
A morte de Iván ficará como exemplo histórico da degradação da guerra que rege as ações do Estado.
Cortar as mãos dos adversários abatidos… É a sevícia do regime colombiano, não de agora, mas de sempre, que também corta cabeças e desmembra suas vítimas.
O júbilo triunfalista das oligarquias durará apenas um instante. A inconformidade social está aumentando o volume de fogo de sua cólera.
A morte de Raúl, de Iván e de tantos outros, não é uma vitória do adversário: é uma miragem. As FARC não são um, nem dois, nem três, nem cinco comandantes, nem várias colunas… são o povo com ânsia incontida de vitória.
No dia do levante geral se poderá apreciar com nitidez que o povo está nas FARC e que as FARC são o povo em armas. Comandantes virtuosos nos campos militar e político, como Joaquín Gómez e Mauricio Jaramillo ocuparam o lugar dos caídos, garantindo um Estado Maior Central coeso em torno do Comandante em Chefe, do Plano Estratégico das FARC, da Plataforma Bolivariana pela Nova Colômbia…, e da bandeira de paz com justiça social, que tremula no topo da serra guerrilheira.
Nossos mortos vivem nos fuzis e no projeto político e social das FARC. Em suas tumbas depositamos hoje uma flor vermelha de arizá, das que só brotam nas montanhas rebeldes da Colômbia, a de Bolívar.
Venceremos. Haverá uma Nova Colômbia, Pátria Grande e Socialismo.

O Presidente da Colômbia, Álvaro Uribe Vélez, ofereceu garantias para que uma missão médica organizada pelo governo francês possa assistir aos prisioneiros de guerra nas profundezas da selva.
As FARC foram consultadas a este respeito?

Não.
É algo que estão montando sem contar com as FARC. O êxito de um empreendimento desta natureza não pode suscitar grande ilusão.
Uribe disse que garantia… garante o que?
Acaso é um porta-voz insurgente?...
Não faltava mais nada!
O homem designado pelo Secretariado das FARC para dialogar com a delegação do governo francês era o comandante Raúl Reyes.
Mas, como todos sabem, Raúl foi abatido num ataque militar dos governos da Colômbia e dos Estados Unidos em território equatoriano, violando flagrantemente a soberania deste país e a lei internacional.
Esta é a razão pela qual o governo francês não tem podido contatar às FARC. Em conseqüência deste astuto ataque fatal, não há hoje um interlocutor das FARC para tal.

Mas a Igreja católica instou o Secretariado das FARC a nomear rapidamente a substituição de Raúl Reyes…

Com todo o respeito; os insignes purpurados acreditam que isso é como soprar e fazer garrafas?
O que ocorreu com o assassinato de Raúl Reyes e Iván Ríos é de suma gravidade. Qualquer um entende que não se pode, nestas circunstâncias, nem atuar, nem exigir tão alegremente, como se nada houvesse ocorrido. As FARC não dançam ao som das campanhas midiáticas nem de mediações parcelares.
A diplomacia santanderista do governo de Bogotá mata enquanto sorri. Assassina nossos porta-vozes e em seguida diz que está disposto a conversar.
Sustenta que promove o acordo humanitário e ordena ao mesmo tempo o resgate militar, a fogo e sangue, dos prisioneiros na montanha.
Extradita guerrilheiros para os Estados Unidos enquanto exige que os três gringos aprisionados pelas FARC devam ser libertados.
Fala de humanidade e seu governo está montado sobre milhares de fossas comuns e massacres.
Ufana-se de sua “segurança democrática”, que é dos gringos, embora mais de 30 milhões de colombianos – do total de 44 - vivam na pobreza.
Pratica todos os dias o terrorismo de Estado e tem a falta de vergonha de adjudicar essa condição aos seus opositores.
É um governo tão mafioso como Don Vito Corleone e tem a descaramento midiático de qualificar aos guerrilheiros de narcotraficantes.
Não. Não. A opinião pública não é candura em flor, muito menos a guerrilha das FARC.
Deveriam ler com mais atenção as folhas da história do Exército do Povo, que ensina que, quando as FARC recebem ataques traiçoeiros como o de Casa Verde, o regime obtêm indefectivelmente uma resposta digna, de acordo com a gravidade dos fatos.

O ministro da defesa, Juan Manuel Santos, qualificou a agressão ao Equador como uma ação legítima de guerra e o comandante das Forças Militares, general Fredy Padilla de León, assegura que todo aquele que se reúna com as FARC se converte automaticamente em objetivo militar…

Aí está manifesto.
Eles atuam em consonância com o escritório que os gringos montaram na antiga zona do Canal de Panamá, para monitorar com as oito agências da inteligência americana as fronteiras da Colômbia com Venezuela, Equador e Panamá, na função de provocar e justificar um eventual conflito bélico entre nações, marca da estratégia geopolítica de Washington.
Com o que foi expresso pelo general Fredy Padilla de León, alguém pode se perguntar se teria dito o mesmo se, no lugar dos estudantes mexicanos e do cidadão equatoriano, estivessem reunidos com Raúl os delegados do governo francês.
É que eles, o governo e seus generais, acreditam que sua hipócrita luta contra o que chamam tendenciosamente de “terrorismo” justifica todos os seus desaforos e transgressões.
Quanto ao Ministro da defesa, Juan Manuel Santos, uma só reflexão: ele tem dito, com infinita arrogância, mas com o olhar fixo em 2010 e na Presidência da República, que se, por justificar o ataque bélico da Colômbia contra o Equador, o chamam “Falcão da guerra”, que o sigam chamando então “Falcão da guerra”.
O problema é que esse senhor0zinho da oligarquia não passa de um covarde falcãozinho atrás de um escritório, que nem sequer sabe que cheiro tem a pólvora. É dos que incitam à guerra mas não expõem sua pele na linha de fogo, como sim tem que o fazer os soldados e alguns oficiais subalternos.
Enquanto aparece sorridente ante microfones e câmeras com o “V” da vitória que não lhe pertence, e que não conseguiram, vão desaparecendo também de sua memória os militares mortos e os mutilados.
Mais do que falcão, tem a aparência e o vôo de um gavião caça-galinhas. Que o diga o país.

Os computadores apreendidos, segundo o governo da Colômbia, junto a Raúl Reyes, e resgatados de um demolidor bombardeio parecem mais ser um expediente de Bogotá e Washington para chantagear os governos da Venezuela e Equador e para atenuar a resistência dos povos de Nossa América às políticas imperiais… Pode se lhe dar alguma forma de credibilidade ao que estão difundindo como seu conteúdo?

A um governo mentiroso como o de Uribe Vélez não se pode lhe dar nenhum crédito nem aqui nem em Cafarnaum.
A mentira é a ponta de lança de sua asquerosa diplomacia. Daí seu total isolamento no concerto das nações latino-americanas. Por acaso terá um par de cúmplices, mas nunca terá amigos.
Mentiu quando falou em calor da perseguição no ataque ao acampamento de Reyes. Mentiu e continuou mentindo quando disse que a guerrilha dispara a partir do Equador.
Mente quando diz que as FARC recebem armas e dólares da Venezuela. Se tivéssemo-lo recebido – não tenho a menor dúvida - já teríamos derrubado mil vezes esse governo pútrido de Bogotá que se enfurece contra o povo através da “segurança democrática”, que efetivamente é uma “segurança invertida”, como o confessou o próprio Uribe na Guajira.
Mente quando diz que a assinatura do TLC será a redenção social da Colômbia, quando na realidade é o grilhão da escravidão moderna.
Não se pode acreditar num governo mentiroso e terrorista quando ele qualifica de terrorista a luta dos fracos.
O próprio Goebbels está instalado no Palácio de Nariño.
O que realmente deve gerar alarme na consciência ética de Nossa América é que ninguém diga nada ante a criminosa ajuda de Washington em milhões e milhões de dólares e em armas ao governo fascista e narco-paramilitar da Colômbia para incendiar o país com uma guerra injusta, como são todas aquelas que se propõe a opressão e o espolio.
Ao tribunal dos povos corresponde a missão de julgar essa política criminosa. Ao povo da Colômbia deve assistir o sagrado direito universal a levantar-se contra a opressão e a livrar-se do jugo que mantêm curvada a sua cabeça.
O governo de Bogotá se aborrece com Chávez por sua ousadia em desfraldar, em meio à tempestade da guerra dos poderosos, a bandeira da paz, porque ela arruína seus negócios.
Chávez é Nossa América às portas do novo Ayacucho. São Bolívar e seu projeto político e social que despontam nesta aurora, os quais temem as oligarquias e o império.
Lhes assusta Correa e sua imagem de dignidade que se agiganta ao lado de herói Alfaro e do Marechal de Ayacucho, iluminando o caminho aos povos do continente.
Pela paz com justiça social, pelo decoro e pela unidade numa Grande Nação de repúblicas, estamos dispostos a dar até a vida. E estas não são palavras ao vento.

Acredita ser necessária a revogatória do Congresso, por seu alto grau de contaminação com a para-política e a fraude eleitoral?

É que a dignidade não pode conviver com a ilegitimidade.
Os colombianos não podem ser prisioneiros nem seqüestrados da obediência a este governo.
Um poderoso grito social está fustigando, com suas faíscas de indignação, o céu da ilegitimidade das instituições. Por mais que Uribe expresse seu contundente desacordo relativo à revogatória do Congresso e clame, desesperado, pelo fortalecimento das instituições, porque sabe que se cai o Congresso, por detrás de seu estrondo deve cair também o Executivo infecto que governa.
Esta verdade, como o Sol, não pode ser tapado com uma peneira nem com mentiras. Uribe foi eleito Presidente da Colômbia com os mesmos votos que levaram ao Congresso os Senadores e Representantes da narco-para-política.
Uribe aí está graças à fraude eleitoral que armaram os para-militares e o DAS (Segurança do Estado) que obrigou as pessoas a votarem sob a ponta de fuzis e moto-serras e que pôs a sufragar até os mortos. A chamada institucionalidade colombiana fede.
Uribe e o Congresso devem renunciar porque seu mandato usurpado é ilegítimo e ilegal. A Colômbia necessita de um grande acordo nacional pela paz, a democracia verdadeira e a dignidade.
O chamado de nosso manifesto a reunir em um só feixe as forças da mudança, como nova alternativa de poder, deve abrir este espaço.
Que cesse a horrível noite.
A Colômbia merece um outro governo, que lhe dê a maior soma de felicidade possível.

Nas montanhas da Colômbia


segunda-feira, 21 de abril de 2008

Revogar ou convocar

“Ninguém entenderia que seja esta Corporação (O Congresso) tão desprestigiada, com um manto de dúvida tão profundo sobre sua origem e seu proceder, a encarregada de promover a reforma política que faça mais transparente o sistema eleitoral colombiano.” Análise de José Cuesta, a partir da proposta de convocar novas eleições para eleger um Congresso novo, que ANNCOL redireciona a seus leitores.

Bogotá (PDA)

Aí está o dilema, porém, em ambos os casos se recolhe a essência do problema. Ninguém duvida que o congresso da República padece da pior crise de sua história, 26 parlamentares detidos na Picota assim o ratificam. A para-política, como se lhe conhece popularmente à aliança criminal entre setores da classe política colombiana, o narcotráfico e os paramilitares explodiu em mil pedaços a legitimidade do poder legislativo. Daí que resulte mais que válido perguntar-se pelo futuro imediato da célula congressual.

A senadora Gina Parody propôs a revogatória do Congresso da República, dado seu alto grau de ilegitimidade, derivado do elevado número de congressistas capturados pela justiça, em virtude de seus vínculos com as estruturas do paramilitarismo. É evidente que o atual Congresso não tem a autoridade necessária para encarar as reformas políticas de fundo, dirigidas a consertar as disfunções manifestas do sistema político; máxime se se tem em conta que uma das principais tarefas deste período no campo legislativo é tramitar a reforma constitucional que decida a legalidade ou não de uma nova pretensão re eleitoral do Presidente Uribe.

Como poderá dormir tranqüila a sociedade colombiana, sabendo que um assunto tão definitivo para a vida da nação se encontra sob o cuidado de um Congresso com os atuais níveis de desconfiança e incredulidade? Ninguém entenderia que seja esta Corporação tão desprestigiada, com um manto de dúvida tão profundo sobre sua origem e seu proceder, a encarregada de promover a reforma política que faça mais transparente o sistema eleitoral colombiano. Basta recordar como os episódios investigados pela justiça, a partir dos quais se tem adotado múltiplas ordens de captura de Congressistas ou altos funcionários do Governo nacional, terminam vinculando assim seja de forma indireta ao atual mandatário dos colombianos. Pelo mero prurido de ilustrar, mencionemos o caso de Jorge Noguera, recém ex-diretor do DAS. Conclusão: vamos caminho de permitir que uma instituição sub-judice outorgue luz verde à segunda reeleição de um personagem salpicado pelos mesmos fatos, matéria da investigação penal que põe no pelourinho o poder legislativo.

Até aqui qualquer um apostaria que nossa opinião é de respaldo à iniciativa da senadora Parody; no entanto, apesar de compartir as premissas-base de sua proposta, diferimos na saída. Como bem o disse Álvaro Gómez Hurtado, o problema não é o Congresso da República, o problema central é o regime; portanto, não se trata de revogar, é necessário convocar uma Assembléia Nacional Constituinte.

Entre outras coisas, porque a para-política não é senão uma frente dos vários, através dos quais se expressa a crise nacional. A política não pode substituir a tarefa do velho remendão; revogamos o Congresso atual, e que fazemos com o feroz extermínio que ameaça dissolver o país; como protegemos a vida e a liberdade dos seqüestrados; enfim, como paramos a guerra, parteira do seqüestro da democracia praticado pelos paramilitares e seus aliados. Novamente assinalou, não se trata de revogar, senão de convocar uma Assembléia Nacional Constituinte pela Paz e pela Democracia, com a participação de toda a sociedade colombiana, incluídos todos os atores armados, para que dela surja o marco da Reconstrução Nacional.

* José Cuesta, é membro da Direção Nacional do Polo.

Enlace original

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Nova e macabra onda de assassinato de sindicalistas



Novamente, uma onda de assassinatos cobra a vida de destacados ativistas do movimento dos trabalhadores colombianos. Durante os primeiros três meses de 2008 foram assassinados os seguintes 19 sindicalistas:

Soldepaz.Pachakuti Aldea.Nafarroa ISI Burgos, Rebelión


Em 2 de Janeiro, em Medellín, Mario Zuluaga Correa, da Associação Médica Sindical, Asmedas; em 12 de janeiro, em San Jerônimo, Antioquia, Ramiro de Jesús Pérez Zapata, dirigente de Adida, Fecode, Cut; em 24 de janeiro, em Chaparral, Tolima, Israel González, secretário geral da Astracotol, Fensuagro, Cut; em 28 de janeiro, em Itaguí, Antioquia, Yebraín Suárez, do Sigginpec, Cgt; em 2 de fevereiro, em Macarena, Meta, José Martin Duarte Acero, do Sintrambiente, Cgt; em 08 de fevereiro, em Tame, Arauca, María del Carmen Meza Pasachoa, da Asidar, Fecode, Cut; em 09 de fevereiro, em Balboa, Cauca, Arley Benavides Samboní, da Anthoc, Cut; no mesmo 09 de fevereiro, em La Vega, Cauca, José Giraldo Mamián, da Asoinca, Fecode, Cut; em 04 de março, em Ocaña, Norte de Santander, Carmen Cecilia Carvajal Ramírez, da Asinort, Fecode, Cut; em 06 de março, em Bogotá DC, Leonidas Gómez Rozo, do comitê de empresa do Citibank, Uneb, Cut; em 08 de março, em Medellín, Antioquia, Gildardo Gómez Alzate, do Centro de Estudos e Investigações Docentes de Adida, Fecode, Cut; em 09 de março, em San Vicente del Caguán, Caquetá, Carlos Burbano, vice-presidente local da Anthoc, Cut; em 12 de março, em Codazzi, César, Víctor Manuel Muñoz, da Aducesar, Fecode, Cut; em 15 de março, em Puerto Asís, Putumayo, Manuel Antonio Jiménez, da Cicacfromayo, Fensuagro, Cut; em 18 de março, em Cartago, Valle, José Gregorio Astros Amaya, da Aseimpec, Cgt; em 22 de março, em Riohacha, Guajira, Adolfo González Montes, da Comissão de Propaganda de El Carrejón, Sintracarbón, Cut; e em 1º de abril, em La Hormiga, Putumayo, Luz Mariela Díaz López (que estava grávida de 7 meses) e Emerson Iván Herrera Ruales, da Asep, Fecode, Cut.

Vários desses assassinatos têm tido características extremamente atrozes. Os autores têm torturado as vítimas de forma vil. Leônidas, Gildardo e Adolfo, apesar de terem sido mortos em três locais distantes do país, Bogotá, Medellín e Riohacha, sofreram ataques muito parecidos, estripados dentro de suas casas, em que receberam numerosos golpes e punhaladas. Os criminosos nestes três casos usaram apenas armas perfuro cortantes. O corpo de Carlos Burbano foi encontrado em uma lixeira, cruelmente torturado. Ainda que o magistério, que realizou as maiores mobilizações em 2007 e já alcançava maior presença política, é novamente o setor que mais assassinatos registra. Desta vez os assassinatos têm atingido uma ampla gama de sindicatos, em uma verdadeira agressão contra a ascensão que o movimento grevista registrado no país, em setores tão diversos como a mineração (Billiton – Corromatoso), a agricultura (palma aceitera), a saúde e a administração pública (Dian, Justiça).

Um visitante indesejável

O vice-presidente do regime narco-paramilitar colombiano, Francisco Santos, está de visita à Suécia. Hoje, terça-feira 15 – 14:00 –, segundo diversas organizações sociais e solidárias com Colômbia, protestarão frente ao parlamento sueco pela venda de armas de guerra a um dos Estados mais violentos do mundo.

O recém chegado vice-presidente está de “visita” na Suécia. Vem por razões obscuras e evidentes. Vem fazer negócios de guerra. A comprar mais aviões, mais fuzis, mais minas terrestres, para ameaçar e atacar aos povos que valentemente desenvolvem a democracia em seus países e para massacrar ao povo colombiano.

Já temos visto o que faz a administração narco-paramilitar de Álvaro Uribe Vélez com seus vizinhos. Invasão com os narco-paramilitares – “Jorge 40” e Jorge Noguera –, planos de magnicídios em funcionários estatais, planos de golpes brandos e duros, e pisoteio da soberania nacional. Tudo isso coordenado desde o DAS, da Polícia e da cúpula das forças militares, a fim de não aparecer e não dar a cara.

Esse mesmo personagem que hoje está de visita na Suécia – Fachito Santos lhe chamam – tem sido acusado pelo capo narco-paramilitar Salvatore Mancuso de pretender manejar o Bloco Capital dos narco-paramilitares. Para ele mesmo matar a seus “inimigos”. E nunca pôde desmentir tal acusação do capo. É o mesmo que ano após ano está desmentindo os informes de ONGs de direitos humanos que mostram as persistentes violações dos direitos dos colombianos. É o mesmo que, junto a seu chefe, converte em alvo “militar” dos narco-paramilitares a todo aquele que não esteja com o governo, num inverossímil “exercício da democracia”.

As cifras das persistentes e consuetudinárias violações de direitos humanos estão ao escrutínio de todos. Inclusive a ONU, a cada ano, publica seu informe condenando ao governo colombiano. O de abaixo é um consolidado de todas as administrações.





E por saber como é o proceder esperto do regime narco-paramilitar, tememos que após o “negócio” vem a petição astuciosa. A petição com voz suave de que “lhes ajudem a solucionar um ´problema´ que têm na Suécia. Se trata da Associação Pardo Leal, a Rádio Café Stéreo e a Agência de Notícias Nova Colômbia (ANNCOL), que se lhes converteu num verdadeiro martírio no sapato esses “terroristas de civil”. Se pudessem ajudar-nos calando a esses refugiados e a outros não menos incômodos, e se é possível mandar-nos um que outro em extradição”.

Essa voz lastimosa, enjoativa, se converterá em gritos histéricos exigindo à Suécia que não pode “por um lado apoiar processos de paz com os paramilitares e por outro proteger terroristas”, como já sucedeu no passado. Como já está sucedendo com o Equador porque não se envolve em “sua guerra”. Quando os países se negam a imiscuir-se numa guerra que promove o regime colombiano porque a eles lhes dá a santa gana.

Na ANNCOL vemos, sim, com preocupação que o governo sueco esteja vendendo armas a um estado, e seu governo de turno, para que massacre sem misericórdia o povo colombiano, para que viole seus direitos humanos, participando direta ou indiretamente nesta sangria. Não cremos que a honorabilidade e respeitabilidade do governo sueco vá ser deixada pelos solos por aquilo de que “negócios são negócios”.

A honra e a respeitabilidade estão acima da moral dos negócios. E, ainda, os “negócios” devem ter sua moral e seus princípios éticos.
JMC

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Suécia toma partido



Recebe o senhor Francisco Santos, vice-presidente colombiano. Pretende ignorar que a Colômbia pertence a esses Estados falidos. A promessa de vender a Bogotá aviões de combate para afiançar a hegemonia estadunidense na região viola a função de bons ofícios dos governos nórdicos. Os industriais suecos, através do NIR, estimulam negócios no melhor estilo dos piratas do século XIX.

ANNCOL

Ao lado do governo de Bogotá. Um evidente retrocesso em sua política internacional. Ficam cheios de ponderação diplomática em suas relações com regimes, provavelmente, violadores dos direitos humanos.

Hoje seu parlamento, com um forte peso dos conservadores de seu primeiro ministro, Fredrik Reinfeldt, recebe o vice-presidente colombiano, Francisco Santos, fundados do Bloco paramilitar, chamado Capital. Talvez para defender a capital, Bogotá, do avanço popular.

Faz oito anos, representantes das FARC e do governo de Pastrana, visitaram a Suécia por iniciativa do grêmio dos industriais suecos, NIR, e outras organizações. Ali se encontraram duas personalidades, a senhora Anna Lindh, então ministra de relações exteriores e o dirigente de relações exteriores das Farc, Raúl Reyes. Que cruel coincidência, ambos assassinados.

A sociedade sueca deve saber que seu governo não deve apoiar mais um governo paramilitar como o de Uribe Vélez e seu “ilustre” visitante, o senhor Francisco, amplamente conhecido por suas arbitrariedades fora o único mérito de ser filho de uma das famílias mais ricas da Colômbia, dona de um dos diários mais incitadores do extermínio sistemático dos opositores de Washington.

A venda de armas à Colômbia significa incendiar ainda mais o país. Um obstáculo que o povo sueco deve conhecer. Seus impostos não podem, nem devem, ser utilizados para matar gente inocente.

Colar explosivo, lembram-se?



“Durante a administração Pastrana, por exemplo, o comissário da paz, Victor G. Ricardo, pediu para um canal de televisão silenciar sobre uma informação que evidenciava que as Farc – desde o início da desocupação – faziam chacota do governo e dos colombianos”, escreveu o colunista Daniel Coronel no semanário Semana.

Em carta dirigida a Santos Rubino, responde Ricardo.

***

Doutor

Alejandro Santos Rubino

Diretor

Revista SEMANA

E.S.D.

Estimado Senhor Diretor:

Diante da impossibilidade de me comunicar diretamente com Daniel Coronel acerca de seu artigo <> (Jornalismo e Patriotismo) publicado no último número da Revista, e sem o ânimo de polemizar sobre o processo de paz com as FARC que me coube adiantar sob a liderança do Presidente Andrés Pastrana, procedo a fazer algumas considerações:

Durante o dito processo, todas as atuações foram públicas e se encontraram totalmente documentadas: as decisões do governo em atos administrativos de conhecimento geral, as reuniões entre os negociadores, os acordos alcançados, os desacordos, disso podem dar fé os jornalistas nacionais e internacionais que tiveram acesso contínuo à zona de distensão, e os livros “Hechos de Paz” publicados pela Presidência da República em vários volumes.

A Policia Cívica que operou na região de distensão permitiu que, a par com a ausência de força pública, seus habitantes tivessem a proteção de um grupo de cidadãos que foram nomeados e atuaram sob a direção dos Prefeitos, com dotação dada pelo Fundo para a Paz em convênio com a Polícia Nacional. Algumas armas foram postas à disposição dos Prefeitos para que, como chefes de polícia municipal, por sua vez as entregaram aos policiais cívicos de sua confiança. Os resultados desta experiência foram muito bons, como comprovam as baixas estatísticas de criminalidade, e em particular de homicídios, que se apresentaram em todo o tempo do processo de paz em toda a região de distensão, comparativamente com a situação anterior.

Em alguns casos se chamou os jornalistas à prudência, para não dar lugar a equívocos, quando as situações não eram suficientemente claras – como, por exemplo, o da senhora do colar explosivo, que se atribuiu inicialmente à guerrilha -, mas sempre com a convicção de que “a verdade nunca causa danos. Na mudança, a mentira e o ocultamento então na raiz das tragédias sociais”, como disse o jornalista Coronell.

Mui atenciosamente

VÍCTOR G. RICARDO

terça-feira, 15 de abril de 2008

Com as FARC. Por quê?



Narciso Isa Conde/Rádio Café Stéreo

Desde minha adolescência na vida e na luta revolucionária, assumi uma atitude de solidariedade, aliança e colaboração política com as FARC-EP.

E não só com as FARC, senão também com outros grupos insurgentes da Colômbia e outras organizações político-militares e do mundo.

Jamais me inibi frente às intensas e persistentes campanhas de descrédito que contra as FARC, a FMLN de El Salvador, a Frente Sandinista de Libertação Nacional, a URNG de Guatemala, a Frente de Libertação de Vietnã, o ELN da Bolívia, o MRTA do Peru, a Frente Patriótica Manuel Rodríguez do Chile, o PRT da Argentina, as guerrilhas filipinas, a insurgência palestina, as resistências em Irlanda, no País Basco, Turquia e muitas outras... desenvolveram as oligarquias capitalistas, os Estados terroristas opressores e muito especialmente a potência mundial líder no terror de Estado, genocídios, massacres e guerras destrutivas em escala planetária.

Nunca aceitei a chantagem das acusações de “terroristas”, “subversivos” e “narco-terroristas” empregadas contra elas. Não esqueçam que sempre fui guevarista.

Como me zanguei também da acusação de “saqueadores” contra a população negra empobrecida de Nova Orleans por ocasião do impacto do furacão Katrina e da negligência criminal da administração Bush; e também daquela campanha que qualificou de “foragidos” aos setores médios e populares do Equador que se insubordinaram frente à traição de Lucio Gutiérrez.

Ninguém, no entanto, me tem visto respaldando àqueles movimentos armados e Estados cultores do terror indiscriminado, do fanatismo absurdo e do despotismo desenfreado em nome da revolução (tipo Pol Pot, Sendero Luminoso ou Stálin).

Tampouco, em outro aspecto, ninguém me tem visto em atitude seguidista, subordinada, dependente ou incondicional de nossos aliados políticos por fortes ou prestigiosos que sejam a organização e/ou o Estado que os representam. Nem sequer frente à respeitável e admirável liderança histórica da revolução cubana!

Nossa atitude de solidariedade não só tem sido desenrolada para as mais heróicas e honestas organizações político-militares, como também para toda a diversidade revolucionária, antiimperialista, socialista, comunista..., independentemente dos métodos de luta que empreguem, de suas fontes de inspiração teórico-política e de suas trajetórias históricas, sempre que estejam ajustadas a princípios éticos irrenunciáveis.

Inumeráveis organizações revolucionárias e movimentos sociais, que não têm recorrido às armas, têm contado com nossa solidariedade em cenários eleitorais e em diversas lutas, protestos sociais e rebeldias culturais.

Agora bem, se alguém está em busca de aliados ou “colaboradores” das FARC-EP na República Dominicana, devo dizer-lhes que aqui têm um com domicílio conhecido e que no projeto de Nova Esquerda – Círculos Caamañistas somos todos e todas amigos das FARC-EP, como sucede também em outros setores da esquerda social, cultural e política do país, e em não poucos componentes dos grandes contingentes dos(as) dominicanos(as) “de a pé”.

Deixe-se de inventar o “fio em bolinho” e o “sorvete em palito”.

Deixe-se de fazer o ridículo e de prestar-se a ocultos jogos sujos, levando-se da mentira inventada pela CIA, e pela inteligência do governo narco-paramilitar de Álvaro Uribe – difundido recentemente pelo diário “El Tiempo” de Bogotá – sobre as supostas sete “fundações” dominicanas a serviço do “terrorismo” e sobre os misteriosos sete colaboradores das FARC-EP.

Deixe-se de dar-lhe crédito à perversa torpeza dos agentes que a Estação da CIA semeia com esses fins na DNI e em outras organizações de segurança do Estado, instruída pelos “inventores” das armas de destruição massiva no Iraque.

Vão ao grão, ao concreto.

Passem por minha casa e pela de todos(as) os(as) dominicanos(as) que nos proclamamos amigos das FARC-EP e do legendário comandante Manuel Marulanda Vélez, comunista e bolivariano de pura cepa. Somos muitíssimos (as) mais que sete!

O que está à vista não necessita espelhinhos, muito menos o microscópio de Orlando Martinez, que fora assassinado há 33 anos por procuradores do mesmo padrão dos promotores desta perversa campanha.

Tenham coragem: se lhes desagrada tanto nossa atitude, prendam-nos, acusem-nos, processem-nos. E estejam certos que não vamos nos apavorar nem nos intimidar.

E isto é válido para calieses e repressores locais, agentes da CIA, generais de forca e faca, INTERPOL e todas a ervas daninhas que pululam por aqui e no mundo.

Vão para o caralho com sua chantagem!

Sim, reitero, tenho visitado acampamentos das FARC-EP, sou amigo e aliado de seus comandantes e de sua guerrilheirada, tive já há vários anos com os comandantes Marulanda, Raúl Reyes, Jorge Briceño, Joaquín Gómez..., me entrevistei mais recentemente várias vezes com os comandantes Iván Márquez, Jesús Santrich, Lucía e Rodrigo Granda.

E quê?

Façam vocês o que queiram!

E aos jornalistas amigos da SIP e da CIA que estejam tentados a fazer com isto terrorismo midiático, lhes sugiro sinceramente que tenham em conta que neste país não há caldo de cultura para essa perversidade e menos contra nós outros (as). Poupem-se dessa ridicularia!?

Estão nos preparando para a morte de Ingrid?



Miguel Suárez */Rádio Café Stéreo

Uma situação muito estranha está sendo configurada pela oligarquia colombiana em torno dos prisioneiros em poder das Farc-EP, especialmente em torno de Ingrid Betancourt. Situação que dá a sensação de que Uribe esta acostumando o povo colombiano e o mundo à morte de Ingrid Betancourt, deixando a impressão de que eles, os mafiosos que governam a Colômbia, têm feito tudo pela sua libertação, quando o que realmente tem feito é obstruir todas as tentativas de libertação que mostraram algum êxito.

Já faz umas três semanas que o governo mafioso, se valendo de seus meios de desinformação, começou uma campanha muito sutil falando da saúde de Ingrid Betancourt que, segundo eles, se deteriorava.

Quando esta campanha começava a tomar força, Uribe lançou repentinamente sua “nova” velha proposta de troca, onde ofereceu 100 milhões de dólares para os guerrilheiros que desertassem e entregassem os retidos adivinhem à quem, segundo o diário da família Santos, el Tiempo?

O chefe mafioso Álvaro Uribe Vélez disse, num conselho comunitário em San José del Guaviare, que os “Guerrilheiros que entregarem seqüestrados seriam recebidos pela França”, afirmação que colocaria o governo francês ao lado dos mafiosos que governam a Colômbia, fomentando a desconfiança sobre as intenções de mediação francesas logo quando soube-se que, depois do assassinato do comandante Raúl Reyes, um de seus delegados informou ao governo fascista sobre as conversações com Raúl Reyes, informação que, como se especulou, levou ao assassinato do comandante.

Segundo o meio de desinformação, Uribe disse em Guaviare que o “tema já foi conversado com o Governo da França”. Em seguida estes mesmos meios de desinformação entrevistaram maliciosamente funcionários franceses, lhes mostrando só uma parte da “nova” fórmula, que foi elogiada por estes.

As informações dos meios de desinformação, citando fontes gasosas, seguiram apresentando informações sobre o que, segundo eles, configurava o estado de saúde crítico de Ingrid Betancort.

O meio de desinformação El Tiempo apresentou uma entrevista com um testemunho não identificado que assegurava ter sido testemunho de que outro tinha sido testemunho de uma conversa com Ingrid e, em poucos minutos, inteirou-se de que esta sofria várias enfermidades, apesar de que, segundo o costumeiro artigo, ela não lhe falou, só lhe sorriu.

O mesmo El Tiempo, dias atrás, apresentou outro artigo sobre o mesmo tema, dizendo que circulavam rumores de que Ingrid estava doente, chegando ao cúmulo do cinismo onde, primeiro criaram o rumor, de tanto repeti-lo transformam-lhe em verdade e, logo, lavam suas mãos dizendo que “circulam rumores”.

Segundo o diário da família Santos, “O padre Manuel Mancera confirmou que Ingrid esteve no posto de saúde de El Capricho, em que pese que o médico que prestava seu serviço ali, Andrés Mauricio Teherán, tenha negado ter lhe atendido”.

O mesmo sacerdote, se fazendo de importante, disse, segundo o artigo, que as Farc o chamaram para uma reunião, mas não contou nem o que falou, nem com quem falou e se deu lustre, tratando de mostrar-se importante, dizendo que as Farc tinham lhe anunciado com antecipação onde libertariam Clara Rojas e que, seguramente, fariam o mesmo no caso de Ingrid.

Segundo a novela, Ingrid Betancourt teria quase todas as enfermidades possíveis, estando afetada por uma hepatite B, leishmaniose, insuficiência cardíaca, por não comer estaria desnutrida, está com gastrite crônica, com refluxo do esôfago, paludismo falciparun e paludismo vivax, reto irritado, dor aguda no hipocôndrio direito, hepatomegalia, etc, etc.

Segundo a montagem, todas estas enfermidades seriam curadas pelos magos médicos franceses em menos de um dia e os guerrilheiros, segundo o general Padilla, deveriam levar Ingrid a uma base militar onde, seguramente, segundo a novela, seriam “amavelmente atendidos”.

O meio de desinformação Caracol, denominado “Paracol” pelo povo colombiano, dada sua posição à serviço da guerra, publicou outro artigo baseado numa fonte não identificável dizendo que: carregada pela guerrilha para um acampamento temporário "Ingrid chegou numa maca improvisada coberta com um plástico. Só se podia observar seus olhos e movia a cabeça de um lado para outro com um olhar perdido".

Tratando de deixar a impressão de que os guerrilheiros estavam desesperados com Ingrid levada, em péssimas condições, de centro de saúde em centro de saúde.

A “Paracol” e seus denodados jornalistas nunca esclareceram como fez sua fonte para saber que quem estava debaixo do “Plástico” era Ingrid Betancourt.

O êxtase chega ao máximo quando o meio de desinformação RCN, em seu programa “la Noche”, dirigido por uma muito questionada “jornalista” apresentou uma entrevista, feita à partir de um quartel militar, com um suposto guerrilheiro de nome Norberto Une que, segundo eles, era quem guardava Ingrid enquanto viajava ao Caguan.

Não sei se o governo francês esta implicado conscientemente nesta novela ou se está sendo utilizado por Uribe, mas dá muito que pensar a repentina aparição do avião hospital que chegou na Colômbia sem saber para onde ir nem a quem ia atender e sem ter feito nenhum contato com as Farc-EP.

Parece que o governo francês não tem memória e se esqueceu muito rapidamente a novela que Uribe lhes montou em 2003, quando um “suposto” guerrilheiro foi direto dos acampamentos farianos ao presidente para lhe contar que Ingrid estava gravemente enferma e que a entregariam, porque estavam, além disso, temerosos de uma intervenção das forças de ocupação.

Não se lembram da novela Uribista que bloqueou os, naquele momento, avançados acordos entre a França e as Farc para libertar Ingrid, causando um atrito entre o governo francês e o brasileiro, quando aqueles, clandestinamente, colocaram no Brasil um avião Hércules para resgatar a uma Ingrid que nunca chegou, porque tudo foi uma novela onde Uribe utilizou à família de Ingrid?

Toda esta parafernália criada pelo governo com a ajuda de meios de desinformação como el Tiempo, RCN y Paracol, parece estar abrindo o caminho para que, no caso de Ingrid Betancourt ser assassinada pelas bombas inteligentes da oligarquia colombiana, a culpa de sua morte seja adjudicada à guerrilha.
Vai nesta direção o governo de Nicolas Sarkozy, numa mensagem televisada dirigida ao chefe das FARC, Manuel Marulanda, que responsabiliza à guerrilha da eventual morte de Ingrid Betancourt e, se somando ao macabro jogo de Uribe, anunciou o envio de outra delegação para entrevista com as Farc, sabendo, como eles sabem, que depois do assassinato do comandante Raúl Reyes, as Farc não designaram nenhuma substituição neste sentido.

O risco de que Ingrid Betancort morra numa das “localizações humanitárias” de Uribe aumenta devido aos intensos bombardeios que eles vem realizando contra os sítios onde presumem que se encontram os retidos, contrariando o que disse Uribe em público, de que cessaram os ataques e que chamara as organizações humanitárias para que a libertem.

Os bombardeios da aviação da oligarquia colombiana segundo se reporta da Colômbia, tomaram uma intensidade pouco usual, por casualidade depois de propagada pelos meios de desinformação a história de que Ingrid Betancourt está enferma, depois do anuncio da “nova” proposta uribista e quando tomava força a fórmula do ex-senador Luis Eladio Pérez para a troca de prisioneiros.

Além disto, os bombardeios são ocultados pela imprensa colombiana que, como no caso de Toribio, departamento de Cauca, chega ao extremo de atribuí-los às Farc, assim como o deslocamento de camponeses.

Em Toribio disseram que os camponeses estavam sendo deslocados pela guerrilha que os bombardeava, numa mentira que cai pelo seu próprio peso já que, primeiro, a guerrilha não seria tão torpe em cumprir a missão que o império impôs ao exército da oligarquia colombiana de asilar esta do povo, no que se conhece como tirar a água do peixe; segundo, basta ver nas fotos as tremendas crateras abertas pelas bombas da segurança democrática, as quais recordam as crateras deixadas pelos bombardeios no Equador.

Recordo agora as novelas que nos apresentaram os meios de desinformação, como RCN, Caracol e el Tiempo, quando falavam da crítica situação de saúde do ex-senador Gechem Turbay, de quem diziam ter sofrido vários infartos cardíacos e que se arrastava no lamaçal porque não podia caminhar, mas que, no entanto, no dia da liberação, o vimos de mochila nas costas correndo até o helicóptero que ia tirá-lo da Colômbia.

Em meio a toda esta novela chamou de ultima hora, a senadora Piedad Córdoba, a qual saiu precipitadamente do congresso para comparecer na embaixada da França, onde fora marcado um encontro, talvez buscando que ela os contatasse com alguém das Farc, mas ela não aceitou participar nesta novela.

Então, recorreram ao presidente Chávez, a quem pediram para contatar com Iván Márquez. Ao que respondeu o presidente Chávez, de uma maneira muito acertada, dizendo que "Eu não posso convocar a Márquez de novo ou lhe enviar um emissário para que por detrás venham as bombas. A confiança foi totalmente perdida".

Então, se não tinham contato com as Farc, para que veio essa “missão humanitária” a Colômbia? Quem os ludibriou nessa aventura que, além do mais, esta colocando o governo francês ao lado da morte?

O que buscam com toda esta parafernália? Criar as condições para que Uribe tenha justificação para liberar aos 500 guerrilheiros exigidos pelas Farc?
Ou plantar a idéia de que eles têm feito tudo pela liberação dos retidos e, assim, lavar as suas mãos ante uma eventual morte destes, incluída Ingrid, nos bombardeios humanitários de Uribe?

À primeira opção, tendo em conta o ódio visceral de Uribe e da máfia contra as Farc, não lhe dou nem um por cento de probabilidade, mas à segunda, conhecedor da sede de sangue desta máfia, dou-lhe mais do que 90 por cento de probabilidade. Estão preparando o ambiente para a morte dos prisioneiros em poder das Farc.

O governo francês deve deixar claro seu papel nesta novela uribista, a não ser que esteja conscientemente implicado nesta montagem e esteja lavando as suas mãos com seu avião, para após o assassinato de Ingrid dizer: “Fizemos tudo o que podíamos”

*Diretor da Radio Café Stéreo

sábado, 12 de abril de 2008

As Notas de ANNCOL

Os argumentos que foram expostos a partir dos assassinatos e desaparecimentos dos sindicalistas, passando pela grave situação dos Direitos Humanos na Colômbia e até a perda de empregos dos cidadãos estadunidenses.

Juan Carlos Vallejo*

Peneiras no sol da narcodemocracia colombiana

A poderosa e influente Federação Americana de Trabalho e o Congresso de Organizações Industriais, mais conhecidas por suas siglas em inglês, AFL-CIO, que tem entre suas filas mais de 10 milhões de trabalhadores, Ativaram uma campanha a nível nacional e internacional para se opor à aprovação de Tratado de Livre Comércio entre os Estados Unidos e a Colômbia. Os argumentos que são expostos vão desde assasinatos e desaparicimento dos sindicalistas, passando por uma grave situação de Direitos Humanos e até a perda de empregos dos cidadãos estadunidenses. Mas a novidade é que tem tido mais eco entre os membros do congresso e grupos de pressão cidadã os estreitos vínculos com o narcotráfico e com o paramilitarismo do narco-presidente Uribe e membros do narco-congresso colombiano. Ninguém esperava tantos e tão bons resultados da campanha em tão pouco tempo, pois até congressistas republicanos estão tomando nota disso.

Vendida a Al-Jazirah?

O rumor vinha de muito tempo atrás: a CIA estava desesperadamente buscando a forma de comprar o canal independente, com sede em Doha, Qatar, para silenciá-lo. Depois que as grandes corporações midiáticas estadunidenses, propriedade do complexo industrial militar, como Boeing e General Electric, fracassaram em suas tentativas de livrar-se do incômodo canal, a CIA resolveu criar uma empresa de fachada com a participação de vários “aliados” árabes. Ao que parece a transação havia se mantido em um completo segredo até que os exigentes telespectadores árabes começaram a notar uma progressiva deterioração na programação, na cobertura e no conteúdo da informação. Um detalhe que chamou muito a atenção, foi o lançamento da Al Jazirah em inglês e nos canais oferecidos pelas empresas de televisão a cabo nos Estados Unidos. Pois não se podia entender que enquanto se fechavam as portas para a Telesur da Veneuzuela, se permitia a entrada sem contratempos da Al- Jazirah nos lares estadunidenses.

Jogaram com Ingrid (Esperem noticía exclusiva)

O papelão montado pelo narco-governo colombiano e direitista presidente francês, Nicolas Sarkozy, não tinha outro motivo senão o de tirar proveito político no meio da tempestade. Para o narco-presidente colombiano era de vital urgência mandar uma mensagem a Washington de seus “esforços humanitários” pela liberação dos civis retidos e prisioneiros de guerra em poder das FARC-EP, pois ele tinha que apagar a todo custo a imagem de insensível e violador dos direitos humanos que tem nos setores democratas dos Estados Unidos. Ainda mais quando Bush havia advertido que, em uma medida desesperada, lançaria ao congresso estadunidense, sob a consígnia da Segurança Nacional, a aprovação do TLC. Para o presidente francês, era de suma importância desviar a atenção para Ingrid, quando havia tomado a decisão de enviar mil soldados ao Afeganistão, rompendo com a tradicional oposição francesa a participar das loucuras bélicas de Bush. Sarkozy esperava que a esquerda na França perdoasse isso em troca da libertação de Ingrid. Mas as coisas não saíram como o planejado nem para Uribe, nem para Sarkozy. Não contavam que as FARC-EP tinha uma carta na manga, e ao sair com ela por outro lugar, Uribe e Sarkozy se queimaram.

Não é estranho o silêncio da Fiscalía e da Procuradoria


Sem parar, seguem chegando queixas sobre os serviços da “Lei de Justiça e Paz” em Medellín. O problema já não é mais apenas as senhoras Rocio Pineda e Patrícia Buriticá, mas extendeu-se a outras funcionárias de menores cargos. O que não é estranho é o silêncio da Fiscalía e da Procuradoria para tomar partido no assunto. Há muitos interesses por trás.


Evo, o ingênuo


O presidente boliviano se passa de ingênuo. Agora diz que chama a Igreja Católica, abençoadora de armas, para que “dialogue” com os prefeitos que impulsionam o referendo para partir para a Bolívia em mil pedaços. A Igreja Católica “mediadora”? Se é ela quem apadrinhou o latrocínio infame do povo latino-americano. Se é ela também parte do problema e esteve também por trás dos levantes nas regiões separatistas. O problema de Evo Morales não é somente sua ingenuidade, mas também seu vice-presidente, Álvaro Garcia Linera. Foi ele quem deu status aos movimentos separatistas e que freou as ações do povo boliviano em defesa do presidente Morales. A Igreja Católica vai é complicar mais a vida de Evo e do povo da Bolívia. Isso é como ter um problema com Ali Babá e chamar um dos seus 40 de “mediador”.


Feliz aniversário Colômbia!


Ou melhor, “Happy birthday, happy birthday to you”, pois é tanta sua genoflexão que só se entende em inglês.
Te desejo um feliz aniversário. Já são 60 anos matanto-te, sangrando-te, expoliando-te, explorando-te, submetendo-te. Com a guerra civil mais antiga do planeta. A oligarquia mais corrupta, assassina, racista e vende-pátrias do mundo inteiro. Com a Igreja Católica benzedora de armas, traficantes da fé, decrepta, elitista. E seus fabulosos meios de comunicação, “objetivos” e “imparciais”. E seu setor privado “justo”, “gerador de emprego” e “respeitoso aos sindicatos”.

Celebre pois, feliz com seus carrascos, seus paramilitares, seus mafiosos e suas putas modelos pré-pago, que são uma maravilha.

E que cumpra muitos mais... Bela narco-democracia!

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*Escritor e analista político internacional.

Os Bons e os Maus Torturadores do Terrorismo Midiático na Colômbia

Acabo de ler um comunicado da Redresistencia onde o dirigente de esquerda dominicano Narciso Isa Conde foi “entrevistado”[1] e convertido em uma nova vítima do Terrorismo Midiátido colombiano, como também qualificou a conferência em Caracas recente dos donos de meios de comunicação de massa. A emissora colombiana “Radio W”, do Grupo Prisa (El País, Madrid), é um exemplo ilustrativo desse terrorismo.


Dick Emanuelsson


AMÉRICA CENTRAL/ 080409 / A equipe, não digo redação porque mais parece uma equipe de agentes da segurança da época de Pinochet fascista, parece como uma equipe de torturadores. O primeiro, nesse caso o senhor com sobrenome francês (Félix de Bedout) é o torturador que fica com o papel “agressivo” enquanto o “amável” (Julio Sánchez Cristo) fica com o papel do “Torturador Bom”.


Mas os dois tem a mesma meta e o mesmo Padrão: Colocar o entrevistado em um beco sem saída para que não tenha possibilidade de sair sem antes reconhecer ao menos que tem simpatia pelas FARC.


E para reforçar esse “par de patas”, como disse o peruano, aparece a roda solta; Claudia Morales, ex-chefa da oficina de imprensa internacional do palácio presidencial, Uribista e velha, fazendo a pergunta inteligente: “Tem simpatia ou não com as Farc”.


Para esse jornalismo de garagem não existem matizes, tudo é branco ou preto, Uribista ou terrorista. Escritores que escreveram livros sobre temas colombianos ficam perplexos quando estes personagens uribistas acusam o entrevistado de ter ligação com a guerrilha porque “XX, que é publicado na página da Anncol, tem a mesma posição que Você, e como XX é publicado na Anncol automaticamente XX é um guerrilheiro das Farc e logicamente um terrorista pelo qual Você também deve ter vínculos com as Farc. Ou será que Você condena as Farc ou tem simpatia com os terroristas”?


Os que tem um pouco de experiência, sobretudo os jornalistas que jogam truco, não caem tão fácil nessa armadilha, mas gente inocente e “eu-penso-o-melhor-de-todo-mundo” se convertem em uma presa fácil para essa dupla ou trio da “W”.


Isso acontece do lado das pessoas que se atrevem a questionar o poder.


Do outro lado estão os personagens entediadíssimos de “Papas & Mamas” da República que parece que tem Suítes nos edifícios de RCN e Caracol, porque sempre são entrevistados pelos também entediadíssimos Arismendi, Christo, Gussanin & Cia. Se deram conta de como se mudam as vozes dos “Torturadores”? Já não é o povo que está à frente do microfone como se fosse uma corte marcial, mas os donos da Colômbia. Marta Lucía Ramírez, loira e chorona da oligarquia colombiana, mulher triplamente entediada pelo disco mil vezes arranhado, mulher que não pára de falar a não ser que a dêem uma martelada na cabeça. E para falar do Mussolini colombiano, José-Obdulio Gaviria, que com sua voz suavezinha –ao estilo Corleone- em cada frase assassina um sindicalista ou dirigente camponês, acusando-os de organizar marchas contra o esquecimento do Terrorismo de Estado como a Folha da Vida desse senhor e seu Patrão.

Pois aí há um fragmento do Terrorismo Midiático, capítulo colombiano.


Ao povo colombiano cabe a tarefa de numerá-los em uma lista que publicamos anualmente. Mencionamos alguns, mas há muitos mais, pelegos, idiotas úteis, outros mais sérios e perigosos que com sua atividade de “torturadores midiáticos” assassinam colombianos através de suas ‘denúncias’ ou acusações a dedo.


[1] AUDIO: “Narciso Isa Conde, vítima do Terrorismo Midiático”, Por Redresistencia.

http://www.redresistencia.info/index.php?option=com_content&task=view&id=317&Itemid=49

quarta-feira, 9 de abril de 2008

FARC anunciam que missão médica francesa “não é conveniente”

Telesur/Rádio Café Stéreo


Em um comunicado divulgado nesta terça-feira, as FARC descartaram permitir que a missão médica francesa que se encontra em Bogotá, atenda à franco-colombiana Ingrid Betancourt. Asseguraram que a iniciativa não é produto de um acordo e representa “uma zombaria desalmada às expectativas dos familiares dos prisioneiros”. Comunicado do Secretariado do Estado Maior Central das FARC – EP sobre a missão médica francesa.

Comunicado:

1. A liberação unilateral de cinco congressistas e uma ex-candidata à vice-presidência, ocorridas entre janeiro e fevereiro, foi antes de tudo um gesto de generosidade e vontade política das FARC, não de debilidade ou resultado de uma pressão, como equivocadamente afirma o governo do senhor Uribe. Tais liberações obedeceram a uma decisão soberana da insurgência das FARC estimulada pelo persistente trabalho humanitário do Presidente Hugo Chávez e da Senadora Piedad Córdoba.

2. Desde a última liberação unilateral de 27 de fevereiro estamos à espera do decreto presidencial ordenando a desocupação militar de Pradera e Florida para concretizar ali, com a garantia da presença guerrilheira, o acordo de troca humanitária. Os guerrilheiros presos nos cárceres da Colômbia e dos Estados Unidos são nossa prioridade. Rechaçamos a qualificação arranjada de crime político que pretende impedir que os guerrilheiros saiam das prisões. Não estamos reclamando a ninguém o status de refugiado, utilizado como nome camuflado do desterro e da institucionalização do delito de opinião.

3. Lamentamos profundamente que enquanto propiciamos fatos palpáveis em direção à troca de prisioneiros, o Presidente Uribe planejava e executava o ladino assassinato do comandante Raúl Reyes, ferindo de morte a esperança de intercâmbio humanitário e de paz. Quem ordena a seus generais o resgate militar a sangue e fogo, não quer a troca. Quem oferece milhões de dólares instando à deserção com prisioneiros, não está pelo intercâmbio. Isso é Uribe: o obstáculo principal e o inimigo número um da troca. Por isso aposta irresponsavelmente, todos os dias, no desenlace final.

4. Pelas mesmas razões exportas ao CICR em 17 de Janeiro, a missão médica francesa não é conveniente e muito menos quando não é resultado de um acordo, mas da má fé de Uribe diante do governo do Elíseo, e uma chacota desalmada contra as expectativas dos familiares dos prisioneiros. Não atuamos sob chantagens nem sob o impulso de campanhas de mídia. Se no começo do ano o Presidente Uribe tivesse desmilitarizado Pradera e Florida por 45 dias, tanto Ingrid Betancourt, como os militares e os guerrilheiros presos já haveriam recuperado sua liberdade, e seria a vitória de todos.

Secretariado do Estado Mayor Central das FARC-EP

Montanhas da Colombia, 4 de abril de 2008



terça-feira, 8 de abril de 2008

Dar e receber, é a lógica de toda troca



Consumado o massacre por parte do governo colombiano contra um grupo de combatentes das FARC no qual se encontrava o líder guerrilheiro Raúl Reyes e pelo menos meia dúzia de civis, o executivo deste país e a classe política reacionária, chamam cinicamente as FARC-EP para que continuem com outras liberações de prisioneiros em poder da mesma, cuspindo sobre o cadáver do principal interlocutor que havia entre a comunidade internacional e a insurgência colombiana, com relação ao tema do Intercâmbio Humanitário de prisioneiros.

Agência Bolivariana de Imprensa - ABP

Consumado o massacre por parte do governo colombiano contra um grupo de combatentes das FARC no qual se encontrava o líder guerrilheiro Raúl Reyes e pelo menos meia dúzia de civis, o executivo deste país e a classe política reacionária, chamam cinicamente as FARC-EP para que continuem com outras liberações de prisioneiros em poder da mesma, cuspindo sobre o cadáver do principal interlocutor que havia entre a comunidade internacional e a insurgência colombiana, com relação ao tema do Intercâmbio Humanitário de prisioneiros.

Raúl Reyes havia se deslocado para o território equatoriano, buscando as melhores condições para receber uma comissão do governo francês que buscava contatar o Secretariado das FARC-EP com a finalidade de obter a libertação de Ingrid Betancourt. Isto sabia o governo francês e sabia o governo do senhor Uribe Vélez, no entanto procedeu com ódio contra o membro do Secretariado das FARC.

No atual momento, continua o governo colombiano com o uso sistemático da mentira; anuncia contatos e gestões da igreja e de outros governos, que não existem segundo fontes consultadas pela ABP [fontes da ANNCOL apontam no mesmo caminho], planeja e anuncia operações humanitárias sem consultar uma previa autorização de uma das partes que têm os prisioneiros: a insurgência.

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, chama Manuel Marulanda para que siga a libertar imediatamente a Betancourt, sem contraprestação alguma, sem sequer lembrar que se deve igual correspondência por parte do governo colombiano com os guerrilheiros que tem presos em suas prisões, em condições subumanas..., sem solicitar publicamente ao governo dos Estados Unidos que atuem de maneira conseqüente com as demonstrações persistentes das FARC sobre sua vontade política para a libertação dos prisioneiros e o Intercâmbio, expressa tanto pelas provas de vida que tem entregado – sob o risco à integridade física e liberdade de seus militantes que atuam como mensageiros – bem como pelas libertações unilaterais que em vários momentos da história tem realizado a insurgência.

Atualmente o governo francês busca com celeridade que Caracas faça a mediação com prontidão para a libertação de Ingrid, têm o direito de fazê-lo e razões de sobra, uma vez que o governo que encabeça Hugo Chávez, junto à gestão inatacável de Piedad Córdoba, têm sido as fórmulas mais sensatas, equilibradas e eficientes para o alcance da confiança necessária sem a qual não se teria podido dar nem a liberação dos ex-prisioneiros em poder das FARC, nem a possibilidade real de um acordo de troca.

Ademais, a participação e ajuda que Chávez pode dar no caso é segura e sincera; mas aí não reside o problema; este se encontra na obstinação do governo colombiano e de Washington que são os verdadeiros obstáculos para a troca e a paz na Colômbia.

Por isso o governo francês deveria com igual esmero, buscar que a Casa de Nariño não persista em sua irredutibilidade e demonstre verdadeira vontade para o Intercambio Humanitário.

Antes de helicópteros prontos para atender à saúde dos prisioneiros e preparar seu transporte, deveriam fazer os esforços pertinentes para que o governo em Washington e Bogotá concorde em liberar sem exigências os guerrilheiros e políticos de esquerda presos tento nas prisões da Colômbia como nas dos Estados Unidos.

Sarkozy deve utilizar seus amplos contatos com os norte-americanos, que são os que financiam a atiçam a guerra na Colômbia, para que não sigam impedindo o regresso para casa tanto dos políticos e militares em poder das FARC, como daqueles que se encontram nas prisões do regime.

domingo, 6 de abril de 2008

Oitavo mandamento: Mentirás

Eduardo Galeano

Uma mentira


Até há pouco os grandes media brindavam-nos, a cada dia, números alegres acerca da luta internacional contra a pobreza. A pobreza estava a bater em retirada, ainda que os pobres, mal informados, não soubessem da boa notícia. Os burocratas mais bem pagos do planeta estão a confessar, agora, que os mal informados eram eles. O Banco Mundial divulgou a actualização do seu International Comparison Program . Neste trabalho participaram, juntamente com o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional, as Nações Unidas, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico e outras instituições filantrópicas.


Ali os peritos corrigem alguns errozinhos dos relatórios anteriores. Entre outras coisas, ficamos a saber agora que os pobres mais pobres do mundo, os chamados "indigentes", somam 500 milhões mais do que os que apareciam nas estatísticas. Além disso, ficamos a saber que os países pobres são bastante mais pobres do que aquilo que diziam os numerozinhos e que a sua desgraça piorou enquanto o Banco Mundial lhes vendia a pílula da felicidade do mercado livre. E como se isso fosse pouco, verifica-se que a desigualdade universal entre pobres e ricos havia sido mal medida e à escala planetária o abismo é ainda mais fundo que o do Brasil.


Outra mentira


Ao mesmo tempo, um ex vice-presidente do Banco Mundial, Joseph Stiglitz, num trabalho conjunto com Linda Bilmes, investigou os custos da guerra do Iraque. O presidente George W. Bush havia anunciado que a guerra poderia custar, quando muito, 50 mil milhões de dólares, o que a primeira vista não parecia demasiado caro tratando-se da conquista de um país tão rico em petróleo. Eram números redondos, ou melhor, quadrados. A carnificina do Iraque dura há mais de cinco anos e, neste período, os Estados Unidos gastaram um milhão de milhões de dólares matando civis inocentes. A partir das nuvens, as bombas matam sem saber quem. Sob a mortalha de fumo, os mortos morrem sem saber porque. Aquele número de Bush chega para financiar apenas um trimestre de crimes e discursos. O número mentia, ao serviço desta guerra, nascida de uma mentira, que continua a mentir.


E mais outra mentira


Quando todo o mundo já sabia que no Iraque não havia mais armas de destruição maciça do que as que utilizavam os seus invasores, a guerra continuou, ainda que houvesses esquecido os seus pretextos. Então, a 14 de Dezembro do ano 2005, os jornalistas perguntar quantos iraquianos haviam morrido nos dois primeiros anos de guerra. E o presidente Bush falou do assunto pela primeira vez. Respondeu:


— Uns 30 mil, mais ou menos.


E a seguir fez uma piada, confirmando o seu sempre oportuno sentido do humor, e os jornalistas riram-se.


No ano seguinte, reiterou o número. Não esclareceu que os 30 mil referiam-se aos civis iraquianos cuja morte havia aparecido nos diários. O número real era muito maior, como ele bem sabia, porque a maioria das mortes não se publica, e bem sabia também que entre as vítimas havia muitos velhos e crianças.


Essa foi a única informação proporcionada pelo governo dos Estados Unidos sobre a prática do tiro ao alvo contra os civis iraquianos. O país invasor só faz contas, detalhadas, dos seus soldados caídos. Os demais são inimigos, ou danos colaterais que não merecem ser contados. E, em todo caso, contá-los poderia ser perigoso: essa montanha de cadáveres poderia causar má impressão.


E uma verdade


Bush vivia seus primeiros tempos na presidência quando, a 27 de Julho do ano 2001, perguntou aos seus compatriotas:


— Podem vocês imaginar um país que não fosse capaz de cultivar alimentos suficientes para alimentar a sua população? Seria uma nação exposta a pressões internacionais. Seria uma nação vulnerável. E por isso, quando falamos da agricultura americana, na realidade falamos de uma questão de segurança nacional.


Essa vez, o presidente não mentiu. Ele estava a defender os fabulosos subsídios que protegem o campo do seu país. "Agricultura americana" significava e significa "Agricultura dos Estados Unidos".


Contudo, é o México, outro país americano, o que melhor ilustra os seus acertados conceitos. Desde que firmou o tratado de livre comércio com os Estados Unidos, o México já não cultiva alimentos suficientes para as necessidades da sua população, é uma nação exposta a pressões internacionais e é uma nação vulnerável, cuja segurança nacional corre grave perigo: - actualmente o México compra aos Estados Unidos 10 mil milhões de dólares de alimentos que poderia produzir; - os subsídios proteccionistas tornam impossível a competição; - por esse andar, daqui a pouco a tortillas mexicanas continuarão a ser mexicanas pelas bocas que as comem, mas não pelo milho que as faz, importado, subsidiado e transgénico; - o tratado havia prometido prosperidade comercial, mas a carne humana, camponeses arruinados que emigram, é o principal produto mexicano de exportação.


Há países que sabem defender-se. São poucos. Por isso são ricos. Há outros países treinados para trabalhar para a sua própria perdição. São quase todos os demais.



O original encontra-se em


http://www.pagina12.com.ar/diario/contratapa/13-101340-2008-03-27.html


Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .


quarta-feira, 2 de abril de 2008

Encontro Latino-americano contra o Terrorismo Mediático


. DECLARAÇÃO DE CARACAS


Jornalistas, comunicadores e estudiosos da comunicação da América Latina, Caribe e Canadá, reunidos em Caracas neste Primeiro Encontro Latino-Americano contra o Terrorismo Mediático, denunciam o uso da falsificação pela transnacionais informativas como uma agressão maciça e permanente contra os povos e governos que lutam pela paz, pela justiça e pela inclusão.

O terrorismo mediático é a primeira expressão e condição necessária do terrorismo militar e económico que o Norte industrializado emprega para impor à Humanidade sua hegemonia imperial e seu domínio neocolonial. Como tal, é inimigo da liberdade, da democracia e da sociedade aberta e deve ser considerado como a peste da cultura contemporânea.

A nível regional o terrorismo mediático utilizado como arma política no derrube de governos democráticos de países como a Guatemala, Argentina, Chile, Brasil, Panamá, Granada, Haiti, Peru, Bolívia, República Dominicana, Equador, Uruguai e Venezuela, está a ser empregado hoje para sabotar qualquer acordo humanitário ou saída política do conflito colombiano e para regionalizar a guerra na zona andina.

A atual luta democrática no Equador, Bolívia e Nicarágua, junto ao Brasil, Argentina, Uruguai e México, confirma a vontade política das nossas sociedades de desbaratar a agressiva e simultânea campanha de difamação das transnacionais informativas e da Sociedade Interamericana de Prensa (SIP). Cuba e Venezuela representam com clareza os marcos mais vigorosos desta batalha ainda inconclusa. Por outro lado, estamos obrigados a redobrar nossos esforços perante a dramática situação que actualmente atravessa o jornalismo democrático no Peru, Colômbia e outros países.

Este Encontro Latino-Americano mostrou a necessidade de criar a Plataforma Internacional contra o Terrorismo Mediático, que convoca um novo Encontro a realizar-se num prazo não maior do que dois meses, para o qual actuará em conjunto com outras organizações como a Federação Latinoamericana de Periodistas (FELAP) que, no crescimento da consciência dos povos latino-americanos, defendeu exemplarmente o direito à verdade e a divisa que sustenta seus princípios: Por um jornalismo livre em pátrias livres.

Obstinada em criminalizar todas as modalidades de luta e resistência popular, sob o pretexto de uma falaz noção de segurança, a administração fundamentalista de George W. Bush foi responsável pela sistemática agressão terrorista dos últimos anos contra os meios de comunicação alternativos, populares, comunitários e inclusive alguns empresariais.

A informação não é uma mercadoria. Tal como a saúde e a educação, a informação é um direito fundamental dos povos e deve ser objecto de políticas públicas permanentes.

Convencidos de que esta história começou há 200 anos, ratificamos o compromisso de daqueles que nela nos precederam, com o propósito de ajustar-nos a um exercício ético da nossa profissão, apegados aos valores da democracia real e efectiva e da veracidade que merece a diversidade de pensamentos, crenças e culturas.

Não só a SIP como também grupos de choque como Repórteres sem Fronteiras respondem aos ditames de Washington na falsificação da realidade e na difamação globalizada. Neste contexto, a União Europeia cumpre um papel vergonhoso que contradiz a heróica luta dos seus povos contra o nazi-fascismo.

Na forja da unidade dos povos latino-americanos e caribenhos, os signatários desta declaração conclamam os professores e estudantes de comunicação social a considerar o Terrorismo Mediático como um dos problemas centrais da Humanidade, convocam os jornalistas livres a comprometerem-se a redobrar seus esforços em prol da paz, do desenvolvimento integral e da justiça social.

Neste espírito, exortamos os chefes de Estado da América Latina e do Caribe a incluir o tema do Terrorismo Mediático em todas as reuniões e fóruns internacionais.


"Teu cadáver pequeno de capitão valente extendeu-se ao imenso sua metálica forma" CHE.

"Teu cadáver pequeno de capitão valente extendeu-se ao imenso sua metálica forma" CHE.

Jesús Santrich e Rodrigo Granda/Especial para ANNCOL


Com o símbolo da resistência, com a imagem de Manuel Marulanda em seu peito, Raúl Reyes caiu abatido nos confins da selva da Nossa América. Onde? Têm nos perguntado se foi na Colômbia ou no Equador. Caiu na Pátria Grande, dizemos, porque para um genuíno bolivariano as fronteiras traçadas sobre a terra da Awy Ayala não são nada além da maldade anti-bolivariana que pouco a pouco temos de arrancar pela raiz para que logo frutifique o sonho de unidade do Libertador.


Raúl veio ao mundo no seio cálido e tranqüilo de um humilde lar huilense. Em setembro de 1949, no município de La Plata, nasceu Luís Eduardo Devia Silva, que era seu nome de batismo.
Passou seus anos de juventude entre o estudo e a militância política revolucionária. Desde cedo, e por sua alta sensibilidade social, vinculou-se à Juventude Comunista Colombiana, onde foi forjando sua consciência de classe e recebendo formação ideológica humanista ao lado de seus companheiros nas fileiras.


Assim que se graduou como técnico com especialização agropecuária e com alguns conhecimentos como contador vinculou-se como empregado de uma reconhecida empresa transnacional de produtos lácteos, na qual desenvolveu um intenso trabalho em defesa dos interesses dos operários. Como dirigente sindical ganhou o apreço de seus companheiros mas também o ódio dos patrões.


Luís Eduardo Devia Silva e o Raúl Reyes, então são o retrato do homem operário, sindicalista..., lutador que assumindo a causa altruísta dos desfavorecidos se faz guerrilheiro e assume o combate pelos pobres da terra até as últimas conseqüências. Assim caiu nosso camarada, como insurgente comunista de pátria ou morte sobre o bendito solo dos filhos de Bolívar derramando seu último suspiro de vida sonhando com a emancipação dos povos.


A partir dessa nova La Higuera, desde aquela inóspita Santa Rosa de nossas selvas, desde aquele emaranhado de bosques guerrilheiros em que se verteu seu sangue e o de seus companheiros, a resistência, a indignada força contra o fascismo e a opressão, palpita sem que possa haver quem a detenha. Com o vermelho de seus semblantes abatidos, a semente do valor germina para dar o fruto da honra multiplicada, o fruto do homem com seus sonhos, o fruto dos povos em seu assomo de gritos de vitória redimidos.


Ao lado dos seus, aqueles partidários da rebeldia, da teoria e da prática redentora, sem dúvida alguma a fé nos oprimidos era o credo de certeza na vitória. E todo o histórico de luta do Comandante pôde confirmar-lhe que o potencial de emancipação só os oprimidos que possuem.

Em sua época de trabalhador, a atividade trabalhista levou-lhe às férteis terras do departamento do Valle Del Cauca e logo ao rico e belo Caquetá. Este último departamento foi transitado por Devia também naquelas memoráveis campanhas políticas nas quais os setores revolucionários haviam propiciado algumas alianças com setores liberais como o que conduziam Luís Carlos Galán Sarmiento e Rodrigo Lara Bonilla, entre outros. A busca pela abertura democrática era um propósito fundamental na qual ele decidiu empenhar-se a fundo, contando também com a companhia de Luciano Marín Arango, no desenvolvimento da chamada Frente Democrática, que incluía os comunistas e o Novo Liberalismo, em uma tentativa de encontrar opções de mudanças favoráveis ao povo, dentro de um ambiente de amplitude, pensando sempre na necessidade da unidade nacional e na paz da Colômbia, que no fundo era a essência do projeto pacificador que mais à frente assumirá a União Patriótica a partir do seu surgimento. Naquele momento Luís Eduardo havia sido eleito vereador do município de Paujil.


Posteriormente o candidato presidencial Galán Sarmiento e o ex-ministro Lara Bonilla seriam assassinados por espécimes pertencentes à esse mesmo gênero de criminosos que hoje formam a narco-parapolítica colombiana. Por sua parte Luciano Marín foi para a montanha; como Iván Márquez, incorporou-se à luta armada e no seio das FARC-EP que era a única opção que a guerra suja lhe deixava, cada vez mais encaminhada contra os que queriam uma mudança democrática para a Colômbia.


Em sua época de militante comunista dentro das fileiras do Partido, Devia tornou-se parte do Comitê Central, espaço que seguiu desempenhando combinado com seu trabalho político, sindical e o da representação popular que havia assumido, deixando sua marca como efetivo e meticuloso organizador, que de uma ou outra maneira seguia mantendo até a sua morte. Mas também as circunstâncias de repressão e guerra suja não o deixam outra alternativa senão a da luta armada. Não obstante, a persistência no ideal da paz levam as FARC e um conjunto de organizações democráticas a tentar novamente esse caminho com a fundação da União Patriótica que como projeto político de pacificação foi também afogado por uma nova orgia de sangue desatada pelo regimes desde meados dos anos oitenta e que cobraria a vida de cerca de 5000 militantes upecistas.

Assim como centenas e milhares de militantes revolucionários, Devia sofreu com a hostilidade criminal dos órgãos de segurança do Estado. Mas esta não era uma situação nova para ele; já tinha experiência desde o período presidencial de Julio César Turbay Ayala (1978-1982), quando sentiu na pele as atrocidades do sinistro "Estatuto de Segurança" que legaliza a tortura e o desaparecimento de lutadores populares. Luís Eduardo salvou sua vida em vários atentados, escapou de diversas tentativas que tinham o propósito de desaparecer com ele..., até que a hostilidade foi tal que não teve outro caminho senão ingressar nas colunas guerrilheiras, diante do acossamento da ditadura turbayista. A decisão de vincular-se às FARC leva-o à necessidade de separar-se de Hilda, sua companheira, e de seus pequenos filhos, Robspierre e Lida. Já na década de oitenta quando ele transita pelas trilhas da selva com o nome que toma para enfrentar a nova etapa da guerra de resistência como Raúl Reyes.


Sem dúvida nosso camarada será modelo para configurar o guerrilheiro heróico do Século XXI. Um guerrilheiro coletivo, real, desses que os oligarcas só poderiam admitir como mito impotente, como româtico ideal que nã consegue derrubar sua opulência. Esse guerrilheiro do século XXI que representa a vida e a obra de Raúl Reyes é o símbolo do renascimento da utopia que está em desenvolvimento com a potência da resistência que vai, que anda, que avança com a certeza de que cada passo dado é um avanço que a morte não apagará.

Para os revolucionários de hoje, tudo o que a oligarquia tente para sujar a imagem do insurgente, só será lixo que os condene. Porque nada poderá ocultar as razões que motivam a rebeldia dos guerrilheiros das FARC em sua ascensão rumo ao objetivo do homem novo, avançando na conquista da revolução colombiana, gran-colombiana, da Nossa América..., bolivariana. Porque acontece que, nossos combatentes, como é o caso de nosso Raúl Reyes, são cada um e em conjunto a perseverança de todo o povo em armas contra toda claudicação e são, também, essa persistência que se engrandece quando a alma se move inspirada nos sonhos de Pátria Grande do Libertador.


De onde vem o ódio da oligarquia colombiana a Raúl Reyes? De onde vêm as ofensas das grandes cadeias transnacionais de desinformação que o ultrajam como querendo tirá-lo da memória em sua condição de lutador valente, ou de guerreiro da esperança?... Pois Raúl era sinceramente um combatente, um modesto soldado do povo oprimido e por isso sempre maltratado, que ao blindar-se de corpo e alma na nossa causa que é a que identifica o povo simples, torna-se, para o opressor, tão perigoso que o querem morto; e é daí que vem o ódio dos opressores, nesse mesmo aspecto que é o amor dos oprimidos.


A entrega de Raúl e os seus à causa dos pobres, a alta disciplina, o talento intelectual, o companheirismo e sobretudo o absoluto e profundo amor ao povo fazem o quadro dos revolucionários integrais, nos quais o que mais reluz é a capacidade de entrega generosa, que para o caso do Comandante havia se dado de presente com um virtuosismo que é precisamente o mérito que o colocou no posto de Direção no Secretariado do Estado-Maior Central das FARC-EP, que ocupou até o dia de sua queda. Esse é o estandarte que o conjunto dos combatentes preservam, nos quais, em sua praxe revolucionária, vão a vanguarda do sacrifício pelos demais.
Como combatente Raúl ajudou na criação de várias Frentes Guerrilheiras, e com seu exemplo e ensinamentos contribuiu na formação de múltiplos quadros e novos militantes. Em cumprimento dos planos, para ir executando o deslocamento estratégico da força, pôs todo o seu empenho para contribuir na fundação do poderoso Bloco Sul de nosso exército insurgente.


Durante o mandato de Belisario Betancur (1982-1986), Raúl participou dos diálogos de paz com o governo nacional e é um dos assinantes dos acordos de "Cessar-fogo, Trégua e Paz", assinados em Casa Verde, município de Uribe, Meta, entre o governo e a insurgência. Como conseqüência desses acordos é que surge a União Patriótica, que seria exterminada à sangue e fogo pelo Estado colombiano, no maior genocídio político lembrado na história recente da América Latina, frustrando assim, mais uma vez, as possibilidades de paz para a Colômbia.


Era Raúl um homem de pátria ou morte, de causas insubornáveis, de integridade e de lealdade à toda prova. Um homem que sofria como prórpia a dor alheia, que se sentia pelas penas de toda a América e tornava sua cada intenção de emancipação de cada povo por mais remoto que fosse. Com a inocência de uma criança às vezes, o entusiasmo que empregava em casa causa lhe fazia vulnerável, mas sobretudo quando as tentativas de paz requeriam seu empenho particular. Mas assim era ele, um construtor de utopias, um passageiro do impossível, um convencido da necessidade da luta pela liberdade tanto como da necessidade da paz no socialismo, ou ao menos nas elementais condições de justiça que brindaram sequer o pão para matar a fome enquanto com paciência e tenacidade foi fazendo a longo prazo a construção do ideal do Libertador. Esse era Raúl Reyes, e não esperemos que o digam os oligarcas, os imperialistas..., porque raro seria em momentos de fascismo e de exacerbação imperialista sobrar algo de dignidade e espiritualidade neles que lhes permita reconhecer seu adversário.


Durante a VIII Conferência Nacional de Guerrilheiros das FARC-EP, foi criada a Comissão Político-diplomática de nossa organização guerrilheira, e ele foi eleito como seu responsável. Raúl, então sob o mando de um punhado de guerrilheiros se entrega à tarefa de tornar as FARC conhecidas no mundo levando a proposta de paz com justiça social e as denúncias sobre o terrorismo de Estado que assola a Colômbia.


Com a solvência de um hábil mensageiro da paz, põe em xeque as posições guerreiristas dos governos no exterior. É a raiz desse trabalho que se conhece, então, como O Chanceler das FARC.


Em sua missão é recebido por chefes-de-Estado e de governo, chancelarias, personalidades, ONG´s, representantes do mundo acadêmico, etc... em três dos cinco continentes.


Em 1999 é nomeado negociador das FARC-EP frente ao governo de Andrés Pastrana Arango (1998-2002) no cenário colombiano que ficou conhecido como "Área Desmilitarizada", oi "Zona de Despejo", de San Vicente Del Caguán. Então, outras qualidades políticas e humanas se mostram no comandante, que mostra uma paciência inesgotável para escutar e debater, com prudência suficiente e firmeza revolucionária nessa trincheira na qual se converteu a mesa de negociações. Com um semblante imperturbável nos momentos de dificuldades, era seu costume caprichar os momentos álgidos da discussão com amplos sorrisos muito naturais com os quais às vezes deixava sem graça à contra parte (os representantes do governo) na medida em que sua afabilidade brotava ao lado de suas posições firmes, quando se tratava de defender os interesses populares.


Desde o Caguán, a imagem de Raúl Reyes, como nunca antes havia sido conhecida, saltou para os principais noticiários da televisão, jornais e revistas do mundo inteiro. Seu rosto se fez familiar para colombianos e estrangeiros..., e tinha pouco a ver com o que exteriorizavam os meios; ou seja, os argumentos absolutamente favoráveis ao povo que sempre tecia, como o subsídio ao desemprego, a redefinição salarial em benefício dos trabalhadores, a discussão às políticas neoliberais que permitissem chegar a conclusões que pagassem a crescente miséria na qual se afundavam nossos compatriotas, a erradicação definitiva do problema do narcotráfico mediante um programa de substituição e legalização desenhado pelo comandante Manuel. Enfim, posições que permitissem chegar a alcançar a paz instaurando a justiça social. Mas o regime não ceder, não privar os oligarcas de seus excessivos privilégios. Em conseqüência os diálogos foram rompidos abruptamente, ativando uma operação de aniquilamento que chamaram de Operação Thanatos, o Anjo da Morte, que foi com a qual assassinaram outra opção de paz. O que seguiria seriam anos de aplicação do plano colonialista de Washington, para cuja execução haviam estado fazendo uma re-engenharia da força. "Plano Colômbia" chamaram essa nova aventura guerreirista que o disfarce de um plano social desatou uma operação militar de grande envergadura conhecida como Plano Patriota. Pastrana iniciou a re-engenharia e a instalação do Plano e Uribe a continuou com toda a sanha de seu particular caráter vingativo. Desde então e já no desenvolvimento do segundo período de governo do narco-paramilitar presidente Uribe, as FARC têm resistido e derrotado o plano Patriota, assumindo o que se conhece como Plano Consolidação; ou seja, terra arrasada contra o povo e avanço militarista para fazer da Colômbia a ponta de lança que permita proceder contra o continente.


Raúl não temia os riscos que implicava a tarefa para a qual o Secretariado havia lhe designado. Tornou-se o nome mais vulnerável de nossa Direção, sem dúvida, porque para tornar conhecida essa respeitável organização, deveria correr o risco de cair nas armadilhas que são colocadas, às vezes pelos mesmos que solicitam, ou dizem estar gerando garantias para propiciar os contatos. Havia uma experiência e ele o sabia. Muitas vezes a Direção guerrilheira foi atacada à sangue frio quando se tentava uma busca de relações para iniciar alguma tentativa de paz. Mas, porque se tratava de um mandato, de um dever e de uma convicção, ele havia decidido correr o risco. E mais, ele havia assumido o risco o tempo todo. Mas em grande medida sentiu-se confiante... ; ele tinha a tendência à confiança, mas não como um assunto de improvisação ou de descuido, mas como um assunto de suas convicções; deveria começar a confiar para poder abrir um espaço de aproximação, dizia. Era como parte de uma íntima doutrina essa forma de pensar, e seguramente aquilo que já era parte de sua forma de ser se derivava de sua absoluta entrega à busca por um caminho de reconciliação, mesmo nas piores circunstâncias da confrontação.


Para os combatentes, sempre desconfiados por conhecerem a maldade e a traição com a qual o inimigo atua, a entrega de Raúl à essa tarefa poderia ter o sino da desventura ou de uma tragédia na pessoa a qual estimavam e na qual confiavam por sua experiência enorme, mas que consideravam crédulo demais por ser tão bondoso e tão entusiasta. Mas não, tanta demasia em seu convencimento não tinha fonte na ingenuidade e sim no convencimento que se fundia com o anseio de paz e a abnegação que como revolucionário imprimia à tudo. Não há nada em seus atos que não deva ser ligado com a sua certeza na revolução continental e na paz com justiça que favorecesse aos oprimidos, quando, já sem opressores, pudessem buscar a liberdade.


Para ele, efetivamente a Pátria é a América. Se solía perguntar quando poderiam acabar as fronteiras; se sentia tão equatoriano como colombiano, tão venezuelano como peruano, tão boliviano como argentino, tão de todas as partes que seguramente deve estar rindo da discussão inócua se ele estava ou não do outro lado da fronteira, mas quando sua gestão não era ofensiva, e sim de paz e busca incansável por saídas ao conflito colombiano, porque era propulsor também, ainda mais, do respeito à política de fronteiras promulgada pelas FARC na Oitava Conferência Nacional: não está permitido fazer operações ofensivas fora da Colômbia.

Ultimamente, o Secretariado lhe havia dado a missão de aprofundar, acentuar, sua busca de contatos pela paz; no dia 29 de fevereiro do presente ano, Raúl Reyes, por ordem da Direção guerrilheira, deslocou-se juntamente com sua guarda pessoal para atender um encontro com delegados do governo francês que preparariam as condições de uma possível reunião entre o Comandante guerrilheiro e o Presidente dessa nação, Nicolás Sarkozy, tratando de dar solução definitiva ao caso de retenção política da cidadã franco-colombiana Indrid Betancur, e cuscar nesse marco uma nova alternativa para iniciar um diálogo de paz duradoura. Para tal propósito o comandante Raúl havia improvisaco um acampamento de trânsito, como são todos os acampamentos guerrilheiros, que permitisse em condições mais ou menos tranqüilas atender à importante e delicada gestão que incluía também a atenção a outros emissários e pessoas do continente que desejavam conhecer a realidade da confrontação do ponto de vista da insurgência. Umas semanas antes, o comandante havia feito diligências em outro país de onde vinha se deslocando pela linha sul da fronteira brasileira-peruana-equatoriana- da Pátria Grande, até chegar a Santa Rosa, localidade que fica na província equatoriana da Nossa América. Chegou até ali com suas tropas, e nesse lugar a morte o alcançou, dormindo, enquanto descansava após receber estudantes e acadêmicos que haviam conseguido uma entrevista após esperaram vários dias. O comando militar do Comando Sul dos Estados Unidos, com suas tropas e com lacaios do exército colombiano, mediante uma obscura operação de guerra, por ar, água e terra, fizeram o assalto ao acampamento. Assim, às 00:25 horas do dia primeiro de março, começou a orgia de sangue na qual o império e seus lacaios aniquilaram quase completamente todos que se encontravam naquele acampamento de paz.


Ele estava ali, à espera dos contatos, pois como sempre assumiu a tarefa com toda sua determinação, e não podia ser então o Putumayo nem nenhuma pedra no caminho o limite para seus empreendimentos.


Raúl Reyes havia sido destacado também para que atendesse a muitos companheiros e companheiras que a partir de distintas partes do continente enviavam mensagens para discutir sobre possibilidades de paz para a Colômbia. Tarefa que não lhe surpreendia, pois ele era quemmais manifestava que era necessário escutar e avaliar as opiniões dos que no continente e na Colômbia se preocupam com a nossa situação de guerra e com nosso futuro, que ultimamente tornou-se um fator de muito peso na definição do destino da América Latina e O Caribe. E claro, devia fazê-lo na clandestinidade, para preservar os que desejam a paz, da violência criminal da injúria imperialista que deseja manter a confrontação como a desculpa para assegurar a premanência bélica na região.


Raúl havia dito em alguma entrevista, que era provável que ele ou qualquer integrante do Secretariado morresse na tentativa de busca pela paz, mas que no desenvolvimento mesmo da guerra...; Seja como for, aspirava que, se isso acontecesse, que então estivesse bastante aberto o caminho, ou bastante acumulada a experiência para que outros sigam adiante com tão elevado propósito. E o certo é que sua partida assim, dessa maneira infame como os inimigos dos pobres o propiciaram foi um atentado que – como o indicou o Secretariado- matou ele e ao mesmo tempo feriu mortalmente a dinâmica alcançada na dura luta pelo intercâmbio humanitário de prisioneiros de guerra, que sem dúvida era um passo essencial para buscar o diálogo pela paz. Mas, por outro lado, "por bem ou por mal", como diria um amigo muito próximo, aí está a prática que deverá nos aconselhar sobre os passos que devemos dar.

A causa de Raúl tem milhares e milhares de apoiadores: é de um valor inestimável a solidariedade expressada por amigos, simpatizantes, e pessoas desconhecidas que deram reconhecimento ao importante papel desse pequeno capitão na condução do valoroso Exército do Povo. De tal maneira que ainda há de sobra quem possa continuar o caminho. Disso não há dúvida, assim provam-se errados mais uma vez os gritos da morte e a tragédia nacional se acreditam que esse assassinato é o que poderia colocar em xeque as FARC-EP. Aqui ninguém se rende nem se amedronta, porque a luta que temos abraçado é um compromisso de pátria ou morte por tudo o que defendia e fazia Raúl: a denúncia das injustiças disseminadas pelos oligarcas; a luta contra a guerra suja desatada pelo regime terrorista; sua batalha ao lado de pessoas mais humildes, por seus direitos e necessidades mais sentidos. Ou seja, a entrega absoluta à busca pela paz sem restrições. Para isso se encontrava com muitos altos funcionários do Estado assim como com múltiplos homens preocupados da cidade e do campo de quem buscava as idéias que constituíam seu potencial moral de firme revolucionário, já levantando a voz pelos prisioneiros do império, por Sonia, por Simón, pelos cinco cubanos, por Victor Polay, por Múmia..., por nossos prisioneiros nas mãos do regime; pelos deslocados, os desaparecidos e os explorados.

Esse é o significado de Raúl, esse é o ideário e a voz rebelde, justiceira, que odeiam os oligarcas que o difamam e o maltratam ainda depois de morto. Quem sabe por o sentirem mais vivo que nunca. Isso é o que torna-o proibido, isso é o que o faz indesejado, isso é o que o fez perseguido, mas pelos de cima.

A palavra e a prática de Raúl Reyes, por tudo que ela significava, suscitava a ira de Uribe Vélez, ou seja, do fascismo. De tal maneira que, para continuar avançando, não poderia ser de outra forma senão na clandestinidade, nas trilhas da selva ou nos caminhos do cyber-espaço, falando ao mundo com a mensagem que os opressores desejavam ocultar; quebrando cercos, fugindo das perseguições, inventando caminhos, cruzando rios, desfazendo fronteiras, atuando clandestino, resistindo!... Sempre disposto a cair abatido se necessário fosse para seguir enaltecendo a causa da paz digna.

Não inquietavam Raúl as inverossímias acusações e afrontas difamadoras. Com mais entusiasmo reiniciava seus trabalhos cada dia, imbatível como militante comunista bolivariano..., como bom homem, leal, sacrificado, sempre avançando até esse céu que continuará buscando nesse momento que por incrível que pareça não é mais que a crise que antecederá grandes definições a favor dos oprimidos, com o detalhe de que (para a tristeza da oligarquia e o império), Raúl, ou melhor, Raúls, haverão aos montes. Com segurança o exemplo desse comandante como revolucionário é um dos exemplos a serem seguidos pelo mundo caminhando rumo à felicidade sem exploradores nem explorados.

Raúl seguirá na trincheira da Pátria Grande, com uma arma de amor para os pobres, com essa arma que é o ideário bolivariano, revolucionário, ajudando de alguma forma, com a paciência e o cuidado que requer a guerra de resistência diante de tantas infâmias dos opressores.

Não esperemos que por estas ações os inimigos, os fascistas, batam palmas ou cantem hinos... Não, e se isso ocorresse deveríamos estranhar, pois seria algo suspeito. Aos revolucionários nos bastam os coros de amor dos oprimidos, esses cantos de amor que aterrorizam os terroristas do nêutron e da moto-serra.