"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


terça-feira, 31 de julho de 2007

Necessitamos da Nova Colômbia

O país não tem porque seguir a um presidente irracional, desaforado, que, ante a palavra FARC, se arrepia e entra numa espécie de transe convulsivo. O que não pôde lograr-se com o Plano Patriota não se alcançará com disparos de adjetivos. Negar a inversão social para colocá-la a serviço da voracidade da guerra, como o faz Uribe, não acelerará a vitória militar do Estado, senão o levantamento popular generalizado. Necessitamos urgente da Nova Colômbia.

Iván Márquez


[Iván Márquez*]


Ante o primeiro-ministro canadense e sem que ninguém o estivesse perguntando, o presidente Uribe manifestou que ele não era paramilitar e que em 2002 as FARC estiveram a ponto de tomar o poder.


O primeiro só pode brotar de um homem encurralado como ele, por esse engendro do Estado que é o Frankenstein da narco-para-política. É como se divagasse impulsionado pelo repúdio internacional e as aflitivas evidências.


Os fatos são graves e contundentes. Toda a cúpula do Estado está envolvida. Seus ministros mais importantes, o de Defesa, o de Fazenda, o vice-presidente da República, o comandante do exército, uns 80 congressistas uribistas, vários governadores, seu ex-chefe de segurança, a ex-chanceler..., todos eles chapinham sem saída nesse pântano da podridão que é a narco-para-política.


O da Colômbia não é um governo confiável. Isso deve ter percebido Uribe de repente frente ao ilustre visitante. Não pode inspirar confiança um governo foragido e manipulador quando se trata de abordar as relações com outros governos, instâncias e organismos internacionais. Algo deve motivar os senadores democratas para deixar no limbo as relações com Uribe enquanto não resolva o assunto da para-política e dos direitos humanos.


É que se trata de um governo montado sobre milhares de fossas comuns, milhões de deslocados, de motosserras paramilitares, de torceduras de cuello à Constituição, de fraudes eleitorais e dinheiros do narcotráfico.


Esse “eu não sou paramilitar” escapado sem convicção dos lábios de Uribe faz parte desse persistente costume que o arrebata de contradizer sua própria consciência.


E, quanto a iminência da queda do governo e da tomada do poder pelas FARC, ação só frustrada por Uribe em suas fantasias, devemos dizer que é um tema de outras profundidades e magnitudes.


É certo que, nessa época, tínhamos em nosso poder cerca de 500 prisioneiros de guerra, todos capturados em combate, que havíamos assestado golpes demolidores às tropas oficiais em vários pontos do país; que – como diz o general Tapias –, se houvéssemos tomado um batalhão se haveria desmoronado a moral do exército; que, certamente, existiam, como hoje, condições objetivas para a tomada do poder, porém não haviam condições subjetivas que lançassem o povo às ruas, às barricadas e à insurreição, com essa decisão dos povos que, num momento determinado da história, os impele a não deixar-se governar-se mais pelos opressores, e que é componente essencial do Plano estratégico das FARC, que também chamamos Campanha Bolivariana pela Nova Colômbia.


O que mais teme esta oligarquia, e teme como o diabo à água bendita, é a explosão social com a existência nas montanhas de um exército guerrilheiro, bolivariano como as FARC; porque sabe que na confluência, no encontro dessas duas forças demolidoras está a chave da vitória popular. E não só. Sabe muito bem que se levantaria, então, no norte da América do Sul a grande onda da revolução continental e a possibilidade do surgimento neste hemisfério da Pátria Grande sonhada pelo Libertador.


É esta perspectiva a que move a Casa Branca a escalar sua intervenção militar no conflito interno da Colômbia. O Plano Patriota – componente militar da “Segurança Democrática” – desenhado pelos estrategistas do Comando Sul do exército dos Estados Unidos, buscar cortar esta possibilidade propondo a derrota militar da guerrilha, ou, ao menos, quebrar sua vontade de luta para levá-la subjugada à mesa de negociações.


A conversão paulatina da base aérea de Três Esquinas e do posto de mando de Larandía no Caquetá em enclaves ou bases militares estadunidenses faz parte deste intrincado jogo de xadrez militar. Os gringos, com sua tecnologia de ponta, seus satélites, seus “predators” e seus helicópteros Chinook não vieram ao sul da Colômbia somente para matar mosquitos no tédio do meio-dia da selva amazônica.


A verdade é que, neste novo intento de aniquilar a resistência, levam mais de 5 anos e não o puderam. O Plano Patriota é um fracasso, o reconhecem tirios e troianos. Ocuparam – tal como o projetaram – o “coração da rebelião” e têm trilhado a selva e rebuscado cordilheiras, porém não apresentam resultados consistentes. Parece que não entenderam que se enfrentam é com uma guerra de guerrilhas móveis, que não cessa de causar-lhes baixas e de brindar-lhes surpresas, e mais surpresas. Ao contrário do que se propunham, o que se está espatifando é a vontade de luta das tropas oficiais. Como diz o general Tapias, a guerrilha se acostumou ao conceito das forças de deslocamento rápido, de unidades móveis e de apoio aéreo. Do fragor dos combates está surgindo o guerrilheiro da ofensiva final, o que sabe que conta com o amor do povo, porque esta luta tem as mais profundas raízes sociais e políticas.


O Plano Patriota não tem modificado substancialmente o despregar estratégico da força estipulado no Plano Geral das FARC. Avança-se, como em todo projeto, com os altos e baixos que imponha a realidade. Quando uma fase logra seus objetivos, se passa à seguinte até que se considere chegado o momento da ofensiva final, do governo de coalizão democrática ou do revolucionário, segundo a via pela qual se chegue a ele.


Desejamos a solução política, porém, os governos da oligarquia só querem a rendição e a entrega das armas, sem mudanças estruturais, sem ceder a seus privilégios, sem discutir o assunto da conformação das Forças Armadas, sem justiça social e sem dar passagem a um novo Estado. Todos se foram por essa via. Pastrana mente quando diz que o processo do Caguán fracassou por causa das FARC. Fracassou porque esse presidente correu da discussão sobre o desemprego e o sistema econômico. E, sobretudo, porque necessitava ganhar tempo para concluir o que se deu em chamar a reengenharia do exército para seguir teimosamente após essa quimera da derrota militar da guerrilha. Agora, saca pecho dizendo que no acordo humanitário pactuado com a guerrilha logrou a libertação de cerca de 400 militares. Pelo acordo humanitário só ficaram em liberdade 13 guerrilheiros e uns 47 militares. O resto, 305 militares e policiais prisioneiros, foram libertados como um gesto unilateral das FARC. É melhor que se busque outro cavalinho de batalha, e que abandone essa ridícula pretensão de ganhar indulgências com pais-nossos alheios.


Na busca de uma solução do conflito pela via política, diplomática, levantamos a bandeira da plataforma bolivariana pela Nova Colômbia, de 12 pontos, a Agenda Comum do Caguán, e aos povos a proposta de organização no Partido Clandestino e no Movimento Bolivariano.


Os diálogos de paz com as FARC são na Colômbia, de frente com o país, com participação de organizações políticas e sociais, e com um território desmilitarizado de tropas.


Enquanto isso, o Plano estratégico das FARC seguirá seu avanço em suas duas vertentes: a via do acordo nacional para a solução política, e a via armada. Uribe não está ganhando a guerra que nega em sua mentalidade de avestruz. Ele, que recebe toda a ajuda bélica ingerencista dos Estados Unidos, se rasga agora as vestimentas porque no irmão Equador uma organização política social resolveu solidarizar-se com os esforços da insurgência colombiana e com as formas de luta que assumam os povos. Só faltava isso: que os torquemadas da direita e do fascismo que tomaram por assalto o Palácio de Nariño agora queiram pendurar e condenar à fogueira os dirigentes sociais da América Nossa. Isso explica as barbaridades que têm cometido contra os dirigentes populares do país, ademais de reafirmar que o que têm aplicado aqui é o delito de opinião.


O país não tem porque seguir a um presidente irracional, desaforado, que, ante a palavra FARC, se arrepia e entra numa espécie de transe convulsivo. O que não pôde lograr-se com o Plano Patriota não se alcançará com disparos de adjetivos. Negar a inversão social para colocá-la a serviço da voracidade da guerra, como o faz Uribe, não acelerará a vitória militar do Estado, mas sim o levantamento popular generalizado. Necessitamos urgente da Nova Colômbia.


Montanhas da Colômbia, 24 de julho de 2007


* Integrante do Secretariado das FARC-EP


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O rol dos países amigos: entre o pragmatismo e a falta de imaginação

Dos países amigos, a Suíça é, sem sombra de dúvidas a que mais confiança gera entre as partes, apesar de que o governo nacional não vê com bons olhos a interlocução da Suíça com as FARC-EP nem tampouco o fato de que a Suíça não se somou ao coro das listas terroristas. Isso exaspera o governo colombiano. Aqui pesa muito a tradição de mediador do país Hlevético.


[Johnson Bastidas/Sociólogo]


Tornou-se conhecido o pronunciamento dos países amigos no qual reafirmam sua "determinação" de continuar incansavelmente seus esforços para alcançar o mais rapidamente possível uma solução humanitária para a Colômbia.


Leiamos esta declaração no contexto no qual se produz. Sem esquecer tampouco, que papel joga na América Latina (AL) no contexto de expansão econômica de capitais, tal dimensão implica uma leitura internacional do conflito colombiano.


Ao contrário do que se pensa atualmente, a AL perdeu importância como receptora de capitais estrangeiros, a prioridade hoje em dia para o caso da União Européia é o Leste Europeu, digo isto sem nos atermos aos destinos que têm atualmente as inversões. Os capitais estão buscando mão-de-obra barata e bem qualificada, e nisto os países do Leste superam a AL, estes têm um bom nível educacional, boas infra-estruturas. As transferências de empresas estratégicas são feitas com olhos para esse lado do continente. Empresas da Alemanha e França fazem chantagem, atualmente, com os respectivos governos e sindicatos locais para pedir isenção de impostos e flexibilização da contratação sindical, sob pena de irem embora para a Polônia. Em conseqüência são atraídos para esses países para o eixo de influencia da União Européia e da OTAN.


Outro elemento importante, é que a UE (União Européia) paira entre a disjuntiva de posicionar-se sobre seu próprio solo, e a influência latente e manifesta dos EEUU através da OTAN. Por isso na Europa fala-se de construir um sistema de defesa nitidamente europeu que não dependa da OTAN, este é um sonho pois cada vez mais se constroem bases militares estadunidenses em solo europeu, produto de negociações entre governos da social-democracia e a direita dos EEUU. Para citar somente os casos Berlusconi na Itália, Polônia, e outros Estados Europeus. A situação apresentada pelos vôos secretos da CIA em solo europeu para seqüestrar pessoas suspeitas de laços terroristas, serve-nos de indicador. Os EEUU atuam 'à vontade' em solo europeu. De outro lado a diplomacia Européia foi incapaz de resolver sozinha problemas sobre seu próprio solo, a crise dos Balcãs é um bom exemplo. E quando intervém o faz de maneira errada, como no problema interno palestino, ou tarde como na crise de Dafur, e o que não dizer da mediocridade mostrada frente à agressão de Israel nos territórios ocupados na Palestina e na guerra do Líbano.


O dito até aqui serve para situar o leitor sobre o tipo de mediadores que temos no conflito colombiano. Um elemento importante que não podemos deixar passar é que, se a diplomacia européia vai de fracasso em fracasso como União, esta mostra mais eficácia agindo só, quer dizer, com a influência que pode ter cada país em separado. Se não, como explicarmos que uma ligação telefônica do presidente francês pode fazer liberar a R. Granda, o chamado Chanceler das FARC_EP. Não acreditamos que a liberação de Granda seja um problema de consciência da direita colombiana, que desde o Estado promoveu seu seqüestro na Venezuela. Esta influência individual de cada país europeu parece estar intimamente ligada às inversões que cada país tem na AL em geral e na Colômbia em particular, mas não é sempre assim. A este ponto é que eu queria chegar.


Ao contrário do que muitos pensam, há quem diga ou acredite, por exemplo, que existam imperialismos maus e/ou imperialismos bons (União Européia). Aqui entendemos que o que se denomina "imperialismo" é um só. Seja Europeu ou Estadunidense a essência é a mesma, há diferenças, isso sim, de métodos. Uns enviam tanques de guerra, outros enviam capitais, uns e outros preferem os acordos bilaterais, porque neles nota-se a assimetria entre países que firmam tais acordos.


Os EEUU a pesar de sua influência histórica na Colômbia, lembremos de alguns indicadores já conhecidos, - somos o terceiro receptor da ajuda militar estadunidense, (Leia-se Planos Colômbia, Patriota, e o agora denominado Consolidação, esta não sabemos de quê) no território colombiano há três prisioneiros de guerra estadunidenses, quem sabe os únicos prisioneiros estadunidenses no mundo, os EEUU são o principal sócio comercial da Colômbia, a inversão liquida para o ano de 2004 deste país na Colômbia foi de 3. 874 milhões de dólares (US), e para 2005 esta subiu para US 5. 273, o qual representa um crescimento do 36%, a pesar de tudo isto, a União Européia compete ou pretende competir neste pastel delicioso chamado: privatizações, que dispararam durante os dois mandatos Uribistas e cujos dinheiros eram servidos em sua maioria para tapar os fossos fiscais.


As inversões da UE na Colômbia para 2004-05, segundo a fonte antes citada, se traduzem em 35.4% (US 11 bilhões), da inversão estrangeira no país; nessa ordem seguem as Antillas com 24% (US 7. 798 milhões) e num terceiro lugar estão os paises do NAFTA (México, EEUU, Canadá) com 23.7% (US 7. 697 milhões). Por países a cifras são mais claras, Inglaterra investe mais que os EEUU na Colômbia, US3. 759 milhões contra US 1.399 milhões, com toda esta inversão da Inglaterra, não saberíamos nunca que o embaixador inglês haja demitido um ministro ou um general das FFAA, contrário ao pode de Virrey que possui na Colômbia o embaixador atual dos EEUU.


Nas bolsas de valores, os investimentos diretos espanhóis ocupam o segundo lugar depois dos EEUU, as cifras para 2005 do Banco da República são em sua ordem de ações em milhões de dólares, US 5.272 para o EEUU e US 3. 963 para a Espanha. A foto em Cartagena em 11 de Julho último, de Felipe Gonzáles, Pastrana, Belisario, Saramago e Uribe e a compra d'O Tempo por parto do grupo espanhol Prisa, não são nada gratuitas. As declarações de Saramago nesse ato, quando desqualificou o caráter político da insurgência colombiana são uma mensagem clara do que pensa o capital que chega à Colômbia.


Os investimento da Suiça na Colômbia podiam ser consideradas como modestos, apesar da presença da Nestlé, a Glencore, Holcim e outras empresas que operam sobre o território nacional, lembremos que empresas de capital suíço têm ganho, ultimamente, licitações importantes, como a ampliação e a concessão por 20 anos do aeroporto de Dorado, uma refinaria de Petróleos, entre outras. A Suíça e a Inglaterra são um bom exemplo de como a influência política não está intimamente ligada ao volume de investimentos, na Bolsa de investimentos diretos a Suíça não parece nem as primeiras mais importantes (que somadas são 96.9%).


As relações comerciais entre a Colômbia e a Suíça, baseiam-se nas preferências tarifárias outorgadas pela Suíça (SGP), a balança comercial está inclinada sobre este último. As exportações da Colômbia nos anos 2003-2004-2004 foram em milhões, US$ 129,04, US$ 152,29 e US$ 140,13 respectivamente. Para o mesmo período, as exportações da Suíça para a Colômbia foram aumentando, US$ 171,00, US$ 207,32, e US$ 208,03 milhões. Não esqueçamos, um fator importante é que a Suíça não qualifica de terroristas a insurgência colombiana e esta ação política pesa mais que qualquer investimento de capital na hora de uma mediação no conflito colombiano.


Outro dado a ser levado em conta é que, apesar dos 3 ministros de relações exteriores da França, Espanha e Suíça serem de ascendência socialista, isto poderia ser interpretado como bom sinal da coordenação que podem ter as 3 agendas diplomáticas. Porém as situações internas de cada país e os interesses díspares no conflito colombiano podem afetar a velocidade das iniciativas que ali surjam.


O ministro francês de relações exteriores Bernard Kouchner, figura como traidor no seio do partido socialista, e sua nomeação é interpretada como uma estratégia de Sarkozy para dividir os socialistas. A França parece interessar-se pela sorte de Ingrid Betancourt. Moratinos, por sua vez, arrasta-se com a dívida contraída do partido PSOE, que havia feito do processo de paz com ETA uma das bandeiras principais do governo, diante do fracasso deste processo, o governo de Zapatero mostra uma debilidade que o PP já começa a canalizar para as próximas eleições. A Ministra suíça Camy- Rey por seu lado, produz debate no seio de seu partido ao assinalar que este havia se alijado das bases sociais, e que cada vez se verticaliza mais a tomada de decisões no interior do partido. O partido socialista suíço mostrou ambigüidade tremenda diante de certos dossiês chaves na política doméstica, como por exemplo, diante da nova lei de asilo e a revisão da lei de estrangeiros. Por outro lado, o partido socialista suíço não mostrou nenhum interesse sobre a situação colombiana. Contrariamente a isso, partidos da extrema esquerda suíça, menores como Solidarités e o Partido Suíço do trabalho mostraram maior sensibilidade diante da situação colombiana, assim como também alguns sindicatos.


Dos países amigos, a Suíça é, sem sombra de dúvidas o que mais confiança gera entre as partes, apesar de que o governo nacional não vê com bons olhos a interlocução da Suíça com as FARC-EP nem tampouco o fato de que a Suíça não se somou ao coro das listas terroristas. Isso exaspera o governo colombiano. Aqui pesa muito a tradição de mediador do país Helvético.


A diplomacia Suíça deve fazer valer esta posição privilegiada para gerar idéias criativas que arranquem o processo colombiano do ponto morto em que se encontra. O limbo do processo, pode ser superado se o intercâmbio humanitário for alcançado. Um intercâmbio humanitário abriria um marco de confiança para a busca de saídas políticas ao conflito colombiano. O primeiro obstáculo à solução política é Uribe mesmo e o projeto que ele encarna. O regime aposta na derrota militar da insurgência, ou seja, da guerra, esquivando-se assim dos caminhos que a nação necessita.


Diante desse cenário tão complexo, esperamos que ao final se imponha a solução política ao conflito. Quando esse momento chegar, precisaremos de um terceiro que traga propostas criativas e audaciosas que vão mais além de suas inversões.


  1. Segundo dados da República e do Ministério do Comércio, Indústria e Turismo.
  2. O governo anunciou a venda de todas as hidroelétricas, entre elas, ISA e ISAGEN estas duas últimas valem em torno de 4.5 bilhões, que serão utilizados para antecipação dos serviços da dívida externa. Também a emissão de bonus por US 4.500 milhões para capitalizar a empresa ECOPETROL.

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O regime uribista combina as diferentes formas de mentir

Afirma o fiscal de Sintratelefonos, Segundo Hernando Cañón, em carta pública divulgada pela ANNCOL no dia de hoje e dirigida à comunidade nacional e internacional. As declarações irresponsáveis do vice Santos coincidem com o leilão do patrimônio próprio dos colombianos. Outro falso positivo.

Agora devemos pedir permissão a este sujeito até para falar para fora!


[ANNCOL]


Para o conhecimento dos nossos leitores transcrevemos a carta em sua totalidade. Que também, Hernando deseja pôr nas mãos de AI, HRG, OIT e o Congresso Democrata dos EUA.


***


Como fiscal do Sindicato SINTRATELEFONOS é minha obrigação realizar uma denúncia pública consistente em como o poder midiático do Governo põe em marcha o aniquilamento sistemático das organizações sindicais na Colômbia, o caso concreto se evidencia nas declarações temerárias e falácias do Vice-presidente Santos nos meios televisivos, escritos e radiais, diante de temas que o próprio organizador do seminário no Equador desvirtuou amplamente; mas o Vice-presidente Santos, sob a figura da imputação acusa trabalhadores, dirigentes sindicais e suas famílias, colocando uma lápide nas costas de maneira irresponsável, ao asseverar um inexistente apoio à luta armada no território Colombiano, baseado em um documento apócrifo.


Em uma coluna de opinião imparcial deveria questionar ao Vice-presidente e ao governo de Uribe sua combinação das diferentes formas de mentir, porque como estão as coisas o que o governo iniciou com suas declarações irresponsáveis foi outro falso positivo, enlodando e colocando em grave risco sindicatos sérios e comprometidos com suas empresas e com a cidadania como são o SINTRAEMCALI, SINTRATELEFONOS e SINTRAUNICOL.


O absurdo do tema é que os meios televisivos tendenciosos, apenas se divertiram em transmitir com ampla difusão a intervenção do Vice-presidente, mas aos prejudicados por suas falsas declarações só dão um ínfimo espaço para declaração e ainda assim editam seus argumentos, para deixar mais incerteza diante da opinião pública.


Vocês se caracterizaram por serem investigativos e objetivos, os convidamos a realizar uma análise dos tempos em que ocorreram os acontecimentos e vocês encontrarão sérias coincidências, por exemplo:


Então frente a ações pacíficas de protesto legal e contundente, hoje vemos a retaliação perversa de um governo infame que, fazendo apologia à violência, estigmatiza os sindicatos e estabelece um status quo de amedrontamento à nível de protesto social, tomando partido de sua asseveração temerária para ganhar respaldo diante do congresso Democrata Norte-americano e assim obter a aprovação do TLC porque segundo o governo os sindicalistas são terroristas e entre eles mesmos se exterminam.


Em poucas palavras, o governo pretende fazer carambola ao satanizar uma convocatória aberta a um seminário em Quito, Equador, onde se discutiu academicamente, a situação atual da América Latina e os setores de esquerda frente à fenômenos como o TLC e a Globalização, e de quebra aproveitaria para tomar partido em seu conflito diplomático com o país irmão Equador pelas fumigações com Glifosato, maximizadas quando o governo Equatoriano denunciou este atropelo diante de tratados Internacionais.


Ao ser assinalados como terroristas põe em grave risco a democracia participativa da sociedade porque as asseverações realizadas se lançaram irresponsavelmente pelo governo a todos os meios nacionais e internacionais e logo nos pede explicações, logo a conduta a seguir não houvesse sido primeiro investigar para apenas depois provar com as assinaturas a participação e anuência dos hoje imersos em um suposto delito.


Em busca da reivindicação da verdade, e de que se faça justiça, deixo à sua consideração esta denúncia aberta, que foquemos ao objeto real do acontecido e assim mesmo plasmar que não apoiamos nenhum tipo de violência armada venha de onde venha.


Que aos sindicatos, aos trabalhadores e à sociedade não lhes seja aplicada uma DISTANCIE, como querem fazê-lo com as Empresas construídas com patrimônio público.


SEGUNDO HERNANDO CAÑON PRIETO
Fiscal SINTRATELEFONOS


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segunda-feira, 30 de julho de 2007

As “estrelas” nos Carteis da Droga

Na Colômbia acontecem coisas inacreditáveis. Um narco-paramilitar é presidente. E as relações dos militares com os chefões do narcotráfico são de longa data. Gómez Barros, Rosso José Serrano, Oscar Naranjo, Castro e Mario Montoya. São apenas amostras destas relações impudicas, escreve Domínico Nadal.

409 kg de cocaína não são nada…


[Por Domínico Nadal, ANNCOL]


Na Colômbia acontecem as coisas mais inacreditáveis. E não é mentira. Mostrem-me um país onde se elege como presidente um reconhecido narcotraficante e paramilitar. Não acredito que existe algum. Mostrem-me um país onde os meios de comunicação passem as vinte e quatro horas do dia lançando elogios a esse narco-paramilitar presidente. Não existe, verdade?


Bem, agora vocês podem me mostrar um país em que os generais de alta patente recebam como prêmio pela sua fidelidade para com os gringos, poder enviar um carregamento de cocaína para os Estados Unidos…


Para relembrar


Desde a época do general Gómez Barros são conhecidos casos de generais relacionados com o narcotráfico. Rosso José, ‘Coca’ Naranjo e o general Castro são alguns casos.


Os generais e o narcotráfico.


É impossível desmentir as relações da cúpula das forças militares e da polícia com o narcotráfico. São o pão de cada dia e tem persistido em toda a história do narcotráfico na Colômbia, transformado pela oligarquia em narco-paramilitarismo.


No caso do general (da reserva) Gómez Barros, da polícia, é uma amostra de que esta relação vem de muitos anos.


Agora começa a vir à tona que o general Rosso José Serrano, na época comandante da Polícia e erigido por conta dos gringos em ‘o policial do mundo’, foi autor da liberação de Salvatore Mancuso e “Jorge 40” quando estes tinham sido detidos em La Guajira.


O irmão do general Oscar Naranjo, na ativa e diretor da Dijim, foi capturado este ano na Alemanha com um carregamento de cocaína e por isso condenado a mais de 5 anos de prisão naquele país europeu. Quando estourou o escândalo o presidente narco-paramilitar Álvaro Uribe Vélez deu declarações ‘apoiando o general Naranjo’.


O general Jorge Daniel Castro, na ativa e comandante da Polícia Nacional, foi acusado por um senador e vários ex-oficiais daquele órgão policial, de ter relações com o narcotráfico. Posteriormente, foi apreendido um carregamento de 409 kg de cocaína que pertenciam a Z1, o general Castro. Quando o escândalo estourou o presidente narco-paramilitar reafirmou seu apoio ao comandante da Polícia Nacional


Para relembrar


O contubérnio impudico das forças militares com o narcotráfico deu origem aos sinistros bandos dos narco-paramilitares.


As forças militares colombianas e o narco-paramilitarismo


Muitos oficiais das Forças Militares e da Polícia (Força Pública) mantêm relações com os narcotraficantes ou narco-paramilitares. Quando na época da bonança maconheira, um dos setores que mais lucrou com este negócio criminoso foi justamente o oficialato.


Na Costa Atlântica é sabido que os comandantes de vários batalhões da 2ª Brigada, da I Divisão do Exército, mantinham – e ainda mantêm – relações de amizade com reconhecidos chefões do narcotráfico e do narco-paramilitarismo, e que recebiam – e ainda recebem – suculentas propinas por essa amizade. Por exemplo, segundo uma das minhas fontes, em Barranquilla sabe-se que um famoso narcotraficante conhecido como “O Caracol” – Alberto Orlandez Gamboa – esbofeteou o comandante da 2ª Brigada porque este tinha ordenado uma operação de resgate de um irmão de Orladez que estava retido pelas FARC, a qual teve como resultado a sua morte pelo exército. Na ocasião Orlandez teria dito que “eu não o pago para isto”.


Também foram denunciados casos como o de Santa Marta em que os próprios agentes da Polícia Nacional carregavam as embarcações que levariam a droga para portos dos Estados Unidos.


Existem casos nos quais se tem descoberto estas impudicas relações. Citamos só dois: em Guaitarilla (19 de Março de 2004, sete agentes do Gaula e cinco civis) e Jamundi (onze integrantes da Unidade de Elite Antinarcóticos e um ‘civil’). Em ambos os casos membros de uma força atiraram contra a outra pela posse da droga (Guaitarilla) e por proteger a um reconhecido chefão do narco-paramilitarismo (Jamundi).


O general Mario Montoya é conhecido pelas suas ralações com os chefões narco-paramilitares. A ‘operação Orion’ foi acelerada por ele para assentar os bandos narco-paramilitares nas comunas de Medellín e quando foi denunciado na mídia gringa, os narco-paramilitares organizaram uma manifestação de ‘desagravo’. Montoya continua no seu posto apoiado pelo presidente narco-paramilitar Álvaro Uribe Vélez.


Relações impudicas


As relações das Forças Militares com o narcotráfico são impudicas. A cúpula militar – a mando da oligarquia e do império norte-americano – realizou o que é chamado ‘o contubérnio impudico’ com os bandos de narcotraficantes e que deram origem aos sinistros bandos de assassinos que nós colombianos conhecemos como narco-paramilitares.


Isto é uma amostra que a oligarquia e a cúpula das forças militares carecem de valores morais e princípios éticos. São capazes de se aliar com o assassino mais sanguinário para continuar no poder e, está claro, os narco-paramilitares tem-lhes produzido milhões de dólares que sanearam seus bolsos e os da maltratada economia colombiana.


Este negócio é tão lucrativo que o próprio chefão narco-paramilitar Salvatore Mancuso dize que o vice-presidente colombiano, Francisco Santos, queria ter o seu próprio frente paramilitar em Bogotá. Só faltou afirmar se o presidente narco-paramilitar tem o seu próprio grupo já o grupo do seu irmão Santiago, “Os Doze Apóstolos” é conhecido por todos.


O povo colombiano conhece toda esta sujeira e por isso está lutando para construir a Nova Colômbia em paz, com justiça social, independência, liberdade e soberania nacional.



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Por que os meios de comunicação não falam dos jornalistas da RCN assassinados pelo exército na retenção dos 12 deputados em Cali?


[Dick Emanuelsson]


A mesma RCN não disse nada. Tampouco acusou nem uma só vez em seu canal de televisão o exército de ser o assassino do repórter cinematográfico da RCN, Héctor Sandoval, e Walter López, coordenador da equipe da RCN – Televisión em Cali, dirigido pela jornalista Luisa Estela Arroyave, hoje exilada no Canadá pelas ameaças de morte do exército.


Essa equipe jornalística, igual a outras, seguiram a pista da coluna guerrilheira das FARC que havia retido os onze deputados da assembléia doValle em 12 de abril de 202. De um helicóptero foram metralhados pelo exército colombiano com o resultado fatal. Como isto foi pouco, o edifício de RCN em Bogotá foi vítima de um disparo de bazuca no dia seguinte como advertência de “Não toque no assunto, lhes pode custar caro!”


Hoje, não somente o presidente da Colômbia Álvaro Uribe Vélez acusa e sentencia a guerrilha das FARC pelo assassinato dos onze deputados em 18 de junho, como RCN, Caracol, El Tiempo, para não falar dos juizes dos juízes dos jornalistas, a emissora “W”, que se sente com muito direito a estar por cima de todo o sistema judicial, chamando de guerrilheiro a todos aqueles que crêem que o jornalista não pode ser tão categórico e acusar sem ter provas ou nem sequer indícios sobre assuntos tão delicados como a tragédia dos onze deputados.


A cobertura da imprensa colombiana da tragédia dos onze deputados ilustra uma total subordinação a Uribe e aos organismos de inteligência das forças militares colombianas. Os meios mencionados acataram a terminologia oficial que não tem nada a ver com jornalismo profissional. Há exceções, tem que reconhecer, como é o caso de Nestor Morales, que dirige o programa “Hora 20” de Caracol, que em uma crônica sobre a morte dos onze deputados publicada em El Nuevo Siglo hoje, 04 de julho de 2007, acusa a setores políticos de aproveitar “a tragédia politizada”, e rechaça com indignação “o oportunismo político em relação às vítimas do seqüestro”.


Os jornalistas da RCN puseram as cartas na mesa


Por uma casualidade estive com vários jornalistas da RCN poucas semanas depois que seus colegas em Cali haviam sido atacados pelo exército e assassinados por balas de metralhadora Punto 60 do helicóptero militar. Concluíram: “Não nos permitem dizer nada sobre o caso. Se o fazemos…”


E agora, cinco anos depois da prisão dos onze deputados do Valle e a morte deles, se iniciou uma campanha de caça às bruxas contra todos que tenham uma opinião contrária ao presidente no sentido de que este não pode emitir acusação e sentenças com uma impressionante facilidade sem esperar ate que se possa fazer uma investigação real e imparcial da tragédia e facilitar a entrega dos corpos dos onze. Cada um que reclama esta exigência elementar e básica é qualificado de porta voz da guerrilha e deve sair rápido do país.


Mas os meios, que tem a obrigação democrática de questionar o poder, se converteram em repetidores do presidente, em seus portavozes.


Alguém escutou ou viu os jornalistas ou os diretores da RCN reclamar justiça por seus colegas ou empregados assassinados em 2002? Claro que não, por que não se atrevem. No entanto o fariam se nao fossem os laços politicos entre o estado-Uribe e os donos do país, os mesmos donos da Colômbia, os mesmos donos da RCN, quem impõe a ordem do dia.


Os meios sequer investigam quando são assassinados seus próprios trabalhadores, repórteres ou pessoal. Esse é o caso da RCN.


A censura aos jornalistas do General Mora


O general Jorge Henrique Mora, então chefe do exército, disse em uma roda de imprensa em 13 de abril de 2002, que os repórteres não devem meter-se na zona de conflito. Visivelmente irritado e aborrecido pela cobertura que os meios haviam feito sobre a ação da guerrilha, nos narizes da força pública. Foi vergonhoso e humilhante para os militares já que toda a ação foi filmada por uma equipe de televisao local e por uma equipe da mesma guerrilha


“Nos destacamentos, os militares ameaçaram de morte os jornalistas que seguiam a pista dos guerrilheiros. E nos Farallones foi metralhada durante duas horas nossa equipe da RCN que iria cobrir o fato pelo canal. Primeiro mataram Walter López, o condutor e depois Héctor Sandoval, câmera, que caiu ferido mortalmente. Luisa Estela Arroyave foi resgatada por outros colegas, entre eles um de El Tiempo, de ser assassinada pelo helicóptero que disparava com metralhadora Punto 60 durante duas horas”, foram as palavras de vários jornalistas da RCN que me contaram um par de semanas depois do sucedido em Cali.


Exército lançou uma bazuca contra RCN


Estivemos no hotel Peñol no município de Girardot, no mês de abril, em 2002. Angelino Grazon, o então ministro do trabalho do governo de Andrés Patrana, convidou os jornalistas que cobríamos o mercado de trabalho. Os jornalistas do canal RCN nessa época ‘soltaram’ amplamente a língua, indignados pelo assassinato de seus colegas, preocupadíssimos pela sorte futura de sua colega Luisa Estela Arroyave e pela bazuca que o exercito havia lançado contra as instalações da RCN em Bogotá.


Foi uma incrível ação militar que “falhou por uns metros mas que derrubou uma bodega ao lado, por suposto porque era apenas uma advertência do exercito. “Se acaso revelássemos ou investigássemos algo sobre os assassinatos de nossos companheiros de trabalho, iriam melhorar a pontaria”, dizia um jornalista. Outra jornalista relatou como todo o edifício e a sede da RCN temia uma explosão de bazuca, “uma arma que a guerrilha não tem”, acrescentou, “só o exercito.”


Os organismos internacionais de jornalistas se pronunciaram, condenando a ação assassina e perigosíssima por parte do exercito e seus organismos de inteligência contra os jornalistas da RCN. Mas na Colômbia os meios de comunicação estavam mudos e paralizados sobre o assunto, não se tocava no assunto para nada. Escrevi um artigo publicado no semanário VOZ e outros meios internacionais. Mas na Colômbia reinava um total silencio sobre os mortos da RCN.


Foi um ‘episodio’: Diretor da RCN


Passaram dois anos do sucedido em Calli. Pedi uma entrevista ao diretor da RCN, Álvaro Garcia para sondar até onde havia chegado a investigação e pór que o silencio deles. Perguntei-lhe:


- E como está, Álvaro Garcia, diretor da RCN television, a investigação de seus trabalhadores assassinados pelo exercito nos Farallones em 12 de abril de 2002?


“Realmente as investigações até onde tomamos conhecimento, não avançou muito. O assunto ficou nas mãos da Procuradoria Geral (Camilo Osório, mão direita de Uribe, acusado de ser “parafiscal”, salvando militares oomo o general Rito Alejo del Rio). E por outro lado, há outra ala da investigação que está na justiça penal militar. Porque, como tu dizias, houve participação das forças militares nesse episódio. Por isso eles estão com a obrigação de investigar o que aconteceu. Até agora não tivemos resultados precisos da questão. Já passaram três anos e não temos certeza absoluta em detalhes do que realmente aconteceu nessa tarde em Farallones de Calli e que terminou com a morte de nossos companheiros.”


Comparem o vocabulário do diretor da RCN acerca do assassinato de seus empregados: “episódio”. Que vocabulário utilizam agora quando se trata dos autores dos onze deputados assassinados ou mortos? “Assassinados pela guerrilha!” E ponto.


Os meios repetem sem descansar


O canal RCN entrevista o presidente Uribe que aproveita a “tribuna” que oferece a RCN para acusar categóricamente a guerrilla de “assassinos dos onze deputados”. Sem provas, sem investigações, sem testemunhas que possam ratificar essa versão. Quer dizer: Na Colômbia o presidente suplantou as autoridades policiais e judiciais e expediu sua sentença sobre um fato de tremenda dimensão no país. Uribe é juiz e parte. E os meios repetem sem descansar o declarado pelo presidente. Mas RCN não aproveita a oportunidade de perguntar a Uribe um parecer pelos companheiros de trabalho assassinados em 11 de abril de 2002 pelo exercito em Farallones de Calli. Se tprnam cúmplices não somente com o Estado mas também com a impunidade em geral.


Disse Álvaro Garcia na entrevista de 2004 que não sabe em “detalhes” o que se passou. Não somente é uma declaração cínica com os familiares dos empregados da RCN assassinados, como também nega assim o jornalismo investigativo e sério. O mais provável: Álvaro Garcia não tem aval dos donos da RCN para dizer a verdade, por que então se choca com os interesses políticos que os donos tem com os militares e o atual presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, o mesmo Uribe que recebeu milhões em apoio a sua campanha eleitoral em 2002 e em 2006 da parte dos donos do país e também o apoio dos narcoparamilitares.


“Encurralados em meio ao fogo cruzado”: RCN


E fiz a seguinte pergunta ao diretor da RCN:


“Até onde chegou o próprio trabalho de investigação jornalística da RCN para poder esclarecer os assassinados de seus companheiros?”


“Bom, não muito mais que as investigações (da procuradoria, nota do redator) e (...) do testemunho que deu Luisa Estela, de que haviam ficado encurralados em meio a um fogo cruzado (Sic!) e caíram disparos muito perto, e, ...e, ...e,... provavelmente dos helicopteros que estavam patrulhando a zona, ainda que tmbem da parte alta da montanha havia movimentos de gente armada, tanto da guerrilha como do exercito. Realmente foi impossível saber o que se passou nessa tarde.”


Agora se serve a declaração “encurralado em meio ao fogo cruzado”, mas quando se trata dos onze deputados mortos em 18 de junho só há um assassino sem nenhuma investigação: as FARC.


Mas o mais palpável e vergonhoso, para não dizer penoso é que a cadeia RCN não investigou absolutamente nada em um assunto tão próprio, tão pessoal e delicado como é a morte de companheiros de trabalho. O senhor Garcia sabe perfeitamente bem, que nem a procuradoria e muito menos a Justiça Penal Militar, vai investigar o exercito e o general Mora por haverem sido os responsáveis pelas mortes dos integrantes da RCN.


Álvaro Garcia prefere deixar os assassinatos de seus dois colegas na impunidade para assim proteger os assassinos do exército essa tarde em Los Farallones de Calli. Porque agora deve concentrar-se nos ataques frontais contra a guerrrilha das FARC, acusando-as sim, de ‘assassinos de onze deputados’, sem ter, como o presidente, nem sequer os cadáveres, porque o mesmo presidente não quer que se realize uma investigação forense que determine a causa das mortes e o tipo de bala utilizada, menos sabendo das circunstancias dos acontecimentos confusos de 18 de junho.


Não será melhor que o presidente Álvaro Uribe Vélez tenha a certeza de quem cometeu o assassinato? Não terá o presidente Álvaro Uribe a certeza de quem são ‘o grupo não identificado’ a que se referem as FARC?


Questionar cada declaração do poder


Em vez de apoiar os familiares em sua dor e de facilitar a entrega dos corpos dos onze deputados, a imprensa colombiana se converte em porta voz de URIBE. Vai lhe custar caro quando os estudantes na faculdade de comunicação social, não somente na Colômbia, senão no mundo, tomem o exemplo da cobertura dos onze deputados de como os meios podem ser instrumento para fins políticos, esquecendo seu sagrado dever: questionar cada declaração do poder.


Somente assim se descobre, desmascara e melhora a democracia. Tudo o que vemos hoje na Colômbia, onde a histeria e a caça às bruxas é canalizado através de meios como RCN, Caracol e El Tiempo.


Fontes:


Os meios RCN e El Tiempo assumem o vocabulário dos militares.

Por Dick Emanuelsson (especial para ARGENPRESS.info)* (Data de publicação:19/02/2006)

http://www.argenpress.info/notaold.asp?num=028079


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domingo, 29 de julho de 2007

Farc:”Colômbia não é a embaixada do Japão no Peru”

Em alusão ao falido plano de Uribe de resgatar os deputados do Valle del Cauca. A trama das razões de Estado de Uribe para a prisão de Rodrigo Granda e as declarações do G8 na Alemanha. A decomposição de sua classe governante encabeçada pelo presidente Uribe e seus mais imediatos colaboradores, os Santos. Convidam as Farc, os colombianos e a comunidade internacional a “lutar pelo intercâmbio humanitário e a saída política para o conflito social, político e armado que vive a Colômbia há mais de 50 anos”, nas declarações de sua Comissão Internacional ao Foro de São Paulo.


Manuel Marulanda, comandante-em-chefe das Farc!


[ANNCOL]


Para conhecimento de todos nossos leitores, a carta em sua totalidade.

***


Companheiros da Mesa Diretora do Grupo de Trabalho do Foro de São Paulo.
Companheiras e companheiros:


Nos reunimos em um momento muito importante para o avanço político e social do nosso Continente. Os triunfos da Nicarágua e Equador nos mostram a decisão tomada pelos povos, de não permitir às classes dominantes e minoritárias que sigam governando nossos países, atropelando aos mais débeis, entregando nossas riquezas à empresas multinacionais e pisoteando nossa soberania.


A consolidação das revoluções cubana, venezuelana e boliviana nos asseguram que o futuro da América Latina e o Caribe se encaminha pelas mudanças em benefício dos povos.


Nossa querida Colômbia esta doente, os governos das últimas décadas, tem destruído tudo o que uma democracia burguesa pode mostrar ao mundo, as instituições estão em crise, o executivo é sindicato de paramilitares e narcotráfico, o presidente Uribe figura no posto 82º na lista de Bush pai de 1991, o vice presidente Francisco Santos tem sido acusado pelos “capos” do narcotráfico de pedir esquadrões da morte para Bogotá. O ministro da defesa, Juan Manuel Santos tem sido acusado de contatos com os chefes paramilitares para cometer crimes e dar um golpe de Estado em seu cúmplice Ernesto Samper Pisano. Governadores, Prefeitos e Inspetores estão sendo chamados ao júri e têm sido condenados pelos delitos que cometeram contra a população.


No legislativo a situação é idêntica, 18 congressistas já estão presos, entre Senadores e Representantes da câmara, Deputados estaduais e Conselheiros municipais estão sendo julgados por narcotráfico, paramilitarismo e múltiplos homicídios.


As Forças Armadas se encontram em sua maior crise da história, foram destituídos mais de 30 generais e centenas de oficiais e sub-oficiais comprometidos com o narcotráfico e a guerra suja contra o povo; são comuns as operações “positivas”, que matam qualquer pessoa, a colocam em um uniforme, lhe dão um fuzil e a fazem aparecer como guerrilheiro; em vários quartéis foi denunciado a tortura que oficiais e sub-oficiais infligem à cidadãos e soldados.


Altos oficiais da polícia estão comprometidos na devolução de carregamentos de coca apreendidos dos narcotraficantes; grampearam os telefones dos dirigentes políticos, sindicais, jornalistas, artistas e altos funcionários do governo como o Comissionado da Paz e funcionários da OEA. Ao não poder ocultar tanta corrupção foram destituídos 12 generais em um só dia.


O chefe do (DAS) Polícia Política, Jorge Noguera, está acusado de ser uma ficha de Jorge 40, reconhecido chefe paramilitar e narcotraficante da Costa Atlântica. Hoje se encontra detido em regime fechado sem o direito de ir para casa.


A Procuradoria foi penetrada pelo paramilitarismo e o ex-procurador geral da Nação, Camilo Osorio é investigado pela relação com tal organização criminal. Muitas das investigações que foram realizadas nesse órgão eram dirigidas por um mandante. As cortes se enfrentam entre si, a Corte Constitucional contra a Corte Suprema de Justiça e estas duas contra o Conselho de Estado.


Os partidos políticos Liberal e Conservador, que governaram o país alternadamente nos últimos 180 anos, se encontram falidos e não é para menos, pois são responsáveis pela crise social, econômica e política pela qual estamos atravessando.


O movimento sindical segue sendo duramente golpeado. Nos 5 anos de mandato de Álvaro Uribe Vélez, foram assassinados 540 dirigentes sindicais, uma média de 108 mortes por ano, enquanto Uribe mente ao mundo dizendo ter abaixado a morte de sindicalistas em seu governo. O massacre não se limita aos dirigentes, também as organizações sindicais foram desaparecendo de forma contínua, o que faz diminuir o número de afiliados aos sindicatos; no ano de 1990, a porcentagem de afiliados era de 14% e hoje é de 4,5% segundo a estatística da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT). Têm motivado essa queda o assassinato de sindicalistas, a privatização de dezenas de empresas do Estado e a “reengenharia” das privadas.


Tal qual aconteceu com o movimento estudantil, cooperativo, comunal e indígena, seus dirigentes foram assassinados, desaparecidos ou desterrados pelos agentes do terrorismo de Estado.


Os planos Colômbia, Patriota, Victória e outros foram um fracasso dos senhores George Bush e Álvaro Uribe Vélez. Várias vezes foi tentado o resgate pela via militar aos prisioneiros de guerra e em todas fracassou, a última tentativa foi no dia 18 de junho de 2007, tendo como resultado a morte dos 11 deputados que se encontravam em poder das FARC há 5 anos. A quem serve essa ação estúpida? À guerrilha, que cuidava há 5 anos da vida deles para um intercâmbio humanitário! Ou ao governo, que desde o primeiro momento ordenou o resgate pela via militar sem se importar com a vida dos prisioneiros.


Lembremos agora como foram as ações: em finais de maio o presidente disse aos meios de comunicação que colocaria em liberdade mais de 300 guerrilheiros das FARC. O Presidente da França, Nicolas Sarkozy falou por telefone com o presidente Uribe e lhe pediu a libertação de Rodrigo Granda Escobar, aparentemente sem muita resistência Uribe aceitou, anunciando ao país que obedecia razões de Estado. Ninguém entendeu o que estava acontecendo e qual era a razão de Estado para que com uma simples chamada se aceitasse libertar um dos guerrilheiros que a qualquer momento e devido à política seguida pelo presidente Uribe poderia ser extraditado aos EUA ou ao Paraguai. O processo seguiu, Rodrigo Granda foi libertado no dia 4 de junho de 2007, e levado à Havana no dia 19 de junho sem nenhuma “condição”.


Para aumentar o mistério o Grupo dos 8 que se reuniu em Heiligendamm, Alemanha, respaldou a ação de Álvaro Uribe Vélez, e de quebra reconheceu que na Colômbia existe um conflito quando pontualizou; “os chefes de Estado e de governo do G-8 formulam o desejo por uma solução humanitária que poderia abrir o caminho para retomar um processo de paz em benefício de todo o povo colombiano”.


Nada ficava claro, que mudança havia ocorrido na política de Bush para assinar um documento apoiando a liberdade de um membro de uma organização homologada como terrorista?


O seguinte trecho do comunicado do Comando Conjunto do Ocidente esclarece a situação.


“O Comando Conjunto do Ocidente das FARC informa que no dia 18 do presente mês, 11 deputados da Assembléia do Valle que detivemos em abril de 2002, morreram em meio ao fogo cruzado quando um grupo militar sem identificação até o momento, atacou o acampamento onde se encontravam”


O G-8 havia julgado o destino das FARC na reunião, de uma parte se mostrava a magnanimidade do presidente Uribe e ao mesmo tempo demonstrava a capacidade militar para derrotar definitivamente a guerrilha. O mundo o apoiava, os do G-8, o Papa, a ONU, a OEA, a social-democracia, os esquerdistas vergonhosos, alguns revolucionários guardariam silêncio e diriam passivamente: pobrezinhos! Não tem alternativa! Às FARC, derrotadas e humilhadas, não resta nenhuma opção senão a de sentar-se e negociar sua capitulação.


Mas acontece que a Colômbia não é Uganda, não é a Embaixada do Japão no Peru... e o plano fracassou.


Agora tratam de converter sua derrota em vitória. Os meios de comunicação em poder dos grupos econômicos, os colunistas pagos, os jornalistas sensacionalistas, os intelectuais “independentes” todos uniformemente condenam as FARC pelo “massacre”.


Senhores, os convidamos à reflexão: que foi o responsável pela morte de 300 mil colombianos de 1948 a 1953? Quem foi o responsável pelo massacre contra a União Patriótica de 1986 até os nossos dias? Quem é o responsável pelo massacre de mais de 2.500 dirigentes sindicais em 10 anos? Entre eles 540 no mandato de Álvaro Uribe Vélez. Quem é o responsável pelas expulsões de mais de 3.5 milhões de colombianos, de suas veredas, seus municípios, seus estados e seu próprio país?


Quem organizou os grupos paramilitares desde 1948 até nossos dias.


Lamentamos a morte dos 11 deputados, levamos mais uma vez as condolências aos familiares e amigos das vítimas.


Condenamos as operações encobertas dirigidas por oficiais da CIA que se encontram dirigindo o Plano Colômbia, Patriota, Victória, Consolidação e outros.


Chamamos aos colombianos e a comunidade internacional a lutar pelo intercâmbio humanitário e à saída política ao conflito social, político e armado que vive na Colômbia há mais de 50 anos.


Pedimos a solidariedade com os 5 patriotas cubanos, os 11 mil palestinos, entre eles 100 dirigentes, os porto-riquenhos, os paraguaios. E em especial, Sonia e Simón, todos presos políticos pagando injustas penas.


PELA NOVA COLÔMBIA A PÁTRIA GRANDE E O SOCIALISMO
FORÇAS ARMADAS REVOLUCIONÁRIAS DA COLÔMBIA EXÉRCITO DO POVO
FARC-EP
COMISSÃO INTERNACIONAL. Julho 2007


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sábado, 28 de julho de 2007

O pós-conflito da Frente Nacional

"Na guerra sectária entre liberais e conservadores, ganham plenamente os conservadores "laureanistas", pois no militar nem uma só de suas estruturas armadas entrega um canivete ou se desmobiliza, enquanto que pelo contrário, todos os grupos orientados pelos liberais entregam seus fuzis e se desmobilizaram", escreve Pinzón Sánchez.


Uribe pretende converter a Colômbia em uma só vala comum.


[Alberto Pinzón Sánchez/ANNCOL]


Com o pacto assinado nas praias de Cataluña em 1957, entre o chefe conservador falangista Laureano Gómez e o chefe liberal pan-americanista e maltusiano Alberto Lleras; se deu por concluído politicamente o período chamado de a "violência bipartidarista" (liberal conservadora) e se inicia uma longa e tortuosa etapa da vida colombiana, que os politólogos atuais chamam "o pós-conflito", e o povo laborioso recordará como a Frente Nacional.


Na guerra sectária entre liberais e consevadores ganham plenamente os conservadores "laurenistas", pois no militar nem uma só de suas estruturas armadas entrega um canivete ou se desmobiliza, enquanto que pelo contrário, todos os grupos orientados pelos liberais entregam seus fuzis e se desmobilizam. E no político, se impõem as idéias anticomunistas e corporativistas do nacional-catolicismo laurenista, atreladas ao "pan-americanismo" norte-americano e ao maltusianismo do ex-secretário geral da OEA, Alberto Lleras Camargo.


E é precisamente a quem o povo colombiano em sua sabedoria chamou Mister Lleras, a quem durante seu governo iniciado em 1958 que corresponde montar e deixar funcionando toda a estrutura "reformada" de poder e dominação oligárquica do pós-conflito, mediante vários processos reformistas de centralização, que entregam sua direção ao governo dos EUA.


  1. Reforma da instituição militar para que aceite que seja controlada pelo partido unificado da Frente Nacional e estreite sua vinculação e participação juntos aos "grêmios da produção" no desenvolvimento do mercado interno do país.
  2. Reformas bi-partidaristas representadas como "democráticas" em toda a administração pública para garantir a distribuição eqüitativa entre os membros dos partidos segundo o pactuado.
  3. Consolidação do poder político central nacional sobre as regiões em conflito.
  4. Titulação e legalização do despejo das terras obtidas na guerra mediante juizes e tribunais especiais.
  5. Reforma para concluir a demolição dos sindicatos de orientação comunista e aborto do processo de tomada de consciência classista dentro movimento guerrilheiro.
  6. Reforma maltusiana para o controle de natalidade em todo o sistema de saúde centralizado na Pró-família.


A negociação entre o poder civil e poder militar é estabelecida por Lleras Camargo no famoso discurso do teatro Pátria de Usaquén (09 maio 1958) pouco antes de sua posse presidencial, onde o poder militar de Colômbia controlado pelo alto comando do Exército Norte-americano a partir de sua participação direta na guerra da Coréia(1954), aceita desde esse momento o mando civil único do presidente da república sobre si, em troca de benefícios chamados "foros militares" com os quais passa a comandar de maneira "exclusiva" a chamada Ordem Pública, como se fosse mais um assunto militar da guerra fria mundial.


"As Forças Armadas, disse solene e retoricamente Lleras Camargo naquela ocasião, não podem deliberar na política porque a ação política é feita para toda a nação, porque a nação sem distinção de grupos, raça ou afiliação religiosa ou política lhes outorgou suas armas, o Poder Físico, junto à obrigação de defender os interesses comuns, lhes conferiu direitos especiais, os exonerou de muitas regras que governam a vida civil, diante de uma condição: não permitir que todo o peso de seu poder recaia sobre os cidadãos inocentes". Porém nunca especificou quem eram aqueles inocentes.


O exército e a polícia reformados são orientados a impulsionar as reformas funcionais de acordo com o planejado no pacto frente nacionalista, com a concepção expressada um pouco depois na revista das Forças Armadas pelo general Ruiz Novoa, um de seus comandantes mais destacados na guerra da Coréia e contida na seguinte idéia que virou palavra de ordem: "A defesa contra o comunismo não reside tão somente na força das armas; ela se encontra na eliminação das desigualdades sociais seguindo as normas democráticas e cristãs".


Os militares como instituição reformada se retiram das chamadas "disputas eleitorais" e da administração pública, que reorganizada se converte em despojo eqüitativo das duas vertentes do partido único da Frente Nacional, para integrar-se diretamente mediante os sonhados planos de ação "cívico-militar e reabilitação" , ao "desenvolvimentismo democrático" que os Estados Unidos impulsionam para toda a América Latina, como resposta à guerra fria contra a expansão do comunismo soviético.


Os chamados "grêmios da produção" (cafeicultores, pecuaristas, industriais, exportadores, grandes comerciantes, banqueiros, etc), triunfantes, cobram o apoio brindado ao presidente Lleras Camargo em sua luta contra o governo militar de Rojas Pinilla, reforçando seus planos corporativos para o desenvolvimento do mercado interno do país, e conseguem vincular estreitamente neles à instituição militar para que mediante suas ações desenvolvimentistas cívico-militares e de reabilitação, os levem ao último rincão do território colombiano. É a origem da íntima fusão que se observa agora madurada no atual militarismo dos grêmios colombianos, com seu ideal territorial de "Nação".


Obtido o controle político nacional sobre as regiões em conflito e concluído o despojo de terras nas zonas cafeteras, esmeraldeiras e nas planícies, com o governo de Lleras Camargo; os Bandoleiros e Paramilitares oficiais (chamados pássaros) deixam de ser úteis e sem ter já o apoio da maioria dos diretórios regionais liberal ou conservador que se reconciliaram, o governo e o exército procedem a eliminar aos mais notórios e sanguinários, enquanto outros como Zarpazo Buitrago ou o mariachi Oviedo, são utilizados como guias na luta que inicia ao final de sua presidência, contra os guerrilheiros gaitanistas e comunistas sobreviventes da guerra de Villarrica e o oriente tolimense (desatada pelo derrotado ditador Rojas Pinilla) e que tem aceitado a desmobilização mas não a entrega de armas.


Nessa luta por desarmá-los, subirá o seguinte presidente da Frente Nacional, o conservador caucano (oriundo do Estado do Cauca) Guillermo Leon Valencia (1962 -1966), diante da promessa de destruir as repúblicas comunistas independentes de Marquetalia e Riochiquito, e adquirirá sob orientação e dotação do governo americano um desenvolvimento e caráter diferente: Se tornará uma guerra contra-insurgente anti-comunista, que o exército colombiano, assistido por planos militares recorrentes elaborados em Washington e sem nenhuma idéia própria, prolongou-se até os dias de hoje baseado em sua experiência da guerra da Coréia, muito apesar das mudanças ostensivas que teve o mundo em sua globalização neoliberal.


Esta é, pois, a experiência didática, do pós-conflito da chamada violência bi-partidarista colombiana, que bem devem considerar os cientistas políticos do regime, que sonham em repeti-la agora como se se tratasse de algo inovador e original.



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sexta-feira, 27 de julho de 2007

Jornada do 20 de Julho na Suíça: crônica


[Jhony Silva/William Ortiz/Colaboradores ANNCOL/Suíça]


Desde as oito da manhã, as ruas do centro de Berna se encheram de folguedos, com o tan! tan! tan! dos tambores colombianos. Com ares musicais, os colombianos iniciaram a jornada de denúncia, de protesto contra a Parapolítica, exigindo solução política ao conflito colombiano. Os cidadãos suíços se aglutinaram em torno do estande de informação sobre a situação de DDHH na Colômbia, ali escutaram atentos os testemunhos das vítimas do terrorismo de Estado, sobreviventes de massacres, sindicalistas expulsos do país, campesinos e dirigentes populares. Com cartazes e comunicados em todos os idiomas oficiais da confederação, os colombianos mostraram a verdadeira cara do regime narcoparamilitar. Uma cidadã suíça, mãe de dois colombianos adotados, nos dizia, indignada, "num país civilizado, os presidentes caem por menos, o regime colombiano não tem apresentação".


Os colombianos chegaram de ônibus, massivamente, desde os diferentes rincões suíços. A solidariedade de sindicatos, organizações políticas e grupos de trabalho foi fundamental para a realização do evento. A todos eles, muito obrigado. Sendo a uma da tarde, chegou o ônibus da suíça francesa, com gritos Uribe paraco o povo está zangado! E Uribe fascista, paraco e terrorista!, as crianças com suas bandeiras tricolores se foram apoderando das ruas, com borboletas de cores onde se podia ler: " Contre le regime paramilitaire: resistance". Passada a uma da tarde, chegaram os da suíça alemã. Os colombianos tomaram as ruas, saiam como formigas e as palavras de ordem atraíam os cidadãos que indagam pela situação colombiana, "a mim me deixaram sem papai os paramilitares, os mesmos que ajudaram a eleger Uribe", diz Vanesa, enquanto ajuda a distribuir os volantes. No espaço, se fizeram presentes sindicalistas suíços e internacionalistas preocupados pela situação colombiana.

Sendo as 4 da tarde, deu-se início à manifestação na "waisenhausplatz"; ali, pudemos ver, frente ao parlamento suíço, um grupo de pessoas com lençóis brancos, e bolsas plásticas,jeitadas frente ao parlamento, a imagem era patética e nos fez lembrou os milhares de campesinos, estudantes, sindicalistas assassinados pelos falsos positivos das ff.aa. e, porquê as bolsas negras, que significam, nos perguntou uma família suíça, que se refugiava do calor numa fonte de água. "essas figuras representam os resgates militares que ordenou o presidente", respondemos-lhes "são os colombianos massacrados, são os prisioneiros de guerra regressando à casa em bolsas plásticas pela prepotência do regime de negar-se ao intercâmbio". uribe fascista, paraco e terrorista! gritam os presentes.


Os manifestantes tomaram rumo à embaixada colombiana, e lá chegaram com suas palavras de ordem a voz encuello. no trajeto, um sindicalista suíço fez uso da palavra para denunciar os efeitos da guerra na colômbia, os manifestantes aplaudiam, enquanto a polícia suíça controlava o tranco nas ruas da capital helvética. uma refugiada colombiana toma o megafone e denuncia os efeitos do tlc para o campo colombiano, também a destruição dos produtos da agricultura familiar pelos efeitos das fumigações.


Quando os manifestantes chegaram frente à embaixada, a polícia antimotins suíça havia encordoado a área, o regime havia pedido proteção, estavam cagados de medo, temiam um assalto à embaixada, "tememos que queimem a embaixada, são terroristas", dizem que havia dito a embaixadora à segurança suíça. Sabemos, por exemplo, que a embaixada espia os colombianos.Sempre os regimes totalitários têm demonstrado medo, medo frente aos poetas, frente a uma canção de protesto, frente a um líder campesino, e o que não dizer frente a uma multidão, por isso reprimem. A repressão dos regimes totalitários é uma mostra mais de quão frágil é o totalitarismo. Por isso, o regime pediu à polícia suíça algo que o regime nunca proporciona, segurança, proteção.


Frente às barreiras de aço que protegiam a embaixada, um dirigente social colombiano exigiu ao regime explicação por nomear a "um bom rapaz", "a um membro de uma família honorável": Jorge Noguera à frente dos serviços secretos do estado (DAS), tão "honorável é" e "tão bom rapaz" que fornecia lista de opositores políticos aos paramilitares, para que estes os assassinassem. E que tal a CONCHI, disse o dirigente, Maria Consuelo Araújo – presidenciável, segundo Uribe – filha e irmã de paramilitar, dizem que representando a Colômbia ante o mundo, sem ruborizar-se, quota política de Jorge 40. A multidão aplaudia e gritava: se vive, se sente, se cai o presidente! Se vive, se sente, se cai o presidente! A uns quantos metros daí, protegido pela polícia suíça, o cônsul colombiano escutava em silêncio as palavras de ordem, e, para que aos habitantes do setor lhes ficasse claro a que iam os manifestantes, as palavras de ordem se escutaram também em alemão. Depois, tomou a palavra um internacionalista suíço, que ilustrou a situação desastrosa da Colômbia em matéria de DDHH. Sua intervenção dava conta do bem informada que está a opinião pública suíça sobre a situação da Colômbia.


Os manifestantes – dois nacionais e um cidadão suíço – lhe fizeram entrega em suas próprias mãos ao cônsul colombiano um documento que sintetiza o sentir do exílio colombiano; solução política ao conflito, justiça, verdade e reparação para as vítimas do paramilitarismo, intercâmbio humanitário já, contra a Parapolítica e não à lei de justiça e paz, considerada por eles monumento à impunidade para os crimes paramilitares. Ao cônsul, os marchantes manifestaram-lhe que não eram eles os causadores da má imagem do regime, que eles não eram terroristas e que amavam a sua pátria. Que, contrário a isso, era o regime colombiano o culpável de sua má imagem no mundo, por sua política sanguinária e repressiva contra os opositores políticos, e seus fortes laços com os paramilitares e mafiosos. Todos vimos a vergonha do cônsul, é difícil defender o indefensável.


Ato seguido, os manifestantes se dirigiram ao Treffpunkt Wittigkofen para a jornada cultural; durante o trajeto, um aguaceiro de Verão surpreendeu os colombianos, depois da manifestação. São Pedro está contra a Parapolítica – brincaram alguns – porque, durante a manifestação, Berna luziu um sol radiante, o mesmo sol que esperamos brilhe para nossos compatriotas, que sobre o território resistem contra o regime e contra a arremetida paramilitar. Na noite, escutamos a riqueza de nossos ares musicais, viajamos pelo plano, a grito de harpa llanera, depois à costa pacífica ao ritmo de caderona e, logo, à atlântica. Minha "Negramenta" estava com o ritmo cardíaco alterado, e os suíços amigos da Colômbia saltavam com guabinas, joropos e currelaos, e não podiam faltar os argentinos, sempre por todos os lados, depois do corralito, milongas à direita e esquerda e todos com a sensação do dever cumprido: Uribe paraco, o povo está zagando.


Uribe paraco, o povo está zangado.

E,

Uribe fascista, paraco e terrorista.

Uribe fascista, paraco e terrorista.


Definitivamente, não foi um 20 de julho qualquer.



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Terrorismo de Estado e sindicalistas

Em agosto de 2003 o vice-presidente Francisco Santos em um conselho de segurança celebrado na cidade de Barranquilla, a propósito das mortes e ameaças que vinham acontecendo nessa cidade por parte do autodenominado MASIN – Morte a sindicalistas – denunciou que "os inimigos do sindicalismo são muitos, porém, sobretudo os paramilitares e empresários que não querem organizações sindicais". Hoje ataca os sindicalistas, escreve Nicolas Buenahora.


Uma das milhares de vítimas do Terrorismo de Estado.


[Por Nicolás Buenahora, ANNCOL]


Em agosto de 2003 o vice-presidente Francisco Santos em um conselho de segurança celebrado na cidade de Barranquilla, a propósito das mortes e ameaças que vinham acontecendo nesta cidade por parte do autodenominado MASIN – Morte a sindicalistas – denunciou que "os inimigos do sindicalismo são muitos, porém, sobretudo os paramilitares e empresários que não querem organizações sindicais". (O Heraldo 21 de agosto de 2003).


Por estas palavras a associação de empresários deu-lhe reprimendas e exigiu que moderasse seus pronunciamentos. Porém a "moderação" chegou a um ponto tal que o vice-presidente tenta, de modo desesperado, impedir que os sindicalistas da Colômbia e da América Latina expressem livremente seus pensamentos diante do conflito social, político e militar que vive o país, tal como se expressaram no XI Seminário Internacional sobre a Esquerda na América Latina, realizado em Quito, Equador.


As contundentes conclusões do seminário, de não declarar as FARC-EP grupo terrorista, "atiraram pedra " ao inepto vice-presidente e obrigaram-no a convocar a imprensa para ecoar seus alaridos histéricos, segundo ele, buscando a solidariedade do governo equatoriano para que igualmente condenasse as conclusões do seminário. Com isso, Fachito Santos mostra que o regime uribiano é completamente fascista e pretende a homogeneização de todos os colombianos, impondo a visão do regime narco-paramilitar e oligárquico a sangue e fogo.


Porém assim como as conclusões do seminário, a respostas de Enrique Guzman, líder do Movimento Popular Democrático foram determinantes: No MPD não declararemos jamais de terroristas as FARC, porque são um povo que está lutando com a forma de luta que eles consideram que seja a que corresponde ao país. Respeitamos todas as formas de luta".


A soberba que enche de sangue a cabeça do 'cabeça louca' de Francisquito, faz-lhe esquecer que o Estado colombiano através de suas forças militares convocou os diferentes setores econômicos e do narcotráfico para organizar os grupos paramilitares que por mais de 3 décadas são os que maior "proveito" tiraram da "combinação das diferentes formas de luta. Em balanço realizado pelas promotorias seccionais – as mesmas que não fazem nada para esclarecer os crimes contra os trabalhadores – é reconhecido que entre 1995 e 2007 foram assassinados a 1.165 sindicalistas, dos quais mais de 95 % estão em total impunidade.


Ademais, a CUT informou que "Em 21 anos (1986 a 2006) foram assassinados, na Colômbia, 2.515 trabalhadores sindicalizados. Esta cifra, sem maiores explicações, é um genocídio; por isso, não pode se deixar de lado, com afirmações, como a de que na Colômbia já não se assassinam sindicalistas; a realidade é que foram assassinados 2.515 e continuam sendo assassinados, basta olhar as cifras recentes, no ano de 2002: 186 (94 deles educadores); 2003: 94 (46 deles educadores); 2005: 70 (44 deles educadores); 2006: 72 (35 deles educadores); e a 30 de junho 2007: 18 (9 deles educadores)".


Fachito pretende ocultar que durante sua administração – e a de seu chefe – foram assassinados pelo menos 536 sindicalistas e que se comprovou e até condenou que multinacionais como foi o caso de Chiquita Berands, Coca-Cola e Drummond, tenham pago para assassinar a seus operários e sindicalistas (por certo, onde está o pedido de extradição que disse que seria feito no caso da Chiquita Brands?)


Pachito que levanta a voz aos sindicalistas e aponta para eles com dedo inquisidor para que sejam assassinados, meteu a língua não sei onde para fazer calar sobre a lista de sindicalistas assassinados que Jorge Noguera Cotes elaborava das oficinas do Departamento Administrativo de Segurança (DAS), e eram entregues a "Jorge 40" para sua execução, funcionário que recebia as diretrizes diretamente da presidência e vice-presidência.


As diversas formas de luta, às quais o vice Fachito disse condenar, não são mais que a resposta por parte do movimento social ao Terrorismo de Estado praticado pela oligarquia colombiana através dos diferentes níveis do estado como seu aparato militar, re-forçado hoje com as hordas paramilitares, as mesmas que a sangue e fogo puseram os votos para que Fachito desfrutasse uma lua de mel com o poder.


Total impunidade


Porém, por sorte, nem em Álvaro Uribe nem muito menos em Facho Santos, ninguém acredita neles a nível internacional. Assim como respondeu Enrique Guzmán, já o havia feito o representante Phil Hare, líder sindicalista de sindicatos Estadounidenses, que disse, sem batatas na língua, numa rodada da imprensa que "se tivesse nascido na Colômbia, certamente não estaria aqui", em ocasião de uma das tantas visitas que Uribe fez ao congresso Estadounidense para pedir que mais Chiquita Brands e mais Coca Cola se estabeleçam na Colômbia e dêem mais dólares para fazer a Guerra contra o povo colombiano.


Não apenas seus "sócios' do norte, mas centenas de organizações Européias exigem incansavelmente os resultados das inumeráveis "investigações" pelos milhares de assassinatos que foram cometidos a partir de instâncias estatais e narcoparamilitares sem que até a data, nem Alvarito nem Fachito, através de sua promotoria paramilitar, tenham podido mostrar um só culpado, apesar de que as listas parecem ter sido elaboradas nos mesmos escritórios da Casa de Nariño (Assim como a 'lista negra" de refugiados políticos contrários ao regime uribiano elaborada pelo próprio Fachito Santos).


O que oferece o governo de Uribe


Além dos assassinatos e a total impunidade que reina no governo de Uribe e FAcho, estes estão impondo à classe trabalhadora – através do Terror – pensões muito abaixo do salário mínimo, a privatização do Instituto dos Seguros Sociais – já saqueado - e a organização da Colpensiones (Companhia Colombiana de Pensões) para que esta assuma as pensões dos jubilados pelo instituto. Ou seja, guilhotina pura para aqueles que são os que criam as riquezas aos poderosos.


Por isso, nada mais sadio, necessário e justo que os trabalhadores colombianos debatam na Colômbia e em instâncias internacionais a solução à tão aberrante estado de coisas e criem os meios indispensáveis para alcançá-la. Nem os Fachitos, nem os Alvaritos, nem os Lleritas, nem ninguém da oligarquia poderá evitar-lo porque isso corresponde não à oligarquia, mas ao movimento popular.



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