"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


terça-feira, 30 de junho de 2009

Nota de repúdio ao golpe de Estado em Honduras

O Partido Comunista do Brasil repudia com veemência o golpe de Estado desferido em Honduras contra o presidente constitucional Manuel Zelaya e soma-se ao povo e às forças democráticas e patrióticas hondurenhas, que nas ruas e em greve geral, exigem o retorno do presidente, enfrentando o toque de recolher e a repressão imposta pelos golpistas.

O golpe é resultado de forte reação das classes dominantes hondurenhas à tentativa do presidente Zelaya em consultar o povo para a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte e da adesão do país à Aliança Bolivariana dos Povos das Américas (Alba).

A destituição de Zelaya resultou de uma concertação de interesses de setores golpistas do Exército, do Congresso, do Poder Judiciário e da grande imprensa. Assim, no dia 28 de junho um comando do Exército hondurenho prendeu o presidente Manuel Zelaya, enviando-o à força a São José, Costa Rica. Depois disto, para chancelar o golpe, a maioria do Congresso reuniu-se e fez ler uma carta de renúncia que Zelaya afirma jamais ter assinado, nomeando em seu lugar o presidente do Congresso.

Os golpistas ressuscitam velhos chavões anticomunistas da guerra fria para justificar seus atos. Na ação do golpe, chegaram a seqüestrar a chanceler Patrícia Rodas e os embaixadores de Cuba, Nicarágua e Venezuela, que com ela se encontravam reunidos. A Rádio Nacional de Honduras foi militarmente ocupada e calada.

As classes dominantes hondurenhas sempre foram das mais reacionárias da América Central. O país foi base de treinamentos dos mercenários “contras” nos anos 1980 numa ação que buscava liquidar a Revolução Sandinista. Até hoje, Honduras é sede de uma enorme base militar norte-americana.

A América Central, a exemplo da América do Sul, tem vivido importantes mudanças políticas, com a eleição de presidentes democráticos e progressistas em diversos países, um significativo feito para a soberania e a independência da região.

Não se registra nenhum respaldo internacional ao golpe, mas uma unânime condenação de inúmeros países e organismos internacionais. Em especial valorizamos e apoiamos as manifestações do governo brasileiro e de outros latinoamericanos e caribenhos, que exigem a imediata a restituição de Manuel Zelaya.

São Paulo, 29 de junho de 2009

O Secretariado do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil
Comitê Central – Secretaria de Relações Internacionais
Rua Rego Freitas, 192- República- CEP 01220-907- São Paulo – SP, Brasil– Fone: 55 11 3054-1822/1800
Internet: http://www.pcdob.org.br – Correio Eletrônico: internacional@pcdob.org.br

Povo hondurenho esperará nas ruas ao presidente Zelaya

Por http://www.brasildefato.com.br. Michelle Amaral da Silva

Apesar da repressão militar, o povo hondurenho continua hoje os protestos e a greve nacional para exigir a reposição em seu cargo do presidente Manuel Zelaya

Tegucigalpa, http://www.prensalatina.com.br/

Apesar da repressão militar, o povo hondurenho continua hoje os protestos e a greve nacional para exigir a reposição em seu cargo do presidente Manuel Zelaya, que tem previsto regressar ao país na próxima quinta-feira (2) .Além das concentrações em vários pontos desta cidade, há bloqueios de estradas em pelo menos 10 lugares do interior, disseram organizações do movimento de resistência popular.

A véspera forças especiais do exército e equipes antimotins avançaram contra manifestantes apostados nas cercanias da Casa Presidencial, com o saldo de dezenas de feridos e vários presos."Estamos em uma greve geral por tempo indefinido, convocada em todo o país para derrotar o golpe", disse Carlos Amaya, presidente da Assembléia Popular Permanente.De acordo com Amaya, os movimentos manterão os protestos o tempo que seja necessário até conseguir a reposição de Zelaya.

Manifestantes que paralisaram o tráfico nos municípios de Santa Bárbara e Trinidad gritavam palavras de ordem contra golpistas e em favor de Zelaya.Também se registraram protestos nos municípios de Santa Rita, O Negrito e Morazán.Após a repressão militar da véspera, o movimento de resistência começou a reorganizar-se na manhã desta terça-feira (30) em diferentes pontos da capital, conta o dirigente popular Juan Barahona.

Frente o anúncio da volta de Zelaya na próxima quinta-feira, Barahona afirma que o povo estará esperando ao presidente constitucional tanto no aeroporto, como no ponto fronteiriço.

Honduras unida jamais será vencida!

A futlidade do golpe

Por Atilio Boron

A história repete-se e, muito provavelmente, conclui-se da mesma maneira. O golpe de estado nas Honduras é uma re-edição do que se perpetrou em Abril de 2002 na Venezuela e daquele que foi abortado na Bolívia no ano passado, após a fulminante reacção de vários governos da região. Um presidente violentamente sequestrado durante a madrugada por militares encapuzados, seguindo ao pé da letra o que indica o Manual de Operações da CIA e a Escola das América para os esquadrões da morte; uma carta de renúncia apócrifa que foi divulgada a fim de enganar e desmobilizar a população — e que foi de imediato retransmitida para todo o mundo pela CNN sem confirmar previamente a veracidade da notícia; a reacção do povo que, consciente da manobra, sai às ruas para deter os tanques e os veículos do Exército com as mãos limpas e exigir o retorno de Zelaya à presidência; o corte da energia eléctrica para impedir o funcionamento da rádio e da televisão e semear a confusão e o desânimo. Tal como na Venezuela, mal encarceraram Hugo Chávez os golpistas instalaram um novo presidente: Pedro Francisco Carmona, rebaptizado pela criatividade popular como "o efémero". Quem desempenha o seu papel nas Honduras é o presidente do Congresso unicameral desse país, Roberto Micheletti, que neste domingo juro como mandatário provisório e só um milagre o impediria de correr a mesma sorte que o seu antecessor venezuelano.

O que aconteceu nas Honduras põe em evidência a resistência que provoca nas estruturas tradicionais de poder qualquer tentativa de aprofundar a vida democrática. Bastou que o presidente Zelaya decidisse convocar uma consulta popular – apoiada com a assinatura de mais de 400 mil cidadãos – sobre uma futura convocatória a uma Assembleia Constitucional para que os diferentes dispositivos institucionais do estado se mobilizassem para impedi-lo, desmentindo desse modo o seu suposto carácter democrático: o Congresso ordenou a destituição do presidente e uma sentença do Tribunal Supremo validou o golpe de estado. Foi nada menos que este tribunal quem emitiu a ordem de sequestro e expulsão do país do presidente Zelaya , perfilhando como fez ao longo de toda a semana a conduta sediciosa das Forças Armadas.

Zelaya não renunciou nem solicitou asilo político na Cosa Rica. Foi sequestrado e expatriado, e o povo saiu às ruas para defender o seu governo. As declarações que conseguem sair de Honduras são claríssimas nesse sentido, especialmente a do líder mundial da Via Campesina, Rafael Alegría. Os governos da região repudiaram o golpismo e no mesmo sentido manifestou-se Barack Obama ao dizer que Zelaya "é o único presidente de Honduras que reconheço e quero deixar isso muito claro". A OEA exprimiu-se nos mesmos termos e na Argentina a presidenta Cristina Fernández declarou que "vamos promover uma reunião da Unasur, ainda que Honduras não faça parte desse organismo, e vamos exigir à OEA o respeito da institucionalidade e a reposião de Zelaya, além de garantias para a sua vida, sua integridade física e da sua família, porque isso é fundamental, porque é um acto de respeito à democracia e a todos os cidadãos".

A brutalidade de toda a operação tem a marca indelével da CIA e da School of Americas: desde o sequestro do presidente, enviado em pijama para a Costa Rica, e o insólito sequestro e as pancadas dadas em três embaixadores de países amigos: Nicarágua, Cuba e Venezuela, que se haviam aproximado da residência da ministra das Relações Exteriores de Honduras, Patrícia Rodas, para exprimir-lhe a solidariedade dos seus países, passando pela ostentatória exibição de força feita pelos militares nas principais cidades do país com a intenção clara de aterrorizar a população. Na ultima hora da tarde impuseram o toque de recolher e existe uma censura estrita da imprensa, apesar do que não se sabe de declaração alguma da Sociedade Interamericana de Prensa (sempre tão atenta perante a situação dos media na Venezuela, Bolívia e Equador) a condenar este atentado contra a liberdade de imprensa.

Cabe recordar que as forças armadas das Honduras foram completamente reestruturadas e "re-educadas" durante os anos oitenta, quando o embaixador dos EUA nas Honduras era nada menos que John Negroponte, cuja carreira "diplomática" conduziu-o a destinos tão distintos como Vietname, Honduras, México, Iraque, para posteriormente encarregar-se do super-organismo de inteligência do seu país chamado Conselho Nacional de Inteligência. A partir de Tegucigalpa monitorou pessoalmente as operações terroristas realizadas contra o governo sandinista e promoveu a criação do esquadrão da morte mais conhecido como o Batalhão 316, que sequestrou, torturou e assassinou centenas de pessoas dentro de Honduras enquanto nos seus relatórios para Washington negava que houvesse violações dos direitos humanos nesse país. Certa vez o senador estado-unidense John Kerry demonstrou que o Departamento de Estado havia pago 800 mil dólares a quatro companhias de aviões de carga pertencentes a grandes narcos colombianos para transportassem armas para os grupos que Negroponte organizava e apoiava nas Honduras. Estes pilotos testemunharam sob juramento, confirmando as declarações de Kerry. A própria imprensa estado-unidense informou que Negroponte esteve ligado ao tráfico de armas e de drogas entre 1981 e 1985 com o objectivo de armar os esquadrões da morte, mas nada interrompeu a sua carreira. Essas forças armadas são as que hoje depuseram Zelaya. Mas a correlação de forças no plano interno e internacional é tão desfavorável que a derrota dos golpistas é só questão de (muito pouco) tempo.
28/Junho/2009
[*] Director do Programa Latino-americano de Educação a Distancia em Ciências Sociais (PLED), Buenos Aires, Argentina

O original encontra-se em http://www.atilioboron.com

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Proclama do Conselho Presidencial Extraordinário

Manágua, República de Nicarágua, 29 de junho de 2009


Em 28 de junho, domingo, nas horas da madrugada, quando o povo hondurenho se dispunha a exercer sua vontade democrática em uma pesquisa com caráter de consulta promovida pelo Presidente da República, Manuel Zelaya Rosales, para aperfeiçoar a democracia participativa, um grupo de uniformizados, com capuzes, que afirmou ter recebido ordens do Alto Comando da Força Armada, assaltou a residência do Presidente Zelaya para seqüestrar-lo, desaparecer-lo durante umas horas e depois expulsar-lo violentamente de sua Pátria.

De imediato, o povo de Honduras reagiu como digno herdeiro do legado de Francisco Morazán, nas ruas das diversas cidades e povoados de Honduras. Às primeiras horas da manhã, centenas de mesas eleitorais receberam milhares de mulheres e homens que se mobilizavam para exercer seu direito ao voto, e ao serem informados do seqüestro do seu Presidente, levantaram-se para protestar pelo golpe de Estado, dando exemplo de heroísmo ao enfrentar desarmados os fuzis e os tanques.

Através de Telesur se logrou romper o silencio nacional e internacional que quis impor a ditadura ao fechar o canal do Estado e cortar a energia, buscando esconder e justificar o golpe de Estado diante do seu povo e a Comunidade Internacional, e demonstrando uma atitudes que lembra a pior época de ditaduras que tiveram lugar no século vinte em nosso Continente.

Como uma só voz, os governos e povos do Continente reagimos condenando o golpe de Estado, deixando claro que em Honduras há um só Presidente e um só Governo: O do presidente Manuel Zelaya Rosales. Assim mesmo, saudamos as declarações de condena que, desde muito cedo, começaram a emitir outros governos do mundo.

Ante a urgência da situação, os governos da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (ALBA) convocaram de maneira imediata um Conselho Presidencial de caráter extraordinário, com o objetivo de acordar ações contundentes para derrotar o golpe de Estado em Honduras, apoiar o heróico povo de Morazán e restabelecer incondicionalmente ao Presidente Manuel Zelaya Rosales suas funções legítimas.

Logo de analisadas as circunstancias em que se tem produzido esse golpe de Estado, ante a gravidade das violações do Direito Internacional, os convênios multilaterais e os acordos de nossos países membros da ALBA, temos decidido retirar nossos Embaixadores e reduzir à mínima expressão nossa representação diplomática em Tegucigalpa, até tanto o governo legítimo do Presidente Manuel Zelaya Rosales seja restituído em suas funções.

Igualmente, reconhecemos como únicos representantes diplomáticos de Honduras em nossos países o pessoal designado pelo Presidente Zelaya. De jeito nenhum, acreditaremos pessoal designado pelos usurpadores.

De igual forma, como membros plenos dos distintos sistemas de integração do Continente, instamos nossos países irmãos de UNSUL, SICA, CARICOM, Grupo de Rio, ONU e OEA a proceder de igual forma ante os agressores do povo hondurenho.

Por outra parte, temos decidido declararmos em alerta permanente para acompanhar o valente povo de Honduras nas ações de luta que têm convocado, e invocamos o conteúdo dos artigos 2º e 3º da Constituição Política da República de Honduras:

“Art. 2º: A Soberania corresponde ao Povo do qual emanam todos os Poderes do Estado que se exercem por representação. A Soberania do Povo poderá, também, se exercer de maneira direta, através do Plebiscito e o Referendo. A suplantação da Soberania Popular e a usurpação dos poderes constituídos se tipificam como delitos de traição à Pátria. A responsabilidade nesses casos é imprescritível e poderá ser deduzida de ofício ou a petição de qualquer cidadão.

Art. 3º: Ninguém deve obediência a um governo usurpador nem a quem assumam funções ou cargos públicos pela força das armas ou usando meio ou procedimentos que quebrantem ou desconheçam o que esta Constituição e as leis estabelecem. Os atos verificados por tais autoridades são nulos. O Povo tem o direito à insurreição em defesa da ordem constitucional.”

Assim como os princípios do Direito Internacional para respaldar os atos de resistência e rebelião do povo diante os intentos de dominação. Aos professores, operários, mulheres, jovens, camponeses, indígenas, empresários honestos, intelectuais e demais atores da sociedade hondurenha, prometemos-lhes que juntos conquistaremos a grande vitória ante os golpistas que pretendem se impor ao bravo povo de Francisco Morazán.

Invocando o espírito e o pensamento de Francisco Morazán, junto a ele sentenciamos aos golpistas ao proclamar: “Homens que têm abusado dos direitos do povo por um sórdido e mesquinho interesse!. Falo para vocês, inimigos da independência e da liberdade. Se seus fatos, para nos procurar uma pátria, podem sofrer paralelo com os de aqueles centro-americanos que perseguem ou que têm expatriado, eu em seu nome os provoco a apresentar-los. Esse mesmo povo que vocês têm humilhado, insultado, envilecido e traído tantas vezes, que os faz hoje árbitros de seus destinos e nos proscreve por seus conselhos, esse povo será seu juiz”

Quem dirigem o golpe de Estado devem saber que lhes será impossível se impor e burlar a justiça internacional, à que mais cedo do que tarde serão submetidos. Aos oficiais e soldados das Forças Armadas de Honduras, fazemos-lhes um chamado a retificar e pôr suas armas ao serviço do povo de Honduras e de seu Comandante Geral, o Presidente José Manuel Zelaya Rosales.

Os países integrantes da ALBA, em consulta com os Governos do Continente e com diversas instancias que garantam o cumprimento do Direito Internacional, estamos tomando medidas para que as graves violações e os crimes que se estão cometendo, não fiquem impunes.

O único caminho que fica para os golpistas é depor sua atitude e garantir de forma imediata, segura e incondicional, o retorno do Presidente José Manuel Zelaya Rosales a suas funções constitucionais.
A República de Honduras é membro da ALBA e assim como outras instancias de integração regional e organismos multilaterais exige respeito à Soberania do Povo e à Constituição. Por ter sido violentados pelos golpistas esses condicionantes fundamentais, os Governos da ALBA temos decidido manter todos os programas de cooperação que temos com Honduras através do Presidente Zelaya.

Assim mesmo, propomos que sejam aplicadas sanções exemplares em todos os mecanismos e instancias multilaterais e de integração, que contribuam a fazer efetiva a restituição imediata da ordem constitucional em Honduras, e outorgue vigência ao principio de ação que nos legara José Marti quando disse: “Faça cada um sua parte de dever e nada poderá vencer-nos.”

Os Governos da ALBA nos declaramos em sessão permanente de consulta, com todos os governos do Continente, para avaliar outras ações conjuntas que permitam acompanhar o povo hondurenho no restabelecimento da legalidade e a restituição do Presidente Manuel Zelaya Rosales.

A duzentos anos da gesta história que nossos povos realizaram em nosso Continente, seguindo o exemplo eterno do General de Homens Livres, Augusto César Sandino, de Francisco Morazán e fieis às palavras do Libertador Simón Bolívar temos junto ao povo de Honduras e os povos do mundo a certeza da vitória, pois “todos os povos do mundo que tem lidado pela liberdade têm exterminado ao fim a seus tiranos”

CONSELHO PRESIDENCIAL DA ALIANÇA BOLIVARIANA PARA OS POVOS DE NOSSA AMÉRICA

Manágua, 29 de junho de 2009

Alba faz reunião urgente e exige restituição imediata de Manuel Zelaya

Reunidos em convocação extraordinária desde ontem em Manágua, Nicarágua, os presidentes que formam a Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba) decidiram retirar seus respectivos embaixadores de Tegucigalpa. A situação só se normalizará quando o então presidente deposto, Manuel Zelaya, for restituído em seu cargo. O comunicado da Alba foi enviado na tarde desta segunda-feira.

O documento atesta, ainda, que nenhuma parte designada pelo presidente recém-nomeado, Roberto Micheletti, será reconhecida nos países-membros da Alba. "Da mesma maneira, reconhecemos como únicos representantes diplomáticos de Honduras em nossos países, o pessoal designado pelo presidente Zelaya, sob nenhum conceito creditaremos pessoal designado pelos usurpadores".

Com o Golpe Militar concretizado em Honduras, os membros da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América convocaram uma reunião extraordinária para estudar as possibilidades de reverter a situação política no país hondurenho e reforçar o apoio ao presidente deposto, Manuel Zelaya. A reunião teve início ontem, em Manágua (Nicarágua), para onde se dirigiu o mandatário de Honduras, após ser enviado à força pelos militares para Costa Rica.

Os esforços dos países-membros da Alba estão em reunir os países do Grupo do Rio, do Sistema de Integração Centro-americano (Sica), em reuniões que estão agendadas para acontecer, a partir de hoje. As últimas informações enviadas pela Alba davam conta de que a resposta dessas partes foi imediata. Ainda se somaram à iniciativa, a União das Nações Sul-americanas (Unasul), a Comunidade do Caribe (Caricom) e a Organização dos Estados Americanos.

Segundo o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, com a participação desses países será possível obter quorum necessário para debater o Golpe de Estado realizado contra o governo de Honduras.

Em declaração durante a reunião, Zelaya afirmou que "se de hoje em diante os povos terão outra vez medos dos exércitos, com nos anos 80, nada construímos em 30 anos. Se se vai a considerar os "verdes-oliva" como ameaças, definitivamente perdemos o tempo submetendo o pode militar ao poder civil", disse.

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, por sua vez, desmentiu que o país esteja enviando tropas para Honduras. "Nunca o faríamos pelo sacrossanto respeito à soberania hondurenha. Estamos aqui para apoiar respeitando o povo de Honduras", disse Chávez.

Em outro comunicado, foi categórico: "Não há negociação possível, exigimos o retorno imediato do presidente Manuel Zelaya.

Forman a Alba: Bolívia, Venezuela, Equador, Cuba, Dominica, Honduras, Nicarágua, San Vicente e Granadinas, e Antigua e Barbuda.


Repercussão internacional

A notícia do golpe de Estado em Honduras gerou repercussão internacional. A Organização dos Estados Americanos (OEA) e a Organização das Nações Unidas (ONU) não reconheceram o novo governo instalado em Honduras e querem o retorno e a reinstalação de Zelaya à presidência.

Países como Brasil e Argentina emitiram comunicados afirmando que também não reconhecem o governo do Golpe.

Roberto Micheletti, por sua vez, declarou que não teme um isolamento internacional do país. Segundo o atual presidente, nem o mandatário dos Estados Unidos, Barack Obama, nem o da Venezuela, Hugo Chávez, impedirão a transição presidencial de Honduras.

Fonte: adital.com.br

A Unidade do Sul começa pela ALBA

Uma segunda guerra pela independência.

Por O. Balbás. Venezuela

Com a celebração do 188º aniversário da batalha de Carabobo, abre-se um marco de ações importantes consubstanciadas com a idéia do Libertador Simón Bolívar de unificar em uma só nação o que se conhece hoje como América Latina, América do Sul, Hispano-américa ou as antigas colônias do império espanhol. A obra inconclusa do Libertador Simón Bolívar se está reconstruindo sob os critérios de uma mudança social e econômica que permita a igualdade de direitos cidadãos e a soberania de nossos povos.

Pode-se dizer que certamente, estamos em uma segunda guerra pela independência contra um sistema econômico baseado na exploração e a destruição do meio-ambiente de forma acelerada pelo incentivo ao consumo irracional e a obtenção da máxima ganância. O Capitalismo, modo de produção cuja célula fundamental é a mercancia, fez da vida cotidiana uma concorrência pela supervivência. Cumpre-se a afirmação “o homem é o lobo do homem”.

A batalha de Carabobo celebrada no passado 24 de junho, desenvolve-se em 1821 e se completa a liberação da Venezuela em 23 de junho com a batalha de Maracaibo e a toma e controle que se consegue em Puerto Cabello, dominando a fortaleza do castelo São Felipe onde se refugiaram os derrotados do exército espanhol dirigido por Miguel de la Torre. Essa batalha foi antecedida por muitas outras ações bélicas, marchas e contramarchas. Por essa razão, o fato de instalar-se no Estado Aragua a VI cúpula extraordinária da Alba, fortalece a esperança de ver o sonho de Bolívar feito realidade: converter em uma grande nação à nossa América independente. No passado 22 de junho se celebrou também o 183º aniversário da instalação do Congresso do Panamá, projeto bolivariano inspirado em Francisco de Miranda, Vizcardo e Guzmán, com o objetivo de unificar as nações recém libertadas do império espanhol e conseguir acordos econômicos e militares em defesa da sustentação da independência obtida com o sacrifício de milhares de vida. Era uma forma de contra-restar à Santa Aliança liderada por Espanha, que junto com a Rússia czarista e Áustria se propunham enviar tropas à América do Sul e converter de novo essas terras em colônias da Espanha. Nesse momento histórico fracassou o congresso do Panamá pelas traições da ala conservadora oposta ao Libertador e seu projeto unitário. Hoje, a realidade indica que a construção do Socialismo e a Liberação Nacional devem contar necessariamente com a unidade dos povos da América, não só desde o ponto de vista comercial senão político, cultural e militar. Somaram-se à ALBA três países, incluindo a República do Equador. A presença destas nações fortalece ainda mais o projeto liberador que começou com a proposta do Presidente Hugo Cháves no ano 2001 na Ilha de Margarita, de criar um organismo internacional para enfrentar a ALCA, conhecido instrumento dos Estados Unidos para dominar nossos povos.

Atualmente, o presidente de Honduras Manuel Zelaya enfrenta um complô em contra do seu governo e desde as Forças Armadas organizam o golpe de estado pelas suas relações com Chávez e Fidel. Isto é um sinal do que é capaz de fazer a oligarquia unida aos interesses forâneos, utilizando estratégias que delatam suas verdadeiras intenções.

Fazer ênfase nas mudanças fundamentais em benefício do povo pobre e excluído; organizá-lo para defender as conquistas populares, consolidar o bloco dos Estados liberados da América e relançar os meios de comunicação, é tarefa ineludível, como homenagem à celebração do Dia do Jornalista, neste 27 de junho, lembrando-se o lançamento do Correio do Orinoco em 1818, como um meio de informação da causa patriota para contra-restar a Gazeta de Caracas, meio de comunicação espanhol.

obalbasvester@gmail.com

Versão em português: Raul Fitipaldi, de América Latina Palavra Viva.

Fonte: desacato.info

Derrocar o Governo de Honduras, Objetivo dos EUA e aliados

Por Pedro Echeverría V.

1.Honduras, país americano situado no centro da América Central, enfrenta seu futuro nestes dias e, ao tempo, as possibilidades de dar um grande pulo político. O presidente Manuel Zelaya está promovendo a realização no próximo domingo 28 de um referendo nacional em favor da colocação de uma quarta urna nas eleições generais de 29 de novembro – junto às urnas para escolher presidente, deputados e prefeitos – para que se decida se se convoca a uma assembléia constituinte que aprove uma nova Constituição. Obviamente isto tem desatado a fúria dos poderosos grupos empresariais hondurenhos, associados com os EUA, que vêem fazendo uma campanha que parece estar desembocando na promoção de um golpe de Estado.

2. No México, embora muito já escrevemos em jornais e revistas para demonstrar o prejudicial que seria para o povo o Tratado de Livre Comércio (TLC), este mesmo acordo se realizou oito anos depois, em 2005, entre Honduras- Estados Unidos, mas, os movimentos populares dos hondurenhos gritaram que “esse era o último golpe que se lhe dava à Constituição e portanto, era necessária uma nova Constituinte”. Por isso a promessa se converteu em realidade ao adotar o presidente Manuel Zelaya essa consigna e veio convocando os hondurenhos sobre a necessidade de continuar lutando até conseguir as mudanças constitucionais que permitam que o povo deixe de ser enganado com leis feitas pela classe dominante e para seu próprio benefício.

3. Honduras tem sido um país centro-americano dominado – durante os últimos 100 anos- por militares, por grandes investidores ianques e uma poderosa classe política e empresarial associada aos EUA. A pobreza dos seus aproximadamente oito milhões de habitantes é profunda, enquanto um punhado de privilegiados reúne todas as riquezas e a modernidade nas principais capitais daquele país. Apesar de ser um dos países mais extensos da região, de possuir uma enorme riqueza natural em suas montanhas, seus rios, sua produção agrária, Honduras não tem se sobressaído na região porque seus governos têm sido submissos às políticas ianques e seus empresários têm vivido acumulando riquezas sem investir.

4. As forças armadas hondurenhas têm intervindo muito em golpes de Estado. Nas últimas décadas os hondurenhos lembram. Em outubro de 1956 se registra um derrocamento por parte do exército. Em 1963, também em outubro, o exército derroca o presidente Villeda. Dois anos depois se promulga uma nova Constituição, mas, as confrontações de força não cessam. Em 1969 se registra uma “guerra não declarada” entre Honduras e El Salvador. Três anos depois outro golpe de Estado dirigido pelo general López Arellano, mas, em 1975 o próprio general é destituído pelas forças armadas. Em 1980 a mesma Junta Militar traspassa o governo à Assembléia Constituinte. Em definitivo, só em 1985 é eleito, segundo se publicou, o primeiro governo civil.

5. Nos últimos meses, com o novo governo de Manuel Zelaya, Honduras estreitou relações com o presidente venezuelano Hugo Chávez e passou a integrar a Aliança Bolivariana dos povos da Nossa América (Alba) deixando de lado o projeto ALCA que Bush e seus incondicionais quiseram impor na América. Por outro lado o presidente Zelaya, seguindo o exemplo da Venezuela, Bolívia e Equador, tem procurado a aprovação de uma nova Constituição mediante a instalação de uma Assembléia Nacional Constituinte que discutiria também o direito de reeleição presidencial. O presidente Zelaya tem conseguido um forte apoio dos setores explorados e oprimidos do povo, mas, por outro lado se lhe prepara um golpe de Estado.

6. A poderosa classe empresarial de Honduras parece mover-se da mesma maneira, com a mesma estratégia que o faz a Venezuelana, boliviana ou equatoriana. Com o aberto apoio dos meios de informação privados e internacionais – propriedade dos grandes capitalistas – impulsionam enormes contra Chávez, Evo, Correa e Fidel Castro, com a finalidade de desprestigiar o movimento dos povos e as lutas de libertação. Procuram mobilizar os setores privilegiados das cidades, os branquelos dos bairros residenciais e os empregados das empresas privadas para sair às ruas a manifestar-se contra o comunismo e em defesa da religião e as propriedades. O México também se anota na lista de manifestações “brancas”.

7. Hugo Chávez, quem nestes anos tem representado a oposição mais conseqüente frente às oligarquias e o imperialismo, expressou na quinta-feira 25 seu total apoio ao presidente Zelaya pelo fato de estar sendo objeto de uma tentativa de golpe de Estado da parte do Congresso Nacional, de membros das Forças Armadas e da Corte Suprema de Justiça do seu país. Da mesma forma enviou seu apoio ao povo hondurenho, aos movimentos sociais e populares de Honduras. Explicou que os poderes públicos e militar de Honduras se opuseram a uma consulta popular, avalizada pela assinatura de mias de 500 mil cidadãos hondurenhos, para a convocatória à instalação de uma Assembléia Nacional Constituinte, desconhecendo ao chefe de Estado desse país.

8.A Venezuela enviou nesta sexta-feira um comunicado aos diversos meios de informação de Honduras, onde define seu respaldo a todas as ações que realiza o presidente hondurenho. E à vez, um documento que diz: “Os países membros da Aliança Bolivariana dos povos da nossa América (Alba), manifestamos nosso firme respaldo ao governo do presidente Zelaya, em suas justas e decididas ações por defender o direito do povo hondurenho a expressar sua vontade soberana”. Esses documentos demonstram um amplo rechaço ao golpe de Estado que as poderosas classes empresariais e o governo norteamericano estão preparando. Por toda essa história cheia de intervenções militares os hondurenhos e líderes da América Latina estão atentos para evitar um novo golpe de Estado.

pedroe@cablered.net.mx

Versão em português: Raul Fitipaldi, de América Latina Palavra Viva.

Nota do MST sobre o golpe em Honduras

Defesa da democracia, solidariedade às organizações da Via Campesina e ao povo de Honduras
28/06
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Com o objetivo de aprofundar a democracia e conseguir uma maior participação democrática, há alguns meses as organizações sociais de Honduras, junto ao presidente Manuel Zelaya Rosales, promoveram uma Consulta Popular para este 28 de Junho de 2009

Com grande surpresa, o dia de hoje às 5h da manha, as Forças Armadas executaram um Golpe de Estado contra o presidente Zelaya, impedindo assim as aspirações democráticas da população, que se preparava para realizar a Consulta Popular.

Ao conhecer a notícia, as organizações sociais de Honduras, incluindo as entidades que fazem parte da Via Campesina, saíram às ruas para repudiar o golpe de estado e exigir o regresso do presidente Zelaya à suas funções, como garante a lei.

O governo do presidente Zelaya, que tem se caracterizado por defender os operários e camponeses, é um defensor da Alternativa Bolivariana das Américas (Alba). Durante o seu mandato, ele tem promovido ações que beneficiam os camponeses hondurenhos.

Acreditamos que esses fatos são ações desesperadas da oligarquia nacional, da direita e, em especial, das grandes empresas transnacionais, que pretendem preservar os seus privilégios econômicos. Para isso, utilizam a força militar e algumas instituições do país, como o Parlamento, os ministérios, a imprensa neoliberal e outros.

Diante desse repudiável fato, a Via Campesina Internacional demanda:

1 – Restabelecimento da ordem constitucional, sem derramamento de sangue.
2 – Conclamamos ao Exército que não reprima a população de Honduras que exige o retorno da democracia.
3 – Respeito à integridade física dos dirigentes sociais, incluindo Rafael Alegria, dirigente internacional da Via Campesina.
4 – Exigimos o retorno do Presidente Zelaya a suas funções em Honduras
5 – Que as autoridades garantam o pleno exercício democrático da consulta popular, garantindo a livre expressão popular.

A Via Campesina Internacional está atenta a qualquer tipo de violação dos direitos de nossos lideres e organizações, como com o que pode acontecer com o povo de Honduras nestes momentos difíceis.

Convocamos as organizações campesinas e outros movimentos sociais a protestar em frente às embaixadas e consulados de Honduras e a enviar cartas rechaçando o golpe de estado às embaixadas em cada um de seus países. Nos solidarizamos com nossas organizações campesinas em Honduras.
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Comitê Internacional de Coordenação da Via Campesina
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Globalizemos a luta! Globalizemos a esperança!
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Mali, Africa, 28 de Junho de 2009
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Igor Felippe Santos
Assessoria de Comunicação do MST
Secretaria Nacional - SP
Tel/fax: (11) 3361-3866
Correio - imprensa@mst.org.br
Página - www.mst.org.br

Un error suicida

Por Fidel Castro Ruz.

En la reflexión escrita la noche del jueves 25, hace tres días, dije: “Ignoramos qué ocurrirá esta noche o mañana en Honduras pero la conducta valiente de Zelaya pasará a la historia.”

Dos párrafos antes había señalado: “…Lo que allí ocurra será una prueba para la OEA y para la actual administración de Estados Unidos.”

La prehistórica institución interamericana se había reunido al otro día en Washington, y en una apagada y tibia resolución prometió realizar las gestiones pertinentes de inmediato para buscar una armonía entre las partes en pugna. Es decir, una negociación entre los golpistas y el Presidente Constitucional de Honduras.

El alto jefe militar, que seguía al mando de las Fuerzas Armadas hondureñas, hacía pronunciamientos públicos en discrepancia con las posiciones del Presidente, mientras solo de modo meramente formal reconocía su autoridad.

No necesitaban los golpistas otra cosa de la OEA. Les importó un bledo la presencia de un gran número de observadores internacionales que viajaron a ese país para dar fe de una consulta popular, a los cuales Zelaya habló hasta altas horas de la noche. Antes del amanecer de hoy lanzaron alrededor de 200 soldados profesionales bien entrenados y armados contra la residencia del Presidente, los que apartando rudamente la escuadra de la Guardia de Honor secuestraron a Zelaya, quien en ese momento dormía, lo conducen a la base aérea, lo montan por la fuerza en un avión y lo transportan a un aeropuerto en Costa Rica.

A las 8 y 30 de la mañana, conocimos por Telesur la noticia del asalto a la Casa Presidencial y el secuestro. El Presidente no pudo asistir al acto inicial de la consulta popular que tendría lugar este domingo. Se desconocía lo que habían hecho con él.

La emisora de televisión oficial fue silenciada. Deseaban impedir la divulgación prematura de la traicionera acción a través de Telesur y Cubavisión Internacional, que informaban de los hechos. Suspendieron por ello los centros de retransmisión y terminaron cortando la electricidad a todo el país. Todavía el Congreso y los altos tribunales envueltos en la conspiración no habían publicado las decisiones que justificaban la conjura. Primero llevaron a cabo el incalificable golpe militar y luego lo legalizaron.

El pueblo se despertó con los hechos consumados y comenzó a reaccionar con creciente indignación. No se sabía el destino de Zelaya. Tres horas más tarde, la reacción popular era tal que se vio a mujeres golpeando con el puño a los soldados, cuyos fusiles casi se les caían de las manos por puro desconcierto y nerviosismo. Inicialmente sus movimientos parecían los de un extraño combate contra fantasmas, más tarde trataban de tapar con las manos las cámaras de Telesur, apuntaban temblorosos sus fusiles contra los reporteros, y a veces, cuando la gente avanzaba, los soldados retrocedían. Enviaron transportadores blindados con cañones y ametralladoras. La población discutía sin miedo con las dotaciones de los blindados; la reacción popular era asombrosa.

Alrededor de las 2 de la tarde, en coordinación con los golpistas, una mayoría domesticada del Congreso depuso a Zelaya, Presidente Constitucional de Honduras, y designó un nuevo Jefe de Estado, afirmando al mundo que aquel había renunciado, presentando una firma falsificada. Minutos después, Zelaya, desde un aeropuerto en Costa Rica, informó todo lo ocurrido y desmintió categóricamente la noticia de su renuncia. Los conspiradores hicieron el ridículo ante el mundo.

Otras muchas cosas ocurrieron hoy. Cubavisión se dedicó por entero a desenmascarar el golpe, informando todo el tiempo a nuestra población.

Hubo hechos de carácter netamente fascista, que no por esperados dejan de asombrar.

Patricia Rodas, la ministra de Relaciones Exteriores de Honduras, fue después de Zelaya el objetivo fundamental de los golpistas. Otro destacamento fue enviado a su residencia. Ella, valiente y decidida, se movió rápido, no perdió un minuto en denunciar por todos los medios el golpe. Nuestro embajador había hecho contacto con Patricia para conocer la situación, como lo hicieron otros embajadores. En un momento determinado les solicitó a los representantes diplomáticos de Venezuela, Nicaragua y Cuba reunirse con ella, que, ferozmente acosada, necesitaba protección diplomática. Nuestro embajador, que desde el primer instante estaba autorizado a brindar el máximo apoyo a la Ministra constitucional y legal, partió para visitarla en su propia residencia.

Cuando estaban ya en su casa, el mando golpista envió al mayor Oceguera para arrestarla. Ellos se pusieron delante de la mujer y le dicen que está bajo protección diplomática, y solo se puede mover en compañía de los embajadores. Oceguera discute con ellos y lo hace de forma respetuosa. Minutos después penetran en la casa entre 12 ó 15 hombres uniformados y encapuchados. Los tres embajadores se abrazan a Patricia; los enmascarados actúan de manera brutal y logran separar a los embajadores de Venezuela y Nicaragua; Hernández la toma tan fuertemente por uno de los brazos, que los enmascarados los arrastran a los dos hasta una furgoneta; los conducen a la base aérea, donde logran separarlos, y se la llevan. Estando allí detenido, Bruno, que tenía noticias del secuestro, se comunica con él a través del celular; un enmascarado trata de arrebatarle rudamente el teléfono; el embajador cubano, que ya había sido golpeado en casa de Patricia, le grita: “¡No me empujes, cojones!” No recuerdo si la palabra que pronunció fuese alguna vez utilizada por Cervantes, pero sin duda el embajador Juan Carlos Hernández enriqueció nuestro idioma.

Después lo dejaron en una carretera lejos de la misión y antes de abandonarlo le dijeron que, si hablaba, podía sucederle algo peor. “¡Nada es peor que la muerte!”, les respondió con dignidad, “y no por ello les temo a ustedes.” Los vecinos de la zona lo ayudaron a regresar a la embajada, desde donde de inmediato se comunicó otra vez con Bruno.

Con ese alto mando golpista no se puede negociar, hay que exigirle la renuncia y que otros oficiales más jóvenes y no comprometidos con la oligarquía ocupen el mando militar, o no habrá jamás un gobierno “del pueblo, por el pueblo y para el pueblo” en Honduras.

Los golpistas, acorralados y aislados, no tienen salvación posible si se enfrenta con firmeza el problema.

Hasta la señora Clinton declaró ya en horas de la tarde que Zelaya es el único Presidente de Honduras, y los golpistas hondureños ni siquiera respiran sin el apoyo de Estados Unidos.

En camisa de dormir hasta hace unas horas, Zelaya será reconocido por el mundo como el único Presidente Constitucional de Honduras.

Zelaya ratifica que está na Costa Rica e denuncia a ''traição'' das Forças Armadas

DOMINGO, 28 DE JUNHO DE 2009.

O povo hondurenho rechaçou categoricamente a ação militar e deixam claro que não reconhecerão nenhum presidente autoproclamado. “Vou a Manágua como presidente de Honduras, meu período termina em 2010”, dize o presidente Zelaya a teleSUR.
TeleSUR

O presidente de Honduras, Manuel Zelaya, por telefone com teleSUR, ratificou que se encontra em San José da Costa Rica. “As forças Armadas me traíram” denunciou. Informou que homens armados invadiram sua residência nas primeiras horas da manhã deste último domingo e por meio do uso da força o tiraram do país.

“Estou em San José, Costa Rica. Fui vitima de um sequestro de algum grupo de militares hondurenhos. Não acredito que o Exército apóie esta ação”, informou a teleSUR.

“Eu acredito que isto é um complô de uma elite muito voraz que deseja manter o país ilhado e na pobreza extrema” dize Zelaya.

O presidente seqüestrado neste domingo diz que “a cúpula das FFAA, nesta manhã, atraiçoaram-me, ultrajaram-me, invadiram minha casa. Ameaçaram atiram em mim, é um sequestro brutal contra a minha pessoa, sem nenhuma justificativa”.

Relembrou que “participaríamos de uma pesquisa popular sem caráter vinculante, algo que não pode justificar uma ação de sequestro contra um presidente”.

Sobre o sequestro informou que “ainda estou de pijama, estou aqui na Costa Rica”. “Puseram-me num veículo, levaram-me à base aérea e colocaram-me num avião”.

Esclareceu que não pediu asilo na Costa Rica, “trata-se de um sequestro” sentenciou.

“Vou pedir aos presidentes da América, inclusive ao presidente dos EUA. O embaixador dos EUA em Tegucigalpa, se não tiver nada com este golpe, que o esclareça”, apontou.

Comentou que “o comandante Daniel Ortega já falou comigo, colocando o seu país à disposição. Dize-me que há uma reunião de presidentes centroamericanos em Manágua, na qual não reconhecerão nenhum governo de fato”

Apesar do golpe de Estado contra ele, Zelaya dize a teleSUR: “vou a Manágua como presidente de Honduras, meu período termina em 2010”.

“Enquanto não termine o meu período, continuo sendo o presidente eleito desde qualquer lugar do mundo (...) não podem manter um Estado de fato”, destacou.

Nas primeiras horas da manhã deste domingo militares encapuzados tomaram a residência do presidente Manuel Zelaya.

A consulta popular, para determinar a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte, deveria se iniciar neste domingo com a abertura dos locais de votação que foram habilitados nos parques das principais cidades de hondurenhas.

A consulta, convocada a partir de um abaixo assinado de mais de 400 mil cidadãos hondurenhos, foi objeto de rechaço por parte de certos setores políticos e sociais de Honduras e que, neste domingo, concretizaram o seu rechaço com a execução de um golpe de Estado.

Modificado no domingo, 28 de junho de 2009.

domingo, 28 de junho de 2009

Hondurehnos convocam greve geral contra golpe

O presidente da federação Unitária de Trabalhadores de Honduras, Juan Carlos Barahona, disse à Agência Bolivariana de Notícias, em entrevista por telefone, que ''o povo vai manter a resistência'', concentrando-se diante da sede do governo e exigindo a volta do presidente eleito pelo povo em 2005.

''Também nos outros departamentos do país o povo está nas ruas, mobilizado'', disse Barahona.

Os militares golpistas ameaçaram impor um toque de recolher em Tegucigalpa, mas Barahona disse que ele não será obedecido. ''A decisão que temos é de continuar nas ruas. Ninguém irá para casa nem abandonará essa luta'', afirmou.

''Vamos desafiar esse toque de recolher dos golpistas e militares gorilas'', agregou. O termo ''gorila'', usado na América Latina do século passado para designar militares truculentos e golpistas, voltou subitamente à atualidade depois do golpe.

''Pela primeira vez, dignidade''

A representante do Sindicato dos Trabalhadores no Registro de Pessoas, Maritza Somoza, informou que a iniciativa da greve geral é apoiada por todos os trabalhadores, pelas confederações de organizações sindicais de Honduras.

A sindicalista salientou que o movimento sindical hondurenho tem uma profunda motivação para apoiar o presidente. Argumentou que o governo de Zelaya foi o único que deu dignidade aos trabalhadores.

''É a primeira vez que um presidente nos dá dignidade'', disse Maritza. Ela observou que, em resposta a essa dignidade, a bandeira do povo hondurenho será agora a convocação da Assembléia Nacional Constituinte .

''A bandeira do povo hondurenho já não é a consulta, da qual participávamos de maneira simbólica, mas agora vai será a convocação da Assembléia Nacional Constituinte. Agora o que queremos é um governo que esteja diretamente nas mãos do povo'', disse a líder sindical.

Ela descreveu esse processo como ''o despertar do povo hondurenho''. ''Este povo já foi apático, nunca tínhamos visto que as pessoas respondessem como agora''.

Maritza descreveu que, enquanto os trabalhadores apóiam o presidente Zelaya, a burguesia foge do país, tirando de Honduras os seus filhos e interesses económicos. Disse que o governo constitucional perdoou uma dívida de mais de 8,7 milhões de lempiras (moeda de Honduras) de várias empresas privadas, mas a burguesia continua a hostilizá-lo.

Deputado vê 37 cidades mobilizadas

O deputado Marvin Ponce, do partido Unificação Democrática, que apóia Zelaya, avaliou que existem 50 mil pessoas em 37 cidades dispostas a resgatar o mandato presidencial truncado pelo golpe. Para Ponce, a mobilização acontecerá mesmo que haja repressão, pois a única saída para a crise é o retorno do presidente, o fim do ''governo usurpador'' e o julgamento dos deputados que estão apoiando o golpe.

O deputado Tomas Andino Mencias, do mesmo partido, esclareceu que ele e seus companheiros não participaram da sessão do Congresso que entregou o poder a Micheletti. Segundo Mencias, os parlamentares legalistas estão sendo presos.

Oito ministros também teriam sido presos, entre eles Patricia Rodas, ministra de Relações Exteriores, que fez um chamamento à resistência popular antes de ser detida. Patricia foi presa por militares encapuzados e armados, na presença dos embaixadores da Venezuela, de Cuba e da Nicarágua, que a visitavam para hipotecar-lhe apoio.

Condenação mundial

Enquanto Honduras prepara a greve geral, a reação mundial ao golpe deste domingo prenuncia um forte isolamento das forças que sequestraram e depuseram Zelaya. No entanto, Barahona condenou duramente o comportamento da mídia mercantil de Honduras.

''Se a comunidade internacional está nos apoiando, é graças aos meios de comunicação de países irmãos, porque aqui em Honduras toda a mídia está com os golpistas, exceto uma única emissora'', explicou.

A OEA (Organização dos Estados Americanos) convocou uma reunião de emergência na sua sede em Washington, para discutir a crise hondurenha. O secretário-geral da Organização, José Miguel Insulza (chileno), pronunciou-se com clareza:

''Estamos evidenciando uma ruptura da ordem constitucional, que só pode ser catalogada como um golpe de Estado'', afirmou Insulza. Ele informou que estava em contato telefônico com o presidente derrubado, que se encontra em San José da Costa Rica. E propôs que a OEA o envie a Honduras, para realizar gestões ''para reconstituir a institucionalidade e a democracia''.

sábado, 27 de junho de 2009

Esquerda Unida respalda ação mediadora da Senadora Piedad Córdoba.

O coordenador geral da Esquerda Unida, Cayo Lara, manteve hoje reunião, por mais de uma hora, com a política e advogada colombiana Piedad Córdoba, na sede federal da Esquerda Unida.

ANNCOL


A senadora Córdoba visita a Espanha. Cayo Lara, coordenador geral da Esquerda Unida – IU e Enrique Santiago comprometem-se a realizar “gestões nacionais e internacionais para solucionar as sérias preocupações existentes pela sua segurança”, segundo a sua página Web.

Piedad Córdoba é uma das personalidades mais ativas do país em desenvolver iniciativas em torno do drama dos prisioneiros de guerra na Colômbia. Por isso ganhou a antipatia de Uribe, bem como de todo o seu gabinete. O cabo Moncayo não regressou justamente pela intransigência do palácio presidencial.

Piedad Córdoba e os dirigentes da IU, durante a troca de informações, coincidem em compartilhar a “séria e fundada preocupação pela paralisia do processo de intercambio humanitário na Colômbia”, como informa o escritório de imprensa da IU.

“Tanto Cayo Lara como Enrique Santiago também expressaram a Piedad Córdoba o apoio e respaldo ao movimento cívico “Colombianos e colombianas pela paz”, promovido pela senadora, que trabalha pelo fim da violência e pela reconciliação.

Honduras: destituição desencadeia crise política

A confrontação entre o presidente de Honduras, Manuel Zelaya, e o Congresso e a Corte Suprema do país em torno da destituição do chefe do Estado Maior das Forças Armadas abriu grave crise política em meio a acusações do governo de que seus oponentes prepararam um golpe de Estado.


Ontem, a Corte Suprema do país centro-americano considerou "ilegal" a destituição do chefe do Estado Maior das Forças Armadas, general Romeo Vásquez, determinada no dia anterior por Zelaya. A decisão também foi revertida pelo Congresso, com apoio do divido Partido Liberal, do presidente.

O presidente reiterou que manterá a demissão. A pedido de Zelaya, o Conselho Permanente da OEA (Organização dos Estados Americanos) tratará o tema em reunião hoje.

O pano de fundo do choque entre os Poderes em Honduras é a determinação de Zelaya de realizar uma pesquisa de opinião nacional que abriria caminho para seu projeto de convocar uma Assembleia Constituinte. A Carta vigente é 1982.

Se a população se disser favorável a uma nova Carta na consulta, o governo incluiria, então, uma "quarta urna" na eleição geral de novembro. Além de elegerem presidente, deputados e prefeitos, os hondurenhos votariam em um referendo sobre a Constituinte.

A Justiça e as autoridades eleitorais disseram que a pesquisa é ilegal. Baseado nessa decisão, o general Romeo Vásquez se recusou a dar apoio logístico à pesquisa, a ser realizada no domingo pelo IBGE local na forma de um referendo não vinculante. Pela recusa, foi destituído por Zelaya.

O presidente diz que a Constituição atual não reflete as necessidades do país, mas seus críticos sugerem que o objetivo do malabarismo jurídico é introduzir a reeleição na Constituição, hoje proibida. Zelaya deixa o cargo em janeiro.

Ontem, ele prometeu levar à frente a consulta e, acompanhado por centenas de apoiadores, entrou em uma instalação da Força Aérea hondurenha para retirar urnas e cédulas da pesquisa. O Ministério Público havia ordenado a apreensão do material.

"Não querem deixar que o povo seja consultado", disse Zelaya, que acusou a Corte Suprema do país de "criar um Estado militar e um Estado civil".

Apoios

Nesta sexta-feira, países-membros da Aliança Bolivariana para so Povos da nossa Américas (Alba) manifestaram seu apoio ao presidente de Honduras e anunciaram que se mobilizarão caso haja tentativa de golpe de Estado. Os países do bloco expressaram, em uma mensagem oficial, seu "mais firme respaldo" ao governo de Zelaya "em suas justas e decididas ações para defender o direito do povo hondurenho a expressar sua vontade soberana e a incentivar um processo de transformação social".

O bloco "declara que se mobilizará, junto ao digno povo hondurenho, diante de qualquer tentativa da oligarquia de romper a ordem constitucional e democrática".

Nesta quinta, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, denunciou a tentativa de golpe e disse que não ficará "de braços cruzados" diante da situação em Honduras.

"Ontem mesmo falei com Evo [Morales, presidente da Bolívia]. Estamos dispostos a fazer o que tiver que fazer para que seja respeitada a soberania e a vontade do povo de Honduras", revelou Chávez.

Do Partido Liberal, Zelaya liderou a adesão de Honduras à Alba (Aliança Bolivariana para as Américas) em 2008. Antes mais ligado à elite econômica do país, ele aproximou-se de sindicatos e do movimento indígena e ganhou simpatia de parte dos 70% de pobres do país ao aumentar em 60% o salário mínimo desde 2006.

Zelaya também recebeu o apoio do ex-presidente cubano, Fidel Castro, que comparou o mandatário hondurenho ao ex-líder chileno Salvado Allende, que morreu em 1973, durante o golpe de Estado que colocou Augusto Pinochet no poder.

"Foi impressionante vê-lo discursando ao povo de Honduras. Denunciava energicamente a agressiva tentativa reacionária de impedir uma importante consulta popular", analisou Fidel em um artigo publicado hoje na imprensa cubana. Leia abaixo a íntegra:


Reflexões do companheiro Fidel

Um gesto que não será esquecido

Faço uma parada no trabalho que estava elaborando há duas semanas sobre um episódio histórico, para me solidarizar com o presidente constitucional de Honduras, José Manuel Zelaya.

Foi impressionante vê-lo pela Telesul, discursando para o povo de Honduras. Denunciava energicamente a grosseira tentativa reacionária de impedir uma importante consulta popular.

Essa é a "democracia" que defende o imperialismo. Zelaya não cometeu a menor violação da lei. Não realizou um ato de força. É o presidente e comandante-geral das Forças Armadas de Honduras. O que ali acontecer será um teste para a OEA e para a atual administração dos Estados Unidos.

Ontem, foi realizada uma reunião da Alba em Maracai, no estado venezuelano de Arágua. Os líderes latino-americanos e caribenhos que ali falaram, brilharam tanto por sua eloquência como por sua dignidade.

Hoje escutava os sólidos argumentos do presidente Hugo Chávez denunciando a ação golpista através da Venezolana de Televisión.

Ignoramos o que acontecerá nesta noite ou amanhã em Honduras, mas a conduta valente de Zelaya passará à história.

Suas palavras nos faziam lembrar o discurso do presidente Salvador Allende enquanto os aviões de guerra bombardeavam o Palácio Presidencial, onde morreu heroicamente em 11 de setembro de 1973.

Desta vez víamos outro presidente latino-americano entrando com o povo numa base aérea para reclamar as cédulas para uma consulta popular, confiscadas espuriamente.

Assim age um presidente e comandante-geral.

O povo de Honduras jamais esquecerá esse gesto!

Fidel Castro Ruz

25 de junho de 2009

(tomado de Vermelho.org.br)

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Médicos dizem que Dilma está curada!!!

A ministra deixou ontem o hospital Sírio-Libanês pela porta da frente. Disse que “só podia comemorar” por ter realizado a última quimioterapia: “É mais um percurso, um desafio que se supera”.

A expectativa inicial era que a ministra passasse por seis sessões de quimioterapia. Com a mudança, o tratamento foi encurtado em quase dois meses.
Segundo os médicos, as aplicações de radioterapia terão início daqui a quatro semanas. O plano inicial é que ela faça entre 20 e 25 sessões, que duram cerca de 20 minutos cada uma. Dilma irá se submeter a uma sessão por dia, durante cinco dias. Faz uma pausa de dois dias e recomeça o ciclo.

A frequência das aplicações vai obrigar a ministra a permanecer em São Paulo por quase um mês. De acordo com Paulo Hoff, ela poderá trabalhar normalmente, já que não são previstos efeitos colaterais.

A hematologista Yana Novis afirmou ainda acreditar que, cerca de um mês após o final da radioterapia, Dilma deverá estar completamente apta para retomar todas as atividades.
Questionado se não é muito cedo para declarar Dilma curada, Hoff afirmou que as chances de a doença voltar são muito pequenas. “Mas é natural que ela seja acompanhada por muitos anos como qualquer paciente que se submeteu a tratamento oncológico”, disse.

O médico afirmou ainda que a norma utilizada nos tratamentos de câncer de esperar cinco anos para considerar o paciente totalmente curado não pode ser considerada regra no caso do linfoma. “Esse protocolo de cinco anos se aplica mais a tumores sólidos do que a tumores hematológicos.”

Na radioterapia, uma máquina aplica uma radiação ionizante no local onde o tumor foi descoberto. A radioterapia esteriliza a área onde previamente havia o linfoma. “Nós achamos que isso já foi esterilizado com a quimioterapia, mas é uma segurança [realizar a radioterapia]“, afirmou Hoff.

Tratamento

Dilma realizou quatro sessões de quimioterapia. Em abril, ao anunciar a doença, os médicos planejavam seis aplicações -estendendo até agosto essa etapa. Segundo Yana, o número de aplicações varia de acordo com a resposta do paciente. Nos linfomas, são recomendadas entre três e oito aplicações de quimioterapia.

“Nós achamos perfeitamente adequado apenas quatro aplicações seguidas de radioterapia, já que ela está em excelente estado geral”, disse. “O tratamento não acabou ainda, mas até agora foi um sucesso.”

Dilma descobriu em março um nódulo na axila esquerda. Foi detectado um linfoma não Rodgkin em estágio inicial. Segundo os médicos, as chances de cura são de mais de 90%.

Fonte: Vermelho.org.br

Cuba e a OEA

Desagravo por uma ofensa inferida por um cadáver. Por Fernado Martínez Heredia. Cuba

Por Fernando Martínez Heredia

"Como é que eu vou rir
se é uma coisa tão feia"
Carlos Puebla

I

A Organização dos Estados Americanos nasceu em 1984 em meio a um grande motim popular e foi batizada com o sangue do povo colombiano, vítima nesses anos de uma gigantesca matança dirigida a despossuir aos camponeses de seus meios de vida, descabeçar o protesto social e privar aos seus cidadãos dos direitos democráticos. Em seguida, Colômbia foi o único país latino-americano que enviou tropas à guerra de Coréia, sem dúvida um conflito “extracontinental”. Em 1954, um país membro da OEA organizou o derrocamento violento do governo legítimo da Guatemala – que tinha ensaiado medidas populares como fazer uma reforma agrária – e a implantação ali de uma ditadura criminal. A OEA não condenou ao país agressor. Tudo ficava claro. Os Estados Unidos controlava completamente o novo órgão internacional dos países deste continente, porque depois da Segunda Guerra Mundial tinha desbancado a qualquer concorrente dentro do campo capitalista e era líder e máximo beneficiário do imperialismo. Os países da região deviam se subordinar ao seu poder. Como era a hora do neocolonialismo, o centro das atividades e das decisões estava em Washington, como também a sede, e dois terços das despesas as assumiam os Estados Unidos, mas, todos os Secretários Gerais da organização seriam latino-americanos.

Ninguém sabia, porém, que o conveniente anticomunismo da guerra fria, muito pronto seria colocado a prova por um acontecimento transcendental: a Revolução cubana. Esse povo se liberou de uma ditadura neo-colonizada, apoderou-se de sua ilha e derrotou as tentativas do imperialismo de destruir a Revolução. Nossa América voltou a reconhecer sua identidade em uma epopéia política de libertação, em um momento muito particular de sua história. Nas décadas prévias, numerosos processos de modernização tentaram consolidar certo desenvolvimento econômico com graus de autonomia, e alguns Estados fortes com políticas próprias. Agora os Estados Unidos estava afogando essas experiências. Desde elas, mas, sobretudo mais à esquerda que elas, Cuba aparecia como um exemplo vitorioso que movia ao entusiasmo, à atuação e a uma esperança nova: se se era mais radical nos fins e nos meios, podia-se mudar a vida e as sociedades, e obter a liberação dos povos e os países região.

O imperialismo e as classes dominantes do continente advertiram o perigo. Era necessário derrotar Cuba. Nesta nova situação, um trás outro tiveram que definir-se as instituições e os organismos políticos e sociais: com os povos ou contra os povos. A OEA viu-se frente a esse desafio, e obedeceu aos Estados Unidos. A condena contra Cuba, por “seguir uma ideologia extracontinental”, selou o destino dessa organização. Não me deterei nos detalhes que se estão lembrando nestes dias. Só quero chamar a atenção sobre o fato de que os Estados da região tinham possibilidades de resistir que não utilizaram. América Latina possuía uma antiga implantação de Estados independentes, uma gesta revolucionária independentista compartida em sua história, uma multidão de afinidades culturais, e práticas e idéias recentes de afirmação dos seus interesses e seus projetos que eram reprimidos pelos Estados Unidos. E naquela conjuntura tinham sobretudo a necessidade de mostrar-se unidos como latino-americanos, para defender-se melhor e ter mais capacidade negociadora.

Prova de que era possível outra atitude são as dificuldades que confrontou o imperialismo para conseguir a condena contra Cuba. Em 31 de janeiro de 1962 por fim foi excluído o Governo Revolucionário, quando os Estados Unidos chegou à maioria necessária de 14 votos, depois de somar os governos uruguaio e haitiano; ao ditador Duvalier o comprou com a promessa de financiar um novo aeroporto na capital do Haiti. Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Equador e México se abstiveram. Só em julho de 1964 se aprovaram sanções contra Cuba suspensão de relações e cesse de todo tipo de comércio-, com os votos contra da Bolívia, do Chile, México e o Uruguai.

Cuba foi excluída da OEA porque a maioria dos governos e grupos de poder da América Latina e o Caribe decidiram serem cúmplices do imperialismo ou se acovardaram ante sua foca e agressividade. Seu horizonte burguês, seus interesses de exploradores ou parasitas, seu temor a desatar forças populares ou permitir protestos sociais, foram decisivos. Depois certo número de indecisos ou mesquinhos sofreu as conseqüências da ascensão impossível de deter da grande reação que derrocou muitas democracias das que se exibiam como o modelo que Cuba não tinha querido seguir, quando essa forma capitalista de governo foi abandonada em nome da “segurança nacional” e se estendeu pelo continente a onda das ditaduras repressivas e inclusive genocidas. “Depois de Girón, todos os governos da América Latina foram um pouco mais livres”, disse com razão Fidel na década seguinte. Mas, os “modernos” que dominavam na América Latina resultaram entreguistas, e do capitalismo nacional subordinado se deslizaram à submissão. Cuba foi um teste para a opção burguesa latino-americana, e ante esse teste escolheram ser antinacionais e verdugos de seus próprios povos. Uma geração depois, a miséria se senhoreava do continente e a América Latina tinha perdido muito peso na economia internacional.

Tivemos algo para lhe agradecer à OEA, e é justo lembrá-lo. Quando nos expulsaram, já o povo cubano tinha empreendido o longo caminho de mudar sua vida e seu mundo, de apoderar-se de uma modernidade para todos, ao tempo que combatia o caráter explorador, colonialista e depredador da modernidade. Em 1961 – o mesmo ano de Girón – tinha feito a primeira campanha na América para erradicar o analfabetismo. Para ela criou-se uma cartilha na que o primeiro dia de atividade dos adultos que deixavam de ser iletrados e as crianças das brigadas alfabetizadoras compartiam as três primeiras vocais – O,E,A – com a conscientização acerca dos servidores do imperialismo disfarçados de organização internacional.

II

Como organização internacional, a OEA tem contado com a usual estrutura de Secretarias, Conselho, Conferências e outras reuniões periódicas, meia dúzia de comissões permanentes e outras para temas e problemas especiais, relações, publicações e tudo mais. Mas, nunca se ocupou de promover relações econômicas equitativas entre o gigantesco país membro e os demais, nem completamente benéficas entre as economias, nem se lhe deu por alentar uma integração latino-americana e caribenha. Também não defendeu o respeito à autodeterminação destes últimos povos e a soberania de seus Estados, nem lutou contra a ingerência permanente dos Estados Unidos em suas vidas e assuntos. Haverá que esclarecer que também não se interessou jamais seriamente na miserável ou desvantajosa situação social das maiorias? Nem sequer exibiu vitórias como garante da paz entre os Estados da região ou mediadora eficaz em seus conflitos. Além da justiça de condená-la, há que reconhecer que a OEA não podia fazer nada do que escrevo, por padecer um vício de origem: seus países membros não constituem uma região, mas duas, e uma delas, a América Latina e o Caribe, teve nos Estados Unidos o seu principal inimigo, explorador, opressor e dominante.

O fogo das revoluções e combates populares fazia crescer nos anos sessenta o conhecimento social e a consciência das questões principais. Então ficava claro que o panamericanismo, que ao nascer angustiava José Martí e o fazia denunciar o imperialismo nascente e reclamar uma segunda revolução latino-americana, tinha se reduzido a um instrumento político, repressivo e militar dos Estados Unidos. Até o New York Times, hoje tão pequeno em seus critérios, dizia em 14 de abril de 1965; “Cuba tem sido excluída de participar na OEA… O Sistema Interamericano é, por acordo, anticomunista e democrata, ainda quando alguns regimes não tem sido excluídos em que pese a que dificilmente podem ser considerados democráticos”. E o presidente demo-cristiano do Chile, Eduardo Frei Montalva, declarava em 8 de janeiro de 1966 que “a OEA não satisfaz as exigências do hemisfério e tem deixado de ser útil.”

Nos quarenta seguintes anos a OEA deixou passar todas suas oportunidades de retificar-se a respeito de Cuba e tratar de apagar a mancha de ter sido cúmplice do agressor estrangeiro contra um povo irmão. Nos primeiros anos setenta vários países tomaram a iniciativa de reiniciar relações com Cuba –o México nunca as rompeu-; em 1975 tentaram de convidar Cuba a uma sessão, e na Conferência de Chanceleres de julho dezesseis países votaram por deixar livre a cada membro de restabelecer ou não relações com Cuba. Mas deixaram passar a conjuntura favorável sem ir mais longe. Na década seguinte foram se impondo governos civis na região, levaram-se a cabo iniciativas por grupos organizados de Estados, para mediar em conflitos ou de corte integracionista, e o papel da OEA foi declinando. Cuba foi aumentando consistentemente suas relações estatais latino-americanas. Entre 1989 e 1991 desapareceram a URSS e os regimes do socialismo europeu, demônio invocado quando se expulsou Cuba em 1962, e nos noventa cresceram muito as relações de numerosos países da região com Cuba. Mas, a OEA não renunciou à sua condena. Os regimes da democratização podiam ter pensado nesse passo para melhorar sua imagem e parecer mais autônomos, mas, estavam demasiado ocupados com os ajustes, as privatizações, o neoliberalismo e a sujeição aos Estados Unidos.

Hoje é tarde demais para a OEA. A América Latina e o Caribe estão vivendo transformações profundas. Vários países têm poderes populares, crescem sem cessar as relações econômicas e políticas entre os países e a vontade de integração como região autônoma. Cuba desempenha papéis importantes neste processo. Os novos órgãos internacionais latino-americanos e caribenhos ocupam todo o espaço significativo na região e protagonizam as iniciativas que interessam aos Estados e os povos. Pelo modo geral com que vieram se produzindo essas transformações, convivem numerosas instituições, práticas e normas que não têm verdadeiras relações entre si, que representam o passado, viabilizam o presente e esboçam o futuro. Os mesmos atores podem encontrar-se em dois ou mais delas, impulsionando tarefas, tecendo com paciência ou alternando com o que não está em sua natureza nem desejam. Faz seis meses, tudo era júbilo no Grupo de Rio ao ingressar Cuba. Faz seis semanas, na V Cúpula das Américas, todo um continente de pé lhe exigia ao presidente dos Estados Unidos que, mais do que tímidos gestos e boas intenções, liquide esse país sua sistemática agressão, o bloqueio a Cuba. E faz dois dias temos recebido a retificação, o desagravo por uma ofensa inferida em outra época, por parte de um cadáver.


Versão em português: Raul Fitipaldi, de América Latina Palavra Viva.

Comunicado da ALBA-TCP

Comunicado Oficial dos Governos da Aliança Bolivariana dos Povos de Nossa América - Tratado de Comércio dos Povos (ALBA-TCP)

Os países membros da Aliança Bolivariana dos Povos de Nossa América (ALBA - TCP), manifestamos nosso mais firme respaldo ao Governo do Presidente José Manuel Zelaya Rosales, em suas justas e firmes ações em defesa do direito do povo hondurenho a expressar sua vontade soberana e a impulsionar um processo de transformação social no marco da institucionalidade democrática.

Os Governos dos países embros da ALBA-TCP, ao conhecer as sérias denúncias de desestabilização e intento de golpe de Estado formuladas pelo Presidente legítimo da República de Honduras, declaramos que nos mobilizaremos, junto ao povo hondurenho, ante qualquer intento da oligarquia de quebrar a ordem institucional e democrático de essa irmã República centro-americana.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Comissão vai investigar mortes e desaparecimentos de indígenas no Peru

O governo peruano acatou a recomendação da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Povos Indígenas de criar uma comissão que investigue a morte de 34 pessoas e o desaparecimento de mais de 60 manifestantes na cidade de Bagua, na Amazônia peruana.

A notícia é de Amazonia.org.br, 24-06-2009.
Os crimes aconteceram durante a manifestação indígena contra a exploração de petróleo e minérios na região amazônica do Peru e de leis que tiravam direitos das populações tradicionais.
O anúncio foi feito pela ministra da Justiça do Peru, Rosário Fernández, depois da visita do relator especial da Nações Unidas para os Povos Indígenas, James Anaya. Na ocasião, o relator havia sugerido a criação de uma comissão com a participação da Organização dos Estados Americanos (OEA), da ONU ou de uma organização internacional.

Representantes dos povos indígenas também devem participar da comissão, que visa revisar os processos judiciais contra dirigentes e autoridades indígenas.
Histórico

Desde abril, mais de 30 mil índios vem protestando contra a exploração de petróleo e minérios na Amazônia peruana e contra leis que restringiam seus direitos.
Após um confronto entre indígenas e militares peruanos, ocorrido no começo de junho e que resultou na morte de mais de 30 pessoas, o Congresso do Peru revogou os decretos legislativos 1090 e 1064, que estabeleciam normas para a exploração de recursos naturais e causaram uma série de protestos indígenas na região amazônica do país.

Nos últimos dois anos, o governo centro-direita peruano de Alan García assinou acordos com multinacionais para abrir e explorar a floresta tropical. Em abril, um acordo de 4,1 bilhões de reais foi assinado entre o governo do Peru e a companhia petrolífera anglo-francesa Perenco.
O Peru tem a segunda maior cobertura vegetal do bioma Amazônia, ficando atrás somente do Brasil. Petróleo, gás e madeira são responsáveis por mais de 70% da devastação da floresta.
O governo diz que tais atividades são necessárias para impulsionar o crescimento econômico do país. Os projetos relacionados à exploração da região, que podem transformar o Peru em um exportador de petróleo, vão ao encontro do que está no acordo de livre comércio entre Peru e Estados Unidos.

Os indígenas, no entanto, afirmam que não estão procurando uma proibição geral de projetos. "O que nós queremos é o desenvolvimento dentro de nossa perspectiva", dizem.

'O glifosato estimula a morte das células de embriões humanos'

Gilles-Eric Seralini, referência europeia no estudo de agrotóxicos, confirmou os efeitos letais do glifosato em células humanas de embriões, placenta e cordão umbilical. Alertou sobre as consequências sanitárias e ambientais, e exigiu a realização de estudos públicos sobre transgênicos e agrotóxicos. Quando publicou suas pesquisas, recebeu críticas e desaprovações.
A reportagem é de Darío Aranda, publicada no jornal Página/12, 21-06-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Gilles-Eric Seralini é especialista em biologia molecular, professor da Universidade de Caen (França) e diretor do Comitê de Pesquisa e Informação sobre Engenharia Genética (Criigen). E se transformou em uma dor de cabeça para as empresas de agronegócio e para os resolutos defensores dos transgênicos. Em 2005, descobriu que algumas células da placenta humana são muito sensíveis ao herbicida Roundup (da empresa Monsanto), inclusive em doses muito inferiores às utilizadas na agricultura. Apesar de seu abundante currículo, foi duramente questionado pelas empresas do setor, desqualificado pelos meios de comunicação e acusado de "militante verde", entendido como fundamentalismo ecológico.

Mas, em dezembro passado, voltou à tona. A revista científica Pesquisa Química em Toxicologia (Chemical Research in Toxicology) publicou seu novo estudo, em que constatou que o Roundup é letal para as células humanas. Segundo o trabalho, doses muito abaixo das utilizadas em campos de soja provocam a morte celular em poucas horas. "Mesmo em doses diluídas mil vezes, os herbicidas Roundup estimulam a morte das células de embriões humanos, o que poderia provocar mal-formações, abortos, problemas hormonais, genitais ou de reprodução, além de diversos tipos de cânceres", afirmou Seralini em seu laboratório na França.

Suas pesquisas fazem parte da bibliografia à qual o Comitê Nacional de Ética na Ciência faz referência em sua recomendação para se criar uma comissão de especialistas que análise os riscos do uso do glifosato.

O pesquisador havia decidido estudar os efeitos do herbicida sobre a placenta humana depois que uma análise epidemiológica da Universidade de Carleton (Canadá), realizado na província de Ontário, havia vinculado a exposição ao glifosato (ingrediente base do Roundup) com o risco de abortos espontâneos e partos prematuros. Mediante provas de laboratório, em 2005, Seralini confirmou que em doses muito baixas o Roundup provoca efeitos tóxicos em células placentárias humanas e em células de embriões. O estudo, publicado na revista Environmental Health Perspectives, indicou que o herbicida mata uma grande proporção dessas células depois de apenas 18 horas de exposição a concentrações menores do que as utilizadas no uso agrícola.

Indicava ainda que esse fato poderia explicar os abortos e nascimentos prematuros experimentados por trabalhadoras rurais. Também ressaltava que, em soluções entre 10 mil e 100 mil vezes mais diluídas que as do produto comercial, ele já não matava as células, mas bloqueava sua produção de hormônios sexuais, o que poderia provocar dificuldades no desenvolvimento de ossos e no sistema reprodutivo de fetos. Alertava sobre a possibilidade de que o herbicida seja perturbador endócrino e, sobretudo, instava à realização de novos estudos. Só obteve a campanha de desprestígio.
Em 2007, publicou novos avanços. "Trabalhamos em células de recém-nascidos com doses do produto cem mil vezes inferiores às que qualquer jardineiro comum está em contato. O Roundup programa a morte das células em poucas horas", havia declarado Seralini à agência de notícias AFP. Ressaltava que "os riscos são, sobretudo, para as mulheres grávidas, mas não só para elas".

Em dezembro, a revista norte-americana Pesquisa Química em Toxicologia (da American Chemical Society) outorgou a Seralini 11 páginas para difundir seu trabalho, já finalizado. Focalizou-se em células humanas de cordão umbilical, embrionárias e da placenta. A totalidade das células morreram dentro das 24 horas de exposição às variedades do Roundup. "Estudou-se o mecanismo de ação celular diante de quatro formulações diferentes do Roundup (Express, Bioforce ou Extra, Gran Travaux e Gran Travaux Plus). Os resultados mostram que os quatro herbicidas Roundup e o glifosato puro causam morte celular. Confirmado pela morfologia das células depois do tratamento, determina-se que, inclusive nas concentrações mais baixas, ele causa uma grande morte celular", denuncia na publicação, que indica que, mesmo com doses até dez mil vezes inferiores às usadas na agricultura, o Roundup provoca danos em membranas celulares e morte celular. Também confirmou o efeito destrutivo do glifosato puro, que, em doses 500 vezes menores às usadas nos campos, induz à morte celular.

Gilles-Eric Seralini tem 49 anos, nasceu na Argélia, vive em Caen, pesquisa a toxicidade de variedades transgênicas e herbicidas, é consultor da União Europeia em transgênicos e é diretor do Conselho Científico do Comitê de Pesquisa e Informação sobre Engenharia Genética (Criigen). "Publiquei três artigos em revistas científicas norte-americanas de âmbito internacional, junto com investigadores que faziam seu doutorado em meu laboratório, sobre a toxicidade dos herbicidas da família do Roundup sobre células humanas de embriões, assim como da placenta e sobre células frescas de cordões umbilicais, as quais levaram aos mesmos resultados, mesmo que tenham sido diluídas até cem mil vezes. Confirmamos que os herbicidas Roundup estimulam o suicídio das células humanas. Sou especialista nos efeitos dos transgênicos, e sabemos que o câncer, as doenças hormonais, nervosas e reprodutivas têm relação com os agentes químicos dos transgênicos. Além disso, esses herbicidas perturbam a produção de hormônios sexuais, pelo qual são perturbadores endócrinos", afirma Seralini.

"O glifosato é menos tóxico para os ratos do que o sal de mesa ingerido em grande quantidade", indicava uma propaganda da Monsanto há uma década, citada na extensa pesquisa jornalística "O mundo segundo a Monsanto", de Marie-Monique Robin. No capítulo quatro, chamado "Uma vasta operação de intoxicação", Seralini é contundente: "O Roundup é um assassino de embriões". Fato confirmado com a finalização de seus ensaios, em dezembro de 2008.

A contundência e difusão do trabalho provocaram que a companhia de agrotóxicos mais poderosa do mundo quebrasse seu silêncio – apesar de que a sua política empresarial é não responder estudos ou artigos que não lhe sejam favoráveis. Mediante um comunicado e diante da agência de notícias AFP, a Monsanto França voltou a deslegitimar o cientista. "Os trabalhos efetuados regularmente por Seralini sobre o Roundup constituem um desvio sistemático do uso normal do produto com o fim de denegri-lo, apesar de ter se demonstrado sua segurança sanitária há 35 anos no mundo".
A antiguidade do produto no mercado é o mesmo argumento utilizado na Argentina pelos defensores do modelo de agronegócio. As organizações ambientalistas reforçam que essa defesa tem seu próprio beco sem saída. O PCB (produto químico usado em transformadores elétricos e produzido, dentre outros, pela Monsanto) também foi utilizado durante décadas. Recebeu centenas de denúncias e foi vinculado com quadros médicos graves, mas as empresas continuavam defendendo seu uso baseado na antiguidade do produto. Até que a pressão social obrigou os Estados a realizarem estudos e, com os resultados obtidos, proibiu-se seu uso. "Com o glifosato, acontecerá o mesmo", respondem as organizações.

Depois de uma pesquisa na Argentina do doutor Andrés Carrasco, na que se confirmou o efeito devastador em embriões anfíbios, as empresas do setor reagiram com intimidações, ameaças e pressões. Isso lhe soa familiar?

Sim, e muito. Com minhas pesquisas, as empresas também reagiram muito mal. Em vez de criticar os pesquisadores, uma grande empresa responsável que não tem nenhuma capacitação em toxicologia teria que se colocar em dúvida e pesquisar. Em dezembro de 2008, quando o nosso último artigo foi publicado, o Departamento de Comunicação da Monsanto disse que estávamos desviando o herbicida de sua função, já que ele não foi feito para atuar sobre células humanas. Esse argumento é estúpido, não merece outro qualificativo. É muito surpreendente que uma multinacional tão importante admitisse, com esse argumento, que não realiza ensaios de seu herbicida com doses baixas sobre células humanas antes de colocá-lo no mercado. Dever-se-ia proibir o produto apenas por esse reconhecimento corporativo.

Qual foi o papel dos meios de comunicação em suas descobertas?

Jornais e televisões falaram sobre os nossos estudos, se dão conta de que o mundo está se deteriorando por causa desses contaminantes, e que muitas doenças desencadeadas por esses produtos químicos já são vistas também nos animais e reduzem dramaticamente a biodiversidade. Mas também é preciso ter presente que o lobby das empresas é muito forte, que fazem chegar informações contraditóriasaos meios de comunicação, que finalmente desinformam a opinião pública e influenciam os governos.

Em 1974, a Monsanto havia sido autorizada a comercializar o herbicida Roundup, "que passaria a se converter no herbicida mais vendido do mundo", ufana-se a publicidade da empresa. Em 1981, a companhia se estabeleceu como líder da pesquisa biotecnológica, mas recém em 1995 foi aprovada uma dezena de seus produtos modificados geneticamente, entre eles a Soja RR (Roundup Ready)", resistente ao glifosato.

Monsanto promovia o Roundup como "um herbicida seguro e de uso geral em qualquer lugar, desde gramados e hortas, até grandes bosques de coníferas". Também defendia que o herbicida era biodegradável. Mas, em janeiro de 2007, ela foi condenada pelo tribunal francês de Lyon a pagar multas pelo crime de "propaganda enganosa". Os estudos de Seralini foram utilizados como prova, junto a outras pesquisas. A Justiça da França teve como eixo a falsa propriedade biodegradável do agrotóxico e até deu um passo mais: afirmou que o Roundup "pode permanecer de forma duradoura no solo e inclusive se estender para as águas subterrâneas".

Diante da campanha de desprestígio, Seralini recebeu o apoio da Procuradoria Geral de Nova Iorque (que havia ganhado outro juízo contra a Monsanto, também por propaganda enganosa). A revista científica Environmental Health Perspectives publicou um editorial para destacar suas descobertas, e a revista Chemical Research in Toxicology se propôs publicar o esquema completo do modo de ação toxicológico.

"A Monsanto sempre entregou estudos ridículos sobre o glifosato apenas, enquanto que o Roundup é uma mistura muito mais tóxica do que só o glifosato. O mundo científico sabe disso, mas muitos preferem não ver ou não atacar as descobertas. No entanto, a empresa defendia que era inócuo. Confirmamos que os resíduos do Roundup representam os principais contaminadores das águas dos rios ou de superfície. Por outro lado, recebemos o apoio de partes dos pesquisadores que encontraram efeitos semelhantes, explicando assim abortos naturais e desastres nas faunas autóctones", explica Seralini.

Com um mercado concentrado e um faturamento estratosférico, a indústria transgênica é denunciada por seu poder de incidência com aqueles que devem controlá-la. Até a Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos EUA (o âmbito de controle competente) é acusada de ter cedido a suas pressões. Em agosto de 2006, líderes sindicais da EPA acusaram as autoridades do organismo de ceder diante da pressão política e permitir o uso de químicos prejudiciais.

"Correm-se graves riscos em fetos, grávidas, crianças e idosos", denunciavam. A EPA havia omitido os estudos científicos que contradiziam aqueles patrocinados pela indústria dos pesticidas. "A direção da EPA prioriza antes a indústria da agricultura e os pesticidas do que a nossa responsabilidade em proteger a saúde dos nossos cidadãos", finalizava o comunicado.

Seralini reafirma o poder econômico das agroquímicas e lembra que as oito maiores companhias farmacêuticas são as oito maiores companhias de pesticidas e de transgênicos, dentre as quais a Monsanto tem um papel protagônico. Por isso, pede a realização urgente de testes com animais de laboratório durante dois anos, como – segundo explica – ocorre com os medicamentos na Europa.
"Há um ingrediente político e econômico no tema, claramente, do qual as companhias estão por trás", denuncia. Ele se reconhece um obsessivo do trabalho, adverte que há uma década analisa diariamente todos os informes europeus e norte-americanos de controles sanitários de transgênicos. E não tem dúvida: "Os únicos que fazem testes são as próprias companhias, porque são ensaios caríssimos. As empresas e os governos não deixam que esses trabalhos sejam vistos. Esses estudos deveriam ser realizados por universidades públicas e deveriam ser públicos".

"Há 25 anos trabalho com as perturbações dos genes, das células e dos animais provocadas por medicamentos e contaminantes. Advertimos o perigo existente e propomos estudos públicos. Mas, em vez de aprofundar estudos e nos reconhecer como cientistas, querem tirar importância acadêmica chamando-nos 'militantes ambientalistas'. Sabemos claramente que o ataque provém de empresas que, se os estudos forem feitos, deverão retirar seus produtos do mercado", denuncia Seralini, que, hoje, adverte sobre o efeito sanitário não apenas dos agrotóxicos, mas sim dos alimentos transgênicos e de seus derivados.

Ele recorda que, com o milho transgênico (também tratado com Roundup) alimentam-se os animais que depois a população come (frangos, vacas, coelhos e porcos) e explica que todos os produtos que contêm açúcar de milho (molhos, balas, chocolates e refrigerantes, dentre outros) devem ser objeto de urgentes estudos.

"Há anos trabalhamos sobre a toxicidade dos principais contaminadores. Confirmamos que o Roundup é também o principal contaminante dos transgênicos alimentares, como a soja ou o milho transgênico, o que pode levar a um problema de intoxicação dos alimentos a longo prazo".

A afirmação de Seralini vai em sintonia com as denúncias de centenas de organizações sociais, urbanas e rurais e de movimentos internacionais como a Via Campesina (grupo internacional de agricultores, índios, sem terra e trabalhadores agrícolas), que exigem alimentos sadios.

Memórias reveladas

Por Frei Betto

Na data simbólica de 13 de maio – comemoração da libertação oficial dos escravos –, o presidente Lula tomou uma decisão de inestimável relevância em prol da liberdade de informação e da verdade histórica: enviou ao Congresso projeto de lei para que se tornem públicos todos os documentos e informações concernentes ao período da ditadura militar (1964-1985).

A decisão resulta do meritório empenho do ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, e a cerimônia contou com a significativa presença do ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e do governador de São Paulo, José Serra. Ela, ex-presa política, com quem convivi no Presídio Tiradentes, na década de 1970; ele, ex-exilado político. Os dois, virtuais candidatos à presidência da República em 2010.

Na solenidade, Vannuchi frisou que a presença de Dilma e Serra chancelou o acesso à verdade histórica como política de Estado - e não apenas de governo, sujeita a alternâncias eleitorais. Lula caracterizou o ato como “mudança de página na história do Brasil, não para esconder o que está no verso da página, mas para que a história seja contada como ela é ou foi.”

A aprovação do Congresso permitirá que se fomente um portal na internet, e qualquer pessoa poderá acessar os documentos disponíveis, o que já ocorre com os arquivos do SNI, do CSN (Conselho de Segurança Nacional) e da maioria dos DOPS estaduais. O cidadão poderá ainda encaminhar ao governo documentos e informações referentes ao período. Assim, se fará luz sobre os anos de trevas que vitimaram milhares de brasileiros(as) com perseguições, prisões, torturas, exílio e banimento, dos quais mais de 500 assassinados e/ou desaparecidos.

Falta as Forças Armadas quebrarem o silêncio quanto à sua atuação nos anos de chumbo. Não é justo que a ação criminosa de militares nos DOI-CODI, nos porões dos quartéis e no combate à guerrilha do Araguaia, seja confundida, hoje, com o conjunto da corporação. Nossas Forças Armadas precisam seguir o exemplo do Chile, da Argentina, do Uruguai e de El Salvador, governados por ditaduras na década de 1970, e que não temeram revelar e apurar as graves violações dos direitos humanos cometidas por oficiais, contribuindo assim para o fortalecimento da democracia. A verdade liberta, diz o Evangelho.

A presidência da República faz a sua parte. Espera-se que o Legislativo e o Judiciário façam a que lhes concerne. Ao Congresso, transformar em lei, o quanto antes, o projeto encaminhado pelo presidente Lula. Ao Supremo Tribunal Federal, julgar se a lei de anistia, de 1979, torna ou não inimputáveis os crimes cometidos, em nome do Estado, pelos algozes do regime militar.

O Brasil inventou uma aberração jurídica: tentar apagar, por um decreto de “anistia recíproca”, o período da ditadura. Como se a memória nacional pudesse eclipsar-se por milagre. Os algozes permanecem impunes, enquanto as vítimas carregam o doloroso peso de, até hoje, conviver com danos morais e físicos, ignorar o paradeiro dos desaparecidos e ver seus torturadores debochadamente orgulharem-se dos males causados.

Ainda que setores das Forças Armadas insistam em tapar o sol com a peneira, a memória das vítimas, como frisou Walter Benjamin, é inapagável. Passados 60 anos, as atrocidades do nazismo continuam a vir à tona. No Brasil, cada vítima tem procurado dar a sua contribuição: eventos, mobilizações, efemérides, filmes, minisséries, palestras etc. Incluo-me entre os que fazem da literatura a guardiã da memória.

Neste mês de junho chegará às livrarias um documento histórico, inédito, que esperou 36 anos para vir a público: “Diário de Fernando – nos cárceres da ditadura militar brasileira” (Rocco). Trata-se do diário do frade dominicano Fernando de Brito, redigido ao longo dos quatro anos (1969-1973) em que foi submetido a torturas e removido para diferentes cadeias. Não se conhece similar entre as obras publicadas sobre o período.

Em papel de seda, em letras microscópicas, e sob risco de punição, Fernando anotava, dia a dia, o que via e vivia. Em seguida, desmontava uma caneta Bic opaca, cortava ao meio o canudinho da carga, ajustava ali o diário minuciosamente enrolado e remontava-a. No dia de visita, trocava a caneta portadora do diário por outra idêntica, levada por um dos frades do convento.

Nos últimos três anos, cuidei de dar às anotações tratamento literário. Nos episódios relatados, a trajetória dos frades encarcerados se mescla à de personagens que são, hoje, figuras de destaque na história brasileira, como Carlos Marighella, Carlos Lamarca, Caio Prado Jr., Apolônio de Carvalho, Paulo Vannuchi, Franklin Martins e Dilma Rousseff, para citar apenas alguns.

Está tudo ali: as torturas, os desaparecimentos, a greve de fome de quase 40 dias, e também a convivência dos prisioneiros marcada por momentos de inusitada beleza: as festas de Natal, as noites de cantoria, a solidariedade inquebrantável entre eles.

“Diário de Fernando” revela a saga de uma geração que não se dobrou à ditadura e à qual o Brasil deve, hoje, a sua redemocratização.



Frei Betto é escritor e assessor de movimentos sociais, autor de “Batismo de Sangue” (Rocco), entre outros livros.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Perigosamente disfarçados: exercícios militares dos EUA no Paraguai

A embaixada dos Estados Unidos, nos dez meses de gestão do presidente Fernando Lugo e desde o início de um importante processo no país, se converteu no principal e grande colaborador do governo no que se denominou a instauração da mudança.

O artigo é de Orlando Castillo Caballero, advogado de direitos humanos, antimilitarista e membro da Campanha para a Desmilitarização das Américas (Cada). O texto foi publicado no Informativo ATTAC, nº. 505, 22-06-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Processo de mudança que inclui algumas contradições e que, principalmente, deve ser entendido a partir de dois olhares muito diferentes, que são os do setor do executivo e o olhar dos movimentos sociais, que, cada vez mais, se vem afastados desse processo, aspecto que não tocarei neste artigo, mas só como referência.

Em apenas dez meses, o processo do presidente Lugo recebeu 422 mil dólares de apoio direto da embaixada yankee. No marco desse apoio, se restituíram, depois de dois anos, os chamados Exercícios Militares, mas agora, sob o revestimento de Colaboração Diplomática, por meio de "funcionários" da embaixada dos EUA.

Desde dezembro de 2003, o Paraguai não voltou a assinar nenhum convênio de imunidade para a realização de exercícios militares com os EUA. Esses exercícios consistiam principalmente na suposta "Atenção Médica e Construção de Infraestrutura Social", denominados Medretes e Novos Horizontes, respectivamente.

Mas, diante da ausência de um convênio, a embaixada norte-americana, encabeçada agora por Liliana Ayalde encontrou uma forma melhor para continuar realizando esses exercícios – que não têm outra finalidade que estabelecer um berço no Conesul – por meio da cooperação técnica com as Forças Armadas, para que estas realizem os Medretes, mas com funcionários da embaixada, que seriam efetivos militares norte-americanos destacados na sede diplomática em caráter de civis.

A modificação da estratégia para a realização de Exercícios Militares Conjuntos, e com isso o monitoramento de movimentos sociais, deveu-se ao fato de que o ingresso de tropas estrangeiras se encontra submetida à aceitação do Senado da Nação, o que teria um caráter público, fato que geraria a reação dos movimentos sociais nacionais e regionais, além dos governos do Mercosul e, especialmente, do Itamarati, com quem o Paraguai se encontra atualmente em negociação sobre o Tratado de Itaipu.

Diante dessa situação, o governo aceitou que a embaixada colabora em missões de saúde com o exército nacional, com funcionários norte-americanos, "técnicos", que seriam efetivos militares afeitos ao serviço da embaixada, mas que, ao serem registrados como pessoal da embaixada, têm livre desenvolvimento no país, o que é ainda mais grave.

É assim que, desde novembro de 2008, vem sendo realizados os denominados Exercícios ou Plano Ñepohano, que significa, em castelhano, Cura ou Plano Atenção em Saúde, do qual participam o Exército Nacional, funcionários da embaixada ou militares, além de efetivos da Drug Enforcement Administration (DEA) com seus pares da Direção Nacional Antinarcóticos (Dinar). Esses últimos seriam destinados a realizar palestras contra as drogas, segundo indicam, mas, na verdade, o que realizam é um monitoramento e estudo dos líderes locais, assim como o estabelecimento das conexões destes com o narcotráfico, para criar cenários de repressão.

No dia 24 de novembro, realizou-se o denominado Plano Ñepohano 03 na cidade de San Antonio, próximo de Assunção, um lugar onde se expande o movimento suburbano, os denominados sem teto [1], chegando a 2.342 pessoas [2] nos dias do desenvolvimento do plano.

Mas esse plano da embaixada se estende a várias localidades do país, desenvolvendo-se jornadas em Cerrito Chaco, na cidade de Presidente Hayes. Além disso, realizaram-se, em ambas as localidades, as Operações Nuevos Horizontes – mas, claro, sem esse nome –, com a construção de salas de aula e equipamento para estas, assim como outra operação na cidade de Lima, em San Pedro.

A segunda Operação Ñepohano 04 ocorreu ao sul da capital, no departamento de Itapúa, na localidade de Capitán Meza, próximo da fronteira com a Argentina. A operação foi realizada em fevereiro passado e, assim como em novembro, chegou a uma grande quantidade de pessoas. Todas essas pessoas foram assistidas com as famosas pastilhas "cura tudo", que foram já indicadas no Relatório da Missão de Observação no Paraguai, realizada em 2006 pela Campanha para a Desmilitarização das Américas, em que se denunciavam abortos espontâneos e as hemorragias em mulheres.

Esses exercícios militares, revestidos de cooperação diplomática, encontram-se intrincados em uma vasta rede que a nova embaixadora Liliana Ayalde estabeleceu com o governo nacional. Em menos de dez meses, visitou, em mais de três oportunidades, o ministro do Interior, Rafael Filizzola, encontrou-se com as principais autoridades nacionais e, como se fosse pouco, nem bem o chanceler nacional Héctor Lacognata havia chegado ao país provindo de Cuba, ela teve uma reunião com ele.
A agenda da reunião da diplomata com o chanceler nacional não foi divulgada, indicando que foi uma visita de cortesia, mesmo que muito sugestiva, depois das manifestações do governo sobre a implementação do modelo educativo e de saúde cubanos.

Esse fato gera a preocupação da embaixada norte-americana, que impulsionou a cooperação médica militar. Mesmo que com objetivos de infiltração nacional, também o fez com o fim de socavar a aproximação, nessas áreas, com os governos de Cuba e Venezuela, principalmente.

É assim que, diante do aumento do número de pessoas beneficiadas com a Operação Milagro, a embaixada realizou importantes doações a instituições oftalmológicas nacionais para a realização de cirurgias gratuitas.

Desde outubro de 2007, vem-se enfatizando o programa "Opérese en casa, con seguridad y responsabilidad" [3], em coordenação com a Sociedade Paraguaia de Oftalmologia, conseguindo que, com esse fato, essa sociedade se pronunciasse e realizasse uma campanha contra a Operação Milagro e contra os profissionais cubanos em geral.

Essa reproposta da estratégia de inserção no país é muito mais perigosa do que os Exercícios Militares tradicionais, devido a que passa despercebida ao monitoramento social, é apresentada como apoio ao novo governo e goza de simpatia da população.

Com essa estratégia, consegue-se o ingresso de pessoal militar ao território nacional, sem controle nenhum, mesmo que ele também não era aplicado com a permissão outorgada pelo Congresso nacional. O que se contava era com um controle soberano dele e com um monitoramento social que hoje desaparece.

O governo nacional deverá ter em conta esse fato, essa nova estratégia, que, dentre outros, deu um de seus primeiros resultados, que é a informação enviada pela DEA local ao seu escritório de Washington sobre o dirigente campesino Elvio Benítez, que é indicado como narcotraficante [4].

O governo de Fernando Lugo deverá reconfigurar sua aproximação à embaixadora Ayalde, que maneja muito habilmente as relações diplomáticas e as políticas sociais, vinculando-as às teorias de segurança norte-americanas, pois não devemos deixar passar por alto o seu currículo de diretora da United States Agency for International Development (USAID) na Bolívia e, antes de chegar ao Paraguai, seus cinco anos na Colômbia, dentro do marco da segurança democrática.

Mesmo que o presidente Lugo não pode se desprender da noite para o dia de seu relacionamento com os EUA, seria sim conveniente ir delimitando-o e não permitir a livre mobilidade de funcionários estrangeiros dentro do território, o que se torna perigoso para seu governo, tendo-se em conta a história de desestabilização e golpes suaves [5] que as sedes diplomáticas desse país trazem igualmente.

Notas:
1. Os sem teto são movimentos urbanos, suburbanos, de campesinos removidos de suas terras e que realizam ocupações. Um importante setor se encontra cooptado pelo Partido Colorado, e outro setor é afim ao governo.
2. Ver "Apoyo directo e inmediato de la Embajada de los EE.UU. a los 100 días del Presidente Lugo": http://spanish.paraguay.usembassy.gov/pr_112608.html
3. Ver "Cirugías de cataratas sin costo recibe apoyo de Embajada estadounidense": http://spanish.paraguay.usembassy.gov/pe_121808.html
4. Ver "Senad registró a Elvio Benítez por un caso de Narcotráfico", ABC Color, 10-06-2009: http://www.abc.com.py/2009-06-10/articulos/529876/senad-registro-a-elvio-benitez-por-un-caso-de-narcotrafico
5. "Estados Unidos y su guerra de baja intensidad en América Latina. El caso argentino. Los golpes blandos". Stella Calloni, en Revista Zoom, Política y Sociedad en Foco. Más información: http://alainet.org