"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sexta-feira, 29 de abril de 2011

ASSIM NÃO, COMPANHEIRO CHÁVEZ

ESCRITO POR CARLOS AZNÁREZ

O jornalista Joaquín Perez Becerra, algemado como se fosse um delinquente, é trasladado pela Guarda Nacional venezuelana e enviado à Colômbia: Uma página vergonhosa para a história revolucionária latino-americana.

Esta segunda-feira, 25 de abril, passará para a história das lutas revolucionárias como o dia em que atiraram ao lixo os princípios mais elementares de solidariedade internacionalista. Não é possível permanecer calado, nem fingir que não vemos quando um irmão, um colega, um companheiro, um revolucionário, é enviado à tortura e ao cárcere na Colômbia, por culpa de acordos espúrios (quase sempre econômicos, porque o maldito dinheiro, você sabe, cheira à enxofre, companheiro Chávez).

O que, por lógica, não poderia acontecer, aconteceu: Joaquín Pérez, excelente jornalista da agência alternativa ANNCOL, que nutre o profissionalismo daqueles que praticam o jornalismo sem vendê-lo e nem alugá-lo, foi deportado pelo governo revolucionário, para que o governo fascista de Juan Manuel dos Santos o julgue e o maltrate.

Isto, companheiro Chávez, sua (nossa) admirada Cuba não teria feito e nos consta que não o fez em seus 52 anos de existência rebelde. Jamais teria cedido um milímetro (sempre esteve sendo pressionada, tanto como agora) pelos inimigos dos povos latino-americanos. No entanto, não podemos dizer o mesmo de seu governo, apesar de, você bem sabe, termos colocado nossa cabeça a prêmio para respaldar-lhe à frente de seu povo. Não somos daqueles que se emudecem quando percebem que algo anda mal, porém também não somos do tipo que colocam paus na roda, tampouco fazemos o jogo do inimigo, conspirando ao primeiro erro de um processo revolucionário. Por conta do ocorrido (que não foi uma coisa pequena), dizemos a você, companheiro Chávez: lamentavelmente, este erro grave deixará sequelas.

É claro que já existiam antecedentes em seu governo. Foram eles que nos advertiram sobre o equivocado caminho trilhado, principalmente no que se refere à solidariedade internacionalista. Primeiro, no começo de seu governo, um companheiro basco, que se encontrava legalmente refugiado na Venezuela, foi expulso. Em seguida, começou o romance com Santos e foram enviados para a Colômbia, da pior maneira possível, vários companheiros do ELN e das FARC. É preciso recordar que o internacionalista basco também foi expulso sem nenhuma razão, mesmo sabendo-se que, na Espanha, (a do Rei que o insultou com aquele bordão “Por que não se cala?”, e de Zapatero) se violam todos os direitos humanos de bascos e bascas. E agora, a cereja do bolo, em função do acordado na reunião com Santos.

Nos dá raiva escrever esta nota. Nunca pensamos ter que escrevê-la, mas nos ensinaram na política da rua, essa que se pratica nos bairros, nas fábricas, nas comunidades, que o pior que pode ocorrer a um homem ou uma mulher é não se sensibilizar frente a injustiça ou, em nome das benditas “políticas de Estado”, buscar argumentos para, finalmente, abrir mão de valores, de forma submissa, perante os inimigos de nossos povos.

Companheiro Chávez, nós que apoiamos sua revolução desde fins de 1998, que nos mobilizamos no exterior para defendê-la quando o fascista Carmona tentou frustrá-la ou quando a oligarquia petroleira tentou o mesmo em 2002, nós que defendemos a ALBA e tudo o que isso significa, perguntamos a você: temos que ter cuidado ao viajar para a Venezuela para que não nos acusem de terroristas?

Nós que não calamos e nem deixamos de defender os que lutam no mundo contra o fascismo e o imperialismo, por isso respaldamos os lutadores independentistas bascos, os combatentes das FARC e do ELN e todos os que, como eles, dão suas vidas pela liberdade e pela soberania, nos perguntamos: seremos os próximos expulsos, extraditados, entregues aos inimigos da Revolução Bolivariana?

Hoje, nos sentimos feridos, doloridos, desconcertados, porém alertas. Sabemos que nos covis dos inimigos, dos nossos e dos seus, companheiro Chávez, ocorre uma fenomenal festa. Imaginamos a senhora Clinton, o Obama, a oligarquia colombiana, os escritores de "El Tiempo" ou "El Expectador" e toda essa máfia de assassinos, torturadores e gestores da destruição de povos inteiros, rirem e dizerem – desta vez, com razão – que obtiveram uma vitória contra a solidariedade, povo a povo.

Repetimos, companheiro Chávez: humilde, mas revolucionariamente, você se equivocou. Infelizmente, este erro não tem desculpa, não possui maneira alguma de minimizar o que foi feito ao companheiro Pérez Becerra. Só nos resta pedir que reflita por um momento, que pense em como se sentia quando esteve algemado, juntamente com seu Movimento Bolivariano Revolucionário, em 2000. Como seria seu destino ante uma circunstância parecida? Assim, seguramente você compreenderá a decepção descomunal gerada pela atitude tomada por seu governo.

Novamente, a partir da Argentina, voltamos a pedir que a solidariedade seja defendida com todas as forças. É por isso que abraçamos o companheiro Joaquín Pérez Becerra e exigimos sua liberdade imediata. Antes, perdemos a batalha, fazendo o mesmo pedido ao governo revolucionário da Venezuela. Agora, exigimos o pronto atendimento de nossa reivindicação ao governo contra-revolucionário da Colômbia e conclamamos a todos que redobrem sua mobilização até alcançá-la.

Tradução: Maria Fernanda M. Scelza

Um fogo que pode queimar a todos

Por Fidel Castro

Pode-se concordar ou não com as idéias políticas de Kadafi, mas ninguém tem direito de questionar a existência da Líbia como um Estado independente e membro das Nações Unidas.

Ainda que o mundo não tenha alcançado – o que, em meu ponto de vista, constitui hoje uma questão elementar para a sobrevivência de nossa espécie – o acesso de todos os povos aos recursos materiais do planeta, não existe outro sistema solar que possua as mais elementares condições de vida que conhecemos.

Os próprios Estados Unidos trataram sempre de ser uma mistura de todas as raças, todos os credos, todas as nações: brancas, negras, amarelas, índias, mestiças, sem outras diferenças que não fossem as de senhores e escravos, ricos e pobres, mas tudo dentro dos limites da fronteira: ao norte, Canadá, ao sul, México, ao este, o Atlântico e a oeste, o Pacífico. Alasca, Porto Rico e Havai foram simples acidentes históricos.

O complicado do assunto é que não se trata de um nobre desejo dos que lutam por um mundo melhor, que é tão digno de respeito quanto as crenças religiosas dos povos. Bastariam alguns tipos de isótopos radioativos emanados do urânio enriquecido consumido por usinas eletronucleares em quantidade relativamente pequena – já que não existem na natureza – para pôr fim à frágil essência da nossa espécie. Manter esses resíduos em volumes crescentes, sob os sarcófagos de concreto e aço, é um dos maiores desafios da tecnologia.

Fatos como o acidente de Chernobil, o terremoto seguido por tsunami no Japão têm colocado em evidência esses riscos mortais.

Mas o tema que desejo abordar hoje não é esse, e sim o assombro que observei ontem no programa Dossiê de Walter Martinez, na televisão venezuelana, as imagens da reunião entre o chefe do Departamento de Defesa, Robert Gates, e o ministro da Defesa do Reino Unido, Liam Fox, que visitou os Estados Unidos para discutir a guerra desatada pela Otan contra a Líbia. Era algo difícil de acreditar, o ministro inglês ganhou o “Oscar” pelo conjunto de nervos. Estava tenso, falava com um louco, dava a impressão de que cuspia as palavras.

Desde então, primeiro foi mostrada a entrada do Pentágono, onde Gates esperava sorridente. As bandeiras de ambos os países – do antigo império colonial britânico e a de seu enteado, o império dos Estados Unidos – tremulavam no alto de ambos os lados, enquanto os hinos foram entoados. A mão direita sobre o peito, a saudação militar rigorosa e solene da cerimônia do país anfitrião. Foi o ato inicial. Os dois ministros entraram logo depois no prédio norte-americano da Defesa. Pelas imagens que vi, supõe-se que os ministros discursaram por muito tempo, já que ambos voltavam com um discurso em mãos, sem dúvida, previamente elaborado.

O marco de todo o cenário era constituído por uma equipe uniformizada. Do ângulo esquerdo, se via um jovem militar alto, magro, de cabeça raspada, usando um boné com uma aba que lhe cobria quase todo o rosto, carregando um fuzil, com estampa de um soldado disposto a disparar uma bala de fuzil ou um foguete nuclear com a capacidade destrutiva de 100 mil toneladas.

Poucas vezes vi algo tão horrível, exibia ódio, frustração, fúria e uma linguagem ameaçadora contra o líder líbio, exigindo sua renúncia incondicional. Estava indignado com os aviões da poderosa Otan, que não podiam se submeter a 72 horas de resistência na Líbia.

Nada mais faltava ser exclamado: “lágrimas, suor e sangue”, como Winston Churchill quando calculava o preço a pagar por seu país na luta contra os aviões nazistas. Nesse caso, o papel nazifascista está sendo desempenhado pela Otan com suas missões de bombardeio com os aviões mais modernos que o mundo tem conhecido.

O ápice foi a decisão do governo dos Estados Unidos autorizando o emprego dos aviões sem piloto para matar homens, mulheres e crianças líbias, como no Afeganistão, a milhares de quilômetros da Europa Ocidental, mas dessa vez contra um povo árabe e africano, diante dos olhos de centenas de milhões de europeus e nada menos que a Organização das Nações Unidas.

O primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin, declarou ontem que esses atos de guerra eram ilegais e ultrapassam o marco dos acordos do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Os ataques grosseiros contra o povo líbio que adquirem um caráter nazifascista podem ser utilizados contra qualquer povo do Terceiro Mundo. Realmente me surpreende a resistência que a Líbia tem oferecido. Agora, essa organização bélica depende de Kadafi. Caso resista e não acate suas exigências, passará para a história como um dos grandes personagens dos países árabes.

A Otan atiça um fogo que pode queimar a todos.

Fonte: Cuba Debate

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Diretor de Anncol diz que não pertence às FARC

Por Resumen Latinoamericano

O Diretor de www.anncol.eu foi deportado para Colômbia, onde manifestou que não pertence às FARC, coisa da qual o acusa o governo de Juan Manuel Santos.

Durante seu translado ao complexo judicial de Paloquemao em Bogotá, Colômbia, Joaquín Pérez Becerra negou pertencer às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e esclareceu que sua detenção "é um juíço contra a livre expressão e o desenvolvimento dos meio alternativos e, utilizam essa ferramenta para justifica-lo"

O passado 23 de abril, Pérez Becerra foi detido no aeroporto internacional de Maiquetia devido a que é requerido pela Polícia Internacional (Interpol) com difusão vermelha e, foi deportado na Segunda-feira passada para Bogotá, onde é solicitado pela suposta comissão de delitos relacionados com atividades "terroristas", por sua suposta vinculação às FARC.

Pérez Becerra é Diretor da Agência de Notícias Nova Colômbia (ANNCOL) fundada em 1996 com o objetivo de "servir à causa emancipadora dos povos do mundo, especialmente dos povos latinoamericanos e com especial atenção, na causa libertadora do povo colombiano", destaca esse meio na sua página web.

"Já na Embaixada (de Suécia) sabem de minha situação e do atropelo contra a liberdade de expressão que se está cometendo", indicou o jornalista detido.

Ao ingressar no Complexo Judicìal de Paloquemao, fortemente escoltado, disse que não é guerrilheiro e que sua labor como Diretor da Agência ANNCOL era jornalística.

"Eu não sou embaixador de ninguém, este é um atentado contra a liberdade de expressão de um meio alternativo", acrescentou trás negar sua participação em atos terroristas.

Na primeira metade da década dos 90 o comunicador foi vereador no município de Corinta, estado do Valle del Causa, em representação da União Patriótica (UP), Movimento de oposição na Colômbia que surgiu em 1984 integrado por grupos políticos e sociais, entre eles as FARC e o Partido Comunista Colombiano, que apoiavam a paz nessa nação.

Ante o surgimento da União Patriótica, grupos de extrema direita impulsionaram a perseguição, desaparição forçada e o assassinato de seus militantes.

Dois candidatos presidenciais, oito congressistas, treze deputados, setenta vereador, onze prefeitos e milhares de militantes da UP foram assassinados pelos grupos paramilitares e forças de segurança do Estado colombiano.

Pérez Becerra se exilou e em maio de 1994 Suécia concedeu-lhe o asilo político, onde tem morado desde então e, renunceu à nacionalidade colombiana no ano 2.000

"Estávamos detrás dele desde h[a muito tempo"afirmou o fim de semana passado o presidente colombiano Juan Manuel Santos, que afirma que o jornalista "tem sido o responsável durante muitíssimos anos de toda essa má propaganda que têm feito as FARC contra Colômbia na Europa"

Pérez Becerra participou da fundação da Associação Jaime Pardo Leal (AJPL), organização que apóia uma saída política para o conflito armado colombiano e, palestrava em outros países de Europa para denunciar a situação de violação dos Direitos Humanos na Colômbia.

O advogado Ramiro Orjuela, defensor do Diretor de ANNCOL, disse que se está pidiendo é a captura de um cidadão sueco, que foi militante da União Patriótica.

"Eles foram exterminados, por isso se viu obrigado a sair do país, mas não estamos ante um terrorista, como estão pretendendo fazer crer", acrescentou o advogado.

Ademais, pediu que se negue a captura porque os termos para legalizá-lha já venceram. "Já se cumpriram as 36 horas que tinham para apresentá-lo, a Polícia e a Promotoria dizem que ele foi capturado ontem (Segunda-feira), mas isso não é certo porque meu defendido foi capturado o dia sábado passado"

terça-feira, 26 de abril de 2011

CHÁVEZ ENTREGA MILITANTE AO ESTADO TERRORISTA COLOMBIANO, PERDE A CONFIANÇA DA ESQUERDA E NÃO GANHARÁ A DA DIREITA

O Partido Comunista Brasileiro (PCB) manifesta sua indignação com a recente detenção, em Caracas, do militante colombiano Joaquim Pérez Becerra, quando chegava de um vôo procedente da Alemanha, e sua posterior extradição ilegal e ignóbil para a Colômbia.

Ex-vereador da União Patriótica no município de Corinto, Estado de Valle Cauca, e um dos poucos sobreviventes do extermínio de mais de 5.000 militantes dessa organização, promovido nos anos noventa pelo estado terrorista colombiano, Perez foi obrigado a fugir das perseguições na Colômbia e se exilar na Suécia. Sua esposa foi seqüestrada pelos grupos paramilitares. Atualmente, Pérez é diretor do portal de notícias ANNCOL, especializado em informações alternativas sobre a luta do povo colombiano.
O PCB se soma à indignação generalizada de todas as forças progressistas do mundo em relação à detenção e à extradição arbitrárias, feitas de comum acordo com o serviço de inteligência colombiano (subordinado à CIA), violando todos os princípios democráticos, jurídicos e de respeito aos direitos humanos. Pérez tem cidadania e uma vida legal na Suécia, onde exerce o jornalismo.

A entrega à Colômbia de um cidadão procurado pelos serviços de inteligência desse país é uma verdadeira sentença de morte, dada a selvageria e brutalidade com que são tratados os prisioneiros políticos do estado colombiano, que se transformou, como Israel no Oriente Médio, em uma grande base militar do imperialismo norte-americano contra a América Latina.
É um erro grave Chávez imaginar que, cedendo a pressões, diminuirá a oposição que lhe movem a burguesia venezuelana e o imperialismo. Pelo contrário: quanto mais cede, mais lhe farão novas exigências. Só vai agradar o capital se puser fim à revolução bolivariana. E mesmo assim não será perdoado, mas humilhado. O exemplo da Líbia mostra que não basta fazer concessões.

Além disso, há uma questão de princípio. Mais do que um erro, trata-se de uma traição. Como um governo que se diz revolucionário pode entregar um militante de esquerda às forças mais reacionárias da América Latina, sabendo que seu destino será a tortura ou mesmo a morte nas sinistras prisões colombianas? Como um governante que se diz revolucionário pode colaborar com os serviços secretos colombianos e norte-americanos?

E esta não é a primeira concessão de Chávez nesta questão de princípio. Primeiro, extraditou para os cárceres espanhóis militantes bascos refugiados na Venezuela. Depois, repatriou para a Colômbia militantes das FARC e do ELN.

O PCB – com a autoridade de ter apoiado com independência política, até agora, o governo Chávez e, principalmente, o processo de mudanças na Venezuela - faz um chamado a todas as forças progressistas, às organizações sociais e da juventude, às organizações populares e aos defensores dos direitos humanos em nosso continente e ao povo venezuelano, em particular, no sentido de expressarmos firme repúdio à detenção e extradição do companheiro Joaquim Pérez Becerra.

A estas torpes decisões de entregar militantes a seus verdugos, soma-se agora uma obscura negociação em curso em Caracas, envolvendo Chávez, Manoel Zelaya, o ditador hondurenho (Porfírio Lobo) e o presidente da Colômbia (Santos), com o objetivo de legitimar o golpe de estado em Honduras, com o reconhecimento do governo de fato por parte da OEA, em troca de algumas concessões no campo da democracia burguesa.

Trata-se claramente de uma inflexão do governo Chávez à direita, rendendo-se aos setores corruptos e anticomunistas e aos novos burgueses que o cercam e, sobretudo, ao capital e ao imperialismo. O destino da chamada revolução bolivariana está agora nas mãos do povo venezuelano, sobretudo dos trabalhadores e do proletariado em geral.

Fica aqui nossa solidariedade militante aos povos venezuelano e colombiano, às suas organizações revolucionárias e, nomeadamente, ao Movimento Continental Bolivariano (MCB) e à Agência de Notícias ANNCOL, que continuarão contando com o nosso Partido na luta emancipatória de todos os oprimidos da América Latina.

Toda solidariedade aos que lutam!
PCB – Partido Comunista Brasileiro
Comissão Política Nacional
Rio de Janeiro, 26 de abril de 2011

Primero se llevaron a los vascos, pero a mi no me importo...

Por Juan Garcia

Primeiro se levaram os vascos, extraditados para Reino de Espanha apesar de ter nacionalidade venezuelana. E apesar de que o governo espanhol tem sido acusado pelo relator especial para os direitos humanos da ONU, de graves violações dos direitos humanos, assim como do uso sistemático da tortura como meio de castigo contra os presos políticos.

Mas, a mim não me importou porque eu não era vasco.

Depois se levaram a Granda, seqüestrado pelo governo colombiano no pleno coração de Caracas, em cumplicidade com funcionários policiais venezuelanos.

Mas, esse caso não me importou, porque por razões “de Estado”, de “outros estados” para ser mais exato, o camarada foi deixado em liberdade, dois anos e meio depois e, com isso acabou-se esse escândalo.

Mais tarde decidiram passar para o "baixo perfil". O caso de Ilich Ramírez, venezuelano detido ilegalmente e, encarcerado injustamente pelo imperialismo francês. Condenado à marginalidade e o esquecimento, por parte da própria diplomacia venezuelana, sendo porém um dos mais grandes exemplos anti-imperialistas desse país.

Mas, não me importou porque eu não sou venezuelano.

Mais tarde encarceraram a Sabino Romero, líder indígena lutador pelas suas terras ancestrais. Acusado sem provas por pecuaristas e latifundiários. Palavra de latifundiário contra palavra de índio....

Mas, a mim não me importou porque eu no era índio.

Depois extraditaram três guerrilheiros apesar de que pouco tempo atrás, Chávez proclamava na Assembléia Nacional: "As FARC e o ELN não são terroristas, são verdadeiros Exércitos e há que dar-lhes reconhecimento", "São forças insurgentes que têm um projeto político e bolivariano que aqui é respeitado". Resultado: Três jovens combatentes pela liberdade de sua terra e verdadeiros patriotas, entregados sem nenhum pudero às garras assassinas da oligarquia terrorista pro-ianque.

Mas, não me importei porque não era bolivariano.

Ontem extraditaram um jornalista com nacionalidade sueca de origem colombiano. Sobrevivente do extermínio da União Patriótica, refugiado político nesse país nórdico desde há vinte anos. Diretor responsável da Agência de Notícias ANNCOL, uma das páginas web mais consequentes que informa sobre o terrorismo do Estado Colombiano.

Mas, não me importou porque eu não era jornalista.


Neste momento me estão deportando.....

mas, já é tarde......

fonte: abpnoticias.com

Joaquín Pérez Becerra foi entregue a Santos pelo governo bolivariano

2011-04-25-abpnoticias-

O jornalista Joaquín Pérez foi trasladado à cidade de Bogotá, hoje 25 de abril nas horas da tarde. O governo convocou os meios informativos ao aeroporto de Maiquetia, mas posteriormente informou que todo o processo tinha sido congelado. Porém, dita informação era falsa e enquanto enviavam a Joaquim para Colômbia, Chávez anunciava o aumento do salário mínimo.

O exmilitante da União Patriótica chegou à capital granadina mais ou menos às 17h30; foi levado para as instalações da DIJAN na Avenida Caracas com Sexta, onde até o momento não tem siso posto em contato com advogado algum.

A entrega de Pérez não correspondeu desde o ponto de vista legal a uma deportação, muito menos a uma extradição. Seu processo foi, como indicou o advogado venezuelano Hugo Martínez, completamente anômalo: a detenção, pela interpol em território venezuelano; a reclusão no SEBIN; a incomunicação total; o desconhecimento do recurso de habeas corpus interposto por advogados venezuelanos; as longas horas sem alimento, etc...

Em poucas palavras, diz Martínez: "ao cidadão sueco Joaquin Pérez, Venezuela lhe violou o devido processo"

O caso de Pérez se constitui para o processo revolucionário da Venezuela em um importante ponto de inflexão no referente à confiança dos revolucionários não só da Venezuela na liderança do comandante. Prova disso são os inúmeros comunicados solicitando-lhe abster-se de entregar um militante de esquerda e a cumprida lista de assinaturas que ainda segue em aumento, entre as quais se encontram as de importantes personalidades da Nossa América.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

CIA financiou redes de narcotráfico




Fonte: pijamasurf


O Governo dos EUA desclassificou 8.000 documentos, em resposta à Ata de Informação Pública, onde se mostra em detalhe como a CIA financiou o tráfico de drogas no Afeganistão e na América Latina.


Embora para muitos a notícia de que a CIA está envolvida em redes de narcotráfico não é novidade, o certo é que não deixa de ser relevante a confirmação desta “teoria” através de documentos oficiais. Forçado pela Ata de Informação Pública, o governo federal dos EUA desclassificou um arquivo com mais de oito mil documentos onde se detalha, entre outras coisas, a participação da CIA em organizações de narcotráfico. A relação entre a Agencia Central de Inteligência e o narcotráfico começou na década de setenta (ou talvez antes, mas naquela época já estava consolidada) e foi se intensificando até a década de noventa, em que, supostamente, cessou essas atividades (teremos que esperar até 2030 para saber que em 2010 ela continuava com suas sóbrias práticas).

Uma das operações específicas em que a CIA apoiou o narcotráfico foi nos anos oitenta no Afeganistão. Durante a Guerra Fria, mantida entre os EUA e União Soviética, ocorreu a invasão do Afeganistão pelos soviéticos. Naquele tempo, constata-se que a CIA utilizou pelo menos dois bilhões de dólares para financiar a resistência afegã através dos cartéis de drogas locais, que dedicavam-se principalmente ao cultivo de papoula e maconha e controlavam, como até hoje, o mercado de heroína ao redor do mundo. Curiosamente, estes mesmos rebeldes são conhecidos hoje como membros do Talibã e a quem os EUA simula combater fervorosamente, argumento principal para justificar a invasão dos EUA ao Afeganistão.

Mas não só no Afeganistão se estreitaram laços entre a CIA e narcotraficantes. O mesmo aconteceu na América Latina, onde a agência de inteligência norteamericana apelou para organizações dedicadas ao narcotráfico para financiar movimentos de desestabilização contra governos latinoamericanos que se recusaram a alinhar-se com a agenda dos EUA. “No cenário norteamericano, o dinheiro da droga vinha desde o Cone Sul e se transformava em dinheiro legítimo em Wall Street. No cenário latinoamericano, esse mesmo dinheiro, uma vez lavado, voltava para a região na forma de fundos para o paramilitarismo”, afirma o ex-agente federal Michael Ruppert. Por outro lado, a CIA também se vinculou ao narcotráfico para deslegitimar movimentos sociais dentro dos próprios Estados Unidos e de organizações voltadas para a luta pelos direitos civis da população ou grupos com ideologias que ameaçavam a hegemonia psicocultural promovida pelo governo com a ajuda do mainstream média.

E tendo em conta esse contexto, chama a atenção como a épica cruzada rotulada de “luta contra as drogas”, política iniciada por Ronald Reagan e alimentada pelos subsequentes presidentes estadunidenses que na realidade poderia ser uma farsa espetacular com uma clara agenda escondida por trás: a capitalização financeira e geopolítica aproveitando o fenômeno do narcotráfico. Não deixa de ser curioso também que, após três décadas de iniciada a luta contra o narcotráfico, os resultados estatísticos tem sido deploráveis: nunca na história se consumiu tanta droga como na atualidade e a rentabilidade deste negocio nos nossos dias é de longe o maior da história. O nível de consumo de cocaína aumentou nos EUA de 80 toneladas em 1979 para 600 toneladas em 1987 e que, de acordo com Ruppert, a CIA sabia que ia ocorrer. A razão pela qual a CIA vende drogas, de acordo com o mesmo ex-agente, é para apoiar a economia dos EUA, o que pode ser relacionado com as evidências existentes de bancos como o Wells Fargo que lavavam dinheiro do tráfico. Curiosamente, os fundadores e diretores subsequentes da CIA têm fortes laços com Wall Street.

A Comissão de Juristas para a publicação de relatórios sobre o narcotráfico calcula que nos EUA lavam-se quantidades de dinheiro, provenientes de atividades ligadas ao narcotráfico, que superam os 100 bilhões de dólares (uma estimativa bastante conservadora, pois há versões que asseguram que esse montante é de pelo menos 600 bilhões de dólares). Enquanto que relatórios desta mesma entidade asseguram que a elite financeira norte-americana, assim como em geral as da América Latina, beneficiam-se indireta, mas palpavelmente, do monumental negocio que é gerado a partir do tráfico de entorpecentes. E, considerando que Wall Street, Hollywood, os grandes bancos, a maioria dos governos e até mesmo as classes altas, no fim das contas, obtém lucros com esse fenômeno, podemos acreditar que há alguém, dentro da esfera de poder, que genuinamente quer o fim desta prática? E mesmo além: a CIA é o maior cartel de drogas do mundo?

Fonte: http://pijamasurf.com/2011/04/documentos-desclasificados-revelan-financiamiento-del-narcotrafico-por-parte-de-la-cia/

AÇÃO HUMANITÁRIA URGENTE.

Neste sábado, o cidadão Joaquín Pérez Becerra foi detido por autoridades venezuelanas. Segundo comunicado oficial do Ministério do Interior, o detido é requisitado pelos órgãos de justiça da República da Colômbia, através da INTERPOL, com alerta vermelha.

Cidadão sueco-colombiano, Becerra é ex-vereador sobrevivente da União Patriótica. Em 1994, obteve asilo político na Suécia por conta da perseguição empreendida por seu país. É reconhecido em diversos países por suas contribuições enquanto político, jornalista e escritor. Seu trabalho no portal de notícias Anncol merece destaque. Conforme seus porta-vozes, o sítio, criado por exilados políticos colombianos com o apoio de personalidades nórdicas, possui como objetivo apresentar uma imprensa alternativa, independente. Através do sítio, os acontecimentos colombianos são analisados a partir de uma ótica à esquerda. Atualmente, é membro fundador da Associação Bolivariana de Comunicadores (ABC), organização criada em dezembro de 2009, em Caracas, no marco do Congresso de fundação do MCB.

Chama a atenção o fato de o jornalista ter se movimentado por vários países da Europa, rumo à Venezuela, sem ter sido detido em nenhum deles. Por acaso a INTERPOL só atua na Venezuela? Ou se trata de uma detenção articulada pela inteligência colombiana, teoria reconhecida ontem por José Obdulio Gaviria?

É alarmante que a República Bolivariana da Venezuela se preste ao papel de corroborar com uma operação de perseguição política, violando o princípio da “não devolução”. Esse princípio protege as pessoas, na qualidade de refugiados, de serem submetidas em seus países de origem à perseguição indevida, cerceadas de liberdade e correndo risco de sofrerem maus tratos e torturas. Dessa maneira, se faz necessário recordar que a assustadora cifra de jornalistas assassinados na Colômbia é superior a 150, somente nos últimos 20 anos. Detalhe: três jornalistas foram assassinados somente no último ano.

Ainda mais absurdos são os argumentos apresentados contra Pérez Becerra. No país neo-granadino, ele é acusado por conta de um trabalho que não constitui delito em nenhum país democrático. Que delito existe em publicar num portal da Web informações e opiniões, sob a perspectiva dissidente, acerca de um determinado governo? Tanto a acusação como sua detenção resultam um grave atentado à liberdade de informação e opinião, pondo em dúvida o direito adquirido por milhares de sítios de imprensa alternativa que circulam na Internet.

Fazemos um chamado urgente a todos os Partidos revolucionários, organizações populares, jornalistas alternativos, ativistas de direitos humanos, internacionalistas e, especialmente, ao povo bolivariano da Venezuela para não permitirem a expulsão de Joaquín Pérez à Colômbia. É preciso a manifestação de rechaço a esta medida, que atenta contra a vida e a integridade do jornalista, perante as autoridades venezuelanas.

Agradecemos a participação de todos. Portanto, façam chegar seus e-mail e mensagens de repúdio à expulsão ou extradição de Joaquín Pérez Becerra à Colômbia aos contatos oficiais das páginas do Governo da Venezuela: http://www.gobiernoenlinea.ve, Ministério do Poder Popular para as Relações Interiores e Justiça: http://www.gobiernoenlinea.ve, Ministério do Poder Popular para as Relações Exteriores: http://www.mppre.gob.ve// e Ministério do Poder Popular para a Comunicação e Informação: http://www.mppre.gob.ve//

As mensagens também poderão ser enviadas as seguintes contas de Twiter: @chavezcandanga, @vencancilleria, @mincioficial e de outros associados ao Governo.

Também convidamos a somarem-se à Campanha de Solidariedade com Joaquín Pérez Becerra, enviando suas adesões ao seguinte correio eletrônico: libertadjoaquinperez@hotmail.com

Carlos Casanueva
Secretário Geral do MCB

Narciso Isa Conde
Coordenador da Presidência Coletiva do MCB


Tradução: Maria Fernanda M. Scelza

Com apoio do PCB

SEBIN não permite ver o jornalista Joaquín Pérez e o tem incomunicado

por Tribuna Popular

Sendo as 2 pm., uma delegação do PCV, encabeçada pelo Deputado, Oscar Figuera e Pedro Eusse, o dirigente de PSUV, Amilcar Figueroa e dirigentes do Movimento Continental Bolivariano, com seu secretário geral, Carlos Casanueva, e Yul Jabour em representação do Comitê de Solidariedade Internacional COSI foram à sede do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional -SEBIN-, com o objetivo de se entrevistar com o jornalista Joaquín Pérez Becerra, cidadão sueco, detido no aeroporto Maiquetía quando ingressava ao país procedente de Alemanha.

Passadas mais de quatro horas, a delegação, junto com o advogado Hugo Martínez, teve que se retirar da sede do SEBIN porque não lhes foi permitido ver o jornalista detido, porque segundo um Oficial, ele está incomunicado.

O advogado Martínez disse a Tribuna Popular que ao detido cidadão sueco lhe estão sendo violados seus direitos consagrados na Constituição e, nossas leis que indicam que antes de 12 horas o Ministério Público deve ser informado sobre o detido. "E quando já se passaram quase 30 horas de sua detenção, ainda isso não foi feito".

Martínez informou que se procederá a interpor o recurso de amparo -Hábeas Corpus- em favor do detido porque se lhe estão violando seus direitos.

Cabe acrescentar que Pérez é Diretor da Agencia de Notícias Nova Colômbia, ANNCOL e sua viagem tinha como objetivo conhecer a realidade do processo Bolivariano e combater as matrizes de opinião imperialista no mundo.

Pérez Bezerra havia estado em Venezuela em várias oportunidades manifestando sua solidariedade com o processo revolucionário venezuelano.

Se conhece que o Diretor de ANNCOL obteve o status de refugiado político em Suécia, na primeira metade dos anos 90 e, há dez anos aproximadamente, renunciou a sua nacionalidade colombiana para assumir a nacionalidade desse país que lhe deu asilo, quando nasceu sua filha.

Também, que sua primeira esposa, uma dirigentes colombiana, foi assassinada no marco do plano de extermínio (Baile Rojo) realizado pelo governo colombiano com os militantes de esquerda agrupados na União Patriótica, razão pela qual Pérez pediu asilo à Suécia.

As organizações sociais e políticas, convocaram para esta Segunda-feira, às 10h30 na sede do SEBIN que fica no Helicoide para se manifestar pela liberdade do jornalista.

O Direito Internacional Protectivo deve prevalecer sobre a guerra suja contra a União Patriótica que Santos-Angelino seguem desenvolvendo no estrangei

Por Athemay Sterling-

Quanto um Estado quer seguir exterminando à oposição política como exerceu o Regime Político Colombiano contra o Movimento Político da União Patriótica, vítima do maior Genocídio Político cometido na humanidade, pois até hoje se afirma que já foram assassinados perto de seis mil de seus militantes pelos agentes do Terrorismo de Estado Colombiano, aliado com o paramilitarismo e com EUA, pode se afirmar que nesse país o nível de democracia é quase de zero.

Esse axioma coadjuva para afirmar que Santos-Angelino (foto) que segundo as notícias internacionais dos diferentes meios de comunicação indicam que eles como governantes confabularam para que em Caracas fosse detido de forma arbitrária e injusta um sobre-vivente do Genocídio Político cometido por agentes do Terrorismo de Estado contra a União Patriótica e o Partido Comunista Colombiano. Esse sobre-vivente teve que fugir de Colômbia para preservar sua vida e integridade pessoal. Esses dois indivíduos estão cometendo uma criminosa continuidade da perseguição contra os sobre-viventes da União Patriótica e do Partido Comunista Colombiano.

Não pode juridicamente no marco do Direito Internacional da República Bolivariana de Venezuela extraditar para Colômbia um cidadão que já não é colombiano, mas sueco para que o exterminem aqui, pois ele fugiu de Colômbia para proteger sua vida e direitos.

Joaquín Pérez Becerra deve ser protegido pela Embaixada Sueca em Caracas e pela Embaixadora em Bogotá, doutora Lena Nordstrom, para que seja dada a proteção a um cidadão sueco que em Europa nunca tem sido requerido pela justiça.

É somente Santos-Angelino que quando não podem derrotar a oposição pela via democrática utiliza toda forma de guerra suja como arma de combate e, isso não está permitido na legalidade internacional.

Se Santos-Angelino sabiam que o escritor e comunicador Joaquín Pérez Becerra, ademais sobre-vivente domaior genocídio político contra a oposição política legal, como foi admitido no Informe de Admisibilidade Número 5/97 do 12 de março de 1007 Caso 11.227 da CIDH com sede em Washington, se conheciam que Pérez estava em Europa e saia de Frankfurt, Alemanha, para Caracas, Venezuela, por quê razão não atuaram lá?

Muito simpes, porque na União Européia não pesa cargo algum contra Pérez, pois sempre tem sido inocentge. Só perseguido pelos agentes do Terrorismo de Estado Colombiano.

O que Santos-Angelino querem cobrar anti-democraticamente na mais clara atitude nazi, é perseguir a oposição política, já agredida, e que exerce o direito universal à liberdade de consciência, opinião, impresna e comunicação. É toda uma aberração jurídica e política.

Santos-Angelino o devem fazer é pedir perdão à sociedade pelos miliares de mortos assassinados durante os regimes onde eles têm atuado como servidores públicos e, mais ainda, à União Patriótica e ao Partido Comunista Colombiano que têm posto a maior quantidade de homens e mulheres heróis de nossa Pátria por buscar uma Nova Colômbia apesar dos miliares de nossos mortos.

Quando responderá o Estado Colombiano?

Eu já sofri esse mesmo tipo de detenção arbitrária em Miami, EUA, quando Santos estava no Gabinete de AUV e se intentou legalizar a criminalidade do paramilitarismo atraves da chamada Lei da Impunidade ou Lei de "Justiça e Paz", quando eu viajava para Washington a acionar jurídica e legalmente ante a CIDH em Washington. É já um costume da guerra do Terrorismo de Estado que quer ser imposto não só em Colômbia, mas internacionalmente, através das Embaixadas e Consulados onde como Visbal, Sabas Pretel de la Vega, Guzmán, Montoya e muitos uribistas-santistas cumprem um papel rasteiro e não diplomático/

Joaquín Pérez Becerra foi Vereador da União Patriótica e do Partido Comunista Colombiano, comunicador social, escritor, perseguido criminosamente em Colômbia por ser isso: oposição política ao regime terrorista de Estado. Para salvar sua vida, Suécia lhe deu amparo internacional e esse amparo e sua cidadania sueca prevalecem sobre o apetite de guerra de Santos-Angelino.

O Governo Bolivariano de Venezuela é responsável pela vida e integridade perssoal física e psicológica e de todos os direitos agredidos ao comunicador social Joaquín Pérez Becerra.

domingo, 24 de abril de 2011

Chávez deteve sueco-colombiano apoiado em dados falsos entregados por Santos


por Dick Emanuelsson
(na foto o lugar onde está detido Joaquín)

2011-04-24 / As autoridades de migração venezuelana, se apoiaram para deter o senhor Joaquín Pérez Becerra, em informação falsa ou velha procedente dos organismos colombianos de segurança.

Buscando impedir sua extradição para Colômbia, tanto a embaixadora de Suécia em Bogotá, Lena Nordstrom, quanto o cônsul do mesmo país em Caracas, trabalham arduamente para aclarar ante as autoridades venezuelanas que Pérez não tem nacionalidade colombiana, pois recebeu a nacionalidade sueca.

No Comunicado do Governo da República Bolivariana de Venezuela de ontem dizia literalmente que "o cidadão de nacionalidade colombiana JOAQUÍN PÉREZ BECERRA, com cédula de cidadania número 16.610.245”, foi “detido quando intentava ingressar ao país num vôo comercial procedente da cidade de Frankfurt, Alemanha”.

Mas, o senhor Pérez renunciou à sua nacionalidade colombiana há mais ou menos dez anos, quando nasceu sua filha, residente na Suécia, junto com seu irmão e mãe. Isso me contou a esposa de Joaquín Pérez.

Quer dizer, as autoridades venezuelanas devem saber que o passaporte com que ingressou Pérez o dia 23 de abril, era sueco e, por lógica se deduzir que ele não tem cédula de cidadania colombiana nem passaporte colombiano, dados que publicam no Comunicado entregue pelo governo venezuelano.

Então, qual a razão pela qual as autoridades venezuelanas entregam dados errôneos à imprensa?

Pois, não há outra explicação distinta daquela que indica que os dados são dos organismos de segurança de Santos. É um secreto público que o presidente colombiano, em seu afã por melhorar as relações com Chávez, tem-lhe entregado uma lista de pessoas que Santos quer que sejam extraditadas para Colômbia e, de passo, para uma morte segura.

Nessa lista estão os velhos dados sobre Joaquín Pérez. Neles constam sua nacionalidade colombiana e o número de sua cédula de cidadania. Dados que têm mais de dez anos!

Para qualquer sueco que preenche os dados de seu ingresso em Venezuela ou outro país, deve fazer constar, também, o país de nascimento no formulário de ingresso. E aí, seguramente, apareceu Pérez na computadora da Migração venezuelana porque eram dados do listado que Santos entregou para Chávez.

Nesse sentido, a pergunta que o escritor e jornalista colombiano Hernando Calvo Ospina, exilado em París, França, lança num comentário sobre a detenção de Pérez é exata:

“E se o presunto guerrilheiro colombiano estava na lista ´vermelha´ da Interpol, ¿por quê não foi detido em Alemanha, de onde partiu com destino Caracas, ou em Suécia onde mora?"

Será que "O listado vermelho é de Santos?

O agora detido sueco Joaquín Pérez já completou mais de 24 horas preso em Caracas, mas até agora não lhe permitem nem sequer ligar para sua esposa e filhos.

Se Chávez entrega ao governo colombiano um cidadão sueco, nascido em Colômbia e, com status de refugiado político no país nórdico, o governo venezuelano pode se envolver em graves problemas diplomáticos, nos diz uma fonte.

Pode ser um caso paralelo ao de Simón Trinidad, o porta-voz da guerrilha que foi detido em Quito, Equador, em janeiro de 2004 e extraditado para os EUA o dia 31 de dezembro do mesmo ano.

Trinidad, ou Ricardo Palmera, tinha a missão do Secretariado das FARC de buscar o emissário James Lemoyne, mão direita do então Secretário Geral da ONU, Koffi Annan, para buscar uma saída e solução dos prisioneiros de guerra em mãos da guerrilha.

Trinidad fue entregue no segundo dia logo de sua detenção a Uribe pelo ex-coronel e presidente Lucio Gutiérrez, violando assim as normas internacionais de ACNUR pelo direito de asilo e de defesa jurídica ante uma extradição.

Gutiérrez se auto-proclamou "o melhor amigo do presidente de EUA" que nesse então era nada menos que George W Bush, o homem das guerra em Iraque e Afeganistão.

Por acaso será que Chávez quer ser recordado pelos povos do mundo como "O melhor amigo do presidente da Colômbia", entregando colombianos que um dia tiveram que fugir de suas terras por culpa do Terrorismo do Estado nesse país?

Uma voz silenciada, muitas vozes indignadas!

Por Jaime A Moreno-

É, pois, uma pena dizer isso, mas a contraprestação com o governo de Santos por parte de seu novo amigo, era essa e talvez muitas outras que devemos esperar para dor de nossos povos. Se está impondo a lógica dos Estados burgueses por encima daquela dos povos, assim que a burocracia bolivariana está de parabéns, mas não por isso enganarão seu povo, porque os povos vão conhecendo a verdadeira dimensão de seus amigos-enemigos. Na Colômbia 60 anos de conflito nos têm aportado clareza suficiente.


Olhemos a lógica: Um jornalista revolucionário colombiano, exilado pelo regime desse país, está dedicado a fazer oposição utilizando os únicos canais por onde se pode fazer isso (a internet), sem que o frio da morte esteja tão próximo e, que não tem sido preso em país européio algum porque goza de asilo, é detido pelos muito atentos "irmãos bolivarianos" e decidem fazer isso acompanhados da grande mídia, como se fosse um falso positivo para "prestigiar" o fascismo colombiano, mostrando o companheiro como uma presa para silenciar as vozes solidárias com a insurgência revolucionária e bolivariana colombiana. Qualquer um dirá: O mundo está ao revés.


!Não é o mundo ao revés! O que estamos observando, como esse lamentável feito, é o confronto entre o idealismo burguês e o materialismo revolucionário. Os bolivarianos do petróleo têm resolvido confrontar o marxismo, o leninismo e ao mesmo Bolívar, obviamente, não todos e, daí seu ecletismo pragmático conjuntural, mais próximo das atitudes reacionárias que dos verdadeiros saltos qualitativos da consciência revolucionária necessária para enfrentar o Império dos EUA.

A captura do jornalista Joaquín Pérez Becerra de ANNCOL -Agencia de Notícias da Nova Colômbia- , é uma concessão vergonhosa ao Império, isso não tem como ser chamado. O Comandante Chávez terá uma oportunidade a mais de nos esclarecer se em verdade a retórica revolucionária corresponde aos feitos revolucionários. Só os feitos falam, Comandante, não esqueça isso. Também, não esqueça que na Colômbia há um muro de contenção para que nos tenha sonhando a muitos.

Agora bem, seria bom saber quais são as diretrizes bolivarianas sobre o conflito colombiano, se são as que emana o Comandante ou aquelas da incrustada burocracia de camisetas vermelinhas, que não entende nada de nada, ou talvez entende demais sobre os verdadeiros aliados da revolução venezuelana, além da fronteira oeste de seu país.

Na Colômbia, jornalistas organizam marcha do silêncio

Redação Portal IMPRENSA

Um grupo de jornalistas organiza para o próximo dia 3 de maio o que deram o nome de "marcha do silêncio". A manifestação ocorre em função do aumento nas ameaças de grupos paramilitares contra profissionais da imprensa e grupos de direitos humanos.

A entidade responsável por organizar o evento é a Federação Colombiana de Jornalistas (FECOLPER) que acusa os grupos paramilitares Águias Negras, Los Urabeños, Rastrojos e Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC) de intimidação.

Os jornalistas Eduardo Márquez, presidente da FECOLPER, além de Claudia Duque, Hollman Morris, e Daniel Coronell foram ameaçados.

Com apoio do Comitê de Solidariedade ao Povo Colombiano



Carta aberta de James Petras a Chávez, a propósito da detenção de Joaquín Pérez

2011-04-24-abpnoticias-James Petras (foto)-

Muito prezado Presidente Chávez.

É urgente que a Revolução Bolivariana atue com urgência para retificar o erro de entregar o companheiro Becerra à polícia de Colômbia, onde vai sofrer torturas e abusos.

Como todo o mundo já sabe, Becerra é cidadão sueco e a atuação da polícia em Caracas é um ato ilegal.

O quê tipo de solidariedade exerce com essa entrega, que na verdade é uma mancha de vergonha.

Saudações Bolivarinas.

JAMES PETRAS

Coordenadora Simón Bolívar se pronuncia pela captura do revolucionário Joaquín Pérez

2011-04-24-abpnoticias-Coordenadora Simón Bolívar

-Joaquín Pérez Becerra, detido ontem em Maiquetía, não é nenhum desconhecido. O colombiano Joaquín Pérez Becerra, que chegou em Suécia, com o aval da União Patriótica (UP) e o Partido Comunista Colombiano (PCC) e Vereador da UP na primeira mitade da década dos 90 no município de Corinto, estado do Valle del Cauca, foi detido no Aeroporto Internacional de Maiquetía.

Pérez Becerra dirige a Agencia de Noticias Nova Colômbia, ANNCOL, A página foi fundada em 1996.

A detenção foi realizada quando Pérez Becerra chegava em Venezuela num vôo comercial procedente da cidade de Frankfurt, Alemanha.

Pérez Becerra inicia sua viagem em Estocolmo (Suécia), onde tem asilo político.

" E se o presunto guerrilheiro colombiano estava na lista "vermelha" da Interpol, por quê não foi detido em Alemanha, ou na Suécia, onde mora?"

A Coordenadora Simón Bolívar chama as Instituições do Governo Nacional encarregadas de velor pelos pactos internacionais assinados pela Venezuela onde se respeita o status de refugiado político.

Não à extradição de Joaquín Pérez Becerra para Colômbia.

Liberdade imediata para o dirigente da Agencia de Noticias Nova Colômbia.

Chávez não o extradites: Joaquín Pérez, não é...

.... terrorista, nem delinquente, nem criminoso, é um comunicador bolivariano exilado da Colômbia pelo terrorismo verdadeiro!

2011-04-24-abpnoticias-abp Venezuela-

Uma vez mais o jornalismo alternativo é vítima da criminalização com a captura do jornalista colombo-sueco residente na Europa, Joaquín Pérez Becerra, por parte das autoridades Venezuelanas no aeroporto de Maiquetía.

Joaquín Pérez Becerra é um sobre-vivente do genocídio cometido contra a União Patriótica, e tem sido já por vários anos diretor de ANNCOL, uma Agência de imprensa cuja sede encontra-se na Europa; seu único 'delito' consiste em denunciar ante o mundo os massacres, as covas comuns, os falsos positivos, o deslocamento forçado, o paramilitarismo e em geral, a sistemática violação dos Direitos Humanos pelo Estado colombiano, e em particular pelos genocidas Álvaro Uribe e Juan Manuel Santos, contra o povo colombiano.

Também, é membro integrante e fundador da ABC -Associação Bolivariana de Comun icadores- criada aqui em nossa Venezuela revolucionária, esperança de Nossa América, em dezembro de 2008, no primeiro encontro de comunicadores bolivarianos. A intervenção de Joaquín a que os venezuelanos que participamos da ABP convidamos, esteve referida ao governo colombiano e ao venezuelano, ao qual Joaquín catalogou como representante das causas populares e continuação justa de um processo de independência inconcluso.

Comandante, com o amor, o respeito e a confiança que lhe professamos, le solicitamos, como compatriotas, que não cometa tão terrível injustiça, entregando ao governo genocida da Colômbia, um revolucionário que alguma vez tentou participar da política no país irmão e, a quem, não obstante, precisou sair de sua pátria, já que seu Partido foi exterminado aos tiros e com motor-serra por aqueles que hoje lhe estreitam sua mão, não sem antes lançar por todos os meios da desinformação todo tipo de mentiras sobre nosso sagrado processo.

É por isso que todos os meios colombianos, imediatamente depois de que anunciam a captura de Joaquín. mencionam os ditosos discos de Raúl Reyes que demonstram os nexos entre nosso governo e as FARC-EP, porque enquanto nos encontremos na trilha do poder popular farão de tudo por nos destruir. Por isso, Comandante, não podemos ceder nesses esforço por fazer a revolução, nem um pouquinho assim. Não nos vão a deixar em paz assim lancemos cotas de traição a nossa própria causa.

Por outra parte, fazemos um chamamento aos meios alternativos de comunicação de nosso país e a todo o movimento de solidariedade a uma campanha urgente contra a entrega de Joaquín Pérez ao governo colombiano. Exigimos a liberação imediata desse militante da voz dos povos da Pátria Grande.

NÃO À CRIMINALIZAÇÃO DA IMPRENSA ALTERNATIVA, NÃO À EXTRADIÇÃO!

Um 'terrorista bolivariano' entregue pelos bolivarianos não terroristas !por enquanto!

Por A J P L


Fonte: abpnoticias.com


O governo da república bolivariana da Venezuela informou mediante comunicado a detenção o dia sábado 23 de abril de 2011, no Aeroporto Internacional Simón Bolívar de Maiquetía (perto de Caracas), do ciudadão de nacionalidade colombiana Joaquín Pérez Becerra baseado ao parecer em uma circular da Interpol onde se lhe qualifica de terrorista.


O comunidado num de seus pontos finais diz que "O Governo Bolivariano ratifica assim seu compromisso inquebrável na luta contra o terrorismo, a delinquência e o crime organizado.


Assim as coisas, segundo o governo bolivariano da Venezuela, os bolivarianos colombianos somos terroristas, delinquentes e criminosos. Para nós, são qualificativos incríveis, vindo de quem vêem que pensam que entregando bolivarianos aos santanderistas de hoje conseguirão que o Império lhes perdoe sua irreverência consistente em tratar de construir uma pátria bolivariana.


O governo bolivariano da Venezuela pode entregar bolivarianos venezuelanos, até, mas o Império aliado com a oligarquia colombiana, mas cedo do que tarde, enfiará sua garras nesse país, tal como o está fazendo hoje na Líbia.


Não é entregando camaradas bolivarianos colombianos como podem evitar agressão. Não. É reforçando os laços de amizade com todos eles, que, entre outras coisas, já têm prometido, assim que chegar a agressão imperialista, defender o processo bolivariano na Venezuela como se fosse deles, também.


É incrível e grave o erro que está cometendo o governo do presidente Chávez, se entrega a Joaquín Pérez. atual Diretor de Anncol, agência que aterroriza tanto a "Chuqui" quanto à oligarquia colombiana.


A extradição desse companheiro bolivariano para a Colômbia, pressupõe uma declaração de guerra do governo bolivariano contra os colombianos que por causa da repressão em nosso país, têm buscado e obtido refúgio em outros países, dos quais uns cinco milhões têm recebido esse benefício na Venezuela.


Descer até esse extremo, não pode, nem se curvar de forma tão humilhante diante do Império dos EUA para tentar lavar seus pecados entregando bolivarianos colombianos que são catalogados de criminosos e terroristas pelo governo colombiano e o Império.


O sentimos pelo processo bolivariano da Venezuela. Se continuar desse jeito, pode terminar nas mão da direita.


sábado, 23 de abril de 2011

Lula, Dilma e o futuro do Brasil


Por Emir Sader

Os brasileiros foram decidindo, ao longo dos últimos anos, o tipo de país que queremos. Lula tornou-se o presidente de todos os brasileiros, ancorado em um modelo econômico e social de democratização do país. Reformulou o modelo econômico e o acoplou indissoluvelmente a políticas sociais de distribuição de renda, de criação de emprego e de resgate da massa mais pobre do país. Dilma pretende consolidar essa hegemonia também no plano político. Mas a questão essencial, aberta, sobre o futuro do Brasil, não se dará nesses planos: o modelo econômico, submetido a difíceis e inevitáveis readequações, será esse, com aprofundamento e extensão das politicas sociais. A possibilidade do governo consolidar sua maioria e de se intensificar e estender a sangria da oposição, é muito grande.

A questão fundamental que decidirá o futuro do Brasil se dá no plano dos valores. Nosso país foi profundamente transformado em décadas recentes. Esgotado o impulso democrático pela frustração de termos um governo que democratizasse o país não apenas no plano político e institucional, mas também nas profundas estruturas injustas e monopólicas geradas e/ou consolidadas na ditadura, sofremos a ofensiva neoliberal dos governos Collor, Itamar e FHC, que não apenas transformaram o Estado e a sociedade brasileiros, mas também os valores predominantes no país.

O resgate no plano da economia e das relações sociais que o governo Lula logrou - e a que o governo Dilma dá continuidade – não afetou os valores predominantes instalados na década anterior. O justo atendimento das necessidades de acesso aos bens e serviços básicos de consumo da massa mais pobre da população foi acompanhada, pela retomada da expansão econômica, pela continuidade e a extensão dos estilos de consumo e dos valores correspondentes gerados no período anterior.

Que valores são esses? Eles se fundamentam na concepção neoliberal da centralidade do mercado em detrimento dos direitos, do consumidor em detrimento do cidadão, da competição em detrimento do justo atendimento das necessidades de todos. É o chamado “modo de vida norteamericano”, que se difundiu com a globalização e com a hegemonia mundial que os EUA conquistaram no final da guerra fria, com o fim do mundo bipolar e sua ascensão a única potencia global.

Trata-se de uma visão do mundo não centrada nos direitos, na justiça, na igualdade, mas na competição entre todos no mercado, esse espaço profundamente desigual e injusto, que não reconhece direitos, que multiplica incessantemente a concentração de riqueza e a marginalização da grande maioria.

A extensão do acesso ao consumo para todos e o monopólio dos meios de comunicação – concentrados em empresas financiadas pelos grandes monopólios privados – favoreceram que as transformações econômicas e sociais não tivessem desdobramentos no plano da ideologia, dos valores, no plano cultural e educativo. No momento em que a ascensão social das camadas pobres da população ganha uma dimensão extraordinária, o tema dos valores que essas novas camadas que conseguem, pela primeira vez, ter acesso a bens fundamentais, fica em aberto que valores serão assumidos por esses setores, majoritários na sociedade brasileira.

Não por acaso setores opositores, em meio a uma profunda crise de identidade, tentam apontar para essas camadas sociais ascendentes como seu objetivo, para buscar novas bases sociais de apoio. E o próprio governo tem consciência que na disputa sobre os valores desses setores ascendentes se joga o futuro da sociedade brasileira.

Há várias questões pendentes, preocupantes, com que o governo Dilma se enfrenta. As readequações da política econômica não conseguiram ainda dar conta da extensão dos problemas a enfrentar: taxas de juros altas e em processo de elevação, desindustrialização, riscos inflacionários, insatisfação com o aumento do salario mínimo – para citar apenas alguns.

Da mesma forma que as condições em que se dão obras do PAC revela como a acelerada busca dos objetivos do plano não levou devidamente em consideração as condições a que as empreiteiras submetem as dezenas de milhares de trabalhadores das obras mais importantes do governo federal. Jirau, Santo Antonio, Belo Monte – são temas que estão longe de ter sido devidamente equacionados.

As mudanças, mesmo se de nuance, na politica externa, suscitam perguntas sobre se a equilibrada formulação de perseguir o respeito aos direitos humanos sem distinção do país, se reflete na realidade, quando inseridas em um mundo extremamente assimétrico, em que, por exemplo, o Irã é denunciado, enquanto os EUA – por Guantánamo – e Israel – pela Palestina – não são tratados da mesma forma. Em que a Líbia é bombardeada, enquanto se trata de maneira diferenciada a países em que se dá o mesmo tipo de movimento opositor, como o Iémen e o Bahrein, para citar apenas alguns casos. Se iniciativas que impeçam que se trate, objetivamente, de dois pesos, duas medidas, não forem tomadas, o equilíbrio que se busca não se refletirá no conflitivo e desequilibrado marco de relações internacionais.

Mas a questão estrategicamente central - mencionada anteriormente - é a questão das ideias, dos valores, da cultura, das formas de sociabilidade. Nisso, as dificuldades na politica cultural (retrocessos, isolamento politico, ausência de propostas, falta de consciência da dimensão da politica cultural no Brasil contemporâneo), na educativa - com a indispensável e estreita articulação entre politicas educativas e culturais - e o seu desdobramento fundamental nas politicas de comunicação, são os elementos chave. Com a integração das políticas sociais – do Bolsa Família às praças do PAC -, das politicas de direitos – dos direitos humanos aos das mulheres e de todos os setores ainda postergados no plano da cidadania plena – deveria ir se constituindo uma estratégica ampla e global para promover e favorecer formas solidárias e humanistas de sociabilidade. Para que estejamos a favor do governo não apenas porque nossa situação individual está melhor, mas porque o principal problema que o Brasil arrasta ao longo do tempo – a desigualdade, a injustiça social, a marginalização das camadas mais pobres – tem tido respostas positivas e sua superação é o principal objetivo do governo.

Foi criada no Brasil uma nova maioria social e politica, que elegeu, reelegeu Lula e elegeu Dilma. Trata-se agora de consolidar essa nova maioria no plano das ideias, dos valores, da ideologia, da cultura. Esse o maior e decisivo desafio, que vai definir a fisionomia do Brasil da primeira metade do século XXI.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

EXÉRCITO DA COLÔMBIA: INSTITUIÇÃO PODRE






ANNCOL

Os combates prosseguem, a cada dia que passa o conflito cobra a vida de jovens do povo colombiano, o governo segue empenhado na guerra, sem se importar com a vida dos soldados, policiais e guerrilheiros que estão morrendo.

Devemos criar um forte movimento pela paz, pela reconciliação dos colombianos, não é justo que a morte continue levando dor a milhares de lares de gente humilde, gente do povo.

A saída política para o conflito que vivemos há mais de 60 anos, é tarefa de todos os democratas.

A continuação, o resultado dos enfrentamentos entre as FARC contra o Exército e polícia da Colômbia. De 4 a 14 de abril de 2011.

04/04: Bloqueios de estradas pelas FARC com carros bomba ao redor de Tuluá, Valle del Cauca.
http://www.elpais.com.co


04/04: Guerrilleros del ELN incineran buseta en Paya, Boyacá.
http://www.caracol.com.co

07/04: Frente 59 das FARC explode o gasoduto Ballenas-Barrancabermeja, em La Guajira: os departamentos de Santander e César ficam sem abastecimento de gás.
http://www.caracol.com.co

09/04: Guerrilheiros do VI Frente das FARC atacam a base militar de Caloto, Cauca, e depois explodem as antenas locais de telefonia.
http://www.elcolombiano.com

10/04: Segundo o Exército, em combates com as FARC, nas proximidades de Milan, Caquetá, morreram sete guerrilheiros.
http://www.semana.com

10/04: Ataque das FARC à Delegacia de Policia de Almaguer, Cauca.
http://www.elpais.com.co

11/04: A Venezuela deporta dois guerrilheiros do ELN para a Colômbia.
http://globovision.com

11/04: VI Frente das FARC ataca a Delegacia de Policia em El Palo, município de Caloto, Cauca. Fortes combates com o Exército.
http://noticias.terra.com.co

13/04: Emboscada das FARC com explosivos em Tame, Arauca: Três soldados mortos e três feridos.
http://www.europapress.es

14/04: Guerrilheiros das FARC explodem trecho do oleoduto da Petronorte na altura de Aserrío, Norte de Santander: fica suspenso o bombeamento de combustível para o departamento de El César e norte de Oriente.
http://www.informador.com.mx

14/04: Soldados do exército caem em campo minado das FARC em área montanhosa de Chaparral, Tolima: um militar morto e um ferido.
http://www.eltiempo.com

14/04: Em diferentes ações das FARC em Cauca, três policiais e um soldado são feridos.
http://www.caracol.com.co


O Exército da Colômbia está envolvido em escândalos que deixam a instituição muito desacreditada diante da opinião pública nacional e internacional.

O assassinato de milhares de pessoas que, enganando-as com oferta de trabalho, são mortas para fazê-las parecer com guerrilheiros mortos em combate; as valas comuns encontradas, entre elas a maior da América, no povoado de La Macarena no departamento de El Meta, com mais de dois mil cadáveres. A participação de vários oficiais em grupos paramilitares tem levado à prisão a mais de 900 militares de diferentes patentes. Certamente não estão entre eles os mentores intelectuais.

Estes militares foram julgados e condenados, mas não pela justiça comum e sim pela justiça militar, como se matar pessoas inocentes fosse parte da atividade militar e, por isso são protegidos pelo foro.

Não foram reclusos em prisões comuns, mas nos quartéis, entre eles a base militar de Tolemaida, no município de Melgar, Tolima. Não estão presos como devido pelos delitos cometidos, mas em reclusão de descanso, com todas as comodidades, recebendo soldo e com possibilidade de ascensão.

Pensar que o ex-ministro da defesa, Juan Manuel Santos, hoje presidente da Colômbia, não sabia, é insultar a inteligência de qualquer colombiano, acreditar que os chefes militares não conheciam o caso é pensar que jornalista e a opinião pública são bobos. Pelo contrário, os chefes militares tentaram enganar os jornalistas quando estes visitaram a base militar e, no congresso, defenderam com veemência o foro militar.

O chefe das forças militares é o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos. O país e o mundo exigem uma explicação.

O surgimento de outra governança mundial

Por Jean-Pierre Raffarin - Le Monde(*)

O Ocidente é bem pouco atento aos movimentos do mundo quando ele não é o autor dos mesmos. Os franceses, eles mesmos, são muito egocêntricos. No final de semana passado, na China, o encontro dos BRICS, reunindo os chefes de Estado do Brasil, da Rússia, da Índia, da China e da África do Sul, me parece ter incidido seriamente no processo de globalização: o que era global e, assim, unificador, está se tornando complexo e, portanto, plural.

Os membros do “Boao forum for Asia”, entre os quais um punhado muito pequeno de ocidentais, foram convidados a participar das conclusões desse encontro estratégico, entre a indiferença geral dos países desenvolvidos. Foi um erro do Ocidente. O G-5 tem a intenção de desempenhar seu papel na governança mundial por meio de sua diplomacia e de sua economia combinadas.

Com altos níveis de crescimento e esforços de controle orçamentário, especialmente no Brasil, e com reservas consideráveis, ligadas à poupança popular na China, esse “bloco” tem perfeita consciência dos “serviços” que ele presta à economia mundial. Alguns elementos são particularmente marcantes:

- Esses cinco países são dirigidos por cinco líderes mundiais, todos conhecidos e reconhecidos na cena internacional. A denominação do encontro era clara: “BRICS – Encontro de Líderes”. Em cada um de seus continentes, esses cinco líderes exercem uma influência mundial. Juntos, eles representam cerca da metade do planeta. No contexto de uma governança mundial que valoriza líderes, entre eles Barack Obama, Nicolas Sarkozy, Angela Merkel..., que a praticam permanentemente, os países emergentes não ficam para trás.

A liderança, agora, está acessível a todos.

- Os BRICS parecem compartilhar um programa comum:

Solidariedade: Juntos, eles querem influenciar a reforma do sistema mundial, financeiro e monetário: “we can not let foreign capital come and go as it pleases” (“Nós não podemos deixar o capital externo ir e vir ao seu bel prazer”). Esta solidariedade se mostra recíproca: ouvimos, por exemplo, a China interceder pela entrada da Rússia na OMC. Eles estão em busca de projetos comuns, misturados, para os quais a imigração criadora seria encorajada e legalizada.

Inflação: A inquietude chinesa junta-se aqui às preocupações brasileiras em relação a um ritmo de inflação que, no Brasil, apontava em janeiro para uma projeção anual de 6%. Os BRICS querem coordenar melhor uma luta comum em torno dessa questão. A Europa não está isenta desta inquietude. Para nós, o nível da dívida aumenta a gravidade desse tema.

Crescimento: Os cinco países fazem da busca de um “novo crescimento” uma prioridade compartilhada; um crescimento menos faminto por carbono e menos gerador de desigualdade que o tradicional crescimento ocidental. O XII plano chinês propõe um crescimento verde (economia de energia, energias renováveis, cidades verdes...) e social (habitação, proteção social, saúde, combate às desigualdades regionais...), todos temas consensuais entre os cinco países.

Como a liderança, a virtude do desenvolvimento durável não é algo reservado a uns poucos.

A paz é a última mensagem, mas não a menor. A cúpula dos BRICS foi precedida por um apelo do presidente Hu Jintao por um cessar fogo na Líbia. Os emergentes querem ser pacíficos e se apresentam como tal! A mensagem ganhar força pelo contraste com o mundo ocidental engajado militarmente em um grande número de teatros.

Essa estratégia dos BRICS não deveria colocar grandes problemas pra a diplomacia francesa que está engajada, com credibilidade, pela reforma da governança mundial. Nós mantemos excelentes relações com cada um destes países.

Como a China, a França se posiciona no interior de numerosos círculos, na intersecção dos quais ela procura as posições favoráveis às suas convicções e aos seus interesses. Isso nos impõe, contudo, uma visão mais complexa do que simplificadora da globalização e uma ênfase de nossa ação exterior privilegiando mais nossa diplomacia econômica.

(*) Jean-Pierre Raffarin, ex-primeiro ministro da França, vice-presidente do Senado.

Tradução: Katarina Peixoto

INTELECTUAIS ISRAELENSES VÃO ÀS RUAS EM DEFESA DE UM ESTADO PALESTINO

Hanna Maron, atriz israelense de 87 anos, que perdeu uma perna num ataque palestino, leu nesta 5º feira uma declaração assinada por intelectuais israelenses que apoiam a criação de um Estado palestino. A manifestação ocorreu diante do Hall da Independência em Tel Aviv, onde foi proclamada a independência de Israel, em 1948. Subscrito por dezenas de intelectuais, acadêmicos e personalidades israelenses, o documento defende a criação de um Estado palestino com base nas fronteiras de 1967. A Faixa de Gaza está incluída. Entre os signatários estão 20 ganhadores do Prêmio Israel, a mais importante honraria do país.

(Carta Maior; 6º feira, 22/04/2011)

quinta-feira, 21 de abril de 2011

A CIA por trás da rebelião na Líbia

O ataque euro-americano à Líbia não tem nada a ver com a proteção de ninguém; só os irremediavelmente ingênuos acreditam nesse disparate. É a reação do Ocidente aos motins populares em regiões estratégicas, ricas em recursos e o início de atividades hostis contra o novo rival imperialista, a China.

Por John Pilger

O presidente Barack Obama já assegurou o seu lugar na História. É o primeiro presidente negro da América a invadir a África. O ataque à Líbia é chefiado pelo Comando África dos EUA (US Africa Command), instituído em 2007 para assegurar os lucrativos recursos naturais do continente, roubando-os às populações empobrecidas e à influência comercial da China, em crescimento rápido. A Líbia, juntamente com Angola e a Nigéria, é a principal fonte de petróleo da China. Enquanto os aviões americanos, britânicos e franceses vão incinerando líbios 'maus' e 'bons', assiste-se à evacuação de 30 mil trabalhadores chineses, provavelmente de forma permanente. As afirmações de entidades ocidentais e dos meios de comunicação de que 'um coronel Kadafi criminoso e enlouquecido' está a planejar o 'genocídio' contra o seu próprio povo, continuam a carecer de provas. Isto faz recordar as afirmações fraudulentas que exigiram a 'intervenção humanitária' no Kosovo, o desmembramento final da Iugoslávia e a instalação da maior base militar americana na Europa.

Os pormenores também são conhecidos. Segundo se diz, os 'rebeldes pró-democracia' líbios são comandados pelo coronel Khalifa Haftar que, segundo um estudo da Fundação Jamestown americana, montou o Exército Nacional Líbio em 1988 "com forte apoio da CIA". Nos últimos 20 anos, o coronel Haftar tem vivido não muito longe de Langley, Virginia, o lar da CIA, que também lhe fornece um campo de treino. Os mujaedines, que deram origem à al-Qaida, e o Congresso Nacional Iraquiano, que forjaram as mentiras de Bush/Blair sobre o Iraque, foram patrocinados por Langley, da mesma forma aceite por toda a gente.

Os outros líderes 'rebeldes' incluem Mustafa Abdul Jalil, ministro da Justiça de Kadafi até fevereiro, e o general Abdel-Fatá Iunes, que chefiou o ministério do Interior de Kadafi: ambos com estrondosas reputações de repressão brutal de dissidentes. Há uma guerra civil e tribal na Líbia, que inclui a rejeição popular contra a atuação de Kadafi em relação aos direitos humanos. Mas o que é intolerável para o ocidente não é a natureza do seu regime, é a independência da Líbia, numa região de vassalos; e esta hostilidade pouco mudou em 42 anos, desde que Kadafi derrubou o rei feudal Idris, um dos tiranos mais odiosos apoiados pelo ocidente. Kadafi, com os seus modos beduínos, hiperbólicos e bizarros, há muito que personaliza o 'lobo feroz' ideal (Daily Mirror), exigindo agora que os heróicos pilotos americanos, franceses e britânicos bombardeiem áreas urbanas em Tripoli, incluindo uma maternidade e um centro de cardiologia. O último bombardeio americano em 1986 conseguiu matar a sua filha adotiva.

O que os americanos, os britânicos e os franceses têm esperança de conseguir é o oposto da libertação de um povo. Ao sabotar os esforços dos genuínos democratas e nacionalistas da Líbia para libertarem o seu país de um ditador e dos corrompidos pelas exigências estrangeiras, o som e a fúria de Washington, de Londres e de Paris conseguiram turvar a memória dos dias de esperança de Janeiro em Tunis e no Cairo e desviar muitos dos que tinham criado esperanças da tarefa de assegurar que as suas conquistas não fossem roubadas furtivamente. A 23 de março, as forças militares egípcias, apoiadas pelos EUA, emitiram um decreto proibindo todas as greves e manifestações. Isto praticamente não foi notícia no ocidente. E agora, com Kadafi identificado com o demônio, Israel, o verdadeiro câncer, pode continuar a sua espoliação de terras e expulsões. O Facebook, sob pressão sionista, removeu uma página apelando a um levantamento em grande escala na Palestina – uma 'Terceira Intifada' – a 15 de maio.

Nada disto nos deve surpreender. A história exibe o tipo de maquinação revelado por dois diplomatas seniores nas Nações Unidas, que falaram ao Asia Times. Quando pretenderam saber porque é que as Nações Unidas nunca ordenaram uma missão de avaliação dos fatos à Líbia, em vez de um ataque, disseram-lhes que já muita coisa tinha sido feita entre a Casa Branca e a Arábia Saudita. Uma 'coligação' dos EUA iria 'eliminar' o recalcitrante Kadafi se os sauditas abafassem o levantamento popular no Barein. Este último já foi concretizado e o sangrento rei do Barein vai ser um dos convidados às bodas reais em Londres.

A personificação desta reação é David Cameron [NT] , cuja única verdadeira tarefa tem sido como homem de relações públicas de Michael Green, o oportunista da indústria da televisão. Cameron esteve no Golfo a vender armas aos tiranos inventados pelos britânicos quando a população se levantou contra Abdulá Salé do Iêmen; a 18 de março, o regime de Salé assassinou 52 manifestantes. Cameron não disse nada de jeito. O Iêmen é 'um dos nossos', conforme o Foreign Office britânico gosta de dizer. Em fevereiro, Cameron desmascarou-se num ataque ao que ele chamou de 'estado de multi-culturalismo' – um código para muçulmanos. Disse, "Precisamos de muito menos tolerância do que nos últimos anos!" Foi aplaudido por Marine Le Pen, líder da Frente Nacional fascista de França. "É exatamente este tipo de declarações que nos isolou da vida pública durante 30 anos", disse ela ao Financial Times. "Só posso felicitá-lo".

Num dos seus momentos mais exploradores, o império britânico produziu Davids Camerons aos montes. Contrariamente a muitos dos 'civilizadores' vitorianos, os atuais guerreiros sedentários de Westminster – através de William Hague [NT] , Liam Fox [NT] e do traidor Nick Clegg [NT] – nunca foram atingidos pelo sofrimento e banho de sangue que, à custa das diferenças culturais, são as consequências dos seus discursos e acções. Com o seu ar mais ou menos informal, sempre altivos, são uns covbardes no estrangeiro, visto que ficam sempre em casa. As suas prendas são a guerra e o racismo e a destruição da democracia social duramente conquistada do Reino Unido. Lembrem-se disso quando forem para a rua às centenas de milhares, conforme é vosso dever.

Nota da tradução:

David Cameron: primeiro-ministro do Reino Unido, líder do Partido Conservador

William Hague: politico britânico conservador; secretário dos Estrangeiros e primeiro secretário de David Cameron.

Liam Fox: politico do Partido Conservador britânico; secretário da Defesa do Reino Unido

Nick Clegg: Líder do Partido Liberal Democrata; vice-primeiro-ministro do Reino Unido, na coligação com o Partido Conservador e presidente do Conselho.

O original encontra-se em www.johnpilger.com/... Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

quarta-feira, 20 de abril de 2011

As veias abertas da Colômbia

Por: Dario Arenas
Fonte: MOIR


Atualmente existem pedidos de concessão para projetos de mineração para 40% do território colombiano. Dos 114 milhões de hectares que compõem seu território, cerca de 45 milhões foram solicitados para esta finalidade, corresponde à, aproximadamente, superfície dos 4 maiores departamentos do país (Amazonas, Vichada, Caquetá e Meta), mais do que todo o Eixo Cafeicultor, Cundinamarca e Valle del Cauca juntos. Isto em um país que, graças à maré de reformas de abertura iniciadas na década de 90, o agronegócio e a indústria sofreram um atraso enorme e onde se estima que existam para a agricultura 4,97 milhões de hectares disponíveis e não cultivados. ( 1)

Este é o tamanho da política de mineração consagrada no Código de Mineração de 2001, ratificado na reforma de 2010. Durante o último período do governo de Uribe, outorgaram-se a maior quantidade de concessões para minas na história da Colômbia e aprofundaram-se os privilégios das grandes transnacionais da mineração. Agora, sob o mandato de Santos – como certamente acontecerá com o resto do pacote neoliberal herdado – se pretende aprofundar e levar às mais altas dimensões.

A expansão da atividade de extração na Colômbia responde, como a maioria das políticas dos nossos governos, não às necessidades reais do povo colombiano, mas a interesses alheios. Com a economia das grandes potências tremendamente enfraquecida pela crise recorrente que o sistema capitalista provoca, com a necessidade de buscar novamente a riqueza sustentada em metais preciosos e com os preços do ouro atingindo recordes históricos, superando os 1.400 dólares a onça, são naturais as expedições que, novamente, empreendem em países que, como a Colômbia, possuem estes apreciados recursos. O capital financeiro internacional, sob essa lógica, tem-se fortalecido e assumiu um papel preponderante, chegando a ter investimentos na indústria de mineração mundial de cerca de 84,327 bilhões de dólares entre 2000 e 2006, através de financiadores tão poderosos como JP Morgan , Citigroup, HSBC Holdings, ING, entre outros conglomerados financeiros do mundo. (2)

Prova da desesperada sede das potencias pelos recursos minerais e energéticos, refletida nas invasões do Iraque e do Afeganistão, é o aproveitamento de circunstâncias conjunturais como a da Líbia. Sob o pretexto humanitário, os Estados Unidos retoma posições de comando e controle sobre os recursos de uma área que se tem esquivado dos seus mandatos.

Considerando que nos últimos anos houve uma avassaladora entrada de empresas de mineração canadense na Colômbia e que estas representam 75% da indústria de mineração mundial, não é de admirar a agitação do atual ministro da Fazenda, Juan Carlos Echeverry que, notavelmente confortável com o tipo de relações que a Colômbia possui com o mundo, recentemente expressou: “Há 500 anos os espanhóis descobriram a América e, há somente 10 anos os canadenses descobriram a Colômbia. Do que somos muito felizes” (3). Provas tangíveis da atitude da alta classe dirigente do nosso país diante das grandes potências e seus interesses. Caberia anotar que somente faltou ao ministro expressar seu arrebatamento de brutal honestidade, de que a mais de um século e em condições semelhantes, também fomos “descobertos” pelos gringos.

Amagá, El Hoyo-Patia, Suarez, Marmato, La Jagua de Ibirico, Anaime Quinchía, Snuff, Pore, Taraira, Socha, Montelibano, Sardinata, Remedios, Buenos Aires, Serrania de San Lucas, Condoto, Cajamarca são, entre muitas outras localidades colombianas, o exemplo do modelo de mineração que se pretende impor em nosso país. Foram, em alguns casos, afetadas pelas draconianas condições de trabalho impostas pelas multinacionais e testemunhas em primeira mão do abandono estatal, da asfixia e assédio à mineração tradicional local. Pretende-se que sejam vítimas da destruição do seu ambiente, do deslocamento de suas populações, da perda do seu habitat, do arrebatamento de suas tradições e da expropriação de seu trabalho, vida e história. Todas essas comunidades têm motivos suficientes para se sentir desamparadas pelo Estado e tem o direito justo e legítimo de se rebelar contra as políticas de perseguição e saque agenciados por aqueles que, na teoria, deveriam defender seus interesses.

Esta é a verdadeira face da locomotiva mineira de Santos. Vagões cheios de desculpas e privilégios para as empresas multinacionais, repletos de isenções fiscais, descontos e facilidades enormes para realizar negócios de acordo com sua conveniência, com formidáveis margens de lucro, tudo isso contrastando com a perseguição rasteira dos pequenos e tradicionais mineiros do nosso país. O aumento da confiança dos investidores tenta fazer desaparecer a uma enorme parcela da nossa população em uma funesta lógica, inexpugnável segundo os nossos dirigentes, em que a inserção no mercado global de economias tão doentes e enfraquecidas como a colombiana, deve se dar a qualquer custo, sem importar as assimetrias que existam, a posição em que jogamos e o deterioro que estes tipos de políticas geram em nossa população.

Testemunhamos a uma paisagem desoladora e esmagadora. O prurido pela reprimarização da nossa economia não tem comparação alguma. As políticas de despojo, expropriação e pilhagem, longe de ser combatidas, foram institucionalizadas e se lhes deu um rotulo de progresso e bem-estar, quando na verdade, nidificam no seu interior as mesmas fórmulas que tem perpetuado o atraso e o subdesenvolvimento no nosso país.

As veias da Colômbia permanecem abertas. As cicatrizes que ainda conservamos na pele da nossa pátria, como as da luta pela nossa independência há 200 anos, demonstram-nos que os povos, quando decidem, podem vencer as políticas entreguistas e os regimes antipatrióticos, e pode decidir por si mesmos o seu destino. A conscientização, a organização e a mobilização devem marcar o caminho para que, assim como no caso de vitória em Santurbán, derrotemos a submissa entrega dos nossos recursos e possamos definitivamente tirar do trilho a nefasta locomotiva mineira de Santos.



* Escrito para o II Encontro Nacional da Rede Colombiana Contra as Grandes Multinacionais da Mineração – RECLAME, ocorrido em 08 e 09 de Abril de 2011 em Bogotá.

NOTAS DO AUTOR:

(1) Aurelio Suárez Montoya, Tribuna Roja Nº 111,13 de janeiro de 2011.

(2) Financing Global Mining: The Complete Picture (ed. Rob Morrison), pfi market intelligence, Thomson’s 2007

(3), Calgary (Canadá), 27 de março (Agencia EFE)

Marinelly Hernández Orozco, Prisionera de Guerra, se declara em ruptura ante o juiz penal do circuito especializado de Quibdó.

Marinelly denuncia que como represália por ter ingressado nas FARC, ... o exército, em conturbemo com os paramilitares, assassinou seu pai.

Por Traspasa los Muros.

O passado 6 de abril de 2011, Marinelly Hernández Orozco, insurgente das FARC –EP e Prisioneira de Guerra do Estado Colombiano, foi conduzida pelo INPEC à audiência pública citada pelo Juiz Penal do Circuito Especializado de Quibdó, dentro do processo No. 2010002000.

Marinelly, de 33 anos de idade, membro de uma família campesina humilde, da vereda Água Bonita do Município de São Rafael do Departamento (estado) de Antioquía, logo de ser apresentada em audiência manifestou ao juiz que se “declarava em ruptura”, por considerar a inexistência de garantias ao devido processo e, por desconhecer como autoridade o Estado colombiano, procedendo a entregar uma escrita, na qual sustentava sua declaração e, renunciou a qualquer tipo de defesa, manifestando textualmente “não necessito nenhuma defesa, pois não cometi delito algum, me declaro em ruptura com o estado colombiano e suas leis anti-populares e injustas, tenho sido uma lutadora do povo”.

Em sua narração escrita Marinelly declarou que quando criança viveu em carne própria as continuas agressões e perseguições que o exército colombiano desatou contra seus pais e todos os camponeses de sua região pelo fato de serem militantes do Movimento Político União Patriótica e, na sua adolescência foi testemunha de muitos assassinatos de camponeses amigos, vizinhos e familiares, cujos corpos eram abandonados com sinais de tortura ou eram esquartejados.

“Todo isso foi parte da guerra suja e psicológica feita para atemorizar e assustar os lutadores populares. Por acaso com todas essas coisas que aconteciam no meu dia após dia, pode uma criança ou um jovem acreditar num Estado ou em algum tipo de justiça?”

Ela atribuiu esses crimes à Polícia, o Exército e aos paramilitares e, como exemplo mencionou o massacre no Rio Nare onde “o capitão Martínez com suas tropas assaltaram umas mineradoras nas que trabalhavam camponeses e, um dia antes, lançaram desde o ar boletins solicitando que fossem embora de seus lugares de trabalho. Mas, o dia seguinte chegaram com moto-serras e machados, amarraram os camponeses colocando-os em fileira e a cada um lhe deceparam os braços, as pernas e, de cada um deles recolhiam um só braço, uma só perna para jogar no rio ou nos buracos das mineradoras e, os outros eram deixados ai para os urubus."

A guerrilheira revelou que as ações e violações do Estado colombiano contra o Povo indicaram-lhe o caminho que devia seguir, pois caso contrário corria o risco de "terminar massacrada, torturada e por causa dessas torturas ficar reduzida a uma cadeira de rodas, que é a sorte corrida por muitos camponeses, sem ter nada relacionado com o conflito, ou ter que fugir para a cidade deixando para atrás a roça" Para evitar isso, à idade de 14 anos e com todo o visto e ouvido e entendendo que "a vida não é respeitada e que só existe o símbolo da vida" ingressou nas FARC, considerando que era a única alternativa para preservar a vida, lutar por ela e reclamar nossos direitos"

Em seu relato Marinelly denuncia que como represália por ter ingressado nas FARC, o exército em conturbemo com os paramilitares assassinaram seu pai no ano 2.000..."o meu único irmão, também adolescente, teve que fugir, sem poder sequer sepultar o nosso querido pai...Ele se chamava HÉCTOR ALONSO HERNÁNDEZ. o exército junto com os paramilitares penduraram meu pai vivo de suas mãos como se fosse carne de açougue logo esfaquearam seu estômago e tudo sue corpo, depois cortaram seus lábios e, por último recebeu o tiro de graça na cabeça. Segundo medicina legal ou quem realizou o levantamento do cadáver, meu pai foi torturado vivo. Tinha 70 anos de idade. Como é possível que façam isso com um idoso? Acaso por eu ser revolucionária? Esse é o preço a pagar? Então, o que diríamos de todos os senadores julgados por parapolítica? Que todas suas famílias deveriam estar na cadeia ou deveriam ser torturadas e submetidas a vexames contra a humanidade? Cobardes os torturadores e assassinos de camponeses indefensos"

Já tinha 16 anos nas FARC, quando Marinelly foi presa. Disse que lhe atribuem inúmeros delitos dos quais não é responsável. Apesar de ter sido capturada em condição de rebelde foi submetida a três juízos, condenada em dos deles e processada atualmente pelos delitos de rebelião, terrorismo, homicídio, entre outros, segundo suas próprias palavras "se repetindo a mesma doses que nos anteriores juízos para justificar uma nova condenação que legitime a cadeia perpetua de fato que se acostuma impor às prisioneiras e prisioneiros políticos na Colômbia". Não se surpreende que a mulheres como ela as chamem a juízo por terroristas, enquanto que "o acionar terrorista tem sido a bandeira dos governos durante os dois últimos séculos, mas, que nos últimos anos têm passado da ação encoberta à ação escancarada do exército colombiano que com uma atitude real de terror muda como o camaleão, não de cor mas de tática aproveitando a calada da noite para agir com facões e moto-serras para assassinar camponeses e, depois no dia seguinte de novo aparecem de farda como o 'glorioso exército da Colômbia....Denunciou juízes e procuradores cúmplices que perseguem com as leis a campesinos em massa pelo único delito de viver em regiões de alta influência do conflito armado....Como não chamar de TERRORISTA um Estado que castiga com fome e esquecimento seu povo e que produto disso morre grande quantidade de crianças em todo o país", salienta a prisioneira política.

Logo de mencionar os altos níveis de pobreza e de desigualdade existentes na Colômbia e as prioridades dos governos em relação com a guerra mediante práticas de lesa humanidade como as 3.000 execuções extra-judiciais ocorridas durante o período presidencial de Álvaro Uribe Vélez, o despojo da terras dos campesinos e sua acumulação em poucas mãos, como a principal causa do empobrecimento dos trinta milhões dos quarenta e dois milhões oitocentos oitenta e oito mil habitantes que "segundo as cifras oficiais" tem Colômbia, Marinelly afirma que "é impossível achar uma solução para os profundos problemas econômicos, políticos e sociais do país se continuarmos sob a tirania de um regime que persista nas políticas que empobrecem mais e mais à maioria da população...o povo colombiano está sendo governado por bandidos que desde as diversas instâncias administrativas praticam crimes de lesa humanidade para se perpetuar no poder."

É assim como ela assinala que nos processos políticos contra as revolucionárias e os revolucionários na Colômbia, se aplica uma "justiça de vingança privada com o uso das figuras públicas por parte da classe dominante" que impõe altas condenas que ceifam a liberdade, citando o guerrilheiro Jacobo Arenas, que segundo a fonte, disse: na Colômbia há dois poderes, um é o poder formal, como quem diz, o poder que se nos apresenta em umas determinadas formas como os chamados poder executivo, o poder legislativo e o poder judicial; esse é o poder formal que nada decide porque nas condições de hoje é, digamos assim, algo decorativo, submetido ao verdadeiro poder real"

Por fim, a prisioneira de guerra deixa claro que para ela o aparato da justiça no conflito colombiano é uma arma do governo. Por isso rechaça os supostos benefícios ou pactos que lhe oferecem, afirmando: "assumo todos os processos aos quais estou sendo submetida, incluindo o presente. Não aspiro a receber um trato benévolo, conheço a política de cadeia perpetua fixada para as e os prisioneiros políticos. Façam o que tenham para fazer. Não me interessa porque a história me absolverá e a justiça revolucionária condenará a quem como vocês tem-se colocado contra o povo. Senhor juiz, você não tem autoridade moral para me julgar, nem você, senhor procurador para me acusar. Estão equivocados aqueles que pensam que vou renegar de minha Organização e de meu Partido, pois apesar de ter sido condenada a 40 anos de prisão, me ratifico como ORGULHOSA FARIANA E NA BUSCA DO HOMEM NOVO E A MULHER NOVA! capazes de gerar as transformações que garantam o desenvolvimento de uma vida digna em todos os campos da produção, desenvolvimento que o atual sistema capitalista nunca fará, pois no meu sentir, seus fins são contrários ao melhor estar do povo, razão pela qual luto contra esse sistema ... Desconheço o Estado capitalista que me julga e me mantém na prisão. Só reconheço para meu juízo os Documentos das FARC, por ser a única instituição que respeito e pela qual chegaria, sem dúvida, ao sacrifício. Da mesma forma, o Estado que respeito, amo e reconheço é o ESTADO MAIOR CENTRAL DAS FARC-EP e seu Secretariado, arvorando a espada e o pensamento de nosso Libertador Simón Bolívar , nosso pai espiritual, pela definitiva independência e a construção da Pátria Grande e o Socialismo"

Na sua escrita Marinelly Hernández Orozco pediu ao Juiz não requeri-la para futuras audiências nem nomear-lhe advogado para sua defesa, pois como iniciamos este artigo, considera não ter nada de que se defender por não ser responsável de delito algum.

Entretanto, desde a Reclusão de Mulheres de Medellín, Marinelly espera o desenvolvimento do conflito colombiano, "com cabeça e a moral revolucionária em alta" insistindo em citar a seu Camarada Jorge Briceño, onde diz: "Nas FARC não temos alma de traidores, mas de patriotas e revolucionários. Temos lutado e continuaremos nisso com valor, entrega e sacrifício até derrotar esse regime podre das oligarquias e construir outra ordem social”.

Esse é o caso mais significativo de ruptura que durante a última década tem-se apresentado, pois representa a milhares de homens e mulheres que em seus anos de maior grau de produtividade são submetidos a cadeia perpetua, ficando para elas e eles como única esperança alcançar sua liberdade mediante a saída política ao conflito ou uma eventual Troca Humanitária de prisioneiros em poder das duas partes em conflito.

Abril de 2011