"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sábado, 31 de agosto de 2013

SOLIDARIEDADE COM A GREVE E PARALISAÇÃO AGRÁRIA E POPULAR NA COLÔMBIA



A Paralisação Nacional Agrária e Popular que desde o dia 19 de agosto tem tomado conta das estradas, rodovias e ruas do nosso país irmão Colômbia é uma manifestação legítima da luta pela dignidade e soberania de todo o povo colombiano. Essa corajosa manifestação, que já é alvo da conhecida e brutal repressão por parte do Estado, é também um exemplo para todos os povos que sofrem com a tirania dos mercados dominados pela lógica neoliberal; da vida dominada pela perversa lógica do capital.

Por meio dos abaixo assinados expressamos toda a nossa solidariedade com as camponesas, camponeses, mineiros artesanais, indígenas, afrocolombianos, estudantes, trabalhadores da saúde, transportadores e todos os outros setores mobilizados das numerosas organizações que têm se somado à Paralisação Agrária e Popular. São justas às reivindicações que visam uma melhor qualidade de vida para a sociedade inteira, a soberania alimentar e a defesa da dignidade dos povos.

Chamamos ao fim das repressões militares e policiais contra os manifestantes assim como a proteção das lideranças sociais e pessoas mobilizadas que têm sido ameaçadas pelos grupos paramilitares. É preciso deixar de utilizar a velha desculpa de que o povo mobilizado é terrorista, é preciso parar de criminalizar as pessoas que tem a coragem de lutar pelo bem comum. O verdadeiro exercício democrático é aquele que escuta, respeita e atende o clamor da população.

Não há exagero nenhum nas demandas que falam em soberania alimentar, justiça social, proteção da diversidade cultural e natural das regiões, de coexistência pacífica na diferença, de equidade de gênero, de dignidade e democracia. Apoiamos às companheiras e companheiros que por elas se mobilizam, pois entendemos que suas reivindicações são lutas comuns, que são as nossas mesmas lutas.

LIBERDADE PARA O COMPANHEIRO HUBERT BALLESTEROS

VIVA A GREVE E PARALISAÇÃO NACIONAL AGRÁRIA E POPULAR

ASSINAM

  1. ADUFRJ (Sec. Sindical)
  2. AGENDA COLÔMBIA-BRASIL
  3. BRIGADAS POPULARES
  4. CASA DA AMÉRICA LATINA
  5. CEBRAPAZ
  6. CENTRAL DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS DO BRASIL (CTB)
  7. CENTRO ACADÊMICO DE SERVIÇO SOCIAL - UFRJ-
  8. COLETIVO BONDE DA CULTURA
  9. COLETIVO SERVIÇO SOCIAL CRÍTICO DA COLÔMBIA – RIO DE JANEIRO
  10. COMITÊ DE SOLIDARIEDADE À LUTA DO POVO PALESTINO
  11. CONAM
  12. CONSULTA POPULAR- RJ
  13. CUT – RS
  14. ESPAÇO CULTURAL LATINO-AMERICANO (ECLA)
  15. FEDERAÇÃO NACIONAL DOS PETROLEIROS (FNP)
  16. FÓRUM PERMANENTE PELA PAZ NA COLÔMBIA
  17. FRENTE NEGRA AFRO-LATINA
  18. GRUPO DE COLOMBIANO EM RIO
  19. JUVENTUDE COMUNISTA AVANÇANDO
  20. JUVENTUDE LIBERDADE E REVOLUÇÃO (LibRe)
  21. MARCHA PATRIÓTICA CAPÍTULO BRASIL
  22. MEMORIA LATINA
  23. MOVIMENTO DE MULHERES OLGA BENÁRIO
  24. MOVIMENTO DOS PEQUENOS AGRICULTORES (MPA)
  25. MOVIMENTO DOS TRABALHADORES DESEMPREGADOS (MTD)
  26. MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA (MST)
  27. MOVIMENTO FAVELA NÃO SE CALA
  28. MOVIMENTO MÃES DE MAIO
  29. NOTICIÁRIO LATINO-AMERICANO RÁDIO SANTA MARTA
  30. NÚCLEO 39 DO CPERS-SINDICATO
  31. OCUPA CÂMARA – RJ
  32. PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO (PCB)
  33. PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (PCdoB)
  34. PARTIDO COMUNISTA REVOLUCIONÁRIO (PCR)
  35. POLO COMUNISTA LUIZ CARLOS PRESTES
  36. REFUNDAÇÃO COMUNISTA
  37. RUMBA TIPO COLÔMBIA – RIO DE JANEIRO
  38. SINDICATO DOS PETROLEIROS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (SINDIPETRO)
  39. UNEGRO
  40. UNIÃO DA JUVENTUDE COMUNISTA (UJC)
  41. UNIÃO DA JUVENTUDE REBELIÃO (UJR)
  42. UNIDADE CLASSISTA
  43. VISÃO DA FAVELA

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Colômbia arde e Santos “dando papaia” em Macondo



Em Macondo não passou nada, nem está passando nem passará nunca. Este é um povoado feliz”. Tal é a resposta que, na obra-mestra de Gabriel García Márquez, Cem Anos de Solidão, os militares dão aos familiares das três mil vítimas do massacre de Macondo.

Esta obstinação macondiana em negar o evidente ecoa na atitude do presidente Santos quando, recentemente, dizia que não havia paralisação agrária na Colômbia. Por que, então, os milhares de soldados e policiais espalhados ao longo do território nacional? Por simples esporte? Sua atitude me recordava um personagem sinistro que há alguns anos andava pela vida dizendo que na Colômbia não havia conflito armado e, no entanto, militarizou o país, aumentou em níveis incalculáveis o gasto militar e triplicou o pé de força do exército. Santos reconhece o conflito armado, porém ignora o conflito social, um conflito muito mais extenso, subterrâneo, talvez menos visível, porém o qual é a vertente que nutre e rega o conflito armado.

Não há tal paralisação, disse Santos... É uma invenção de centenas de milhares de pessoas. Porém, então, por que depois se foi para Tunja a tentar desativar uma paralisação que não existe? Ante o ridículo destas declarações [evidenciado pelos rios humanos que se viraram a demonstrar-lhe, com caçarolaços, que existem, sim, e que merecem respeito], deu para trás dizendo, torpemente, que sua frasezinha havia sido um “papayazo”. Isso, não mais, um papayazo.[1]

Santos vive no país de Macondo, com uma cenoura pequena numa mão e um enorme porrete na outra. Com a pequena cenoura, trata de cooptar a setores do movimento de protesto ou de silenciá-los momentaneamente com promessas espúrias que não cumprirá. Com o porrete, machuca e assassina aos manifestantes no resto do país. Aqui não passa nada, diz. Porém passa, ainda que lhe doa.

O pano de amostra da profundidade do mal-estar na Colômbia é a situação de Boyacá, região tradicionalmente conservadora, descrita num artigo da revista Semana como “um dos estados mais pacíficos e tranquilos do país”[2], cujos campesinos, como ironicamente nos relembra Alfredo Molano, “não saíam para lutar desde a batalha do Pantano de Vargas”[3]. Aí, o ESMAD tem se comportado como um verdadeiro exército de ocupação, como o denuncia o informe preliminar da Comissão de Verificação de Direitos Humanos que esteve nesse estado verificando os desmandos da força – mal chamada – pública[4]. Neste informe se denunciam agressões físicas e tortura a campesinos e menores de idade, abusos sexuais, uso indiscriminado de gases, ataques com armas de fogo, explosivos e armas brancas, detenções massivas e arbitrárias, acusações e perseguição aos líderes da paralisação, utilização de helicópteros, uso de ambulâncias para transportar membros do ESMAD, assim como a destruição da propriedade dos campesinos, invasão a seus lares e roubo de seu dinheiro e alimentos[5]. Parece como se, literalmente, estivéssemos ante hordas de hunos em épocas da decadência do Império Romano. Esta classe de comportamento violento e violador se dá à vista e paciência de todo o mundo, enquanto Santos [com a ajuda de seus amigos em Europa e EUA] grita aos quatro ventos os “progressos” na Colômbia em matéria de direitos humanos. E depois se surpreendem que na Colômbia haja guerrilha...

O relato do campesino José Henry Pineda, de Tibasosa, Boyacá, cuja tortura em mãos do ESMAD foi filmada e circulada amplamente por internet, é um exemplo claro do que se denuncia no mencionado informe preliminar. “Até me ajoelhei para que não me pegassem. Eles são muito selvagens. Não se dão conta de que a pessoa é humana”, afirma. Ademais, denuncia que os policiais lhe roubaram dez milhões de pesos: “Me disseram que se os denunciasse iam me matar. Estou assustado por isso”[6]. Porém, a utilização de métodos terroristas por parte do Estado não está impedindo que o povo saia a protestar, como dizia Molano, porque os campesinos estão “cansados dos protestos pacíficos, das listas de petição, das respeitosas solicitações zombadas”.
 
Que o campesinato esteja tão irado não é casual: estão arruinados graças aos Tratados de Livre Comércio [TLCs], nos quais os governos de Uribe e Santos gastaram milhares de milhões pagando lobistas, negociadores, opinantes, financiando caras viagens para lamber botas em Europa e Estados Unidos, e em propaganda com a qual saturaram toda a mídia oferecendo “prosperidade para todos”. Quem foram os beneficiados com estes acordos? Os negociadores que venderam o país e arrancaram sua fatia, porém, sobretudo, os capitalistas europeus e norte-americanos. Não é exagerado que o arcebispo de Tunja, Mons. Luis Augusto Castro, chamasse a estes acordos “uma traição à pátria”, se por pátria entendemos o povo[7]. Num ano de implementação do TLC com os EUA, a importação de alimentos desse país para Colômbia aumentou em 81%; fiando mais fino, as importações de arroz cresceram em incríveis 2.000% [de U$1,5 para U$41 milhões]; os azeites vegetais e derivados em 200%; as batatas congeladas em 200%; a carne de porco em 95%; produtos lácteos em 90%[9]. Nada disto é uma surpresa: os advertimos em anos de campanha contra o livre comércio. Podemos surpreender-nos, então, da extensão da indignação campesina, particularmente de leiteiros, arrozeiros, batateiros? Podemos surpreender-nos [com o fato de] que os campesinos do altiplano cundiboyacense, [mesmo] ainda os da agradável Boyacá, tenham se sublevado com uma força inusitada quando os produtos de seu clima são os que mais fortemente têm que competir com as importações dos EUA?

O tratamento militar do protesto tem sido a regra em todo o país. No Cauca se deram situações gravíssimas, que já denunciamos[9]. Em La Venta [Cajibío], uma concentração de 2000 pessoas foi barbaramente reprimida pelo ESMAD, polícia e exército, com a utilização de minas anti pessoais, explosivos, projéteis amotados, armas de fogo etc. O resultado: 15 campesinos feridos, 5 deles gravemente. Um deles, Uberney Mestizo, terminou com uma mão amputada[10]. Em Fusagasugá o ESMAD assassina a um jovem de Pasca, Juan Camilo Acosta, de um disparo de gás lacrimogêneo arremessado diretamente ao corpo. Se utiliza contra uma mobilização social pacífica métodos de contra insurgência: se oferecem recompensas por informação sobre os organizadores e os líderes do protesto. Se dá um golpe a um “objetivo de alto valor” [na linguagem contra insurgente do Estado] como é o dirigente campesino Húber Ballesteros, dirigente da federação campesina Fensuagro, da CUT, da Marcha Patriótica, sobrevivente da UP e membro da Mesa de Interlocução Agrária e Popular [MIA], que coordena as mais importantes expressões organizativas do protesto em nível nacional. É patético ver o vice-fiscal Perdomo afirmando que esta grosseira perseguição a um dos máximos dirigentes da paralisação agrária e popular não nada a ver com suas atividades gremiais, que esta detenção arbitrária teria que ver com um processo de suposto financiamento ao “terrorismo”, segundo informes tirados como de uma cartola de um mago, dos computadores capturados aos comandantes guerrilheiros Iván Ríos, Jorge Briceño e Alfonso Cano[11]. Claro, quem poderia ser tão mal pensado para supor que isto é uma montagem judicial, se esses computadores foram capturados, respectivamente, em 2008, 2010 e 2011... e anos depois, curiosamente em meio a uma paralisação nacional, se lhe monta o processo. Que paradoxo que o único terrorismo que o companheiro Ballesteros financia, porque está obrigado a fazê-lo através de seus impostos, como a maioria dos colombianos, é o terrorismo de Estado!

E Santos? Dando papaia e porretadas em Macondo. Atuando como governante de um povo ao qual despreza e de um país que desconhece. Mentindo e usando a força militar contra o protesto social, dando chumbo quando há que garantir o pão. Houve uma época na qual o povo em seus protestos punha mortos em cifras redondas, de 10, 100, 1000 etc e, em seguida, se negociava e tudo ficava em nada. Essa época já passou: agora, os campesinos têm nomes, os campesinos não esquecem, os campesinos têm câmaras para gravar a violência oficial, os campesinos têm sede de justiça, seu sangue é indelével. “Papaia Santos” está acumulando pontos e o povo, tarde ou cedo, lhe passará a conta. Porque as estirpes condenadas a cem anos de solidão não terão uma segunda oportunidade sobre a Terra.
 


NOTAS:
[4] Comisión integrada por las siguientes organizaciones humanitarias: Fundación Comité de Solidaridad con los Presos Políticos, Observatorio de Derechos Humanos y Violencia Política de Boyacá y Casanare, Centro de Atención Psicosocial, Corporación Claretiana Norman Pérez Bello, Comité Permanente por la Defensa de Derechos Humanos, Movimiento Nacional de Victimas de Crímenes de Estado, Corporación Social para la Asesoría y Capacitación Comunitaria, Colectivo de Abogados José Albear Restrepo, Comisión de Derechos Humanos del Congreso de los Pueblos, Equipo Nizkor, Periodistas independientes, con el acompañamiento de Brigadas Internacionales de Paz.


(*) José Antonio Gutiérrez D. é militante libertário residente na Irlanda, onde participa nos movimentos de solidariedade com América Latina e Colômbia, colaborador da revista CEPA(Colômbia) e El Ciudadano(Chile), assim como do sítio web internacional www.anarkismo.net. Autor de "Problemas e Possibilidades do Anarquismo" (em portugués, Faisca ed., 2011) e coordenador do livro "Orígenes Libertarios del Primero de Mayo en América Latina" (Quimantú ed. 2010).

SÍRIA URGENTE! Um grupo de israelenses realizou o ataque químico em Damasco


Exército sírio cerca um grupo de oficiais da inteligência do regime israelense em Yobar 
 
O Exército sírio cercou um grupo de oficiais da inteligência do regime israelense na zona de Yobar, nas proximidades de Damasco, a capital, segundo informou, nesta terça-feira 27, a imprensa síria.
 
De acordo com o informe, anteriormente com a ajuda dos terroristas, um grupo de cinco oficiais da Sayeret Matkal [a unidade de elite das forças de guerra israelense] havia entrado nesta zona para dirigir os ataques químicos contra o Exército sírio.
 
Porém, quando o Exército tomou o controle destas regiões e cercou os oficiais, em Yobar, este grupo israelense começou a utilizar as armas químicas contra as forças sírias para poder escapar desta zona.
 
No sábado, uma unidade do Exército sírio irrompeu num armazém situado no bairro de Yobar, em Damasco, onde encontrou barris de gás tóxico com uma etiqueta na qual se especificava que eram de fabricação saudita.
 
Nesse mesmo lugar, foram encontrados um grande número de máscaras e medicamentos utilizados para contra-arrestar produtos químicos; os mesmos pertencem a empresas e companhias farmacêuticas de Qatar e Alemanha.
 
Cabe mencionar que, na semana passada, terroristas, apoiados desde o estrangeiro, acusaram o Governo sírio de empregar armas químicas nos subúrbios de Damasco. Estas alegações foram rechaçadas contundentemente pelo Governo de Al-Asad.
 
(tomado de www.anncol.eu)

A paz é muito mais


Por Aura Lucía Mera


...A paz é muito mais que uma tomada de postura, é uma autêntica revolução interna, um novo modo de viver, uma nova forma de habitar o planeta, uma forma diferente de ser pessoa...”. María Zambrano. Filósofa Prêmio Príncipe de Astúrias. [Espanha, 1904-1991]


Este pensamento, no meu modo de ver, resume o grande desafio que temos todos os colombianos ante a possibilidade, cada vez mais próxima, de firmar um acordo para a Paz. Se cada um de nós não começamos pela revolução dentro de nós mesmos, nunca chegaremos a nada.


Se não mudamos nossa maneira de pensar, jamais poderemos mudar nossa forma de reagir. Está suficientemente provado que cada pensamento cria imediatamente uma emoção. Que os pensamentos antecedem todas as nossas emoções, e que, se não os transformamos, não poderemos mudar nossos sentimentos nem apreciações sobre este momento tão importante que a Colômbia vive.


Se seguimos com as mesmas heranças atávicas, herdadas de nossos avôs, que deram início à violência partidarista, na qual se se nascia liberal estava do lado dos maus e dos endemoniados, e se se nascia conservador estava ao lado dos bons e escolhidos por Deus, iniciando-se assim a orgia de sangue e terror que ainda nos abala, não conquistaremos nada.


Se não mudamos a linguagem, também atávica, incrustada na mente como reflexos de Pavlov, nos quais uns são os foragidos dados baixa e outros os heróis assassinados, se não mudamos nossa visão e aproximação a este nó górdio que tem abarrotado o país de cadáveres campesinos, porque campesinos são os soldados do exército, os policiais, os paramilitares do pelotão, os guerrilheiros ponta de lança, jamais poderemos deter as atrocidades que vivemos a cada dia desde há mais de meio século e que se converteram numa notícia mais, como o futebol ou os realities de salão.


Estamos vivendo um momento histórico. Gostemos ou não. Ou mudamos e começamos a nos reconhecer uns aos outros como cidadãos irmãos de um mesmo país, respeitando-nos, começando a refletir sobre nossa participação no conflito, que todos a temos, seja por ação, omissão, interesses criados ou políticos, tradições herdadas desde a colônia e a escravidão, ou nos acabamos de eliminar este país.


Nós, todos os cidadãos, temos em nossas mãos o poder de decidir que classe de país queremos para os que vêm. Filhos, netos, bisnetos... Não temos o direito de negar-lhes a oportunidade de viver e amar um país diferente, menos injusto, onde cada um se possa dar a mão mirando-se nos olhos e apoiando-se nesta empresa, a única importante, que é a de poder ter uma vida digna e em Paz.


Seremos capazes de enfrentar este desafio histórico? Ou, uma vez mais, seremos inferiores a nossas responsabilidades? Porque, assim como a violência não tem limites, e todos levamos um monstro dentro de nós mesmos, também a harmonia e o respeito são ilimitados e podem ser conseguidos. Nos chegou a hora, colombianos. Comprometamo-nos com a Revolução da Paz.
(tomado de www.anncol.eu)

Fuga de senador boliviano foi ação orquestrada, diz deputado do PT


Para o deputado Cláudio Puty (PT-PA), que participou de uma missão oficial à Bolívia, em março, onde conheceu os principais personagens envolvidos na trama, fuga do senador boliviano Roger Pinto (foto) não foi obra individual de um destemido diplomada brasileiro, mas ação organizada pela direita com apoio de setores conservadores do Itamaraty, que atuam contra governos progressistas latino-americanos e a favor do agronegócio. Por Najla Passos, de Brasília

Brasília – A fuga do senador boliviano que custou o cargo ao ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, não foi obra individual de um destemido diplomada brasileiro, mas uma ação organizada pela direita com apoio de setores conservadores do Itamaraty, que mantêm estreitos laços em questões políticas e econômicas, como o boicote aos governos socialistas e a defesa intransigente do agronegócio.

A avaliação é do deputado Cláudio Puty (PT-PA), que participou de uma missão oficial à Bolívia, em março, onde conheceu os três principais personagens envolvidos na trama: o então embaixador do Brasil na Bolívia, Marcel Biato, que patrocinou a aceitação brasileira ao pedido de asilo político do senador, o diplomata brasileiro Eduardo Sabóia, que afirma ter organizado sozinho a fuga do político, e o próprio senador oposicionista Roger Pinto, que viveu 545 dias na embaixada brasileira na Bolívia.

“Esta foi uma ação sem precedente na história da diplomacia brasileira. Como pode um diplomata patrocinar a fuga de um criminoso comum, à revelia do governo brasileiro, escondido do governo boliviano e com o apoio explícito da direita brasileira, que já o aguardava na fronteira do país?”, questiona Puty.

Para ele, é inadmissível que o Brasil, que não aceitou o pedido de asilo político do ex-agente da CIA, Edward Snowden, corra o risco de colocar em xeque as relações com um país amigo para ajudar um criminoso comum como Roger Pinto. “Pelo que consta, o Brasil não reconhece a Bolívia como um governo de exceção. Portanto, essa ação foi um atentado à soberania boliviana que precisa ser punida exemplarmente”, acrescentou.

Missão oficial
O deputado foi à Bolívia acompanhado de outros quatro colegas que, como ele, atuavam na CPI do Trabalho Escravo. Em visita à embaixada brasileira em La Paz, se surpreenderam com a presença de Roger Pinto. “Ele usava a embaixada como escritório particular para fazer oposição ao governo de Evo Morales. Recebia colegas do partido e concedia entrevista livremente”, relembra.

Puty ficou muito impressionado também com a postura de Biato e Sabóia que, a despeito das excelentes relações bilaterais entre Brasil e Bolívia, tratavam aquele país com total desrespeito. “Eles falavam sobre a Bolívia, os bolivianos e o Evo com tanto preconceito que o jantar de recepção à nossa delegação terminou em bate-boca”, recorda ele, ressaltando a cumplicidade ideológica entre diplomatas e senador.

Para o deputado, a aceitação do pedido de asilo político, patrocinada por Biato, foi um erro que, desde então, tem gerado desconforto na relação Brasil e Bolívia. Pressionado, o Brasil decidiu transferir Biato para a Suécia, em junho passado. Saboia, então, passou a responder como embaixador em exercício.

Voz do agronegócio
Proprietário de terras na fronteira com o Acre, Roger Pinto é o principal porta-voz do agronegócio no país. Governou o departamento de Pando, quando acumulou processos por desvios de verba, favorecimento a jogos ilegais e venda de terra pública para estrangeiros. Depois, elegeu-se senador pela Convergência Nacional e passou a líder um bloco de partidos conservadores no parlamento.

Desde que ingressou na carreira política, multiplicou seu patrimônio milionário. Condenado por dano econômico ao país mais pobre da América do Sul, pediu asilo político ao Brasil, em maio de 2011. Em junho, teve a solicitação acatada pelo Itamaraty e se dirigiu à embaixada brasileira em La Paz, onde permaneceu por 545 dias, até a fuga para o Brasil.

De acordo com o portal do Governo da Bolívia, além da condenação, o senador responde a quatro processos por corrupção, além de outros dez por crimes comuns: calúnia, difamação e desacato à autoridade. O governo boliviano garantiu que o episódio não irá afetar as relações da Bolívia com o Brasil, mas o Ministério Público do país já estuda pedir a extradição de Roger Pinto.

Fuga espetacular
Roger Pinto deixou La Paz em carro oficial da embaixada brasileira, na companhia de Saboia. Atravessou a Bolívia e despistou a imigração até cruzar a fronteira. Em Corumbá (MS), foi recebido pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), que o acompanhou até Brasília, de avião.

À imprensa, Saboia afirmou ter tramado sozinho a operação, motivado por questões humanitárias, já que o senador sofre de problemas renais e apresentava quadro de depressão, devido à privação de liberdade e ao afastamento da família, que vive no Brasil.

O Ministério das Relações Exteriores brasileiro demonstrou surpresa, prometeu apurar o caso e convocou Sabóia para prestar esclarecimentos nesta segunda (26). Em nota divulgada no domingo (25), afirmou que abrirá inquérito e tomará as medidas administrativas e disciplinares cabíveis.

Na noite desta segunda (26), a presidenta Dilma comunicou a demissão do ministro Antônio Patriota. No lugar dele, assume Luiz Alberto Figueiredo Machado. Diplomata de carreira, ele foi o negociador-chefe da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, e atuava com representante do Brasil na ONU.


quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Reflexões das FARC-EP sobre o décimo terceiro ciclo de conversações.


--> Comissão de Imprensa da Delegação das FARC-EP


La Habana, Cuba, sede dos diálogos de paz, 28 de Agosto de 2013

De maneira acordada, as delegações de paz do governo e das FARC-EP abordaram neste ciclo que culmina a quase totalidade do conjunto da Agenda, o qual entregou à mesa de Diálogos bastante instrumentos que possibilitarão fazer mais próxima a possibilidade de um acordo em função da justiça e da reconciliação colombiana.
À parte dos assuntos concernentes ao tema de Participação Política, se abordaram aspectos referidos à solução do problema das drogas ilícitas com a indicação de datas e procedimentos para a realização do Foro que permite a presença das comunidades na análise do problema; sobre temas como o marco jurídico para a paz ou a referenda de acordos, se deixaram assentadas posições que deixam em claro os pontos de vista que cada uma das partes tem, tratando de encontrar aproximações. Ao longo destas conversações, nos referimos de maneira especial ao tema das vítimas da confrontação, inquirindo pela responsabilidade histórica dos que geraram e participaram nesta guerra que, hoje, requer um ato de contrição de todos.
Discutido tudo isto, à parte das propostas mínimas para a democracia real, a paz com justiça social e a reconciliação nacional, as FARC-EP lançaram outras importantes iniciativas que desanuviam o caminho para a paz. Entre elas, temos:
  1. A de integrar uma comissão de Revisão e Esclarecimento da Verdade das Histórias do Conflito Interno Colombiano que complemente o informe do grupo de memória histórica.
  2. Nossas reflexões sobre um marco jurídico fora de contexto, que, pela maneira inconsulta em que foi tramitado, resultará inútil para o desenvolvimento do processo.
  3. Nossas considerações sobre a iniciativa governamental não consensual de referendo com caráter de urgência se discute no Congresso. A propósito do referendo, para nossas reflexões partimos do critério de que, uma vez imposto tal mecanismo, se estaria eliminando de facto o ponto sexto da agenda, o qual não é admissível por parte da Delegação insurgente.
Consequentemente, o conteúdo de um eventual Tratado de Paz como o que se poderia vislumbrar entre o Governo e as FARC-EP, ademais do que representa para a história do país, em termos de gerar novas condições para o pleno exercício da política, sem necessidade de recorrer ao levantamento armado contra o Estado, supera as possibilidades políticas, jurídicas e técnicas de um referendo constitucional, pelas seguintes razões:
  1. Trata-se, com efeito, de um novo pacto social, sobretudo se observamos que as FARC-EP não se sentem comprometidas com o pacto social que deu lugar à Constituição de 1991. Se assim fora, haveriam desistido do levantamento armado contra o Estado desde há mais de duas décadas. O tratado de paz inconcluso de 1991, ao ter excluído as mais importantes forças guerrilheiras da história colombiana, as FARC-EP e o ELN, tem a possibilidade real, produto dos diálogos com o Governo nacional, de completar essa tarefa histórica inacabada. E isso não se pode conquistar com um referendo de submissão à ordem jurídica existente, que inclua um conjunto de atos legislativos, dado que não se está negociando com uma guerrilha derrotada.
  2. Ainda que os diálogos e a negociação se adiantam com o Governo atual, a força política e jurídica de um Acordo Final deve comprometer a toda a institucionalidade colombiana, isto é, ao Estado em seu conjunto. Nesse sentido, caminhos para uma verdadeira solução política demandam uma criatividade nos projetos institucionais que satisfaçam as partes e, sobretudo, ao povo colombiano. Um referendo não alcança a responder as complexidades de semelhante incumbência.
  3. Se se considera a experiência de redação dos acordos parciais, ao conquistar-se um acordo final, se chegará a um texto muito extenso, provavelmente de mais de cinquenta páginas tamanho ofício. Não se entenderia como um acordo de semelhante extensão poderia ser reduzido a uma pergunta de aprovação ou negação. Em igual sentido, tampouco fica claro quem se encarregaria de interpretar o Acordo para definir quais são as reformas de alcance constitucional que seriam submetidas a referendo, com que critérios se formulariam, quem elaboraria as perguntas etc. Não é aceitável, seria pouco convincente e nada transparente que o texto do Acordo ficasse em mãos do Governo e do Congresso para que estes definissem um eventual referendo com sua interpretação do acordado.
  4. Nesse sentido, se se espera que um referendo seja fruto de um Acordo entre as partes, isso implicaria que seriam estas quem teriam que proceder a sua elaboração, a acordar as perguntas, a definir o conteúdo de cada um dos possíveis atos legislativos etc. Quer dizer, isso implicaria introduzir aspectos não contemplados até o momento na Mesa de diálogos.
  5. Dada a complexidade do texto a ratificar e dos atos legislativos a aprovar, as condições para uma participação cidadã informada não estão dadas. Um verdadeiro Tratado de paz exige a mais ampla e ativa participação social e popular.
  6. O texto de um eventual acordo não compromete exclusivamente reformas constitucionais, compreende igualmente a reelaboração de políticas públicas, novos desenvolvimentos legais, destinação de recursos, entre outros. Assuntos que, desde o ponto de vista da técnica de referenda, não poderiam incorporar-se num referendo constitucional, pois demandam outro tipo de projetos institucionais.
  7. A discussão não se refere somente à referenda, compromete o cumprimento dos Acordos.
Estas são algumas das razões sobre os limites de um referendo constitucional.
São louváveis as preocupações dos que já estão pensando nisso. Porém, ficam curtas a respeito da responsabilidade histórica de buscar uma efetiva saída política ao conflito social e armado.
Em consideração ao anterior, um grande acordo político nacional para a convocatória de uma ANC continua sendo a saída mais responsável e consequente para a referenda de um eventual acordo de paz.
Pelo demais, é insensato apresentar à negação do referendo a guerra como única alternativa. O sexto ponto da agenda está por discutir-se. Esperemos seu momento, tudo tem seu tempo. Propiciemos que, para este debate, a nação em massa expresse sua opinião.
Ainda que os avanços sejam concretos, estamos convidando o governo a retomar com celeridade o segundo ponto da agenda, que é o que em sua ordem corresponde ao desenvolvimento dos presentes ciclos.
Finalmente, no marco do processo eleitoral que já está em marcha, propomos novamente uma trégua bilateral de fogos vigiada por organismos internacionais latino-americanos, que blinde o processo das turbulências da confrontação e dos interesses partidários dos que participam na contenda.
 
DELEGAÇÃO DE PAZ DAS FARC-EP

Egito fecha Canal de Suez aos destruidores estadunidenses e britânicos que se dirijan a Síria

El Cairo, 28 ago. 2013, Tribuna Popular TP.

O ministro de Defesa e chefe do Exército egípcio, general Fatah al-Sisi, assegurou nesta quarta-feira 28 que seu país fechará o Canal de Suez aos destruidores estadunidenses e britânicos que navegam rumo à Síria.
 
Al-Sisi enfatizou em que seu país não repetirá os erros da guerra no Iraque, ressaltando o compromisso a cumprir com o acordo de defesa conjunta entre Egito e Síria, pelo que não permitirá que os buques de guerra atravessem o Canal de Suez para levar a cabo uma ingerência bélica no país árabe.
 
Ademais, o chefe da Diplomacia egípcia, Nabil Fahmi, expressou na terça-feira 27 sua oposição a uma ofensiva belicista na Síria e reclamou uma solução política ao conflito.
 
Fahmi afirmou que uma resposta ao suposto uso de armas químicas na Síria deve consensuar-se nos organismos internacionais, em especial no Conselho de Segurança das Nações Unidas [CSNU].
 
Na semana passada, os terroristas, apoiados por países estrangeiros, acusaram ao Governo sírio de empregar armas químicas nos subúrbios de Damasco, umas alegações que foram rechaçadas contundentemente pelas autoridades sírias.
 
Os países ocidentais, especialmente EUA, Reino Unido e França, valendo-se de falsos motivos, buscam executar uma ofensiva militar contra a Síria.


Fonte: Hispan TV.-

COMUNICADO CONJUNTO #23 Governo-FARC


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La Habana, 28 de Agosto de 2013

As delegações do Governo e das FARC-EP informam que:
Continuaram avançando na construção de acordos sobre o segundo ponto da Agenda de Conversações, sobre participação política, especificamente sobre “Direitos e garantias para o exercício da oposição em g4eral e, em particular para os novos movimentos que surjam logo da assinatura do Acordo Final. Acesso aos meios de comunicação.

Discutiram e intercambiaram propostas sobre os outros temas contidos nesse ponto da participação política e participação cidadã
Na Mesa, as delegações apresentaram suas respectivas visões sobre “Implementação, verificação e refrendação” dos acordos, que corresponde ao ponto sexto da Agenda.

Ademais, as duas delegações têm apresentado visões gerais sobre todos os pontos da Agenda, ratificando o compromisso de abordar-os no desenvolvimento da discussão e das conversações da Mesa de La Habana
Receberam, tao e como foi informado em recente Comunicado Conjunto, os porta-vozes da Oficina de Nações Unidas em Colômbia e do Centro de Pensamento para a Paz da Universidade Nacional, para que coordenem todo o que seja necessário para a realização de um Foro com ampla participação dos cidadãos e organizações sociais de diversa índole, sobre o Quarto Ponto da Agenda, “Solução do problema das drogas ilícitas”

Reiteram seu agradecimento aos povos e países garantes, Cuba e Noruega, e aos países acompanhantes, Chile e Venezuela, por seu generoso apoio para o desenvolvimento das conversações.

Informam que o novo ciclo de conversações inicia o próximo 9 de setembro.

Nota de solidariedade do PCLCP ao “Paro Nacional Agrario y Popular” da Colômbia


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A paralisação agrária e popular que sacode o território nacional colombiano é a expressão mais forte e contundente de que o povo da Colômbia clama por mudanças, por melhorias em sua vida e por mais dignidade. Já são inúmeros os trabalhadores que pararam as suas atividades para se somarem a este movimento que tem tomado corpo todo em país. Com a participação de camponeses, indígenas, estudantes, trabalhadores e colombianos em geral, o movimento tem ganhado força ante uma conduta de governo altamente repressiva e antidemocrática.

Com reivindicações que visam amenizar os efeitos da crise e pôr limites às políticas sócio-econômicas do Estado colombiano, o movimento exige que se estabeleça uma mesa de diálogo com o governo de Juan Manuel Santos, a fim de que temas como concentração de terras, militarismo, tratados de livre comércio e a queda nos preços dos produtos agrícolas sejam debatidos, para que se chegue a um acordo positivo que favoreça aos interesses dos trabalhadores e da população em geral.

No entanto, o governo tem se mostrado bastante intransigente, colocando em movimento todo o seu aparato repressivo para acabar de forma violenta com as paralisações no país. Com isto o governo tem ficado numa situação cada vez pior, pois as paralisações e o seu respectivo apoio só aumentam, mesmo quando ele insiste em não reconhecer que tais movimentos sejam legítimos.

Sendo assim, o Polo Comunista Luiz Carlos Prestes vem se somar as demais forças e organizações para declarar o seu total apoio ao movimento agrário e popular colombiano, denunciando as violações dos direitos humanos praticadas pelo governo Santos, exigindo que o mesmo aceite negociar com esse movimento que é legítimo e justo. 

Chega de miséria, chega de agressão, digamos juntos basta a todas estas formas de violência e exploração que vem sendo praticadas sistematicamente contra os povos da Colômbia, seja pela oligarquia ou pelo seu governo de plantão.

Viva a luta dos camponeses!
Viva a luta dos trabalhadores!
Viva a luta do povo colombiano! 

Polo Comunista Luiz Carlos Prestes (Brasil)
25 de agosto de 2013

Esse é o Santos real


Entenda por que os médicos cubanos não são escravos


Brasil 247 - Autor de uma série de artigos sobre a vinda dos médicos cubanos, reunidos no 247 sob o título "O que você precisa saber sobre médicos cubanos" (leia mais aqui), o jornalista Hélio Doyle publicou neste domingo uma resposta clara aos jornalistas e críticos do programa Mais Médicos que apontam escravidão na vinda de profissionais de saúde daquele país. Leia abaixo: 

UM POUCO MAIS SOBRE OS MÉDICOS CUBANOS

Parece que o último argumento contra a contratação dos médicos cubanos é a remuneração que vão receber. Pois é ridículo, quando prevalecem fatos, indicadores internacionais e números, falar mal do sistema de saúde e da qualidade dos médicos de Cuba. A revalidação de diploma também não é argumento, pois os médicos estrangeiros trabalharão em atividades definidas e por tempo determinado, nos termos do programa do governo federal. Não tem o menor sentido, também, dizer que os cubanos não se entenderão com os brasileiros por causa da língua – primeiro, porque vários deles falam o português e o portunhol, segundo porque os médicos cubanos estão acostumados a trabalhar em países em que a lingua falada é o inglês, o francês, o português e dialetos africanos, e nunca isso foi entrave.

Resta, assim, a forma de contratação e, mais uma vez sem medo do ridículo, falam até de trabalho escravo. Essa restrição também não tem procedência, nem por argumentos morais ou éticos (e em boa parte hipócritas), nem com base na legislação brasileira e internacional. Vamos a duas situações hipotéticas, embora ocorram rotineiramente.


1 – Uma empreiteira brasileira é contratada por um governo de país europeu para uma obra. Essa empreiteira vai receber euros por esse trabalho e levar àquele país, por tempo determinado, alguns engenheiros, geólogos, operários especializados e funcionários administrativos, todos eles empregados na empreiteira no Brasil. Encerrado o contrato no país europeu, todos voltarão ao Brasil com seus empregos assegurados. Quem vai definir a remuneração desses empregados da empreiteira e pagá-los, ela ou o governo do país europeu? É óbvio que é a empreiteira.


2 – Os governos do Brasil e de um país africano assinam um acordo para que uma empresa estatal brasileira envie profissionais de seu quadro àquele país para dar assistência técnica a pequenos agricultores. O governo brasileiro será remunerado em dólares pelo governo africano. A estatal brasileira designará alguns de seus funcionários para residir e trabalhar temporariamente no país africano. Quem vai definir a remuneração dos servidores da empresa estatal brasileira e lhes fará o pagamento, a estatal brasileira ou o governo do país africano? É óbvio que é a empresa estatal brasileira.


Por que, então, tem de ser diferente com os médicos cubanos? Eles não estão vindo para o Brasil como pessoas físicas, nem estão desempregados. São servidores públicos do governo de Cuba, trabalham para o Estado e por ele são remunerados. Quando termina a missão no Brasil (ou em qualquer outros dos mais de 60 países em que trabalham), voltam para Cuba e para seus empregos públicos.


Não teria o menor sentido, assim, que esses médicos, formados em Cuba e servidores públicos cubanos, fossem cedidos pelo governo de Cuba para trabalhar no Brasil como se fossem pessoas físicas sendo contratadas. Para isso, eles teriam de deixar seus postos no governo de Cuba. Como não faria sentido que os empregados da empreiteira contratada na Europa ou da estatal contratada na África assinassem contratos e fossem remunerados diretamente pelos governos desses países.  Trata-se de uma prestação de serviços por parte de Cuba, feita, como é natural, por profissionais dos quadros de saúde daquele país.


A outra crítica é quanto à remuneração dos médicos cubanos. Embora menor do que a que receberão os brasileiros e estrangeiros contratados como pessoas físicas, está dentro dos padrões de Cuba e não discrepa substancialmente do que recebem seus colegas que trabalham no arquipélago. É mais, mas não muito mais. Não tem o menor sentido, na realidade cubana, que um médico de seus serviços de saúde, trabalhando em outro país, receba R$ 10 mil mensais. E, embora os críticos não aceitem, há em Cuba uma clara aceitação, pela população, de que os recursos obtidos pela exportação de bens e serviços (entre os quais o turismo e os serviços de educação e saúde) sejam revertidos a todos, e não a uma minoria. O que Cuba ganha com suas exportações de bens e serviços, depois de pagar aos trabalhadores envolvidos, não vai para pessoas físicas, vai para o Estado.  


A possibilidade de ganhar bem mais é que faz com que alguns médicos cubanos prefiram deixar Cuba e trabalhar em outros países como pessoas físicas. É normal que isso aconteça, em Cuba ou em qualquer país (não estamos recebendo portugueses e espanhóis?) e em qualquer atividade (quantos latino-americanos buscam emigrar para países mais desenvolvidos?). Como é normal que muitos dos médicos cubanos aprovem o sistema socialista em que vivem e se disponham a cumprir as “missões internacionalistas” em qualquer parte do mundo, independentemente de qual é o salário. Para eles, a medicina se caracteriza pelo humanismo e pela solidariedade, e não pelo lucro.

É difícil entender isso pelos que aceitam passivamente, aprovam ou se beneficiam da privatização e da mercantilização da medicina e da assistência à saúde no Brasil.
Os criticos dos médicos cubanos deveriam se preocupar com isso, que ocorre no Brasil em pleno século XXI
Trabalho escravo em empresa do agronegocio sediada no Brasil nos tempos atuais
Trabalho escravo no Brasil - Século XIX



quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Multitudinário caçarolaço na Praça Bolívar de Bogotá Manifestantes mostraram seu respaldo à paralisação agrária.


A praça de Bolívar foi cenário na noite desta segunda-feira de um “caçarolaço” no qual, segundo organizadores, participaram cerca de oito mil pessoas em sinal de respaldo aos campesinos e à paralisação agrária.



Durante o protesto se registraram choques momentâneos entre alguns manifestantes e o Esquadrão Móvel Antidistúrbios [Esmad]. As barreiras que protegiam o Capitólio Nacional foram derrubadas.
As pessoas que participaram no “caçarolaço” chegaram de municípios de Cundinamarca e de Boyacá, como Chía, Cota, Chocontá, Duitama, Tunja, Belén e Soracá. Também se somaram manifestantes de Bogotá, os quais saíram desde o Parque Nacional e da Praça de Toros, rumo a praça de Bolívar, às 7:00 da noite.


Apoio o protesto porque me sinto indignada ao ver que os campesinos recebem tão mau pagamento por seu trabalho. Por isso, ficaremos aqui até que isto termine”, afirmou Blanca Sánchez, de 54 anos.


Alguns manifestantes chegaram vestidos com ponchos e reclamaram apoio ao campo e um melhor tratamento da Força Pública para os protestantes.


Os Tratados de Livre Comércio têm afetado significativamente as pessoas que se dedicam ao agro na Colômbia. Exigimos respeito aos campesinos”, disse Julián Ortiz, um dos participantes do ‘caçarolaço’.


O agro é o setor mais esquecido do país e é o que melhor protegido deveria estar, porém não é assim”, acrescentou Camilo Valencia, na praça de Bolívar.


Se manterá fechada a rodovia oitava até que se terminem as manifestações.


REDAÇÃO DE  ANNCOL EM BOGOTÁ

terça-feira, 27 de agosto de 2013

SOLIDARIEDADE COM A GREVE E PARALISAÇÃO AGRÁRIA E POPULAR NA COLÔMBIA



A Paralisação Nacional Agrária e Popular que desde o dia 19 de agosto tem tomado conta das estradas, rodovias e ruas do nosso país irmão Colômbia é uma manifestação legítima da luta pela dignidade e soberania de todo o povo colombiano. Essa corajosa manifestação, que já é alvo da conhecida e brutal repressão por parte do Estado, é também um exemplo para todos os povos que sofrem com a tirania dos mercados dominados pela lógica neoliberal; da vida dominada pela perversa lógica do capital.

Por meio dos abaixo assinados expressamos toda a nossa solidariedade com as camponesas, camponeses, mineiros artesanais, indígenas, afrocolombianos, estudantes, trabalhadores da saúde, transportadores e todos os outros setores mobilizados das numerosas organizações que têm se somado à Paralisação Agrária e Popular. São justas às reivindicações que visam uma melhor qualidade de vida para a sociedade inteira, a soberania alimentar e a defesa da dignidade dos povos.

Chamamos ao fim das repressões militares e policiais contra os manifestantes assim como a proteção das lideranças sociais e pessoas mobilizadas que têm sido ameaçadas pelos grupos paramilitares. É preciso deixar de utilizar a velha desculpa de que o povo mobilizado é terrorista, é preciso parar de criminalizar as pessoas que tem a coragem de lutar pelo bem comum. O verdadeiro exercício democrático é aquele que escuta, respeita e atende o clamor da população.

Não há exagero nenhum nas demandas que falam em soberania alimentar, justiça social, proteção da diversidade cultural e natural das regiões, de coexistência pacífica na diferença, de equidade de gênero, de dignidade e democracia. Apoiamos às companheiras e companheiros que por elas se mobilizam, pois entendemos que suas reivindicações são lutas comuns, que são as nossas mesmas lutas.

LIBERDADE PARA O COMPANHEIRO HUBERT BALLESTEROS

VIVA A GREVE E PARALISAÇÃO NACIONAL AGRÁRIA E POPULAR

ASSINAM