"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 27 de abril de 2009

O Governo de Álvaro Uribe é cúmplice em delitos de Lesa Humanidade

Anncol

Ao fim de sua visita de uma semana na Colômbia, a missão coordenada por JUSTIÇA POR COLÔMBIA, e integrada por parlamentares britânicos, estadunidenses e canadenses-, emitiram um duro pronunciamento sobre a situação de direitos humanos na Colômbia. O documento anexo foi lido em roda de imprensa realizada no Congresso da República pela senhora Sandra Osborne, deputada trabalhista e integrante da Comissão de Relações Exteriores da Grã-Bretanha.

Esta semana o presidente Uribe Vélez visita a Espanha. O povo espanhol e suas organizações populares devem exigir sua renúncia para que responda por seus crimes e atropelos cometidos contra os colombianos desde o ano de 1982.
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DECLARAÇÃO DE IMPRENSA-

Governo de Álvaro Uribe é cúmplice em delitos de lesa humanidade

Somos uma delegação de parlamentares britânicos, sindicalistas estadunidenses, canadenses e britânicos. Passamos sete dias aqui na Colômbia, juntando informação sobre os abusos de direitos humanos e direitos trabalhistas. Nos reunimos com um amplo setor da sociedade colombiana, cobrindo interesses cívicos, políticos, jurídicos e militares, inclusive sindicatos, estudantes, professores, indígenas, camponeses, advogados sindicais, defensores de direitos humanos, e com os detidos libertados das FARC. Viajamos ao departamento de Arauca para escutar os testemunhos de comunidades e indivíduos afetados pelo conflito nessa região. Visitamos a prisão Bom Pastor e falamos com as mulheres presas políticas encarceradas ali. Também nos reunimos com Martín Sandoval, presidente da CPDH – Arauca, encarcerado injustamente em Arauca. Tivemos oportunidade de falar também com altos representantes do governo de Álvaro Uribe, além do próprio presidente. Estamos agradecidos a todos os indivíduos e grupos que tão generosamente nos cederam seu tempo.

Estamos em estado de choque pelo que escutamos, e não temos dúvidas, dadas as evidências recebidas, de que o governo colombiano de Álvaro Uribe, e a força pública são cúmplices de abusos de direitos humanos. Além disso, estamos convencidos que as atividades assassinas dos paramilitares são aprovadas e ativamente apoiadas pelo governo e o Exército. Estes crimes são agravados pela impunidade da qual gozam os autores destes delitos, e a falha do sistema judicial para processar aos criminosos e aos mandantes. Ao invés de encarcerar os verdadeiros autores, o governo tem prendido sindicalistas, membros da oposição política, além de defensores de Direitos Humanos, assim como o defensor de direitos humanos Martín Sandoval. Exigimos sua libertação imediata, e pela libertação imediata de outros prisioneiros políticos e sindicalistas.

Ao regressar ao Reino Unido e à América do Norte estaremos clamando pelo fim imediato de todo apoio militar e político ao governo colombiano. A não aprovação de qualquer Tratado de Livre Comércio até que os direitos humanos e trabalhistas sejam respeitados de uma maneira internacionalmente verificável.

Expor publicamente a cumplicidade de empresas multinacionais nas violações de direitos humanos e trabalhistas. Acabar de imediato com a criminalização da oposição democrática e legítima, inclusive à Senadora Piedad Córdoba, Senadora Gloria Inés Ramírez, representante Wilson Borja e o Doutor Carlos Lozano, entre outros. Apoiar o diálogo, um processo de paz, e um intercâmbio humanitário. O fim das execuções extra-judiciais e os falsos positivos perpetrados pelo Exército colombiano. Um informe completo de nossas investigações e recomendações será publicado em um futuro próximo.

Quarta-feira, 8 de abril de 2009

Assinam abaixo:
Katherine Craig: Advogada de Direitos Humanos. Viajou a Colômbia com a Caravana de advogados em Agosto de 2008.
Ian Davidson: Parlamentar Britânico do Partido Trabalhista.
Jeremy Dear: Secretário Geral do sindicato ‘A União Nacional de Jornalistas’ (NUJ) – o qual representa 32,000 jornalistas, também é o presidente de ‘Justice for Colombia’ e membro do Executivo da TUC e do Conselho Geral da TUC.
David Drever: Presidente do sindicato educativo, o ‘Instituto Educativo da Escócia’ (EIS), o qual representa 60,000 professores na Escócia.
Simon Dubbins: Diretor do Departamento de Relações Internacionais do sindicato ‘Unite the Union’, o qual representa 2,100,000 afiliados em vários setores, também é membro do Executivo do TUC Europeu e Presidente do setor gráfico da UNI (federação internacional).
Samuel Gurney: oficial do Departamento Internacional da TUC, com responsabilidade para Colômbia e outros países, também é membro do conselho da administração da OIT.
Sally Hunt: Secretária Geral do sindicato da educação 'La Unión de Universidad y Colegios' (UCU), o qual representa 118,000 professores universitários, também é membro do Comitê Executivo de Justice for Colombia e do Executivo e Conselho Geral da TUC, onde é porta-voz sobre assuntos internacionais.
Peter Kilfoyle: Parlamentar Britânico do Partido Trabalhista, anteriormente foi Ministro de Defesa.
Adam Lee: Oficial do sindicato, United Steelworkers (USW), o qual representa 1,2 milhões de afiliados de vários setores dos Estados Unidos e Canadá.
Andy Love: Parlamentar Britânico do Partido Trabalhista.
Karie Murphy: Assistente Parlamentar.
John O´Neill: Advogado da maior empresa de advogados trabalhistas da Grã-Bretanha ‘Thompsons Solicitors’.
Sandra Osborne: Parlamentar Britânica do Partido Trabalhista, Membro da Comissão Parlamentar de Assuntos Exteriores.
Stephanie Peacock: Membro do Comitê Executivo Nacional do Partido Trabalhista.
Frederick Redmond: Vice-Presidente Internacional do sindicato United SteelWorkers (USW), que representa 1,2 milhões de afiliados de vários setores nos Estados Unidos e Canadá, também é membro do Conselho Executivo da AFL-CIO.
Mark Rowlinson: Fiscal do sindicato, United Steelworkers (USW).Michael Shaw: Presidente do sindicato United Steelworkers (USW).

A notícia encontra-se em Anncol.eu.

domingo, 26 de abril de 2009

Fala irmão do Presidente Fernando Lugo

Eis a entrevista.

-Pompeyo Lugo, qual é sua opinião sobre a situação que vive o presidente?

Tudo o que estamos vendo e ouvindo forma parte do roteiro de uma guerra suja, uma tentativa de golpe de Estado encoberto.

-Quem está por trás desta guerra suja?

O crime organizado internacional, o narcotráfico, o narcoterrorismo, os contrabandistas de armas, os falsificadores, os contrabandistas de cigarros e os lavadores de dinheiro. Com Lugo, acabou o roubo no Paraguai, e todas essas pessoas roubaram demais nos últimos anos.

-Mas tudo começou com a denúncia de dois advogados de Viviana Carrillo...

Isso é falso. Viviana nunca apresentou pedido de paternidade. Foi a apresentação de uma tia dela, uma pessoa endividada, que contratou advogados que antes de recorrerem à Justiça pediram US$ 1 milhão ao presidente para manter silêncio. Querem destruir o presidente, mas isso não vai acontecer, porque o povo paraguaio está apostando na mudança, na vida e no amor.

-A tia foi paga para fazer a denúncia?

Por parte do presidente ela não recebeu dinheiro, não posso afirmar mais nada. Foi denunciado que a quinta mulher recebeu oferta de dinheiro para fazer a denúncia. Este é um golpe de Estado encoberto, que poderá ter consequências na região, porque estamos tentando, por exemplo, frear o contrabando de armas para o Brasil.

-Acredita na possibilidade de impeachment?

Esse é o objetivo dos golpistas. A ameaça existe, porque alguns congressistas são amigos de pessoas que fazem negócios ilegais.

-O senhor diz que é um assunto privado, mas Lugo era bispo quando Viviana engravidou...

Ele disse que foi um momento de fraqueza, mas também foi um momento de grandeza. Ele queria ser amado, queria amar, ela também, já com 23 ou 24 anos, tenho certeza que ambos decidiram ter esse filho. Também decidiram manter essa relação e esse filho no âmbito privado, porque ela é solteira e ele, um homem público.

-O que acha de Benigna Leguizamón?

É uma provocadora, e se o que diz é verdade deveria ser tratada por desequilíbrio emocional. Não acredito que tenha um filho dele.

-O senhor sabia da existência do menino?

Nossa família sabe guardar segredos, a vida privada é muito discreta. Não sabia nada.

-Ficou surpreso?

Não, porque é um homem vital e forte, me surpreendia é que não tivesse filhos.

-Mas o presidente era bispo...

Ele renunciou em 2004 e em 2005 a renúncia foi aceita pelo Papa (Lugo renunciou à Diocese de San Pedro em 2005, pediu a liberação de seu estado clerical em 2006, mas só obteve a dispensa no ano passado). Teria sido uma pena que essa árvore tivesse morrido sem plantar sequer uma semente.

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Em entrevista publicada no jornal Página/12, 25-04-2009, Pompeyo Lugo, afirma "ter um filho não é pecado mortal nem está proibido pela Constituição nem pelas leis". O pastor acrescentou que "não aceita o celibato porque creio na natureza humana e entendo que isso é o deve ter a primazia".

Uribe só autoriza

a Cruz Vermelha e a Igreja para contatos com as FARC

O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, informou ontem que o Comitê Internacional da Cruz Vermelha e a Igreja são as únicas instituições autorizadas a fazer contato com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) para a liberação unilateral do sub-oficial do Exército Pablo Emilio Moncayo.

Destaca uma informação de Prensa Latina que com essa declaração, Uribe parece que descarta a participação da Senadora liberal Piedad Córdoba, quem encabeça um amplo grupo da sociedade civil em favor do intercâmbio humanitário e mantém um diálogo epistolar com as FARC, a fim de achar uma solução para o conflito.

Foi precisamente a Senadora Piedad a quem as FARC anunciaram o passado 16 de abril em um Comunicado que liberariam unilateralmente a Moncayo.

Durante uma alocução transmitida pela televisão estatal Sinal Colômbia, Uribe disse que não permitirá que 'essas liberações se convertam em u festim politiqueiro'.

Recentemente, a Senadora Córdoba denunciou que a pressão militar que exerce o governo contra as FARC põe em risco a vida e a liberação unilateral de Moncayo e outros detidos.

Alertou que o governo 'está enfocado em realizar uma segunda Operação Xaque' e por isso mantém um constante acosso militar na zona onde supostamente encontram-se os detidos.

A Senadora referiu-se assim à operação do Exército na qual foram resgatados a colombo-francesa Ingrid Betancourt, três estadunidenses e onze uniformizados colombianos em 2 de julho de 2008.

'Dispormos de informações muito sérias em torno da existência de uma espécie de Operação xaque, o qual põe em grave risco a vida do filho do professor Gustavo Moncayo e de outras pessoas. Isso sim, já não é nossa responsabilidade', advertiu a SenadoraCórdoba.

As FARC anunciaram o passado 16 de abril em um Comunicado a liberação unilateral do militar, no qual também insistem na necessidade de um acordo humanitário para encontrar uma solução ao conflito interno.

'Ante a reiterada solicitude da Senadora Piedad Córdoba, de Colombianas e Colombianos pea Paz, do professor Moncayo e dos presidentes Rafael Correa (Equador) e Hugo Chávez (Venezuela), anunciamos nossa decisão de liberar unilateralmente o Cabo Pablo Emilio Moncayo', disse a missiva.

No Comunicado, as FARC afirmam claramente que entregarão o militar a uma comissão encabeçada pela Senadora Piedad o Professor Gustavo Moncayo, pai do detido, uma vez organizados os mecanismos que possam garantir a segurança da Operação.

Senadora Piedad Córdoba diz

que o exército pretende resgatar pela força refém que FARC prometeu entregar-lhe.

AFP/ANNCOL

A Senadora Piedad Córdoba, a quem a guerrilha das FARC prometeu entregar-lhe o sub-oficial Pablo Emilio Moncayo, disse que estava preocupada porque o governo colombiano planeja resgatá-lo com apoio internacional.

"Nos preocupa muito, por isso o estou advertindo, há demasiada informação, gravações que estão em nossas mãos, dão conta da dinâmica que se está gerando e compromete embaixadas de vários países, para fazer uma espécie de nova “operação xeque¨ disse a Senadora aos jornalistas.

A Congressista referia-se ao controvertido operativo do exército no qual foram resgatados, a colombo-francesa Ingrid Betancourt, três estadunidenses e onze 11 militares e polícias colombianos que estavam em poder das FARC, o passado 2 de julho.

A Senadora manifestou seu temor em torno ao sub-oficial Moncayo, chamando a atenção sobre o silêncio e a demora do governo em definir a logística da entrega uma semana depois de ter sido anunciada.

Tomara que os europeus não caiam na arapuca uribista.

sábado, 25 de abril de 2009

Esgotamento de Uribe

Uribe mostra sintomas de esgotamento. Há sinais importantes disso. Seus filhos fazem negócios "non sanctos" – segundo eles – sem sua aprovação; os ministros não cumprem suas tarefas. Teve que dar marcha atrás em decisões já tomadas sobre os referendos em andamento (da água e a cadeia perpetua para violadores de crianças); foi obrigado a reduzir o preço da gasolina para evitar a greve dos caminhoneiros, e solicitar um empréstimo ao FMI por US$10.400 milhões para enfrentar a recessão econômica depois de dizer durante mais de 10 meses que a economia colombiana estava blindada diante da crise mundial.

Todo o anterior depois do ridículo comportamento em Trinidad e Tobago, que Fidel Castro comentou assim: “À esquerda de Obama estava um senhor que não pude identificar bem, quando botava a mão nas costas de Obama, como um colegial de oito anos a um companheiro da primeira fila.” E teve a insolência de apresentar como um grande sucesso de sua diplomacia, ter conseguido um autógrafo do presidente dos EE.UU. em um guardanapo. Era a prova de que obteve a promessa de uma cita em Washington e de uma futura visita de Obama à Colômbia. ¿Que podemos dizer? ¡Indigno demais! Soberbo e altaneiro com o povo colombiano, de joelho ante o Império.

No anúncio público da obrigada redução do preço do combustível estava furioso. Não era para menos. Ademais, sua política exterior tem sido atingida pelos questionamentos internacionais à lei de justiça e paz, a denúncia dos “falsos positivos” e a descarada espionagem dos organismos de inteligência do alto governo a magistrados, políticos, jornalistas e empresários. Ainda que os meios de comunicação colombianos não divulguem esses crimes de Estado, já as opiniões européia e norte-americana estão informadas. Graves serão as repercussões.

Apesar de todo e contra todo prognóstico, ele continua com sua estratégia de nova reeleição. A inocultável corrupção na campanha da recolhida das assinaturas, a opinião de numerosos setores empresariais e da igreja contra tal propósito, a descida nas pesquisas, as divergências entre alguns setores da coalizão do governo, os conceitos de destacados constitucionalistas e muito mais, mas ele segue enfrente. Seu destino está escrito. Ele não tem obsessão pelo poder, como pensam alguns. São os crimes cometidos por ele os que o obrigam a se manter atrelado ao poder. Não acredita em ninguém de seus áulicos para uma possível sucessão. Ficam para ele só dois caminhos: prolongar seu mandato mediante uma “ditadura constitucional” ou enfrentar em curto prazo a justiça, se não na Colômbia, então, na Corte Penal Internacional Eis sua arapuca e sua tragédia.
Com toda a mesa servida, as forças da oposição e da esquerda não ajustam sua estratégia. O Partido Liberal vacila entre radicalizar sua oposição a Uribe ou chegar a acordos com setores uribistas. O Polo se enreda em pequenas brigas intestinas. Fajardo segue sua marcha aspirando a passar pelo meio. As forças sociais sem a unidade nem a força que o momento requer. Parecesse que as influencias e aspirações político-eleitorais entorpecessem a ação política que pode encabeçar La Minga, o movimento das vítimas do conflito e outros setores sociais.

A luta pela paz e a reconciliação seguem muito atuais. É outra das debilidades de Uribe. O movimento “Colombianos pela Paz” continua a fazer esforços por criar cenários de diálogo, mas, termina –sem se propor isso- condicionado pelas respostas e/ou ações das FARC. Se necessita uma ação autônoma e independente que represente com maior força e vigor a sociedade no seu conjunto. A guerra deve ser desativada para sempre!

Uribe passa por umde seus piores momentos. Não devem deixar que respire. Necessita com urgência de alguma loucura da insurgência. Seria o oxigeno que tanto necessita. Tomara que isso não aconteça.

ferdorado@gmail.com

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Pega, lê

Ou a bomba nuclear que Chávez plantou nos EUA.



Por Pedro Gerardo Nieves.



Um dia que Santo Agostinho, violentamente agitado pelas vacilações que precederam sua conversão, havia-se refugiado em um bosque para meditar, ouviu uma voz que pronunciava estas palavras: Tolle lege. Mirando, então, um livro que lia seu amigo Alipio leu uma epístola de São Paulo, que decidiu sua conversão. (Pequeno Larousse Ilustrado, por Miguel de Toro e Gisbert. Buenos Aires, Argentina: Editorial Larousse, 1964, p. xv.)

Tolle, lege (pega, lê) são as imperativas palavras que os saqueados povos de América Latina dirigiram-lhe ao presidente de Estados Unidos por meio de Hugo Chávez para que se informasse em detalhe sobre os assassinatos, saques e demais abominações que os impérios perpetraram contra nós e nossas terras desde há já 500 dolorosos anos. O livro que o Comandante obsequiou ao presidente estadunidense “As veias abertas de América Latina”, do intelectual uruguaio Eduardo Galeano, documenta a ingerência das potências mundiais e faz um extensivo reconto das consequências do colonialismo e o imperialismo -europeu antes e ianque agora-, fazendo reflexivo ênfase nas mais cruas e indignantes. Nos explica ademais Galeano nessa obra, que não podemos ler sem ser agitados emocionalmente, que temos sido roubados e espoliados para financiar a opulência capitalista das colônias de além e aquém.

E mesmo que um imbecil do Departamento de Estado, um assessor de Obama que tem o muito colombiano (¿quando não?) apelido Restrepo, disse que: “se trata de um livro do passado que queremos deixar atrás", a verdade é que essa obra é uma verdadeira e positiva bomba nuclear que o Presidente Chávez tem plantado no tecido social e intelectual estadunidense.

UM PRESIDENTE QUE LÊ E ESCREVE

Disse a BBC de Londres que “ademais de contratar agências de publicidade de renome e trajetória, quiçá as editoriais deveriam enviar copias de seus livros à mesa de noite do presidente da Venezuela, já que essa não é a primeira vez que Chávez se apresenta como um grande promotor de livros. Há três anos, suas recomendações literárias levaram ao posto número um a obra “Hegemonia ou super-vivência”, do intelectual estadunidense Noam Chomsky. Se esta vez seu palco foi a V Cúpula das Américas em Trinidad y Tobago, naquela oportunidade Chávez aproveitou a reunião das Nações Unidas, em Nova York, para publicitar esse livro”.

E é que Chávez é um Presidente subversivo que sabe que a voz é como um disparo e que uma gráfica, como disse Bolívar o Pai da Pátria “é a artilharia do Pensamento”. De fato, a versão em inglês de “As veias abertas de América Latina”, ao momento de escrever esta matéria, encontrava-se no posto No. 02 e próximo de ultrapassar o bestseller do momento no mercado estadunidense. Graças a Chávez, o livro deixou o posto 54.295 do ranking de Amazon.com, passando a ser o segundo livro mais vendido (sendo questão de horas chegar ao lugar de honra). Belo triunfo.

Os venezuelanos, que estamos orgulhosamente acostumados a um Presidente que não só é campeão em sucessos e ações, senão um verdadeiro rato de biblioteca, presenciamos desde a chegada da Revolução Bolivariana um assombroso incremento da leitura e da socialização do livro em todos os âmbitos da vida cotidiana. Fontes da indústria do livro no país e do Ministério da Cultura, que é o ente executor desta revolucionária política pública de fomento da leitura, dão conta de assombrosos números que, porém, não retratam a realidade quantitativa desta Revolução do pensamento e da liberdade: o povo venezuelano se libera do jugo da manipulação dos meios de comunicação e se converte em leitor crítico capaz de entender os desafios da história e de avançar na construção coletiva da felicidade. Hoje mais do que nunca, na Venezuela obedecemos à máxima do apóstolo José Martí, quem desde os séculos nos diz que “ser cultos é a única maneira de sermos livres”.

AS CONSEQUÊNCIAS DA BOMBA NUCLEAR

Desde já, pode escrever, milhões de estadunidenses, que no passado recente leram o preclaro livro de Noam Chomsky “Hegemonia ou super-vivencia” por agitador e telúrico imperativo do Comandante Chávez, têm-se dedicado a ler “As veias abertas de América Latina” de Eduardo Galeano. Ler-ão-o com desprezo, assombro ou perplexidade, mas os milhões de vítimas de 5 séculos de história que denunciam através da obra de Galeano a infâmia do imperialismo, algum impacto devem gerar nas mentes e corações dos ianques bons (que certamente há). Barack Obama seguramente vai minimizar o conselho do tarado Daniel Restrepo e, ainda que não aceite seu conteúdo, como Santo Agostinho poderá escutar a voz: toma e lê. Algum gen de sua negritude se verá nas páginas que retratam a atroz injustiça e refletirá , não sabemos como, em torno da construção de um mundo melhor, em um país como EUA onde um assombroso 33% dos jovens pensam que o socialismo é o melhor sistema político. “Escreve que algo fica”, nos dizia o velho roble comunista de Kotepa Delgado. E Chávez, com suas “Líneas”, com seus discursos, com sua agitação de consciências, sabe disso perfeitamente.

pegenie@hotmail.com

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Por que as Veias Abertas?

Autor: Emir Sáder

Por que Hugo Chavez escolheu esse livro para dar de presente ao presidente dos EUA?

Porque é um dos livros essenciais para entender a América Latina e os próprios EUA. “ Há dois lados na divisão internacional o trabalho: um em que alguns países especializam-se em ganhar, e outro em que se especializaram em perder. Nossa comarca do mundo, que hoje chamamos de América Latina, foi precoce: se especializou em perder desde os remotos tempos em que os europeus do Renascimento se abalançaram pelo mar e fincaram os dentes em sua garganta.”

Um livro que se fundamenta na compreensão da nossa América nos dois pilares que articulam nossa violenta inserção subordinada no mercado capitalista internacional: o colonialismo e os dos maiores massacres da história da humanidade – a aniquilação dos povos indígenas e a escravidão. O capitalismo chegou a estas terras espalhando sangue, revelando ao que vinha. Não a trazer civilização fundada nas armas e no crucifixo, mas opressão, discriminação, exploração dos recursos naturais e dos seres humanos.

O processo de colonização, que mudou de forma com a exploração imperial, é o fundamento do tema central e do nome do livro: “É a América Latina a região das veias abertas. Desde o descobrimento até nossos dias, tudo se transformou em capital europeu ou, mais tarde, norte-americano, e como tal se acumulou e se acumula até hoje nos distantes centros do poder. Tudo: a terra, seus frutos e suas profundidades, ricas em minerais, os homens e sua capacidade de trabalho e de consumo, os recursos naturais e os recursos humanos. O modo de produção e a estrutura de classes de cada lugar foram sucessivamente determinados, de fora, por sua incorporação à engrenagem universal do capitalismo”.

As Veias demonstram claramente como “...o subdesenvolvimento latino-americano é uma consequência do desenvolvimento alheio, que nós, latino-americanos, somos pobres porque é rico o solo em que pisamos, e que os lugares privilegiados pela natureza se tornaram malditos pela história. Neste nosso mundo, mundo de centros poderosos e subúrbios submetidos, não há riqueza que não seja, no mínimo, suspeita.”

“Com o passar do tempo, vão se aperfeiçoando os métodos de exportação das crises. O capital monopolista chega a seu mais alto grau de concentração e o domínio internacional dos mercados, os créditos e investimentos, torna possível a sistemática e crescente transferência ds contradições: a periferia paga o preço da prosperidade dos centros, sem maiores sobressaltos.” “Já se sabe quem são os condenados que pagam as crises de reajuste do sistema. Os preços da maioria dos produtos da América Latina baixam implacavelmente em relação aos preços dos produtos comprados dos países que monopolizam a tecnologia, o comércio, a indústria e o crédito.

O presidente dos EUA disse, com razão, que a reunião de Trinidad Tobago demonstrará seu significado pelos efeitos concretos que tenha. Nenhum efeito será mais importante do que as conseqüências que ele – e tantos outros mandatários latino-americanos – tirem da leitura as "Veias Abertas da América Latina". As verdades de suas páginas foram confirmadas ao se transformar o livro em prova irrefutável do caráter subversivo de quem fosse pego com um exemplar na sua casa, durante as ditaduras militares latino-americanas.

Mas a força de suas verdades é o que responde pelo fato de ele seja o livro latino-americano que merece estar em qualquer lista de leituras indispensáveis, feitas ou por fazer. No melhor presente que um latino-americano pode dar ao presidente dos EUA, a todo e qualquer norte-americano, a todos os latino-americanos, pelo que decifra da nossa história e a nossa identidade, do nosso passado e do nosso presente.

Novo modelo de sociedade

Escrito por Frei Betto*

Ao participar do Fórum Econômico Mundial para a América Latina, a 15 de abril, no Rio, indaguei: diante da atual crise financeira, trata-se de salvar o capitalismo ou a humanidade? A resposta é aparentemente óbvia. Por que o advérbio de modo? Por uma simples razão: não são poucos os que acreditam que fora do capitalismo a humanidade não tem futuro. Mas teve passado?

Em cerca de 200 anos de predominância do capitalismo, o balanço é excelente se considerarmos a qualidade de vida de 20% da população mundial que vivem nos países ricos do hemisfério Norte. E os restantes 80%? Excelente também para bancos e grandes empresas. Porém, como explicar, à luz dos princípios éticos e humanitários mais elementares, estes dados da ONU e da FAO: de 6,5 bilhões de pessoas que habitam hoje o planeta, cerca de 4 bilhões vivem abaixo da linha da pobreza, dos quais 1,3 bilhão abaixo da linha da miséria. E 950 milhões sofrem desnutrição crônica.

Se queremos tirar algum proveito da atual crise financeira, devemos pensar como mudar o rumo da história, e não apenas como salvar empresas, bancos e países insolventes. Devemos ir à raiz dos problemas e avançar o mais rapidamente possível na construção de uma sociedade baseada na satisfação das necessidades sociais, de respeito aos direitos da natureza e de participação popular num contexto de liberdades políticas.

O desafio consiste em construir um novo modelo econômico e social que coloque as finanças a serviço de um novo sistema democrático, fundado na satisfação de todos os direitos humanos: o trabalho decente, a soberania alimentar, o respeito ao meio ambiente, a diversidade cultural, a economia social e solidária, e um novo conceito de riqueza.

A atual crise financeira é sistêmica, de civilização, a exigir novos paradigmas. Se o período medieval teve como paradigma a fé, o moderno a razão, o pós-moderno não pode cometer o equívoco de erigir o mercado em paradigma. Estamos todos em meio a uma crise que não é apenas financeira, é também alimentar, ambiental, energética, migratória, social e política. Trata-se de uma crise profunda, que põe em xeque a forma de produzir, comercializar e consumir. O modo de ser humano. Uma crise de valores.

Desacelerada a ciranda financeira, inútil os governos tentarem converter o dinheiro do contribuinte em bóia de salvação de conglomerados privados insolventes. A crise exige que se encontre uma saída capaz de superar o sistema econômico que agrava a desigualdade social, favorece a xenofobia e o racismo, criminaliza os movimentos sociais e gera violência. Sistema que se empenha em priorizar a apropriação privada dos lucros acima dos direitos humanos universais; a propriedade particular acima do bem comum; e insiste em reduzir as pessoas à condição de consumistas, e não em promovê-las à dignidade de cidadãos.

Há que transformar a ONU, reformada e democratizada, no fórum idôneo para articular as respostas e soluções à atual crise. Urge implementar mecanismos internacionais de controle do movimento de capitais; de regular o livre comércio; de pôr fim à supremacia do dólar e aos paraísos fiscais; e assegurar a estabilidade financeira em âmbito mundial.

Não haveremos de encontrar saída se não nos dermos conta de que novos valores devem ser rigorosamente assumidos, como tornar moralmente inaceitável a pobreza absoluta, em especial na forma de fome e desnutrição. É preciso construir uma cultura política de partilha dos bens da Terra e dos frutos do trabalho humano, e passar da globocolonização à globalização da solidariedade.

As Metas do Milênio e, em especial, os sete objetivos básicos do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, de 1995, devem servir de base a um pacto para uma nova civilização: 1) Escolaridade primária universal; 2) Redução imediata do analfabetismo de adultos em 50%; 3) Atenção primária de saúde para todos; 4) Eliminação da desnutrição grave e redução da moderada em 50%; 5) Serviços de planificação familiar; 6) Água apta para o consumo ao alcance de todos; 7) Créditos a juros baixos para empresas sociais.

A experiência histórica demonstra que a efetivação dessas metas exige transformações estruturais profundas no modelo de sociedade que predomina hoje, de modo a reduzir significativamente as profundas assimetrias entre nações e desigualdades entre pessoas.

* Frei Betto é escritor, autor, em parceria com Luis Fernando Veríssimo e outros, de "O desafio ético" (Garamond), entre outros livros.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Rompero o bloquio da mídia:

Simón Trinidad na memória dos povos

Por Yolanda Castro

Simón Trinidad disse ao lembrar a biografia escrita de Nelson Mandela: "quem dita a forma da luta é o opressor e nunca o oprimido". É Colômbia um país que em toda sua história tem tido uma oligarquia governante que tem imposto sua organização política e consolidado sua estrutura econômica mediante o terror.

A horrorosa política contra-insurgente que aplicada por Álvaro Uribe desde o ano 2002, denunciada por organismos internacionais e associações de reconhecido prestigio na luta e defesa pelos direitos humanos, não é uma nova estratégia para consolidar um Estado criminoso de direito, mas o arraigo das técnicas especializadas e aperfeiçoadas através do tempo, na sucessão e alternância do poder estabelecido.

Poucos lembram que em maio de 1984, as FARC-EP tomaram a transcendental decisão de propor e iniciar uma trégua. Produto da suspensão da atividade insurgente e de posteriores acordos de paz com o governo do presidente Belisario Betancour, o movimento guerrilheiro confluiu na organização da União Patriótica. Todos os acordos de trégua e paz foram rompidos, única e exclusivamente como conseqüência das provocações criminais do militarismo, aliado do narcotráfico latifundiário, que inicia, primeiro, o assassinato seletivo de determinados dirigentes políticos e que a seguir continua com massacres coletivas de toda sua base social, amparados e legitimados pelos sucessivos governos colombianos que, com a ajuda e no marco de uma nova estratégia impulsionada pelos setores ultra-direitistas norte-americanos, iniciaram o desprestígio de todo o Movimento Guerrilheiro vinculando-o ao narcotráfico e incluindo-o no conceito nas listas de organizações terroristas.

Apesar de todas as campanhas da grande mídia contra as FARC-EP e apesar, igualmente, de que o líder guerrilheiro Simón Trinidad é seqüestrado em território equatoriano, com a violação flagrante dos princípios essenciais do Direito Internacional Público, e extraditado pela Colômbia para EUA., seu juízo, no qual infringiram todos os princípios democráticos fundamentais de presunção de inocência e de direito a um processo judicial com todas as garantias, resultou nulo porque os cidadãos estadunidenses que formaram parte do jurado mantiveram posições irreconciliáveis durante as deliberações de considerar-lo um terrorista e um narcotraficante e não puderam chegar por três vezes a um veredicto por unanimidade.

Simón Trinidad volveu a ser julgado como "conspirador" acusado da captura de três militares estadunidenses cujo avião foi derrubado no sul da Colômbia, em território controlado pela guerrilha. No há uma só prova, sequer, que relacione diretamente a Simón Trinidad com esse feito; simplesmente se tem seguido o fio argumental apresentado pela parte acusadora consistente em imputar ao, nesse momento, negociador e porta-voz das FARC-EP para um possível intercâmbio humanitário, todas as ações atribuídas à Organização Guerrilheira.

A pena que cumpre o líder guerrilheiro nas masmorras do império é por mais de 50 anos, nas piores condições possíveis, em absoluto isolamento e com medidas de controle e submetimento mais refinadas, similares às aplicadas na base ilegal norte-americana de Guantánamo.

Como conclui a última carta conhecida de Simón Trinidad: "Quando ingressei nas FARC, o fiz ciente de perder a vida ou a liberdade por alcançar uns ideais de justiça social para o povo colombiano e de paz para meu país. Hoje, perdida minha liberdade física, conservo intactos esses ideais, estimulados por outros homens e mulheres (...) gentes que levantam as mesmas bandeiras, porque compartilham as palavras ditas pelo mártir da independência de Cuba, José Martí, quando afirmou: “O que Bolívar não deixou feito, sem fazer está até hoje”. E essa é a tarefa por cumprir pelas pessoas que lutam pela justiça, a meio delas estarão os guerrilheiros e guerrilheiras das Forças Armadas Revolucionárias de Colômbia – Exército do Povo".

Rompamos o bloqueio da grande mídia que se estende sobre a figura desse combatente revolucionário e exijamos constantemente o que é justo: a liberdade para Simón Trinidad, Sonia, e todos os guerrilheiros e lutadores pela independência, a dignidade e a soberania da Colômbia e de todos os povos do mundo. Que permaneçam sempre em nossa memória.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Nova batalha ganha...

...por Cuba e o Bloco da ALBA

Por Carlos Aznárez

Sem dúvida alguma e, apesar dos pesares do Império e seu novo rosto representado pelo Barack Obama, a grande estrela da recente Cúpula das Américas foi a primeira revolução socialista do continente e seus companheiros que junto com ela integram a Alternativa Bolivariana para os Povos de América (ALBA).
Depois de 50 anos de batalha pela independência e a soberania de seu próprio país, Cuba obteve uma vitória grandiosa ao pôr contra as cordas, mais uma vez, o Imperialismo norte-americano e gerar o maior consenso de solidariedade favorável à sua posição relacionada com o levantamento total e para sempre, do bloqueio criminal que EUA e todos seus aliados ocidentais aplicam contra a Ilha desde há mais de quatro décadas.

Isso não é um milagre nem nenhuma casualidade, mas algo que tem a ver com a resistência conseqüente que Cuba sempre tem demonstrado nos duros momentos que tem vivido por culpa da política genocida das administrações que têm governado desde Washington. O povo cubano sabe muito bem o que significam esses últimos anos em relação com a dignidade e consciência para superar as carências impostas pelo bloqueio. É por isso que justamente agora, toda América Latina tem-se posto de pé para acompanhar Cuba em sua exigência. De nada valem os sinais hipócritas que podem se inferir do comportamento do presidente Obama se, desde logo, não vão acompanhados de fatos contundentes.

O outro vento fresco que invadiu a Cúpula por todos seus flancos, foi aquele dos países que integram a ALBA: pesaram com muita contundência, demonstrando que nesse aspecto sim, as coisas têm cambiado para melhor no continente.

Dentro desse marco, deve-se analisar se realmente, como nos quer fazer crer a avalancha da grande mídia, Obama representa um câmbio real ou trata-se de uma sutil e inteligente estratégia do império para passar da fracassada política do pau e o garrote para a do cacetete e a cenoura. EUA chegou à Cúpula das Américas sabendo que a “frente de rechaço” representado pelos países que integram a ALBA, não estavam dispostos a retroceder um milímetro em suas posições de crítica severa aos males impostos pelo capitalismo selvagem, nem tampouco a admitir que a política ingerencista norte-americana siga imaginando o continente como seu pátio traseiro.

De fato, já tinha-se dado a conhecer o primeiro grande choque quando se rechaçou enfaticamente o projeto de declaração da Cúpula, levando a que finalmente muitos países não o assinaram “por representar um aberto retrocesso” perante o ganhado na Cúpula de Mar do Prata, quando se enterrou a ALCA.

No mesmo momento em que Obama repartia sorrisos e multiplicava seus gestos simpáticos para os mandatários que o saudavam em Trinidad-Tobago, seus aviões de guerra seguiam bombardeando Paquistão (assassinando una dúzia de civis, entre eles vários meninos e meninas), e outros similares uniformizados massacravam civis no Iraque ocupado e resistente. Essa é a essência fundamental e dramática dos “câmbios” que representa Obama, mais lá de seus sorrisos mentirosos.

Mas, ainda, tem mais. Para o mandatário norte-americano, “o povo de Cuba não é livre”, “não há liberdade de opinião nem religião” e, também, “seus cárceres estão lotados de presos políticos”. Dessa simples e tergiversada maneira de entender a realidade, o “gringo bom” sugere que o bloqueio não se levantará e que só estaria disposto a discutir algumas concessões. Diz isso o mesmo chefe de Estado cujo governo tem violado a liberdade e a soberania de dezenas de países e cujos militares continuam aterrorizando a milhares de moradores no Médio Oriente. Afirma isso o maior aliado da política genocida sionista contra povo palestino, e o representante político das trasnacionais vorazes que mantém cativos a centenas de países do Terceiro Mundo, ou o corre-ve-i-dile dos fabricantes de armas que abastecem o arsenal bélico de polícias e exércitos do planeta.

De que câmbios fala mister Obama, quando suas receitas econômicas só buscam re-lançar experiências como a do FMI e o Banco Mundial, que tanta fome, miséria e dependência têm gerado com sua atuação. Ou por acaso, alguém tem escutado que abrirá los cárceres de seu país onde permanecem confinados dezenas de milhares de latinos, mulheres e homens afro-descendentes (como o próprio Obama). Ou que serão liberados e enviados de volta para Cuba os 5 heróis detidos por lutar contra o terrorismo. ¿E Mumia Abu-Jamal, e Leonard Peltier, e os revolucionários porto-riquenhos que há quase 40 anos estão se apodrecendo nas prisões dos EUA? ¿Haverá dito algo Obama da situação de ocupação ilegal que suportam Puerto Rico e Guantánamo? ¿Escutaram alguma palavra sobre a situação de manter dezenas de bases de ocupação e intervenção militar em todo o planeta, em aberta violação da soberania dos povos?
¿Câmbios de que? ¿De maquiagem? Porque sobre a espoliação, a ingerência e a ocupação ilegal de territórios, parece que pouco abordou-se.

De todas maneiras, se bem houve presidentes (e presidentas) que em Trinidad-Tobago conectaram plenamente com a Obamanía e terminaram jogando o triste papel de intermediários entre o Império e os países, com discurso mais radicalizado (por ter na sua frente governos revolucionários e não simplesmente “progressistas”), o certo é que o mandatário estadunidense teve que conformar-se com receber um trato educado e cordial, mas não logrou quebrar a disciplina que levou à reunião o Bloco ALBA. Escutou severas críticas ao imperialismo por parte do nicaragüense Daniel Ortega, ou o digno discurso do presidente Evo Morales quando explicou com luxo de detalhes a conivência entre o governo norte-americano e sua embaixada em La Paz e a oposição fascista que recentemente tentou assassinar-lo. E por si faltava algo, não pôde mais que sorrir com cara de despistado, quando Hugo Chávez lhe obsequiou, “para que se instrua sobre o Imperio”, o imprescindível livro de Eduardo Galeano, “As veias abertas de América Latina”.

Repetindo: os grandes vencedores dessa nova batalha foram aqueles que desde seus povos e governos, têm mantido em alta as bandeiras da resistência contra imperialismo e suas oligarquias locais, aqueles que encurralam com suas mobilizações e iniciativas de solidariedade entre nações, o capitalismo e seus lacaios. Essa atitude e não outra, é a que tem obrigado a EUA a ter que cambiar de estratégia e disfarçar o lobo de cordeiro para tentar reverter uma situação, que como bem disse o Comandante Fidel Castro em sua última visita a Argentina, “levará o Império a sua desaparição antes que termine este século”.

Quando desde os países da ALBA se aponta a que a única forma de sair da atual crise inter-capitalista é avançar rumo à construção do Socialismo, se está apresentando um caminho sem retorno, que a mediano prazo gerará -ninguém duvide- enfrentamentos de maior calado com a política imperial dos Obama ou de seus sucessores. Crer o contrário, e cair no jogo astuto de Obama e sua comparsa, pode resultar atraente para a camada de mandatários “progressistas”, que tanto o louvaram em Trinidad-Tobago, mas para aqueles que propõem um câmbio estrutural no continente, fica meridianamente claro que como dizia o Che, “no imperialismo não devemos ter nenhum poquinho de confiança”.

*Diretor de “Resumen Latinoamericano”

segunda-feira, 20 de abril de 2009

O que a grande mídia...

...nunca informa sobre o governo de Hugo Chávez

Esta postagem é para aqueles que só ouvem falar que Chávez é um
ditador, um populista fanfarrão, que explora a miséria dos venezuelanos.

Segue abaixo o resultado de nove anos do governo Chávez, completados
no último dia dois de fevereiro (02/02/2008).

Analfabetismo: Na Venezuela, havia 1,5 milhão de analfabetos. Em
2005, a UNESCO declarou o país território livre do analfabetismo.

Pobreza extrema: Em 1998, mais de 20% da população vivia em pobreza
extrema. Em 2007, o índice caiu a menos da metade: 9,4%.

O desemprego caiu de 16,6% para 6,3%.

Salário mínimo: Em dólar, subiu de 153,1 para 285,9. Em bolívares:
de 75 mil para 614,79 mil

Relação dívida-PIB: Em 1998, a dívida era de 78,1% do PIB. Em 2007, 18,5%

Relação divida externa-PIB: Caiu de 25,5% para 11,3%

Investimentos em educação: porcentagem em relação ao PIB cresceu de
3,38% para 5,43%

Investimentos em Saúde: porcentagem em relação ao PIB cresceu de
1,36% para 2,25%

Mortalidade infantil, por mil crianças nascidas vivas: caiu de 21,4
para 13,9 por mil

Crianças no pré-escolar: Aumentou de 44,4% para 60,6%

Educação média: Foi de 26,9% para 41%

Ensino Superior: Aumentou de 22,6% para 30,2% o número de matriculados

Matrícula escolar e número de escolas. De 1.921 escolas e 427,5 mil
matrículas passou para 5.500 escolas e 1,1 milhão de matrículas.

Programa de alimentação escolar: de 252,2 mil para 1,81 milhão de
beneficiados.

Matrículas em escolas técnicas: de 31,4 mil para 203,9 mil.

Acesso à água potável: de 80% para 92% da população.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), um indicador internacional
medido pela Organização das Nações Unidas (ONU), em que 0 (zero) é o
mínimo e 1 (um) o máximo, subiu de 0,691 em 1998 a 0.878, em 2007, o
que significa um aumento de 33%.
Quem quiser mais números sobre a Venezuela (inclusive com gráficos
comparativos ano a ano) clique aqui, para os indicadores sociais, e
aqui, para os econômicos. São documentos em pdf.

Você, meu sagaz leitor, você, minha arguta leitora, já leu algum
desses números na nossa grande, imparcial e democrática imprensa?

Sabe por que ela não publica esses números? Porque ela "escolhe" o que quer colocar na sua e na minha cabeça! (Damir)

A condenação de Fujimori

Por Juán Diego García.


A condenação de Alberto Fujimori é destacada como um feito excepcional porque rara vez um ex-presidente é acusado por crimes cometidos em nome do Estado.

Se assume, com boa doses de cinismo, que o sistema tem “tubulações” e o terrorismo de Estado se justifica sempre em nome dos grandes interesses da coletividade ou, como mal menor ou necessário, pelos quais o governante se vê impelido, ainda que "contra sua vontade" a violar a lei. Com isso todo o edifício jurídico se vê afetado e se abre a porta da impunidade às condutas mais sinistras.

Em realidade, poucos governantes podem dizer que respeitam rigorosamente a legalidade sem incorrer em esse tipo de delitos amparados pela imunidade que concede o cargo; ademais, sempre se afirmou que tais práticas eram próprias das ditaduras tropicais, do fascismo europeu ou do sistema comunista. Porém, todas as chamadas democracias burguesas consolidadas têm incorrido ou incorrem nesse tipo de crimes ou propiciam-los, para não mencionar os horrores das guerras imperialistas e o crime atroz do colonialismo. Por muitos motivos mais governantes dos que se pensa deveriam, como Fujimori, sentar-se no banco dos acusados; nesse caso, todos aqueles que dentro e fora de Perú se beneficiaram desse "pacificador eficaz" que a sangue e fogo exterminou a guerrilha de Sendero Luminoso, o movimento Tupac Amaru e, de passo a oposição sindical e social, garantindo à burguesia crioula e às transnacionais um lugar ideal para investir e saquear. Tão condenável resulta, então, apoiar o crime como cometer-lo e sempre será mais responsável quem induze ao delito que o próprio autor material do mesmo. Esse ditador não atuou pela sua conta e risco porque participaram, não só os grupos privilegiados do Perú, mas seus amigos dos governos regionais (não muito diferentes de esse) assim como as potências capitalistas, todos eles encantados de ter um agente tão eficaz em defesa de seus interesses.

¿Por que foi a parar o ditador nas grades?. Simplesmente, errou na jogada porque pensou paralisar o país com uma enorme manifestação em seu favor e sair vitorioso dessa prova. Mas, acontece que diversas forças associaram-se para neutralizar seu intento e pedir que fosse levado ante o Supremo Tribunal e condenado. Seu apoio popular era uma fantasia bem menor que o amplo setor que sofreu em carne própria a repressão e o terror oficial. Ademais, em sua contra agiu aquele setor do poder judicial que antes foi humilhado por ele quando ditador; são esses mesmos juízes que agora o condenam, carregados de razões e provas contundentes. Foi enfraquecido, mais ainda, pela traição de seus antigos aliados da velha oligarquia de Lima, branca e rascista, a mesma que, ainda, controla o poder em todas suas instâncias. Esse poder, agora, joga o Fijimori nas trevas.. ¿Onde estarão agora todos aqueles que no Ocidente democrático apoiaram-lhe alvoroçados?. ¿Se confirma aquilo de que nesses assuntos não há amigos, mas interesses ?.

Esse fascismo crioulo corre a mesma sorte que o fascismo tradicional. Nunca se julgará os grandes empresários que estão detrás de todas estas formas patológicas do capitalismo. Tal destino está reservado para esses chefezinhos grotescos que berram nas ruas, enganam as massas e organizam as campanhas de extermínio do "inimigo interno". Assim foi Fujimori, hoje levado a menos e cujo único argumento tem sido que tão criminais como ele são Alan García e demais governantes anteriores a ele, pois também assassinaram e massacraram pessoas humildes e opositores incômodos. E tem razão, só que os crimes cometidos por outros não tiram a responsabilidade dos próprios.

A comparação com o fascismo pode ser muito discutível, mas, nem tanto a semelhança da base social que sustenta esses projetos: determinados setores da pequena burguesia que crescem em torno das forças armadas e da polícia, determinados segmentos do funcionalismo, ofícios muito típicos que favorecem o trabalho duro e pouca paga, setores populares muito afetados pela ignorância e o sectarismo, novas capas de burgueses arribistas e praticantes fervorosos do utilitarismo do “todo vale” e, naturalmente, as capas descompostas imersas na delinqüência, que de forma geral, terminam convertidaa em força de choque do projeto fascista. Basta observar as forças dinâmicas da ultra direita na Europa; são as mesmas do fascismo crioulo, as hordas de apoio dos militares argentinos, Pinochet, Somoza ou qualquer dos outros ditadores tradicionais ou modernos do continente latino-americano.

Tampouco faltam quem, com sobrados motivos, vejam Álvaro Uribe Vélez como uma espécie de caricatura do ditador peruano e auguram para o pequeno caudilho de Bogotá a mesma sorte de Fujimori. E as semelhanças não faltam: por trás do governo da “segurança democrática” estão os mesmos que apoiaram com entusiasmo o “Chino”: a velha oligarquia, as transnacionais e os “governos democráticos” que se desfazem em elogios ante os êxitos na luta contra a subversão e o comunismo (agora “terrorismo”) e esfregam-se as mãos ante tão alentadores panoramas de inversão. Amanhã, calara-se-ão discretamente e aquilo que hoje é são “êxitos” converte-se-ão, então, em “crimes atrozes que não podem ser perdoados”.
¡Quão parecidos são os paramilitares colombianos com as “rondas campesinas” que semearam o terror junto às forças armadas de Perú!. ¡Quão similares os “falsos positivos” de Uribe Vélez com os assassinatos de inocentes estudantes e professores pelos quais Fujimori acaba de ser condenado a 25 anos de prisão!.

Si tais premonições se cumprem, Uribe Vélez defender-se-á alegando que ele não fez nada diferente do atuado por governos anteriores; que não fez mais que defender os interesses da velha oligarquia, abri-lhe passo às novas camadas de burgueses “emergentes” (senhores da droga e da moto-serra), limpar o país de comunistas e até de liberais convencidos do ideário humanista (¡tão incômodos!) e sobre tudo defender os interesses do grande capital internacional. E, também não carecerá de razão. Claro que, comparado com os crimes da “segurança democrática” de Uribe, o legado de sangue que deixa Fujimori parece cosa de crianças. E 25 anos de castigo para Uribe seriam poucos.

domingo, 19 de abril de 2009

Países da ALBA...

...condenam terrorismo na Bolívia e apóiam mudanças.

Uma resolução da reunião de presidentes dos países da Alternativa Bolivariana para América Latina (Alba), condenou na Sexta Feira na cidade venezuelana de Cumaná a presença de células terroristas na Bolívia e manifestou seu apóio ao processo de mudanças impulsionado pelo presidente Evo Morales.

O documento assinado pelos nove países de América Latina expressa "sua mais enérgica condena, à presença e acionar de grupos terroristas internacionais e nacionais, que pretendem semear o caos e incluso, consumar um magnicídio no Estado Plurinacional de Bolívia".

O texto da resolução da Alba foi lido pelo presidente de Venezuela, Hugo Chávez, na reunião realizada na cidade de Cumaná, situada a 402 quilômetros a este de Caracas.

Assim mesmo, os presidentes da Alba aplaudiram o caminho democrático que os bolivianos elegeram, com a aprovação da Nova Constituição Política do Estado e a Lei de Regime Eleitoral Transitória, que guiará as eleições gerais de dezembro próximo.

La resolução foi assinada pelos presidentes de Cuba, Dominica, Equador, Honduras, Nicarágua, Paraguai, San Vicente e as Granadinas e Venezuela, ademais de Bolívia.

sábado, 18 de abril de 2009

Prova de fogo de Obama

Por Atilio A. Boron

A iminente cúpula das Américas colocará à prova a seriedade das palavras pronunciadas por Joseph Biden na "Cúpula do Progressismo", sediada em Viña del Mar, em finais de março. Nesta oportunidade, o vice-presidente dos Estados Unidos disse que "acabou a época em que dávamos ordens". O curioso é que, em que pese as tão promissoras palavras, Biden foi muito enfático ao afirmar que continuaria o bloqueio contra Cuba, próximo de cumprir meio século de vida. Como conciliar ambas as colocações? A Casa Branca diz, por meio de seu qualificado porta-voz, que deseja instalar na região um clima de diálogo, respeito e compreensão; mas, simultaneamente, revela que não está disposta a pôr fim a um bloqueio criminoso e ilegal que recebe desde há décadas o repúdio universal. Qual dessas duas afirmações representa a política de Barack Obama para nossa região?

Com sua enigmática declaração, Biden fortalece a impressão de que a administração Obama não parece muito preocupada em se diferenciar de seu antecessor. As grandes orientações da política externa de George W. Bush gozam de muito boa saúde nas duas áreas estratégicas da Casa Branca: guerra e economia. Na primeira, tendo não só ratificado em seu cargo o falcão Robert Gates como secretário de Defesa, mas também reforçando a presença militar estadunidense no Afeganistão e Paquistão, enquanto que a prolongada estadia de suas tropas no Iraque parece destinada a converter esse sofrido país num eterno enclave neocolonial norte-americano. No tocante à economia, a equipe de assessores e especialistas selecionada por Obama reúne os cérebros que conceberam e levaram à prática a radical desregulamentação do sistema financeiro dos anos 90, causadora da fenomenal explosão da bolha especulativa no verão boreal de 2008. O que se sabe de gente como Robert Rubin, Lawrence Summers, Timothy Geithner e Paul Volcker é que lhes caracteriza uma irredutível fidelidade ao neoliberalismo e aos interesses que este representa: o capital financeiro e os gigantescos oligopólios norte-americanos. Sua presença na nova administração dos democratas manifesta seu pertinaz empenho em restaurar a situação existente antes do estouro da crise, aplicando o mesmo remédio que resultou na atual débâcle. Havia outros economistas que, desde uma perspectiva crítica e ao mesmo tempo realista, poderiam ter assessorado muito melhor Obama: mencionemos apenas dois, Paul Krugman, Prêmio Nobel de Economia em 2008, e Joseph Stiglitz, que obteve o mesmo galardão em 2001. Porém, Obama preferiu depositar confiança nos desgastados gurus do neoliberalismo, com o que se esvaem as esperanças de uma saída razoavelmente civilizada para a crise atual. O show midiático montado dias atrás pelo G-20 em Londres não permite pensar em outra coisa.

Sob tais condições, as declarações do novo governo estadunidense no sentido de flexibilizar algumas restrições em matéria de viagens e visitas de familiares a Cuba merecem um aplauso, mas a manutenção do bloqueio econômico à Ilha é absolutamente inaceitável e deve ser condenada sem atenuantes. Isso assinala, inequivocamente, a magnitude do hiato que separa o Obama da campanha eleitoral do Obama ocupante da Casa Branca. Agregamos também o abismo que separa as ilusões dos cultores da "obamania" em muitos países da região e fora dela, principalmente na Europa, das políticas que aquele está levando a cabo em sua inescapável condição de chefe do império. Suas promessas de revisar a política anticubana que os sucessivos governos da Casa Branca instalaram desde os próprios inícios da Revolução parecem destinadas a serem levadas pelo vento. Até agora, o que se notam são gestos dirigidos a maquiar o bloqueio, mas nada mais. Um bloqueio que, convém lembrar, é econômico, comercial, financeiro, migratório (pela canalhesca "Lei de Ajuste Cubano") e informático, impedindo a Ilha de acessar bandas de internet de alta velocidade.

A obstinada manutenção dessa situação é um sintoma revelador de surpreendentes patologias políticas que entorpecerão a gestão inovadora que deveria ter um presidente estadunidense enfrentado com uma crise como a atual. Quais patologias? Vejamos: em primeiro lugar, a de uma superpotência imperialista que, no lugar de definir sua política externa em função de interesses nacionais e critérios globais, mantém uma agressiva política contra um país, Cuba, que de maneira alguma ameaça sua segurança nacional. O resultado foi um aprofundamento do descrédito dos EUA na arena internacional, a irritação dos governos e populações do hemisfério e uma sensível perda de influência na região, posta em evidência pelo espetacular fracasso da ALCA, ignominiosamente sepultada na cúpula anterior de presidentes, que se deu em Mar del Plata, em 2005. Qual foi o pecado de Cuba? Algo imperdoável para os amos do império: ter lutado exitosamente pela sua autodeterminação e por sua dignidade, livrando-se das cadeias que a jogaram primeiro no colonialismo espanhol e depois no imperialismo norte-americano. Por isso se castiga a Ilha brutalmente, como uma punição diante de sua ousadia e como uma lição a quem sonhar imitá-la. No entanto, o tempo se encarregou de demonstrar que tal política só conseguiu alimentar o sentimento anti-imperialista das massas e criar as condições para o surgimento de uma série de governos de esquerda e centro-esquerda que, por distintas razões, frustraram o sonho americano de uma América Latina submetida aos desígnios da ALCA.

Em segundo lugar, os EUA se apresentam como um curioso país que, pelo dito mais acima, não tem uma, mas duas políticas externas: uma para Cuba e outra para o resto do mundo. Em matéria migratória, a "Lei de Ajuste Cubano" concede o Green Card a qualquer cidadão cubano que pise solo norte-americano; para o resto do mundo, no entanto, existem complicadíssimos trâmites de imigração. O migrante haitiano ou dominicano que arrisca sua vida atravessando o Caribe em frágeis embarcações será preso e devolvido ao seu país de origem em caso de ser pego; o cubano, por sua vez, uma vez que pisa o solo estadunidense automaticamente passa a desfrutar de todos os benefícios que se concedem aos imigrantes legais. No caso da fronteira sul dos EUA, a perseguição aos mexicanos ou centro-americanos sem documentos é implacável: não só se levantou um infame muro na fronteira asteca-estadunidense, como também estão à vista a caça a "la migra" e os massacres dos vigilantes das fronteiras, tudo contrastando odiosamente com o trato privilegiado que se dá aos imigrantes cubanos. Outro exemplo de patologia política: o Departamento de Estado condena incansavelmente o regime de partido único de Cuba, denuncia os supostos déficits de sua "qualidade institucional" e proclama abertamente a necessidade de produzir uma "mudança de regime", eufemismo para se referir à concretização da contra-revolução. Porém, essa política, com sua definição de princípios, contrasta chamativamente com as fraternais relações que Washington cultiva com a Arábia Saudita, país no qual os partidos políticos são proibidos, o despotismo monárquico é absoluto e a democracia uma quimera; contrasta também com as intensas relações econômicas forjadas com países como China e Vietnã, cujos sistemas de partidos são muito similares ao que existe em Cuba. Qual a razão de tamanha discriminação, de colossal inconsistência da política exterior norte-americana? Não há razão alguma, só a chantagem de um lobby mafioso, ante o qual Washington se prostra desonrosamente.

Terceira patologia: o bloqueio revela que Cuba ocupa um lugar especialíssimo no imaginário da classe dominante estadunidense. Apesar do tempo transcorrido, seus integrantes e seus representantes políticos não se conformam por ter perdido Cuba e insistem em recuperá-la, em se apropriar dela apelando a qualquer recurso. Cuba é sua doentia obsessão, sentem-na como um troféu de guerra – de uma guerra em que os patriotas cubanos haviam derrotado o poder colonial espanhol e que depois os EUA, com sujas artimanhas, arrebatou-lhes a vitória – e em nome dele são capazes de qualquer coisa. Quase meio século de bloqueio é um fenômeno que não tem paralelo na história do imperialismo. Impérios anteriores, desde Esparta e Roma até hoje, sitiaram por um tempo algumas cidades. Mas sustentar um bloqueio integral como o de que padece Cuba é algo sem precedentes na história da humanidade. Constitui uma monstruosidade, uma verdadeira aberração e uma imperdoável imoralidade. A manutenção de uma política que fracassou ostensivamente, que terminou por ilhar os EUA, só pode ser compreendida como sinal da decadência da classe política norte-americana. Com a iminente reabertura das relações diplomáticas com a Costa Rica e El Salvador, os EUA serão o único país do sistema interamericano que não tem relações com Cuba. Como sustentar uma política que não só fracassou em promover a tão desejada "mudança de regime" como também converteu os EUA em um tipo de pária do sistema internacional, quando, na última votação da Assembléia Geral da ONU, o bloqueio foi condenado por 185 dos 192 países membros da organização?

Consequentemente, se Obama quer dar um novo começo à relação com a América Latina e o Caribe, há um primeiro passo inevitável: levantar total e incondicionalmente o bloqueio e iniciar de imediato conversas para normalizar a relação com Havana. Deve reconhecer que Cuba não está isolada e que quem o está são os EUA. Com o transcorrer dos anos o prestígio de Cuba se agigantou, porque, sendo um país pequeno, demonstrou uma notável coerência e fortaleza em sua política externa. Cuba ajuda mais que os EUA aos povos de nossa América e, em geral, do terceiro mundo; e o faz com seus médicos, seus alfabetizadores, seus técnicos, seus treinadores esportivos e seu amplíssimo programa de cooperação científica e técnica, com cerca de 100 países. Cuba dá, enquanto os EUA tiram. E a exemplar resistência cubana granjeou o respeito da comunidade internacional, e muito especialmente dos povos e governos da América Latina e Caribe, quaisquer sejam suas orientações políticas. Os governantes que acudirão ao encontro de Trinidad e Tobago não poderão aprofundar as relações de cooperação com a Casa Branca em matérias como a migração, o narcotráfico, o terrorismo e tantas outras, a menos que se remova pela raiz o obstáculo da retirada do bloqueio a Cuba. Do contrário, pagarão um enorme custo político e poderão ser desalojados do governo mais cedo que tarde. Há vários exemplos recentes que ilustram a afirmação.

Demorar no cancelamento do bloqueio só servirá para prejudicar o interesse nacional dos EUA e dos numerosos indivíduos e empresas deste país, sacrificados em aras de um lobby como o aglutinado pela Fundação Nacional Cubano-americana, que é uma verdadeira vergonha para a política norte-americana. Isso está se tornando cada vez mais óbvio para uma parte crescente da dirigência política local. A carta que o senador Richard Lugar enviara ao presidente Barack Obama em 30 de março deste ano é bastante eloqüente. Nela, o senador de Indiana diz que a política dos EUA em relação a Cuba fracassou e que, devido a isso, "nossos interesses políticos e de segurança mais globais" estão sendo socavados, o que requer uma "transição nas relações cubano-estadunidenses". E o momento seria agora mesmo: a Cúpula das Américas. Richard Lugar agrega que a política seguida pela Casa Branca contrasta gritantemente com o amadurecido relacionamento dos países da América Latina e Caribe com a ilha. As recentes declarações anunciando planos de restabelecer as relações diplomáticas com a Costa Rica e El Salvador, a série de visitas a Havana dos presidentes de Equador, Bolívia, Venezuela, Chile, Argentina, Brasil, Haiti, República Dominicana, Guatemala, Nicarágua e Honduras, e vários mais da região caribenha, e a incorporação de Cuba ao Grupo do Rio demonstram, em seu juízo, a solidão em que caíram os EUA e a União Européia, assim como a ONU, que aprovou uma resolução muito amplamente referendada pelos demais países condenando o embargo dos EUA durante os últimos 17 anos. "Para o resto do mundo", continua Lugar, "nosso atual enfoque desafia toda a lógica: ainda durante os mais ásperos momentos da Guerra Fria, os canais diplomáticos diretos com a ex-União Soviética jamais foram cortados". Agregaríamos: como é possível que os EUA mantenham conversas com países como Irã e Coréia do Norte e se neguem terminantemente a fazê-lo com Cuba? Como justificar tão doentia fixação?

A mensagem de Lugar é suficientemente clara: em uma época de crise como esta a Casa Branca não pode se dar o luxo de seguir sendo vista com enorme receio por povos e governos da região. Sua credibilidade internacional como uma potência que se arrogou a missão de promover a paz, a liberdade e a democracia se desvanece irreparavelmente pela sua política anticubana, à parte de tantas outras. A intenção de Obama de ser visto como uma radical na renovação da política estadunidense ficaria em palavras vazias de conteúdo se seu governo não produzir, agora mesmo, uma radical retificação de sua política com a ilha, cujo primeiro passo é o imediato encerramento do bloqueio (que nos EUA preferem denominá-lo, espertamente, de embargo, conscientes do repúdio universal que concita tal política). Por outro lado, não deveria escapar da atenção dos estrategistas norte-americanos que a imprescindível melhora nas relações entre os EUA e os países da América Latina – imprescindível, digamos, dada a inédita debilidade da superpotência, diante das aventuras militares sem rumo no Iraque e Afeganistão e brutalmente golpeada pela crise econômica – se veria negativamente influenciada pela manutenção do bloqueio. Todos os países da região, mesmo aqueles governados por partidos ou coalizões de direita, se manifestaram contra o bloqueio e, para Washington, seria impossível conferir credibilidade à sua promessa de fundar um novo padrão de relações interamericanas se, ao mesmo tempo, preserva uma retórica e uma política inspiradas no apogeu da Guerra Fria. Não só se prejudicam os interesses econômicos ianques como também se atenta contra a credibilidade global de sua política exterior.

Em outras palavras, as boas relações no âmbito interamericano deverão se construir sobre a base de gestos e iniciativas concretos que demonstrem a seriedade das intenções da Casa Branca, sua capacidade real para produzir políticas inovadoras e os alcances de seu apregoado compromisso com a ordem hemisférica baseada no diálogo e o respeito mútuo. Os governos da América Latina e Caribe que comparecerão à Cúpula de Trinidad e Tobago sabem que, sem acabar com o bloqueio, a nova ordem que Washington pretende construir será inviável, estará morta antes de nascer. Apesar de sua ausência, Cuba terá um papel estelar nesta reunião e nossos governos deverão atuar com grande firmeza e coordenadamente para exigir o fim do bloqueio; caso contrário, serão co-participantes do fracasso, pagando um alto preço em seus respectivos países. Em Port of Spain Obama se defrontará com a hora da verdade. Sua conduta neste conclave será a prova de fogo que colocará a nu se está ou não à altura dos desafios que lhe impõe a história. E isso não só em relação à questão cubana, mas também diante dos gravíssimos obstáculos que brotam da crise geral do capitalismo.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Saudação das FARC-EP

Quinta Cúpula das Américas.

Trinidad e Tobago

Saudamos a Quinta Cúpula das Américas com a esperança de que os novos ventos que anunciam a solução diplomática dos diversos conflitos alcancem esta parte do mundo e que as relações entre nossos países e povos assumam uma nova dimensão no marco de uma multipolaridade genuinamente solidária e pulcra no respeito à soberania das nações.

O conflito social e armado que açoita à Colômbia desde há mais de 60 anos e que afeta a convivência continental, afunda suas raízes na sua secular dependência da metrópole, na voracidade dos latifundiários, nos abismos sociais, assim como também na prática sistemática do assassinato político que enloda a história nacional desde as épocas da conspiração setembrina contra o Libertador Simón Bolívar no ano de 1828, caso único em América Latina, onde a oligarquia tem feito da eliminação física de seus opositores uma vergonhosa e permanente ferramenta para perpetuar-se no poder.

A aplicação da Doutrina de Segurança Nacional desde meados do século passado, aprofundou as diferencias internas e estimulou a violência política institucional e para institucional dando origem ao levante popular de resistência que desembocou posteriormente na conformação e consolidação de movimentos revolucionários político-militares com propostas programáticas para a construção de um novo regime que supere as injustiças e a barbárie e que possa lançar nosso povo rumo aos horizontes de grandeza sinalizados já pelo Libertador.

Os cimentos do conflito colombiano são, então, de caráter político-social e uma estratégia de superação deve centrar esforços em tal realidade.

Convidamos a Quinta Cimeira a contribuir na procura de caminhos civilizados de superação do conflito colombiano e no imediato, à concreção de um Acordo Humanitário que possibilite um Intercâmbio de prisioneiros de guerra e trabalhe por proteger a população civil dos efeitos da confrontação militar.

Fazemos votos por avanços significativos que terminem definitivamente com o infame bloqueio à República de Cuba, por decisões nos términos do intercâmbio privilegiando com os países mais fracos, por avanços na luta contra o narcotráfico, entendendo o tema dos entorpecentes mais como um fenômeno social e de saúde pública do que policial, assim como medidas concretas que protejam a biodiversidade e o clima, da irracionalidade existente hoje.

Secretariado do Estado Maior Central das FARC-EP
Montanhas da Colômbia, 15 de abril de 2009

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Comunicado das FARC-EP

Ressaltamos o crescente respaldo nacional e internacional a "Colombianas e Colombianos pela Paz" em seu esforço convergente por lograr um Acordo Humanitário que libere os prisioneiros de guerra das duas partes e consolide os espaços rumo à solução política do conflito, propósito que compartilham cada vez mais colombianos, como o manifestado pela Conferência Episcopal, que com motivo da Semana Santa, que clamou pela reconciliação entre os colombianos, assim como o esforço despojado de ódios do professor Moncayo em procura de um Referendo Nacional pelo Acordo Humanitário. O realismo de todos eles contrasta com o chamamento presidencial de um cessar de fogo unilateral por parte da guerrilha, enquanto militares e paramilitares continuam sua ofensiva em todo o território nacional.

Iniciar a busca de um processo sério que encontre os caminhos dos Acordos, a Reconciliação, a Convivência e a democracia, significa entender que todos devemos aportar, principalmente o Estado como responsável fundamental do conflito e que a bilateralidade é indispensável como regra de ouro e suporte de confiança que construa bases sólidas para avançar.

Por isso, continuamos mantendo a proposta da concretização de um Acordo Humanitário gerador de feitos tangíveis procedentes das duas partes, que adube o terreno para os passos subseqüentes, que conduzam à superação definitiva da confrontação.

Ante a reiterada solicitude da Senadora Piedad Córdoba, de Colombianas e Colombianos pela Paz, do professor Moncayo e dos presidentes Rafael Correa e Hugo Chávez, anunciamos nossa decisão de liberar unilateralmente o Cabo Pablo Emilio Moncayo e entregar-lo pessoalmente a uma Comissão encabeçada pela Senadora Córdoba e o professor Moncayo uma vez organizados os mecanismos necessários para garantir o êxito da operação.

Assim evidenciamos uma vez mais nossa decisão irreversível de alcançar o Acordo Humanitário sem mais dilação e semear de certezas os caminhos que levem à solução política do conflito.


Secretariado do Estado Maior Central das FARC-EP
Montanhas da Colômbia, abril 16 de 2009

Por que Álvaro Uribe...

...deve ser julgado pela Corte Penal Internacional

ANNCOL

Dois feitos internacionais de justiça têm-se produzido ultimamente no mundo com mensagens claras em contra da impunidade. Nessa perspectiva, a situação da Colômbia, em nível dos Direitos Humanos, não pode passar desconhecida. A impunidade reinante no país, a ausência da independência entre os poderes, e a configuração de um aparato político-jurídico personalista em torno do presidente e de seu projeto excludente de sociedade fazem que, somente a justiça internacional possa garantir uma verdadeira justiça diante dessa orgia de sangue que reina no atual regime colombiano.

O sinal mais claro e importante, é que os acusados que são dois Chefes de Estado, um em exercício (O presidente de Darfur Al Bashir) e outro já ex-presidente (Alberto Fujimori), não podem se ocultar na imunidade própria de seus cargos, porque ela não garanta a impunidade a nenhum Chefe de Estado em exercício, como no caso de Darfur, nem no caso de um ex-presidente como Fujimori, que controlou em seu momento todas as instâncias dos três poderes públicos peruanos. Os delitos cometidos por Fujimori e por Al Bashir são uma gota de água se comparados com o mar de atrocidades e impunidade que tem reinado na Colômbia durante os dois mandatos de Álvaro Uribe Vélez, AUV (2002-2006/ 2006- e o que vai do 2009). Sem querer dizer com isso, que seus nexos com os paramilitares e mafiosos se reduzem aos seus dois períodos na presidência.

Ainda que o mandato da Corte Penal Internacional se limita a crimes cometidos depois do primeiro de julho do 2002, data de entrada em vigência do Tratado assinado por mais de cem Estados, incluído Colômbia. Apesar da cláusula de moratória de 7 anos que Colômbia interpus no momento de assinar o Estatuto de Roma acolhendo-se ao artigo 124 do Estatuto, a CPI tem nesse país, una situação dramática em matéria de Direitos Humanos, situação agravada côo papel estimulante ao delito que tem a impunidade em um 97% dos casos.

A isso se agrega que, através de pronunciamentos públicos das mais altas personalidades na chefatura d Estado, iniciando pelo próprio presidente da república que, em muitas intervenções veiculadas por médios de comunicação têm incitado à eliminação física de organizações ou pessoas que tem-se atrevido a emitir críticas contra seu regime acusando-las sistematicamente de ser insurgentes, “guerrilheiros de civil ou simplesmente terroristas”. Isso tem sido interpretado como uma patente de corso para que os paramilitares executem os opositores políticos, sindicalistas, defensores de DDHH, e cidadãos em geral.


Pior ainda, jamais se tem emitido um pronunciamento público seque de condenação por parte do Chefe do Estado dos crimes cometidos pelo concubinato forças militares-paramilitares, como está demonstrado em diferentes casos onde o acerbo probatório deixou em evidência que a política estatal consiste na unidade de ação entre as forças militares e paramilitares.

Recordemos que as responsabilidades não se podem perder na cadeia de Comando. Que o presidente da república é o Comandante em Chefe das FFMM, e que um funcionário público é culpável por ação ou por omissão das funções próprias de seu cargo.

Só três casos, entre tantos da história recente da Colômbia onde Álvaro Uribe Vélez tem sido protagonista de primeira ordem em delitos que ofendem à Humanidade inteira:

A) Pelos delitos cometidos contra a Comunidade de São José de Apartadó por parte das forças militares colombianas em ação conjunta com paramilitares. A Comunidade tem sofrido vários massacres [Entre eles os massacres de Mulatos e da Resbalosa, onde morreramn crianças indefesos] sem que haja havido justiça judicial efetiva, que garanta a seus membros o direito a saber a verdade para preservar na sua memória coletiva o castigo dos responsáveis e a reparação por parte do Estado. Publicamente o presidente assinalou à comunidade como próxima das organizações insurgentes.

B) Pelos delitos produto da entrega ao serviço dos paramilitares da Fiscalía Geral da Nação, sob a administração do Fiscal Luis Camilo Osorio. A designação de Osorio para a Fiscalía garantiu a impunidade de muitos delitos, como massacres, desaparições forçadas, deslocamentos forçosos das pessoas, assassinato de testemunhas de opositores políticos ao regime de AUV, Osorio não investigou diferentes delitos, e não só não investigou, mas barrou o desenvolvimento dos processos. Mediante práticas corruptas e de intimidação o Fiscal Osorio trasladou funcionários honestos a outros lugares da Colômbia para afastar-los das investigações sensíveis, outorgou e repassou casos sensíveis a funcionários corruptos, demitiu funcionários que investigavam casos nos que a responsabilidade militar era evidente.

C) Os delitos cometidos a partir da infiltração permitida e a entrega aos paramilitares do DAS (o mais importante organismo de segurança do Estado). Recordemos que o diretor do DAS é nomeado diretamente pelo presidente da República. O diretor do DAS responde a seu Chefe imediato, o presidente da República, Comandante constitucional das forças militares. O presidente defendeu publicamente a nomeação e a obra de Jorge Noguera, quem durante sua administração facilitou a elaboração de listas de pessoas que logo seriam assassinadas pelos paramilitares.

A impunidade é uma política de Estado do regime colombiano, não é garantida a justiça, em caso, por exemplo, de um massacre. Porém, os funcionários do Estado colombiano nos foros internacionais, apresentam a aplicação da justiça ao falar da condenação de um soldado ou de um sub-oficial do exército. Mas, todos sabemos que os oficiais de alta patente, o ministro da defesa o comandante em Chefe das Forças Militares devem responder pelos delitos
cometidos pelas forças militares sob seu comando. Nos poucos casos nos que tem havido condenação de algum delito (3%), seu protagonista principal fica sob a sombra da impunidade. O 97% das violações de DDHH na Colômbia ficam totalmente na mais absoluta impunidade.

Um exemplo de que a impunidade é uma política estatal está na revisão da famosa lei de justiça e paz. Recordemos que essa lei é o resultado, de acordos segredos entre o regime de Álvaro Uribe Vélez e os paramilitares. Como explicar que o criminal de guerra Ernesto Báez [Iván Roberto Duque] com mais de 25 anos de vida paramilitar não haja confessado nem um só massacre.

A lei de JUSTIÇA E PAZ é um ponto de chegada dos paramilitares protegidos pelo agora chefe do Estado, desde sua permanência na Administração departamental de Antioquia e sua posterior chegada à presidência. Como é de conhecimento público, durante as eleições presidenciais, as duas últimas nas que tem sido eleito AUV, nas duas, houve votações atípicas em regiões sob o controle paramilitar, onde o ganhador absoluto foi por obvias razões ALVARO URIBE VELEZ.

Em um analise pormenorizado da lei de Justiça e paz, o padre Javier Giraldo ilustra muito bem por que tem sido una falácia http://www.javiergiraldo.org/spip.php?article114 , a famosa lei tem sido apresentada como resultado de uma: a) negociação política, b) como uma negociação de paz, c) como um processo de desmobilização, d) como o desmonte definitivo dos paramilitares, e) como a superação da impunidade.

Nem uma coisa nem a outra. Uma negociação política é feita só entre contraditores políticos, (entre o Estado e a insurgência, por exemplo), mas não entre duas instâncias que têm compartilhado os mesmos objetivos e que têm trabalhado juntas em una divisão de trabalho macabra. Os paramilitares e a forças da ordem não têm tido um só conflito, e contrário a isso, sim muitas coincidências na sua visão de sociedade, em seus métodos utilizados, e nos objetivos a serem alcançados. Os paramilitares seguem operando, nunca se desmobilizaram, não há essas tais primeira ou segunda geração, procedem de um troco comum, de uma política de extermínio de quanto seja oposição aos interesses do grande capital. O presidente depois de haver-lhe dado uma patente de corso ao para-militarismo, agora o institucionaliza com seus programas de soldados camponeses, de guarda bosques, um milhão de informantes, etc., etc.

Com a entrega da Fiscalía e do DAS aos paramilitares para fazer causa comum contra-insurgente contra quanto apareça como oposição política, então, o governo nega seu compromisso com a paz, com todo intento de reparação das vítimas, mas, por sobre tudo, seu compromisso com a justiça.

Contrário a isso, o objetivo central do regime está centrado na garantia da permanência do ditador no poder, na garantia da impunidade mediante as seguintes ações:

Pôr toda a institucionalidade ao serviço da reeleição presidencial.

Permitir a infiltração do programa de testemunhas da Fiscalía, para eliminar sistematicamente toda testemunha potencial contra os crimes de Estado.

Perseguição sistemática contra as ONG e defensores de DDHH para calhar suas vozes.

Judicialização dos defensores de DDHH, como pretende fazer com o sacerdote jesuíta Javier. Giraldo.

Furto dos arquivos e bancos de dados das ONG que sistematizam as violações do regime.

O desprestígio de toda denúncia apresentando-a como próxima do terrorismo e contrária à democracia. Etc. Etc.

Por todas essas razões, a justiça internacional tem a palavra!

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Dia inesquecível e memorável

para o povo boliviano!

O presidente Evo Morales promulgou na Terça Feira (ontem) a Lei Eleitoral que guiará as eleições gerais de dezembro de 2009 em um dia que qualificou de “inesquecível, outra data, memorável” para o povo boliviano.

“É mais um dia inesquecível, mais uma data memorável, graças à consciência do povo boliviano e à participação dos diferentes setores de trabalhadores, operários, originários, universitários e profissionais”, comentou o Chefe de Estado depois de assinar a Lei que foi aprovada na madrugada da Terça Feira (ontem), depois de vários dias de ter sido barrada no Congresso pelas demandas da oposição.

Evo Morales saudou a norma e disse que “a cada dia que passa o povo boliviano continua escrevendo sua história” e manifestou seu “profundo respeito e admiração” aos quase 3.000 dirigentes operários e sindicais de Bolívia, Espanha e Argentina, que se declararam em greve de fome para exigir a aprovação da norma.

O presidente boliviano que se encontrava em greve de fome desde a Quinta Feira passada, lembrou vários capítulos de sua gestão governamental que, em sua opinião, os opositores tentaram impedir com demandas de inconstitucionalidade, incluída a nacionalização dos Hidrocarbonetos, navio insígnia de suas propostas de desenvolvimento nacional.

“Quando tenhamos uma Assembléia Plurinacional Maioritária (que deve ser eleita em dezembro próximo) faremos o que diga o povo boliviano”, afirmou o mandatário, ao conclamar seus seguidores a participar massivamente nas eleições e votar por seu projeto de reeleição.

Minutos antes, a Lei Eleitoral sancionada pelo Parlamento na madrugada de Terça Feira foi entregue ao Chefe de Estado pelo presidente do Congresso e vice-presidente de Bolívia, Álvaro García Linera, que em um corajoso discurso criticou a oposição por ter barrado sua aprovação e pôr o pais na beira da violência.

“Faço entrega da norma para que seja promulgada como Lei da República”, disse García Linera ao deixar em mãos do Presidente Evo Morales a Lei que contem 76 artigos muitos deles concertados com a oposição em jornadas velozes e cheias de incertezas.

Garcia Linera, também, presidente do Legislativo boliviano afirmou que a Lei Eleitoral é “a aplicação da nova Constituição Política do Estado na medida em que garanta as eleições para renovar de vez todos os poderes”.

O vice-presidente se referiu de modo especial, à Câmara de Senadores, controlada pela oposição, que botou até o final, inúmeros reparos tentando impedir sua aprovação.

“Temos assistido a uma das sessões mais vergonhosas de um Congresso moribundo, que por sorte já acaba seu ciclo e será substituído por uma Assembléia Legislativa Plurinacional”, afirmou ao pedir ao povo participar massivamente nas eleições para evitar “a manipulação e a sabotagem por parte da direita”.

A Lei Eleitoral promulgada por o Presidente Evo Morales é a primeira que consagra o direito dos bolivianos residentes nos estrangeiro de votar, o direito dos povos indígenas minoritários de ter representação parlamentar e, manda que seja criado um novo padrão eleitoral biométrico, pontos neurálgicos das diferencias entre oficialistas e opositores que mantiveram dentro de uma grande expectativa o país nestes últimos dias.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Urgente...FARC-EP informam

....entrega dos restos mortais do Major Guevara


ANNCOL/Correspondente móvel na Colômbia

Segundo fontes oficiais das FARC-EP, já estão prontas para entregar dos restos mortais do Major Guevara.

Recentemente esta organização insurgente se comprometeu na entrega dos restos mortais do oficial Guevara. “Em atenção a essa mesma solicitude, os restos mortais do Major Guevara serão entregados a sua mãe em data e lugar que indicaremos mais adiante, quando a situação das ações militares permita”, indicava seu Secretariado do Estado Maior Central, FARC-EP o passado 28 de março.

Segundo pôde estabelecer ANNCOL, a chegada até o lugar onde estava enterrado o cadáver do Major, não foi nada fácil. Em meio de fortes operativos militares, cercos, bombardeamento chegamos até o lugar das coordenadas exatas, onde estava enterrado o cadáver, no Sul do país”, afirmou a fonte ao correspondente móvel de ANNCOL na Colômbia.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

CARTA ABERTA

Senadora Piedad Córdaba

Grupo Colombianas e Colombianos pela Paz

e, Comunidade Internacional.


As prisioneiras políticas das FARC-EP gostaríamos de ressaltar o papel realizado pela Senadora Piedad Córdoba em seu disposição incansável da busca do Intercâmbio Humanitário de prisioneiros das duas parte: Governo e FARC-EP. Saudamos, também, a iniciativa e acompanhamento que nesse mesmo propósito desempenharam o Grupo de Colombianas e Colombianos pela Paz, o Governo do Brasil e a Cruz Vermelha Internacional.

Manifestamos nossa alegria e orgulho com nossa Organização FARC-EP, por ter cumprido à satisfação com sua palavra de entregar unilateralmente os políticos Alan Jará, Sigifredo López e os membros da força pública, apesar dos permanentes atos de sabotagem e provocação do governo de Uribe e suas forçar armadas. Essa entrega bem sucedida, como ela foi, é uma prova clara e da vontade política das FARC-EP.

Rechaçamos as montagens que o governo de Uribe em aliança vergonhosa com alguns meio de comunicação fabricam desde os cárceres, com a pretensão de enganar à opinião pública, com a falácia de que os guerrilheiros e guerrilheiras das FARC-EP que estamos presos, supostamente, temos renunciado aos nossos princípios revolucionários e traído nossa organização.

É certo que o governo de Uribe tenta mediante todas as formas possíveis rebaixar nossa dignidade e comprar nossas consciências. As torturas, ameaças, perseguição de nossos familiares e advogados e as ofertas indecorosas de dinheiro e uma “nova vida” em outros países, a cambio de renunciar aos nossos ideais são algumas das artimanhas usadas por esse governo.

Aqueles que têm aceitado as armadilhas do governo e aceitado os planos de “Justiça e Paz”, sair do cárcere e seu re-insercão, em forma alguma devem ser incluídos em um eventual Intercâmbio Humanitário.

O povo colombiano e a Comunidade Internacional conhecem já a situação dos prisioneiros de guerra. Sabem, também, que nos cárceres do Estado há milhares de presos políticos do povo, que foram detidos em redadas massivas, depois de ser assinalados por informantes pagos e falsos desertores movidos pelas recompensas em dinheiro e depois submetidos a montagens e exibidos como “troféu de guerra” para justificar os “falsos positivos”; acusados de rebelião e terrorismo e condenados a longas penas pelo só fato de organizar suas comunidades, ter opiniões políticas distintas da oficial e ser parte da oposição política.

As prisioneiras políticas das FARC-EP ratificarmos nosso compromisso revolucionário com o povo e nossa firmeza e lealdade com nossa Organização. Desde os cárceres do Estado seguimos fieis aos lineamentos do Estado Maior Central e do Secretariado das FARC-EP. Mantemos em alta nossa moral e o ideário bolivariano em homenagem aos nossos Camaradas Manuel, Raúl, Ivan e todos os demais guerrilheiros e guerrilheiras que têm oferendado sua vida na luta pela Nova Colômbia.

Alentamos à Senadora Piedad Córdoba, ao Grupo de Colombianas e Colombianos pela Paz e à Comunidade Internacional a continuar com sua importante missão para que, mais cedo do que tarde, o Intercâmbio Humanitário, que inclua a SIMÓN, SONIA e IVÁN VARGAS, extraditados e presos nos Estados Unidos, seja uma realidade.

“Não somos terroristas

Somos lutadores revolucionários

pela Paz com Justiça Social

e uma Nova Colômbia”


PELA NOVA COLOMBIA, A PÀTRIA GRANDE E O SOCIALISMO!


PRISIONEIRAS POLÍTICAS DAS FARC-EP

domingo, 12 de abril de 2009

A queda de influência

A QUEDA DE INFLUÊNCIA DA MÍDIA HEGEMÔNICA BRASILEIRA

Dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC), que audita as tiragens de jornais e revistas, e do Ibope, que monitora a audiência das emissoras de televisão aberta, comprovam que a última década foi dramática para a mídia hegemônica brasileira, porque sofreu sensível queda de influência na sociedade.

As profundas mutações tecnológicas, o aumento da concorrência no setor e a perda de credibilidade do jornalismo, entre outros fatores, teriam contribuído para este declínio.

A Globo teve a maior queda de participação no mercado (share). Em 2001, sua audiência era de 50,7%. Em 2004, ela chegou a bater em 56,7%. Hoje, está em 40,6% - coincidindo com a subida da TV Record, que saiu de 9,2% em 2001 para 16,2%. Nas últimas três semanas, o Jornal Nacional teve 26% de audiência em São Paulo. Seis anos atrás, era de 42%. Já na mídia impressa, Folha, Estadão, Globo, Correio Braziliense e JB reduziram a sua tiragem em quase 300 mil exemplares diários – de 1,2 milhão para 942 mil, queda de 25%.

Credibilidade da mídia no esgoto.

O fator tecnológico parece ser a principal causa destas mudanças. Pesquisa recente, intitulada “O futuro da mídia”, revela que, para os brasileiros, o computador já é mais importante do que a TV. “Os entrevistados passam três vezes mais tempo por semana conectados à internet do que assistindo televisão. A maioria dos usuários (81%) apontou o computador como o meio de entretenimento mais importante em relação à TV... A interação com esses mecanismos e o fato dos usuários serem os próprios provedores de conteúdo de suas mídias foram destacados”, afirma a Deloitte. Este fenômeno, impensável há alguns anos atrás, confirma uma tendência mundial.

Mas não se deve desprezar, também, a perda de credibilidade dos jornais e das emissoras de TV. Como expôs o jornalista Pascual Serrano, num debate durante o Fórum Mundial de Mídia Livre, realizado no final de janeiro em Belém (PA), a mídia hegemônica sofre hoje uma forte corrosão na maioria dos países do planeta.

Entre outros fatores do declínio, Serrano pontua:

- Crise de credibilidade. O público já não se fia nos meios de comunicação, tendo comprovado demasiadas vezes como eles mentem e ocultam os elementos fundamentais da realidade;

- Crise de objetividade. O mito da objetividade e da neutralidade está em queda e a autoridade do periodismo cai com ele;

- Crise de autoridade. A internet e as novas tecnologias revelam a capacidade das organizações sociais e dos jornalistas alternativos para enfrentar o predomínio da grande mídia;

- Crise de informação. A dinâmica mercantilista e a necessidade de aumentar a produtividade e a rentabilidade provocam a perda de qualidade da atividade jornalística.

sábado, 11 de abril de 2009

Acordo de La Uribe, 25 anos

ACORDO DE LA URIBE. 25 ANOS.

Carlos Lozano Guillén
Jornalista colombiano.

Em 28 de março de 1984, há 25 anos, foi assinado entre o governo de Belisario Betancour e o Secretariado do Estado Maior das FARC-EP, O ACORDO DA URIBE, mediante o qual as duas partes pactuaram um cessar do fogo a partir do dia 28 de maio desse ano.

Além disso, o Acordo incluía outros aspectos importantes como a condena do seqüestro, a extorsão e o terrorismo por parte da guerrilha; e o governo através da Comissão de Paz, se comprometeu a promover a modernização das instituições políticas, a fortalecer a democracia, empreender o caminho das reformas políticas, sociais e econômicas, entre elas a Reforma Agrária. O Acordo, também, estabeleceu as garantias para a atividade política e social democráticas dos integrantes das FARC-EP.

Foi um primeiro ensaio de negociação política com a Insurgência, visando a solução das causas que deram origem ao conflito interno, mediante as reformas necessárias para que fosse aberto o caminho para uma paz estável e duradoura. Desta forma, Belisario reconheceu o caráter político da Guerrilha e a precariedade da democracia colombiana. No entanto, as promessas contidas no Acordo da Uribe, nunca forma aprovadas e, nem sequer, apresentadas ao Congresso da República, como foi o compromisso assinado no inciso 8 do transcendental documento.

Um ano depois, com o cessar de fogo em andamento, as FARC-EP propuseram a conformação da União Patriótica como um projeto democrático de esquerda, ao qual pudesse se incorporar a força guerrilheira, no momento em que fosse assinada a paz estável, com democracia e justiça social. Essa proposta foi a maior demonstração de vontade política de paz da Guerrilha para estabelecer um pacto entre o Estado e o principal movimento insurgente.

A experiência de La Uribe foi muito importante para o povo colombiano. Hoje, está sendo quase esquecida pela classe dominante porque, ainda, significa para ela um escárnio pela sua mesquinhez e seu inocultável recurso à violência no exercício do poder. A história real tem sido falsificada e reduzida à discussão trivial da “combinação das formas de luta” dos comunistas, convertida por ela (a classe dominante) em pretexto para o extermínio criminal.

Lembremos que antes de lançar o projeto político de esquerda no qual participaram destacamentos civis não armados como o Partido Comunista, setores sociais e também setores democráticos dos partidos tradicionais, já os militaristas e a embaixada ianque sabotaram o diálogo argumentando o pretexto da narcoguerrilha e da impossibilidade dos terroristas entrarem na política. A classe dominante deixou mais evidente do que nunca sua sempiterna decisão de pretender impor a paz através da força, negando assim, qualquer avanço democrático e social. O pior é que a história se repete uma e outra vez. Vinte e cinco anos depois o país está no mesmo.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Reclamam direitos de Simón Trinidad

Reclamam os direitos de Simón Trinidad



O Comitê Nacional Para a Libertação de Ricardo Palmera, considera que é uma grotesca violação dos mais básicos direitos humanos do professor Palmera.

COMUNICADO DO COMITÊ NACIONAL PARA A LIBERTAÇÃO DE RICARDO PALMERA NOS ESTADOS UNIDOS.

O Comitê Nacional Para a Libertação de Ricardo Palmera (CNLRP), está pedindo aos povos do mundo inteiro que se coloquem do lado dos direitos humanos e da justiça social em oposição ao cruel e desnecessário tratamento a Ricardo Palmera, negociador das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e agora prisioneiro político do império dos Estados Unidos (EUA) mantido em confinamento solitário de 23 horas por dia em uma prisão das chamadas SUPERMAX em Florence, Colorado. Palmera não tem acesso ao mundo exterior.

Membros e partidários do CNLRP escreveram a Ricardo Palmera em mais de uma ocosião, tanto em inglês quanto em espanhol, procurando saber de sua saúde e sobre seu estado psicológico. Mas, estas cartas têm sido devolvidas pela Agência Federal de Prisões/Federal Bureau of Prisons com uma nota que diz: “Sua correspondência ao prisioneiro acima mencionado esta sendo devolvida. Esta correspondência não foi entregue ao prisioneiro porque ele não está autorizado a corresponder-se com você”.

O Comitê Nacional Para a Libertação de Ricardo Palmera, considera que é uma grotesca violação dos mais básicos direitos humanos do professor Palmera. É um áspero e desnecessário castigo negar a alguém uma coisa tão simples como a troca de correspondência com os simpatizantes e partidários de uma pessoa.

Ricardo Palmera merece receber as cartas que lhe escrevam e qualquer pessoa que lhe escreva faz uma declaração de condenação a estas práticas de negar-lhe seus direitos. Também, segundo a “Correspondência Devolvida / Returned Correspondence", tem sido notificado a Palmera que tem recebido cartas, mas que estas cartas não podem ser lidas por ele e que serão devolvidas. No entanto, isto significa que ele tem sido informado do que em meio da solidão de seu encarceramento, é uma declaração de esperança e ânimo que expressa solidariedade.

Por isso, o Comitê Nacional CNLRP pede às pessoas conscientes aqui nos EUA e ao redor do mundo que escrevam a Ricardo Palmera, para o seguinte endereço:

Inmate : Juvenal Ovidio Palmera Pineda # 27896-016

USP Florence ADMAX

US Penitentiary

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Libertad para Ricardo Palmera.



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FARC-Ep se pronunciam sobre gestores

As Farc se pronunciam sobre os dois gestores



Nomeados pelo governo. Agudelo, “Olivo Saldaña”, um desertor e ladrão. Karina desqualificada por seu mal comportamento, tinha seis meses de desertada quando orquestrou-se sua 'entrega'. As Farc os denominam os 'Gestores de Traição' no comunicado apresentado por ANNCOL

ANNCOL

Toda a trama e mentira de Uribe e seu bando se desfaz. Do exterior igualmente. As visitas e gestões nas celas do INPEC da cidadã holandesa, outrora 'chefe de Pax Christi', Ludine Zampolle também ficaram em evidência. Abaixo o comunicado em sua totalidade:

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Gestores de traição

Frente as informações da imprensa segundo as quais o governo nacional outorgará liberdade condicional e nomeará, dizem que, como “gestores de paz” a dois desertores das Farc, fazemos as seguintes aclarações:

1. Raúl Agudelo é um vigarista sem escrúpulos, que desertou das Farc roubando 400 milhões do orçamento dos guerrilheiros. Já por fora da organização, extorquiu em nome das Farc até que foi capturado um ano depois quando retirava dinheiro de um banco em Pereira.

2. Para evitar ser condenado, se apegou ao cravo ardente da vileza que lhe ofereceu o governo, pondo-se a serviço da máfia uribista que agora pretende disfarça-lo como dissidente.

Esquecem que os dissidentes não arrastam o dinheiro das organizações.

3. Elda Mosquera, conhecida como Karina estava há 6 meses desertada da organização no momento de sua entrega, depois de ter sido degradada por sua conduta pessoal libertina e seu procedimento arbitrário no trato com os guerrilheiros, comportamento contrário as normas internas das FARC - EP.

4. Chamamos os nossos combatentes e todos os revolucionários presos, que resistem com altivez de princípios as duras condições impostas a eles pelo regime facista, a rechaçar as ofertas de trair a seu povo e a causa que defendem as FARC, oferecimento que faz o governo através deste par de indivíduos depreciáveis, carentes de princípios e sem sentido de pátria.

5. Como o narcoestado uribista não tem conseguido nem poderá submeter a firmeza e a dignidade dos farianos no campo da guerra, nem com as torturas, o isolamento em sujos calabouços, o amontoamento, o maltrato físico e psicológico, a perseguição com os advogados que se atrevem a assumir a defesa e contra nossos familiares, recorre a infames ofertas de traição.

6. Nem as FARC nem nenhum guerrilheiro aceitarão jamais a indignidade que encerra a chamada lei de “justiça e paz”, as FARC jamais aceitarão ser equiparadas com os bandos de assassinos paramilitares que o Estado organizou em sua guerra suja contra o povo.

7. Firmeza nos princípios e nos objetivos é o ensinamento que nos transmitiram os dirigentes e milhares de combatentes farianos caídos no confronto, a toda a guerrilherada. É a essência do irrenunciável legado que nos deixou nosso comandante Manuel Marulanda Vélez.

8. Por esta razão, não nos cabe dúvida que para além das bajulações e ofertas de rebaixamento de penas e demais mesquinhezas com as que o Regime quer submeter a consciência dos revolucionários hoje encarcerados, esta suja manobra também terminará fracassando ante a lealdade, a grandeza de ideais e a disciplina político-militar dos guerrilheiros Farianos.

Secretariado do Estado Maior das FARC - EP

Montanhas da Colômbia, abril de 2009.