"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 26 de maio de 2008

Comandante Manuel Marulanda Vélez: Juramos Vencer!

Quando há 60 anos a oligarquia desencadeou a guerra fratricida em nosso país através do terrorismo oficial e dos ódios partidários, procurando mudanças na posse da terra e na recomposição do poder político, subestimou a enorme capacidade de resistência de nosso povo e as colossais dimensões de sua dignidade.

Da mesma forma que centenas de milhares de camponeses, Pedro Antonio Marin foi perseguido desde então pelo governo e os pistoleiros paramilitares da época, obrigado a abandonar seu sossego, trabalho e pertences e, em seguida, a se defender para sobreviver à barbárie oficial em infeliz episódio de nossa história nacional que custou a vida de cerca de 300 mil compatriotas e propiciou o despojo impune de milhões de hectares de terras férteis que passaram para as mãos de poderosos chefes liberais e conservadores de todo o país.

Desde então, graças à sua liderança e enormes capacidades político-militares, aquele que em seguida se chamaria Manuel Marulanda Vélez em homenagem a um líder sindical assassinado, foi assimilando sua experiência militar e desenvolvendo uma visão do mundo revolucionária e comunista que lhe permitiu compreender cabalmente as profundas causas econômicas, sociais e políticas, não só de sua própria situação pessoal, mas também dos profundos desequilíbrios, violências e injustiças de nossa sociedade.

Quando em 1964 a oligarquia lança no sul do estado do Tolima uma nova e criminosa ofensiva militar contra o campesinato, denominada de Plan Laso (Latin American Security Operation), sob a aberta direção do Pentágono norte-americano, Manuel Marulanda Vélez junto com 47 camponeses, em seguida a inumeráveis gestões políticas pela paz que não foram atendidas, levanta-se em armas para enfrentar a agressão e ir ao fundo da solução: lutar pelo poder político e sentar as bases de uma sociedade com justiça social em marcha para o socialismo.

Se Washington e a oligarquia não permitem a luta revolucionária pelas vias democráticas, então optamos por essa única opção possível e nascem as FARC!

Inigualável estrategista, condutor genial, guerreiro invencível, líder invicto de mil batalhas políticas e militares travadas durante 60 anos de luta reivindicando os direitos dos pobres e enfrentando as violências dos poderosos, revolucionário integral que assimilou a teoria dos grandes pensadores, fundindo-a com as verdades que extraiu da vida em sua prática diária, forjando-se como um dos mais destacados dirigentes revolucionários de todos os tempos.

A humanidade não tem antecedentes de um líder das condições de Manuel Marulanda Vélez que haja lutado ininterruptamente durante 60 anos, a partir da oposição armada, e saído ileso e fortalecido depois de imensos operativos militares de arrasamento como o Plan Laso em Marquetalia, a Operação Sonora na cordilheira Central, a operação Casa Verde, operação Destructor I e Destructor II, Plano Patriota, Plano Colômbia.
E ileso e fortalecido também, depois de confrontações políticas de caráter estratégico como as desenvolvidas nos processos de conversações com o Estado colombiano em Casa Verde , Caracas, México e em Yarí que pretenderam submeter a vontade política e de luta das FARC sem nenhuma mudança nas estruturas da sociedade nem nas correlações do poder político.
Em umas e outras confrontações, nosso comandante evidenciou sua sabedoria e sua capacidade para sair sempre airoso por mais adversas e difíceis que fossem as tormentas e os perigos e nos apontou a rumo a seguir.

Com imenso pensar informamos que nosso comandante-em-chefe Manuel Marulanda Vélez morreu no dia 26 de março passado, como conseqüência de um infarto cardíaco, nos braços de sua companheira e rodeado de sua guarda pessoal e de todas as unidades que formam sua segurança, em seguida a uma breve enfermidade.
Prestamo-lhe as honras que merece um condutor de sua dimensão e demo-lhe honrosa sepultura. Despedimo-lo fisicamente em nome dos milhares e milhares de guerrilheiros farianos e milicianos bolivarianos e dos milhões de colombianos e cidadãos do mundo que o estimam, admiram e amam acima da asquerosa campanha midiática contra as FARC.

A todos eles e seus familiares fazemos chegar nossa solidariedade e nossa voz de condolência.

Partiu o grande líder e de seus inesgotáveis ensinamentos que nos amadureceram em todos estes anos a seu lado, hoje, em meio à nossa dor, queremos ressaltar, por sua vigência e grande valor, sua profunda confiança em nossos princípios revolucionários, planos, propostas e na vitória da causa popular; a têmpera para enfrentar as dificuldades e a essencial importância que significa a sólida unidade interna que nos permitiu desenvolver-nos com vigor em todos os momentos de nossa existência.

Em meio à maior ofensiva reacionária contra organização revolucionária alguma na história da América Latina, continuaremos nossas tarefas acorde com os planos aprovados, solidamente unidos e profundamente otimistas em sair avante apesar da adversidade.

Com as bandeiras de Bolívar, de Jacobo Arenas e de Manuel Marulanda muito altas, prosseguiremos sem descanso nossa luta até conseguir o objetivo da nova Colômbia, da Pátria Grande Latino-americana e do Socialismo. Juramos perante a tumba do nosso comandante!

A confrontação não dá trégua e a luta prossegue. Acordamos unanimemente que à cabeça do secretariado e como novo comandante do Estado Maior Central esteja o camarada Alfonso Cano. Como integrante pleno do secretariado ingresse o camarada Pablo Catatumbo e suplentes os camaradas Bertulfo Alvarez e Pastor Alape.
Continuaremos alentando a luta popular, a formação do Movimento Bolivariano pela Nova Colômbia e do Partido Comunista Clandestino, assim como a convergência com todos aqueles que lutem pela justiça social, a soberania nacional e a democracia verdadeira.
Toda a força fariana continuará profundamente comprometida em cada área e em todo o país para levar adiante os planos, estreitamente vinculada à população civil como garantia do êxito.

Nossas propostas em torno dos acordos humanitários e das saídas políticas continuam vigentes tal qual reiteramos em múltiplas ocasiões, assim como aquelas expostas tanto no Manifesto como na Plataforma Bolivariana, lançadas a partir destas cordilheiras, serão confluência e gerarão esforço mancomunado para conseguir a paz democrática e o sossego que nos roubou a oligarquia faz 60 anos.
Ao comemorar o 44° aniversário das FARC, prestamos sentida homenagem ao nosso comandante Manuel Marulanda Vélez, a Jacobo Arenas, a Raúl Reyes, a Ivan Rios, a Efraín Guzmán e a todos aqueles que generosamente dedicaram e ofereceram sua vida à causa dos pobres, sem pedir nada em troca, tão somente por sua íntima convicção de buscar o bem comum como característica de seu compromisso revolucionário.

Comandante Manuel Marulanda Vélez: Morrer pelo povo é viver para sempre!Diante do altar da Pátria: Juramos vencer!
Secretariado do Estado Maior Central

FARC-EP, maio de 2008
Montanhas da Colômbia.

Adeus, velho!


O fenômeno da vida de Manuel Marulanda chegou ao seu final. Uma vida marcada pelo mito e a lenda. Manuel Marulanda é o homem mais importante da história colombiana desde a metade do século 20 até este século 21.

Por Allende La Paz , ANNCOL

O fenômeno da vida de Manuel Marulanda chegou ao seu final. Uma vida marcada pelo mito e a lenda. Mas os revolucionário também são de carne e osso, portanto, nossa vida é igual ao dialético ciclo de todo ser vivo. Nascer, crescer, reproduzir-se, morrer. Mas em todos esses fenômenos, viver a vida.

Mas há homens que vivem a vida apesar da morte. Esses homens fizeram a diferença na humanidade e fizeram com que esta desse saltos adiante. Esses homens são revolucionários, doa a quem doer, arda a quem arder!

Galileu Galilei é um exemplo. Marx, outro genial revolucionário. Lênin, outro. Simon Bolívar. José Martí. Ernesto ‘Che’ Guevara, o revolucionário guerrilheiro ideal. E cada homem ou mulher revolucionários tem sido atacados, difamados, maltratados, e alguns assassinados, pelos mantenedores do status quo. Todos tiveram que enfrentar as mais vis ações dos ‘poderosos’ do mundo e de seus próprios países. Porque eles pretendem parar a humanidade, em seu caminhar adiante.

Manuel Marulanda ingressa já nesse seleto grupo de homens. Um homem que como revolucionário era de uma humildade que aterrava. Nunca foi visto denegrindo nada. Nem sequer aos seus contraditores, os militares e os oligarcas colombianos. Tampouco dos governos dos Estados Unidos, que ele sabia que afinal de contas eram os que traçavam os planos de guerra com os quais agrediam –e agridem-, massacram, ao povo colombiano.

Contrário à estatura moral de Marulanda, veremos –já vemos- que os assassinos do povo, os justificadores de seus crimes, utilizarão de todos os meios de comunicação, e do cyber-espaço, com suas asquerosas mentiras sobre quem sempre respeitou seus pontos de vista. Esses ‘terroristas midiáticos’ tratarão de negar o inegável: Manuel Marulanda é o homem mais importante da história colombiana desde a metade do século 20 até este século 21.

Não é pelo simples contexto matemático. Manuel Marulanda, como guerrilheiro, sobreviveu a 17 presidentes colombianos e a inúmeras cúpulas militares cujo único prop[osito era destruí-lo fisicamente, porque eles acreditam que as obras dos revolucionários terminam quando chega a sua morte. Não. Estão muito enganados. Os revolucionários, com seus quântuns, prótons, elétrons, e demais partículas permanecem vivos depois da morte. É como disse o cantor fariano Julián Conrado, “hoje está mais vivo, mais vivo” em uma canção dedicada a Jacobo Arenas.

E a verdade é que Manuel Marulanda triunfou sobre seus inimigos de classe. Nunca foi tocado pelas balas assassinas do império e a oligarquia colombiana. E não é por não haver combatido, já que ele participou de incontáveis combates pela vida. Manuel Marulanda morre de morte natural. Seu coração –que é o que sabe até onde vai a vida de cada ser-, lhe disse: ‘velho, até aqui”.

Mas Marulanda deixa para trás uma incomensurável obra. Obra de um revolucionário. Seu mais importante legado é que, por maior que seja sua luta, deve-se encará-la com dignidade e humildade. E de seu pensamento, de seu ideário, que não teve a vontade pequeno-burguesa de ‘escrevê-los’, impregnou todo o acionar do revolucionário das FARC, seu Exército do Povo. Seus ‘garotos’, desde Cano até o mais humilde dos guerrilheiros e milicianos, são herdeiros da Direção Coletiva que sempre utilizava Manuel Marulanda.

Nas FARC-EP, o inimigo de classe do povo colombiano não verá fissura nenhuma. Não verão ‘luta pelo poder’ –como vemos hoje nas ‘hordas’ uribistas-, nem luta para ser o primeiro, segundo, terceiro, ou décimo, ou último. Todos estão envoltos pelo pensamento de Manuel Marulanda, que ensinou a todos os farianos ‘como que a coisa era’ na prática, a mãe da sabedoria revolucionária.

Sem saber da notícia de sua morte escrevíamos esses dias sobre ‘os imprescindíveis’. E lá, destacamos Manuel Marulanda e o Secretariado Nacional das FARC. E essa é a mais pura verdade. Nesse artigo dizíamos: “E esses imprescindíveis estão diariamente, por toda a vida, lutando contra um regime corrputo e mafioso e paramilitar como o colombiano. Esses imprescindíveis estão encabeçados por Manuel Marulanda e pelos membros do Secretariado das FARC. Eles ganharam esse título de ‘imprescindíveis’ por terem entregado suas vidas, 24 horas por dia, minuto a minuto, segundo a segundo, à causa do povo, sua razão de ser”.

Parece mentirra que se possa gostar de uma pessoa sem a conhecer fisicamente. Para mim, Manuel Marulanda era como meu segundo pai. Admiração total. E ainda que minha atuação como revolucionário tenha tomado rumos diferentes dos dele e sua organização, é impossível disfarçar o nó que me dá na garganta. Por isso digo ante sua morte: ‘Adeus, velho’. Quem sabe assim também direi ao meu pai biológico quando ele morra.

Paz em sua tumba! Esse é nosso mais profundo desejo. Que as águias comedoras de carne não alcancem teus restos mortais –já andam buscando-te para mostrar como troféu e para seqüestra-lo já morto, como seqüestraram Camilo Torres, Raúl Reyes, Ivan Rios e a milhares de combatentes-, para que junto com Bolívar iniciem juntos o caminho da construção da Pátria Grande.